O JORNAL A CAMPANHA COMO MEIO ORIENTADOR DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS EM PORTUGAL ( )
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- Liliana Fortunato Gama
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1 1 O JORNAL A CAMPANHA COMO MEIO ORIENTADOR DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS EM PORTUGAL ( ) Maria do Pilar Mansos Escola Secundária de Camões Mestranda na Universidade do Minho Em certo momento, a habilidade de escrever o próprio nome era a comprovação de alfabetização; hoje, nalgumas partes do mundo, a habilidade de memorizar um texto sagrado é a principal demanda de alfabetização. A alfabetização não tem uma essência estática nem universal. Scribner, 1984 Será por mera casualidade que, em todo o mundo, o grande recrutamento dos mendigos se faz entre os analfabetos? Que a taxa da mortalidade infantil atinge mais elevado nível nas regiões da mais baixa cultura? Não será o nosso atraso no campo da instrução que há-de explicar o facto de sermos um dos povos da Europa de menor rendimento individual médio? Será porventura, por simples acaso que cerca de 70 por cento dos criminosos que expiam penas nas prisões não têm sequer o exame de ensino primário elementar? Veiga de Macedo, 1955, in A Campanha, nº21 1. Nos alvores deste século, as questões educativas, nas quais se incluem as novas formas de analfabetismo, -- veja-se a tão debatida iliteracia continuam a mobilizar a opinião pública, nomeadamente através da Imprensa e das novas plataformas tecnológicas de informação e comunicação, TIC s, para um debate recorrente em torno do binómio educação/progresso, lançando um alerta para potenciais situações geradoras de exclusão, num futuro próximo. Entre estas questões, a educação de adultos, continua a ser debatida no tempo presente, embora tenha adquirido outras formas e dimensões. Esta, que não se confunde na actualidade apenas com questões relativas à alfabetização, devido ao alargamento do número de anos da escolaridade obrigatória e à necessidade de uma actualização permanente, ao nível profissional, assume hoje outras formas ensino recorrente, formação contínua. Os conceitos de analfabeto e de alfabetizado, dependem do momento histórico e das condições sócio-culturais e políticas fazendo com que por vezes variem em função do género e do grupo sócio-profissional -- e o modo como são construídos, está conectado com as imagens e representações a eles associados.
2 2 Mas hoje, tanto o novo analfabeto, tal como no passado, o analfabeto que não sabia ler nem escrever, são encarados pela sociedade como indivíduos que se encontram numa situação de potencial exclusão e inferioridade. No início dos anos cinquenta, em Portugal, a educação de adultos é sinónimo de alfabetização, entendendo-se esta, como a aquisição do ler, escrever e contar, a par de certas competências básicas -- na época, existem quase três milhões de analfabetos, dos quais dois milhões tem mais de trinta e cinco anos. A elevada taxa de analfabetismo cerca de 42,8% -- é uma realidade a combater e que subsiste, apesar de se terem tomado várias medidas, ao longo de mais de um século, e que atravessam a Monarquia, a I República e o Estado Novo. 2. Em 1835, -- em plena Monarquia Constitucional -- é decretada a obrigatoriedade do ensino primário reforma de Rodrigo da Fonseca Magalhães e em 1844, são estabelecidas penalidades a aplicar aos prevaricadores -- reforma de Costa Cabral. É de referir que, na sequência desta última reforma, são previstos cursos nocturnos para os adultos, que, em virtude do seu trabalho, não podem assistir a aulas diurnas. No entanto, o recenseamento de 1878, revela que, 80% dos cidadãos não sabe ler nem escrever. Com a I República, assiste-se a um redobrar do esforço de combate ao analfabetismo. As grandes reformas do ensino, começam pela instrução primária, por se considerar que a instrução republicana, transformará a sociedade. A instrução e as questões éticas, são valorizadas, num contexto patriótico e humanístico e é acerrimamente criticado o espírito jesuítico. No que concerne à educação de adultos, são criados cursos nocturnos, missões escolares e escolas móveis, a primeira missão das escolas móveis data de que vêm a ser oficializadas em Em 1925/26, funcionam 318 escolas móveis, com um total de alunos, sendo destes, 4.674, mulheres. Fazendo um balanço geral, em 1911, a percentagem de analfabetos é de cerca de 75,1% e em 1930, de 67,8%, números que revelam resultados práticos modestos, no capítulo da alfabetização, para o período da República. No período da Ditadura Militar 1926/1933 a questão do analfabetismo é de novo equacionada. Assim, são de destacar, no campo da alfabetização, algumas iniciativas, levadas a cabo por diversas organizações, como a Liga de Propaganda Contra o Analfabetismo, e a Federação dos Amigos da Escola Primária, que em Outubro de 1927, realiza no Porto, a 1ª Semana Contra o Analfabetismo, conduzindo à criação de 42 cursos nocturnos.
