PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

Transcrição

1 A PODER JUDICIÁRIO ACÓRDÃO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAUI n ACORDAO/DECISÃO MONOCRÁÍICA REGISTRADO(A) SOB N Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento n , da Comarca de Taquaritinga, em que é agravante CEM EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA sendo agravado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. ACORDAM, em 8 a Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. V. U.", de conformidade com o voto do(a) Relator(a), que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores PAULO DIMAS MASCARETTI (Presidente sem voto), CRISTINA COTROFE E CARVALHO VIANA. São Paulo, 06 de/febril de 2011 RUBENS^ REL^

2 Agravo n : Agravante: Agravado: Comarca: CEM EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO TAQUARITINGA Voto n : 6662 AGRAVO DE INSTRUMENTO - Ação Civil Pública - Loteamento Jardim Martinelli - Regularização - Ordem de bloqueio - Decisão de primeiro grau que apenas deferiu o desbloqueio de valores excedentes - Pedido de desbloqueio de todos os valores - Inadmissibilidade - Agravante que é responsável pela execução da obra e dos serviços - Não demonstrado o cumprimento integral de todas as obrigações impostas na inicial e deferidas na liminar - Oferecimento de bens imóveis para a garantia do cumprimento de obrigação - Pretensão de substituição - Impossibilidade - Aplicabilidade do art. 655-A do CPC - Imposição ao magistrado de velar pela rápida solução do litígio (art. 125,11, do CPC) - Matéria dos autos que versam sobre direitos difusos - Mantença da ordem de bloqueio, nos termos da decisão recorrida - Decisão mantida. Agravo de instrumento improvido. Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de efeito ativo, interposto pela CEM EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA, visando a reforma da r. decisão reproduzida a fls. 702, que, nos autos da ação civil pública que lhe move o MINISTÉRIO PÚBLICO, indeferiu o pedido de revoga de contas bancárias, deferindo apenas excedentes ao valor de R$ ,00 Agravo de Instrumento n V C 1 o da ordem de bloqueio desbloqueio de valores D - Comarca de Taquaritinga

3 Sustenta a agravante, em suma, que executou a integralidade das obras de infra-estrutura e arborização, bem como ressarciu ao erário os valores atinentes à implantação de guias, sarjetas e galerias de águas pluviais efetuadas pela Municipalidade de Taquaritinga. Posto isso, aduz a agravante que reiterou o pedido de oferecimento de bens em caução para o desbloqueio e, ainda, requereu o desbloqueio dos bens ou, alternativamente, a limitação do bloqueio apenas sobre a quantia que versam os autos, limitação essa que foi deferida pelo juízo a quo, apenas. Recurso tempestivo e regularmente processado. Desnecessárias a requisição de informações ao MM. Juiz e a intimação do agravado para resposta. É, em síntese, o relatório. Em que pese a veemência dos argumentos expostos pela agravante, entendo que a irresignação recursal não comporta provimento. Com efeito, o exame dos autos revela que o Ministério Público ajuizou ação civil pública em face da agravante e de outros, objetivando a conclusão de todas as obras de infra-estrutura, urbanização e implantação de área verde mo Loteamento Jardim Martinelli, bem como o ressarcimento ai erário de todos os valores gastos com a implantação de gu sarjetas e galerias Agravo de Instrumento n OOOÒ^f-JComarca de Taquaritinga

4 de águas pluviais efetuadas pela Municipalidade de Taquaritinga e o pagamento de indenização aos consumidores por implantarem um loteamento sem a devida infra-estrutura exigida pela Lei de Parcelamento do Solo. Foi deferido o pedido liminar para determinar o cumprimento da obrigação de fazer consistente na implantação das obras de infra-estrutura e de áreas verdes faltantes no loteamento; a indisponibilidade de bens e valores pertencentes aos réus até o valor de R$ ,00; e a quebra de sigilo fiscal e bancário dos réus. Dessa decisão, a agravante interpôs agravo de instrumento, o qual foi dado efeito ativo para suspender a medida liminar, mas, ao final, foi negado provimento (fls. 614/620). Tendo em vista a interposiçao de embargos de declaração e o oferecimento de bens imóveis em caução, pugna a agravante pela revogação da ordem de bloqueio judicial. Compulsando os autos, constata-se que, de acordo com o parágrafo primeiro da cláusula segunda do contrato de execução de obras e serviços (fls. 73/74), a agravante é a responsável pela execução dos serviços atinentes à implantação do Loteamento Jardim Martinelli. Cumpre assinalar que, segundo Municipalidade de Taquaritinga (fls A ofício da própria 499 e 594), houve o Agravo de Instrumento n Comarca de Taquaritinga 3

