O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E O CONTEXTO DO NEDIJ: A LUTA PELA EFETIVAÇÃO DO SISTEMA DE GARANTIA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.
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- Ângela Prada Casqueira
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1 O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E O CONTEXTO DO NEDIJ: A LUTA PELA EFETIVAÇÃO DO SISTEMA DE GARANTIA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Veridiany Filus (NEDIJ/UNICENTRO), Kelin Rosana Sander (NEDIJ/UNICENTRO), Solange Cristina Rodrigues Fiuza (Orientador), e- mail: solangecrf@yahoo.com.br Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências Sociais Aplicadas. Palavras-chave: criança, adolescente, direitos, proteção integral. Resumo: Com o processo de democratização e avanço no campo dos direitos no Brasil, emerge uma nova concepção na área da criança e do adolescente que compreende esse segmento como sujeitos da sua história, o que contrapõe o antigo Código de Menores que os concebia como delinqüentes e abandonados, utilizando de medidas apenas corretivas e punitivas. Na perspectiva desse avanço, que este estudo se propõe a apresentar o NEDIJ. Introdução: Os primeiros indícios de alguma preocupação com a questão da criança e do adolescente surgiu na Europa e em 1891, e no mesmo ano o Código Penal Francês, já tinha leis específicas a esta parte da sociedade. Devido a algumas influências como esta, foi se implantando no Brasil a expressão menor, fazendo parte da República. E em 1902 criaram-se instituições destinadas a crianças abandonadas, ou criminosas, tendo medidas preventivas e corretivas. Só em 1920, começou a se pensar em uma legislação que viesse em defesa desta população, e também estudasse a questão do pátrio poder, e da maioridade penal. Então, em 1927, período em que o Brasil estava sobre o comando de Washington Luiz de Souza, é que o Código de Menores promulgado no dia 12 de outubro, cujo autor Mello Mattos, juiz da capital da República, com o Decreto A, que regulamentou a questão da criança e do adolescente no Brasil, sendo pioneiro deste assunto em toda América Latina. O Código de Menores é apresentado, como uma legislação corretiva e vinha com o intuito de educar, vigiar e proteger os direitos básicos da criança, tendo uma visão conservadora/positivista, onde a criança era, ou abandonada, ou delinquente, justamente porque, na maioria das vezes esses direitos estavam vinculados ao fator de pobreza, marginalidade e desestrutura familiar em que se encontravam.
2 Com a queda do regime ditatorial, e a instituição da República, as discussões a respeito desta classe, foram vistas e repensadas, até o momento em que, por influência dos vários movimentos sociais, foi incluído no artigo 227 da Constituição Federal que diz: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Surge aí, uma ordem específica que regulariza de maneira mais minuciosa essa questão e assim, no dia 13 de junho de 1990 promulga-se o Estatuto da Criança e do Adolescente. O ECA vem com o intuito, de tratar a criança de uma maneira diferenciada, tendo-a realmente como um ser pensante, em fase de desenvolvimento, e que deve ter uma atenção especial, chocando-se com a antiga legislação. A criança deixa de ser vista como um objeto (marginal, coitado), passando a ser um sujeito de direitos. Sendo responsabilidade, do Estado, da sociedade, e da família, prover o seu desenvolvimento, assegurado no artigo 4º, que enfatiza o direito: [...] à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Nessa perspectiva, o governo estadual em conjunto com o ministério público, buscando alternativas para a efetivação destes direitos, com um alcance amplo, visto que seu funcionamento equipara-se a uma defensoria pública, cria o NEDIJ Nucleo de Estudos e Defesa dos Direitos da Infância e Juventude. Inicialmente com o nome de Cidadão Profissional o projeto foi efetivado em 2005, no âmbito da SETI, SETEP e SEJU, abrange toda comarca de Guarapuava, colocando o formado e o aluno da educação superior, em contato com a realidade social e cultural do estado, a partir de uma filosofia que mescla idealismo, solidariedade e desenvolvimento, que trás benefícios mútuos, pois ganha o já formado e os estudantes que participam com a experimentação certificada de sua bagagem e aprendizagem concreta de conhecimentos Atualmente o NEDIJ esta inserido ao Projeto Universidade Sem Fronteiras, com recursos do SETI Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e é Coordenado por um professor orientador pedagógico na área de direito e um na área do serviço social, contando com uma equipe composta por dois advogados, quatro estagiários do curso de Direito, uma Assistente Social e quatro estagiários de Serviço Social, sendo uma bolsista e os demais, estagiários curriculares do curso de serviço social da UNICENTRO. A equipe de serviço social desenvolve suas ações, com uma observação detalhada, das grandes mazelas com que convivem as