3 3 Paralelamente a estas realizações, parece existir um desinvestimento por parte do Estado no campo da escolarização. Assim, em 1927, o ensino primário é reduzido de 5 para 3 anos e em 1929, os programas são reduzidos. Ainda nesse ano, é criada por Decreto-lei, uma Comissão de Educação Popular da qual, não advirão quaisquer efeitos práticos -- de funções consultivas, que visa a educação popular e o combate ao analfabetismo, devendo no que concerne à educação de adultos interferir na organização e funcionamento de cursos nocturnos para adultos, assim como de cursos incorporados no exército. Quanto aos cursos de adultos, após a extinção das escolas móveis em 1930, são previstos cursos nocturnos até um máximo de 500, nas escolas primárias de ensino elementar, para os maiores de 14 anos, de ambos os sexos, entrando os mesmos em vigor no ano lectivo de 1931/1932. No ano seguinte, estes cursos são alargados ao período diurno, e destinados à frequência de alunos do sexo feminino, pois, «o ensino nocturno, não (lhes) é de modo algum, aconselhado». São autorizados no mesmo ano, cursos dominicais, missões escolares e cátedras ambulantes. Nos postos de ensino, criados em 1931, funcionam também cursos de adultos. É de realçar o forte empenhamento da Imprensa em torno da alfabetização, nomeadamente através de uma Campanha contra o Analfabetismo, levada a cabo pelo Diário de Notícias matutino de maior tiragem e expansão a nível nacional em 1931/1932, a qual conduz a uma expressiva mobilização de largos sectores da sociedade portuguesa. (cf. MANSOS e PERES, 2002). O próprio Estado envolver-se-à nesta campanha, criando, na fase final da mesma, os postos de ensino, que irão desempenhar, para além da instrução elementar, um papel de relevo, no campo da inculcação ideológica dos princípios doutrinários consubstanciados na trilogia Deus, Pátria, Família e subjacentes à génese do novo regime Estado Novo. No decurso dos anos 30, foram previstas ainda algumas iniciativas, no capítulo da alfabetização, como a criação de cursos nocturnos do ensino primário elementar, nos Sindicatos Nacionais e nas Casas do Povo, dos Pescadores e da Lavoura, subsidiados pelo Estado, que no entanto, não entraram em funcionamento. Todas estas medidas, embora desencadeiem um forte debate na sociedade, sobre a necessidade de alfabetizar o povo, revelaram um parco efeito em termos práticos, uma vez que, a taxa de analfabetismo, que em 1930 é de 60,2%, baixa apenas para 49,4% em 1940, sendo em 1950, de 42,8%, para os maiores de 12 anos. (cf. Sampaio, vol.ii, 1976/77, p.128)
4 4 3. Em 27 de Outubro de 1952, é promulgado o Plano de Educação Popular, cujo principal mentor e impulsionador é o Subsecretário de Estado da Educação, Veiga de Macedo. O Plano apresenta duas vertentes ao nível do ensino primário: uma, visando tornar efectiva a escolaridade obrigatória; a outra, de carácter não escolar, traduzida na Campanha Nacional de Educação de Adultos e nos cursos de adultos. Em termos conceptuais, tanto a Campanha como os Cursos de Adultos, serão influenciados pelos estudos internacionais, promovidos, no âmbito da educação de adultos, pela UNESCO, (cf. Decreto-lei nº38969, art. 58 de 27 de Outubro de 1952) sendo de referir o Congresso Interamericano de educação de adultos, realizado em Quitandinha, Rio de Janeiro, em Este conjunto de medidas, insere-se no quadro de uma Europa do pós-guerra, que tenta a reconstrução e renovação social, política e económica e que considera ser a educação um factor primordial de desenvolvimento refira-se que a partir dos anos cinquenta, começam a registar-se os primeiros trabalhos científicos que procuram medir o contributo da educação para o crescimento económico. Em termos de imagem, a nível internacional, torna-se desprestigiante para Portugal, o facto da UNESCO, em 1950, colocar o país na cauda da Europa, situando-o ao nível da América Latina, no que concerne à taxa de analfabetismo. Por outro lado, as exigências do crescimento da industrialização, aliadas aos Planos de Fomento, tornam necessário um efectivo aumento da taxa de alfabetização. No campo da educação de adultos, o Plano de Educação Popular, envolve os cursos de educação de adultos estando aberta a sua frequência aos maiores de 14 anos--, que consistem no regime normal de habilitação para exame de 3ª classe, e a Campanha Nacional de Educação de Adultos, de regime transitório e dirigida sobretudo aos indivíduos das zonas rurais de idades entre os 14 e os 35 anos. Os programas dos cursos a ministrar, serão os «da instrução elementar, com as alterações que o Ministro da Educação Nacional determinar, ouvida a 2.ª secção da Junta de Educação Nacional». (Art.93º e 111º do Decreto-lei de 27 de Outubro de 1952). Tais alterações, para além de incidirem sobre os conteúdos de aprendizagem referentes ao ler, escrever e contar o abc são ainda acompanhadas de recomendações, onde se procura acentuar o carácter educativo da Campanha:
5 5 Ensinar a ler e a escrever constitui a primeira preocupação da instrução primária [...]. A par das matérias que constituem objecto de exame, procurarão os encarregados de ensino ministrar, através de exposições orais muito simples, de leitura seleccionada e de lições de coisas, noções rudimentares sobre: a) educação moral e cívica; higiene e defesa da saúde; organização corporativa; situação geográfica de Portugal; factos dominantes da história pátria; forma de governo vigente. b) economia doméstica; previdência social; segurança no trabalho; agricultura e pecuária. [...] Destas noções, as referidas na alínea b) só deverão sê-lo quando o indicar o sexo, a profissão ou o meio social dos educandos. Campanha Nacional de Educação de Adultos, 1955, p. 34 a 37 A Campanha, inicialmente programada para decorrer entre 1953 e 1954, só terminará, no entanto, em 1956 e os seus objectivos são explicitados no discurso de Pires de Lima Ministro da Educação: Dois objectivos se pretendem: um, o de fazer ver ao próprio analfabeto, a sua situação de inferioridade, as consequências da sua incultura, os males a que está sujeito e os benefícios a que ainda pode aspirar quem quiser aprender; outro, o de chamar a atenção daqueles que tem tempo disponível e vocação para o alto serviço que podem prestar ao país colaborando na Campanha Nacional de Educação. A Campanha, nº2, 1953 Para que a Campanha tenha sucesso, não basta apelar para o espírito patriótico; é necessária a sua divulgação junto de analfabetos e letrados, é preciso mobilizar recursos e encontrar meios para atingir os fins pretendidos. São então criadas três Comissões a Comissão Executiva e de Orientação Pedagógica, sobre a qual recaí o principal esforço de execução da Campanha ; a Comissão de Informação e Propaganda, à qual cabe divulgar as notícias sobre a Campanha e difundir os princípios orientadores na luta contra o analfabetismo e a Comissão de Administração -- as quais procurarão assegurar o êxito da mesma (Campanha Nacional de Educação de Adultos, 1955, p.24 e 27). Tal como nos anos trinta, a Imprensa irá desempenhar um papel central no combate ao analfabetismo. A percepção deste facto, levará o Estado a sentir a necessidade de a incluir, como um dos elementos da Comissão de Informação e Propaganda e de ele próprio estar na génese da criação de um título, A Campanha. Tal papel é reconhecido por Veiga de Macedo, quando afirma que «essa cooperação começara antes mesmo da entrada em vigor dos Decretos que instituíram o Plano de Educação Popular», tendo «facilitado a execução das novas leis sobre ensino primário e educação supletiva de adultos» (Idem, p.45). A criação de A Campanha, é entendida por Veiga de Macedo, como destinada a:
6 6...fornecer matéria acessível de leitura, a difundir os conhecimentos essenciais entre os alunos dos centros de instrução popular e ainda a desenvolver a doutrina específica da educação dos adultos, a informar e a registar os acontecimentos, as decisões e os resultados respeitantes ao combate ao analfabetismo. Campanha Nacional de Educação de Adultos, 1955, p.47 A Campanha, deste modo, visa completar a formação do recém-alfabetizado, publicitar e dinamizar as iniciativas do Plano de Educação Popular no campo da Educação de Adultos, e ainda, fornecer directrizes aos agentes educativos lato sensu uma vez que qualquer indivíduo independentemente da sua idade, desde que possuísse o exame da 3.ªclasse, podia leccionar, em regime de Campanha. Com o presente trabalho, e comungando das perspectivas de Pierre Caspard -- para quem a Imprensa é o melhor meio para apreender a multiplicidade do campo educativo (Nóvoa, 1993, p.xxxii) -- e de António Nóvoa, -- segundo o qual, A Campanha se revela um documento de interesse, para o estudo da Campanha Nacional de Educação de Adultos (Nóvoa, 1993, p.20) -- procurámos, através da construção de uma tipologia, baseada nos princípios expressos no Plano de Educação Popular e sua aplicação, de forma exaustiva, ao jornal A Campanha, reflectir sobre os parâmetros culturais e educacionais, por meio dos quais se definem as representações sobre os analfabetos, os alfabetizados e o processo de alfabetização, durante a Campanha dos anos cinquenta, bem como observar os matizes de que se reveste o conceito de alfabetizado, consoante é aplicado em função do género, e do grupo sócio-profissional. 4. Procurando assinalar a comemoração da passagem de um ano, sobre o lançamento do Plano de Educação Popular, surge, a 27 de Outubro de 1953, A Campanha. Este título, da responsabilidade da Campanha Nacional de Educação de Adultos Ministério da Educação, apresenta uma periodicidade variável ao longo da sua vida Outubro de 1953 a Dezembro de quinzenal/mensal/bimestral, totaliza 37 números, dos quais três são duplos (12/13, 14/15 e 16/17), num total de 34 unidades, -- e insere um suplemento intitulado Secção do Educador, a partir do n.º7 (1 de Fev./54), -- variando o número médio de páginas entre as 10 e as 20. O jornal é constituído por diversas secções, dirigidas quer aos agentes de alfabetização, quer aos recém-alfabetizados e organizadas em torno de dois eixos estruturantes: por um lado, o da propaganda, -- legislação, discursos, textos orientadores, visitas realizadas, iniciativas oficiais ou de apoio por parte de privados, ecos na restante