5 ressarcimento aos cofres públicos dos valores gastos pela Municipalidade com a execução de obras de infra-estrutura no Loteamento Jardim Martinelli. No entanto, verifica-se que, muito embora as obras de implantação do loteamento Jardim Martinelli foram concluídas em agosto de 2009, não foi expedido o respectivo termo de recebimento do referido loteamento (fls. 594), de forma que não há como se concluir acerca da integralidade das obras. Ademais, em se tratando da implantação de área verde, não ficou comprovada nos autos a sua execução integral, eis que, como bem salientado no ofício expedido pela Municipalidade de Taquarítinga, "o documento atestando tal situação é expedido pelo DEPRN - Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais e não à Prefeitura Municipal". 1 Sendo assim, somando-se ao fato de que ainda existe outra obrigação de fazer pendente de análise, qual seja a indenização dos consumidores/compradores, não se há como negar o acerto da r. decisão agravada ao indeferir o pedido de desbloqueio, visto que tal providência somente teria cabimento após o cumprimento de todas as obrigações imputadas na inicial e deferidas na liminar. 1 Fls Agravo de Instrumento n fip0 - Comarca de Taquarítinga 4

6 No que tange, ainda, ao bloqueio das contas bancárias, a douta Magistrada a quo proferiu a seguinte decisão: "Assim, ante o exposto, de firo o desbloqueio dos valores excedentes ao valor de R$ ,00 (valor judicialmente determinados às fls. 228/235), mantendo-se apenas o bloqueio efetivado na conta indicada em nome 2 da empresa". Nesse contexto, vale asseverar que foi procedido ao desbloqueio dos valores das contas bancárias de todos os réus constantes da ação civil pública, permanecendo, apenas, o bloqueio de R$ ,00 em uma das contas da agravante (fls. 703/712). Com relação ao oferecimento de bens imóveis para substituir o bloqueio efetivado, o art. 655-A do CPC veio a permitir a penhora eletrônica de ativos financeiros com o fim de dar efetividade à ordem preferencial enumerada no art. 655, inc. I, do mesmo diploma legal. Desse modo, considerando que o art. 125, inc. II, do CPC impõe ao magistrado a obrigação de velar pela rápida solução do litígio e que a matéria tratada nos autos versa sobre direitos difusos, imperiosa se faz a mantença do bloqueio dos valores constantes na conta corrente da agravante. Por derradeiro, cabe salientar que a agravante não demonstrou que a quantia bloqueada destina-se ao pagamento dos salários de seus funcionários, dos impostos ou de áeus fornecedores. 2 Fls verso. Agravo de Instrumento n Comarca de Taquaritinga 5

7 Assim, estando ainda pendente o cumprimento integral das obrigações, o bloqueio de valores constantes em conta corrente da agravante deve ser mantido, nos termos da já referida decisão a quo proferida. Ressalto, em remate, que o presente acórdão enfocou as matérias necessárias à motivação do julgamento, tornando claras as razões pelas quais chegou ao improvimento do recurso. A leitura do acórdão permite ver cristalinamente o porquê do decisum, sendo, pois, o que basta para o respeito às normas de garantia do Estado de Direito, entre elas a do dever de motivação (CF, art. 93, IX). De qualquer modo, para viabilizar eventual acesso às vias extraordinária e especial, considero prequestionada toda matéria infraconstitucional e constitucional, observando o pacífico entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que, tratando-se de prequestionamento, é desnecessária a citação numérica dos dispositivos legais, bastando que a questão posta tenha sido decidida (EDROMS / SP, Ministro FELIX FISGAR, DJ p. 240). Daí porque, em tais termos, nega-se provimento ao recurso. RUBENS RIHL RelatW Agravo de Instrumento n Comarca de Taquaritinga 6