HOTELARIA RELATÓRIO DE CONJUNTURA

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1 HOTELARIA RELATÓRIO DE CONJUNTURA AEP / GABINETE DE ESTUDOS Julho

2 O sector do turismo assume um papel relevante na economia portuguesa, confirmado pelo peso que representa no PIB e no emprego, em torno dos 8% e 10%, respectivamente. Por outro lado, as receitas atribuídas a este sector constituem um forte contributo para o equilíbrio do saldo da Balança de Transacções Correntes. De acordo com os dados do Banco de Portugal, a Balança Turística apresentou em 2005 um saldo positivo de 3,9 mil milhões de euros, em resultado de um valor de receitas que atingiram cerca de 6,4 mil milhões de euros e de um montante de despesas de cerca de 2,5 mil milhões de euros. Em resultado de um aumento das despesas atribuídas ao turismo superior ao aumento das receitas, 11,2% contra 1,, a taxa de cobertura das despesas pelas receitas turísticas diminuiu de 283,6% em 2004 para 257,8% em Entre as diversas actividades abrangidas pelo sector do turismo encontra-se a hotelaria, que se insere na CAE 55 Alojamento e Restauração e que assume um peso bastante significativo na economia nacional, sendo responsável, de acordo com os dados das estatísticas das empresas do INE, por 4% do VAB e por 7,5% do pessoal ao serviço nas empresas. Os estabelecimentos hoteleiros (CAE 551) representam um terço do VAB e cerca de um quinto do pessoal ao serviço na totalidade das empresas que integram o sector de alojamento e restauração (CAE 55). Peso da CAE 55 e CAE 551 na estrutura empresarial (Ano: 2004) 8,0% 7,5% 7,0% 6,0% 5,0% 4,0% 4,0% 3,0% 2,0% 1,0% 0,0% 1,3% Peso no VAB total das empresas 1,4% Peso no Emprego total das empresas CAE 55 - Alo jamento e res tauração CAE Es tabelecimento s ho teleiro s Fonte: INE, Estatísticas das empresas 2

3 Peso da CAE Estabelecimentos hoteleiros na CAE 55 - Alojamento e restauração (Ano: 2004) 35,0% 32,6% 30,0% 25,0% 20,0% 15,0% 19,0% 21,8% 10,0% 5,3% 5,0% 0,0% Empresas Pessoal ao serviço Volume de Negócios VAB Fonte: INE, Estatísticas das empresas De acordo com dados referentes ao ano de 2004, a CAE 55 agregava empresas, responsáveis por postos de trabalho. Trata-se de um sector onde predominam empresas de reduzida dimensão (95% são microempresas). CAE 55 - Empresas por dimensão (Ano: 2004) 100,0% 95, 80,0% 60,0% 40,0% 20,0% 0,0% 3,2% 1,7% até 9 trab. 10 a 19 trab. 20 e mais trab. Fonte: INE, Estatísticas das empresas O volume de negócios ultrapassava os oito mil milhões de euros e o VAB totalizava cerca de 2,8 mil milhões de euros. A produtividade situava-se em 11,7 mil euros e os custos médios com pessoal em 8,1 mil euros. CAE 55 - Alojamento e restauração Ano Empresas Pessoal ao Serviço Custos Pessoal Volume Negócios VAB Produtividade C.Médios Pessoal milhões euros milhares euros ,3 5940,9 1980,8 9 5, ,3 7986,5 2565,6 9,8 6, ,3 2243,3 10,4 7, ,1 2273,9 9,5 6, ,9 2378,7 10,3 7, ,2 7685,6 2471,8 10,8 8, ,9 8092,8 2761,3 11,7 8,1 Fonte: INE, Estatísticas das empresas 3

