Governo ouve banqueiros sobre malparado. Os grãos que despertam as atenções dos investidores

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1 Página 33 MERCADO DO CAFÉ Os grãos que despertam as atenções dos investidores Et Cetera N.º 1888 l 9 junho 2017 l Diretor Filipe Alves l Subdiretores João Madeira e Shrikesh Laxmidas l Preço 2,90 (cont.) l Semanário, sai às sextas MP investiga barragens da EDP e Iberdrola DCIAP abre inquérito após queixa da GEOTA, com base em notícias da imprensa brasileira sobre alegados subornos pagos pela Odebrecht, que construiu barragem do Baixo Sabor em parceria com grupo Lena Em causa estão três barragens da EDP e três da Iberdrola, aprovadas por Sócrates Entrevista com ex-secretário de Estado Henrique Gomes, sobre polémica dos CMEC P4a6 ENTREVISTA COM JOAQUIM SARMENTO Consolidação orçamental não é austeridade P10 ESTUDO Porto de Lisboa vale 58 mil milhões de euros O impacto económico total das atividades desenvolvidas pelo Porto de Lisboa ascende a 58 mil milhões de euros, de acordo com um estudo desenvolvido pela consultora liderada pelo economista e ex-governante Augusto Mateus, a que o Jornal Económico teve acesso. Tendoemconsideraçãoosefeitos diretos e indiretos, o porto vale 722 mil postos de trabalho. P8 Governo ouve banqueiros sobre malparado Gestores da CGD, Millennium bcp e Novo Banco estiveram na terça-feira nas Finanças, para discutirem soluções para o crédito malparado. Primeiro-ministro promete solução. Última Cristina Bernardo MOEDA VIRTUAL Bitcoin: uma bolha prestes a rebentar? Impulsionado pela popularidade na Ásia, o valor da Bitcoin já triplicou este ano. O disparo comporta, no entanto, alguns riscos como a falta de regulamentação, o uso da moeda em ataques cibernéticos e a concorrência de centenas de novas criptomoedas, que estão a ter um comportamento eufórico. A bitcoin atingiu esta semana um novo máximo nos dólares, ou duas onças de ouro. P32 NEGOCIAÇÕES OE/2018 Governo avalia 6ºescalãodeIRS com taxa de 23% OExecutivoestáaestudaraintrodução de um sexto escalão de IRS com uma nova taxa marginal, em torno dos 23%, para os contribuintes que têm rendimentos colectáveis entre e euros, sabe o Jornal Económico. Estes contribuintes estão atualmente no segundoescalãodoirscomumataxa normal de 28,5%. A medida fica aquém do defendido pelo BE. P14 PUB Página 35

2 2 O Jornal Económico, 9 junho 2017 PERSPETIVA AVENIDA DA LIBERDADE OEstadoeas rendas da EDP NESTA EDIÇÃO DO SEU JORNAL Esta semana não perca o Especial Mais Seguro, com o Jornal Económico FILIPE ALVES Diretor A EDP foi durante anos um dos grandes pólos de poder da economia portuguesa, juntamente com o Grupo Espírito Santo e a antiga Portugal Telecom. É, de resto, o único destes pólos que sobreviveu ao terramoto que nos últimos anos abalou o tecido empresarial português. E a companhia permanece próspera: o mercado foi liberalizado há 20 anos, mas continuamos a ter uma incumbente a ser compensada pelas receitas que perdeu com a liberalização. Essa empresa é a EDP, que estáagoranocentrodofuracão, devido à investigação por suspeitas de corrupção no processo que determinou o valor dessa renda. Vamosporpartes.Noque diz respeito à investigação judicial,deixemosasautoridades fazerem o seu trabalho e respeitemos o direito à presunção da inocência de todas as pessoas envolvidas neste caso. Uma questão será a existência,ounão,dematériacriminal. Esta só estará esclarecida quando o processo for arquivado ou der origem a condenações. Outra questão está em saber se os contratos existentes defendem os interesses dos consumidores portugueses. E essa discussão, embora seja old news, deve ser retomada,dadaasuaimportância para o bem-estar das famílias e para a competitividade das empresas portuguesas. Aqui chegados, importa reflectir sobre a forma como o Estado, que nos representa a todos, se portou nesta história. Sejamos claros: António Mexia e os acionistas da EDP têm o direito de tentar maximizarovalorparaasuaempresa. Desde que o façam de forma legal, é perfeitamente legítimo que procurem asseguraramaiorcompensação possível no que toca aos CMEC. Afinal, estão a fazer o seu trabalho. Mas e o Estado? Qual foi o seu papel? Em bom rigor, o Estado foi um dos principais beneficiados pelas rendas que atribuiu à EDP em 1995, 2004 e Enquanto acionista da energética nacional, o Estado português recebeu chorudos dividendos e outros montantes que lhe foram pagos pela EDP. E em 2011, quando privatizou a energética, esse mesmo Estado utilizou as rendas para convencer os chineses a pagarem mais pela participação na empresa. Daí que Passos CoelhoeVítorGaspartenhamtirado o tapete ao secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, quando este começou a fazer faísca com a EDP. O grande lesado pelas ditas rendas da EDP não é o Estado, mas sim o consumidor português, que continua a pagar por eletricidade mais cara da zona euro. O que não acontece apenas graças às rendas da EDP: como se explica que continuemos a pagar uma taxa audiovisual que representa 2% da fatura da eletricidade? Nota: A Santa Casa entrar no Montepio é uma péssima ideia. Como alguém disse, é tirar aos pobres para pagar os erros dos ricos. António Mexia e os acionistas da EDP têm o direito de tentar maximizar o valor para a sua empresa, desde que o façam de forma legal. Mas eoestado,qual foi o seu papel nesta história? ECONOMIA & POLÍTICA Saibaqualéovalor 8 económico do porto da capital do País Entrevista com Joaquim Sarmento, coordenador de novo estudo sobre dívida A análise de Pedro Romano: a inflação não dá sinais de vida MUNDO Trump empurra Qatar 18 para a antecâmara da guerra EMPRESAS Portugal ganha com 22 boom mundial do setor dos cruzeiros 24 Governo avalia sexto escalão de IRS com taxa de 23% 19 Social-democracia europeia atravessa momento negro Entrevista com António Castro Henriques, CEO da Investeder PRIMEIRA Roland Berger vai assessorar Santa Casa no Montepio Prio Gás entra no Porto e Algarve para cobrir 90% do continente Viagem em executiva pela gastronomia mundial MERCADOS & FINANÇAS BCE não altera juros ou 30 estímulos, mas Draghi fala nas entrelinhas ADVISORY Entrevista com Paulo 36 Moura Marques, sócio da AAMM Advogados MÃO Numa semana marcada pela polémica em torno das chamadas rendas da EDP, saiba o que está em causa e leia a entrevista a Henrique Gomes, o ex-secretário de Estado que tentou renegociar os contratos com a energética. UNIVERSIDADES & EMPREGO Executivos aprendem a decidir com o caso Ecco IMOBILIÁRIO SAÚDE 44 Regressam os novos e grandes empreendimentos imobiliários Preços afastam empresas e impedem acesso à inovação MEDIA Isabel dos Santos abre 46 guerra à SIC nas redes sociais

3 O Jornal Económico, 9 junho EMPRESAS Cimpor tenta captar capital e reduzir dívida Além de poder aumentar o capital da Cimpor em até dois mil milhões de euros, o grupo brasileiro decidiu dispersar o capital da participada argentina. RATING DA SEMANA Por Ricardo Santos Ferreira B+ ANTÓNIO VIEIRA MONTEIRO Presidente do Santander Totta RATING: D C- C+ B- B+ A- A+ NUNO MIGUEL SILVA nmsilva@jornaleconomico.pt A Cimpor está a tentar captar capital fresco de diversas formas e em vários continentes com o objetivo de reduzir a dívida e reforçar a estrutura financeira do grupo, uma vez que neste momento (final do primeiro trimestre) apresenta capitais próprios negativosde456milhõesdeeuros. Com efeito, nos primeiro três meses deste ano, a dívida líquida da cimenteira aumentou 4% face a 31 de dezembro do ano passado, para um totalde3.509milhõesdeeuros. Esta situação será um dos principais fatores explicativos para o anúncio que ocorreu esta semana da convocatória de uma assembleia geral extraordinária da sua subsidiária na Argentina, a Loma Negra, para promover uma oferta de capital nos mercados de capitais local e internacionais. Segundo apurou o Jornal Económico, isto quer dizer que o grupo brasileiro irá cotar uma parte do capital da Loma Negra através de um IPO (Oferta Pública Inicial), para atrair novos investidores e acionistas, mas mantendo o controlo da empresa. No âmbito das iniciativas de fortalecimento da sua estrutura de capital, a Cimpor informa que o conselho de administração da sua subsidiária Loma Negra, CIASA (...), Argentina, convocou uma assembleia geral extraordinária, de cuja agenda de trabalhos consta a promoção de um conjunto de diligências que permitam dotar a Loma Negra dos requisitos necessários para promover uma oferta de capital nos mercados de capitais local e internacionais, revela o referido comunicado hoje divulgado pela CMVM - Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. A assembleia geral extraordinária da Loma Negra para aprovar este IPO está agendada para o próximo dia 3 de julho, em Buenos Aires. Além da cotação na bolsa da capital argentina, o IPO poderá ser colocado na bolsa de São Paulo, não se sabendo se a Euronext Lisbon será uma das opções a ter em conta neste processo. Contactada pelo Jornal Económico, fonte oficial da Cimpor remeteu para o teor do comunicado divulgado. A 8 de dezembro passado, o jornal paulista Estadão, citando a Reuters, avançava que a Camargo Corrêaestavaanegociaravenda de uma fatia de 40% do capital da Loma Negra, maior produtora de cimento da Argentina, a diversos investidores, em particular a fundos de investimentos e grupos empresariais não focados exclusivamentenaproduçãodecimento. Nãosesabeseestaoperaçãopoderá travar a possibilidade de a Cimpor aumentar o capital social. Na assembleia geral do passado dia 5 de abril foi aprovada uma proposta do conselho de administração da empresa para renovar no tempo a possibilidade de efetuar um aumento de capital social da empresa, aumentando o seu teto máximo de mil para dois mil milhões de euros, podendo esta ser uma operação faseada. Entretanto, a 26 de maio, a Cimpor anunciou que irá retirar-se da bolsa portuguesa. A tentativa da Cimpor encaixar dinheiro já decorre há uns tempos com a alienação de ativos considerados não estratégicos. Ainda em maio, a Cimpor vendeu a sua participação na Hidroelétrica do Estreito, no Brasil, por um montante de 86 milhões de euros, como é referido no relatório e contas da empresa referente ao primeiro trimestre deste ano. O Santander Totta está a ombrear com o BCP na corrida para o título de maior banco privado português, depois da compra do problemático Banco Popular, por um euro simbólico. Não se trata de mais um episódio no processo de espanholização da banca portuguesa, mas sim da afirmação da sua dimensão. Acima, só a Caixa, abaixo, o BPI. A par, o BCP de matriz portuguesa, mas é controlado por chineses e angolanos. O Outlook é positivo. B+ ANTÓNIO MEXIA Presidente executivo da EDP RATING: D C- C+ B- B+ A- A+ A catadupa de processos judiciais em que se atolaram a política e a economia portuguesas chegaram à EDP. Mistura-se aqui a ressurreição do tema das rendas excessivas que o Estado ou seja, os contribuintes paga à eléctrica, com as relações demasiado próximas que os agentes políticos teimam em manter com o poder económico. E uma empresa que lucra números vistos como obscenos e um gestor com um salário que é motivo de inveja. Temos novela. O Outlook é negativo. B+ JÚLIO PEREIRA GOMES Ex-indigitado para o SIRP RATING: D C- C+ B- B+ A- A+ José Manuel Ribeiro/Reuters Está aqui Pereira Gomes, mas podia estar António Costa. O primeiro não percebeu que não teria condições para ser o patrão das secretas portuguesas; o segundo não foi suficientemente cuidadoso na escolha, mesmo depois de todos os casos dos últimos anos. Estranhamente, em Portugal, o vetting é assunto tabu, mesmo quando se trata de quem vai liderar os serviços de informações da República. Enquanto assim for, suceder-se-ão casos, mais graves uns que outros. O Outlook é negativo. B- TAMIM BIN HAMAD AL-THANI Emir do Qatar RATING: D C- C+ B- B+ A- A+ A família al-thani gere os destinos do Qatar desde o século XIX, mantendo, desde a independência, em 1971, uma relação variável com todos, sem querer incorrer em qualquer discriminação britânicos, norte-americanos, turcos, árabes, organizações terroristas. Agora, a potência regional Arábia Saudita cortou laços com a península, alegando que o Qatar apoia o terrorismo. Vinda de Riade, uma acusação disruptiva como esta só pode mesmo ser explicada com a visita de Donald Trump. O Outlook é negativo.

4 4 O Jornal Económico, 9 junho 2017 PRIMEIRA MÃO SUSPEITAS DE CORRUPÇÃO E TRÁFICO DE INFLUÊNCIAS Ministério Público investiga barragens da EDP e Iberdrola Inquérito foi aberto após queixa da GEOTA, com base em notícias sobre alegados subornos pagos pela Odebrecht, que com o grupo Lena construiu barragem do Baixo Sabor, aprovada pelo governo Sócrates. LÍGIA SIMÕES lsimoes@jornaleconomico.pt Háumanovainvestigaçãojudicial, em curso, que envolve a EDP e as decisões relativas à construção de novas barragens aprovadas por JoséSócrates.UmadelaséadoBaixo Sabor que está envolvida em casos de subornos no Brasil, numa lista de pagamentos da construtora brasileira Odebrecht, que fez parte da obra realizada em parceria com o GrupoLenaparaaEDP.Inquérito foi aberto este ano pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) que também tememmãosoprocessorelacionado com as designadas rendas excessivas da energia e que levou jáàconstituiçãodesetearguidos, entreosquaisopresidentedaeléctrica nacional (ver textos ao lado). O novo inquérito foi confirmado ao Jornal Económico por fonte oficial Procuradoria-Geral da República (PGR) e foi aberto após 16 de fevereiro deste ano, data em que a associação ambientalista GEOTA entregou uma queixa-crimeàpgr,ondepedequeasdecisões relativas à construção de novas barragens sejam investigadas. Em causa estão, segundo a associação ambientalista, suspeitas de corrupção e tráfico de influências, envolvendo técnicos e políticos, relacionados com a aprovação e construção das novas barragens de Trás-Os-Montes, nomeadamentedosabor,fridãoedofoz Tua (pertencem à EDP que foi o proponente das obras), e das três barragens do Tâmega (Daivões, Gouvães e Alto Tâmega) que pertencem à Iberdrola. Relativamente à barragem do Baixo Sabor, confirma-se a receção de uma participação do GEO- TA, a qual foi remetida ao DCIAP, onde deu origem a um inquérito, revelou fonte oficial da PGR, esclarecendo que é autónomo do processo relacionado com os MANUEL PINHO Professor na Universidade de Columbia (EUA) O ministro da Economia do governo Sócrates está no centro das polémicas em torno do setor energético. Uma dessas polémicas diz respeito à sua ida para os EUA lecionar um curso de energias renováveis com patrocínio da EDP, após ter deixado o cargo. A EDP garante estar tranquila com o apoio concedido ao curso de Pinho, justificando-o com a aposta nas renováveis nos EUA. CMEC que no final da semana passada levou a buscas às eléctricas EDP, REN e à consultora BCG. Neste processo, que partiu de uma denúncia anónima em 2012, estão em causa suspeitas de corrupção activa, corrupção passiva e participação económica em negócios. Segundo a comunicado do GEOTA a 16 de fevereiro, o objeto da queixa prende-se com o conjunto de atos e decisões políticas e administrativas tomadas nos últimos anos, com especial incidência nosrespetivosprocessosdeplaneamento, aprovação, subsidiação, licenciamento e implementação. A associação ambientalista fundamenta as suspeitas com notícias veiculadas em 2016, nomeadamente na imprensa internacional, sobrealegadossubornosetráfico de influências relacionados com empresas envolvidas nas obras destes empreendimentos. É o caso da barragem do Baixo Sabor, ligada à Odebrecht, aos empreiteiros Bento Pedroso/Lena e explorada pela EDP. Na sequência dessa notícia, os advogados de defesa de José Sócrates garantiram que o então primeiro-ministro não interveio na decisão de adjudicação e construção de barragem do Baixo Sabor, argumentando que essa decisão foi da estrita competência da EDP, então e agora dirigida por António Mexia. Sobre a nova investigação do DCIAP, fonte oficial da EDP afirma que a empresa não tem conhecimento. Até à hora de fecho desta edição, a Iberdrola não respondeu se foi notificada. Subornos no Baixo Sabor Emabrilde2016,ojornal OGlobo contou que a Odebrecht fez vários subornos entre março e abril de 2015, o que levantou suspeitas de envolvimento em escândalosdecorrupçãosobreasempresas do consórcio de construção nobaixosabor,barragemnodistrito de Bragança que já foi concluída. Em causa estão seis transferências num total de três milhões de reais (perto de um milhão de euros) em alegados subornos da construtor brasileira relacionados com a barragem do Baixo Sabor, obra realizada em parceria com o GrupoLenaparaaEDP. O pagamento de subornos foi revelado por uma funcionária da Odebrecht, empresa cujo presidente, Marcelo Odebrecht, foi já condenado a mais de 19 anos de prisão no âmbito da Lava Jato, a maior investigação sobre corrupçãonahistóriadobrasil,queenvolve grandes empresas, nomeadamente a petrolífera brasileira Petrobras. Segundo o jornal O Globo, essa funcionária trabalhava na Odebrecht no departamento de operações estruturadas, nome de fachada do departamento dedicado à gestão e contabilização de subornos. Nessa contabilidade paralela, de acordo com a funcionária da Odebrecht,haviaumaconta aconta Paulistinha, que teria feito pagamentos relacionados com dois negócios fora do Brasil. Uma conta destinada especificamente à realização de pagamentos em dinheiro em São Paulo vinculados a duas obras que a construtora brasileira tinha no exterior: a hidreléctrica do Baixo Sabor, em Portugal, um negóciode450milhõesdeeuros;e a Via Costa Verde Callao, no Peru, com valor estimado em 500 milhões de reais. Em Portugal, acrescenta O Globo, as investigações da hidroeléctrica do Baixo Sabor estão relacionadas com actuação do ex- -primeiro ministro José Sócrates, indiciado por corrupção, fraude fiscal e branqueamento e que já esteve preventivamente preso, esperando agora a acusação. Obra derrapa para 685 milhões A barragem do Baixo Sabor não estava integrada no Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico, aprovado pelo governo de Sócrates em O empreendimento, cujo projecto foi aprovado em 2004, começou a ser construído em junhode2008efoidesignadopelo então ministro da Economia socialista, Manuel Pinho, como a mãe detodasasbarragens.comum custo inicial estimado em 450 milhões de euros, a obra devia ter sido concluída em 2013, mas sofreu acentuadas derrapagens que elevaram em 20% o orçamento inicial para 685 milhões de euros. A barragem do Baixo Sabor foi consagrada, em 2010, nos 500 milhões de euros de incentivos ao investimento em capacidade de produção destinados aos centros eletroprodutores. Estes incentivos acabariam por ser revistos pela troika, em 2012, para cerca de 300 milhões de euros. Parao GEOTA, oiníquosubsídio à construção de novas barragens, se não for revogado, custará aosconsumidorescontribuintes 21,6 milhões de euros por ano. CMEC EDP: António Mexia afirmou que Quatro dias após ter sido constituído arguido por suspeitas de corrupção, o presidente da EDP saiu em defesa da honra da empresa. Ladeado por seis membros dos board (incluindo João Manso Neto, CEO da Renováveis e que também é arguido na investigação aos CMEC), António Mexia iniciou a conferência de imprensa a explicar que todas as decisões em relação aos contratos foram colegiais, e tomadas nos órgãos sociais competentes. A EDP está segura que atuou com toda a correção, afir-

5 O Jornal Económico, 9 junho Cristina Bernardo CASO EDP/REN Um guia para entender os CMEC O caso das alegadas rendas da EDP não é fácil de entender. Leia aqui o que está em causa. Atuamos com toda a correção a eletrica não recebeu benefícios e as decisões de Bruxelas provam isso. mou, adiantando que, em 2012, após secretario de Estado da Energia, Henrique Gomes (ver entrevistanapágina6)terfeitoacusações infundadas sobre rendas excessivas, três entidades nacionais e internacionais mostraram a inexistência dessas rendas. A base da defesa exposta por Mexia é que as decisões da Comissão Europeia sobre queixas relativas aos CMEC demonstram que a empresa não cometeu nenhuma irregularidade. [A CE] concluiu, e isto é muito importante, que a metodologia para avaliar o preço das extensões da concessões foi adequada e resultou num preço de mercado justo. O CEO explicou ainda o processo dos CMEC não é novo, tem décadas, foi amplamente escrutinado durante décadas, salientando que as compensações foram calculadas com base em estudos da Rothschild e da Deloitte em A revisão dos CMEC em 2007 foi feita com total transparência e reduziu a compensação inicial a que a EDP teria direito, disse a empresa, numa apresentação distribuida aos jornalistas. Eduardo Catroga, presidente do conselho geral e de supervisão da EDP, disse que os acionistas, incluindo a China Three Gorges estão em solidariedade com a gestão. Mexia mantém-se firme. Não se pode pôr em causa o bom nome da companhia... Se pondero a minha demissão? Não. Questionado se pensa suspender o mandato durante a investigação, vincou: Isso seria obviamente um erro para a instituição. SL O QUE ESTÁ A SER INVESTIGADO? O Ministério Público suspeita que tenha existido a prática de crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e participação económica em negócio, no âmbito de factos subsequentes ao processo legislativo, bem como aos procedimentos administrativos relativos à introdução no setor elétrico nacional dos CMEC, que vieram substituir os CAE, em Há também suspeitas relativas à prorrogação das barragens exploradas pela EDP, no mesmo ano. A investigação teve início em 2012 e partiu de uma denúncia anónima, apurou o Jornal Económico. No âmbito desta investigação, foram constituídos arguidos o presidente-executivo(ceo)daedp,antónio Mexia, João Manso Neto (atual CEO da EDP Renováveis e, na época dos factos, administrador da EDP),PedroRezendeeJorgeMachado (ex-responsáveis da EDP). Também arguido neste caso é Rui Cartaxo, atual chairman do Novo Banco e ex-presidente da REN, que à data dos factos era assessor de Manuel Pinho. Da REN, são arguidos João Conceição e Pedro Furtado, administrador e responsáveldaáreadeplaneamentoe controlo, respetivamente. Foram realizadas buscas não-domiciliárias na REN, na EDP e na consultora The Boston Consulting Group (BCG). O QUE ERAM OS CAE? CAE significa Contratos de Aquisição de Energia. Eram os contratos de longo prazo que a EDP tinha desde a década de 90 para a venda de energia das centrais eléctricas, antes da liberalização do mercado ibérico de eletricidade. Foram substituídos pelos CMEC. OQUESÃOOSCMEC? Os Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC) são uma compensação recebida pela EDP pela cessão antecipada de contratos de aquisição de energia (CAE). Foram criados em 2004,noâmbitodatransposição dadirectivaeuropeiasobrealiberalização do mercado energético, mas só entraram em vigor em 2007, quando José Sócrates era primeiro-ministro, Manuel Pinho tinha a pasta da Economia (e, logo, a tutela do setor energético) eantóniomexiajáeraceoda EDP. Nessa altura, os parâmetros de mercado foram atualizados face aosvaloresdefinidosem2004.eé a fórmula utilizada nesta atualizaçãoquetemestadonocentrodas críticas às chamadas rendas da EDP, incluindo por parte dos técnicos da troika, que em 2011 pediram uma redução do valor a pagar à elétrica, bem como pela Autoridade da Concorrência. A EDP defende-se argumentando que os valores foram validados por auditores independentes e que esta atualização dos parâmetros de mercadoreduziuovalordacompensação financeira à EDP em 75%, de 3,3 mil milhões de euros para 833 milhões de euros, favorecendo o Estado. O caso foi analisado pela Comissão Europeia, que concluiu não existir ajuda de Estado à EDP. O QUE ESTÁ EM CAUSA NA QUESTÃO DAS BARRAGENS? Também em 2007, o Estado chegou a acordo com a EDP para prorrogar o prazo de exploração dassuasbarragens.nesseacordo,a EDP pagou ao Estado 759 milhões de euros. Os críticos alegam que o valor deveria ser superior, dado que existem estudos que apontam nesse sentido. A EDP diz que o montante estava dentro dos valores de mercado, tal como Bruxelas concluiu numa investigação no início deste ano. QUAL A IMPORTÂNCIA DOS CMEC PARA A EDP? Os CMEC representam cerca de 250 milhões de euros por ano para aedp.sãoumaparteimportante das receitas, e que resultam da soma de uma parcela fixa, que é recebida anualmente, e uma parcela de acerto. O deputado do Bloco de Esquerda Jorge Costa considera que os CMEC foram negociados para assegurar níveis de rentabilidade elevados aos privados. Foram apelidados de renda excessiva, pelo ex-secretário da Energia Henrique Gomes (ver entrevista na página seguinte). As previsões é que se estendam até 2027, embora várias centrais da EDP tenham começado a perder contratos em FA e AA

6 6 O Jornal Económico, 9 junho 2017 PRIMEIRA MÃO ENTREVISTA HENRIQUE GOMES, EX-SECRETÁRIO DE ESTADO DA ENERGIA Corrupção? Quando olhei para os CMEC, achei que eram maus demais. Cristina Bernardo Tentou cortar as rendas excessivas em 2012 e acabou demitido. Agora fala pela primeira vez sobre as suspeitas de corrupção no setor energético. GUSTAVO SAMPAIO gsampaio@jornaleconomico.pt Ficou surpreendido com as suspeitas de corrupção que envolvem administradores da EDP e da REN? Sim, absolutamente. Não esperava que pudesse haver matéria criminal nos contratos dos Custos para Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC)? Havia uma suspeita disso, por causa das notícias sobre a investigação, há alguns anos atrás. Mas os factos aconteceram há cerca de 10 anos, portanto está prestes a prescrever. Poroutrolado,aqueixaàComissão Europeia sobre as ajudas de Estado, otempoquepassoueoresultado desse inquérito, fiquei muito afastado da ideia de que este processo pudesse avançar Mas o inquérito da Comissão Europeia visava apurar se os CMEC constituiriam uma ajuda de Estado que desrespeitasse ou nãoasregrascomunitárias.não tratava de eventual matéria criminal. São processos distintos. Sim, sim, são distintos, tem toda a razão. Agora, se há motivos criminais nas negociações que foram feitas,nãosei,sóajustiçaéquepoderá ter apurado. Ou quem apresentou a denúncia. Conhecendo bem os CMEC, sendo tão lesivos do interesse público, entende que se tratou de uma má decisão política ou algo mais do que isso? Ou estamos dentro da negociação, que não foi o caso, ou não podemos saber se Mas quando olhou para aqueles contratos pela primeira vez Quando olhei para os CMEC, achei que eram maus demais. Não é segredo nenhum que tentei eliminar as rendas, aliás um compromisso que o Governo assumiu perante a troika. A forma de cálculo dos CMEC foi definida em 2007, pelo ministro Manuel Pinho, cujo seminário sobre energias renováveis em Nova Iorque, patrocinado pela EDP, também está sob investigação. Em2004houvealeidebasesea conceção. Depois aquilo esteve parado durante três anos. Mas, em 2007, a Espanha ia entrar para o mercado. Por causa do MIBEL, mercado conjunto, nós tínhamos também de fazer alguma coisa e, nesse ano, fez-se a operacionalizaçãodetodooedifício.em2007.se houver excessos é aí que estão. Se é de origem criminosa, não sei. Em 2011 delineou um modelo de contribuição do setor elétrico Tentei fazer um modelo de equilíbrio do sistema. Arranjámos uma solução que era a contribuição do setor elétrico, para toda a natureza de produção de energia, tudo o que não fosse resultado de concursos públicos. Fizemos a proposta e arranjámos pareceres jurídicos, quanto à constitucionalidade e ao nível do Tribunal de Contas. Os lobbies do setor da Energia começaram desde logo a condicionar? Falei com os produtores todos e o ambiente estava favorável. Mas a EDP era difícil, assim como a APREN - Associação Portuguesa de Energias Renováveis. Havia parceiros do setor que estavam financeiramente muito alavancados, não tinham capacidade para cortar. Eu sabia disso, não podia era deixar de o fazer, pelo interesse público, nacional. Acontribuição não avançou. Entretanto Convidaram-me para o Governo porque diziam que era um setor dominado pelos lobbies e eu era independente. Afinal, os lobbies eram mais fortes evenceram realizou-se a privatização... Sim, depois houve o interregno da privatização e entrámos numa fase emquetínhamosdenegociar.não podíamos fazer nada unilateralmente. Tínhamos o relatório que identificava as rendas excessivas e eu preparei uma equipa negocial. Para não serenroladoefazerumanegociação forte, a minha tática foi divulgar os dados das rendas excessivas. Publicamente. Isso comprometia-me a mim e ao Governo com a eliminação das rendas. Tínhamos um alvo a atingir. Oalvoripostou? Sim, ao ponto de eu ter sido proibido de falar nas rendas excessivas. Convidaram-me para o Governo porque diziam que era um setor dominado pelos lobbies e eu era independente e poderia fazer o que era necessário. Afinal, os lobbies eram mais fortes e venceram. A sua demissão foi provocada pela EDP? Obviamente que os interesses no setor se mexeram e fizeram o que lhes competia. Sinceramente, se estivesse do lado deles, acho que teria feito a mesma coisa. O que caberia ao Governo era manter-se firme e aguentar. Não é para baixarem os braços. A pressão faz parte das regras do jogo, qualquer que seja o jogo, é normal. Abriu uma garrafa de champanhe quando soube que António Mexia e outros administradores da EDP foram constituídos arguidos? Não, não, eu fiquei admirado com a notícia.agorasóesperoqueajustiça seja justa, rápida e eficaz. Que investiguemequeapuremaverdade. Mas não, para já não abri nenhuma garrafa de champanhe, até porque não gosto de champanhe. Prefiro um bom vinho. * Leia a versão integral desta entrevista na edição online do Jornal Económico.

