Ofício-Circulado 30014, de 13/01/ Direcção de Serviços do IVA
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- Rui Francisco Alcântara Caminha
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1 Ofício-Circulado 30014, de 13/01/ Direcção de Serviços do IVA IVA - OURO Ofício-Circulado 30014/00, de 13/01 - Direcção de Serviços do IVA IVA - OURO Tendo em vista a clarificação, junto da administração fiscal e dos operadores, do regime especial aplicável ao ouro para investimento, aprovado pelo Decreto-Lei nº 362/99, de 16 de Setembro, cuja entrada em vigor ocorreu em 1 de Janeiro de 2000, procede-se à difusão dos seguintes esclarecimentos para a sua correcta e efectiva aplicação. I - REGIME ESPECIAL APLICÁVEL AO OURO PARA INVESTIMENTO 1. Âmbito de aplicação do regime O regime especial aplica-se às operações sobre ouro para investimento, considerando como tal o ouro descrito no artigo 2º do Regime. 2. Conceito de ouro para investimento Nos termos do nº 1 do artigo 2º do regime considera-se ouro para investimento: a) O ouro, que reuna as seguintes condições: - se apresente sob a forma de barra ou de placa, com pesos aceites pelos mercados de ouro; - tenha um toque igual ou superior a 995 milésimos, seja representado ou não por títulos; - as barras ou placas sejam de peso superior a 1 g. Consideram-se pesos aceites pelos mercados de ouro os seguintes (1) Unidade Quilograma Grama Onça (1 oz = g) Tael (1 tael = 1,913 oz)((2) Pesos vendidos 12,5/1 500/250/100/50/20/10/5/2,5/2 100/10/5/1/?/? 10/5/1 10 Tola (10 tolas = 3,75 oz)((3) (1) Conforme orientação aprovada por todas as delegações na 57ªreunião do Comité IVA, de 16 e 17 de Dezembro de 1998 (2) Tael = unidade de peso chinesa tradicional. 1
2 (3)Tola = unidade de peso indiana tradicional para o ouro. b) As moedas de ouro que, cumulativamente, preenchem os requisitos seguintes: - tenham um toque igual ou superior a 900 milésimos; - tenham sido cunhadas depois do ano de 1800; - tenham ou tenham tido curso legal no país de origem; - sejam habitualmente vendidas a um preço que não exceda em mais de 80% o valor, no mercado livre, do ouro nelas contido. No nº 3 do artigo 2º do Regime vem considerar-se que as moedas constantes da lista anual publicada pela Comissão Europeia preenchem, para todo o ano para o qual a lista foi publicada, os requisitos atrás enunciados. A lista das moedas de ouro que satisfazem os critérios referidos, para o ano de 2000, foi publicada no Jornal Oficial das Comunidades Europeias C342, de 30 de Novembro de Operações sobre ouro para investimento Estão isentas de IVA as transmissões, aquisições intracomunitárias e importações de ouro para investimento (artigo 3º, nº 1 do Regime). Assinala-se que, para efeitos da aplicação da isenção, se consideram ainda transmissões de bens "as operações sobre ouro para investimento representado por certificados de ouro, afectado ou não afectado, ou negociado em contas-ouro, incluindo, nomeadamente, os empréstimos e swaps de ouro que comportem um direito de propriedade ou de crédito sobre ouro para investimento, bem como as operações sobre ouro para investimento que envolvam contratos de futuros ou contratos forward que conduzam à transmissão do direito de propriedade ou de crédito sobre ouro para investimento" (nº 2 do artigo 3º do Regime). Trata-se de operações que comportam um direito de propriedade ou de um crédito de um bem (ouro para investimento) cujo efeito económico é igual ao da transferência de propriedade, pelo que, para efeitos da aplicação do regime especial foram assimiladas a transmissão de bens. Importa notar que a isenção prevista no nº 1 do artigo 3º opera relativamente às operações que recaiam sobre o ouro para investimento (ouro que caiba nos limites conceptuais do artigo 2º do Regime) qualquer que seja o destino que lhe seja dado ou a natureza do adquirente (sujeito passivo do imposto ou particular). Beneficiam igualmente de isenção de IVA, ao abrigo do nº 4 do artigo 3º do Regime, as prestações de serviços de intermediários, que actuam em nome e por conta de outrem, quando intervenham nas operações de ouro para investimento. 4. Direito à dedução Os sujeitos passivos que efectuem operações isentas nos termos do artigo 3º do Regime, sem prejuízo da aplicação, se for o caso, do método da percentagem de dedução ou prorata, apenas têm direito a deduzir:. O imposto devido ou pago sobre o ouro para investimento adquirido a um outro sujeito 2
