Anteprojecto dos regimes especiais dos seguros de saúde com cobertura graduada, dos seguros de saúde de longo prazo e dos seguros de saúde vitalícios
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- Victoria Caldeira Ribeiro
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1 Anteprojecto dos regimes especiais dos seguros de saúde com cobertura graduada, dos seguros de saúde de longo prazo e dos seguros de saúde vitalícios CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1º - Objecto Art. 2º - Imperatividade relativa Art. 3º - Regime subsidiário CAPÍTULO II REGIME ESPECIAL DOS SEGUROS DE SAÚDE COM COBERTURA GRADUADA Art. 4º - Exclusividade da designação seguros de saúde com cobertura graduada Art. 5º - Exclusão de doenças pré-existentes Art. 6º -Regime de declaração inicial do risco Art. 7º - Recusa de autorização de cobertura de exame ou acto médico ou clínico Art. 8º - Arbitragem com base em motivo de natureza médica Art. 9º - Pagamento a posteriori das despesas nos termos da cobertura Art. 10º - Justa causa de resolução do contrato Art. 11º - Cobertura após a cessação do contrato Art. 12º - Transparência CAPÍTULO III REGIME ESPECIAL DOS SEGUROS DE SAÚDE DE LONGO PRAZO Art. 13º - Regime aplicável Art. 14º - Mutualidade CAPÍTULO IV REGIME ESPECIAL DOS SEGUROS DE SAÚDE VITALÍCIOS SECÇÃO I Regras gerais Art. 15º - Regime aplicável aos seguros de saúde de cobertura vitalícia Art. 16º - Exclusividade da designação seguro de saúde vitalício Art. 17º - Duração Art. 18º - Exclusão de doenças pré-existentes SECÇÃO II Princípio do nivelamento dos prémios Art. 19º - Nivelamento dos prémios Art. 20º - Informação decorrente do nivelamento dos prémios Art. 21º - Alteração dos termos de cobertura Art. 22º - Actualização dos prémios de seguro Art. 23º - Processo de alteração tarifária e contratual Art. 24º - Cálculo da provisão para envelhecimento Art. 25º- Cessação do contrato SECÇÃO III Resolução com justa causa específica Art. 26º - Justa causa específica de resolução Art. 27º - Processo de resolução Art. 28º - Arbitragem Art. 29º- Execução contratual posterior à realização de arbitragem Art. 30º - Regime do novo contrato CAPÍTULO V REGIME CONTRA-ORDENACIONAL Art. 31º - Ilícitos contra-ordenacionais Art. 32º - Regime
2 2 CAPÍTULO VI DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS Art. 33º - Disposição transitória Art. 34º - Relatório sobre a aplicação Art. 35º - Taxa para o financiamento da arbitragem Art. 36º - Entrada em vigor
3 3 O nível de maturidade e de abrangência da oferta actual de seguros de saúde, constitui a base que permite o desenvolvimento de um regime que considerando simultaneamente fins de protecção do tomador do seguro e de garantia da solvabilidade dos operadores, torne possível a expansão e o acréscimo de sofisticação e especificidade das coberturas. Em ordem a prosseguir esses fins, o presente decreto-lei introduz um regime especial para os seguros de saúde de renovação periódica, bem como um regime especial para os seguros de saúde de natureza vitalícia. O primeiro princípio base deste decreto-lei reside na coexistência entre o regime comum do seguro de saúde constante do regime jurídico do contrato de seguro aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/2008, de 16 de Abril, em especial dos artigos 213.º a 217.º e o regime de modalidades especiais de seguro de saúde agora introduzidas. Prosseguindo os objectivos de: (i) garantir a liberdade de escolha aos tomadores de seguros da modalidade de seguro de saúde (quer em termos de coberturas e condições contratuais, quer de prémio) que melhor se adeqúe à respectiva situação pessoal, e de (ii) facultar ao mercado segurador opções diversificadas em termos da estratégia comercial que cada operador está em condições de seguir, em função da respectiva dimensão e experiência no ramo, prevê-se que passem a existir quatro modalidades de seguro de saúde. O primeiro nível corresponde ao regime comum do contrato de seguro de saúde o regime geral e especial constante do regime jurídico do contrato de seguro o qual não é alterado pelo presente decreto-lei. No segundo nível seguro de saúde de cobertura graduada é aplicável um acervo de disposições de natureza imperativa relativa, em domínios que se consideram relevantes para facultar a qualificação e respectiva exploração como uma modalidade distinta face ao regime comum. Entre essas disposições relevam as relativas ao reforço do dever de informação e de esclarecimento, aos termos da exclusão de doenças pré-existentes, a alguns aspectos da