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8 8 O Jornal Económico, 9 junho 2017 ECONOMIA & POLÍTICA PortodeLisboa vale 58 mil milhões de euros Augusto Mateus conclui que as atividades associadas ao porto da capital geram 23 mil milhões de euros de Valor Acrescentado Bruto, gerando 15% da riqueza nacional e promovendo 16% do emprego. NUNO MIGUEL SILVA nmsilva@jornaleconomico.pt O impacto económico total das atividades desenvolvidas pelo porto de Lisboa ascende a 58 mil milhões de euros, de acordo com um estudo desenvolvido pela consultoralideradapeloeconomistae ex-governante Augusto Mateus, a que o Jornal Económico teve acesso.deacordocomodocumento, o impacto económico total associadoaoportodelisboa,tendo em consideração os efeitos diretos, indiretos e induzidos, ascende a58milmilhõesdeeurosdeprodução nacional, 722 mil postos de trabalho, 16% do volume de emprego em Portugal, 23 mil milhões de euros de VAB [Valor Acrescentado Bruto], 15% da riqueza gerada a nível nacional, e praticamente 11 mil milhões de euros em remunerações, conclui o estudo coordenado por Augusto Mateus (ver tabela). Analisando apenas as vertentes de exportações e de importações canalizadas por esta infraestrutura, tendo em conta os referidos efeitos diretos, indiretos e induzidos, o impacto económico do porto da capital ascende, de acordo com este estudo, a cerca de 54 mil milhões de EFEITOS ECONÓMICOS TOTAIS ASSOCIADOS AO PORTO DE LISBOA Valor bruto Emprego VAB Remunerações de produção (1) (2) (1) (1) Atividades portuárias Atividades de cruzeiros Utilizadores portuários Total (1) milhões de euros (2) postos de trabalho euros de produção nacional, a 687 mil empregos (15% do volume de emprego em Portugal), perto de 22 mil milhões de euros de VAB (14% da riqueza gerada a nível nacional) emaisde10milmilhõesdeeuros de remunerações. A diferença para o valor global explica-se pela contabilização de todos os efeitos associados às atividades estritamente relacionadas com as importações e exportações dinamizadas pelo porto de Lisboa. Como esclarece o estudo de Augusto Mateus, o impacto económico associado à totalidade das exportações e importações resulta da sucessiva agregação das componentes apresentadas, que incluem atividades portuárias diversas, atividades de cruzeiros e efeitos dos vários utilizadores portuários. A leitura da componente associada aos efeitos de arrastamento a montante e aos efeitos catalisadores, relativa aos utilizadores portuários, deverá ser efetuada com maior ponderação. De facto uma significativa proporção destes efeitos não é totalmente dependente do porto de Lisboa, podendo não ser significativamente atingida caso as infraestruturas portuárias deixassem de existir, alerta o estudo da Augusto Mateus e Associados. Acrescenta que, contudo, é

9 O Jornal Económico, 9 junho Rafael Marchante/Reuters PORTO DE LISBOA CONTINUA A RECUPERAR CARGAS O porto de Lisboa foi o que registou um crescimento mais significativo das cargas movimentadas nos primeiros quatro meses do ano em comparação com o período homólogo de 2016, uma subida de 16,2%, continuando a recuperar mercadorias após anos de greves e turbulência laboral. Segundo os dados disponibilizados pela AMT Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, de janeiro a abril deste ano, registaram-se cerca de 33 milhões de toneladas no volume de tráfego portuário nos portos do Continente. Este acréscimo de 12%, face ao primeiro quadrimestre de 2016, constituiu a melhor marca de sempre, sublinhou a AMT, em comunicado. O porto de Sines mantém o perfil de líder com uma quota de 54,9%. No mês de abril de 2017, o volume de tráfego portuário do Continente registou uma variação de 9,3% face ao período homólogo. No que diz respeito ao primeiro quadrimestre de 2017, este volume ascendeu a cerca de 33 milhões de toneladas, ultrapassando em 12% o registado em igual período de 2016, constituindo assim o volume de carga movimentada mais elevado de sempre nestes períodos. Este comportamento é explicado pelas variações positivas observadas nos portos de Lisboa (20,7%), Aveiro (19,2%) e Sines (16,2%), que se traduziram num acréscimo total de cerca de 3,9 milhões de toneladas, das quais 65% tiveram origem no porto de Sines. inegável que o porto de Lisboa, pelas vantagens concorrenciais queconfereaosseusutilizadores, alavanca a valorização destas atividades económicas. No entender do economista, a sua contabilização nos impactos económicos é assim perfeitamente justificável, fornecendo um referencial respeitante à atividade económica que é, direta ou indiretamente, influenciada pela existência do porto de Lisboa. De acordo com este estudo, o porto de Lisboa tem um impacto económico de cerca de 37,3 mil milhões de euros por via das importaçõesedecercade16,6mil milhões de euros pela vertente das exportações. A atividade de cruzeiros no porto da capital gera um impacto económico de 194 milhões de euros, enquanto as atividades portuárias polarizadas pelo porto de Lisboa têm um impacto económico total de cerca de 4,4 mil milhões de euros. Em termos de produtos, as importações no porto de Lisboa são dominadas, em ordem decrescente de importância, pelos produtos agropecuários, metais de base, produtos alimentares, químicos, produtos petrolíferos, papel e cartão, matérias-primas secundárias, plásticos e borracha, outros produtos extrativos e equipamento elétrico. Do lado das exportações, também por ordem decrescente de relevância, o porto de Lisboa expede outros minerais não metálicos, produtos alimentares, outros produtos extrativos, bebidas, químicos, papel e cartão, produtos agropecuários, metais de base, plásticos e borracha e máquinas e equipamentos. As atividades portuárias polarizadas pelo porto de Lisboa sustentam, segundo o estudo elaborado pela consultora de Augusto Mateus, um total de 32 mil postos de trabalho, gerando um valor de milhões de euros em valor acrescentado, dos quais 624 milhões de euros em remunerações. Quanto à atividade de cruzeiros, oestudoconcluiqueoimpactototal desta atividade no porto da capital alimenta mais postos de trabalho, gerando 100 milhões de euros de VAB e 48 milhões de euros em remunerações. Este relatório sobre o valor económico e social do porto de Lisboa, aindanumaversãopreliminar,mas revista, foi apresentado recentemente à ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, mas ainda não contempla o impacto potencial de um novo terminal portuário no Barreiro. PROJETO Estudo de impacto ambiental é favorável ao terminal no Barreiro O estudo de impacto ambiental sobre o novo terminal portuário no Barreiro não coloca entraves à concretização do projeto pretendido pelo Governo. O estudo de impacto ambiental encomendado pela Agência Portuguesa do Ambiente para o projeto do terminal portuário do Barreiro é favorável ao projeto, deixando a porta aberta ao Governo para avançar com este investimento se durante o processo de consulta pública,queestáadecorreratéàpróxima sexta-feira (dia 16 de junho) não surgir qualquer entrave de última hora. E o documento aponta já quais são as soluções mais favoráveis para esta infraestrutura arrancar: em termos de acessibilidade marítimo-fluvial, a construção de um canal de 5,9 quilómetros de comprimento a uma profundidade de 16 metros e com 200 metros de largura, num único alinhamento retilíneo (a alternativa são dois alinhamentos retos e uma curva) e um cais em tabuleiro betonado in situ (no próprio local) em estacas moldadas de betão armado (a outrahipóteseéumcaisemcaixotões com aterro). Nas conclusões do estudo de impacto ambiental, elaborado pelas consultoras Consulmar, Nemus, Hidromod, Risco e Vtm, sublinha- -se que o panorama geral que se evidencia, independentemente da alternativa selecionada, é o predomínio de maioria de impactes negativos pouco significativos, essencialmente ligados a ações da fase de construção. Assinala-setambémumimportante conjunto de impactes nulos ou insignificantes, por exemplo no clima, riscos geológicos, gestão de resíduos e na vertente terrestre do património, defende o documento, a que o Jornal Económico teve acesso. As conclusões do estudo de impacto ambiental sobre o futuro terminal do Barreiro inicialmente de contentores, mas que poderá transformar-se em multiusos esclarecem que apesar do muito significativo volume de dragagens estimadas neste projeto, em qualquer das alternativas (na ordem dos23a25milhõesdemetroscúbicosdedragadosnasduasfases, sendo cerca de 13 a 15 dos quais para eliminação por imersão), o facto dos sedimentos a dragar apresentarem, em geral, uma significativa componente arenosa (mesmo nos casos em que predominam as frações finas) e de não apresentarem contaminação química relevante, exceto em dois a três pontos isolados (consoante a alternativa de acesso fluvial), é uma garantia de que esses riscos identificados de contaminação serão controláveis com relativa facilidade. O documento sublinha ainda que o facto de os inertes a dragar serem maioritariamente areias contribuiu decisivamente para manter um baixo significado geral dos impactes temporários mais característicos, como sejam as plumas de turbidez ou a potencial remobilização de contaminantesparaacolunadeágua. O estudo de impacto ambiental releva,porém,que osimpactes negativosmaissignificativosidentificaram-se na hidrodinâmica e regime sedimentar (quer pelas novas condições criadas, quer pela muito significativa imersão de dragados no estuário inferior), assim como no ordenamento do território e condicionantes, devido à alteração permanente de uma área do estuário do Tejo integrada no Domínio Público Hídrico e na Reserva Ecológica Nacional e na Rede Ecológica Metropolitana definida no PROTAML Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa. O documento em causa realça A consulta pública sobre o estudo de impacto ambiental do projeto para o terminal portuário do Barreiro vai decorrer até ao próximo dia 16 de junho ainda os impactos negativos que o projeto do terminal portuário do Barreiro terá nos aspetos paisagísticos, devido a essas mesmas alterações da linha de costa e ao grande destaque visual das estruturasportuáriasedasatividadesaí desenvolvidas. Neste conjunto estão em causa impactes negativos, temporários e permanentes, em ambas as fases, que poderão ser significativos a muito significativos, alguns dos quais, como a afetação da Rede Ecológica Metropolitana (PRO- TAML) e da estrutura funcional da paisagem, de difícil mitigação. Nestescasosmaisextremosforam propostas medidas compensatórias, alerta o referido estudo de impacto ambiental. Já no extremo oposto, este documento destaca que os aspetos sociais e económicos relevantes revelam impactes positivos, muito significativos no aumento do emprego e significativos no reforço da capacidade do porto de Lisboa (para mais do dobro da atual) em servir o seu hinterland (inclusivamente ibérico). A dinamização económica de um território em depressão é um efeito positivo significativo, indireto, e provável na forma da dinamização da atividade económica local e regional (Península de Setúbal), de magnitude (em geral) elevada ao nível das várias atividades económicas, realça o referido estudo de impacto ambiental. O mesmo documento acrescenta que, em termos globais e neste primeiro momento de avaliação, (...) os impactes positivos parecem contrabalançar os impactes negativos mais expressivos. Quanto às duas fases de implementação pode concluir-se que a segunda fase [de exploração] não implicará um acréscimo relevante em termos de impactes. Logicamente que os impactes positivos do projeto, designadamente os socioeconómicos, serão maximizados na plena exploração, correspondente à fase 2, conclui o referido estudo de impacto ambiental sobre o terminal portuário do Barreiro. NMS

10 10 O Jornal Económico, 9 junho 2017 ECONOMIA & POLÍTICA ENTREVISTA JOAQUIM MIRANDA SARMENTO, Coordenador do estudo Que caminhos para a dívida pública portuguesa? Consolidação orçamental não é austeridade Joaquim Sarmento é o coordenador de um estudo apresentado esta semana por um think thank próximo do PSD. O estudo propõe uma solução responsável para a elevada dívida pública nacional. FILIPE ALVES falves@jornaleconomico.pt O economista e professor universitário Joaquim Miranda Sarmento foi o coordenador do estudo Caminhos para a dívida portuguesa, apresentado na passada segunda- -feira pela Plataforma para o Crescimento Sustentável, um think thank liderado pelo social-democratajorgemoreiradasilva.em entrevista, Joaquim Miranda Sarmento defende uma solução responsável para o elevado endividamento português, que passe pelo cumprimento das regras europeias. Lendo o vosso relatório, ficamos comaideiadequesetratade um documento que advoga um soluçãoparaadívidapública queéumaespéciedemal menor, de austeridade permanente, contra um mal maior que seriam as consequências do não cumprimento dos compromissos com os credores e dos tratados europeus. É isso, uma escolha entre dois males? Mas é razoável esperar que a economia portuguesa seja capaz de manter esse tipo de políticas durante décadas? Temos condições políticas e sociais para isso? Não há soluções mágicas e rápidas para um problema que foi criado por 15 anos de políticas económicas erradas. Mas também discordo da formulação que consolidação orçamentaléausteridadeequenãoé possível crescer sem défices e endividamento. Por outro lado, se queremos cumprir as regras orçamentais europeias, então para ter um saldo estrutural de pelo menos -- 0,5%doPIB-emboraoobjetivo para Portugal seja mais exigente -, então teremos de ter excedentes orçamentais e um excedente de saldo primário acima daquele que colocámos no estudo. E portanto, teremos de fazer escolhas enquanto país e sociedade. Escolhas difíceis mas imperiosas. E importa desmistificar uma coisa: os superavits não são recessivos nem os défices são expansionistas. O que pode ser recessivo ou expansionista são as variações. Depois de atingir um objetivo, manter esse objetivo é neutro do ponto de vista do crescimento futuro. Creioqueoesforçoquetemosde fazer,enquantopaísédeconsolidar asnossascontaspúblicasepromover o crescimento económico através do aumento da produtividade. Daí a importância das reformas estruturais. Disse há dias que este estudo não constitui uma resposta ao Não há soluções mágicas e rápidas para um problema que foi criado por 15 anos de políticas erradas. Discordo da formulação que consolidação orçamental é austeridade e que não é possível crescer sem défice e endividamento documentodogrupode economistas do PS e do Bloco, mas é inevitável que seja encarado como tal. Que avaliação faz desse relatório? O nosso estudo começou a ser feito em outubro do ano passado e estava pronto no final de abril. Contudo, dadoomediatismoqueotematem, equeorelatóriodopseblocoteve, entendemos que deveríamos dar algum tempo para que se fizesse a discussão desse relatório. Creio que esse relatório foi muito importante para este debate, dado que aparentemente já ninguém - ou quase ninguém - defende uma reestruturação com hair-cuts. Mashádiferençassignificativasna visãodoproblemadadívidanos dois relatórios. Por um lado, o nosso relatório demonstra as consequências de uma reestruturação, enquanto que o outro relatório limita-se a não colocar a questão. Depois há diferenças nas soluções europeias - e as do relatório da esquerda parecem-me ser de muito mais difícil concretização que as nossas - e ao nível da gestão da dívida pública. Eu sintetizaria essas diferenças de uma forma simples: o relatório da esquerda e extrema-esquerda defende uma gestão de portfolio da dívida pública com maior risco, pressupondo assim um retorno maior (ouseja,umataxadejuromenor). Nós defendemos uma gestão mais conservadora, com um retorno menor, ou seja, uma taxa de juro maior. Numpaíscom130%doPIBdedivida pública a escolha parece-me obvia: para salvaguardar a posição de Portugal no médio e longo prazo, e proteger o país de choques externos, temos de estender maturidades e gerir de forma mais conservadora. O ideal seria que Portugal tivesse um perfil de reembolsos anuais de seis a oito mil milhões de euros, com uma almofada financeira de montante próximo desse. Além disso, uma maior oferta em maturidades inferiores levará a um aumento da taxa de juro nessas maturidades. Segundo, aumentando o riscodegestãodadívida,oprémio queosinvestidorespedirãoserá maior, aumentando a taxa de juro. Terceiro, num cenário de forte investimento em maturidades de curto prazo e de depósitos reduzidos levaria a que Portugal ficasse nas mãos dos especuladores, porque um falhanço numa emissão seria um desastre, conduzindo também isso a um aumento das taxas de juro de curto prazo. Por último, uma gestão comumníveltãograndederisco dificilmente convencerá as agências de rating a tirar Portugal do lixo. Queremos mesmo voltar a repetir os erros de ? O vosso estudo conclui que Portugal tem condições para reduzir a dívida pública no prazo de dez a 15 anos, no pressuposto de que conseguimos manter um crescimento nominal acima dos 3% e um saldo primário também na casa dos 3%. Não são valores demasiado otimistas? Não creio na parte do crescimento nominal. Se vir a média de crescimento nominal desde a entrada no euro é de cerca de 3%. E creio que as reformas dos últimos anos permitirão crescer mais um pouco. Claro que em 20 anos haverá seguramente períodos de menor crescimento (e até de recessão), mas também de maior crescimento. Uns 3% de média nominal parece-me conservador. Já o superavit primário de 3% é ambicioso, dado o nosso histórico de défices crónicos. Mas é manter o que supostamente vai ser alcançado este ano de Mas retomo ao meu ponto inicial: se queremos cumprir as regras orçamentais da zona Euro teremos de nos habituar a uma maior disciplina orçamental. Eurobonds EstudodaPlataformapara FILIPE ALVES falves@jornaleconomico.pt APlataformaparaoCrescimento Sustentável (PCS), liderada pelo social-democrata Jorge Moreira da Silva, apresentou na passada segunda-feira um policy paper em que defende que a redução da dívida pública é uma prioridade, mas queamesmadeveserfeitacumprindo as regras orçamentais europeias, diminuindo os stocks da dívida, criando condições para o crescimento económico e fazendo umagestãoprudentedadívidapública, antecipando os pagamentos ao FMI e alisando os montantes a reembolsartodososanos. A existirem soluções europeias, as mesmas poderiam passar por um programa de mutualização das

11 O Jornal Económico, 9 junho Cristina Bernardo Um haircut sobre privados seria pago pelos depositantes dos bancos Banca nacional tem 53 mil milhões de euros em dívida pública. Haircut teria forte impacto no setor. valeriam poupança de 900 milhões o Crescimento Sustentável admite solução europeia que passe pela mutualização. dívidas ( eurobonds ), que permitiria uma poupança anual de 900 milhões de euros, mas para tal será necessário cumprir as regras e entrar numa verdadeira união orçamental a nível europeu, defendem os autores do estudo. Coordenado pelo economista e professor universitário Joaquim Miranda Sarmento, o relatório da PCS contou com as colaborações de Luís 240 É o valor, em milhares de milhões de euros, da dívida pública portuguesa. Deste valor, 140 mil milhões estão nas mãos de investidores institucionais estrangeiros e nacionais (incluindo os bancos, as seguradoras e a segurança social portuguesa). Bravo, Francisco Catalão, Nelson Coelho e Ricardo Santos. E, segundo Joaquim Miranda Sarmento, não pretende ser uma resposta ao relatório que um grupo de economistas do PS e do Bloco de Esquerda apresentou há cerca de um mês e que defende, entre outras medidas, a reestruturação dos 51,6 mil milhões de euros em empréstimos europeus recebidos por Portugal em O estudo foi elogiado pela economista Teodora Cardoso, que participou num debate que se seguiu à apresentação do documento. Não há soluções milagrosas nem soluções muito rápidas. Precisamos de facto de reduzir o rácio da dívida pública para se tornar sustentável, mas não podemos imaginar que podemos fazê-lo muito rapidamente defendeu a presidente da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO). Osautoresdoestudorejeitam soluçõesmilagrosas paraadívidapública, como um perdão [ haircut ], as quais, defendem, teriam custos económicos e sociais muito elevados e consequências calamitosas. A PCS defende que será possível reduzir a dívida pública dos actuais 130% para menosde100%dopib,em10a15 anos, através de uma combinação de saldos primários na ordem dos 3% do PIB com um crescimento nominal da economia acima dos 3%. A PCS sugere ainda que o IGCP deve procurar diversificar as fontes de financiamento, alisar os montantes de dívida a reembolsar anualmente para menos de 10 mil milhões de euros por ano e manter uma almofada de liquidez na ordem dos seis a oito mil milhões de euros, como forma de evitar o recurso ao mercado em situações de turbulência. FILIPE ALVES falves@jornaleconomico.pt Oquefaltafazer,anívelde reformas, para pôr a economia a crescer sustentadamente em níveis que permitam manter o nosso modelo social e de desenvolvimento e, ao mesmo tempo, abater dívida? Há ainda um longo caminho a percorrer. Aquilo que mais me preocupanestemomentoéverquea produtividade não está a crescer. Eu elencaria cinco áreas de reforma: justiça, laboral, Estado, fiscalidade e formação. Quando fala em condições calamitosas em caso de haircut, refere-se concretamente a quê? A um levy nos depósitos, por exemplo? Está no nosso relatório a descrição das consequências de vários cenários de haircut. Um haircut sobreosinvestidoresprivadosteria um efeito brutal no setor financeiro nacional. Os bancos e seguradorastêmcercade53milmilhõesde euros em dívida pública. Perdas avultadas levariam à falência dos bancos (que como sabemos estão numa situação muito difícil há vários anos). Se os bancos perdessem 20 ou 30 mil milhões de euros em dívida pública, como seriam recapitalizados? Pelas novas regras Europeias, primeiro com a perda pelos acionistas e obrigacionistas. Mas para um montante deste valor não chegaria. E aí seriam os depósitos a responder. Ovossodocumentofala também de soluções europeias, nomeadamente a dos eurobonds. Considera que esse cenário é realista? Não sou um expert em política Europeia, mas tenho noção da complexidade de qualquer solução, sobretudo em momentos políticos complexos. Mas não tenho dúvida queazonaeuroprecisademaior integração orçamental. Precisa de um aprofundamento do processo político Europeu, ou seja, um reforço da união Económica e Monetária. Tal passa seguramente pela criação de um Tesouro Europeu, o cumprimento do Tratado orçamental e do Semestre Europeu e um reforço do controlo orçamental a nível Europeu. E no longo prazo a criação de algo que se poderá assemelhar a um Fundo Monetário Europeu e algum tipo de mutualização das dívidas. Mas aqui é importante reforçar umpontocríticodonossotrabalho: só haverá soluções Europeias se houver cumprimento das regras orçamentais Europeias. O que vamos discutir só pode ser os défices passados. Não pode ser a subsidiação dos défices futuros. Isso os contribuintes dos outros países não aceitarão. Não tenho a menor dúvida que a zona Euro precisa de maior integração orçamental. Precisa de um aprofundamento do projeto político europeu, ou seja,m um reforço da União Económica e Monetária

12 12 O Jornal Económico, 9 junho 2017 ECONOMIA & POLÍTICA ANÁLISE Não, a inflação ainda não está a dar sinais de vida É provável que as próximas dores de cabeça do BCE não sejam exatamente aquelas que muita gente antecipa. A questão poderá não ser quando retirar os estímulos, mas sim o que fazer mais para garantir que a doença japonesa não se instala na Europa. PEDRO ROMANO Analista do Jornal Económico A cobertura jornalística da inflação europeia é um caso cada vez mais sério de enviesamento noticioso. Todasassubidas,porpequenase transitórias que sejam, têm destaque imediato e impulsionam dezenas de artigos acerca do fim do dinheiro barato e da inversão de marcha do BCE. As descidas, por sua vez, são recebidas com indiferença e morrem como notas de rodapé antes. Esta curiosa assimetria tem gerado uma das percepção mais erradas na maioria das pessoas:aideiadequeainflaçãoestá praticamente em cima da meta do BCE (2%). E que uma subida das taxas de juro, por consequência, está mesmoaíaovirardaesquina. Na verdade, a inflação não está hoje significativamente mais próxima da meta do BCE do que estava há seis meses, 12 meses, ou até dois anos atrás. Uma leitura rigorosa dos dados sugere que, apesar dearetomaeconómicaestarcada vez mais firme na Zona Euro o que, a prazo, deveria impulsionar a inflação não há ainda sinais de que as pressões do mercado laboral estejam a exercer a influência esperada. No que diz respeito ao comportamento dos preços, os progressos têm sido quase nulos desde meados de Consideremos, por exemplo, o comportamento da chamada inflação subjacente, uma medida da evoluçãodospreçosquedesconta as rubricas como os combustíveis ou bens alimentares. Esta exclusão permite-nos limpar da análise o ruído introduzido pelos sobes e desces constantes dos itens mais voláteis e erráticos, produzindo assim uma medida mais fiável da inérciadainflação.nofinaldasemana passada o Eurostat divulgou os dados relativos a Maio, e descobrimos que a inflação subjacente atingiu os 1%, menos 0,2 pontos percentuais do que no mês anterior. Mais importante, este valor surgeummêsdepoisdeoeurostatter reveladoumasubidadainflação subjacente para 1,2%, o valor mais alto desde Os dados de Abril podiamtersidooprimeiroprenúncio de uma subida sustentada da inflação, convergindo para a meta oficial do BCE; ou podiam ser apenas mais uma daquelas oscilações espúrias que as estatísticas macroeconómicas de curto prazo inevitavelmente produzem. O boletim de Maio do Eurostat sugere que a segunda explicação deve estar mais próxima da verdade do que a primeira(verinfografiaàdireita). Pode a Europa ser um Japão 2.0? A anemia dos preços contraste com a recuperação sólida da economia europeia. Desde 2013, a economia da Zona Euro já cresceu mais de 5% em termos acumulados e a taxa de desemprego caiu de 12 para 9,3% da população activa. Dada a relação habitual entre a taxa de desemprego mercado de trabalho e as oscilações dos preços, seria de esperar uma inflação bem mais alta do que aquela que o Eurostat tem vindo a revelar. Mas, por razões ainda mal compreendidas, as relações estatísticas entre variáveis macroeconómicas que se verificaram durante décadas parecem agora estar a perder validade. Não por acaso, as previsões oficiais para a inflação têm sistematicamente falhado ao alvo, projectando subidas muito superiores àquilo que na prática se verifica. É possível que isto resulte apenas de algum desfasamento temporal entre o momento em que o mercado laboral ganha vigor e o período em a confiança renovada dos trabalhadores os impele a exigir aumentos salariais mais altos que por sua vez contaminam a formação de preços e acabam por estimular a inflação. A crise dos últimos anos foi uma das mais profundas desde a Grande Depressão e não é de excluir que estes efeitos demorem agora mais tempo a fazer-se sentir. Mas há outra explicação igualmente plausível (e menos benigna) para o comportamento da inflação. Numa singela caixa de texto publicada nas Previsões de Primavera da Comissão Europeia, os economistas do órgão de Bruxelas compararam números, usaram alguma econometria e concluíram queháalgoamudarnaforma como os europeus negoceiam salários. Segundo o estudo, os anos recentes de inflação baixa parecem ter-se cristalizado como um novo normal na cabeça dos patrões e trabalhadores: os primeiros são mais relutantes a oferecer salários mais altos, porque não contam subir muito os seus preços no futuro; eossegundosficamsatisfeitos com aumentos modestos, porque também sabem que a erosão de poder de compra provocada pela inflação será escassa. Este fenómeno tem um nome: desancoragem das expectativas. No caso, significa que os agentes económicos se habituaram a uma inflação baixa e já negoceiam salários e preços com base nesse cenário. Isto faz com que a inflação baixa se transforme num processo quesealimentaasimesmo:preços baixos reduzem a pressão para aumentos salariais, que por sua vez permitem às empresas subir pouco os preços. O que, por sua vez, reforça a convicção das empresas e trabalhadores de que esta situação se vai manter perpetuar. Estahipótesenãoéumaideia meramente académica. Nos anos 90, o Japão passou por uma grave crise económica, durante a qual a inflação caiu de uns típicos 1,5- -3%para0%.DesdeentãooBanco Central Japonês já fez de tudo um pouco para colocar a inflação nos eixos,masatéagora ejálávão mais de duas décadas a tentar pouco aconteceu. SeaZonaEuroestivernamesma situação, então é provável que as próximas dores de cabeça do BCE não sejam exactamente aquelas que muita gente antecipa. A questão não será quando retirar os estímulos, mas sim o que fazer mais para garantir que a doença japonesa não se instala na Europa.