3 passivo que tenha exercido a renúncia à isenção prevista no artigo 5º;? O imposto devido ou pago sobre as aquisições efectuadas no território nacional, as aquisições intracomunitárias e as importações de ouro que não seja de ouro para investimento que, por si ou em seu nome, seja posteriormente transformado em ouro para investimento;? O imposto devido ou pago nas prestações de serviços adquiridas para alterar a forma, o peso ou o toque de ouro para investimento, ou de ouro que, através dessas operações, seja transformado em ouro para investimento. Os sujeitos passivos que produzam ou transformem ouro em ouro para investimento, cuja transmissão seja isenta nos termos do artigo 3º, têm direito a deduzir o imposto por eles devido ou pago relativamente à aquisição intracomunitária ou importação dos bens ou serviços ligados à produção ou transformação desse ouro (artigo 9º). 5. Facturas Os sujeitos passivos que efectuem transmissões de ouro para investimento isentas nos termos do artigo 3º, devem indicar na factura o motivo justificativo da não aplicação do imposto (alínea e) do nº 5 do artigo 35º do CIVA, aplicável ex vi artigo 13º do Regime), nomeadamente com a menção "Isento - Regime especial do ouro para investimento" ou "Isento - Artigo 3º do regime aprovado pelo DL nº 362/99". Nas transmissões intracomunitárias de bens, efectuadas com renúncia à isenção, a factura deve mencionar a isenção aplicável, nomeadamente o artigo 14º do RITI. No caso de uma exportação a factura deve referir a aplicação do nº 1 do artigo 14º do Código do IVA, sem prejuízo de o operador estar obrigado a deter na sua posse os documentos alfandegários apropriados, em cumprimento do nº 8 do artigo 28º do CIVA. 6. Renúncia à isenção 6.1 Quem pode renunciar Podem renunciar à isenção, optando pela aplicação do imposto às transmissões a que se refere o artigo 3º, os sujeitos passivos que produzam ouro para investimento, ou transformem qualquer ouro em ouro para investimento (nº 1 do artigo 5º ). Os sujeitos passivos que forneçam habitualmente ouro para fins industriais no quadro da sua actividade profissional, podem também renunciar à isenção relativamente às transmissões de ouro para investimento que efectuem (nº 2 do artigo 5º). Em qualquer dos casos, só será possível a renúncia à isenção quando o adquirente seja - um sujeito passivo do IVA dos mencionados na alínea a) do nº 1 do artigo 2º do Código do IVA, - um sujeito passivo registado para efeitos de IVA noutro Estado membro, ou - um adquirente de um país não pertencente à Comunidade Europeia. Os intermediários que actuem em nome e por conta de outrem nas transmissões de ouro para investimento podem renunciar à isenção, optando pela aplicação do imposto às suas prestações de serviços, desde que se reportem a transmissões em que tenha havido renúncia à isenção. 6.2 Obrigação de pagamento do imposto 3
4 Nas transmissões de ouro para investimento em que tenha sido exercida a renúncia à isenção, o pagamento do imposto e as demais obrigações decorrentes dessas operações (com excepção da obrigação de registo da operação prevista no artigo 12º) devem ser cumpridas pelo adquirente quando este seja um sujeito passivo dos mencionados na alínea a) do nº 1 do artigo 2º do Código do IVA, que tenha direito à dedução total ou parcial do imposto (artigo 10º do Regime). Neste caso, está-se perante uma situação de liquidação - dedução simultânea na declaração periódica, não constituindo o IVA qualquer custo financeiro para os sujeitos passivos. 6.3 Dedução do imposto Para os sujeitos passivos que renunciem à isenção do imposto têm aplicação as regras gerais do direito à dedução contidas no nº 1 do artigo 20º do CIVA e do nº 2 do artigo 19º do RITI. Assim, têm direito à dedução do imposto que tenha incidido sobre os bens ou serviços adquiridos, importados ou utilizados para a realização dessas operações. No entanto, determina-se que a dedução tenha lugar com aplicação do método da afectação real previsto no nº 2 do artigo 23º do Código do IVA. Finalmente, estabelece-se no nº 3 do artigo 6º do Regime que, as operações relativas ao ouro de investimento, tenha havido ou não renúncia à isenção do imposto, não são consideradas para efeitos da determinação da percentagem de dedução referida no nº 4 do artigo 23º do Código do IVA que seja aplicável a outras operações desenvolvidas pelo sujeito passivo. 6.4 Facturas A renúncia à isenção deve ser exercida caso a caso. A factura ou documento equivalente deve conter a menção "Regime especial do ouro - IVA devido pelo adquirente", quando o adquirente for um sujeito passivo dos referidos na alínea a) do nº 1 do artigo 2º do Código do IVA. 7. Operações com outros Estados 7.1 Transmissões isentas (sem renúncia à isenção) As transmissões de ouro para investimento efectuadas para particulares ou sujeitos passivos do imposto de outros Estados membros da Comunidade Europeia, desde que não seja exercida a renúncia à isenção, constituem transmissões internas isentas ao abrigo do nº 1 do artigo 3º do Regime Especial. Assim, as transmissões de ouro com destino a sujeitos passivos de imposto noutro Estado membro, não devem ser incluídas no anexo recapitulativo previsto na alínea c) do artigo 23º do RITI (nº 2 do artigo 7º do Regime Especial). 7.2 Transmissões isentas, com renúncia à isenção Os sujeitos passivos que renunciem à isenção na transmissão de ouro para investimento expedido ou transportado para fora do território nacional devem: a) Isentar tal operação ao abrigo do artigo 14º do RITI se o adquirente for um sujeito passivo registado e o ouro for transportado para outro Estado membro da Comunidade. 4
