O que a indústria quer da soja?
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- Adelino Affonso Alcaide
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1 Nossa Capa O que a indústria quer da soja? Um bom cuidado com a lavoura, principalmente no que se refere à escolha de cultivares e controle de percevejos resulta em soja com melhor aproveitamento pela indústria de refino de óleo ASoja (Glycine max. Merrill), por suas qualidades nutricionais, pela facilidade de adaptação, por sua alta produtividade e pela facilidade de cultivo pode ser considerada um dos alimentos básicos para populações do futuro, por ser uma grande fonte de proteína de baixo custo e de alto valor nutritivo que se conhece para a alimentação animal e principalmente humana. A soja domina o mercado mundial tanto de proteína, como de óleo comestível. No Brasil, a soja é a principal espécie cultivada, contribuindo com aproximadamente US$ 3,8 bilhões em exportações sob a forma de soja triturada, farelo de soja, óleo de soja bruto e óleo refinado. Antes de ser processada na indústria a soja pode ser armazenada por até 10 meses. Nessa etapa crítica, a matéria-prima pode sofrer deteriorações irreversíveis para a produção de óleo, dependendo dos cuidados a qual foi submetida no processo de produção inicial, que consiste na condução da lavoura e colheita de forma adequada. Grãos de soja adquiridos de produtores que têm suas lavouras mal conduzidas, ou seja, sem controle adequado de plantas daninhas e principalmente sem um controle eficiente de insetos, propiciam à massa de grãos uma série de alterações fisiológicas e químicas tais como o crescimento de fungos, em especial a Aspergillus glaucus Link e Aspergillus flavus Link. Eles provocam aumento na respiração, incremento no teor de ácidos graxos livres e elevação da temperatura na massa de grãos de soja armazenada, conseqüentemente, elevam o custo de produção de óleo pela indústria. TEOR DE UMIDADE Outro fator que pode alterar a qualidade de grãos de soja armazenados é o teor de umidade. Estudos realizados por Napoleão (1997) em grãos de soja armazenados com diferentes graus de umidade, mostraram que houve um aumento acentuado no teor de peróxido em todos os graus de umidade. Isso indica que ocorreu deterioração oxidativa de lipídios, que pode ter sido provocada pela presença de Aspergillus ssp. Essa autora avaliou a presença de fungos nos grãos e encontrou melhor correlação entre crescimento fúngico na massa de grãos e o teor de ergosterol contido na amostra. O teor de aflatoxina em soja aumenta de acordo com o aumenta da umidade em grãos armazenados. As cultivares de soja com nível de ácido fítico mais elevado, produziram menos aflatoxina, em relação a cultivares com menor teor desse ácido, porém sem afetar o crescimento micelial de Aspergillus flavus na massa de grãos. Outros fatores que podem influenciar na queda da qualidade de grãos para industria é a deterioração do produto na fase de produção da soja, devido ao ata- 16 Cultivar
2 que de insetos sugadores, tais como percevejo verde (Nezara viridula), percevejo marrom (Euschistus heros), percevejo verde pequeno (Piezodorus guildinii) e excesso ou falta de chuvas nas fases de enchimento e maturação dos grãos. O ataque de percevejo, em lavouras de soja, pode significar redução no tamanho das sementes, tornando-as enrugadas, chochas e de coloração mais escura que as normais, conseqüentemente, acarreta perda na produção. Os danos à soja são causados principalmente por ninfas de terceiro a quinto instar e por adultos. A introdução do aparelho bucal do percevejo, na semente danifica o tecido e serve de vetor para doenças fúngicas, em especial para a levedura Nematospo- Soja atacada por percevejos. Essa ação, além de diminuir a produtividade, reduz a qualidade dos grãos de soja Marcos A. de Freitas ra coryli Piglion. Essa levedura é cosmopolita e pode infectar frutos e sementes de várias plantas em condições tropicais e subtropicais. Dentre as hospedeiras de grande importância podemos citar frutos de tomate, laranja, capulho de algodão, sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.), soja, algodão (Gossypium hirsutum), feijão fava (Phaseolus lunatus L.), e, ainda, sementes de invasoras tais como algumas espécies do gênero Cassia