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14 14 O Jornal Económico, 9 junho 2017 ECONOMIA & POLÍTICA NEGOCIAÇÕES PARA OE/2018 Governo avalia sexto escalão de IRS com taxa de 23% Cristina Bernardo Governo quer aliviar IRS para contribuintes do segundo escalão entre e euros. LÍGIA SIMÕES lsimoes@jornaleconomico.pt OExecutivoestáaestudaraintrodução de um sexto escalão de IRS com a introdução de uma nova taxa marginal, em torno dos 23%, para os contribuintes com rendimentos colectáveis entre e euros, que se encontram actualmente no segundo escalãodoirscomumataxanormal de 28,5%. A medida passa por partir em dois o segundo escalão, introduzindo-se um novo até euros, numa alteração com um impacto orçamental da ordem dos400milhõesdeeuros,odobro do previsto no Programa de Estabilidade (PEC) para aliviar o IRS às famílias e fica aquém do pretendidopelobloco,sabeojornal Económico. A medida que abrange o escalão deirsondeseconcentrammais de 1,1 milhões de contribuintes, estáaserdiscutidacomospartidos de esquerda que apoiam o GovernonoParlamentoeaindanão está fechada, com o PCP a reclamar 10 escalões e o BE maior progressividade com a introdução de, pelo menos, mais um escalão de IRS entre o segundo e terceiro ( e euros) escalões de rendimento. O IRS tem neste momento cinco escalões, depois de, em 2013, o então ministro das Finanças, Vítor Gaspar, ter aplicado um enorme aumento de impostos que, entre outras medidas, passou pelo corte dos oito escalões de IRS então existentes. O Ministro das Finanças sinalizou esta semana que o Executivo está a desenhar uma medida para aliviar a taxa marginal de IRS de 28,5% que neste momento é aplicada aos contribuintes do segundo escalão, onde a actual taxa média é de 23,6%. Estamos a desenhar uma medida que vá ao encontro da necessidade de melhoria fiscal nesse intervalo de rendimentos, disse Mário Centeno nesta quarta-feira, em resposta em directo às perguntas dos utilizadores de redes sociais a partir da sede do Partido Socialista quando questionado se o Governo vai alterar os escalões de IRS. O governante realçou que a prioridade do Governo é introduzir progressividade do imposto para atingir o objectivo de mais justiça fiscal, mas que ao mesmo tempo se dirija e concentre exclusivamente das famílias com menores rendimentos. Em causa estão, segundo o ministro, os rendimentos no segundo escalão de IRS, que têm umataxamarginaldeimposto muito elevada. O Orçamento do Estado para 2018 pode, assim, implicar uma redução no imposto para as famílias com rendimentos anuais entre e euros, que estão integrados nos escalões do imposto mais agregados familiares. Esta medida fará com que muitos agregados familiares passem a pagar menos imposto por serem colocadosnumataxaintermédia(23%). Escalão abrange a classe média Apesar das negociações com o BE Medida passa por partir em dois o segundo escalão, introduzindo-se um novo até euros, numa alteração comumimpacto orçamental de 400 milhões de euros. eopcpaindaestaremnoinício,o Governo está disponível para introduzir um novo escalão do IRS naquele patamar de rendimentos anuais, o Jornal Económico sabe que o BE pretende maior progressividade do imposto com a criação de um sétimo escalão entre os euros e os euros que correspondem ao segundo e terceiroescalõesdeirs(noterceiro escalão taxa normal é de 37% e taxa média é de 30,3%). É nestes patamares que, segundo os dados do fisco, se concentra a classe média (1,2 milhões de contribuintes no segundo escalão e 365 mil no terceiro). Recorde-se que o BE defende queooe/18deveconterumalívio fiscal na ordem dos 600 milhões de euros, acima do impacto orçamental que representa a reduçãodataxamarginaloparaosegundo escalão do IRS e que está estimado em 400 milhões de euros. Já o PCP reclama o aumento de cinco para 10 escalões de IRS, que poderá ser compensado com mais receita fiscal através da tributação do património mobiliário (por exemplo, acções, participações sociais, dividendos) e das grandes empresas a pagar mais imposto. Objectivo: aumentar a receita fiscal de modo a que a revisão dos escalões possa avançar de forma significativa para os escalões de rendimentos mais baixos face ao tecto previsto no Programa de estabilidade para esta medida: 200 milhões de euros. O PCP defende o fim da taxa liberatória sobre os rendimentos de capitais (na maior dos rendimentos de 28%), passando-se a tributar opatrimóniomobiliário.emcima da mesa está ainda a proposta comunista de aumento da derrama estadual, traduzida num acréscimo de imposto aplicado à parte do lucro das empresas que exceda determinados limites previstos na lei: à fração do lucro tributável situada entre 1,5 milhões e 7,5 milhões de euros, aplica-se uma taxa de derrama estadual de 3%, de mais de 7,5 milhões até 35 milhões de euros, a taxaé5%,ficandooslucrossuperiores a 35 milhões onerados a taxa de 7% (novo escalão criado com a reforma do IRC).

15 O Jornal Económico, 9 junho CAIXA GERAL DE APOSENTAÇÕES Sistema de pensões da função pública já perdeu 40% dos subscritores Há mais 19 mil reformados do que trabalhadores a descontar para a CGA. Em dez anos, o sistema perdeu 276 mil contribuintes. DENISE FERNANDES dfernandes@jornaleconomico.pt Desde que fechou portas a novas inscrições de funcionários públicos, em 2006, a Caixa Geral de Aposentações (CGA) perdeu 276 mil subscritores, ou seja, quase 40% em dez anos. O número de aposentados supera agora em 19 mil o de trabalhadores que descontam para o sistema que, por ano, gasta 8,6 mil milhões de euros em pensões. Os dados integram o relatório do Conselho de Finanças Públicas (CFP) divulgado ontem, com a análise da execução da CGA e da Segurança Social em A CGA deixou de aceitar novas inscrições em janeiro de 2006 e os funcionários públicos contratados a partir dessa altura passaram a descontar para a Segurança Social, no âmbito do processo de convergênciaentreosdoissistemas. O primeiro desequilíbrio entre o número de reformados do Estado e o de subscritores (leia-se trabalhadores no ativo que ainda descontam para a CGA) verificou-se em 2015 e agravou-se em Isto apesar de o número de aposentados ter caído pela primeira vez desde 1969, devido às alterações legislativas dos últimos anos que penalizaram as reformas. De acordo com o relatório do CFP, no final de 2015 havia mais reformados do que trabalhadores a descontar para a CGA. No ano seguinte, o diferencial agravou- A CGA fechou portas anovasinscrições em janeiro de Os trabalhadores que entraram para o Estado, a partir daí, passaram a descontar paraasegurança Social. -se para Isto aconteceu porqueoritmodediminuiçãodesubscritores foi mais acentuado do que a reduçãodeaposentados.aspolíticas restritivas de contratação nos últimosanosnoestado,nomeadamente durante o programa de ajustamento, associadas a objetivos de redução anual de pessoal, podem ajudar a explicar esta evolução. Segundo o relatório de contas da CGA, no final de 2005, último ano em que o sistema aceitou novas entrdasa, o número de subscritores era de quase 740 mil e o de reformadosde505mil.dezanos passados, verifica-se que no final de 2016 havia 464 mil trabalhadores a descontar para a CGA para 483 mil reformados. Aindaassim,areceitadaCGA proveniente de quotas e contribuições aumentou 2,6% no ano passado, para cerca de 4 mil milhões de euros. O acréscimo explica-se com a reposição salarial dos funcionários públicos, que deixaram de ter cortes remuneratórios. Porém, para 2017, é expectável que a receita vinda das contribuições dos trabalhadores sofra uma redução. É que, segundo informaçãoprestadapeloministériodas Finanças ao CFP, o número de saídas para a reforma vai crescer. O número de saídas deverá aumentar de9.585em2016paracercade12 mil em 2017, lê-se no relatório da instituição liderada por Teodora Cardoso. O CFP explica ainda que o número esperado de novas aposentações é de 10 mil. PUB

16 16 O Jornal Económico, 9 junho 2017 ECONOMIA & POLÍTICA CONSUMIDORES Portugueses preferem os supermercados nas compras urgentes Nas compras de urgência os portugueses preferem os supermercados aos hipermercados. O consumo é também valorizado pelo entretenimento e comodidade. ANTÓNIO SARMENTO asarmento@jornaleconomico.pt Os consumidores portugueses têm um comportamento similar aos dos restantes países, nomeadamente aqueles com uma estrutura de retalho moderno. Estes consumidores adequam a compra sobretudo em função do tipo de lojas que frequentam. Por exemplo, a ida ao hipermercado é planeada e baseadanumalistadecomprasfeita em casa, normalmente com indicação do produto. O que cria oportunidades muito relevantes para as marcas comunicarem no ponto de venda e influenciarem positivamente o consumidor, explica Nuno Saraiva de Ponte, corporate general manager Portugal & Central Europe da in-store Media (ISM). As promoções são importantes para chamar o consumidor ao ponto de venda, nomeadamente nosprodutosoucategoriasemque este factor é determinante. Por outro lado, além de uma parte das decisões de compra serem tomadas antes da entrada na loja, nomeadamente em determinadas categorias, onde o envolvimento com a utilização do produto é maior, é importante sublinhar que a planificação de compra é feita geralmente para a categoria, e não para a marca. Isto gera uma oportunidade para a marca se destacar no ponto de venda, através de uma comunicação eficaz, que a distinga das demais, da sua categoria, afirma o responsável. Sobreofactodeoconsumidor português privilegiar mais os hipermercados ou os estabelecimentos próximos, ficou a saber-se neste estudo que o consumidor escolhe a loja que frequenta em função das suas necessidades específicas, podendo até frequentar ambos. Por exemplo, nas compras de reposição, 58% dos consumidores diz fazê-las no hipermercado e 64%nosupermercado.Nascompras de reabastecimento, a repartiçãoéde37%noshipermercadose 64% em supermercados. Já nas compras de urgência a divisão é de 5% em hipermercados e de 16% em supermercados. O objectivo de um hipermercado, supermercado ou centro comercial é o mesmo de uma feira: satisfazer necessidades de consumidores,quesedeslocamaumsó sítio para lá comprar várias coisas que precisam. O comprador atual valoriza que o processo de compra não se resuma apenas a uma transacção, mas que ofereça se possível algum entretenimento e, obrigatoriamente, comodidade. E, na verdade, os portugueses fazem da ida às compras também uma parte do seu entretenimento, passando bastante tempo nas superfícies comerciais. Daqui que a comunicação no ponto de venda tenha um espaço alargado pela oportunidade que dá às marcas de comunicar com o referido shopper,segmentadoemfunção da tipologia de loja que frequenta, salientanunosaraivadaponte. Este responsável acrescenta ainda que não é pouco frequente ter no El Corte Inglés comunicação a bens de prestígio, precisamente pela afinidade ao target do grande armazém. No que respeita à comunicação, é importante personalizar a mensagem e daí a necessidade de segmentar os compradoreseenviar-lhesinformaçãocom valor. Na loja, a comunicação deve facilitar a compra e destacar os novos produtos, o que no fim ajuda a compra a ser mais agradável. Já sobre o novo shopper Omnicanal, que utiliza o smartphone dentro ou fora da loja para consultar oportunidades, o general manager da in-store Media refere que a informação sobre produtos ou preços, exige que a comunicação esteja plenamente integrada entre os distintos meios de comunicação utilizados. Nuno Saraiva da Ponte revela também que a in- -Store Media tem desenvolvido novas ferramentas em linha com esta tendência e que oferece a retailers e marcas a possibilidade de continuarem a comunicar com o seu shopper, e adaptados às suas novas formas de consumir. As decisões de compra, tomadas no ponto de venda, têm-se mantidoestáveisnos70%.poroutro lado, não se espera que a médio prazo (5 a 10 anos) as compras sejam todas feitas online. O que se podeesperaréumamudançado tipo de loja onde o consumidor faz a compra e uma adaptação destas à evolução das intenções de compra do consumidor. NUNO SARAIVA DA PONTE Corporate general manager Portugal & Central Europe da in-store Media Para este responsável da agência de shopper marketing é importante personalizar a mensagem e isso traz a necessidade de segmentar os compradores e enviar-lhes informação com valor No geral, a percentagem de vendas online, em Portugal, está em torno aos 1%. A nível europeu, os países com maior percentagem de vendas online são o Reino Unido, com 6%, e a França, com 5%. Já Espanha tem também um valor relativamente baixo, com 2%. No sector alimentar, mesmo nos mercados europeus mais avançados, e também em Portugal, a percentagemdevendasdealimentaçãogerada através da internet não supera os5a6%.nestecaso,asmarcas vão ter de incorporar as lojas on- -line como um dos seus canais de venda. A loja on-line não pode ser tratada como uma loja mais, mas tem de levar em conta as suas especificidades: que produtos são comprados on-line, e de que forma, como é que o consumidor navega, ou o que é que o mais valoriza nestes actos de compra. E por ser certo que o futuro passa por uma completa interacção e comunicação omnicanal, a in-store Media tem dado vários passos nesse sentido, oferecendo soluções que impactam o consumidor em diversas fases da sua compra, refere Nuno Saraiva da Ponte. Os desenvolvimentos das ferramentas das cadeias, a par com a evoluçãodosprocessosdebuscae de compra dos consumidores, permitirão o desenvolvimento de uma comunicação 100% omnicanal, adaptada a cada consumidor em específico, oferecendo-lhe cada vez mais informação útil e relevanteparaosseusprocessos de decisão. Paraain-StoreMediaémuito importante esta adequação da mensagem ao receptor, por forma a garantir que o consumidor aprecia a marca, pela oportunidade da informação que esta lhe dá. O consumidor, individualmente, volta a estar no centro da comunicação, conclui o corporate general manager Portugal & Central Europe da in-store Media.

17 O Jornal Económico, 9 junho INOVAÇÃO A marca deve acompanhar o comprador decasaàloja A in-store Media desenvolveu um modelo que destaca a importância do impacto no momento da compra. ANTÓNIO SARMENTO asarmento@jornaleconomico.pt Em 2016 a in-store Media manteve o ritmo de crescimento a dois dígitos. Num mercado muito maduro, e onde os investimentos têm estagnado, estamos bastantes satisfeitos. Temos obtido este crescimento através de inovação ao nível dos suportes oferecidos, mantendo por outro lado o forte investimento em research e o máximo serviçoaocliente,diznunosaraiva de Ponte, corporate general manager Portugal & Central Europe da in-store Media. Sobre a expetativa para este ano e para o próximo, a agencia de shopper marketing espera continuar a manter o ritmo de crescimento, graças à inovação, nomeadamente peranteodesafiododigital. Noutros mercados, está a integrar o online e o offline e quer replicar também para Portugal essa experiência. Soluções com apps que permitem localizar o consumidor e enviar-lhe mensagens customizadas são já uma realidade, que traz valor ao consumidor, à marca e ao retailer. Por outro lado, as outras duas grandestendênciasaoníveldacomunicação no ponto de venda são a digitalização dos elementos publicitários e os formatos espectaculares. De facto, cada vez existem mais possibilidades para comunicar nas lojas com suportes digitais. Mupis digitais, telas, directórios e videowalls mostram aos consumidoresosseusconteúdosparadara conhecer as últimas tendências e osnovosprodutoseajudar-nosna nossa compra. A digitalização não só oferece uma melhor experiência de compra como também se traduz num aumento de vendas. Quanto aos formatos espetaculares, destaco o impacto adicional e inesperado, ainda que integrado na viagem de compra, que estes possibilitam. Os suportes de maior dimensão complementam o alcance das campanhas de comunicação. As marcas optam por este tipo de comunicação para os seus principais lançamentos e tentam alcançar a maior awareness possível, acrescenta o responsável. A in- -Store Media criou também o path to purchase, um modelo de meios que assenta em dois objectivos chave: frequency and recency. O modelo sugere que a marca deve acompanhar o comprador no seu trajeto, de casa à loja, e uma vez na loja, desde a entrada da mesma até ao linear. Durante o trajecto, o shopper deve ser impactado em várias ocasiões, com mensagens da marca, conseguindo um efeito de repetição e recordação, também de outras mensagens anteriores da marca que possa ter tido. Por outro lado, destacaria a importância do impacto no momento da compra, por ter um efeito imediato, com consequências directas na compra do produto, sublinha Nuno Saraiva de Ponte. Desde a sua fundação, há quase 20 anos, que a in-store Media dedica uma grande parte dos seus recursos ao estudo do impacto da publicidade no shopper. Esse estudo,passanãosópeloaspecto quantitativo do impacto publicitário, traduzido em notoriedade de marca e incremento de vendas, mas também pelo qualitativo, que indica a forma como os consumidores recebem a publicidade. Neste campo, os estudos indicam que o consumidor, quando está em modo compra, agradece informação que lhe seja útil para o seu processo de decisão. Num mercado muito maduro, e onde os investimentos têm estagnado, estamos bastantes satisfeitos. Temos obtido este crescimento através de inovação ao nível dos suportes oferecidos

18 18 O Jornal Económico, 9 junho 2017 MUNDO Naseem Mohammed Bny Huthil/Reuters MÉDIO ORIENTE Trump empurra Qatar para antecâmara da guerra Visita de Donald Trump à Arábia Saudita extremou posições no mundo árabe, com consequências imprevisíveis. Estados Unidos podem ter feito um grande favor à Turquia. Viagem do presidente americano foi detonador da discórdia, diz especialista. ANTÓNIO FREITAS DE SOUSA afsousa@jornaleconomico.pt Apesardetodososapelosàsnegociações, de todas as ofertas de mediação e de todos os avatares entretanto produzidos nas mais variadas geografias, o certo é que, em termos da gramática da diplomacia, o corte de relações entre dois países (ou mais) e a suspensão de todos os relacionamentos, económicos e outros, é o último nível não belicista da escala, precisamente antes de uma declaração de guerra. Em entrevista ao Jornal Económico, André Pereira Matos, coordenador da licenciatura em Relações Internacionais da Universidade Portucalense e especialista no Médio Oriente, afirmou isso mesmo, para de seguida caracterizar a recente viagem do presidente Donald Trump à Península Arábicacomoumaespéciede detonador da discórdia entre os países árabes. E, em termos do que é a proposta de Trump acabar com o terrorismo internacional é altamente duvidoso que mais esta clivagem numa região onde os equilíbrios políticos são tão raros como são, na proporção inversa, as reservas de petróleo, venha a atingir esse fim. Até porque, como lembra PereiraMatos, todosospaísesdaregião têm telhados de vidro em termos do apoio mais ou menos velado a grupos terroristas. ÉissoqueacontecenoQatar mas também na Arábia Saudita com os Taliban e a Al Qaeda em relação ao Hamas (palestiniano) e aosirmãosmuçulmanos(egípcios), que o poder no emirado, nas mãos da família real Al Thani há mais de 200 anos (mesmo na altura, até 1971, em que a região era um protetorado britânico) afirma ser uma questão de defesa interna. Consumado o entrincheiramento do pequeno enclave com pouco mais de 11 mil metros quadrados, os Estados Unidos, Rússia, Kuwait e Turquia prestaram-se a assumir afunçãodemediadores.umamediação dos Estados Unidos parece estarforadecausa,dadaaprofundaalteraçãodapolíticadopaísem relação àquela região, quando comparadacomaestratégianão- -conflituante mantida por uma década pelo anterior presidente, Barack Obama. A União Europeia ainda não esboçou qualquer movimento, mas o caos instalado no Médio Oriente podia ser usado pelos 27 para assumirem um verdadeiro papel de mediação Mediação turca Noquadrodasforçasempresença, e segundo o professor universitário, a Turquia leva vantagem em relação aos restantes interessados na mediação. Desde logo porque, recorda, a Turquia há meses que está em negociações com o Qatar para instalar naquele emirado uma base militar, que lhe permitisse, por um lado, uma posição estratégica no Golfo Pérsico, e, por outro, para aproximar os dois países. Depois, mas não menos importante, a Turquia, não sendo um país árabe (ou seja, para todos os efeitos é uma potência externa), é um país muçulmano de maioria sunita, tal como sucede com a Arábia Saudita. Se esse cenário previsível vier a acontecer, a Turquia atinge sem que, por esta via, o pudesse antever uma posição invejável de potênciaregional.algoqueoseu presidente, Recip Erdogan, persegue há tanto tempo o reforço dos

19 O Jornal Económico, 9 junho seus poderes constitucionais é um passo nesse sentido e que agora poderá inesperadamente conseguir através de mais um dislate norte-americano em termos de política externa. Mas André Pereira Matos não se esquece de afirmar que, no meio do caos instalado, a União Europeia, que não tem interesses particularesnaregião[anãosercomo cliente dos recursos fósseis] volta a ter uma ocasião para se assumir como uma potência mediadora; infelizmente, não se viram passos nesse sentido. A decisão árabe de isolar o Qatar pode ser, por outro lado, uma forma de promoção da instabilidade. A vários níveis: cerca de 40% dos alimentos consumidos no Qatar (com uma população que ronda os 2,5 milhões) são importados da Arábia Saudita. Ora, o fecho das fronteiras, o corte das relações comerciais e a proibição dos voos entre Riad e Doha, as capitais, vai induzir uma enorme efervescência social, com o risco, inclusivamente, de ocorrer um golpe de Estado, afirma Pereira Matos. Ou seja, tudo pode ficar fora de controlo nasequênciadatomadadeposição árabe patrocinada pela Casa Branca que o investigador caracteriza como descuidada, demagógica e populista. Até porque, recorda ainda, os Estados Unidos têm uma base militar no Qatar. O outro perigo, como já disseram publicamente vários analistas, é o Qatar radicalizar-se e, nesse quadro, criar um problema bem maiorparaorestodomundoem termos de patrocínio do terrorismo internacional. Pano de fundo: Israel e Irão Para além do controlo do terrorismo que como se percebe está longedeserasseguradoporesta via aestratégiadacasabranca para o Médio Oriente pretende chegaraoutrofim:oapoiodoislão sunita a Israel e, como consequência, a diminuição da conflitualidade entre israelitas e palestinianos. Mas ninguém parece estar convencido de que isso venha a suceder por esta via: os analistas convergem na evidência de que este caminho é demasiado sinuoso e demasiadoperigosoparaatingir esse fim. No meio da balbúrdia instalada, espreita a suspeição do costume: a cruzada que Donald Trump decidiu empreender contra o Irão, país governadopeloxiismoequeo presidente dos Estados Unidos considera ser o verdadeiro instigadordetodoocaosnomédio Oriente. O que quer dizer que a questão do Qatar pode ser apenas uma espécie de cortina de fumo para outras decisões norte-americanas ou, pior ainda, um isco para o país dos aiatolas concluir que a guerra é a única saída. OPINIÃO Social-democracia europeia FILIPE VASCONCELOS ROMÃO Professor Universitário A social-democracia europeia atravessaumdosseuspioresmomentos. A crise de 2008, que durante breves instantes gerara a ilusão da recuperaçãodomodelokeynesiano, foi-lhe fatal. Apesar de as lideranças europeias, com o governo alemão à cabeça, terem chegado, no Conselho Europeu de Dezembro de 2008, a apelar a algum investimento público para suprir a contracção dos privados, rapidamente se tornou evidente que a variável moeda única tinha alterado silenciosamente o panorama. Uma estratégia atabalhoada e contraditória de investimento público, problemas estruturais nos Estados e a crise da banca aceleraram a hecatombe das dívidas soberanas e abriram espaço para que a Europa desse o dito por não dito e enveredasse por umalógicaabertamenteliberal. O socialismo democrático foi apanhado, neste processo, em contramão e obrigado pelas circunstâncias a uma estratégia esquizofrénica de retirada acelerada do Estado da economia e de aplicação de políticas restritivas. Para memória futura ficariamospenososfinsdemandato dos outrora referentes do socialismo europeu, como o espanhol Rodríguez Zapatero, o grego Yorgos Papandréu e, mais recentemente, François Hollande. Os dois primeiros terminaram as respectivas carreiras políticas elogiados pela ortodoxia liberal europeia e desprezados pelos respectivos militantes e simpatizantes. O PASOK desapareceu e opsoeabriuoflancoparaoaparecimentodopodemos.opsfrancês ficou reduzido à insignificância. Quase uma década depoisdoinícioda crise, o centro- -esquerda ainda não conseguiu voltar a reencontrar-se. Partidos de centro e de direita dominam confortavelmente a arena política de vários países Quase uma década depois do início da crise, o centro-esquerda ainda não conseguiu voltar a reencontrar-se. Partidos de centro e de direita dominam confortavelmente a arena política de vários países, assumindo as despesas do combate ao populismo e aos extremismos, como ficou patente na recente eleição presidencial francesa e nas legislativas holandesas. A situação é sui generis ao ponto de uma formação completamente desacreditada pela corrupção, o Partido Popular espanhol, conseguir manter confortavelmente o poder com uma maioria parlamentar muito estreita e um orçamento de Estado aprovadoameiodoano. Neste contexto, os militantes e simpatizantes de vários partidos socialistas parecem ter desistido do pragmatismo que os levou a aproximar-se do centro e apostam em lideranças ideologicamente marcadas, como Pedro Sánchez em Espanha e Jeremy Corbyn no Reino Unido. O gesto, a curto-prazo, poderá significar permanecer na oposição, mas, a médio-prazo, talvezsejaaúnicaalternativaàinsignificância política. O autor escreve segundo a antiga ortografia. PUB

20 20 O Jornal Económico, 9 junho 2017 OPINIÃO Um novo contrato eleitoral ANTÓNIO RODRIGUES Advogado A realização de um ato eleitoral constitui sempre um apelo à participação e uma oportunidade de fortalecer o sentimento de pertença por parte de uma candidatura. Em tempos de instabilidade constituem um teste à maturidade dos sistemas políticos pela incerteza do resultado. Os últimos atos eleitorais atestam bem este sentimento de incerteza. A legitimação que todos os decisores políticos buscam esbarra em resultados pouco claros e em maiorias pouco expressivas, em consequência de campanhas eleitorais onde os compromissos são mais genéricos e voláteis, e as sanções na maioria algo difusas. A democracia representativa ca- rece de um refrescamento. Por um lado, os cidadãos não têm a perceção de que a sua participação pelo voto altera significativamente o rumo do país e das políticas governamentais. Por outro, as campanhas e os programas eleitorais buscam mais a adesão imediatista do que a efetiva adesão a medidas concretas traduzidas em comportamento real. O ziguezague político anda mais ao sabor das sondagens e dos estudos de opinião do que da convicção de políticos e sustentação de políticas. Deriva daqui o anúncio de medidas que caem no esquecimento, a tomada de decisões das quais se recua numa primeira reaçãonegativa,oabandonodeum programa face ao confronto com a realidade do país. A volatilidade da governação deriva do pragmatismo tático, do resultado da opinião publicada e da vontade em ser simpático em vez de ser verdadeiro. Antes otimista governante do que realista na oposição. Esta postura é visível em alguns processosgovernativoseemmuitas campanhas eleitorais. Os compor- tamentos oscilam, na necessidade de adaptar discurso e prática, em função de impactos públicos, condicionamentos de interesses e desejos de agradar. Normalmente este preço é pago, ou por gerações futuras, ou quando aquele decisor já deixou o poder. Daí o crescente impacto dos populismos e o facto destes nunca, ou raramente, pagarem o preço das suas promessas de efeito imediato mas de dano futuro. As próximas eleições no Reino Unido podem ilustrar um bom exemplo da derrota do populismo. Ao tornar irrelevante os partidos populistas, os britânicos demonstrarão como podem dar um novosentidoaocontratoeleitoral entre cidadãos e políticos, entre eleitos e eleitores. Os franceses deramumsignificativocontributo, espera-se que os alemães mantenham a sua estabilidade e que os italianos não entrem numa qualquer deriva estelar. Para reinventar a democracia não basta ter sucesso nos resultados. É necessário, ainda e sempre, queosseusparticipantesacreditem que a sua vontade conta, e que os seus eleitos assumam e cumpram os seus compromissos. Marko Djurica/Reuters Bastidores PEDRO LINO Economista Após ter recebido um aviso do Conselho Único de Resolução, entidade criada no âmbito da União Bancária Europeia, as acções do Banco Popular entraram em queda livre. O nível de crédito malparado ainda existente no balanço transforma, o que outrora foi o melhor banco da Península Ibérica, num banco potencialmente tóxico, pelo menosparaasautoridadeseuropeias. Não deixa de ser estranho queostestesdestressrealizados nada tenham detectado. Em 2014, ainda a economia europeiaestavaainiciarasuarecuperação, os testes de stress realizados pelas autoridades europeias demonstraram que o Banco Popular passou com folga substancial, cerca de 7,56% de rácio de capital no cenário adverso. Já em 2016, e considerando o aumento de capital de 2,5 mil mi- lhões de euros realizado em Dezembro desse ano, os resultados destes testes foram ainda mais positivos, demonstrando que para 2018, num cenário adverso e cumprindo as regras de Basileia III, o rácio atingia os 9,95%, tornando-o num dos mais resistentes bancos europeus. Sendo a finalidade destes testes assegurar transparência e fidedignidade ao sistema financeiro, parece que chegou a altura de por um ponto final nesta inutilidade. O objectivo das entidades de supervisão deve ser o de manter a estabilidade do sistema financeiro e um nível de concorrência saudável. Em declarações, o Sr. Elke Koenig, presidente deste Conselho, admitiu que o banco espanhol poderá ter de ser resolvido se não for encontrado comprador. Este alto (ir)responsávelafirmaque jáestãoemcurso preparações gerais, ainda que não tenham sido dados passos concretos, ou seja, está a caminho um processo similar ao do BES. Para além da enorme falta de consideração por accionistas, clientes e colaboradores, este senhor parece ter como meta dar persecução aoobjectivodobce aumentaro nível de concentração de bancos, diminuir a concorrência. Se o banco estava com algumas dificuldades em captar dinheiro, agora sim foi desvalorizado e forçado a ser vendido a uma outra instituição. Esta é a Europa que quer mudar, mas que nada aprende com os erros e experiência efectuadas país após país. Já alguém se questionou por que motivo na Grécia, a braços com umadívidaimpagáveleincumprimentos que atingem os 40% dos créditos, nenhum banco foi resolvido? Ou ainda por que razão o BCE ou este famoso Conselho não emitem opiniões com este teor acerca de um banco nacional, como a CGD ou algumas Caixas francesas e bancos regionais alemães? As instituições europeias, a coberto de mais eficiência e melhor controlo, estão a promover um autêntico monopólio, do qual apenas o consumidor poderá sair prejudicado. Não admira que haja quem queira fugir a este sistema aprisionador e supervisionado por quem não tem de prestar contas. Seazonaeuroquerrealmente afirmar-se então tem de acabar comasmanobrasdebastidores.as obrigações impostas às instituições que forçam ao gasto de recursos em testes que não servem para nada, a não ser levar o público menos informado ao engano, é uma vergonha e não ajuda à tão necessária refundação europeia. O autor escreve segundo a antiga ortografia. Cristina Bernardo