5 Neste caso, as transmissões de ouro para investimento devem ser incluídas no anexo recapitulativo. b) Isentar tal operação ao abrigo do artigo 14º do CIVA, se o ouro for enviado para um país não pertencente à Comunidade Europeia. 7.3 Aquisições intracomunitárias de ouro para investimento As aquisições intracomunitárias efectuadas por sujeitos passivos do imposto referidos no nº 1 do artigo 2º do RITI, beneficiam de isenção de IVA nos termos do artigo 3º do Regime, qualquer que seja o tratamento dado à venda pelo fornecedor do outro Estado, ou seja, quer este tenha aplicado uma isenção simples, por força de um regime especial idêntico ao previsto neste diploma ou tenha considerado tal venda como transmissão intracomunitária. 8. Obrigação de registo de operações Os sujeitos passivos que efectuem operações abrangidas no âmbito do Decreto-Lei nº 362/99 devem possuir um registo com a identificação de cada cliente, bem como dos respectivos representantes legais, com quem realizem operações de montante igual ou superior a $00, ainda que não se encontrem obrigados ao pagamento do imposto nos termos do artigo 10º do Regime (artigo 12º do Regime). Note-se que o montante referido reporta-se aos valores acumulados das operações realizadas com cada cliente. Os sujeitos passivos devem igualmente manter a contabilidade de todas as operações abrangidas pelo Regime Especial e conservar cópia ou referência dos documentos comprovativos da identificação durante um período de cinco anos após o termo das operações. 9. Preenchimento da declaração periódica As transmissões de ouro para investimento isentas nos termos do artigo 3º do Regime devem ser incluídas no campo 9 do quadro 06 da declaração periódica. As transmissões de ouro para investimento efectuadas com renúncia à isenção devem ser inscritas:? no campo 8 do quadro 06 da declaração periódica, quando se tratem de transacções internas? no campo 8 do quadro 06 da declaração periódica, quando sejam exportações? no campo 7 do quadro 06 da declaração periódica, quando estejam em causa transacções intracomunitárias. As aquisições intracomunitárias de ouro para investimento devem ser incluídas no campo 10 do quadro 06 da declaração periódica, inscrevendo-se o valor 0 (zero) no campo 11. Finalmente, os sujeitos passivos de IVA que sejam obrigados à liquidação do IVA nas operações previstas no artigo 10º do Regime Especial (adquirentes de ouro para investimento cuja transmissão tenha sido efectuada com renúncia à isenção ou adquirentes de matéria-prima ou de produtos semitransformados) devem incluir o valor de tais operações no campo 3 do quadro 06 da declaração periódica, procedendo à liquidação do imposto respectivo no campo 4 e exercendo o direito à dedução desse imposto nos campos 20 (imobilizado), 22 (existências) ou 24 (outros bens e serviços), consoante o caso. II - OURO QUE NÃO SEJA OURO PARA INVESTIMENTO 5
6 As transmissões, aquisições intracomunitárias e importações de ouro que não seja ouro para investimento estão sujeitas a tributação de acordo com as regras do Código do IVA e do RITI. Todavia, nas transmissões de ouro sob a forma de matéria-prima (barra, placa, granalha, solda, etc) ou de produtos semitransformados (por ex. fio, fita, tubo que não sejam artefactos de ouro) de toque igual ou superior a 325 milésimos, o pagamento do imposto e as demais obrigações decorrentes dessas operações (com excepção das previstas no artigo 12º), devem ser cumpridas pelo adquirente quando este seja um sujeito passivo dos mencionados na alínea a) do nº 1 do artigo 2º do Código do IVA, que tenha direito à dedução total ou parcial do imposto. O adquirente deverá proceder à liquidação e dedução simultânea na declaração periódica de imposto. Saliente-se que a dedução deverá ser efectuada de acordo com as regras dos artigos 19º a 25º do Código do IVA. O fornecedor dos bens abrangidos por este preceito deve, para cumprimento do disposto no artigo 35º, nº 5, e) do Código do IVA, incluir na factura emitida a menção " IVA devido pelo adquirente". III - MOEDAS DE OURO As transmissões, aquisições intracomunitárias e importações de moedas de ouro são:? isentas ao abrigo do artigo 3º do Regime, se as moedas forem consideradas ouro para investimento nos termos da alínea b) do nº 1 do artigo 2º do Regime.? tributadas segundo o regime especial aplicável aos bens em segunda mão, aos objectos de arte e de colecção e às antiguidades, aprovado pelo Decreto-Lei nº 199/96, de 18 de Outubro, se reunirem as condições para serem tratadas como objectos de colecção.? tributadas de acordo com o regime geral do Código do IVA, nos demais casos. IV - ARTEFACTOS EM OURO As transmissões, aquisições intracomunitárias e importações de artefactos de ouro estão sujeitas a tributação em IVA nos termos previstos no Código do IVA e no RITI. A DIRECTORA DE SERVIÇOS, Maria Angelina Tibúrcio da Silva. 6
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