spp. conhecidas como fedegoso. As pesquisas realizadas para determinar o nível de dano de percevejo na cultura da soja, se limitam em avaliar o grau de resistência de cultivares de soja ao percevejo, nível de danos que o percevejo realiza diretamente em sementes de soja. A QUESTÃO DA CLOROFILA Atualmente a tendência da maioria das indústrias para embalar o óleo de soja refinado para comercialização é a embalagem tipo PET (polyethylene terephtalate). Esse tipo de embalagem expõe o óleo a rancidez oxidativa, chamada de autooxidação. A reação de rancidez oxidativa produz peróxidos e hidroperóxidos. Esses dois compostos por uma série de reações paralelas produzem os compostos voláteis, aldeídos e cetonas que dão o odor a ranço ao óleo. A rotas de formação dos peróxidos e hidroperóxidos podem ocorrer por radicais livres, fotoxidação e enzimas-lipooxigenases. Essas reações são favorecidas por pigmentos vegetais tais como clorofila e caroteno, dentre estes compostos, a clorofila pode estar presente nos grãos de soja, causando o escurecimento do óleo de soja nas gôndolas de supermercados. A eliminação desses fatores indesejáveis na produção de óleo de soja pode ser realizada utilizando-se terras ou montimorilonitas, para efetuar o clareamento do óleo. Estudos mostram que, para qualquer óleo, tanto a redução no valor de peróxido e o incremento no tempo de indução são proporcionais à eficiência de clareamento da terra utilizada. As terras mais efetivas reduzem os valores de peróxido, a cor do óleo e incrementam os tempos de indução. Para se obter o mesmo resultado pode se utilizar doses menores de terra. Então, esta etapa de clareamento do óleo elimina os peróxidos e restauram a estabilidade da oxidação. A decomposição dos pigmentos de clorofila, outro fator indesejável para a qualidade do óleo, não é alcançada rapidamente durante a desodorização. Podese reduzir o teor de clorofila, de óleo contendo alto teor desse pigmento, a níveis aceitáveis, empregando-se maior quantidade de terra ou utilizando-se terra para clareamento mais seletivas. Esse estudo teve como objetivos identificar cultivares de soja mais tolerantes ao percevejo da soja e que apresentem produção de grãos com baixo teor de clorofila (grãos verdes), correlacionar qualidade dos grãos de soja com qualidade do óleo produzido e a influência de grãos danificados com os custos de produção na indústria. GRÃOS ARDIDOS, PERCEVEJOS E ACIDEZ DO ÓLEO A qualidade dos grãos de soja foi determinada pela porcentagem de grãos picados por percevejos e ardidos contidos na amostra, pelo teste do tetrazólio, Cultivar 17
3 Fig. 01 Relação entre grãos picados por percevejos (%) e grãos ardidos (%), safra 1999/2000 Fig. 02 Influência da qualidade de grãos de soja, na porcentagem de grãos ardidos e na acidez do óleo Fig. 03 A Porcentagem de grãos verdes, porcentagem de grãos picados por percevejos e porcentagem de grãos ardidos, em cultivares de soja do ciclo de maturação precoce (A) e médio (B) B de acordo com metodologia descrita por França Neto et al. (1998). Para determinar a qualidade do óleo de soja contendo diferentes proporções de grãos de soja de má qualidade, foram utilizadas amostras de soja contendo diferentes quantidades de grãos picados por percevejos e danificados no processo de secagem, adicionadas à diferentes proporções de soja tipo semente, de alta qualidade, da cultivar Msoy Dessas misturas, avaliou-se a porcentagem de grãos ardidos, realizada por seleção manual dos grãos e determinouse a porcentagem de acidez do óleo. Foram criadas 3 classes para a variável grãos ardidos: Classe 1 - de 0 a 3,9 % de grãos ardidos; Classe 2 - de 4,0 a 7,9 % de grãos ardidos; Classe 3 - acima de 8,0 % de grãos ardidos. Observou-se que à medida em que a porcentagem de grãos de soja picados por percevejos aumenta, a porcentagem de grãos ardidos também cresce, conforme figura 1. A correlação entre picadas de percevejo x grãos ardidos é de 0,92. Esses resultados podem variar de acordo com a cultivar, idade fenológica da planta na qual ocorre o ataque de percevejos e condições climáticas. Existem cultivares de soja que mesmo apresentando uma elevada porcentagem de grãos picados por percevejo, a porcentagem de grãos ardidos é baixa, por exemplo, EMGOPA-315 e Msoy Os resultados da relação entre