21 O Jornal Económico, 9 junho O que importa é sentir-se bem SAFAA DIB Editora Não há coisa mais surpreendente do que a capacidade de adaptação doserhumanoatudooquese atravessa no seu caminho. Adapta-seatéochoquesetransformar em banalidade, quer perante turbulência política, ataques terroristas, alterações climáticas, guerrasouêxodosderefugiados, quer face a fake news e ao crime informático em larga escala. Mas, mesmo vivendo em tempos de sobressalto, tudo isso é rapidamente posto de lado perante outras prioridades. O marketing insistente não deixa margem para dúvidas, o que importa agora é viverbemedeformasaudável essa é a mensagem principal a reter por qualquer indivíduo a viver em sociedades ocidentais. Somos intensamente bombardeados e instigados a adotar uma vida livre de fast-food, glúten, açúcar, medicação e restantes males e vícios. A prática de meditação, exercício físico ou inúmeras terapias alternativas, complementares entraram no nosso vocabulário do dia a dia. Basta fazer uma pesquisa recente numa livraria, farmácia ou revistasejornaisparanossentirmos mal por não estarmos mais empenhados em nos sentirmos bem. Mesmo as redes sociais corroboram esta teoria: o que importa acima de tudo é manter a aparência de uma vida saudável, recheada de boas oportunidades, entusiasmante e socialmente ativa. Em paralelo, há coisas que nunca mudam, aliás, só têm vindo a piorar. Somos submetidos a uma maior pressão económica e laboral, impelida pela voracidade tecnológica e o trabalho sem horários, puxando até ao limite a nossa capacidade de adaptação, sem nunca questionar a direção tomada. Quantos de nós nos sentimos intimidados ou receosos em dar um passo confrontacional ou agir fora da normalidade? A consequência é um desgaste lento e profundo, que não deixa margem para respirar, tal a tentativa de cumprir e abarcar tudo. Na nossa ânsia de organizar todasasnoitesumbailenumacasa esplendorosa, um vulcão irrompe ao longe e a lava vai fazendo o seu caminho inexorável até chegar à porta. Esta imagem literária não me larga há algum tempo. E, como étípico,sónosiremosaperceber do perigo quando for tarde demais. O meu desejo era o de nos forçarmos a parar, mesmo que isso implique deter as engrenagens do capitalismo que movem o mundo. Parar incondicionalmente e pensar que nunca estivemos tão perto de concretizar um futuro desolado para o nosso planeta a nível ecológico, económico e social e que nos impedirá de viver a vida feliz e saudável que tanto queremos. A nossa capacidade de adaptaçãosótemdeiratéumcertoponto. Podemos escolher não nos adaptar a um futuro que apenas gera desconfiança e nuvens negras no horizonte. Mas o primeiro passo é parar, avaliar a situação, assumir os nossos erros e lidar com eles. O candidato do século XXI PEDRO BORGES DE LEMOS Advogado A imagem do político da classe média, novo e descomprometido, começa a criar um conceito inovador. Os candidatos que apostam na renovação daqueles que integram a máquina há décadasequeseeternizamnoscargos são, agora, os preferidos do eleitorado europeu. Os partidos perderam, em geral, atratividade exatamente porque continuam a apostar nas mesmas caras que, muitas vezes, estão coladas a funções governativas mal sucedidas que os fragilizam irremediavelmente. O segredo está em investir nos temas esquecidos quer peladireitaquerpelaesquerdae dar-lhes um enfoque moderno e atual.tambémodiscursotemde passar por ser cada vez mais transversal e, sobretudo, mimético aos jovens. A disfunção do sistema político tem sido, aliás, aproveitada por alguns candidatos como ban- O político atual não se pode prender a dogmas, tem de ser menos ideológico e mais pragmático deira de ação. A disponibilidade, ocontactodiretocomocidadão comum e a recetividade às solicitações da população têm sido a mola do sucesso dos políticos com este registo. As soluções simplórias para os problemas já nãosãootruqueparaoêxitoeas agendas neoliberais ou marxistas-leninistas caem, gradualmente, no descrédito. Também os políticos com discursos restritos ao pensamento académico, ricos enquanto fontes de conhecimento mas destituídos de eficácia prática não estão a ter aceitação nas urnas. Bauman culpou os políticos atuais de se aproveitarem do medo dos mais desfavorecidos, prometendo-lhes o impossível para atingirem objetivos eleitoralistas, e de olharem com desprezo a sociedade atual, cada vez mais fluida e descomprometida com ideologias. Opolíticoatualnãosepode prender a dogmas, tem de ser menos ideológico e mais pragmático e, sobretudo, ser prospetivo na visão que tem da sociedade. Ao confirmar os mais puros anseios do cidadão no seu programa eleitoral, de forma genuína e transparente, sem a ambição do voto, o político dos novos tempos ganha a dianteira daquelesqueengajadosnosistemase movem pelo interesse dos lugares. A revolução democrática a que Macron apelou em França durante a sua campanha eleitoral, garantiu-lhe o endosso de importantes apoios e tem sido plagiada por outras correntes políticas como forma de romper com o establishment ecriarum novo rumo. No despertar de uma consciênciaglobalemqueavelhamaneira de fazer política se esgotou, eis que surge um novo perfil de candidato, avesso a um discurso imediatista, sem preconceitos ideológicos e determinado no fim a alcançar. Esperemos, pois, queestemodeloprospereequea revolução democrática chegue depressa a Portugal. Falhas informáticas ecibersegurança LUÍS MIRA AMARAL Engenheiro e economista Como partner da Sociedade Portuguesa de Inovação, Consultoria Empresarial e Fomento da InovaçãoS.A.tenhovindoaexplicaraos clientes da SPI, empresas e associações empresariais, a digitalização da economia e a Indústria 4.0. Recentemente, coordenei e fui relator dos Grupos de Trabalho do Fórum para a Competitividade sobre Economia Digital e Mobilidade Sustentável e Automóvel Elétrico. No dia 18 de maio, em Madrid, em representação da Ordem dos Engenheiros no Congresso Iberoamericano de Engenharia e Tecnologia, expliquei a Indústria 4.0 e os impactos da digitalizaçãosobreoempregoeacompetitividade. Tendo pois feito uma imersão profunda nestes temas, espanta- -me o entusiasmo com que especialistas, alguns Professores Doutores em Engenharia, estão a embalar na chamada Internet das Coisas para comandar máquinas ou pô-las a comunicar entre si através da Internet ou ainda no carro sem condutor ( driverless car ). Estão encantados com estes brinquedos tecnológicos! No fundo querem uma irrealista gestão da transição. Às vezes, elevadas habilitações destroem o bom senso... O mesmo se passa na transição energética,comonosemanárioexpresso nos mostrou o lúcido e corajoso artigo do Prof. Amílcar Soares. Na realidade, para que esses avanços tecnológicos no domínio dainternetdascoisasnochamado modelo da Indústria 4.0, conceito criado pelos alemães (os americanos tinham antes criado o conceito de manufatura aditiva bem visível na impressão 3D), se possam implementar de forma sustentável ainda falta resolver problemas ao nível dos standards de normalização, dos protocolos de comunicação e da candente questão da cibersegurança. No dia 11 de maio, ao apresentar numa conferência o trabalho sobre Mobilidade Sustentável e Automóvel Elétrico, chamei de forma enfática a atenção para estas coisas. No dia seguinte tivemos o cibera- taque do WANACRY MALWA- RE à escala mundial! Já repararam nos sarilhos e no pandemónio que se teriam criado se já tivéssemos carrosemáquinasdependentesda Internet? Na semana seguinte tivemos o caos num aeroporto londrino provocadopelasfalhasdosistemainformático da British Airways. Estasfalhasinglesasnãomeespantam. Já em 2000, em transito de Lisboa para São Francisco, nos EUA, apanhei com o colapso do sistema de controlo do trafego aéreoinglêsoquemeobrigouaficar dois dias no aeroporto de Londres. Quer o aeroporto quer a companhia aérea não providenciaram qualquer assistência aos pobres passageiros retidos no aeroporto que sofreram no meio dum terrível caos. Inacreditável o comportamento dos serviços do aeroporto e da companhia aérea inglesa! O que seria se tivesse acontecido no aeroporto de Lisboa com a TAP...? Neste momento, a velocidade com que se quer avançar na Internet das Coisas está a dificultar uma correta avaliação dos riscos, havendo aqui nitidamente uma bipolaridade pois a perceção é insuficienteeoriscoémuitoelevado! Também no que toca ao excessivo otimismo de alguns sobre o carro elétrico, o relatório da Mobilidade Sustentável e Automóvel Elétrico atrás referido dizia textualmente que não estamos em transição duma situação 100% a motores de combustão para uma situação 100% veículos elétricos. A velocidade com quesequeravançar na Internet das Coisas está a dificultar uma correta avaliação dos riscos

22 22 O Jornal Económico, 9 junho 2017 EMPRESAS TURISMO Portugal ganha com boom mundial dos cruzeiros O MSC Meraviglia, o maior navio de cruzeiros de um armador europeu, foi o sétimo do grupo sedeado na Suíça a escolher o porto de Lisboa para a sua viagem inaugural. Um sinal de que a capital portuguesa está cada vez mais no radar desta indústria milionária, a poucos meses de se inaugurar o novo terminal de cruzeiros, que poderá mais que triplicar o número de passageiros. NUNO MIGUEL SILVA nmsilva@jornaleconomico.pt Portugal deverá ser um dos países mais beneficiados com o boom previsto para a indústria mundial de cruzeiros, com destaque para os terminais de Lisboa, Leixões e Funchal. A nível global, o setor dispõe neste momento de uma frota de cerca de 350 navios de cruzeiro a funcionar, mascombasenasencomendasjáfirmadas entre os maiores operadores do ramo e os estaleiros navais está previsto que passem a navegar nos diversos mares do mundo mais 80 a 90 navios de cruzeiro até Um crescimento de entre 23% e 25% em número de navios, mas que deverá ser ainda mais significativa em capacidade para passageiros, uma vez que a tendência é construir navios de cruzeiro cada vez maiores. E o movimento ascendente desta indústriaestáaseracompanhadoa par e passo pelos quatro grandes operadores mundiais do setor Carnival, Royal Caribbean, Norwegian Lines e MSC Cruises Segundo as estimativas elaboradas pela revista especializada no setor, Cruise Industry News no relatório anual relativoa2016,aqueojornaleconómico teve acesso, qualquer destes gigantes do mar irá aumentar a sua capacidade para passageiros no presente ano e no próximo. Uma constante que se vai manter para os anos seguintes porque ninguém quer perder esta batalha e existe ainda muitoespaçoparacrescer,jáque apenas 2% dos viajantes de todo o mundo optam por se deslocarem em navios de cruzeiro. E quando há mais navios de cruzeiros nos diversos mares preferenciais para este tipo de turismo - Caraíbas, Mediterrâneo e Ásia/Pacífico valeram cerca de 64% das viagens de cruzeiro no ano passado ocorre mais pressão para se desenharem novos itinerários. É aí que Lisboa, queseencontraamaiorcaminho entre a Europa do Norte (Báltico e fiordes nórdicos, outros destinos privilegiados dos navios de cruzeiro) e o Mediterrâneo, deverá beneficiar (ver artigo ao lado). A inauguração do novo terminal de cruzeiros do porto de Lisboa, prevista até ao final de setembro será outra grande alavanca de crescimento deste segmento de turismo, uma vez que se passará da barreirados500a600milvisitantes porano,deondedificilmentesepoderia sair com as atuais infraestruturas, para um horizonte em que se pode chegar a 1,8 milhões de turistas de cruzeiros por ano num prazo temporal relativamente curto, provavelmente em cerca de dez anos. Além de Lisboa, também o porto deleixões,comumnovoterminal de cruzeiros inaugurado há cerca de dois anos deverá beneficiar deste crescimento da indústria de cruzei-

23 O Jornal Económico, 9 junho Fotos: Cristina Bernardo ENTREVISTA EDUARDO CABRITA, Diretor-geral da MSC Cruzeiros Portugal Vamos pôr Lisboa ainda mais no mapa Grupo estuda itinerários que podem incluir Funchal, Marrocos, Mediterrâneo e Norte da Europa. ros a nível global. O mesmo poderá acontecer com o porto de Portimão, que está a ser alvo de diversas melhorias e adaptações. Mesmo sem novas infrasestruturas, os portos do Funchal, na Madeira, e dos Açores têm registado crescimento do número de turistas de cruzeiros nos últimos anos, uma tendência que deverá prosseguir nos próximos anos. Apresençaestasemananoporto de Lisboa, na sua viagem inaugural, do último grito da indústria de cruzeiros, o MSC Meraviglia, da MSC Cruises, é um sinal da vantagem geoestratégica do porto da capital tambémnestaatividadeedequeum dos maiores operadores do setor está apostado em investir para continuar a crescer e a fortalecer a sua actividade no mercado nacional. Esteéo13ºnaviodafrotada MSC mas integra um pacote onde está prevista a construção de mais 10 navios de cruzeiro de última geração, cada vez com maior capacidade e a grande maioria já movidos a gás natural liquefeito (GNL), num investimento global calculado em cercadenovemilmilhõesdeeuros. Só o MSC Meraviglia custou cerca de 800 milhões de euros, apurou o Jornal Económico. A MSC Cruzeiros deverá transportaranívelglobalcercade1,8milhões de passageiros durante o presente ano, mas com os investimentos já efetuados e com os que estão previstos, estima vir a transportar cerca de 4,8 milhões de passageiros em navios de cruzeiro em Em Portugal, a empresa, liderada por Eduardo Cabrita, está presente há sete anos e o número de passageiros portugueses tem crescido sistematicamente a uma razão de dois dígitos ao ano, a uma média de 14% no período em análise, tendo chegado ao final do ano passado com um total de passageiros de cruzeiro, ou seja, cerca de 41% do total de 50 mil passageiros nacionais que optam poreste segmento turístico. O objetivo é acompanhar ou até superar este ritmo de crescimento nospróximosanos. Segundo os últimos dados disponibilizados pela APL AdministraçãodoPortodeLisboa,entrejaneiroeabrildesteanooportodacapital movimentou um total de turistas de cruzeiro, o que representou uma quebra de quase 11% face ao período homólogo do ano transato. Diversos especialistas do setor disseram ao Jornal Económico que se trata de uma situação conjuntural que deverá ser recuperada ao longo do ano, prevendo que a abertura do novo terminal de cruzeiros de Lisboa, prevista para o final deste verão, venha a ter um papel decisivo no crescimento deste mercado. Até porque um dos principais acionistas da sociedade concessionária do terminal, a Lisbon Cruises, é a Royal Caribbean, a segunda maior operadora mundial do setor, o que também abre fortes perspetivas de crescimento ao porto de Lisboa e a Portugal neste mercado turístico. Em entrevista ao Jornal Económico, Eduardo Cabrita explica a aposta da MSCnoscruzeirosemPortugal, com destaque para a capital. Qual o balanço da atividade da MSC Cruzeiros Portugal? Estamos em Portugal só há sete anos, mas tem sido uma jornada intensa. O número de passageiros de cruzeiro nossos clientes em Portugal tem subidotodososanosaumarazãode dois dígitos, a uma média de 14%. No ano passado, transportámos passageiros portugueses, o nosso melhor ano de sempre. Quer dizer que temos uma quota de mercado de cerca de 41% em relação aos cerca de 50 mil passageiros nacionais de cruzeiros que estão estimados. Quaisasperspetivasdefuturo? AMSCCruzeirosanívelglobalcresceu 800% nos primeiros dez anos, entre 2003 e De 2003 a 2013, tivemos aprimeirafase de expansão, com um investimento de cerca de cinco mil milhões de euros e a construção de 12 novos navios. De 2013 a 2016, consolidámos processos e modelos. A partir de 2016, iniciámos a nossa terceira fase, com uma nova aposta na expansão, com um investimento decercadenovemilmilhõesdeeuros, para a construção de 11 novos navios, de que o MSC Meraviglia é apenas o primeiro. O Grupo MSC sabequeesteéummercadoquevai continuar a crescer nos próximos anos. E tem todas as condições para isso. Repare que, no ano passado, apenas 2% das pessoas que viajaram, é que optaram por navios de cruzeiro. Há um grande espaço para crescer. Como é que essa tendência pode beneficiar o porto de Lisboa? O mercado mundial está preparado para a entrada de novos navios de cruzeiro que estão a ser construídos ou vão ser encomendados. Isto quer dizer que se prevê que haja mais passageiros a optar pelos navios de cruzeiro. Se vai passar a haver mais navios de cruzeiros a operar, é natural que haja uma pressão crescente para a existência de novos itinerários. Lisboaestánocentrodasrotasparao Mediterrâneo Ocidental. É necessário reinventar novos itinerários, até porque Lisboa está no epicentro de todasasnotíciasquetêmavercom turismo a nível mundial. Nós, MSC, vamos colocar Lisboa cada vez mais no roteiro, no mapa mundial dos itinerários de cruzeiros. Esses itinerários poderão incluir o Funchal, Marrocos, o Mediterrâneo ou o Norte da Europa, com Le Havre, em França, Espanha, Holanda ou Inglaterra, em Southampton. Estamos a estudar e vamos criar esses itinerários porque há cada vez mais possibilidade de incluir Lisboa nessas rotas. De que forma os novos terminais de cruzeiros em Leixões e em Lisboa podem fomentar o crescimento da atividade? Quer o terminal de Leixões, quer o futuro terminal de Lisboa tornam tudo mais fácil e vão permitir os cruzeiros de turn around [com embarque e desembarque de passageiros], além de permitirem uma circulação mais fácil para os novos navios de maiores dimensões, devido à dimensão dos próprios terminais. As novas infraestruturas são extremamente atrativas e aliam a segurança à funcionalidade. Como o porto de Lisboa estava, não conseguíamos crescer. Sobre Leixões, posso dar-lhe a novidade de que em abril próximo iremos fazer um cruzeiro inédito a partir de Leixões em direção a Hamburgo,passandopelonortedeEspanhae edefrança,deumnavioquevemda América do Sul. A quase um ano de distância, já esgotámos praticamente os camarotes, temos entre 400 e 500 passageiros de Portugal que já compraram e estamos a ver se conseguimos colocar à venda mais camarotes. O porto de Lisboa poderá abastecer os navios da MSC a GNL (Gás Natural Liquefeito)? A opção de construir os novos navios para serem movidos a GNL, na World Class, não foi para reduzir custos, mas de responsabilidade ambiental, para reduzir emissões poluentes. Acredito que o porto de Lisboa estará nessa altura habilitado a abastecer os navios da MSC movidos a GNL, até porque a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, já confirmou várias vezes que se está a estudar o processo. NMS EDUARDO CABRITA Diretor-geral da MSC Cruzeiros Portugal

24 24 O Jornal Económico, 9 junho 2017 EMPRESAS ENTREVISTA ANTÓNIO CASTRO HENRIQUES E GONÇALO ANDRADE SANTOS, CEO e CFO da SDCI A SDC Investimentos vai ser uma PME de Imobiliário Antes da conversão de créditos pode fazer sentido uma redução de capital para absorver perdas, dizem os novos donos da SDC Investimentos. MARIA TEIXEIRA ALVES mtalves@jornaleconomico.pt António Castro Henriques e Gonçalo Andrade Santos, sócios da Invéster, conseguiram comprar na OPA 73,64% da SDC Investimentos, garantindo o sucesso da oferta, mas ficaram aquém dos 90% o que lhes permitia acionar o mecanismo de aquisição potestativa, e assim facilitar a saída de bolsa da acionista da Soares da Costa. O próximo passo será encontrar uma solução para retirar a empresa de bolsa. O que é que vai ser a SDC Investimentos nas mãos da Invésteder? Esta Oferta Pública de Aquisiçãon (OPA) obedeceu a um desígnio estratégico. Neste caso o objectivo foi consolidar a reestruturação do passivo financeiro, na sequência de uma operação de significativa desalavancagem do grupo. A oferta é o culminar de um processo de reestruturação e de resolução de dívida. Isto significa que a nossa estratégia de negócio não muda se não em função da alteração de âmbito, que foi a saída do Grupo SDC do negócio das concessões e com a alienação, já há dois anos, da maioria do capital na Soares da Costa [a SDCI mantém 33%]. Agora estamos centrados no acompanhamento de uma participação minoritária na construtora e no negócio de imobiliário. A SDCI vai ser uma PME de imobiliário. Vão então manter os 33% da Soares da Costa Construções? Vamos manter, no imediato. Até porque permanece a situação que deu origem ao impasse da negociação que estava a ter lugar. Como se sabe a Soares da Costa entretanto entrou num PER. Como esse processo ainda não está concluído não podemos tomar decisões. Mas é um ativo estratégico para asoaresdacosta?agoraque está a verificar-se uma retoma do sector das construções... É um ativo interessante. A nossa decisão dependerá em primeiro lugar do interesse e da iniciativa do acionista maioritário [Mosquito],umavezviabilizadaaSoaresda Costa com o PER. A área de negócio de construção, apesar de termos 33% da Soares da Costa, não é para nós estratégica. Faceànovadimensão da empresa não fará sentido mantê-la cotada porque isso implica custos muito elevados e não temos nenhuma vantagem do ponto de vista do acesso a financiamento Quais são os próximos passos? Sobreoquevamosfazeraslinhas gerais estão já traçadas e anunciadas. E incluem a reestruturação financeira da SDCI - agora vis-a-vis o passivo da Invésteder que vamos ter de concretizar até 16 de agosto. Esse passivo é neste momento de 130 milhões. A Invéstedernãosóéamaioracionistada SDCI com 74% como é a maior credoradasdci. Esse é o único passivo da SDCI? Não. Para além desse passivo de 130 milhões, a SDCI tem 17 milhõesdepassivobancárioquejá está devidamente reestruturado. O acordo de principio estabelecido entre a SDCI e a Investéder estabelece um período de 6 meses, que começou a contar a partir das alienações das concessões rodoviárias em 16 de fevereiro, estendendo-se até 16 de agosto, durante o qual vão, em conjunto, ser definidas as condições de remuneração e reembolso desta dívida de um modo que assegure a sustentabilidade da SDCI. Esta será uma das prioridades imediatas. Depois temos também o tema da participação na construtora. Finalmente, temos ainda temas relacionados com processos judiciaisnosestadosunidosacujagestão iremos dar continuidade. São processos judiciais herdados dos projectos de construção que a Soares da Costa coordenou nos Estados Unidos (Florida). Trata-se de matérias no âmbito da responsabilidade civil da construtora, alguns são por valores significativos. Vamos tentar pôr fim a esses processos cuja gestão é dispendiosa. A SDC América é detida pela SDCI desde Vão então focar-se na área imobiliária? Sim. Tornámo-nos os maiores accionistas de uma empresa cuja maior exposição é ao sector imobiliário. O Grupo antes tinha as três áreas, construção, concessão e imobiliário.osnossos principaisativos sãoooportocenter,nocentrodo Porto, que inclui áreas de escritó- rios significativas, uma área comercial, um terminal rodoviário, um parque de estacionamento e cinemas, vamos dar desenvolvimento e otimizar esse conjunto patrimonial. E temos ainda um conjunto de outros ativos, que inclui apartamentos turísticos e lotes de terreno para construção que iremos promover. TemosalgunsativosemTróiae isso classifica-nos como presentes no setor do turismo. Quanto é que investiram pela empresa de imobiliário? O investimento na OPA foi 73,64% de 4,32 milhões de euros. Isto é, cerca de 3,2 milhões.. O ativo da SDCI, expurgado das vendas que já fizemos este ano, andará pelos 40 milhões de euros. Isto é o valor do imobiliário. E qual é o valor da posição na Soares da Costa? Como no momento próprio anunciámos, foi constituída uma imparidade de 33,5 milhões de euros. Está relevado nos livros a zero. Quaisasreceitasesperadascom os ativos imobiliários? No Oporto Center temos uma área superior a 12 mil m2 ainda por colocar em mercado, designadamente um centro comercial. É muito cedo para antecipar receitas. No imediato as receitas que temos não são suficientesparacobriroscustosde funcionamento. Portanto o nosso primeiro desafio é gerar receita adicional de modo a cobrir os custos. Como é que vão tirar a empresa de bolsa? Ainda ficaram investidores com 26%... Sim. Não temos conhecimento de nenhum acionista com mais de 2%. Pensamos que face à nova dimensão da empresa não fará sentido mantê-la cotada porque isso implica custos muito elevados e não temos nenhuma vantagem do ponto de vista do acesso a financiamento. Tendo em conta também, atendendo aos vultosos prejuízos acumulados, que não será possível distribuir dividendos nos próximos tempos, achamos que seria adequado retirá-la de bolsa. Não foi possível chegar a 90% do capital na oferta. Mas há várias formas de

25 O Jornal Económico, 9 junho Cristina Bernardo AQUISIÇÕES Roland Berger vai assessorar SCML no Montepio SAF-T: O que muda a partir de 1 de julho equeimpactotem na sua empresa? PUB chegar a esse objetivo, que estão a ser estudadas no respeito da lei e detodososinteressesconstituídos. Poderão envolver compras no mercado secundário, conversão de créditos em capital em eventual aumento de capital, que teria de ser submetido à Assembleia Geral. No prospecto falam de uma operação harmónio... Antes da conversão de créditos podefazersentidoumareduçãode capital para absorver perdas. A SDCI, em termos individuais, em 2016, tem capitais próprios negativosde85milhõesdeeuros,eem termos consolidados de 105 milhões. A empresa tem um longo passado de resultados negativos. As dívidas permanecem muito maiores do que os activos. A Sociedade está em situação prevista no artigo 35º do Código das Sociedades Comerciais, e é preciso tomar medidas para repor o capital e uma delas pode ser uma operação harmónio. Vai ser difícil, com o perímetro de activos que hoje temos, assegurar o reembolso total deumadívidade130milhões. A consultora foi escolhida para analisar a entrada da Santa Casa no banco, mas ainda não fechou contrato. O valor de 10% do banco é 217 milhões. MARIA TEIXEIRA ALVES mtalves@jornaleconomico.pt A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) está em contatos com a consultora Roland Berger, liderada por António Bernardo, para a contratar como consultora na operação Montepio, soube o Jornal Económico junto de fonte ligada ao processo. Pedro Santana Lopes, provedor da Santa Casa, tinha admitido à SIC que, para saber se investir na Caixa Económica é um bom negócio, contratámos consultores, auditores, assessores jurídicos, financeiros (ainda não estão todas as contratações completas) que estão a analisar e elaborarão um trabalho que depois nós estudamos, e com base nesse trabalho decidimos. É preciso fazer uma due-diligence. A auditora poderá ser a PwC, mas não foi possível confirmar. O provedor disse que o processo está ainda numa fase inicial, é preciso tempo para tomar uma decisão. Mas eu não ponho a Santa Casa em risco, explicou Pedro Santana Lopes. Ao mesmo tempo que adiantou que ainda nem tivemos uma reuniãocomquemquervenderaparticipação no Montepio [Associação Mutualista]. Eu nunca reuni com Tomás Correia, reconheceu. Lembrou ainda que há vários bancos interessados no Montepio. A Santa Casa já admitiu que, como entidade do terceiro setor, tem obrigação de estudar a proposta, que vem das autoridades (Governo, presidente da República e supervisor) de pôr a Santa Casa como acionista da Caixa Económica Montepio Geral. Mas só entramos se for um projecto que envolva a generalidade do terceiro setor, disse o provedor que admitiu já ter falado com o presidente da União das Misericórdias. Em causa está uma participação conjunta (SCML e outras entidades da economia social) em10%domontepiogeral. De que investimento estamos a falar? Uma vez que a Associação Mutualista tem 285 milhões de unidades de participação (UP) de um fundo que participa no Montepio e 115 milhões estão dispersos em bolsa, na passagem a Sociedade Anónima, a Associação fica com 94,7% e os outros investidores ficam com 5,3%. Como a conversão das UP cotadas é de um para um, se 115 milhões são 5,3%, 10% representa um investimento de 217 milhões de euros. Mas ovalordonegóciocomascmldependerá de negociações e o preço final deverá ter como referência o book-value. O Primeiro-Ministro disse ontem que o Governo não tem nada a opor àentradadasantacasanomontepio. Temos a certeza que o Senhor Provedor fará a avaliação devida antes de tomar uma decisão, disse AntónioCostasublinhandoqueoGovernomantémumcontactoregular com Santana Lopes. O provedor da Santa Casa disse ainda que gostava que existissem mais bancos com capitais portugueses, e daí o interesse em estudar a operação. Mas não ponho a Santa Casa em risco. Isso está fora de questão. Se for considerado um risco excessivo, não entramos, disse. ASantaCasatemresultadoscomo nunca teve, para investir nos seus projectos sociais, acrescentou dizendo que tem disponibilidades financeiras consideráveis, e por isso pode fazer sentido encontrar formas de investimento dos ativos mais rentáveis, porque hoje, como se sabe, os depósitos têm taxas muito baixas, mas a instituição não entranomontepioseoriscoforincomportável. PEDRO SANTANA LOPES Provedor da Santa Casa A Santa Casa está a avaliar as contas da Caixa Económica Montepio Geral com vista a uma participação minoritária (até 10%) Mas só entra com outras entidades e se não implicar risco excessivo para a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. PEDRO JESUS RODRIGUES Legal Expert da Sage O SAF-T é um ficheiro de auditoria tributária para exportação de dados. Através deste processo, as empresas garantem o cumprimento dos requisitos legais, fornecendo informação aosserviçosdeinspeçãotributária, simplificando procedimentos e evitando a necessidade de especialização dos inspetores nos diversos sistemas informáticos. No dia 1 de julho de 2017 entra em vigor uma nova versão deste ficheiro, o SAFT 1.04_01, que embarga alterações e novidades significativas para todos os sujeitos passivos de IRC que exerçam, a título principal, uma atividade comercial, industrial ou agrícola, com sede ou estabelecimento estável em território português. O que muda? TodosossujeitospassivosdeIRCqueexerçam,atítuloprincipal, uma atividade comercial, industrial ou agrícola, com sede ou estabelecimento estável em território português devem dispor de capacidade de exportação de ficheiros de ficheiros SAF- -T nos termos e formatos a definir por portaria do Ministério das Finanças. Um processo que até então estava apenas previsto para quem organizava a sua contabilidade com recurso a meios informáticos. Desta forma, a adoção de programas informáticos para organização das contabilidades passa a ser inequívoca, já que só assim se poderá cumprir com a exportação do ficheiro SAF T. Esta alteração ao CIRC sustenta a Portaria n.º 302/2016 de 2 de dezembro, que obriga as empresas a apresentar os seus planos de contas em suporte informático. Note que o plano de contas e os movimentos contabilísticos para o exercício de 2017 das empresas já deverão fazer referência às taxonomias constantes dos Anexos II e III da portaria supracitada de acordo com o normativo contabilístico adotado pela empresa. Quando? Apartirdedia1dejulho,aexportaçãoeasubmissãodoSAF-T à Autoridade Tributária vai simplificar o preenchimento dos Anexos A e I da IES que se prevê já estarem pré-preenchidos (ou pré-validados) com a informação submetida via SAF-T. A partir desta data, todas as exportações de dados ao abrigo do n.º 8 do artigo 123.º do CIRC, deverão contemplar o formato e termos definidos pela versão SAFT 1.04_01. E se não atualizar? Os sujeitos passivos devem garantir não só a disponibilidade do SAF-T em vigor à administração tributária, como a integridade e exatidão da informação submetida. A submissão incorreta de informação terá, além das penalizações previstas na lei, incoerências no pré-preenchimento automático do Anexo A e/ou I do IES. Ainda tem dúvidas? Inscreva-se nos Quick Learning da Sage: Com o apoio de