7 7 imprensa etc; (Aponte-se e Louve-se, Noticiário da Campanha, Instantâneos, A Campanha na Imprensa) -- visando a legitimação e visibilidade da Campanha, e, por outro, o das noções educativas, -- educação moral e cívica, economia familiar, saúde e higiene, educação física e desporto, artesanato e lavoura, previdência social, noções de história e geografia pátria, posição de Portugal no Mundo, e ainda textos de autores portugueses, acompanhados de uma breve resenha biográfica, propostos à leitura, (Página da Família, Economia Doméstica, Previdência Social, Artesanato e Lavoura, Saúde e Higiene, Educação Física e Desporto, Vidas que são exemplo) -- sem esquecer um pequeno espaço recreativo. Os artigos nele inseridos, que são na sua maior parte, sem autoria, provêm do organismo responsável pelo periódico. No entanto, algumas das secções têm responsáveis permanentes, como por exemplo, a Página da Família, e a Economia Doméstica, por Adriana Rodrigues, a Educação Física e Desporto, por Mário Simas e a Página Recreativa por José de Lemos. Em resposta ao apelo lançado pelos responsáveis da Campanha Nacional de Educação de Adultos, a partir de Fevereiro de 1954, as direcções-gerais de alguns Ministérios começaram a responsabilizar-se de forma permanente por algumas secções do jornal, como por exemplo as relacionadas com a Lavoura, Saúde e Desporto. A partir dos dois eixos estruturantes do jornal propaganda e noções educativas em clara articulação com os princípios expressos pela legislação e pelo discurso governamental, que enformam o Plano de Educação Popular, no que concerne à educação de adultos, elaborou-se a tipologia que se apresenta. 5. Categorias n= Propaganda n=701 (56%) 2. Noções Educativas n=561 (44%) As duas categorias, em termos de pesos globais, tendem a equivaler-se, embora uma análise dinâmica da sua distribuição ao longo do tempo 2, mostre a existência de três fases 1 O resultado obtido reporta-se ao levantamento exaustivo atrás enunciado, não tendo no entanto sido contabilizadas as entradas relativas à Página Recreativa exceptuando-se os cartoons, que dizem respeito à representação do analfabeto por as mesmas (ex: curiosidades, anedotas, quebra-cabeças), não se enquadrarem nas categorias criadas. 2 Ver anexos, p.1
8 8 em termos de pesos relativos: uma primeira fase, em que ambas as categorias têm sensivelmente o mesmo peso; uma segunda fase, em que a primeira categoria se sobrepõe à segunda, apontando claramente para o facto da Campanha se legitimar nas suas realizações e na adesão por parte da sociedade -- letrada e analfabeta e uma terceira fase em que as questões educativas ultrapassam em larga medida a propaganda. É de salientar que a segunda fase termina atingindo a categoria 1 o seu pico --, na altura em que Veiga de Macedo é substituído no cargo de subsecretário de Estado da Educação, adquirindo a segunda categoria uma dinâmica de crescimento que não mais cessará até ao último número do jornal, estando o seu peso de acordo com o fim previsto da Campanha, nos normativos que lhe deram origem. 1. Propaganda n=701 (56%) 1.1 Princípios orientadores n=107 (15%) 1.2 Iniciativas por parte do Estado n=194 (28%) 1.3 Iniciativas de apoio por parte de particulares n=101 (14%) 1.4 Ecos na Imprensa n=203 (29%) 1.5 O Analfabeto e a Campanha n=45 (6%) 1.6 Representações do analfabeto n=39 (6%) 1.7 Artigos de opinião n=12 (2%) À subcategoria Princípios orientadores, fizemos corresponder as entradas relativas a legislação, excertos de discursos e visitas ministeriais, extractos de actas, e textos não assinados, que apelam para a adesão à Campanha e/ou lhe imprimem um cunho ideológico, alinhado com os valores do Estado Novo. (ex: A Campanha ao serviço do Direito, da Verdade e da Paz 3, nº12/13, Jun/Jul.1954) À subcategoria Iniciativas por parte do Estado, correspondem as questões relativas às missões culturais, abertura e leccionação de cursos por parte de professores primários no activo, exames e iniciativas de organismos ligados ao Estado.(ex: Mocidade Portuguesa) A subcategoria Iniciativas de apoio por parte de particulares, inclui registos relativos, por um lado a adesões de princípio à Campanha, e por outro, a realizações práticas, como por 3 Alusivo à invasão da Índia Portuguesa, pela União Indiana.