porcentagem de grãos ardidos e acidez do óleo de soja evidenciaram que a acidez do óleo aumenta, proporcionalmente, em função do incremento de grãos de má qualidade na amostra de sementes, figura 2. Ensaios que possibilitam encontrar cultivares de soja que além de alta produtividade apresentem baixa porcentagem de grãos ardidos, sobretudo baixa porcentagem de grãos verdes e alta tolerância a percevejos, características de grande importância para a agroindústria de processamento de soja. Pois a utilização dessas cultivares é de fundamental importância para produção de óleo de excelente qualidade, redução de custos e aumento da competitividade da agroindústria brasileira. Nas figuras 3 e 4 encontram-se as avaliações feitas em porcentagem de grãos verdes, porcentagem de grãos picados por percevejos e porcentagem de grãos ardidos em cultivares de soja do ciclo de maturação precoce. Nessa avaliação preliminar, visando obter cultivares precoces com excelente qualidade de grãos, todas obtiveram sucesso, figura 3A. Mas as cultivares Msoy- 6101, FT-2000 e UFV-19 apresentaram uma tendência a produzir grãos verdes. Problema esse que pode ser solucionado com o controle adequado de percevejos. Dentre todas a cultivares precoces, a cultivar Msoy-7901, apresentou a menor porcentagem de grãos picados por percevejo. Além disso, apresentam também alta produtividade (3107,6 kg/ha), mas o aspecto que se deve levar em consideração nessa cultivar é a altura de plantas. Por ser de hábito determinado, cresce pouco em semeadura no mês de dezembro. Entretanto, essa deficiência pode ser contornada pelo aumento da população de plantas e semeadura realizada em época mais adequada e em solos de maior fertilidade. Nas cultivares de ciclo médio, figura 3B, destaca-se a cultivar Msoy-8001, por ter tido baixa preferência pelos percevejos e por apresentar produtividade acima de kg/ha. A cultivar EMGO- PA-315 também se destacou, apesar de ter tido alta preferência pelos percevejos, apresentou baixa porcentagem de grãos ardidos e, principalmente, baixa porcentagem de grãos verdes. As cultivares Msoy-8400, Msoy-8411, Conquista e Suprema apresentaram qualidade de grãos semelhantes. Mas essas cultivares se destacam por apresentar maior produtividade. Ao analisar os resultados da qualidade de grãos das cultivares do ciclo tardio, figura 4, observa-se que as cultivares que obtiveram maior produtividade e grãos de melhor qualidade, foram as cultivares Msoy-8757, Msoy-8800 e Msoy Deve-se salientar que esses resultados são preliminares. Mas que essas informações são inéditas e de grande importância para a continuidade de ensaios visando à escolha de cultivares de soja com boas qualidades agronômicas: ciclo, altura de plantas, peso de 100 sementes, produtividade e principalmente, baixa preferência por percevejos, baixa porcentagem de grãos verdes e grãos ardidos, proporcionando assim matéria-prima de melhor qualidade para a indústria. CUSTO DE PRODUÇÃO DO ÓLEO Custo de terra (argila) - A terra tem com função básica eliminar alguns fatores indesejáveis no óleo, tais como pigmentos de clorofila e peróxidos e restaurar a estabilidade de oxidação. Sem a eliminação completa desses fatores, o óleo não será envasado em PET, perdendo importante participação no mercado por 18 Cultivar
4 Fig. 04 Porcentagem de grãos verdes, porcentagem de grãos picados por percevejos e porcentagem de grãos ardidos em cultivares de soja do ciclo de maturação tardio Fig. 05 Custo de terra para clarificação do óleo envasado em latas e em PET, considerando uma planta industrial com capacidade de produção de t./ano Fig. 06 Custo de NaOH para neutralizar o óleo de soja produzido durante 12 meses, considerando a acidez do óleo constante (0,2 %) e variável (0,2 % a 1,0 %). Produção mensal de t de óleo e o custo NaOH= R$ 0,29/kg Fig. 07 Tempo (h) a mais, necessário para substituir 48 % da produção de óleo em latas para óleo PET (%), considerando a capacidade total de t de grãos esmagados, a capacidade de esmagamento de soja para produzir óleo envasado em lata de 15,0 t/h e óleo em PET de 11,0 t/h passar para uma faixa de classificação inferior. O custo de terra para clarificação do óleo de soja envasado em lata e em PET, está representado na figura 5. Observase que o custo anual para produção