26 26 O Jornal Económico, 9 junho 2017 EMPRESAS Emanuel Proença, administrador da Prio Energy com o pelouro do gás, está a reformular todo o projeto de distribuição de botijas da empresa na área metropolitana de Lisboa. ENERGIA Prio Gás entra no Porto e Algarve para servir 90% dos consumidores A empresa criada há quatro anos ainda é um pequeno player no setor, mas tem crescido de forma contínua. No gás, espera chegar ao final deste ano com uma quota de mercado de cerca de 2%. NUNO MIGUEL SILVA nmsilva@jornaleconomico.pt A divisão de gás da Prio, a Prio Gás, vai passar a operar nas regiões da área metropolitana do Porto e no Algarve, que ainda não estavam cobertaspelaempresacriadahácerca de quatro anos. Em declarações exclusivas ao Jornal Económico, Emanuel Proença, administrador da Prio Energy, com o pelouro do gás, revelaqueasduasoperaçõesvãoarrancar no terreno nos próximos meses com associações a distribuidoreslocaiseregionais,numinvestimentoorçadoemcercadetrêsmilhões de euros. Em termos de cobertura geográfica do Continente, no segmento do gás de cidade, faltava-nos a região metropolitana do Porto e o Algarve. É nestas duas regiões que a Prio vai entrar nos próximos tempos. Temos estado a desenvolver muito trabalho no terreno, com o objectivo de cobrirmos o País todo, promete Emanuel Proença. O administrador da Prio Energy garanteque, apartirdesetembro, vamos entrar em força na área metropolitana do Porto; aliámo-nos a um parceiro com muita experiêncianaregiãonadistribuiçãodegás por outras marcas. Pretendemos servir a área metropolitana do Porto como um todo. Estamos neste momento a comprar carrinhas de distribuição, a preparar a abertura de escritórios e os pontos de venda, incluindo mercearias, supermercados, lojas de bairro. Temos uma sociedade de que somos accionistas, com uma posição minoritária. No Porto,oobjectivoé,emdois,três anos, chegar a mil toneladas de gás em vendas, o que corresponde a cerca de 70 mil garrafas, anunciou oresponsáveldaprioenergy. EmrelaçãoaoAlgarve,Emanuel ProençaavançaqueaPriotem acordos com três distribuidores para iniciar a operação. Num caso, já começou, noutro vai começar dentro de semanas e no terceiro vai iniciar a operação dentro de meses. Um distribuidor irá trabalhar a região entre Sagres e Lagos, o segundo entre Lagos e Tavira e o últimoentrelouléevilarealde Santo António. O Algarve é uma região complexa, com realidades diferentes. Vamos avançar de forma faseada. Maséumaregiãodegrandeconsumo. Tem uma sazonalidade muito grande devido ao turismo, mas queremos trabalhar o consumo da própria região, que é muito grande. Claro que também queremos aproveitar o volume acrescido de consumo de gás no verão, afiança o administrador da Prio Energy. Nestaregião,ametaéatingirvendas de cerca de 800 toneladas de gás poranonoespaçodedoisanos. A Prio Gás começou a trabalhar em força na região Centro, uma vez que distribui o gás a partir do porto de Aveiro. Depois, começámos a servir razoavelmente a região metropolitana de Lisboa. Nesta região, vamos começar a trabalhar com mais força nas próximas semanas. Neste caso, temos uma distribuidora de que somos accionistas, a Prio Foto cedida por Carlos Teixeira GásdeLisboa,emqueaumentámos recentemente a nossa participação para uma posição maioritária, e estamos a renovar todo o projeto, adianta Emanuel Proença. Além das outras zonas do País, na região da capital, a Prio Gás serve neste momento as áreas de Lisboa, Cascais, Estoril, Mafra, Setúbal, Sintra, Almada e Barreiro, ou seja, na prática, toda a área metropolitana de Lisboa. Estamos a fazer um esforço para angariar mais clientes. Enquanto noscombustíveislíquidos,amarca Prio já é conhecida, no gás ainda há muito trabalho para fazer, alerta o administrador da Prio Energy. Emanuel Proença está confiante dequesetudocorrerbemcomestas três apostas - entrada na área metropolitana do Porto e no Algarve e reformulação da actividade na área metropolitana de Lisboa a Prio Gáspassaráacobrirmaisde90% dos consumidores e cerca de 80% do território continental. Fica-nos a faltar uma pequena parte no Alentejo,naregiãodeBejaetodaaregião fronteiriça, precisa. A Prio Gás opta sempre por se posicionar em regiões com bastante afluência e que não requeiram grande logística. É aí que preferimos localizar os nossospostosdevenda,trabalhando com distribuidores com áreas geográficas, permitindo ganhos de escala a esses parceiros, sublinha Emanuel Proença. No gás, a Prio optou por um modelo de negócio baseado na simplicidade. Por isso, vende apenasdoistiposdegarrafasdegás:a G22 (22 litros e nove quilos), para o segmento residencial e para o pequeno HORECA (hotelaria, restauração e cafetaria); e a G110 (110 litros, 45 quilos), direcionada para o canal HORECA, a pequena indústria e grandes clientes domésticos e residenciais. A opção pela simplicidade levou tambémaqueaempresatrabalhesó com o gás propano, porque consideramos que é o melhor produto para o cliente, que vaporiza melhor, queéumcaloríficodegrandequalidade. No mercado do gás, a Prio concorre com empresas de grande dimensão e multinacionais, como a OZ (antiga Esso), Rubis (ex-bp), Repsol e Galp. Num mercado (gás propano) que terá valido cerca de 134 mil toneladas no ano passado, a Prio assume-se como um pequeno player, embora em crescimento contínuo, tendo passado de uma quota de mercado de 1,2% em 2015 para 1,5% em A previsão para este ano é atingir uma quota de 2%. Em termos globais, a Prio, surgida hácercadedezanos,nasequênciade um spin off da Martifer, a Prio fechou o exercício de 2016 com uma faturação de cerca de 700 milhões de euros, uma rede de 249 postos de venda e 578 colaboradores, atuando nas área dos combustíveis líquidos, gás, biodiesel, mobilidade elétrica e lubrificantes, entre outros.

27 O Jornal Económico, 9 junho INDÚSTRIA AGROALIMENTAR Aliança ibérica alimenta retoma do setor A aposta no mercado ibérico permitiu suportar a retração do consumo de bens alimentares. Embora com economias e estratégias diferentes, Portugal e Espanha juntam sinergias para dominar o motor económico europeu. JOANA ALMEIDA jalmeida@jornaleconomico.pt O setor agroalimentar está a viver um período de retoma, com o aumentodocomérciocomespanha, mostram os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Impulsionadas pela proximidade geográfica e cultural, as trocas comerciais entre os dois países já ultrapassaram os milhões de euros. Portugal é um parceiro comercial estratégico para as empresas espanholas do ramo alimentar, afirma Antonio Valls, CEO da Alimentaria Exhibitons, responsável pela feira espanhola Alimentaria, quevoltouesteanoalisboapara projetar a gastronomia ibérica. A qualidade dos produtos e os preços competitivos são alguns dos atrativos, apontados pelo CEO da Alimentaria, que levam as empresas espanholas a apostar em Portugal. Acrescem a oferta de produtos de valor acrescentado e os baixos custos laborais, a minimizar o facto de o país ter um menor poder de compra. Para compensar a fragilidade do mercado interno, Portugal tem vindo a apostar na internacionalização. Espanha é o principal comprador dos produtos nacionais, com cerca de 26,2% da produção portuguesaaserescoadaparao outroladodafronteira. Numa relação de complementaridade, Antonio Valls dá conta de que cercade12%dototaldevendasespanholasdealimentosebebidas têm como destino Portugal. O país é o principal comprador de 26,2% do stock de bens agroalimentares portugueses tem como destino a vizinha Espanha mercadorias espanholas, apenas ultrapassado pela França e Itália. Espanha é o principal comprador dos produtos agrícolas portugueses e, por sua vez, Portugal adquire muitos dos produtos exportados pelas empresas espanholas, sublinha Antonio Valls. Desde 2012, o comércio agroalimentarentreosdoispaísescresceu 6,8% nas exportações de Portugal para Espanha e 2,7% nas importações espanholas para Portugal, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). De Portugal parte para Espanha vinho, peixe e legumes. Já no sentido inverso, a carne de porco lidera as vendas espanholas de bens de consumo a Portugal, acompanhada peloazeiteevinho. Dados do Ministério da Agricultura,Pesca,AlimentaçãoeMeio Ambiente (MAPAMA) de Espanha mostram que em 2014 as exportações agroalimentares de EspanhaparaPortugalrepresentavam 14,7% do total das exportações para a União Europeia. A indústria alimentar e de bebidas registou um crescimento médioanualarondaros2%emtodoo espaço europeu, mesmo durante o período de crise económica que fustigou a União Europeia. A espectativa é que o setor agroalimentar continue a crescer, expandindo-se a um ritmo de 1,8% este ano, estima a seguradora espanhola, Crédito y Caución. Perante a retoma do setor, o CEO da Alimentaria indica ainda que a inovação e o acompanhamento das tendências alimentares dos consumidores adquire uma importância acrescida nos tempos atuais e Portugal dá mostras de ser recetivo à mudança. Asempresasportuguesasdevem apostar em estratégias de crescimento, aproveitando as diferentes potencialidades do setor e mantendo um equilíbrio entre os produtos de tradição cultural e novosprodutosqueatendam,por exemplo, à procura de estilo de vida saudáveis e ao bem-estar dos consumidores, afirma. PUB

28 28 O Jornal Económico, 9 junho 2017 EMPRESAS VIDAMAR RESORT HOTEL ALGARVE Viagem em executiva pela gastronomia mundial Fica nos Salgados, é a primeira unidade hoteleira da Herdade a ser reconhecida com a classificação cinco estrelas, e abre hoje, oficialmente, as suas portas. Dine Around é a grande novidade e o conceito eleito para marcar a diferença. SÓNIA BEXIGA sbexiga@jornaleconomico.pt A classificação oficial cinco estrelas enquadra-se no reconhecimento das características do VidaMar Resort Hotel Algarve, o maior hotel da Herdade dos Salgados e o único na frente de mar, com 21 mil metros quadrados de espaço ao ar livre, 260 quartos, três piscinas de água salgada, e umvastoconjuntodeserviços. No que à criação do VidaMar Resort Hotel Algarve diz respeito, tudo começou com o desafio lançado por Carlos Saraiva, em 2012, após a venda da CS Hotels & GolfResorts (hoje Nau Hotels & Resorts), motivado pelo desejo de criar uma nova marca e um novo projeto turístico e hoteleiro. E para tal convidou o Brian Eustace e eu para o acompanharmos, recorda João Cardoso, administrador do empreendimento. O convitefoiprontamenteaceiteea primeira aplicação da nova marca viria a acontecer no Funchal, seguindo-se esta aposta no Algarve. Comuminvestimentodeaproximadamente 70 milhões de euros, João Cardoso garante que o projeto assenta num conjunto de premissas fundamentais: vida (juventude, animação, intensidade); mar (relaxante, exclusivo, singular); diferenciação (instalações e serviços para várias faixas etárias e estilos de vida); internacional e cosmopolita; hospitaleira (foco no aumento da experiência do cliente); e financeiramente eficiente. O VidaMar Resort Hotel Algarve distingue-se também pelo conceito Dine Around, oqualpermiteuma viagem pelos sabores do mundo, dando a experimentar diferentes gastronomias, disponíveis nos vários restaurantes temáticos do hotel. O Sunset oferece grelhados da região, tendonopeixeemariscooseuex-líbris; o Mamma Mia permite uma viagem pelos paladares italianos; o AJI apresenta a genuína cozinha oriental e o Ocean Buffet possibilita uma rotatividade gastronómica de 12 noites temáticas. Sobre esta aposta, João Cardoso afirma que visa, essencialmente, oferecer um conceito novo na chamada meia pensão, per- JOÃO CARDOSO administrador do VidaMar Hotel Resort Algarve Entre junho e setembro, o VidaMar Resort alcançará 10 milhões de euros de vendas, mais 19% face ao período homólogo de Quanto aos mercados emissores, para além do nacional, destacam-se o germânico, inglês, espanhol, francês e o polaco. mitindoaohóspedemúltiplasexpe- riências gastronómicas, e a fruição de espaços e ambientes diferenciados. Apesar da oferta gastronómica exterior ao resort ser abundante e variada,nemsempreédeacessofácilou cómodo, reforça ainda. De forma complementar o grupo disponibiliza ainda as VidaMar Resort Villas. As 66 Villas com piscina privativa, são uma outra tipologia do Resort já que são contíguas ao hotel. Embora sejam comercializadasemregimedeself-catering,os hóspedes podem optar por acrescentar o pequeno-almoço ou a meia-pensão no hotel. Recorde-se que o VidaMar Resort Hotel Algarve e as VidaMar Resort Villas AlgarvesãoasúnicasunidadesdaHerda- de dos Salgados que não pertencem ao fundo de investimento turístico, que tem como sociedade gestora a ECS Capital, que adquiriu os hotéis anteriormente explorados pela CS Hotels&Resorts, atualmente sob a marca NAU Hotels&Resorts. A marca VidaMar Hotels&Resorts, que integra três resorts, registou uma faturação de 30 milhões de euros em 2016, prevê expandir a sua dimensão em Portugal nos próximosanoseviraatingirumvolume de negócios superior a 50 milhões de euros até Sazonalidade ensombra sucesso Ao analisar os últimos resultados do setor do Turismo em Portugal, João Cardoso não deixa de sublinhar que Foto cedida mostram um franco crescimento tanto em quantidade, número de turistas, dormidas, como na melhoria dos preços e da totalidade dos proveitos. O impacto do setor na economia tem sido extraordinariamente relevante, sendo um dos setores que mais contribuiu para o crescimento económico registado, frisa ainda. Quanto a explicações para esta fase, aponta, sobretudo, o aumento da atratividade de Portugal, das suas principais cidades e das diferentes regiões turísticas, para a qual, defende, muito contribuiu o esforço de modernização e capacidade de reinvençãodosetorprivadonaofertaturística e hoteleira; a capacidade do setor para aumentar a sua visibilidade e exposiçãonosváriosmercadosemissores, utilizando os mais variados canais, sobretudo no mundo digital; e no aumento do investimento na divulgação e promoção interna e externa por parte das entidades oficiais. No caso das regiões turísticas vocacionadas para o produto sol e mar, como é o caso do Algarve, também beneficiou da instabilidade política e insegurança vividas nalguns destinos turísticos, concorrentes diretos, conclui. Por outro lado, em seu entender, e apesar da melhoria da performance, o Algarve continua a sentir os efeitos de uma forte sazonalidade que está a ser combatido com o esforço da indústria turística da regiãoquesemultiplicaemofertas competitivas e atrativas, caso do golfe ou das convenções e congressos, e do emergente turismo de natureza, também as entidades oficiais regionais do setor, quer a nível do mercadointernocomodosmercadosinternacionais. Neste capítulo, o VidaMar Resort Hotel Algarve apostou em potenciar a oferta de serviços que satisfaçam as diferentes necessidades e expectativas dos hóspedes que vãovariandoaolongodoano,nomeadamente nas épocas baixas, com respostas complementares, comoowellness,birdwatching, natureza, entre outros, mas também estabelecendo parcerias comerciais estratégicas com alguns importantes players nos mercados emissores que apostam no Algarve durante a época baixa.

29 O Jornal Económico, 9 junho Assinatura INDÚSTRIAS 0.4 Serão as empresas necessárias num mundo digital? Fábio Pereira, country manager da momondo para Portugal. MOMONDO LANÇA OPEN WORLD AWARDS Bloggers de viagens portugueses inspiram o mundo Os prémios Momondo estreiam-se em Portugal reconhecendo o peso do mercado, assim como a qualidade dos nossos influenciadores digitais. SÓNIA BEXIGA sbexiga@jornaleconomico.pt O concurso Open World Awards nasceu como forma de reconhecer os bloggers de viagens que vão de encontro à visão da momondo, visando, explica Fábio Pereira, country manager da momondo para Portugal, ao Jornal Económico, celebrar o talento na área da escrita, fotografia e videografia de viagens em Portugal. Em seu entender, importa destacar estas plataformas e contribuir para o seu desenvolvimento, pois, tal como o próprio motor de busca de viagens dinamarquês pertencem ao mundo digital, e ajudam a criar um mundo mais aberto, mais interligado e partilhado, salienta. Esta é a primeira edição dos Open World Awards, e a momondo escolheu realizá-la em Portugal reconhecendo a importância do mercado português e a evolução da quantidade e qualidade do que é produzido em matéria de blogs de viagens. Os bloggers de viagem portugueses estão a surgir, crescer e evoluir muito rapidamente. De entre as mais de 250 candidaturas vimos um pouco de tudo. No entanto, a alta qualidade quer de conteúdos escritos, quer das fotografias, vídeos, as próprias experiências partilhadas, e o incentivo e inspiração para as viagens dos seus leitores é algo que temos visto em muitos dos blogues nacionais, salienta Fábio Pereira. Este motor de busca de viagens, independente e gratuito, está em Portugal desde 2013 e hoje assume-se como uma das maiores marcas no mercado das viagens no nosso país. Quanto a resultados, Fábio Pereira assegura que não podiam ser mais positivos e encorajadores. Segundo o country manager, 40% dos portugueses já conhece a empresa e a aplicação móvel é também a mais conhecida em Portugal para comparação de voos e hotéis. O nosso crescimento tem sido muito rápido: entre 2015 e 2016 duplicámos as receitas e entre 2014 e 2016 vimos um crescimento de cerca de 300%, reforça. A momondo acredita que este crescimento é sustentável: cada vez mais portugueses conhecem as vantagens da comparação de preços (simplicidade, rapidez, transparência) e partilham as suas experiências com amigos e familiares, o que confirma a grande aceitação da marca e produto. Em 2017 queremos continuar a fortalecer a marca no país e a desenvolver produtos, reforça o responsável. Vencedores: Uma Foto uma História!, Gabriel Mendes (Open World); Alma de Viajante, Filipe Gomes (blog); The World Backpacker, Carlos Ferro (fotografia); HumanEyes, Guilhermo Ribeiro (vídeo) XAVIER RODRÍGUEZ-MARTÍN Empresário Há dias tive oportunidade de participar em Madrid num interessante debate sobre a suposta menor relevância das empresas num mundo cada vez mais digital. A tese defendida pelosmeusinterlocutoreséquea transformação digital da sociedade diminui a necessidade das pessoas e do capital se organizarem de forma estável para criar valor. Os argumentos aduzidos incluíam a disponibilidade em tempo real de talento autónomo para integrar qualquer projeto; os novos formatos de trabalho remoto, que permitem a colaboração de pessoas localizadas em geografias dispersas; a potência das novas ferra- mentas de trabalho virtual; e a maior agilidade e menores custos fixos desses formatos de organização. É legítimo que a fluidez do tempo em que vivemos nos permita questionar os pilares do nosso modelo económico. Na generalidade das empresas, o seu tamanho ótimo está a diminuir porque estamos progressivamente a substituir ativos próprios e funcionários qualificados por micro-parceiros cujo talento, agilidade e qualidade parecem garantir melhoresresultados,pelomenosnocurto prazo. Já não se trata só da procura de eficiência através da subcontratação tradicional, mas da delegação de funções fulcrais para a competitividade das empresas, como o marketing ou a inovação. Se lhe juntarmos acadavezmaispróximasubstituição dos trabalhos mecanicistas por autómatos e sistemas baseados em inteligência artificial, é fácil visualizar o cenário de profunda transformação do formato empresarial defendido pelacorrentedepensamentomais tecno-otimista. Deixando de lado questões mais técnicas relativas às limitações desses formatos de criação de valor, é no âmbito emocional que se encontram as suas principais limitações. O que diferencia as pessoas do resto das criaturas são as suas capacidades sociais, que lhes permite comunicar e colaborar para progredir conjuntamente. Somos seres sociais que precisam de agregar esforços para aumentar a sensação de segurança e, por essa via, a produtividade. Adicionalmente, a intermediação tecnológica dificilmente reproduzirá com fidelidade os matizes da interação física e preservará a riqueza da comunicação humana. Por isso, as empresas melhor adaptadas aos desafios de cada momento serão aquelas que consigam o equilíbrio evolutivo entre as componentes digital e emocional de todas as suas atividades, na procura desse termo médio que, nesta sociedade progressivamente mais polarizada, parece conceptualmente mais escasso e difícil de alcançar. PUB

30 30 O Jornal Económico, 9 junho 2017 MERCADOS & FINANÇAS POLÍTICA MONETÁRIA Oiçam o meu silêncio, diz oestratega Mario Draghi O BCE vê mais crescimento e menos inflação na zona euro, mas não chega para abrandar os estímulos. Draghi continua a falar nas entrelinhas. LEONOR MATEUS FERREIRA lmferreira@jornaleconomico.pt Mais confiante sobre o crescimento económico na zona euro e mais cauteloso em relação à inflação, Mario Draghi voltou a deixar tudo em aberto esta quinta-feira. Depois da reunião do Conselho de Governadores, o presidente do Banco Central Europeu (BCE) anunciou que não haverá alterações nem nas taxas de juros de referência nem no programa de compra de ativos, pelo menos, para já. A maior novidade desta reunião do BCE foi não haver novidades, além da revisão em baixa das estimativasdainflaçãoparaazona euro (fruto da queda do preço do petróleo) e em alta do crescimento económico. Factos aliás que confirmaram a fuga de informação ocorrida esta semana, diz o diretor de Treasury and Trading do Montepio, Miguel Gomes Silva, acrescentando que o programa de estímulos continua em funcionamento e pode ser prolongado, caso se justifique. A perspetiva mais positiva e a diminuição dos riscos não chegaram ainda para mudanças. No entanto, o gestor da corretora XTB, Eduardo Silva, sublinha que as previsões do BCE sobre crescimento e inflação podem dar indicações sobre o rumo de política monetária da instituição. Como Draghi tem reiterado, os estímulos vão continuar até que a expansão da economia seja consistente, enquanto as taxas de juro não deverão ser alteradas até depois do programa e com a inflação próxima, mas abaixo de 2%, ou seja, na meta da instituição. As reuniões do BCE são sempre importantes, no entanto este mês com as projeções económicas, o interesse era redobrado. Apesar de rever em alta as perspetivas de crescimento, o banco central reviu em baixa de forma agressiva as expetativas de inflação, afirmou. A confiança reforçada de Draghi OBCEcontinua pronto a prolongar os estímulos à economia da zona euro se necessário, mas também determinado em esconder o jogo. na expansão não entusiasmou e os mercados pareceram ultrapassar rapidamente essa ideia. O foco transitou para as palavras do italiano sobre os estímulos. Essas palavras foram interpretadas como um sinal de que o Quatitative Easing (QE) não deixará de apoiar a zona euro nos próximos tempos, tal comooprópriolembrou. O gestor de ativos da Orey itrade, José Lagarto, explica que o BCE não deu qualquer sinal de quando poderá ocorrer uma alteração no programa de compra de ativos, reiterando uma vez mais que o mesmo é para ser levado até ao fim, o que deixa em aberta a hipótese dequenapróximareunião se possa já ter alguma indicação de quando o poderá fazer. A moeda única, que já apreciou cerca de 10% este ano contra a americana, desvalorizou para o mínimo desta semana, tendo atingido os 1,11995 dólares. A hipótese que o tapering, ou seja a retirada gradual dos estímulos, possa demorar mais que o esperado e a revisão em baixa das perspectivas para a inflação até 2019 também levaram as yields das obrigações da zona euro para mínimos de vários meses. Na Alemanha, as yields das Bunds a dez anos desceram para o valor mais baixo em seis semanas, enquanto os juros das obrigações espanholas viram um mínimo de janeiro e as italianas caíram 12 pontos base. Em Portugal, as taxas dejurodasobrigaçõesadezanos desceram para menos de 3%, ao início da tarde, para um valor que não tocava desde setembro. TAPERING NÃO CHEGA ANTES DA RENTRÉE O BCE continua pronto a prolongar os estímulos à economia da zona euro se necessário, mas também determinado em esconder o jogo. Draghi mantém o plano de continuar com a compra de ativos a um ritmo mensal de 60 mil milhões de euros até dezembro. Reiterou que continua a ser necessário um nível substancial de política monetária acomodatícia para apoiar a inflação subjacente. Ficou claro que não iremos assistir ao final do programa de forma antecipada, já que apesar dos bons dados económicos, o BCE nem discutiu a inversão da política monetária, diz o gestor da XTB. No entanto, Draghi ressalvou que o BCE vai continuar no mercado durante muito tempo, e que depois da compra de ativos, continuará uma política de reinvestimento. O consenso entre analistas aponta para a reunião de setembro ou dezembro para anunciar o tapering. Dadas as previsões económicas e o facto de existir consenso na retirada do compromisso de forward guidance anterior mantemos a perspetiva de que a partir de setembro com dados económicos consistentes poderemos ter novidades, acrescentou Silva. MAIS BAIXAS NOS JUROS AFASTADAS Pode não acrescentar informação, mas o que Draghi não diz também importa. Não passou despercebida a omissão de que as taxas de juro poderão baixar. Decidimos não alterar as taxas de juro diretoras do BCE. Continuamos a esperar que estas permaneçam nos níveis atuais durante um período alargado e muito para além do horizonte das nossas compras líquidas de ativos, afirmou Draghi, retirando a referência à possibilidade de as taxas passaram para níveis inferiores. Assim, a taxa de juro diretora mantém-se em 0%, um mínimo histórico desde março do ano passado. a taxa de juro aplicável à facilidade de depósito continua em -0,40%e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez mantém-se em 0,25%. José Lagarto, da Orey itrade acredita que não é um sinal de inversão, mas sim de concordância com a revisão de crescimento da zona euro feito pelo BCE. Já Eduardo Silva, da XTB, explicou que a alteração no forward guidance deve ser interpretada como uma passo na direção da normalização monetária, não se perspetiva qualquer redução da taxa de juro nesta fase.

31 O Jornal Económico, 9 junho Denis Balibouse/Reuters OPINIÃO Quais os setores mais rentáveis? MAIS OTIMISMO EM RELAÇÃO À ECONOMIA O BCE está mais confiante na robustez da economia. Há já vários meses que o banco central mostrava entusiasmo com o crescimento nos países da moeda única, mas desta vez houve mesmo uma mudança de discurso. As perspetivas para o PIB foram revistas em alta e os riscos negativos considerados afastados. A recuperação do investimento continua a beneficiar de condições de financiamento muito favoráveis e melhorias na rentabilidade das empresas. (...) Além disso, a recuperação global está cada vez mais a suportar o comércio e as exportações da zona euro, disse Draghi. Por isso, o BCE espera agora que o PIB da zona euro cresça 1,9% este ano, 1,8% no próximo e 1,7% em 2019, o que significa um aumento de 0,1 pontos percentuais face à anterior previsão. Os riscos em torno das perspetivas de crescimento da zona euro são considerados amplamente equilibrados, continuou Draghi. No entanto, as perspetivas de crescimento económico continuam a ser atenuadas por um lento ritmo de implementação das reformas estruturais. MAIS CAUTELA SOBRE AINFLAÇÃO Draghi não podia ser mais claro na sua interpretação: a inflação subjacente está estagnada e o facto de voltar a sublinhar o compromisso com o aumento da inflação, nem que tenha que aumentar a compra de ativos em tamanho ou prolongar o QE, estão em linha com a perspetiva da XTB que não considera que a inflação esteja com uma tendência altista evidente. Depois da reunião, o presidente do BCE reviu em baixa as perspetivas para a inflação, prevendo que se situe em 1,5% em 2017, 1,3% em 2018 e 1,6% em Como se esperava, a recente volatilidade nas taxas de inflação deveu-se principalmente aos preços da energia e aumentos temporários nos preços dos serviços durante o período da Páscoa, afirmou. Olhando para o futuro, e com base nos preços de futuros atuais do petróleo, a inflação global deverá permanecer perto dos níveis atuais nos próximos meses. Ao mesmo tempo, as medidas da inflação subjacente continuam baixas e ainda não apresentam sinais convincentes de retoma, pois os recursos não utilizados ainda estão a pesar sobre os preços domésticos e salários. AS SUBTILEZAS NA FORWARD GUIDANCE O BCE não fez qualquer alteração nas estratégias de política monetária, mas passou mensagens aos mercados. O conceito de forward guidance foca-se exatamente nessa subtileza de, através de pequenos sinais, transmitir nas entrelinhas indicações sobre o futuro. Desta vez, as mensagens foram claras. Por um lado, os estímulos à economia da zona euro estão para ficar, com a discussão sobre o tapering mais uma vez adiada. Por outro, a confiança no crescimento económico está reforçada. Segundo o diretor de Treasury e Trading do Montepio, Miguel Gomes Silva, foi ainda bem vincado o recado enviado pelo governador do BCE aos governos dos vários países, insistindo na necessidade de efectuar e acelerar as reformas estruturais como forma de alcançar um crescimento sustentável. Apesar de não ter havido decisões de relevo nesta reunião do BCE, o facto de não se ter falado em tapering nem em abrandamento do ritmo do QE, antes pelo contrário, teve um impacto no mercado semelhante a um discurso dovish característico da política monetária acomodatícia. MÁRIO PIRES Diretor de clientes institucionais e do mercado português na Schroders Antecipar o momento em que umabolhanosmercadosde ações se aproxima do limite é umatarefacomplexaesempre que há movimentos pronunciados de subida e queda, os diferentes setores que integram as carteiras apresentam movimentos muito diferentes, em especial no curto prazo.estaéumadasrazõesque torna particularmente relevanteterumacarteiraequilibrada e criteriosamente gerida, que possa estar menos vulnerável ao impacto gerado pelosmomentosdeespecialvolatilidade. Exemplos de bolhas não faltameumdosmaisilustrativos foi, certamente, o das dotcoms, com uma valorização acentuada das ações tecnológicas antes da viragem do século, seguida de uma queda vertiginosa nos anos seguintes, mas vemos também o inverso: setores que conseguem manter um bom desempenho durante longos períodos de tempo e nos quais os investidores continuam a encontrar e realizar valor. Olhando especificamente para os últimos 19 anos no mercado acionista do Reino Unido(operíodomaislongo com dados compilados pela Datastream) e sem esquecer que desde 1998 vivemos dois períodos de grande valorização e dois grandes crashes, concluímos que oito dos 10 principais setores de atividade trouxeramumcontributopositivo aos investidores. O setor dos consumíveis domésticos, com grande parte dos produtos base comprados pelasfamílias(detergentespor exemplo) foi o que maior rentabilidade proporcionou. Se tivéssemos investido mil librasnestesetora30demarço de 1998, teríamos no final de marçoúltimo6.423libras, considerando o reinvestimento dos dividendos e descontando o impacto da inflação. As utilities (fornecimento de água, eletricidade, etc.) tambémregistarambomdesempenho e teriam convertido as mil libras em Seguiram-se as matérias-primas (metais, químicos, etc.) cujo valor se aproximaria das libras. Do lado inverso, ficam as tecnológicas e financeiras, com uma redução para 486 e 845 libras, respetivamente. Nos últimos 20 anos, o mercado de ações do Reino Unido registou altos e baixos que o levaram a extremos, com a bolha das dotcom e a crise financeira global como protagonistas das quedas. Estes dois acontecimentos justificam em grande parte o porquê dos consumíveis e utilities se rentabilizaram enquanto os setores tecnológico e financeiro ficaram para trás. Os primeiros são considerados setores defensivos e fontes de rendimento mais fiáveis em períodos de elevada volatilidade, uma vez que a procura por bens essenciais continua a existir. Em paralelo, os investidores saíram dos setores diretamente envolvidos nas situações de crise. Se reduzirmos o período em análise para os últimos 10 anos em que a crise financeira foi o único momento de crash só no setor financeiro se teria perdido dinheiro, com as mil libras investidas a 30 de março de 2006 a valer 623. Os setores defensivos mantiveram-se como os mais atrativos e a grande diferença vem das tecnológicas (2.836 libras). Seécertoquenãopodemos prever o futuro e que o passado não é um guia fiável para saber o que acontecerá a seguir, podemos sempre aprender com ele ao mesmo tempo queobservamosasatuaisvalorizações para identificar os setores e empresas que apresentam melhor potencial. Uma forma de o fazer é através da comparação dos preços e ganhos (rácio P/E) para perceberdeondevêmasmelhores perspetivas de valor e hoje encontramo-las nas telecomunicações, consumíveis e tecnológicas.