9 9 exemplo a abertura de cursos sendo de referir o papel desempenhado pelos industriais, na sua criação e manutenção -- e a leccionação de adultos. A subcategoria Ecos na Imprensa compreende a notícia ou transcrição de textos e órgãos da Imprensa portuguesa, de carácter nacional, local e ultramarino (ex:diário de Notícias, Jornal de Notícias, Correio do Minho, Lourenço Marques Guardiam) assim como de Imprensa estrangeira (Diário da Noite, S. Paulo, Voz de Portugal, Rio de Janeiro). A subcategoria O Analfabeto e a Campanha, diz respeito a excertos de cartas e a telegramas de ex-analfabetos, agradecendo ao Governo, na pessoa do subsecretário de Estado, o facto de já saberem ler. À subcategoria representações do analfabeto, correspondem entradas quer de natureza puramente discursiva, quer iconográfica. (cartoons, desenhos e banda desenhada) À subcategoria Artigos de opinião, correspondem as entradas assinadas excluindose as secções a cargo de responsáveis permanentes que nalguns casos vêm ao encontro das questões ideológico-filosóficas subjacentes à Campanha, (ex: Para além da alfabetização, José Francisco Rodrigues, nº2, Nov.1953 e Educar grandes para bem de pequeninos, Celeste Costa, nº26, Out.1955) e noutros, são de cariz essencialmente técnico. (ex: O analfabeto; problema educativo, J.J. Correia da Silva, prof. adjunto do Instituto Costa Ferreira, nº30, Fev.1956 e Nos cursos de educação de adultos a primeira aula, prof. António Maurício, nº33, Mai. 1956). 2. Noções Educativas n=561 (44%) 2.1 O abc n=147 (26%) 2.2 Educação moral e cívica n=127 (23%) 2.3 Higiene e defesa da saúde n=45 (8%) 2.4 Situação geográfica de Portugal n=34 (6%) 2.5 Factos dominantes da história pátria n=44 (8%) 2.6 Economia doméstica n=28 (5%) 2.7 Previdência social n=26 (5%) 2.8 Agricultura e pecuária n=41 (7%) 2.9 Outras n=69 (12%)
10 10 A segunda categoria organiza-se em torno de três grandes descritores expressos nas observações aos Programas do ensino a ministrar nos Cursos de Adultos e na Campanha Nacional de Educação de Adultos ( C. N. E. A, 1955, p.34 a 37). O primeiro, relativo às questões de instrução, -- o abc resume-se em grande parte a entradas relativas à leitura, sendo as relativas exclusivamente à escrita (6) sintaxe e ortografia -- e à aritmética (0), claramente dispiciendas. No que se refere à leitura, encontramos textos ou imagens ligadas ao carácter utilitário do saber ler (17), um dicionário de suporte à decodificação dos textos apresentados (30), artigos ligados às questões metodológicas de leitura e escrita (5), apresentação de textos, como por exemplo, Uma poesia dos cancioneiros medievais sua interpretação de Hernani Cidade, e respectiva proposta de exploração pedagógica (10), e extractos de textos modelares de obras de literatura portuguesa, -- incluindo a respectiva biografia de autores portugueses, (79) desde D. Dinis, e passando por Gil Vicente, Camões, Pe. Manuel Bernardes, Garrett, Eça, Ramalho Ortigão, Júlio Dinis, Guerra Junqueiro, António Sardinha e António Correia de Oliveira. A opção editorial por determinados textos, obedece aos princípios perfilhados pelo Estado Novo, e é explicitada a título de exemplo por Coelho do Valle, em Livros e Bibliotecas, quando refere que se deve dar preferência a livros de autores portugueses devidamente seleccionados para evitar a apreensão de idéias desnacionalizadoras. (A Campanha, nº8, 15 Fev., 1954). Deste modo, a subcategoria o abc não pode ser encarada como veículo de mera instrução, pois que lhe estão subjacentes questões ideológicas. O motivo pelo qual a o abc correspondem quase exclusivamente entradas relativas à leitura, é claro, tendo em conta que: <<O ensinar a contar é um acto de instrução pura [...]. Em contrapartida, o ensinar a ler e a escrever é já, simultaneamente, acto de instrução e acto de educação.»( Um Caminho para a Educação de Adultos, Idem, nº3, Dez.1953) O segundo descritor refere-se às noções educativas de carácter geral, inscritas nos programas de exame de 3ª classe, ainda que sem cunho eliminatório Educação moral e cívica, Higiene e defesa da saúde, Situação geográfica de Portugal, Factos dominantes da história pátria. Destas, é dada ênfase à primeira, pois: «Através da Educação Moral e Cívica se desenvolveu e expôs a ideia e o significado do trinómio-base da nossa cultura: Deus, Pátria e Família» ( Não basta saber ler, Idem, nº37, Dez.1956) O terceiro grupo de subcategorias, engloba noções de carácter específico, a ministrar consoante o sexo, a profissão e o meio social de origem. Assim, a Economia Doméstica, é definida como: «duas palavras que querem dizer maneira de arranjar e governar a casa»,