do óleo envasado em PET cresce à medida que se substitui o tipo de embalagem de latas para PET. Esse incremento óbvio no custo de produção ocorre em decorrência da maior quantidade de argila necessária para clarear o óleo envasado em PET. Neste caso, se a soja processada fosse toda tipo semente, o custo do óleo PET seria aproximadamente igual ao custo do óleo lata. Custo de hidróxido de sódio (NaOH) - O custo direto do NaOH para neutralizar a acidez do óleo de soja é relativamente baixo. Se considerarmos uma agroindústria que adquira grãos de soja tipo semente, a acidez do óleo bruto produzido, ao longo da safra, seria praticamente constante 0,2%. Mas quando se consideram regiões onde os produtores adotam baixa tecnologia, a qualidade de grãos é muito heterogênea e a acidez do óleo bruto pode variar ao longo da safra devido à má qualidade da soja recebida, conforme a figura 6. Portanto, o custo de produção anual pode ser três vezes maior. A alteração na qualidade da matéria-prima, como já discutimos, é muito variável e depende do nível tecnológico do produtor, das condições climáticas, da cultivar e das perspectivas de preços da soja. Perda na capacidade de produção - A capacidade de produção, ou seja, quantidade de soja que se processa em um determinado tempo (t./h), é uma qualidade intrínseca do equipamento utilizado no processo de industrialização da soja, desde a preparação dos grãos, da extração do óleo, até o refinamento e envasamento. A quantidade de soja que se processa na linha de produção também depende do tipo de óleo que se está produzindo. Ao se produzir óleo para ser envasado em PET a velocidade do processo é mais lenta do que quando este é produzido para ser envasado o óleo em latas. Considerando uma planta industrial que tenha capacidade para esmagar 15,0 t. de grãos/h para óleo envasado em lata, esta mesma planta processa aproximadamente 11,0 t de grãos/hora, quando este óleo é produzido para ser envasado em PET, correspondendo a 36,0 % de redução na capacidade de produção. Os resultados da quantidade de horas necessárias e o custo do tempo para substituir, paulatinamente, 48% da produção do óleo tipo lata em óleo tipo PET, estão representados na figura 7. A velocidade de processamento depende, também, da qualidade de matéria-prima disponível para o processamento. Portanto, à medida que a qualidade dos grãos de soja diminui, a velocidade de processamento também é reduzida e o custo do tempo se eleva. Então, o aproveitamento máximo dos equipamentos só acontece quando se tem matéria-prima tipo semente na linha de produção. Perda de óleo por arraste - Estudos mostram que as perdas de óleo devido à acidez atingem o dobro do índice de acidez. Isso significa que, para cada 0,1% de acidez, ocorre uma perda de óleo de 0,2%. No presente trabalho foram consideradas perdas de 0,18% por arraste de óleo. Foram calculadas as perdas de óleo à medida que se aumentava a porcentagem de óleo de má qualidade. Verificouse que com aumento da porcentagem de óleo de má qualidade na linha de refinamento, a quantidade de arraste de óleo nos solvente durante o refinamento do óleo de soja também aumenta. A perda direta também depende da qualidade da matéria-prima e pode atingir até R$ ,00/ano - figura 8. O valor pode ser considerado irrisório, mas se deve lembrar que este é apenas um dos itens que compõem o custo de produção do óleo de soja. Perda devido a grãos verdes - As perdas, em valores, que ocorrem devido à presença de grãos verdes, são pouco conhecidas. Sabe-se que o óleo extraído de uma massa com alta porcentagem de grãos verdes terá em sua composição um alto índice de clorofila. E que o excesso de clorofila no óleo promove o desenvolvimento de oxidações indesejáveis. A extração desse pigmento no óleo é realizada com argila. E quanto maior a quantidade de clorofila no óleo, maior a quantidade de argila necessária para a redução do índice desse pigmento no óleo. Conseqüentemente, eleva o custo de produção. As análises cromatográficas do óleo extraídas de diferentes amostras de soja, contendo diferentes proporções de grãos ardidos, figura 9, indicam que: à medida que aumenta a porcentagem de grãos ardidos na amostra, o índice de clorofila no óleo também aumenta. A variação da cor do óleo, em unidade vermelho, analisado em cromatógrafo, com a variação de grãos ardidos, mostram que à medida que se aumenta a proporção de grãos ardidos na amostra, o valor da unidade vermelho aumenta, figura 10. O menor índice de coloração do óleo em unidade vermelho é igual a 2. Óleo 20 Cultivar