4 Analisando a evolução registada entre o ano de 1998 e o de 2004, constata-se que todos os indicadores aumentaram. Em especial, são de assinalar os acréscimos no volume de negócios e no VAB. No período em análise, observou-se ainda uma variação positiva de 17% no número de empresas, a que correspondeu um aumento de 7% no pessoal ao serviço. Os custos médios com o pessoal apresentaram, contudo, uma expansão acima do aumento na produtividade. Depois de alguma estagnação verificada em 2002 ao nível do volume de negócios, os anos de 2003 e, em particular, o ano de 2004 evidenciam uma recuperação assinalável, com uma taxa de crescimento do volume de negócios e do VAB de 5,3% e 11,7%, respectivamente, no último ano. Saliente-se ainda como positivo o acréscimo da produtividade bastante superior ao acréscimo dos custos com o pessoal (8,2% contra 2%, respectivamente, em 2004). CAE 55 - Alojamento e restauração Taxas de crescimento Ano Empresas Pessoal ao Serviço Volume de Negócios VAB Produtividade C. Médios Pessoal ,5% 18,2% 34,4% 29,5% 8,9% 17,5% ,9% -17,4% -18,6% -12,6% 6, 6,0% , 10,9% 8,0% 1,4% -8,7% -4,2% ,4% -3,9% 0,4% 4,6% 8,4% 6,6% , -0,4% 9,0% 3,9% 4,8% 9,9% , 3,3% 5,3% 11,7% 8,2% 2,0% 2004/ , 7,0% 36,2% 39,4% 29,8% 42,5% Fonte: Cálculos com base no INE A região Norte concentra o maior número de empresas do sector (29%), seguindo-se a região de Lisboa e a região Centro. CAE 55 - Distribuição geográfica das empresas (Ano: 2004) Alentejo 9% Algarve 9% Açores Madeira 2% Norte 29% Lisboa e Vale do Tejo 28% Centro 22% 4

5 As duas primeiras posições invertem-se no que diz respeito ao pessoal ao serviço, cabendo a liderança claramente à região de Lisboa (38%), seguindo-se a região Norte, permanecendo o terceiro lugar ocupado pela região Centro. CAE 55 - Distribuição geográfica do pessoal ao serviço (Ano: 2004) Algarve 1 Açores 2% M adeira 5% Norte 23% Alentejo 6% Centro 15% Lisboa e Vale do Tejo 38% Em termos de oferta turística, de acordo com os dados das estatísticas do turismo do INE, o conjunto dos meios de alojamento apresentava em Julho de 2005 uma capacidade de alojamento de camas, sendo que 57,7% se repartia pelos estabelecimentos hoteleiros. Capacidade de alojamento: distribuição pelos meios de alojamento turístico colectivo, em 2005 Pousadas da Juventude Colónia de férias Turismo no espaço rural 2% Parques de campismo 38% Estabelecimentos hoteleiros 58% Assim, no que se refere aos estabelecimentos hoteleiros, em Julho de 2005 estavam em actividade 2012 estabelecimentos, com uma capacidade de alojamento de camas. 5

6 A oferta de camas disponibilizada pela hotelaria representou um aumento de 3,9% comparativamente com o mês homólogo do ano anterior. Nessa data, o sector da hotelaria apresentou proveitos totais no valor de 1 589,2 milhões de euros, correspondendo a uma variação homóloga positiva de 1,8%. Em termos de repartição regional dos estabelecimentos hoteleiros, verifica-se que a região Norte ocupava um lugar de destaque (com 22,4% do número de estabelecimentos hoteleiros do país), seguindo-se o Algarve (21,5%), o Centro (20,8%), Lisboa e Vale do Tejo (com 15,). Em termos de hotéis, a região Centro que concentrava um maior número (23,2%), seguindo-se a região de Lisboa (22,4%), a região Norte (19,4%) e o Algarve (15,3%). De referir que a região Norte revela uma supremacia ao nível do número de estalagens e pensões, enquanto que o Algarve ocupa uma posição de liderança no número de hotéis-apartamentos, de apartamentos turísticos e de aldeamentos turísticos. O Alentejo concentra o maior número de pousadas. A liderança do Algarve verifica-se ao nível da capacidade de alojamento, respondendo por cerca de 38% do total, seguindo-se Lisboa e Vale do Tejo (18,2%), o Centro (13,5%) e o Norte (13,). A repartição por tipo de estabelecimento revelou que os hotéis concentraram 47,9% do total da oferta, seguindo-se as pensões (15,7%), os apartamentos turísticos (14,3%) e os hotéis-apartamentos (13,). Oferta: capacidade de alojamento nos estabelecimentos hoteleiros, em 2005 Pousadas 0,8% M otéis 0,7% Aldeamentos Turísticos 5, Estalagens 2,3% Pensões 15,7% Hotéis 47,9% R. A. Açores 3,2% R. A. M adeira 10,6% Norte 13, Lisboa 18,2% Centro 13,5% Apartamentos Turísticos 14,3% Hotéis- Apartamentos 13, Algarve 37,9% Alentejo 3,4% O pessoal ao serviço nos estabelecimentos hoteleiros totalizava em Julho de indivíduos, traduzindo-se num crescimento homólogo ligeiramente positivo, de. 6