32 32 O Jornal Económico, 9 junho 2017 MERCADOS & FINANÇAS CRIPTOMOEDA Bitcoin: uma bolha digital prestes a rebentar? Benoit Tessier/Reuters Impulsionado pela popularidade na Ásia, o valor da bitcoin já triplicou este ano. O disparo comporta, no entanto, alguns riscos como a falta de regulamentação, o uso da moeda em ataques cibernéticos e a concorrência de centenas de novas criptomoedas. LEONOR MATEUS FERREIRA lmferreira@jornaleconomico.pt As criptomoedas estão a ter um comportamento eufórico, o que indicia uma alteração tecnológica na forma de como manuseamos o dinheiro e a forma como se fazem transações, explica o presidente da Dif Broker, Pedro Lino. Há muito que deixou de ser a única, mas a bitcoin é ainda a mais popular e valiosa moeda digital. Em julho de 2010, a bitcoin valia 0,05 dólares, o que parece quase surreal dado que a moeda atingiuestasemanaumnovomáximo, nos dólares. Uma bitcoin já é suficiente para cobrir o valor de duas onças de ouro. Na terça-feira, a subida foi de 9% numa só sessão, enquanto, este ano, a bitcoin já quase triplicou de valor. Em doze meses, disparou mais de 500%. A euforia com a apreciação da bitcoin levou à criação de outras criptomoedas, cujo número exato não é conhecido. Este é um indício preocupante uma vez que existem mais de 850 criptomoedas, algumas das quais pagam juros semanais, sublinha o economista. De entre as mais recentes opções, destaca-se a ether, moeda resultante da plataforma de software aberta Ethereum. Os valores são impressionantes: a criptomoedajávalemaisde260 dólares, o que compara com os oito dólares que valia no início do ano. Este deve ser um alerta a quem segue estas moedas de que a especulação não irá terminar bem, e que apenas algumas sobreviverão. O entusiasmo é grande, mas é acompanhado por receios. O analista do BiG Banco de Investimento Global, Bernardo Câncio, ressalva que por muita convicção quehajanahipótesedeabitcoin se vir a tornar numa moeda como as outras, com funções de transação e reserva de valor, a verdade é queissoéumaespeculaçãoeoreversodessaespeculaçãoéabitcoin valer pouco ou nada. Tal como nos setores tecnológico ou imobiliário, existe o risco de uma bolha de criptomoedas. O passado mostra que sempre que existem alterações tecnológicas, existem bolhas associadas a este fenómeno que acaba por afectar bastantes investidores, porque neste caso nem todas as criptomoedas irão vingar, diz PedroLino,lembrandoqueapesar da enorme bolha, existe um número finito de bitcoin que atingirá os 21 milhões em 2033, mas cujo ritmo de oferta irá abrandar substancialmente a partir de O investimento em criptomoedas, que não é registado nas entidades reguladoras tradicionais,édiferentedeemoutrostipos de ativos e implica abrir uma contanumaempresademarket making do preço da moeda. Este Em maio, no ataque cibernético que afetou 150 países, o resgate foi pedido em bitcoins é um mercado ainda pouco conhecido e ainda menos regulado, sendoqueesteétambémumdos riscos identificados por Bernardo Câncio. Apesar de alguns países estarem a legitimar a bitcoin, existe na verdade o risco de que imposições regulamentares limitem a atratividade desta moeda digital. Um dos maiores problemas da bitcoin é que é muito útil em transações ilícitas, e por isso é provável que surjam regulações no sentido de limitar a atractividade da bitcoin para estes fins. Moeda de ataque Ser um ativo digital também comporta riscos. Em maio, no ataque cibernético que afetou 150 países, o resgate foi pedido em bitcoins. Em 2014 e em 2016, tinham acontecido crimes semelhantes na China. A estrutura descentralizada é um ponto forte da bitcoin, mas também é uma fraqueza na medida em que as bolsas de bitcoin são vulneráveis a ataques pirata e a problemas informáticos. Já aconteceram vários destes problemas e se continuarem a acontecer a moeda corre um risco reputacional relevante, explica o analista. A popularidade da bitcoin não é, no entanto, global, com o boom de investimento a vir da Ásia. Nos últimos dois meses, o valor da bitcoin duplicou, enquanto a bolsa de Xangai perdeu 10%. Segundo Câncio, a bitcoin é popular na China devido ao controlo de fluxos de capital pelo governo chinês. Isso limita as opções de investimento dos chineses e por isso mais facilmente tendem para investimentos exóticos como a bitcoin. Quanto ao Japão, refere que o facto de a moeda ter sido recentemente legitimada é naturalmente um factor que atraiu muitos investidores. A contribuir para o interesse japonês estão também factores como o desenvolvimento tecnológico do país e as taxas de juro cronicamente baixas implementadas pelo banco central. É um país onde as taxas de juro estão muito perto de zero, ou seja, ter depósitos no Japão não rende praticamente nada e por isso é natural que as pessoas procurem alternativas para as suas poupanças, entre elas a bitcoin, acrescenta o analista. Por outro lado, nos EUA apenas quatro dos mais de dez mil fundos de investimento existentes inclui bitcoins no portefólio.

33 O Jornal Económico, 9 junho PUB OPINIÃO Cinco meses do dólar em queda STEVEN SANTOS Gestor do BiG - Banco de Investimento Global A desvalorização expressiva do moeda americana tem sido um tema dominante no mercado cambial este ano. O dólar caiu face a todas as grandes moedas (o euro, o iene japonês, o franco suíço, a libra, o dólar australiano e o dólar neozelandês), excepto face ao dólar canadiano, contra o qual está inalterado. Notavelmente, as maiores quedas do dólar são contra o ouro e a prata. O metal dourado tem beneficiadodoriscopolíticoassociadoàseleiçõesemfrançae no Reino Unido e das tensões no Médio Oriente. Já a prata temseguidooouroesidofavorecida pela redução da oferta,devidoaobaixoinvestimentonaproduçãonosúltimos anos. Com a fotografia a transitar para o digital e os fabricantes de equipamentos electrónicos a usar menos deste metal, a procura tem caído. Isso pode explicar uma queda tão generalizada do dólar americano, quando tanta gente acreditava na paridade euro/dólar? Com a vitória de Trump, os mercados ajustaram-se rapidamente a uma nova era, baseada no investimento público em infraestruturas e que teria a desregulamentação do sector financeiro e o protecionismo como bandeiras da política económica. Porém, os investidores tendem a vender dólares sempre que os EUA, a maior economia do mundo e cujo défice da balança comercial ultrapassa os 500 mil milhões de dólares, adoptam medidas proteccionistas. Foi o que aconteceu quando Ronald Reagan multiplicou por dez as taxas às importações do Japão em 1983 e quando George W. Bush aplicou uma taxa de 8% a 30% à importação de aço em Em termos de fluxos de investimento, a China tem com- prado dívida pública norte- -americana desde março, o que diminuiu a taxa de juro implícita das Treasuries e penalizou o dólar. Comumdólaremdeclínio, os activos dos países emergentes têm registado valorizações. Nas divisas, os destaques sãoopesomexicano,owon coreano, o rublo russo, a rupia indiana e o dólar taiwanês, tendosubidotodosmaisde 5% face ao dólar desde o arranque do ano. Em maio, os investidores estrangeiros alocaram20,5milmilhõesdedólares aos mercados emergentes, pelo sexto mês seguido de entradas líquidas de capital, segundo o Institute of International Finance. Olhando em frente, acredito que divisas de países com uma sólida dinâmica macroeconómica poderão registar bons desempenhos, como o dólar neozelandês e a coroa sueca. A curto prazo, o iene poderá ser beneficiado por momentosdeaversãoaoriscoe pela eventual correcção de vários índices accionistas depois de um começo positivo em O euro tem sido impulsionado pela subida dos índicesdegestoresdecompras (PMI) e do crescimento económico, a par de menores riscos políticos e financeiros do que o esperado. Contudo, o posicionamento líquido longo no euro/dólar está em máximosdeseisanos,oquepoderá sugerir uma correção de curto prazo. Notavelmente, as maiores quedas do dólar americano são contra oouroeaprata

34 34 O Jornal Económico, 9 junho 2017 MERCADOS & FINANÇAS Com o apoio de EM AGENDA 12 DE JUNHO INFLAÇÃO NACIONAL INE divulga Índice de Preços no Consumidor em Portugal relativo a maio FECHO DA SEMANA Bancos centrais marcam ritmo nos mercados Kai Pfaffenbach/Reuters 13 DE JUNHO OBRIGAÇÕES EUROPEIAS Eurostat divulga dados preliminares do BCE sobre yields de longo prazo das obrigações governamentais da zona euro em maio BANCO CENTRAL DOS EUA Início da reunião de dois dias de política monetária da Reserva Federal norte- -americana CONFIANÇA NA ZONA EURO Apresentação do Índice Zew de Sentimento Económico na zona euro em junho Em semana de reunião mensal do BCE e antes do encontro da Reserva Federal norte-americana, os investidores mantiveram uma postura cautelosa. HENRIQUE ROMÃO DIAS Gestor da corretora XTB Esta semana foi marcada por correçõesnasprincipaispraçasmundiais na sequência do sobreaquecimento da pressão compradora nas últimas semanas. Do lado europeu, as maiores quedas foram verificadas no PSI 20 e CAC 40, enquanto nos EUA as bolsas se mantiveram ligeiramente abaixo da linha de água. Os investidores encontram-se mais receosos em assumir posições antes da decisão de taxa de juro da Reserva Federal norte-americana marcada para a próxima quarta- -feira, em que é esperado um aumento de 0,25% para os 1,25% nos federal fund rates. A grande fonte de incerteza provem da disparidade entre as expetativas de taxa de juro e as taxas dos 30 day fed funds, queembora tenham estado a negociar com uma tendência ascendente, continuam ainda distantes da meta. Na Europa, a taxa de juro diretora do BCE foi mantida constante nos 0% tal como a taxa de facilidade permanente de depósito, taxa quedefineosjurosqueosbancos recebem pelos depósitos pelo prazo overnight realizados junto do BCE,quesemantevenos-0,4%. O banco central decide assim manter o atual rumo da política monetária europeia, devido ao facto de considerar que a volatilidade verificada na inflação é derivada dasoscilaçõesdopreçodopetróleo e das matérias-primas, no entanto elimina a possibilidade de descerataxadejurodiretorapara valores negativos. As previsões de inflação até 2019 foram revistas em baixa, o quemostraqueaevoluçãosustentada dos preços em valores perto dos 2% ainda se encontra distante. Desta forma, não é expectável uma transição para uma política monetária contracionista no curto prazo. Há diferentes fatores que poderão contribuir para o aumento sustentado da variação percentual do IPC, tais como o aumento mais acentuado nos salários nominais e a manutenção em níveis elevados dosprincipaisindicadoresderecuperação económica (PMI e sentimento económico). O preço do petróleo esteve sob pressão esta semana tendo depreciado mais de dois dólares, atirando assim o barril de crude para os 48 dólares. Já a cotação do gás natural segue ligeiramente em alta depois do embargo ao Qatar, maiorexportadordegásnaturalliquefeito. A praça nacional esteve pressionada na semana, em grande parte devido à forte queda das unidades de participação Montepio que testaram os 50 cêntimos. A entrada dasantacasadamisericórdiano capital da Caixa Económica Montepio Geral está a ser negociada, no entanto os 10% que estão em cima da mesa poderão não ser suficientes para solidificar o balanço da entidade bancária. 14 DE JUNHO PETRÓLEO Agência Internacional de Energia apresenta Relatório sobre Mercado Petrolífero TURISMO EM PORTUGAL INE divulga estatísticas sobre a atividade turística em abril EMPREGO Eurostat publica estatísticas sobre emprego nos países da zona euro relativas ao primeiro trimestre INFLAÇÃO NOS EUA Divulgação do Índice de Preços no Consumidor norte- -americano em maio 15 DE JUNHO COMÉRCIO INTERNACIONAL Eurostat divulga dados sobre comércio internacional na zona euro relativo a abril 16 DE JUNHO INFLAÇÃO EUROPEIA Eurostat publica dados preliminares sobre Índice de Preços no Consumidor da zona euro em maio MERCADO DE TRABALHO Eurostat divulga Índice de Custos de Trabalho no primeiro trimestre CAMBIAL EURUSD Quarta-feira será marcada pela decisão de taxa de juro da Fed que poderá aumentar para os 1,25%, o que aumentaria a taxa de juro real. Assim, são expectáveis fluxos de capital para os EUA que, a ocorrerem, provocam uma grande pressão compradora no dólar. A juntar à elevada probabilidade de restrição monetária no pais, estão as previsões de inflação na zona euro que mostraram a necessidade de manutenção da atual política monetária. Desta forma, é esperada uma depreciação do euro face ao dólar, que se encontra nos valores mais elevados dos últimos oito meses. MATÉRIAS- -PRIMAS GÁS NATURAL Os futuros de gás natural encontram- -se pressionados com o receio de uma adesão internacional ao embargo ao Qatar. Perante este cenário, a redução da oferta por parte do maior exportador mundial, provocaria uma forte subida do preço por escassez, o que preocupa os investidores neste momento. Assim, como forma de se precaverem contra esta eventual circunstância, recorrem à compra antecipada de futuros das diversas maturidades do front, o que está a levar à valorização do preço do gás natural, no curto prazo. CAPITAIS CAC 40 O índice francês tem sido dos europeus mais pressionados, desde o início de maio. Tendo sido fechadas grande parte das posições compradoras aquando do rally, facto que pressionou a cotação, espera-se uma nova pressão compradora nesta fase. Em termos técnicos, os analistas valorizam o teste de 61,8% de retração e o suporte que está a ser criado nesta zona. É este apoio que está a conter as quedas do ativo e onde se encontram grande parte das ordens pendentes. Desta forma, espera- -se um comportamento positivo do índice francês, nas próximas semanas. RESIDENTES EM PORTU- GAL INE publica Estimativas de População Residente em 2016 ESTATÍSTICAS DO BCE BCE apresenta estatísticas sobre o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor sazonalmente ajustado (maio) NOTAÇÃO Fitch revê o rating da dívida portuguesa

35 O Jornal Económico, 9 junho BARÓMETRO Com o apoio de Devolver a energia ao consumidor Cristina Bernardo JORGE NUNES Partner da EY Portugal O Blockchain é o mais recente buzz no mundo digital e a sua aplicação ao setor energético podeseroelementoquefaltava no caminho para um sistema de energia descentralizado, autónomo e com foco nas energias renováveis. Esta é uma tecnologia assente em bases de dados interligadas por blocos virtuais que registam uma cadeia ( chain ) de transações entre as diferentes partes de forma verificável e permanente, permitindo retratar a história completa das transações de um determinado produto/serviço. Consequentemente, os intermediários tradicionais tendem a ser eliminados, o que possibilita a redução de custos e o aumento da eficiência nas transações registadas através desta tecnologia. Para uma indústria que se encontra em transformação, devido à liberalização do mercado, à geração descentralizada, à emergência de redes e clientes smart, e à crescente necessidade flexibilizar a procura, a capacidade de registar cada transação de forma verificável por todos os stakeholders vai permitir endereçar alguns dos desafios da indústria, nomeadamente: - Monitorização da produção e consumo de energia, permitindo a aplicação de preços diferenciados para as energias renováveis - Automatização e flexibilidade no equilíbrio entre a procura e a oferta de energia, permitindo a venda/compra de energia entre os consumidores, sem necessidade de intermediário - Realização do trading de energia através do uso das bases de dados (distributed ledger), que elimina a necessidade de uma liquidação centralizada e dispendiosa - Identificação dos consumidores e da tecnologia operacional para eliminar as perdas não-técnicas e acelerar a resposta às necessidades do mercado Apesar do potencial do Blockchain para as empresas de energia, existem, ainda, barreiras significativas que desafiam a sua implementação. Por um lado, o contexto regulatório pode limitar a arquitetura necessária para a implementação da tecnologia. Por outro, apesar da tecnologia em si garantir a segurança adequada, as aplicações emergentes ainda estão pouco testadas, não garantindo a segurança necessária para os utilizadores. Por último, a adoção desta tecnologia é muito embrionária, com um volume de transações baixo, ainda pouco preparada para cenários com necessidade de um grande volume de transações, como o do setor energético. Neste contexto, os próximos passos serão cruciais para o futuro da indústria. As empresas capazes de colocar o Blockchain nas suas agendas de inovação estarão mais preparadas para lidar com as futuras dinâmicas de mercado, sem intermediários, e com um sistema de produção de energia totalmente distribuído. Apesar do potencial do Blockchain para as empresas de energia, existem barreiras significativas para a sua implementação. Portugal está nas bocas do mundo ANTÓNIO OLIVEIRA Executive Diretor da EY Portugal está na mira de investidores estrangeiros, apetite em muito alimentado pelas recentes e diversas conquistas internacionais e pelas medidas de promoção do nosso País. Todos os anos Portugal é palco de inúmeros eventos que contribuem para esta projeção internacional. Em 2016, Portugal recebeu, pela primeira vez, o Web Summit, uma das maiores conferências de tecnologiaanívelmundial,queatraiu para Lisboa mais de 50 mil pessoas e, em 3 dias, captou para a economia nacional algo como 200 milhões de euros. Em 2017 já recebeu o Papa Francisco, já ganhou um festival da canção e já se prepara para acolher tantos outros eventos que nos colocarão, umavezmais,nabocadomundo. O apetite pela oportunidade Portugal tem-se generalizado a vários setores da economia nacional. Já não é só o Turismo que atrai ao nosso País capitais estrangeiros existindo um interesse diversificado e generalizado pela nossa economia. Esta realidade traduz-se ano após ano no crescimento da atividade de M&A. Olhando para os primeiros quatro meses do ano, ocorreram 95 transações*, das quais 35 com valores acumulados que excedem 8,4 mil milhões de Euros (aumento de 315% face ao período homólogo). O apetite pela oportunidade Portugal tem-se generalizado a vários setores da economia nacional A confiança no nosso país está a crescer e é alimentada, de acordo com o EY s Attractiveness Survey, pela estabilidade social e pelo nível de competências laborais queosinvestidorespercecionam e os faz olhar para o nosso país como uma oportunidade de investimentocomumprazobem maislongodoqueodoseventos que o promovem. Na EY vivemos este momento de projeção do país e de captação deinteresseedecapitaisestrangeiros diariamente. Somos recorrentemente abordados por investidores internacionais que procuram oportunidades em diversos sectores com o intuito de alargar a sua abrangência geográfica e participarem neste momento de prosperidade e crescimento económico que Portugal atravessa. Quer através da abertura de capital a novos acionistas, quer através de estratégias de desinvestimento para (re)investir no core, este é, sem dúvida, um período de excelência para as empresas portuguesas crescerem e se tornarem mais competitivas. * Fonte: TTR

36 36 O Jornal Económico, 9 junho 2017 ADVISORY ADVOGADOS, CONSULTORES E BANCOS DE INVESTIMENTO ENTREVISTA PAULO DE MOURA MARQUES, sócio fundador da AAMM Angola e Moçambique são mercados muito interessantes Paulo de Moura Marques, sócio-fundador da AAMM, acredita que o sucesso do turismo se deve ao facto de existir uma estratégia nacional para o setor. FILIPE ALVES E MARIANA BANDEIRA falves@jornaleconomico.pt Fundada há cinco anos, por profissionaisvindosdeoutrasfirmas,a Abecasis, Moura Marques, Alves Pereira(AAMM)contahojecom umaequipade20advogadosem várias áreas de prática. Em entrevista ao Jornal Económico, o sócio-fundador Paulo de Moura Marquesexplicaaestratégiade crescimento da sociedade e a forma como pretende fazer frentes aos desafios futuros. Que balanço fazem destes cinco anos de AAMM? Acho que em cinco anos de escritório temos uma história peculiar. As pessoas que o integram como sócios têm uma carreira consolidada e vieram de outro escritório. Para continuar a crescer, pretendemos pessoas que sejam especializadas nassuasáreas,quefaçamprogredir colegasmaisnovosequeadicionem ao escritório valências técnicas. Não estamos a integrar [novos] sócios que façam a mesma coisaquejáfazemos.sealgumavez evoluirmos para um full service será por uma junção de especialistas e não por acharmos que é bom terestaouaquelaárea. A firma ganhou um prémio internacional sobre igualdade de género. Apoiam as quotas? Quando formámos a equipa não pensámos se seriam mais senhoras ou mais cavalheiros, pensámos em advogados(as), gente com qualidade. Não é um critério em que pensemos. Acho que não me consigo pronunciar sobre as quotas porque sãoalgoqueseutilizaparapromover a igualdade. Ouço muitas senhoras dizerem que são contra as quotas, porque são outra forma de desigualdade. Os escritório fundado há cinco anos está a organizar parcerias com firmas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Como é que vê o escritório daqui a cinco anos? Todasasempresasprocuramira novos segmentos, arrastando o princípio de qualidade para outros onde não estavam. Os escritórios de advogados não serão diferentes. Não estamos virados para o volume e, para termos isso, temos de ter esses especialistas. Cada pessoa que cria um escritório, principalmente em Portugal, julga-o à sua imagem. Temos de permitir que os colegas mais novos consigam atingiropatamardosrestantes.hoje pretende-se dar a ideia de que a marca é um atrativo. Este princípiotemmuitomenosalcancedo que muitas vezes se pretende. É mais verdadeiro para escritórios nos Estados Unidos ou no Reino Unido. As sociedades em Portugal vivem muito mais os seus talentos individuais, que têm equipas muito eficazes à volta. Por isso é que quando se vê que, quando equipas muito conceituadas de uma determinada área saem de lá, aquela área acaba por ruir. E quais as áreas de prática onde vê mais potencial? Além das típicas em que o escritório já se movimenta, é sempre possível mais e melhor, em laboral, fiscal, propriedade intelectual, os novosdireitosdetecnologia,bancário e mercado de capitais. A venda de carteiras de crédito malparado é uma das áreas com potencial de atividade? Admito que sim. Acho que há investidores interessados. Em Portugal somos muito poucos os advogados especializados para fazer bem a gestão de dívida. Acho que é um mercado futuro e geralmente é trabalhado por advogados de Direito Público porque conhecem os meandros destas regras específicas. Se tudo correr bem, haverá cada vez menos dívida. Estão a apostar no Brasil. Que outros países têm em vistal? Acho Angola e Moçambique dois mercados muito interessantes. São apostas com futuro para as sociedades portuguesas. Temos grandes dificuldades em podermos colaborar com colegas locais estabelecidos. Há uma ideia errada, pré-concebida,deque,fechandoapossibilidade de advogados portugueses trabalharem nesses mercados, se reserva um mercado local. ÉumtemaqueaOrdempoderia acompanhar? A Ordem por certo estará atenta a este problema. Pertence a uma classe de problemas típicos de certos tipos de perfis de advogados e sociedades. É importante para Portugal, enquanto país distribuidore hub parainfluênciano mundo. Além dos investidores portugueses que estão a apostar lá, temos ainda uma plataforma de multinacionais que usam os seus advogados com capacidade de mobilização local. Que balanço faz da ex-bastonáriadaordemdosadvogados?e que opinião tem do novo? Demos tempo ao tempo. Não é poràsvezesnãonosrevermosem certos projetos que quer dizer que nãosetenhafeitoomehor.em eleições como as da Ordem, uma coisa é a postura que um candidatoapresentaeoutraéodiaadia. A realidade molda-nos, faz-nos ter um discurso mais regrado e uma ação mais contundente. Quem é bastonário neste país deve ter por certo uma carga de trabalho interno e externo e gerir sensibilidades. Comoolhaparaapolémicado alojamento local? Vejocomgosto.Estáligadacoma maneira como lidamos com o turismo. Há 20 anos ninguém discutia isto. Dizia-se que os centros das cidades estavam a envelhecer, queosnossosbairroshistóricos estavam despovoados, que todo o comércio estava abandonado. Hoje debate-se como se regula essa utilização, de que forma vamos compatibilizar meios e usos em certas zonas da cidade. Saberemos encontrar um ponto de equilíbrio, mesmo que demore algum tempo. A nossa economia está dependente do turismo? Muito. Quando falamos em turismo falamos em integrar toda a sociedade.seráamaiorindústriado mundo. É uma aposta ganha.