5 Fig. 08 Perda de óleo (t.) por arraste durante o refinamento pelo aumento da proporção de óleo de má qualidade. Considerando a produção de t. de óleo/ano Fig. 09 Índice de clorofila, com o aumento de grãos ardidos contidos na amostra de grãos (clorofila < 200 ppb teor baixo, clorofila próximo de 500 ppb alto valor) Fig. 10 Variação da cor do óleo em unidade vermelho, de acordo com o aumento da porcentagem de grãos ardidos de soja com valor próximo a esse é considerado de boa qualidade. O óleo de baixa qualidade é considerado aquele que apresenta um índice de unidade vermelho de valores próximos ou iguais a 10 unidades. CONSIDERAÇÕES FINAIS Houve correlação positiva entre picada de percevejos, grãos ardidos e acidez do óleo, isso mostra a importância do controle de percevejos nas lavouras de soja. A redução dos danos por percevejo proporcionará melhor qualidade nos grãos de soja recebidos pela indústria, que conseqüentemente produzirá óleo de melhor qualidade com menor custo. Apesar da correlação positiva existente entre picada de percevejos e grãos ardidos foi possível identificar cultivares de soja que mesmo sob ataque de percevejos apresentaram baixa porcentagem de grãos ardidos e menor porcentagem de grãos verdes. Observou-se também uma grande variabilidade dessas características nas cultivares de soja utilizadas no ensaio. As informações obtidas com esse trabalho servirão para direcionar os negócios de sementes de soja e direcionar as empresas de pesquisa obtentoras de cultivares no planejamento de estratégias de mercado para seus cultivares. E também direcionar o programa de melhoramento no sentido de obter cultivares que apresentem, além de alta produtividade e resistência à doenças, possua alto teor de proteína e óleo, alta tolerância a percevejos, baixa produção de grãos verdes e boa qualidade de grãos. Esses resultados também podem contribuir para que as industrias processadoras desenvolvam programas de incentivos a produção de grãos. Programas que permitam aos produtores a utilização adequada das novas tecnologias disponíveis na condução de suas lavouras de soja. Essa estratégia possibilitará aos produtores uma melhor condição de competição, conseqüentemente, melhoria na sua condição social e de sua comunidade. Assim a indústria receberá grãos de melhor qualidade, o custo de produção será reduzido e esta cumpre sua responsabilidade social. Atualmente a demanda por produtos de melhor qualidade e notória em todo mundo. E a indústria tem consciência que um excelente produto, com preço competitivo e um ótimo serviço é uma obrigação. Sabemos que a qualidade da matéria-prima atualmente não é definida pela indústria, a indústria escolhe a matéria-prima e compra. E muitas vezes adquire matéria-prima de péssima qualidade. Estando a matéria-prima no armazém o custo de produção está praticamente definido. Se esta for de má qualidade, a tendência é de aumentar o custo de produção durante armazenamento. A definição de qualidade da matériaprima é realizada pelo produtor, quando: esse adquire sementes de cultivares de soja mais adaptada para a sua região; cultivares resistentes à doenças; efetua controle de plantas daninhas, de insetos e doenças; efetua adubação de acordo com a recomendação técnica; colhe na época certa; ou seja, perfil do produtor de semente. É aquele que aceita e possui uma ótima assistência técnica. Esse produtor terá grande chance de oferecer uma matéria-prima de excelente qualidade para a indústria. A mão invisível, como diria Adam Smith, está transformando o conceito de boa cidadania corporativa e/ou de responsabilidade social, numa questão estratégica e de sobrevivência das empresas, a longo prazo, no mundo dos negócios. Analisando todos estes pontos acima, fica a questão: Por que a indústria de processamento não participa diretamente na definição da qualidade da matériaprima?. Marcos Augusto de Freitas João Luiz Gilioli Marcos Antônio Borges de Melo Marciel Martins Borges Cultivar 21
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