7 Observava-se uma maior concentração no Algarve (30,3%), seguindo-se Lisboa e Vale do Tejo (22,2%), sendo a região Norte responsável por 12,3% do número total de trabalhadores e a região Centro por 11,8%. Os hotéis são a categoria de estabelecimento que emprega mais trabalhadores (61,5%). Em 2005, os estabelecimentos hoteleiros alojaram cerca de 11,5 milhões de hóspedes, a que corresponderam 35,5 milhões de dormidas, sendo que mais de metade dos hóspedes (51,9%) são estrangeiros. Os residentes em Portugal representaram 32,8% do total de dormidas, originando 11,6 milhões de dormidas, o que correspondendo a um crescimento homólogo de 4,6%, enquanto os não residentes contribuíram com cerca de 23,9 milhões de dormidas, correspondendo a uma variação homóloga de 3,8%. Os destinos preferenciais foram o Algarve, que representou 38,9% do total das dormidas, Lisboa (20,4%), e a Região Autónoma da Madeira (15,9%). Os estabelecimentos mais procurados foram os hotéis (52,3%), os hotéis-apartamentos (17,4%) e os apartamentos turísticos (12,). Procura: Dormidas nos estabelecimentos hoteleiros, em 2005 Aldeamentos Turísticos 5% M otéis Apartamentos Turísticos 12% Pousadas Estalagens 2% Hotéis- Apartamentos 17% Pensões 9% Hotéis 53% R. A. Açores 3% R. A. M adeira 16% Algarve 39% Norte 10% Centro 9% Alentejo 3% Lisboa 20% A esmagadora maioria dos hóspedes estrangeiros são oriundos da Europa Ocidental, em particular dos países da União Europeia (82,6%), constatando-se uma significativa dependência face a um número restrito de mercados emissores. Com efeito, os hóspedes provenientes do Reino Unido, Espanha e Alemanha assumem um papel de relevo, representando, respectivamente, 26,4%, 23% e 14,9% do total de hóspedes oriundos da 7

8 União Europeia. Fora do contexto europeu, os EUA apresentam-se como principal mercado emissor. A estada média 1 no nosso país é de apenas 3,1 noites. Esta média esconde, contudo, diferenças substanciais quer ao nível das várias categorias de estabelecimentos, quer em termos do país de proveniência. As estadas médias mais elevadas ocorrem nos apartamentos turísticos e aldeamentos turísticos (com uma média de 6,5 noites cada) e nos hotéis-apartamentos (5,3 noites). Ao nível do país de proveniência, destaca-se o contributo dos hóspedes provenientes da Irlanda (6 noites), Reino Unido (5,7 noites), Holanda (5,6 noites), Finlândia (5,5 noites) e Alemanha (5,3 noites). Pelas receitas que proporciona, pela mão-de-obra que absorve e pelos efeitos multiplicadores que induz em várias áreas, a actividade turística, em particular a hotelaria, apresenta-se como um importante sector da economia nacional. Um clima favorável, uma imagem de destino seguro, uma população acolhedora e de comunicação fácil, os inúmeros elementos de diferenciação da oferta (património natural e históricomonumental, artesanato e gastronomia) e uma extensão da faixa costeira e do sistema fluvial são correntemente apontados como pontos fortes do sector do turismo nacional. Apesar disso, persistem alguns pontos fracos, como sejam a forte dependência de um número restrito de mercados emissores (os hóspedes provenientes de apenas três países, Reino Unido, Espanha e Alemanha, representavam em % da totalidade de hóspedes estrangeiros no nosso país) e do desempenho de três regiões Algarve, Lisboa e Madeira. Acresce ainda a elevada sazonalidade que continua marcante no turismo em Portugal, verificando-se que 42,4% da totalidade dos hóspedes se concentra entre o mês de Junho e o mês de Setembro. 1 Relação entre o número de dormidas e o número de hóspedes que deram origem a essas dormidas. 8

9 O actual Governo destaca o turismo como uma área decisiva para o desenvolvimento sustentável a nível ambiental, económico e social, definindo como objectivo estratégico o aumento da contribuição do turismo para o PIB nacional e para o emprego qualificado. Para responder a estes desafios foi aprovado em Abril do corrente ano o Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT) que define linhas orientadoras e eixos de intervenção que norteiam essa estratégia. O PENT define como meta para 2015 um peso do sector do turismo em mais de 15% do PIB e em 15% do emprego nacional. Entre outras estratégias, o PENT pretende apostar na captação de vários mercados emissores alvo, incluindo o mercado interno, no desenvolvimento de ofertas distintas para as regiões e no desenvolvimento de pólos turísticos no sentido de diversificar a oferta turística. 9