37 O Jornal Económico, 9 junho Cristina Bernardo OPINIÃO Isenção de IMT na aquisição de bens da massa insolvente CARLA MATOS Sócia, Departamento de Fiscal, CCA ONTIER que enquadradas no âmbito de um plano de insolvência ou de pagamento, ou praticados no âmbito da liquidação da massa insolvente. Assim, após anos de liquidações incorretas de IMT por parte da AT, que implicaram liquidações e pagamentos de IMT ilegais, estão reunidas as condições para o retorno à legalidade e ao respeito pelos contribuintes, que poderão, agora, em determinadas circunstâncias, ver-se ressarcidos do IMT indevidamente liquidado. Após anos de liquidações incorretas de IMT por parte da AT, estão reunidas as condições para o retorno à legalidade e ao respeito pelos contribuintes A questão que se coloca é de saber porque demorou tanto a AT, sabendo que os seus serviços aplicavam incorretamente um preceito legal, a adotar o entendimento do STA. Importará também perguntar quem será responsabilizado por esta inércia e como se poderá compensar os contribuintes por esta aplicação errónea da lei repetida e reiterada, por parte da AT. Parece que, infelizmente, e como sempre em Portugal, a culpa morrerá solteira. PUB ANDREIA FAUSTINO Associada, Departamento de Fiscal, CCA ONTIER Quem pensaria que chegaríamos a 2017 a rivalizar com Nova Iorque, Londres ou Paris? Isto deve-se à segurança e à comodidade. Temos sucessivos governos que olharam para esta questão da mesma forma. O turismo tem sido talvez dos [poucos] planos que tem seguido um desígnio nacional. Poderia ser replicado noutro setor? Claramente. Temos de criar consensos nacionais. Há setores em que temos de parar, por diferenças de lado e dizer isto é importante para nós. A saúde é um deles. Passámosospioresanosdacrise,temos de voltar-nos para o exterior. Nunca nos vimos como exportador. Temos o maior número de pessoas especializadas e estamos a exportar conhecimento. Alguma coisaestamosafazerbem. Durante muito tempo, a Autoridade Tributária (AT) entendeu, reiterada e incompreensivelmente, que a isençãodeimt,previstanoâmbito no Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE), se aplicava somente às transmissões onerosas de bens imóveis integradas na universalidade do estabelecimento ou empresa, excluindo desta isenção a alienação de cada imóvel, por si, sem que estivesse integrado num estabelecimento ou numa empresa. Por esse facto, os tribunais portugueses foram, naturalmente, inundados por inúmeros processos, que visavam o reconhecimento de queaisençãodeimtabrangia também a transmissão de cada imóvel isoladamente. Somente após muitos anos e de diversos acórdãos do STA terem decidido no mesmo sentido, veio a AT publicar no dia 10 de fevereiro de 2017 a Circular n.º 4/2017, pela qual ficou claro que a referida isenção de IMT se aplicava também à transmissão de imóveis, ainda que isolada, sem ser englobada num estabelecimento ou empresa. Por sua vez, no dia 29 de maio de 2017 foi publicado o Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo n.º 3/2017, que uniformiza a jurisprudência, pondo termo a inúteis e incompreensíveis conflitos entre decisões de tribunais, nos seguintes termos: ( )aisençãodeimtprevista pelo n.º 2 do artigo 270.º do CIRE aplica-se, não apenas às vendasoupermutasdeempresasouestabelecimentos enquanto universalidade de bens, mas também às vendas e permutas de imóveis, enquanto elementos do seu ativo, desde

38 38 O Jornal Económico, 9 junho 2017 UNIVERSIDADES & EMPREGO AESE BUSINESS SCHOOL Executivos aprendem a decidir com caso Ecco Empresa de calçado deslocalizou produção para a Tailândia, mas acabou por voltar para Portugal. AESE estuda caso na escola de negócios. ALMERINDA ROMEIRA aromeira@jornaleconomico.pt A dinamarquesa Ecco instalou-se em Portugal em Foi atraída pela produção baseada na mão-de- -obra barata que o país oferecia. EmSãoJoãodeVer,concelhode Santa Maria da Feira, chegou a ter aproximadamente milhar e meio de trabalhadores e uma produção anualdecercade23milhõesdepares de sapatos. Quando o Extremo Oriente começou a oferecer custos de produção mais baixos e proximidade à matéria prima, a Ecco apanhou a boleia e deslocalizou para a Tailândia. Aí, um acidente fabril de grandes dimensões fê-la repensar. O regresso da empresa de calçado Ecco a Portugal para produção emsériedecalçado,em2011,foio tema central de um trabalho de investigação realizado por José RamalhoFontes,quesetraduziuna redação de um caso, publicado com título de Ecco Portugal Com ele, o investigador, especialista na área de Operações e Inovação, que é também Presidente da AESE, venceu a última edição do concurso de casos promovido pela FAE/EDP. Esta investigação é agora ensinada nos programas de formação de executivos da escola, queutilizaométododocasopara ensina líderes e executivos a tomar decisões. O caso Ecco Portugal 2015 desafia os participantes nos programas da AESE a assumirem o papel de Gustavo Kremer, CEO da empresa, empenhado em fazer crescerafábricades.joãodeverem Ométododocaso nasceu no pós II Guerra Mundial na Harvard Business School e é usado para formar executivos um pouco por todo o mundo, usando experiências reais para encontrar soluções para os desafios do dia-a-dia termos de valor acrescentado e de criação de emprego qualificado. Esteéocasomaisrecenteinvestigado e aplicado nos programas de formação de executivos da AESE, que recorre a casos reais que retratam situações semelhantes àquelas que os dirigentes encontram no exercício das suas funções. Este vestir a camisola, ou dar corda aos sapatos, no caso Ecco, passa por várias fases a fim de optimizar a experiência acumulada dos participantes na gestão de pessoas ou projetos. A primeira dessas fases tem a forma de estudo individual o aluno coloca-se na posição do protagonista da história e avalia que opções tomaria para resolver a situação. Na segunda fase, já na AESE,osparticipantes,inseridos numgrupocomumadezenade pessoas, com backgrounds e valências diferentes confrontam a leitura que fizeram do caso. E isto porquê? Porque as pessoas dosrecursoshumanostêmuma visão diferente das pessoas do Marketing e estas divergem da visão dos financeiros. Este grupo procura ser o mais parecido com uma reunião de direção. A heterogeneidade dos percursos académicos e profissionais alarga o leque de análise e resolução do problema dos líderes, explica José Ramalho Fontes ao Jornal Económico. A isto chama-se learning teams. Na fase final que decorre no âmbito da sala de aula, os vários grupos de estudantes reúnem-se com oprofessorqueosvaiajudaratocar nos pontos-chave de cada caso. No fundo, ajuda-os a descobrir as melhores decisões enquadrando-o caso original com a evolução que poderá ter tido no mercado. Ométododocasofoitrazido para Portugal pela escola de negócios AESE em 1980 e desde essa altura tem vindo a conquistar adeptos. A AESE tem vindo a desenvolvê-lo com o apoio da sua parceira espanhola IESE Business School, uma das principais escolas mundiaisdeformaçãodeexecutivose de MBA, segundo o britânico Financial Times. Também a rede de escolas associadas do IESE utiliza esta metodologia. A AESE e o IE- SE levaram-na para Angola, onde é utilizada na ASM Angola School ofmanagement. Ométododocasonasceunopós II Guerra Mundial na Harvard Business School e é usado para formar executivos um pouco por todoomundo,usandoexperiências reais para encontrar soluções para os desafios do dia-a-dia. ENTREVISTA JOSÉ RAMALHO FONTES, Diretor da AESE Tropecei comumcerto desinteresse A investigação, que teve no centro a Ecco, conclui que há aspetos a melhorar no setor do calçado, apesar do bom desempenho recente.

39 O Jornal Económico, 9 junho BREVES Ray Human Capital anuncia nova direção em Portugal Margarida Lousada, Miguel Abreu e Francisco Sanchez vão dirigir a Ray Human em Portugal. A empresa que opera na área da pesquisa e seleção, avaliação de talento e consultoria de capital humano, destaca em comunicado a experiênciadanovaequipa degestãoedaequipade consultores que a integram. A Ray Human Capital mantém o foco no desenvolvimento de projetos que primam pela diferenciação e qualidade. 301 A Universidade do Porto foi distinguida pelo QS World University Ranking 2018 como a melhor instituição de ensino superior em Portugal. O estudo dá ao UPorto o 301.º lugar em instituições de todo o mundo. Com uma cana pesco para mim, com uma rede pesco para todos. Carlos Pedro Ferreira, presidente da Associação de Antigos Alunos da Universidade de Aveiro ALMERINDA ROMEIRA aromeira@jornaleconomico.pt Em que circunstâncias surgiu esta investigação? Há três anos iniciei um projeto de investigação que liga a Open Innovation, os clusters e a competitividade da indústria nacional e, escolhi o setor do calçado como referência pela sua posição singular neste cruzamento com mais de 98% de exportações no valor de 1,85 mil milhões de euros, e um crescente reconhecimento internacional da marca Made in Portugal.Tendo em atenção uma escala internacional e uma forte presença industrial, em Portugal, não havia grandes opções, impondo-se o estudo de caso da ECCO pela facilidade de acesso através de uma aluna da AESE, a Graça Tinoco, que trabalhou na direção dessa empresa mais de 25 anos. Aliás, procurei escrever o caso de uma empresa portuguesa de referência mas tropecei com um certo desinteresse do empresário e, também, com uma falta de dimensão comercial relevante, pelo que também fui orientado para fora. O cluster do calçado tem tido um crescimento muito sustentado. Portugal exporta 95 % da sua produção e tem uma qualidade absolutamente reconhecida. À luz das lições aprendidas com a Ecco, que aspetos destaca? Destaco três ideias básicas. A primeiraéaeficiênciaindustrialque Portugal teve e tem em muitos setores, decorrente de uma mão de obra um pouco mais barata. É preciso também uma cooperação estruturada com fornecedores, equipamento, hardware, software e clientes de referência, sobretudo clientes B2B. Em segundo lugar, a formação profissional e a relação com os centros tecnológicos é um aspeto que tem também de ser estruturado numa perspetiva de médio prazo, de uma maneira continuada, que se considere investimento e não um custo, para que o conhecimento fique trabalhado, estruturado, organizado e se possa reproduzir. Por último, dada a dimensão reduzida, em geral, das empresas portuguesas, uma associação única, forte, profissional, pode constituir um centro de racionalidade que potencia cada uma dasempresase,aomesmotempo, o setor no seu conjunto. Adecco proporciona experiência de gestão de topo O grupo Adecco, especialista em soluções de recursos humanos, selecionou 48 jovens entre as 120 mil candidaturas rececionadas anívelmundialparaoprograma CEO por um mês. Bernardo Marçal, licenciado em Gestão Industrial e Logística é o português escolhido para participar na iniciativa. O jovem vai agora passar um mês com a diretora geral da Adecco Portugal, Carla Rebelo e dar os primeirospassosnagestão.

40 40 O Jornal Económico, 9 junho 2017 IMOBILIÁRIO MERCADO Regressam os novos e grandes empreendimentos Mesmo com a dinâmica da reabilitação urbana nos centros das cidades, estão em construções novos empreendimentos, mesmo alguns que tinham ficado parados por causa da crise. FERNANDA PEDRO fpedro@jornaleconomico.pt Depois da tempestade vem a bonaça assim diz o ditado popular e que no setor do imobiliário parece efetivamente fazer sentido neste momento. A reabilitação urbana está ao rubro sobretudo, em determinadas zonas das cidades de Lisboa e do Porto. Mesmo que sejam projetos para determinados nichos, nomeadamente para os investidores de segmento alto e estrangeiroseondeospreçosdo metroquadradodispararam,sobretudo na capital portuguesa, que pode atingir os 10 mil euros o metro quadrado. Nestadinâmicadareabilitação que, em muitos casos pouco representa uma intervenção de reabilitação, são essencialmente projetos que aproveitam as fachadas mas literalmente construídos de raiz. Contudo, alguns especialistas falam em possíveis bolhas imobiliárias e outros que discordam. Na verdade, tal como referido, o aumento dos preços revelou-se sobretudo em determinadas zonas das cidades e em determinados projetos e existe mesmo quem defenda que já existe falta de projetos de construção nova. Como revela o economista Joaquim Montezuma de Carvalho, professor auxiliar convidado no ISEG/Lisbon School ofeconomics and Management e sócio gerente da ImoEconometrics, sobre a possível especulação dos preços da habitação emlisboa,oqueseestáaverificar nestemomento,équeaprocura está a superar a oferta, sobretudo porque o que chega ao mercado são na maioria das vezes ofertas de 10 ou poucos mais apartamentos, isso naturalmente faz subir os preçosenãovairesolveroproblema da procura. Apesar de ainda existirem muitos edifícios para reabilitar nas cidades, o que está a acontecer atualmente, é falta de produto novo, projetos construídos de raiz com alguma dimensão, para os preços se voltarem a equilibrar, garante Montezuma. Desta forma, o Jornal Económico foi pesquisar sobre o estado atual dos novos empreendimentos que estão a ser construídos em Lisboa. Aquele que mais se destaca é naturalmente o do Jardins de Braço de Prata, que agora se designa Prata Living Concept. Durante 12 anos esteve encalhado nas burocraciasenosmeandrosaprovatórios da Câmara Municipal de Lisboa. Depois de finalmente o então promotor a Obriverca obteve a luz verde camarária e relançou o projecto, estavámos em 2010, em plena crise económica, e nem o momento era propício nem empresa promotora manifestava saúde financeira para o levar a cabo. Nova paragem até 2016, altura em quefinalmentearrancouoambicioso empreendimento que tem a assinatura de um dos nomes grandes da arquitectura mundial: o italiano Renzo Piano, autor do icónico Centro Pompidou, em Paris, sendo assessorado a nível nacional pela CPU Consultores, do arquiteto Adriano Callé Lucas. Neste momento, o empreendimento é promovido pelo fundo fechado Lisfundo, gerido pela Norfin, e é apoiado financeiramente pela CGD e o Novo Banco. O maior projeto em construção em Lisboa O Prata Living Concept é uma urbanização, considerado o maior projeto imobiliário em curso na cidade de Lisboa, com um total de 498 fogos e m2 de área bruta de construção. Existe falta de produto novo, projectos construídos de raiz com alguma dimensão, para os preços se voltarem a equilibrar Na região de Lisboa, os empreendimentos construídos a partir de edifícios antigos ainda dominam O projeto prevê a construção de habitação, comércio, serviços. Todaaáreaenvolventeaoprojeto será objeto de tratamento paisagístico contemplando uma área de verdedegrandedimensãoque funcionará como um parque urbano disponível para a cidade de Lisboa. O empreendimento ocupa os nove hectares dos terrenos que pertenciam à indústria de material de guerra INDEP e representam um investimento previsto de 450 milhões de euros. Inserido na frente de Tejo da Freguesia de Marvila,apoucascentenasdemetros do Parque das Nações, o Prata Living Concept vai usufruir inteiramente do futuro Parque Ribeirinho Oriental que o irá ligar à marina do Parque das Nações. Nova habitação às portas de Lisboa Segue-se às portas da capital a nova fase do Belas Clube de Campo. O grupo André Jordan anunciou recentemente o investimento de 100 milhões de euros na construção das primeiras 200 unidades do projeto Lisbon Green Valley. Com uma oferta diversificada, distribuída por um conjunto de apartamentos, townhouses e lotes para construção de moradias, num total de 366 unidades, o Lisbon Green Valley faz uma aposta decisiva na riqueza e sustentabilidade arquitetónica dos seus produtos. Para além das primeiras 14 townhousesedolotede19apartamentos, já em construção, os promotores vão também enriquecer as infraestruturas disponibilizadas à comunidade de moradores, nomeadamente com a construção de umaescolajoãodedeus(doberçário ao 6ºano de escolaridade), cuja abertura está prevista para Setembro de 2019, uma unidade de saúde, estando ainda previsto um lote para a construção de um Centro Hípico. Neste momento, estes são os dois projetos de maior dimensão em construção na Grande Lisboa. Contudo, outros mais pequenos também estão em fase de construção. O empreendimento Quinta do Paço Lumiar surge integrado num espaço de m2 com origem no século XVIII. É composto por dezassete moradias em banda doze T3+1 e cinco T4+1, organizadas perpendicularmente ao longo de um novo arruamento e tem a assinatura do reconhecido arquiteto português Eduardo Souto Moura. José AntónioTeixeira,CEOdoGrupoRAR,

41 O Jornal Económico, 9 junho Assinatura BREVES Álvaro Siza Vieira e Valerio Olgiati no Archi Summit 2017 Álvaro Siza Vieira e ValerioOlgiatisãooscabeças de cartaz do Archi Summit 2017, em Lisboa que decorre no Pavilhão de Portugal nosdias6e7dejulho.para além de conferências com nomes da arquitectura internacional, pode visitar a exposição de materiais e soluções de construção, cuja assinatura cabe ao gabinete de Manuel Aires Mateus. Em simultâneo, decorrem várias intervenções e manifestações artísticas. 400 Milhões de euros representa a carteira de investimentos do The Edge Group,, um conjunto de holdings de investimentos e capital de risco, lideradas por José Luís Pinto Basto, que comemora 15 anos de existência. Há 68% de candidaturas que têm condições de serem aprovadas, masparaasquais não há subvenção Vitor Reis, presidente do IHRU sobre a Porta 65 - Jovem promotor do projeto, revelou na altura do lançamento, que o mercado está de novo a dinamizar e que era altura de lançar novos empreendimentos. O mercado volta a dar sinais de crescimento e com um projeto com a assinatura do arquiteto Souto Moura, estou convicto que será de sucesso, referiu- -nos José António Teixeira. Também destacamos o empreendimento SottoMayor Residências, um dos maiores em construção no centro de Lisboa, são 97 apartamentos de luxo na Avenida Duque de Loulé distribuídos por um conjunto de quatro edifícios que datam do início do século XX, com traça caraterística da época. Empreendimentos de construção nova estão de regresso ao mercado imobiliário português. Em Lisboa, o maior está a nascer na frente ribeirinha, na freguesia de Marvila, o Prata Living Concept, do famoso arquiteto Renzo Piano Este é daqueles empreendimentos onde apenas foi preservada a fachada, todos os edifícios são construídos de raiz. Outro em fase avançada é o Santos Design com oito pisos e m2 de construção. Composto por 24 apartamentos - todos com estacionamento -, apresenta tipologias entre os T1 e T5. Promovido pela Stone Capital, com projeto arquitetónico do Atelier ARX - dos irmãos Nuno e José Mateus. O edifício Focus Lx, em plena Avenida António Augusto Aguiar, em Lisboa, também está em fase final de construção. Irá disponibilizar26apartamentosdeluxodeti- pologias T1 a T5, com áreas que variam entre os 85 e os 256 m2, distribuídos por 14 pisos (dos quais quatro em subsolo) e é promovido pela AM48. Estes são apenas alguns empreendimentos em desenvolvimento, não existe espaço para escrever sobre todos eles. Contudo, já conseguimos perceber que os projetos novos estão de volta, alguns já em fase adiantada de construção e outros que em breve vão chegar ao mercado. Resta perceber se irão surgir empreendimentos dirigidos ao segmento médio da população portuguesa porque na realidade a maioria destes projetos são dirigidos à classe média/alta. Mais 10 milhões para valorizar projectos turísticos A secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, anunciou que a linha de apoio à valorização turística do interior, o programa Valorizar, vai disponibilizar mais 10 milhões de euros. A responsável adiantou em Évora, à margem da Conferência Turismo Sustentável que o Governo vai duplicar o valor do programa Valorizar, criado pelo Governo há cinco ou seis meses.

42 42 O Jornal Económico, 9 junho 2017 IMOBILIÁRIO Stefan Wermuth /Reuters projeto é financiando pelo programa europeu de investigação e inovação Horizonte O responsável adianta que este projeto visa alcançar uma redução do consumo energético dos edifícios-piloto em 35% através da otimizaçãododesempenhodoedifício em tempo real, para tal será desenvolvida uma ferramenta dinâmica de apoio à decisão que vai permitir a deteção atempada de desvios, bem como o seu diagnóstico. Desta forma, a ferramenta irá possibilitar um controlo preditivo e otimizar o consumo energético de cada sistema de acordo com as necessidades atuais. É importante destacar que os utilizadores dos edifícios são o elemento central do projeto, estando sempre assegurada a satisfação das suas necessidades e preferências com níveis de conforto superiores a 80%., explica Ricardo Rato. O MOEEBIUS teve início em Novembro de 2015 e terá uma duração de três anos e meio. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 100 mil milhões por ano para reduzir energia nos edifícios Os projetos europeus MOEEBIUS e ClimACT pretendem introduzir em Portugal métodos mais eficazes na redução de energia no parque edificado em 35% e levar às escolas uma política de baixo carbono. FERNANDA PEDRO fpedro@jornaleconomico.pt A necessidade de poupar energia já entrou na consciência coletiva, não sócomformasmaiseficazesde poupar na factura da eletricidade mas alargar ao edificado. De acordo com a Comissão Europeia (CE), melhorar a eficiência energética dos edifícios pode reduzir o consumo energético na UE em 5% e as emissões de CO2 em 6%. Dados ainda da CE revelam que são necessários 100 mil milhões de euros por ano para conseguir cumprir os objectivos de eficiência energética traçados para 2020, os quais estabelecem poupanças energéticasde20%atéessadata.osedifícios são, neste contexto, um dos O MOEEBIUS permitirá a otimização do desempenho do edifício em tempo real, suportado por uma ferramenta dinâmica que agrega a monitorização com algoritmos de inteligência artificial factores mais relevantes, já que são responsáveis por cerca de 40% do consumo total de energia na UE e de 36% das emissões de CO2. Além dasregrasedirectrizesparaosedifícios novos, que devem ter um balanço energético próximo do zero em 2020, a CE alerta para importância de realizar melhorias no parque edificado, referindo que 35% de todos os edifícios existentes no território têm mais de 50 anos. Com esta realidade, a investigação para medidas mais eficazes de eficiência energética tem vindo a ser realizada com a introdução de novosprojetos.umdeleséoprojeto europeu MOEEBIUS (Modelling Optimization of Energy Efficiency in Buildings for Urban Sustainability) que tem como principal objetivo a introdução de uma metodologia holística de otimização da eficiênciaenergéticaquepermitamelhorar as estratégias atuais de modelação e disponibilizar ferramentas de simulação inovadoras. Ricardo Rato, responsável da Área Sustainable Innovation Centre do ISQ- Instituto de Soldadura e Qualidade, responsável pelo projeto, revela que com o MOEEBIUS pretende-se captar e descrever em profundidade as complexidades da operação dos edifícios em contexto real, quer através de simulações mais precisas, reduzindo significativamente os desvios atuais em entreoconsumoprevistoeoconsumo real dos edifícios, como pela otimização contínua do desempenho energética dos edifícios. Este Eficiência energética chega ao parque escolar Além deste, outros projetos estão também a ser implementados, tais comooclimact(actingforthe transition to a low carbon economy in schools development of support tools), financiado pelo programainterregsudoe,estáadesenvolver três ferramentas de apoio à transição para uma Economia de Baixo Carbono nas escolas. Ricardo Rato está igualmente responsável por este projeto e explica que numa primeira fase as ferramentas ClimACT serão implementadas, testadas e otimizadas em 35 escolas piloto de Portugal (Loures, Lisboa, Vila Nova de Gaia e Matosinhos), em Espanha, França e Gibraltar. O responsável adianta que este projeto adota uma abordagem integradaaparaapromoçãodadescarbonização nas escolas. Por um lado, atua ao nível da monitorização da performance dos edifícios, identifica medidas de melhoria do desempenho ambiental das escolas e potencia os investimentos em eficiência energética. O ClimACT incide não só ao nível da eficiência energética, mas tambémnaeficiêncianousodaágua, na gestão de resíduos, na qualidade do ar interior, nos transportes, nos espaçosverdesenascomprasverdes, explica Ricardo Rato. Por outro lado, o projeto ClimACT considera que o setor escolar detém um enorme potencial na formação e sensibilização em sustentabilidade e, por isso, desenvolve ferramentas educacionais que pretendem capacitar os alunos garantindo a sua contribuição para a descarbonização da economia. Numa segunda fase, está previsto estender a metodologia ClimACT a todas as escolas do espaço SUDOE que pretendem juntar-se aestainiciativa.

43 O Jornal Económico, 9 junho PUB INVESTIMENTO Londres recebe imobiliário de luxo português 300 milhões de euros de projetos portugueses vão estar na 1ª Feira de Investimento Imobiliário e no Turismo que vai decorrer em Londres. FERNANDA PEDRO fpedro@jornaleconomico.pt A primeira Feira de Investimento Imobiliário e no Turismo dedicada a Portugal irá realizar-se entre os dias20e21deoutubronobusiness Design Centre, Londres. Trata-sedeumeventodirecionado aosinvestidoresbritânicosede outros países Europa, Médio Oriente e Ásia, presentes na capital britânica. Decorre em paralelo com a 2ª edição do encontro de negócios The Portuguese Offer e conta com o apoio da aicep PortugalGlobaledaPortugueseChamber ofcommerce no Reino Unido. De acordo com Jorge Pinto, responsável da organização, a realização deste evento permitirá apresentar mais de 300 milhões de euros de projetos portugueses a investidores internacionais altamente motivados para financiarem projetos em Portugal. Para garantir o sucesso, há já um trabalho a decorrer em perceber os projetos e as suas necessidades de financiamento, identificando quem são os potenciais investidores interessados, garantindo assim a oportunidade de se realizarem reuniões de negócio personalizadas. O responsável adianta ainda que a aposta é cada vez mais em projetosdealtovaloreexclusividade, que conjugam elevada qualidade de construção, com valor paisagístico e arquitetural, acessos rápidos e oferta de serviços complementares, como sejam a existência de infraestruturas desportivas (golfe, desportos náuticos, etc.), restauração de qualidade, ambiente natural cuidado, atividades culturais e serviços médicos gerais e especializados de qualidade. Em termos de fundos e sociedades de investimento o interesse é igualmente por projetos integrados de reabilitação urbana nas cidades portuguesas e por projetos turísticos de média e grande dimensão, com capacidade de atraírem compradores e investidores internacionais. JorgePintoprevêqueéesperada uma diversidade de participantes de empresas do setor imobiliário (promotores, agentes, mediadores e consultores); proprietários, construtores e gestores de projetos imobiliários; sociedades e consultores de investimento, consultores financeiros; seguradoras e leiloeiras; representantes de hotéis, resorts e outros investimentos turísticos; entidades de prestação de serviços (escritórios de advogados, fiscalistas, arquitetos, empresas de decoração e design de interiores, empresas gestoras de propriedades e condomínios, empresas de segurança e outros serviços de manutenção); municípios, agentes de promoção e desenvolvimento económico; e entidades regionais de turismo e estruturas promotoras do investimento neste setor. De referir ainda que o Reino UnidoéaquintaeconomiamundialeasegundadaUniãoEuropeia, de acordo com o Banco Mundial. O país foi o quinto importador mundial de bens (segundo europeu) e o quinto de serviços (terceiro europeu) em Destaca- -se ainda como segundo exportador mundial de serviços (primeiro europeu) e nono de bens (4º europeu). As empresas e famiílias com sede no Reino Unido são dos principais investidores externos diretos em Portugal, destacando-se cada vez mais o interesse pelo setor imobiliário e do turismo. 1ª Feira de Investimento Imobiliário e no Turismo dedicada a Portugal chega alondres

44 44 O Jornal Económico, 9 junho 2017 SAÚDE DISPOSITIVOS MÉDICOS Preços afastam empresas e impedem acesso àinovação Empresas de dispositivos médicos acusam critério do preço mais baixo nos contratos públicos de limitar acesso à inovação, prejudicando doentes. MIGUEL MAURITTI mmauritti@saudeonline.pt A Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos (APORMED) defende que o critériodo preçomaisbaixo quehoje vigora nos concursos públicos de aquisição de dispositivos médicos pelas instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS) deve ser substituído por critérios que valorizem as propostas economicamente mais vantajosas, de modo a permitir a entrada de inovação no sistema e a não afugentar as empresas, obrigando-as a deslocalizar operações. O sistema atualmente em vigor foiinstituídonopicodacriseeconómica e financeira em Portugal, quando o país foi alvo de resgate, e levou a que as instituições de saúde passassem a adquirir apenas em função do preço, não valorando, como acontecia no passado, a qualidade e as características específicas de cada produto. Em declarações ao Jornal Económico, a presidente da APOR- MED, Maria Antonieta Lucas, diz queestesistematemconstituído uma barreira à utilização de tecnologiadeprimeiralinha,mais inovadora, com evidente prejuízo para os utentes. Em muitos concursos chega-se mesmo a impor preços máximos, que são sempre, ou iguais, ou o que é mais frequente inferiores aosdosconcursosanteriores,que as empresas de dispositivos médicos têm de acompanhar, sob pena de serem excluídas do processo. Assim, mesmo que surjam novas tecnologias, os fornecedores são obrigados a acompanhar os preços definidos. Com estas regras, a não ser que o doente tenha poder de Foram despedidos largas centenas de trabalhadores e deslocalizados de Portugal para Espanha e outros países muitos centros de decisão, diz Antonieta Lucas compra que lhe permita ser intervencionado no setor privado, não consegue aceder à inovação, afirma Maria Antonieta Lucas. No período em que o país esteve sob assistência externa, houve uma redução administrativa dos preços, a uma média de 10% por ano face aos valores praticados no exercício anterior, funcionando o novo preço como fator de inclusão ou exclusão nos procedimentos concursais, diz. Questionada sobre o peso da opinião dos médicos na decisão de compra dos dispositivos que irão utilizar nas intervenções clínicas, Antonieta Lucas diz que os médicosqueintervêmnascomissões responsáveis pela elaboração dos cadernos de encargos dos concursos pouco podem fazer. É verdade que têm uma palavra a dizer relativamente aos dispositivos médicos que elegem para aquisição. O problema é que, se a escolha recair em tecnologias que resultem em despesa superior à estabelecida, esses dispositivos não são adquiridos, explica. Crise levou à deslocalização Fundada em 1990, a APORMED conta atualmente com 58 associados, que empregam cerca de trabalhadores, com um volume de negócios superior a 500 milhões de euros. Representa 44% do mercado global de dispositivos médicos e 74% do mercado público (SNS). De acordo com dados do Health Cluster Portugal, em 2016 o setor exportou 268 milhões de euros. Antonieta Lucas diz que o setor foi particularmente afetado pela crise económica, tendo-se reduzidoonúmerodeempresasede postos de trabalho. Foram despedidoslargascentenasdetrabalhadores e deslocalizados de Portugal para Espanha e outros países muitos centros de decisão, mantendo- -se em Portugal apenas pequenas redes comerciais, diz, acrescentando que a gestão de topo [diretores gerais e country managers] e o middle management de muitas empresas de referência do setor encontram-se atualmente Iberizadas ou clusterizadas, o que faz com que muitas das que ainda operam em Portugal não tenham escritórios próprios ou armazéns locais, dispondo apenas de uma rede comercial. Além das dificuldades associadas ao critério do preço mais baixo, as empresas de dispositivos médicos enfrentam um outro problema: as consignações o fornecimento de dispositivos médicos necessários para suprir necessidades pontuais dosserviçosdesaúde,comopróte- ses ortopédicas com caraterísticas específicas ou stents coronários com um determinado calibre, entre muitos outros. Faceaospedidosquelhessãodirigidos pelos serviços de saúde, as empresas disponibilizam, à consignação, os dispositivos médicos necessários, sendo emitida à posteriori a respetiva nota de encomenda indispensável à faturação. O problema é que, de acordo com dados divulgados recentemente, a prática cresceu 40%, entre dezembro de 2016 e março deste ano, particularmente nos hospitais com dívidas vencidas (superiores a 90 dias) mais elevadas, que desta forma conseguem dilatar os prazos médios de pagamentos reais, que em algumas situações chegam a atingirosdoisanos. Oqueseverificahojeéque muitos hospitais, não tendo capacidade financeira para adquirir os produtos, recorrem à consignação, protelando no tempo a emissão das notas de encomenda e, assim, o pagamento dos dispositivos, acusa Antonieta Lucas. Dívida vencida representa quasedoisterçosdadívida total Emabrilde2017,adívidatotaldos hospitais às empesas associadas da APORMED era de 279,7 milhões de euros, o que representa uma subida de 16,6% face aos quatro primeiros de Daquele valor, quase dois terços 176,8 milhões de euros representam dívida vencida. O