4 4 declaração inicial do risco, à autorização de cobertura de exame, acto médico ou clínico, à arbitragem por motivo de natureza médica, ao prazo de pagamento das despesas à pessoa segura e à cessação do contrato. Este regime especial prevê deveres reforçados a cargo dos seguradores, originando um produto específico ao qual é reconhecida protecção legal. Num terceiro nível identifica-se a categoria do seguro de saúde de longo prazo, seguros com a duração mínima de 8 anos, que conferem uma maior estabilidade à relação contratual firmada com o tomador do seguro, recorrendo ao regime técnico e contratual previsto para os seguros vitalícios. O que caracteriza o quarto nível seguro de saúde vitalício é o facto de o segurador assegurar as coberturas com carácter vitalício e as consequências legais e aspectos técnicos específicos que essa característica acarreta, em especial, o princípio do nivelamento e actualização restrita dos prémios e a portabilidade individual da provisão para envelhecimento circunscrita ao caso de resolução com justa causa específica. De facto, a longevidade a preços comportáveis das coberturas de um seguro de saúde só pode ser assegurada pelo mecanismo técnico do nivelamento dos prémios, o que significa, em termos correntes, que é calculado actuarialmente um prémio para toda a potencial vigência do contrato, sendo o mesmo repartido (nivelado) desde o início do contrato, dano origem à constituição de uma provisão (provisão para envelhecimento). Nestes termos, um tomador do seguro jovem, nos primeiros anos de vigência do contrato, pagará um prémio superior ao que seria devido caso fosse calculado numa base meramente anual, compensando, assim, o prémio que teria de pagar em fase avançada do contrato em que o risco é naturalmente mais elevado. Por outro lado, o direito a uma cobertura vitalícia contratada seria colocado em causa, se a actualização dos prémios ao longo da vigência do contrato ou a alteração de condições contratuais (v.g. franquias, prestações) fosse inteiramente livre.
5 5 Assim, como princípio de base, prevê-se que a alteração do estado de saúde da pessoa segura não pode determinar qualquer alteração nos termos da cobertura de um seguro de saúde vitalício. Por outro lado, a idade da pessoa segura apenas pode estar na base de modificações alteração dos termos da cobertura se tal estiver previsto ab initio no contrato de seguro e desde que as alterações sejam no sentido favorável à pessoa segura (v.g. alargamento das cobertura ou acréscimo dos capitais). A alteração em razão de facto relativo à pessoa segura mas alheio ao seu estado de saúde ou à idade só pode basear-se em facto susceptível de ter uma influência significativa sobre a existência ou a extensão do risco, solução, de resto, que o regime jurídico do contrato de seguro prevê para a generalidade dos seguros de saúde, e ora reproduzida em favor da completude do enunciado do decreto-lei em matéria tão fulcral. Por seu turno, a actualização anual dos prémios tem como limite máximo a que resultaria da aplicação dos índices de evolução do custo médio da prestação dos cuidados de saúde no âmbito da actividade seguradora, relevantes para cada mutualidade. Permite-se, não obstante, que em casos devidamente fundamentados com base numa maior escala de evolução do custo médio das coberturas de uma mutualidade de contratos em concreto, a amplitude da actualização anual possa reflectir adicionalmente os desvios padrões dos custos da prestação dos cuidados de saúde no âmbito da actividade seguradora. Os índices e os desvios padrões referidos são calculados numa base de médias móveis trienais e divulgados anualmente por norma regulamentar do Instituto de Seguros de Portugal, podendo distinguir evoluções de diferentes quadros de cobertura típicos. Também através de norma regulamentar do Instituto de Seguros de Portugal será estabelecida a metodologia de cálculo dos índices e do desvio padrão, as coberturas a que se reportam, bem como a informação que as empresas de seguros que explorem o seguro de saúde lhe devem prestar para efeitos desse cálculo, e a respectiva periodicidade.