11 11 (Idem, nº1, Out., 1953), e como tal, destina-se quase exclusivamente à educação da mulher como mãe e dona de casa; a Previdência Social corresponde a entradas que na sua maioria, se prendem a valores como a poupança, a solidariedade, o trabalho, etc, sobrepondo-se assim os deveres aos direitos do trabalhador; a Agricultura e Pecuária, contempla artigos em que, a par de uma visão tradicional -- que inclui adágios populares e referencias a técnicas e instrumentos agrícolas típicos -- se encontra a tentativa de apresentar inovações neste campo -- através da inclusão de pequenos textos, alguns deles, assumindo a forma de diálogo entre técnicos e agricultores. Foi ainda construída uma subcategoria intitulada, -- Outras (noções educativas) que inclui entradas relativas a : Educação Física e Desporto, Artesanato, Folclore, Caça e Pesca, etc. 6. Ser alfabetizado nos anos 50 em Portugal não nos esquecendo do carácter dinâmico do conceito é não apenas dominar o abc mas utilizá-lo em prol do progresso individual e do país, de acordo com os princípios do Estado Novo, e num contexto de género e de meio sócio-profissional. Trata-se de instruir educando, e se por um lado a alfabetização é encarada como factor de ascensão e mobilidade social, «Através dos livros, enfim, poderás adquirir um desenvolvimento mental, que te fará subir e atingir uma dignidade de pessoa culta e instruída.» ( Os Livros, A Campanha, nº1, Out. 1953), por outro lado é entrevista, como potencial desencadeadora de desequilíbrios sociais, havendo necessidade de ser orientada numa perspectiva de conformação ao nível da sociedade e da família. Nos meios rurais, sobretudo, nós sabemos que os trabalhadores da lavoura, que as suas mulheres e filhas, possuem uma forma espiritual típica, que constitui uma das suas forças, uma das suas fontes de felicidade e amor à terra. [...] Instruir, educando seria neste caso ensinar a ler e a escrever através de textos que não contrariassem essa formação campesina e aldeã integrando «naturalmente» novos conhecimentos ao lado da antiga sabedoria popular [...]. De outro modo, e perdendo a força da sua educação tradicional, o trabalhador rural tende para perder interesse pelo labor dos campos, para emigrar ou tentar a sua fortuna nas cidades e constituir um factor de desequilíbrio social. Um caminho para a educação de adultos, A Campanha, nº3, 1 Dez Sendo a alfabetização encarada como imprescindível para o progresso do país, tornase necessário que o analfabeto seja visto como um indivíduo que se encontra numa situação de manifesta inferioridade. São-lhe pois vedados alguns direitos dos alfabetizados, como por
12 12 exemplo o de poderem fazer exame de condução ou o de serem contratados por empresas comerciais ou industriais 4 No que respeita à propaganda, o analfabeto é um indivíduo que se encontra a caminho de um processo de exclusão social 5, e como alguém potencialmente perigoso para si mesmo ou para os outros 6. A título de exemplo citamos parte de uma carta recebida e transcrita pelo jornal: Ex.mos Srs. Ocorreu-me um caso passado há tempo numa pequena vila do Sul. Uma rapariga [...] mãe de uma criança encantadora [...], foi ao médico que lhe receitou um colírio destinado à criança. [...]. A pobre mãe, ansiosa por minorar o sofrimento da sua única filha, vai à prateleira e trás um frasco. Como não sabe ler, em vez de colírio trás um outro frasco igual tem tintura de iodo!... A Campanha, n.º2, Nov A construção da imagem do analfabeto não pode ser dissociada das palavras presentes no discurso de Veiga de Macedo: «Instituiu-se, [...] uma Campanha Nacional de Educação de Adultos, destinada a criar na opinião pública uma verdadeira psicose de combate ao analfabetismo...» (MACEDO, V., 1954, p.24). A resposta da sociedade letrada e iletrada a esta Campanha, alimenta e reanima a construção desta imagem. São inúmeras as cartas e telegramas de ex-analfabetos 7, de industriais e comerciantes que abrem cursos, que fornecem material, instalações, que premeiam os seus funcionários quando os mesmos concluem com êxito o exame de 3.ªclasse, de indivíduos profissionais ou não que leccionam cursos de adultos. Podemos encontrar ainda, notícias insólitas, nas quais se entrevê a forma como a Campanha é sentida pela sociedade. A ilustrá-lo, veja-se o relato dos estragos provocados numa propriedade por um rebanho a cargo de um pastor de 12 anos, os quais dão origem a uma ida a tribunal, que resulta em absolvição do menor, sob compromisso de que o pai do mesmo proceda à sua inscrição na escola. (A Campanha, n.º24, Junh./Julh., 1955); o louvor conferido a um oftalmologista, que denuncia uma das suas clientes aos serviços da Campanha, em virtude daquela ser analfabeta. (Idem, n.º25, Ag./Set., 1955); uma manifestação em via pública em que o povo de Pombal exorta a população à alfabetização, 4 Ver anexos, p.2. 5 Ver anexos, p.3, fig1 6 Ver anexos, p.3, fig.2 7 Ver anexo, p.4