3 crianças, adolescentes e seus familiares, que procuram o Núcleo como forma de ter seus direitos respeitados e efetivamente concretizados. Neste sentido, o Serviço Social, contribui para a garantia dos direitos evidenciando a, qualidade de vida das crianças e adolescentes atendidas, buscando compreender suas necessidades, bem como, as negligências sofridas, oferecendo um atendimento social de qualidade. Este atendimento se dá em casos de Guarda, Alimentos, Adoção, Tutela, Violência Sexual, Ato Infracional, além de encaminhamentos a rede de proteção integral. Para o controle destas atividades, todo mês o NEDIJ encaminha para a SETI, um relatório, expondo a quantidade de atendimentos realizados pela equipe. Materiais e Métodos: Nos materiais e métodos utilizados como instrumental para o Serviço Social do NEDIJ/UNICENTRO, é feito uma entrevista, onde obtemos os principais dados do requerente, do requerido, se necessário, e da(s) criança(as) em questão, e damos um breve relato dos acontecimentos. Somente nos casos de ato infracional, substituímos a entrevista por um questionário sócioeconômico, onde além dos dados pessoais, ainda contém a situação processual do adolescente. Após isso, anexamos na pasta, uma folha de acompanhamento de caso, onde é registrado, toda e qualquer movimentação como; vinda ao núcleo, ligações feitas ao interessado, encaminhamentos, entre outras. Só então, com a visita domiciliar previamente agendada, a equipe vai até a casa dos usuários, onde o Estudo Social é feito, lá, percebe-se realmente relação entre a, teoria e a prática, que evidência os direitos da criança. Este Estudo Social é anexado ao processo. Além destes procedimentos, a Assistente Social, juntamente com os quatro estagiários, fazem semanalmente reuniões para discutir os projetos de intervenção que estão em andamento, e fazem leituras referente, a criança e o adolescente, direcionando para a pesquisa de cada acadêmico. Tabela: ATENDIMENTO REALIZADO PELA EQUIPE DE SERVIÇO SOCIAL DE OUTUBRO DE 2008 À ABRIL DE OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO JANEIRO FEVEREIRO PESSOAS/MÊS MARÇO ABRIL
4 Resultados e Discussão: Percebemos, que desde a inversão do Serviço Social, no projeto; o NEDIJ obteve mais visibilidade, devido a melhoria no atendimento, visto que o aparato social ficava o mercê deste processo. E a aceitação do usuário, é evidenciado na tabela acima, onde percebe-se que só nos meses de janeiro e abril de 2009, é que os atendimentos reduziram-se, mantendo uma continuidade nos meses restantes. Nestes atendimentos já realizados, constatamos diversas conquistas, principalmente em casos de guarda, e de destituição do poder familiar, onde infelizmente ainda se coloca a questão da pobreza como fator de destituição e abrigamento. Nós do NEDIJ lutamos contra este tipo de discriminação, fazendo valer o Estatuto da Criança e do Adolescente. Além das conquistas diárias referentes ao atendimento, ainda enriquecemos o nosso conhecimento, com encontros semanais, onde a equipe de Serviço Social discute as várias questões que envolvem as crianças e adolescentes, além de trabalhar com projetos de intervenção como, o ECA nas Escolas, e o projeto de Violência Familiar, que provavelmente serão efetivados até o fim de Conclusões: A mudança do Código de Menores para o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA marcou o avanço no campo dos direitos que envolvem a área da criança e do adolescente. Com ECA emerge um novo modelo de implementação no atendimento na área no que tange a garantia do Sistema de Garantia de Direitos do segmento criança e adolescente. O NEDIJ/UNICENTRO surge como um desses espaços, que vem atendendo as demandas postas na área da criança e do adolescente na perspectiva da garantia dos seus direitos. Com base na tabela, podemos verificar que o atendimento foi desde o princípio aceito pelos usuários, com média trinta e seis atendimentos mensais, e que busca acima de tudo a efetivação dos direitos da criança e do adolescente., Referências: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de ed. São Paulo: Saraiva, BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei 8.069/1990., NEPOMUCENO, Valéria. O mau-trato infantil e o Estatuto da Criança e do Adolescente: os caminhos da prevenção, da proteção e da responsabilização. In: SILVA, L. M. P. da. Violência doméstica contra a criança e o adolescente.
5 VOLPI, Mário. O Adolescente e o Ato Infracional. -7ed- São Paulo: Cortez, Relatórios NEDIJ; de outubro de 2008 a abril de 2009.
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