6 6 A metodologia utilizada pela empresa de seguros para a actualização dos prémios e alteração de franquias e prestações deve ser objectiva, consistente e actuarialmente fundamentada, sendo objecto de certificação pelo actuário responsável, ou, no caso de empresa de seguros para a qual não seja legalmente exigível a respectiva nomeação, por actuário. Outro princípio que subjaz ao regime consagrado neste decreto-lei é o da preservação da estabilidade das carteiras A gestão equilibrada de uma carteira de seguros de saúde vitalícios, atenta a natureza de muito longo prazo das responsabilidades envolvidas, enfatiza a necessidade de afastamento, tanto quanto possível, de situações de antiselecção e de dumping de preços que não permitam a sustentabilidade financeira das empresas, com as inerentes consequências ao nível da protecção dos interesses dos consumidores. Assim, se o seguro assume natureza vitalícia para o segurador, a desvinculação do tomador também não é inteiramente livre, no sentido em que podendo este resolver o contrato na data aniversária, mediante aviso prévio de 90 dias, não beneficiará de qualquer direito de resgate. Todavia, conforme a convenção das partes, e até à excussão da respectiva provisão para envelhecimento, o tomador que resolva o contrato terá direito à redução do contrato aos níveis de cobertura garantidos pelos prémios pagos, ou à constituição de uma conta individual de cuidados de saúde, à qual é afecto o montante da provisão, gerida num regime de capitalização e destinada à aquisição de seguros de saúde anuais renováveis. Por outro lado, e porque não seria aceitável que um tomador do seguro com fundamentos legítimos para resolver o contrato de saúde vitalício, fosse penalizado por essa resolução, prevê-se que quando a mesma se fundamente em justa causa específica possa ser acompanhada da transferência da provisão para envelhecimento para o novo segurador, permitindo-lhe, portanto, continuar a beneficiar do efeito de nivelamento do prémio noutro segurador.
7 7 Considera-se justa causa específica o comportamento negligente do segurador, ou de um seu representante, que seja de tal modo grave que torne impossível a subsistência da confiança na qualidade do serviço a prestar por um segurador de saúde vitalício. Em caso de divergência entre o tomador do seguro e o segurador, prevê-se a possibilidade de ser suscitada a realização de arbitragens de natureza médico-clínica ou jurídica, que serão financiadas através do produto de uma taxa criada especificamente para o efeito, e cuja operacionalização caberá transitoriamente ao Instituto de Seguros de Portugal, enquanto não existir outra estrutura institucionalizada encarregue desse processo O incumprimento dos deveres mais relevantes introduzidos no presente decreto-lei é sancionado a nível contra-ordenacional. Foram ouvidos [ ] No uso da autorização legislativa concedida pelo artigo da Lei n.º./..de.de.e nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte: CAPÍTULO I Disposições gerais Artigo 1.º Objecto O presente decreto-lei fixa o regime especial dos seguros de saúde com cobertura graduada, o regime especial dos seguros de saúde de longo prazo, bem como o regime especial dos seguros de saúde vitalícios.
8 8 Artigo 2.º Imperatividade relativa O regulado no presente decreto-lei em matéria de relações jurídicas privadas é imperativo, sem prejuízo de convenção mais favorável ao tomador do seguro ou à pessoa segura. Não é regulação de relação jurídica privada tudo o que respeite à actuação pública no âmbito do presente regime v.g., a intervenção governamental reguladora da actualização das tarifas e a do Instituto de Seguros de Portugal (ISP) na agilização das arbitragens envolvidas na resolução com justa causa específica. Artigo 3.º Regime subsidiário Às questões sobre contratos de seguro de saúde não reguladas no presente regime, aplicam-se, subsidiariamente, as correspondentes disposições do Regime Jurídico do Contrato de Seguro, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/2008, de 16 de Abril. CAPÍTULO II Regime especial dos seguros de saúde com cobertura graduada Artigo 4.º Exclusividade da designação seguros de saúde com cobertura graduada 1- Os seguros regulados no presente capítulo devem incluir na respectiva designação comercial a expressão seguro de saúde com cobertura graduada, a ser empregue na publicidade, informação pré-contratual e na documentação contratual.
9 9 2- Apenas os seguros de saúde que sigam o regime previsto no presente capítulo podem utilizar na respectiva designação comercial a expressão seguro de saúde com cobertura graduada ou mencioná-la em publicidade, informação pré-contratual ou documentação contratual. 3- A proibição prevista no número anterior abrange a utilização de expressões facilmente confundíveis. Artigo 5.º Exclusão de doenças pré-existentes 1- No seguro de saúde com cobertura graduada o contrato só pode prever a exclusão das doenças preexistentes: a) Cujo diagnóstico seja conhecido do tomador do seguro ou da pessoa segura à data da sua celebração; ou b) Cujos sintomas se tenham manifestado à data da sua celebração e sejam objecto de diagnóstico no prazo de 3 meses a contar dessa data. 2- A exclusão de doenças preexistentes nos termos da alínea b) do número anterior depende da existência de um nexo causal, cientificamente estabelecido à data da celebração do contrato, entre o sintoma e a doença. 3- Na dúvida sobre a existência do nexo causal referido no número anterior o mesmo considera-se como não existente.