13 13 associando a devoção a Nossa Senhora de Fátima, àquela, nos seguintes termos: Reza o terço e aprende a ler 8 A imagem do analfabeto, que se pretende construir, enforma de uma contradição: por um lado, pretende-se extinguir o analfabetismo, mas por outro, na prática, são impostas limitações diferentes ao analfabeto, conforme o género e meio sócio-profissional. «Saber ler», assim como, «possuir um mínimo de habilitações», pelo Decreto-lei n.º38968, art.º 41, é condição fundamental «em muitas circunstâncias da vida, sob pena de graves prejuízos e contratempos», apenas para alguns. Deste modo, referindo-se às limitações de emprego impostas aos trabalhadores do comércio e da indústria, analfabetos, se reconhece que «seria prematuro tornar desde já extensiva a medida às actividades agrícolas ou equiparadas e ao serviço doméstico». É, igualmente de realçar, o facto do Decreto ignorar as mulheres, no que respeita à alfabetização, ao impor que os mancebos incorporados nas forças armadas não possam passar à disponibilidade, sem possuir o certificado de exame da escolaridade elementar, num claro reforço de uma visão sexista da mesma 9. Podemos concluir que, no caso de se ter nascido mulher, o cumprimento dos deveres familiares de esposa e mãe se sobrepõe à obrigação de se alfabetizar, chegando-se a ponto de, no caso das limitações impostas aos emigrantes analfabetos, se colocar em pé de igualdade a mãe de família e os anormais 9. O facto de não encontrarmos no jornal, notícias de proprietários rurais, que se envolvam no processo de alfabetização dos seus assalariados, contrariamente ao que acontece com os industriais e comerciantes, parece comprovar a existência de uma diferença de estatuto, entre um analfabeto camponês e um analfabeto operário. Através da análise do jornal, e, como já se referiu, podemos concluir que o abc se resume quase exclusivamente a questões de leitura, servindo esta de veículo previligiado de difusão da trilogia educativa do Estado Novo. Este facto, vem ao encontro das conclusões enunciadas, em Quitandinha, em 1949, quando se afirma que: «1. [...] a aprendizagem da leitura deve tender para a interpretação do pensamento contido na página escrita, como um dos meios mais eficazes para obter experiências, conhecimentos, habilitações e modos de conduta não só desejáveis como úteis.» (Métodos, A Campanha, nº11, Mai., 1954) Assim, e atendendo às percentagens obtidas nas subcategorias O abc e Educação Moral e Cívica, a imagem do indivíduo alfabetizado é coincidente com a de quem sabe 8 Ver anexos, p.5, fig.1 9 Ver anexos, p.2
14 14 utilizar e aproveitar a leitura, desenvolvendo-a em torno de assuntos relacionados com a moral e a religião tradicionais e dos valores pátrios. À mulher alfabetizada, compete ter noções de Economia Doméstica, para além de lhe serem fornecidos textos que procuram desenvolver as respectivas competências de boa esposa e mãe: «Portanto uma coisa se recomenda às mulheres: -- Ler só coisas boas, para ajuda-las a ter idéias!. E que coisa haverá que nos agrade mais, que ver a nossa casa num brinquinho?» ( Economia Doméstica, A Campanha, nº1, Out. 1952). A mulher deverá saber educar os filhos, veiculando-lhes valores como a lealdade, a obediência, a generosidade, a justiça, etc., tratar do arranjo da casa, mantendo uma postura de recato e de obediência ao marido 10. Do que atrás ficou dito, conclui-se não existir uma representação única do indivíduo alfabetizado, mas uma multiplicidade de representações, construídas em função do género e do grupo sócio-profissional, e ligadas à trilogia educativa do Estado Novo. Qual o impacto produzido pelo Plano de Educação Popular no que respeita à extinção do analfabetismo? Em termos de balanço, a taxa de analfabetismo para os maiores de 12 anos, que em 1950 se cifra em cerca de 42,8%, desce, em 1960 para 25,7%, assim como a taxa de analfabetismo relativa aos indivíduos de idades compreendidas entre os 7 e os 11 anos, que baixa de 20,3%, em 1950 para 2,5% em (Sampaio, , vol.ii, p.128) A percentagem de adultos e adolescentes inscritos no ensino primário, cresce de 6,2% em 1940/41, para 23,5%, em 1954/55. Estes números, que parecem revestir-se de importância relevante, são no entanto comprometidos, se tivermos em conta que apenas cerca de 26% dos inscritos concluiu o exame de ensino elementar. (Idem, , vol.ii, p.133 e 134). Referindo-se a estes resultados, Rómulo de Carvalho afirma causarem «satisfatória impressão», havendo no entanto, que ter algum comedimento, pois que «os resultados do trabalho escolar, na mesma época, são fracos.» (Carvalho,1996, p. 792). Não podemos no entanto esquecer, que no ano de 1940/41, as conclusões dos alunos inscritos representam cerca de 5,5% do total, (Sampaio, , vol.ii, p.133) o que faz com que o número de 26%, assuma um novo significado. Pensamos, que mais importante do que as taxas de alfabetização, parece ter sido o significado atribuído ao facto de saber ler, por parte dos recém-alfabetizados, expresso em 10 Ver anexos, p.5, fig.2