45 O Jornal Económico, 9 junho PUB aumento, em valor, da dívida vencida foi de 27,5 milhões de euros. O prazo médio de pagamento era, em abril, de 339 dias, de acordo com dados fornecidos à APOR- MED pelos seus associados. A dívida relacionada com as consignações atingia, em abril, cerca de 20 milhões de euros, também segundo a APORMED. ApresidentedaAPORMED afirma que as dificuldades financeiras que atingem o setor acarretam riscos para os doentes. porque as equipas técnicas especializadas na manutenção dos equipamentos diminuíram drasticamente, colocando em causa os resultados esperados da utilização de muitos dispositivos médicos, particularmente dos dispositivos ativos, que ne- Foto cedida cessitam de assistência técnica periódica, não apenas para reparações, mas também para recalibração, de modo a garantir a fiabilidade dos dados que disponibilizam. Acresceque afaltadeummapeamento dos equipamentos hospitalares faz com que se desconheçaoestadoemqueestesseencontram, diz. Sabemos, por informações que nos chegam dos associados, que muitos estão de tal modo obsoletos que já não há peças para substituir as que se vão deteriorando, nem equipasespecializadasparaosreparar, afirma aquela responsável, acrescentando eu se trata de um problema agravado pela erosão dospreçosquetambématingiuos contratos de assistência técnica, com reduções administrativas de preços semelhantes aos que sofreram os contratos de fornecimento de dispositivos médicos. Com a publicação do novo quadro regulamentar europeu do setor, publicado em maio último, e que entrará em vigor até maio de 2020, o atual panorama conhecerá uma alteração profunda, acredita Antonieta Lucas. As novas regras preconizam, por exemplo, a fixação, pelo fornecedor, de um prazo de validade do dispositivo, a partirdoqualomesmonãopoderá continuaraserutilizado,algoque atualmente não era obrigatório. Apensarnonovocenárioque irá enquadrar o setor, a APOR- MED definiu uma estratégia que passa pelo reforço da capacidade de intervenção da associação, que passou a integrar a MedTech Europe, uma entidade única europeia que surge da fusão da associação europeia que representava o setor do diagnóstico in vitro, a EDMA, e a associação que representava os dispositivos médicos, a EUCO- MED, da qual a APORMED é associadahálongadata. Um alinhamento que nos permite criar sinergias e escala para melhor enfrentar os muitos e complexosdesafioscomunsaosetor, como a implementação do Novo Código de Ética e do novo Regulamento Europeu do Dispositivo Médico, entre outros, explica Antonieta Lucas. A nível nacional, a associação integraaplataformadecompromisso para a sustentabilidade e Desenvolvimento do SNS, participando ainda em diversas comissões setoriais, com a apresentação de propostas e discussão de medidas com impacto na atividade. No âmbito destas participações, a associação propôs, entre outras medidas, a redução da taxa de IVA dos dispositivos comparticipados pelo Estado, de 23% para 6%. Em parceria com PUB

46 46 O Jornal Económico, 9 junho 2017 MEDIA & COMUNICAÇÃO Stephen Lam/Reuters CHICAS PODEROSAS PROMOVEM EVENTO SOBRE REALIDADE VIRTUAL Lisboa vai ser palco de um evento de realidade virtual promovido pela organização Chicas Poderosas, entre 16 e 18 de junho. O encontro destina-se a todos os que trabalham com imagem em contexto digital - fotografia ou vídeo - programadores, designers, jornalistas e artistas que queiram aprender sobre realidade virtual e filme em 360 graus, com o objetivo de desenvolver experiências de narrativas imersivas, refere a organização. O evento terá lugar no Museu das Comunicações, em Lisboa. No papel de mentores estarão Mariana Moura Santos, fundadora das Chicas Poderosas e ex- The Guardian ; Zena Barakat, da IDEO; Antonio Camara, da Ydreams; Robert Hernandez cujo trabalho pode ser visto em publicações como The New York Times, NPR ou Propublica; Barbara Lippe, a Bjork dos mundos virtuais; Linda Rath-Wiggins, co- -fundadora e CEO da Vragments; Millan Berzoza, do Google News Lab; Simon Duflo, da Wonda VR; Thomas Seymat, da Euronews; Luis Martins, da IT People; Dany Rojas, da 3GO; e Gaby Brenes, das Chicas Poderosas Costa Rica e Argentina. ANGOLA Isabel dos Santos abre guerra à SIC nas redes sociais Empresária angolana, acionista da NOS e da Zap, atacou a Impresa nas redes sociais, afirmando que a suspensão dos canais da SIC em Angola se deve a questões comerciais. Para trás ficaram os tempos em que Isabel dos Santos procurava ser discreta. FILIPE ALVES falves@jornaleconomico.pt O verniz estalou de vez entre Isabel dos Santos e o grupo Impresa. Em ano de eleições em Angola, a acionistadanosedazapretirou do ar os canais de informação da SIC, alegando que os valores cobrados pelo grupo de Pinto Balsemão são demasiado elevados. E no início desta semana, a única operadora que ainda disponibilizava os canais da SIC em Angola - a sul- -africana DStv - deixou de o fazer. Reagindo às notícias que dão conta da suspensão dos canais de informação da SIC em Angola - que coincidiu com as críticas de figurasdoregimeangolanoàlinha editorial dos meios da Impresa - Isabel dos Santos tentou desmentir que a decisão esteja relacionada com questões políticas. ISABEL DOS SANTOS Empresária A filha mais velha do presidente José Eduardo dos Santos tem utilizado o Twitter e o Instagram para atacar os críticos do regime e a comunicação social portuguesa. Sobre a suspensão dos canais da SIC em Angola, atira as culpas para Pinto Balsemão. Através de publicações feitas nas redes sociais, em diferentes idiomas, a filha do presidente angolano José Eduardo dos Santos acusou o patrão da Impresa de inconfessável ganância comercial. A inconfessável ganância comercial do milionário Pinto Balsemão, em Angola quer encaixar pela SIC preço um milhão euros/ano. A comparar com BBC 33 mil euros/ano ou Al Jazeerah 66 mil euros/ano, escreveu Isabel dos Santos, numa reação às notícias sobre o fim da transmissão dos canais de informação da SIC em Angola. A razão é comercial e não política, conclui a empresária, na mesma nota, escrito em português, inglês e francês, defendendo queasic émuitocara. O único serviço de televisão que ainda disponibilizava os canais de informação da SIC em Angola deixou de o fazer esta semana, disse fonte oficial do grupo Impresa ao Jornal Económico. A SIC foi informada que os canais SIC Notícias e SIC Internacional África deixaram de ser trasmitidos na DStv em Angola, afirmou o porta-voz. Em março, a difusão dos canais SIC Internacional e SIC Notícias foi suspensa nos mercados angolano e moçambicano pela operadora de televisão por satélite angolana Zap,quepertenceaIsabeldosSantos e à operadora portuguesa NOS. Isabel dos Santos entra na campanha eleitoral Os ataques à Impresa e aos meios de comunicação social portugueses que, nas suas palavras, divulgam fake news, coincidiu com a entrada em força de Isabel dos Santos na campanha eleitoral para as eleições presidenciais em Ango- la.noinstagramenotwiter,isa- bel dos Santos tem publicado sucessivos posts contra os críticos do governodomplaecontraos meios de comunicação social que dãocontadoagravamentodoestado de saúde do chefe do Estado angolano, que tem recebido tratamentomédiconumaclínicaem Barcelona. Há dias, a empresária envolveu- -se numa troca de galhardetes com o dissendente Luaty Beirão, no Twitter. Na discussão foram trocadascitaçõesdepersonalidades famosas, com Isabel dos Santos a citar Eleanor Roosevelt para sustentar que grandes mentes discutem ideias; mentes medianas discutem eventos; mentes pequenas discutem pessoas. LuatyBeirão,queéfilhodeum ex-responsável do regime, respondeu com outra frase: até as pequenasmentesconseguemcitar.

47 O Jornal Económico, 9 junho DIGITAL Global Media faz site de entretenimento elifestyle Nuno Azinheira é o diretor do projeto e diz que o objetivo é reforçar a oferta digital do grupo. TAMARA LOPES topes@jornaleconomico.pt O novo produto editorial do grupo Global Media que detém o Diário de Notícias, o Jornal de Notícias, O Jogo e o Dinheiro Vivo chama-se N-TV e está especializado em conteúdos de entretenimento gerais relacionados com histórias de vida de personalidades nacionais e internacionais, figuras de televisão, entrevistas, moda e lifestyle, e ainda séries e cinema. Trata-se de uma parceria com a empresa Palavras Ditas e tem como particularidade viver, apenas, na internet, disponibilizando texto, imagens e, também, vídeo. Nuno Azinheira, fundador do Palavras Ditas, antigo jornalista do Diário de Notícias e criador e diretordanotíciastv,revistadogrupo Global Media extinta em 2015, é o diretor editorial do N-TV. Diz ao Jornal Económico que o projeto vem reforçar a oferta digital da Global Media, oferecendo conteúdosdeinformaçãogeraledeentretenimento. Vamos contar histórias de pessoas, diz. A N-TV está a operar há pouco mais de uma semana, com uma equipa composta por sete funcionários, entre eles um produtor de vídeo. Apesar de pequena, é uma equipa bastante empenhada e motivada na criação de um bom produto, assegura Nuno Azinheira. O título posiciona-se na área da sociedade e em é possível encontrar conteúdos de entretenimento gerais relacionados com histórias de vida de personalidades nacionais e internacionais, figuras de televisão, entrevistas,modaelifestyle,e,ainda,séries e cinema. E não só sobre Portugal. Temos exclusivos de informação sobre séries de televisão internacionais, diz Azinheira, exemplificando: Temos um jornalista no México a acompanhar as gravações da [série televisiva] Fear of Walking Dead. O N-TV está também presente nas redes sociais, contando já com 26 mil seguidores no Facebook. Para o grupo Global Media que reclama a liderança em audiências no segmento digital há 10 meses consecutivos o objectivo será reforçar a oferta. [Queremos] procurar bons resultados, de formaamanteraliderança[da Global Media no digital], frisa Nuno Azinheira. TELEVISÃO RTP Internacional faz 25 anos e aposta mais na diáspora Diretor de Programação diz que canal tem divulgado ideia de portugalidade no mundo. A RTP Internacional festeja 25 anos de vida com a promessa de apostar mais na divulgação a realidade da diáspora portuguesa. Em declarações ao Jornal Económico, o diretor de Programação da RTP, Daniel Deusdado diz que a RTP Internacional tem sido um dosprincipaisprotagonistasdaquilo que é a portugalidade pelo mundo, desempenhando um papel na apresentação da sociedade portuguesa de hoje um país muito mais atrativo, desperto e moderno. Daniel Deusdado afirma que a empresa tem como objetivo conseguir, de forma gradual, investir mais em conteúdos relacionados com a realidade da diáspora. Por um lado, vamos fazer um programa chamado Seleção Nacional, que procura portugueses com destaque internacional, e, por outro lado, um segundo programa, musical, cuja finalidade passa por captar músicas portuguesas de diferentes gerações e cruzá-las no mesmo programa, uma vez que os portugueses emigrados já têm uma expressão nacional dos países onde residem, refere. O diretor da estação pública destaca,ainda,paraoprogramadiário Hora dos Portugueses, que relata as histórias do quotidiano e casos de sucesso dos portugueses emigrantes, realizado por produtores portugueses residentes no estrangeiro e que representa cerca de 25%doorçamentodaRTPInternacional. TL PUB

48 48 O Jornal Económico, 9 junho 2017 PORTUGAL/CHINA

49 O Jornal Económico, 9 junho Estes conteúdos foram produzidos pelo Macao Daily News, no âmbito da parceria celebrada com o Jornal Económico.

50 50 O Jornal Económico, 9 junho 2017 ÚLTIMA RES PUBLICA CARLOS CARREIRAS O Estado português encontra-se num nível de organização arcaico Carlos Carreiras diz que as câmaras municipais têm sido os elementos fundamentais que garantem a organização política e social. CÁTIA MARQUES cmarques@jornaleconomico.pt O presidente da Câmara MunicipaldeCascaisecoordenadorautárquico do PSD, Carlos Carreiras, considera que a organização do Estado português se encontra a um nível arcaico, porque não responde às necessidades atuais. Na sua FICHA TÉCNICA opinião, só o poder autárquico tem contribuído para algum progresso e estabilidade, porque consegue relançar algo fundamental para o desenvolvimento de qualquer sociedade: a confiança, por via de sermos mais escrutináveis. Carlos Carreiras, que foi o mais recente convidado do InternationalClubofPortugal(ICPT),defendeu que foram as autarquias As câmaras tiveram que absorver um conjunto de respostas que o Estado Central não foi capaz de dar que se chegaram à frente a substituir o Estado social que estava a falhar, salientando ainda que foramtambémasautarquiasque, com um poder de proximidade, tiveram que absorver um conjunto de respostas que o Estado Central não foi capaz de dar. O exemplo dado é o da câmara que lidera: Cascais. Diz que câmaras têm de se afirmar pelo que são Publicado semanalmente à sexta-feira. Propriedade Megafin Sociedade Editora SA. Registo na ERCS nº NIPC º Estatuto Editorial disponível em N.º de Depósito Legal: /06- Sede Avenida Casal Ribeiro, n.º 15, 3.º, Lisboa. Morada da redacção Rua Vieira da Silva, 45, , Lisboa. Tel Diretor Filipe Alves. Subdiretores João Madeira e Shrikesh Laxmidas Editor Executivo Ricardo Santos Ferreira Redatora Principal Lígia Simões Grandes Repórteres Nuno Miguel Silva e Maria Teixeira Alves Redação Almerinda Romeira, Ana Pina (coordenadora de Opinião), Andreia Martins Costa, Ânia Ataíde, António Freitas de Sousa (delegação do Porto), António Sarmento, Cátia Borrego, Cátia Marques, Denise Fernandes, Fernanda Pedro, Joana Almeida, João Gil, José Carlos Lourinho (coordenador do Online), Leonor Mateus Ferreira, Mariana Bandeira, Rita Paz (coordenadora do Online), Sónia Bexiga e Tamara Lopes Paginação Rute Marcelino (coordenadora) e Fábio Gomes (tratamento de imagem). Diretor de Arte Ricardo Lima Esteves Infografia Mário Malhão. Fotografia Cristina Bernardo. Multimedia Tânia Madeira (editora) e Ludgero Zorro. Diretor Geral Vítor Norinha Co-editors Bárbara Barroso Inovação e Marketing Joel Saraiva, Leonor Gonçalves Informática Rogério Júnior (diretor), Pedro Gonçalves e Tiago Sousa. Área comercial Cláudia Sousa (diretora), Elsa Soares, Isabel Silva, Maria João Pratas (conferências), Isabel Rodrigues e Samuel Piedade Recepção e portaria Carla Carvalho e Luís Oliveira. Área Financeira Marco Gonçalves (diretor), Florbela Rodrigues, Pedro Madeira e Sérgio Araújo (operações). Administração Luís Figueiredo Trindade Impressão Empresa Gráfica Funchalense SA, R. Capela Nossa Senhora da Conceição, Morelena. Distribuição Vasp Distribuidora de Publicações, SA Quinta do Grajal, Venda Seca, Agualva, Cacém. Assinaturas: assinaturas@jornaleconomico.pt Tiragem 15 mil exemplares. Nenhuma parte desta publicação, incluindo textos, fotografias e ilustrações, pode ser reproduzida por quaisquer meios sem prévia autorização do editor. e como peças centrais da organização social e política. Ou apostamos naquilo que nos diferenciaousomosiguaisatodos os outros, diz, destacando a identidade como fator de diferenciação. Em Cascais, esse fator identitário vai ser concretizado na freguesia da Parede, com a expansão do Hospital Sant Ana, um investimentofeitopelasantacasadamisericórdia de Lisboa. Cascais vai ter ainda um novo Centro de Saúde em Carcavelos, umreforçodocentrodesaúdede São Domingos de Rana e ainda umreforçodocentrodesaúdede Cascais, diz. O coordenador autárquico do PSD e presidente da Câmara Municipal de Cascais há seis anos, Carreiras é, de novo, candidato nas eleições autárquicas de outubro. Énasautarquiasquemelhorse combate o populismo e a própria demagogia, garante. Neste contexto, defende mesmo que o próprio conceito de democracia está a ser cada vez mais afetado, sugerindo uma redemocratização com a introdução de democracia participativa, tal como acontece em Cascais, que tem o maior orçamento participativo a nível europeu. Nos dois últimos orçamentos participativos de Cascais votou mais gente do que aqueles que votaram há quatro anos atrás para eleger os representantes na Câmara Municipal de Cascais, aponta. Num debate que teve como

51 O Jornal Económico, 9 junho J.Morgado/ICPT OPINIÃO Trumpeçar na ação climática IRONIA E MAIÊUTICA Há pedras na geringonça temaumapergunta Eseosautarcas governassem o mundo? Carreiras falou também de políticas nacionais, apontando dois exemplos de património português que não estão a ser devidamente aproveitados: o mar e o capital da língua portuguesa. O Estado tem património, que na maior parte dos casos, não sabe que o tem. E quando sabe, não sabe o que fazer com ele. Quando sabe o que fazer, precisa das câmaras, afirmou. Quando questionado sobre a linha ferroviária de Cascais, Carlos Carreiras aproveita para apontar responsabilidades ao Estado Central, garantindo que a atual situação é das coisas mais graves que se está a passar no âmbito da Área Metropolitana de Lisboa (AML). Estamos em vias de ter um colapso, avisa, explicando que o que estava previsto e negociado com o Governo anterior era que a linha precisava de dois grandes investimentos: na própria linha, por questões de força motriz, segurança e sinalização; e, depois, no material circulante. O Estado, através de fundos europeus, fazia o investimento na infraestrutura e o fundo concessionário tinha de fazer o investimentodomaterialcirculante, diz,apontandoqueoatualgoverno transferiu o montante que deveriaresolverestasituaçãoparaa Carris e para o Metropolitano de Lisboa. MIGUEL MOREIRA DA SILVA Engenheiro e Prof. Convidado, U. Lisboa O mundo assiste a um sincronismoímpardeváriascrisesinterdependentes. A evidência das causas e consequências das alterações climáticas merece um amplo consenso na comunidade científica. As fragilidades estruturais da economia global, demasiado exposta a fatores de risco como o preço do barril de petróleo, foram já motivo de alerta por diversas organizações. Por outro lado, não se antevê uma solução para o problema da insegurança alimentar agudizada por um planeta com 9 mil milhões de pessoas para alimentar em 2050, nem para o défice de disponibilidade de água potável (previsto para 2030), que redunda em grande medida numa questão geoestratégica (basta pensar que o Iraque e a Síria dependem dos recursos hídricos da Turquia). Já no que diz respeito à crise dos refugiados, importa não perder de vista que mais de 21 milhões de pessoas em todo o mundo estão registadas pelo ACNUR. Coletivamente, estas crises obstaculizam o estabelecimento de uma tendência de crescimento global e intensificam problemas sociais como o elevado nível de desemprego,deinsegurançaedeinstabilidade social. Historicamente, perante crises ambientais e humanitárias, os países desenvolvidos têm apresentado respostas concertadas. Contudo, temos hoje uma administração norte-americana constituída por céticos das supracitadas crises. Prova disso é a anunciada redução de financiamento dos EUA às agências da ONU e a recente mudança de posição de Washington face ao Acordo de Paris. Noqueconcerneaodesafioclimático, curiosamente, assistimos a uma alteração da georreferenciação do primado da razão. A administração Trump representa o negativo dos ideais fundacionais dos EUA e compete, internacionalmente, numa espécie de Liga dos Últimos com tweets Pavlovianos. Como contraponto, a China está a acompanhar a UE na liderança da transição energética e pretende tornar-se, em 2030, líder mundial em tecnologias limpas. Hoje a China já é o país com mais elevada potência instalada de energia eólica (170GW)ecomumnotávelritmo anual de comissionamento (equivalente a quatro vezes a potência eólica instalada em Portugal). EnquantoTrumprasgaoAcordode Paris por causa das suas minas de carvão, em Pequim prossegue-se o esforço de descarbonização da economiaporviadafixaçãodeuma taxa sobre a utilização desse combustível fóssil. Se Trump escutasse o seu secretário de Estado Rex Tillerson (ex-ceo da ExxonMobil), os seus aliados no Médio Oriente ou mesmo Vladimir Putin, perceberia que a indústria do petróleo e do carvão está em modo gestão- -do-fim-de-vida ecarecedeuma reconversão tecnológica. Ainda assim há motivos para o mundo estar otimista. O comboio daeconomiadebaixocarbono já segue a alta velocidade na UE e em vários estados norte-americanos, com a Califórnia à cabeça. Tentando adaptar o pensamento de Thomas Jefferson* aos dias de hoje, um país, como os EUA, com cidadãos e empresários informados, seguramente aproveitará as oportunidades de uma economia verde, sustentada no conhecimento e nas tecnologias limpas. * wherever the people are well informed they can be trusted with their own government, Thomas Jefferson to Richard Price, 1789 Enquanto Trump rasga o Acordo de Paris por causa das suas minas de carvão, em Pequim prossegue-se oesforçode descarbonização da economia VÍTOR NORINHA Diretor Geral da Megafin 1. Incompatibilidade. Rocha Andrade, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais pode ter levantado a primeira pedra naquilo que parecia ser uma engrenagem bem oleada no complexo da geringonça política.numaentrevistaà Antena 1 e ao Negócios, afirma que baixar o IRS em 600 milhões de euros em 2018 implica cortes na despesa e diz queascontasdogovernosó permitem uma margem de 200 milhões de euros, o que está em causa é dividir os atuais escalões de IRS, permitindo que um número crescentedecontribuintespague menosemsededeirs.estaé uma grande incompatibilidadequedividepsdopcpedo Bloco, os quais insistem no acrescentar de mais escalões. Aquelequetemsidooexemplo de virtuosismo de governação enfrente agora um grande dilema. António Costa e Centeno falam de um alívio para rendimentos médios, mas será suficiente? 2. Nitroglicerina. A delação premiada é a nova coqueluche da justiça portuguesa. É uma solução fácil na investigação criminal, mas é assumido que éumafiguraquepodeabrir campo de coação por parte das forças de investigação e isto nãoporqueoarguidosearrependeu, mas porque haverá uma corrida pela delação, e o primeiro bandido até pode ser o cabecilha. A figura abre um campo de facilitismo que não deve existir. A investigação criminal deve ser difícil e essa exigência advém do facto do outro lado estar o cidadão. A figura faz sentido em países onde o crime organizado domina a sociedade. Em Portugal,assimcomoempaíses como o Brasil ou Espanha, o problema endémico está na corrupção, o que significa que a delação premiada até poderá ser uma solução para a grande criminalidade fiscal, tornando mais eficaz a averiguação de crimes entre as elites. Como instituto geral seria introduzir o doping na investigação criminal. 3. Irracional. Prepara-se no Montepio uma operação sem pés nem cabeça e que passa por obrigar a Misericórdia de Lisboa a assumir parte do capital de um banco privado quedevesergeridocomotale quedevefuncionardentrodas regras da concorrência. A SCML poderá investir no imediato 180 milhões de euros e não é expectável que outras Misericórdias possam entrar no capital dada a situação financeira débil em boa parte destas instituições. O Montepiotemumaequipaprofissional que está a fazer o seu trabalho,sendoqueogrande problema está no acionista, a Associação Mutualista. O que vai herdar a Misericórdia? Centenas de milhões de euros em litígios que estão a ser instaurados? Um banco que não sabe até quando o BCE irá manter as benesses quanto a rácios? E como se obriga a colocar dinheiro num organismo que ainda não foi saneado? São muitas interrogações. Em Portugal, o problema endémico está na corrupção e a delação premiada até pode ser uma solução paraagrande criminalidade fiscal. Como instituto geral seria introduzir o doping na investigação criminal

52 52 O Jornal Económico, 9 junho 2017 ÚLTIMA OPINIÃO Luanda em guerra via Twitter Falta contar a história dos reguladores e dos auditores na crise da banca Fundador e ex-presidente do BPP diz que não burlou ninguém e quer expor responsabilidades do Banco de Portugal e dos auditores na crise da banca. TÂNIA MADEIRA tmadeira@jornaleconomico.pt O fundador e ex-presidente do Banco Privado Português (BPP), João Rendeiro, considera que aindanãoestácontadaahistóriasobre o papel que tiveram reguladores e auditores da banca na crise que afetou o setor em Portugal, mas define como objetivo contá-la nos processos que decorrem em tribunal. O BPP é um dos quatro bancos que desapareceram nos últimos dez anos, em conjunto com BPN, BES e BANIF. A crise é o pano de fundo de uma história trágica que levou a perdas estimadas para os acionistas entre 40 e 60 mil milhões de euros, cerca de 30% do PIBportuguês.Oscontribuintes também têm fatura pesada. Já pagaram cerca de 15 mil milhões de euros para salvar a banca portuguesa do colapso. Em entrevista ao Jornal Económico, João Rendeiro recusa ser um burlão. O tribunal diz que não. E eu também achei sempre que não, afirma, depois de ter sido absolvido do crime de burla qualificada, pelo Tribunal Central Criminal de Lisboa, por falta de evidências, em maio. Não rejeita a quota-parte de responsabilidade no colapso do BPP, mas acusa Banco de Portugal e auditores, de colocarem todas as culpas apenas num dos pés do tripé que, segundo a ideia que tem, forma o mercado gestão, auditores e regulador. Garante que, no caso BPP, quer os auditores, quer o Banco de Portugal, mentiram sobre certas matérias-chave, em testemunho, no tribunal. E isso já foi demonstrado e vai ser demonstrado, ainda mais. Se alguma coisa não funcionar bem, neste tripé, não é possível dizerqueésóum,ousóooutro,ouo outro, é uma conjugação de fatores que tem a ver com os três, defende. Por isso, traça um objetivo os processos que continua nos tribunais: Tenho esperança de provar queosauditoreseobancodeportugal, conheciam aquilo que dizem que não conheciam, diz. A entrevista a João Rendeiro pode ser lida e vista na íntegra, em texto e em vídeo, em CGD, BCP e NB reuniram com Finanças mas não conhecem solução para malparado Gestoresdostrêsprincipaisbancos CGD, Millennium bcp e Novo Banco reuniram-se na terça-feira no Ministério das Finanças, e onde esteve presente o Banco de Portugal (BdP), para discutirem modelos de solução para retirar o crédito improdutivo (NPL) do balanço dos bancos. Mas não foi apresentada qualquer solução concreta pelo Governo aos bancos, soube o Jornal Económico. O que houve foi uma troca de ideias e abriu-se o debate a sugestões de soluções que ajudem os bancos a livrarem-se dos créditos malparados em stock nos balanços dos bancos. Foi pedido às instituições que estudassem soluções e dessem o seu parecer. Ontem, o debate parlamentar, o primeiro-ministro disse, em resposta ao deputado do PSD, Luís Montenegro, que o Governo já apresentou uma proposta para o malparado a três bancos portugueses: Ainda segunda-feira[areuniãofoiterça] houve uma reunião no Ministério dasfinançascomobancodeportugal e os três principais bancos do país com o mais elevado nível de crédito não performante, de forma a apresentarem aos bancos uma proposta de solução para eles estudarem, serem ouvidos e darem parecer sobre a matéria. Mas fonte da banca disse ao Jornal Económico que não foi apresentada qualquer solução, foi apenas discutido o assunto e foram pedidas sugestões. Recentemente, a administradora do BdP, Elisa Ferreira, disse que não havia possibilidade de criar um veículo para o malparado, porque, para tirar os ativos do balanço dos bancos para serem comercializados implica um desconto face ao valor do balanço. É preciso que alguém ponha essa diferença e oestadonãoopodefazer. MTA SHRIKESH LAXMIDAS Subdiretor Quandoosupostolíderdo mundo livre usa e abusa do Twitter para comprar e combater guerras políticas, não é surpreendente que essa rede social se torne cada vez mais no campo de batalha verbal dos nossos tempos. Este domingo vimos a aberturadeumanovafrente,com Isabel dos Santos, empresária e filha do presidente angolano, a visar vários inimigos. ApresidentedaSonangol, acionistadanosedevárias outras empresas, fez 10 tweets seguidos, criticando os que apelidadeinimigosdeangola, que acusa de terem mudado a estratégia, de terem passado de uma guerra com armas para uma de imagem e substituído atáticadamortefísica pela morte da reputação. A lista dos visados parece um quem é quem da oposição angolana: Luaty Beirão e os jovens ativistas revús ; o Maka Angola, de Rafael MarquesMorais;ospartidosUnita e Casa-CE. A lista de delitos tambémélongaeincluiadesinformação, difamação e o instalar do terror numa tentativa vã de ganhar votos. Não ficaram de fora os jornais portugueses, que tiveram direito a uma hashtag nada simpática #fakemedia, como Expresso a receber uma menção especial, pela negativa. Não se pode, nem se deve, questionar o direito de expressão de Isabel dos Santos nas redes sociais. As contas são dela e pode utilizá-las como bem entender. Oquesepodeedeveanalisar são as motivações e o impacto das palavras da empresária, tendo em conta o timing. Até há pouco tempo, a filha maisvelhadejoséeduardo dossantoseraumapessoa discreta em termos mediáticos, dando poucas entrevistas emesmonasquedavafalava principalmente nos negócios que gere. Numa delas, ao Financial Times, em 2013, até chegou a dizer que não está envolvidanapolítica,campo no qual nunca teve cargos. Porquê agora a alteração da posição, primeiro através de entrevistas (Reuters, BBC) e depois através das redes sociais? O gatilho parece ter sido asériedenotíciassobreafrágil saúde do pai, que a empresária classificou de falsas, no Instagram, em maio. Depois veio a publicação de uma notícia no Expresso sobre alegadas tentativas de esconder negócios em Malta, o que parece ter espoletado a rajada de posts de domingo. Esta quinta-feira, Isabel dos Santos acusou Francisco Pinto Balsemão de ganância ao exigir 1 milhão de euros para continuar a transmitir a SIC em Angola No meio disto tudo, poderá estar o ano sensível que se vive em Angola. Além da crise económica, o país vai ter uma mudança de presidente pela primeira vez em 38 anos. Zedú vai sair da presidência, mas as dúvidas são muitas. Como vai ser a sucessão? Como é que a oposição poderá obter ganhos? O que vai acontecer aos aliados e à família de Dos Santos? Que posição irão ter na nova Angola? Estas são perguntas que têm de ser resolvidas com serenidade num país onde a democracia é ainda jovem, onde a pazexistehádécadaemeia, mas não conseguiu esconder as cicatrizes da longa guerra. Isto tem de ser tido em conta pela oposição, pela sociedade civil (é limitada, mas existe), pelos parceiros comerciais, como Portugal, e pela imprensa portuguesa, que por vezes entra em exageros. Mas Isabel dos Santos, como presidente da maior e mais importante empresa de Angola, como filha do líder histórico que está prestes a executar uma transição delicada, também tem de ter isso em conta. Atividade frenética nas redes sociais que polariza e intensifica as tensões poderá não ser a melhor receita para assegurar que essa transição seja calma.

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