10 10 O regime geral das preexistências é o previsto no art. 216º/1 do regime jurídico do contrato de seguro (RJCS), que estabelece uma permissão irrestrita de exclusão das preexistências, ainda que se trate de uma disposição de natureza supletiva. O nº 1 limita as preexistências susceptíveis de autorizar a exclusão da cobertura às doenças que foram objecto de manifestação até à data da celebração do contrato ou já diagnosticadas ou cujo diagnóstico ocorra até 3 meses. O só explicita que não podem ser excluídas preexistências que não tenham tido qualquer manifestação até à data da celebração, no sympthom, no exclusion. Se o segurador tiver muito empenho na exclusão de preexistência eventualmente subjacente a sintoma manifestado até à data da celebração, cabe-lhe impor à pessoa segura a realização dos necessários exames. O nº 2 aloca ao segurador o risco de desconhecimento científico, à data da celebração, sobre a causa de um sintoma, favorecendo a pessoa segura (no mesmo sentido em matéria de causalidade, vide, no RJCS, os arts. 26º/4, 94º/1 e 144º/2). Artigo 6.º Regime de declaração inicial do risco O segurador não se pode prevalecer: a) De omissão ou inexactidão na declaração do risco do tomador do seguro ou da pessoa segura relativa a doença que se não tenha manifestado até à data da celebração do contrato; b) De circunstância do risco cuja declaração não seja solicitada ao tomador do seguro ou à pessoa segura em questionário fornecido pelo segurador para o efeito; c) Decorrido que sejam dois anos após a celebração do contrato, de omissão ou inexactidão negligente na declaração inicial do risco relativa a doença cujos sintomas se tivessem já manifestado até à data da celebração do contrato e que não tenham sido diagnosticadas nesse prazo de dois anos.
11 11 O art. 5º regula as preexistências e o art. 6º a declaração inicial do risco em geral [as als. a) e b)] e a incontestabilidade em especial [a al. c)]. Em termos gerais, a exclusão via-regime das preexistências regime das exclusões, onde o princípio da liberdade contratual releva é mais vigorosa do que a viaregime da declaração do risco em geral, e da incontestabilidade em especial onde predomina a imperatividade do regime legal, art. 13º do RJCS, pois que, ao contrário desta, pode referir-se a facto desconhecido da pessoa segura. No caso da lei portuguesa o regime geral das preexistências é o previsto no art. 216º/1 do RJCS (que estabelece uma permissão irrestrita de exclusão das preexistências, ainda que se trate de uma disposição de natureza supletiva). E embora o regime geral da declaração do risco seja largamente imperativo, o facto é que no caso dos seguros de saúde o regime da incontestabilidade é o da liberdade total das partes quanto à sua previsão ou não (o art. 188º do RJCS é aplicável tão-só ao seguro de vida). Quanto ao art. 6º: A al. a) esclarece uma dúvida fulcral a de saber onde começa o dever de declaração do risco de saúde, se antes da manifestação da doença (existindo pressentimentos e convicções internas), ou se, pelo contrário, apenas com a manifestação da doença (= ocorrência de sintomas); destina-se, portanto, a esclarecer o que deve entender-se por circunstâncias que conheça e razoavelmente deva ter por significativas para a apreciação do risco pelo segurador (nº 1 do art. 24º do RJCS) relativamente ao seguro de saúde, incrementando a certeza sobre matéria tão sensível. A al. b) prevê um regime de declaração do risco- base segurador (onde o que releva primacialmente é a pergunta pelo segurador), portanto derrogando o previsto no nº 2 do art. 24º do RJCS. A al. c) prevê um prazo de 2 anos para o segurador poder exercer os direitos previstos no art. 26º do RJCS. Os 2 anos previstos na lei belga de 2007 sobre o seguro de saúde vitalício foram considerados como o limite operativo mínimo (a disposição belga inspirou-se em jurisprudência belga que considerou 3 anos de incontestabilidade não abusivo para os contratos de seguro de saúde; a lei alemã, integrada em um sistema de enorme componente pública, tem como período de carência máximo admissível para o seguro de doença de assistência 3 anos). É regime que depende da pluri-anualidade da cobertura (por efeito, nos contratos anuais, da renovação do contrato). Ocorrendo sinistro antes da incontestabilidade, e verificando-se declaração inexacta negligente, é aplicável o regime dos arts. 26º/4 e 94º do RJCS, que fixam ambos o requisito da causalidade do facto objecto da inexactidão para o segurador poder reduzir ou excluir a prestação.