15 15 múltiplos testemunhos enviados e publicados pelo jornal ainda que sujeitos a um crivo ideológico entre os quais nos parece paradigmático o exemplo abaixo: Eu sou um pobre homenzinho Não me canso de dizer; Tenho vista e sou ceguinho Sou cego pois não sei ler Vejo à esquina editais Tendo muitas, muitas letras Quer sejam brancas ou pretas, Todas para mim são iguais As notícias dos jornais Em me encontrando sozinho Que não tenha um amiguinho Que me leia com afecto: Sou um triste analfabeto, Eu sou um pobre homenzinho Chega o carteiro da aldeia Com uma carta na mão Até sinto aflição Por pedir a quem ma leia. É uma acção muito feia Termos de dar a saber A carta pode trazer Algum segredo encerrado. Fica logo divulgado Não me canso de dizer. Se vou à noite ao cinema E a fita for estrangeira, Ali estou numa cadeira Tendo só desgosto e pena. Vejo muita, muita cena, Mas só vejo bonequinhos; Gastei o meu dinheirinho, Foi tolo este meu desejo; Julgava ver e não vejo Tenho vista e sou ceguinho. Viva a escola do Sobral, Via o Senhor Professor, É digno de louvor Por muito aluno ensinar. Sempre, sempre a trabalhar Sem nunca se aborrecer Faz adultos aprender É também muito feliz. Só é pobre hoje quem diz: Sou cego pois não sei ler Sebastião Pinto, aluno da 4.ªclasse do Curso de Adultos de Sobral da Adiça A Campanha, n.º32, Abril, 1956
16 16 BIBLIOGRAFIA BELCHIOR, Fernando Henrique, 1990, Educação de adultos e educação permanente: a realidade portuguesa, Lisboa: Livros Horizonte. C.N.E.A., , A Campanha, órgão da Campanha Nacional de Educação de Adultos, Lisboa: C.N.E.A. C.N.E.A., 1955, Actas das Comissões Centrais da Campanha Nacional de Educação de Adultos, C.N.E.A. CARVALHO, Rómulo de, 1996, História do Ensino em Portugal, Lisboa: F.C.G. ESTEVES, J.M., 1995, Os novos contornos do analfabetismo: O que é? Quem são? Onde estão?, Lisboa: D.E.B. GRAAF, Harvey J., 1994, Os Labirintos da Alfabetização, Porto Alegre: Artes Médicas. MACEDO, Veiga de, 1954, O Problema do Analfabetismo, in Plano de Educação Popular, VII, C.N.E.A. MANSOS E PERES, 2002, Contra o Analfabetismo, a Campanha do Diário de Notícias (1931/32), in Actas do IV Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação (no prelo). M.E.N., 1953, Plano de educação popular: combate ao analfabetismo, Decreto-lei nº 38:968 e nº38:969 de 27 de outubro de 1952, com relatório, notas e despachos, Lisboa: Comp. Nac. Edit. MÓNICA, Maria Filomena, 1978, Educação e Sociedade no Portugal de Salazar, Lisboa: Presença. NÓVOA, A.,1989, A República e a escola: das intenções generosas ao desengano das realidades, in Reformas do Ensino em Portugal. Reforma de TomoII Vol.I, p. IX-XXIV, Lisboa: Ministério da Educação/Instituto de Inovação Educacional. NÓVOA, A., 1992, A Educação Nacional, in F. Rosas, (coord.), Portugal e o Estado Novo ( ), p e p , [A. H. Marques & J.Serrão (dir.), Nova História de Portugal, vol.xii], Lisboa: Editorial Presença. NÓVOA, A., dir.,1993, A Imprensa de Educação e Ensino. Repertório Analítico (séculos XIX-XX), Lisboa: Instituto de Inovação Educacional.
17 17 PIRES, M. A. Gregório, O plano de educação popular ou a legislação de 27 de Outubro de 1952, nos primeiros anos da sua execução, Coimbra: Universidade de Coimbra. RAMOS, 1993, O método dos pobres: educação popular e alfabetização em Portugal (séculos XIX e XX), in Colóquio, Educação e Sociedade, nº2, p REIS, Jaime, 1993, O analfabetismo em Portugal no século XIX: uma interpretação, in Colóquio, Educação e Sociedade, Lisboa: F.C.G. ROSAS, Fernando, , O Estado Novo, , in História de Portugal,dir.,José Mattoso, vol.vii, Lisboa: Edições Estampa. SAMPAIO, Salvado, , O Ensino Primário , contribuição monográfica, vol.ii-iii, Lisboa: Instituto Gulbenkian de Ciência. SCRIBNER, S., 1984, Literacy in three metaphors, in American Journal of Education, v.93, n.1, p TORGAL, Luís Reis, 1989, Ideologia Salazarista, cultura popular e consciência histórica: as bibliotecas das Casas do Povo, in História e ideologia, Coimbra: Minerva.
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