12 12 Artigo 7.º Recusa de autorização de cobertura de exame ou acto médico ou clínico 1- No seguro de saúde com cobertura graduada, a resposta negativa do segurador a pedido correctamente efectuado, nos termos convencionados, pelo tomador do seguro ou pela pessoa segura no sentido da efectivação, com cobertura, de exame ou acto médico ou clínico, só pode ocorrer no prazo contratualmente fixado, o qual não pode ser superior a 8 dias a contar da recepção do pedido, sob pena de autorização tácita. 2- Em caso de urgência médica ou clínica devidamente comprovada, o prazo previsto no número anterior é o que for medicamente razoável. Disposição que estabelece prazo de resposta (o segurador tem 8 dias contínuos ou o prazo medicamente razoável para dizer não, sob pena de autorizar tacitamente o pedido). Para o conteúdo da resposta, vide o art. ss.. Artigo 8.º Arbitragem com base em motivo de natureza médica 1- No seguro de saúde com cobertura graduada, em caso de oposição pelo segurador, após sinistro, com base em motivo de natureza médica, a pessoa segura pode solicitar a realização de uma arbitragem médica, num prazo não superior a 15 dias a contar do conhecimento da oposição, a qual deve realizar-se num prazo não superior a 30 dias da data do pedido. 2- Sem prejuízo do fixado no número anterior, é aplicável, com as devidas adaptações, o previsto em matéria de arbitragem médico-clínica em sede de resolução com justa causa específica.
13 13 Destinar-se-á ao contraditório relativo a exclusões e preexistências (e ainda, marginalmente, a incontestabilidades, no caso dos seguros de saúde vitalícios). Artigo 9.º Pagamento a posteriori das despesas nos termos da cobertura Sempre que no seguro de saúde com cobertura graduada esteja convencionado que o segurador procede ao pagamento das comparticipações a posteriori, este é efectuado no prazo máximo de 14 dias a contar da data da apresentação dos documentos necessários para o efeito. Artigo 10º Justa causa de resolução do contrato No seguro de saúde com cobertura graduada, são invocáveis como justa causa de resolução do contrato pelo tomador do seguro, entre outros, os incumprimentos previstos nos n. os 2 e 3 do artigo 26º. Artigo 11.º Cobertura após a cessação do contrato No seguro de saúde com cobertura graduada, em caso de não renovação do contrato ou da cobertura e não estando o risco coberto por um contrato de seguro de saúde posterior, de idêntica natureza ou não, os prazos previstos nos n. os 1 e 2 do artigo 217.º do Regime Jurídico do Contrato de Seguro, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/2008, de 16 de Abril, são, respectivamente, de 3 anos e de 90 dias.
14 14 Prossegue a evolução efectuada pelo art. 217º relativamente ao DL 176/95, de 26 de Julho: passou o 1º prazo de 1 para 2 anos e o 2º prazo de 8 para 30 dias. O trecho por um contrato de seguro de saúde posterior esclarece que a delimitação negativa por seguro sucessivo opera mesmo que o seguro sucessivo seja de modalidade que não seguro de saúde com cobertura graduada. Artigo 12.º Transparência 1- A informação a prestar pelo segurador nos termos gerais sobre o teor do previsto no presente capítulo deve ser destacada, seja em sede pré-contratual, seja na apólice de seguro. 2- Relativamente ao previsto no presente capítulo é sempre aplicável o dever especial de esclarecimento constante do artigo 22.º do Regime Jurídico do Contrato de Seguro, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/2008, de 16 de Abril. 3- A omissão da entrega da apólice no prazo de 14 dias, salvo motivo justificado, alheio ao segurador, determina a devolução do montante do prémio relativo ao período do incumprimento, sem prejuízo da vigência do contrato. 4- O previsto no número anterior não prejudica a aplicação do disposto no artigo 34.º do Regime Jurídico do Contrato de Seguro, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/2008, de 16 de Abril. Para o nº 1, cf. arts. 18º ss., 37º, 185º e 187º do RJCS. Quanto ao nº 2 recorde-se que o art. 22º do RJCS só abrange basicamente os contornos da cobertura (pelo que sem a presente previsão só o regime das préexistências seria abrangido pelo dever especial de esclarecimento). Em virtude do ora previsto são igualmente inaplicadas as restrições constantes do art. 22º do RJCS relativas à complexidade da cobertura e outras.
15 15 Quanto ao nº 3, o prazo previsto corresponde ao prazo geral previsto no n.º 1 do artigo 34º do RJCS. CAPÍTULO III Regime especial dos seguros de saúde de longo prazo Artigo 13.º Regime aplicável 1- O previsto nos artigos 15.º e 19.º a 30.º pode, com as devidas adaptações, ser aplicado a contratos de seguro de saúde com uma duração mínima de 8 anos. 2- Entre as adaptações devidas nos termos do previsto no número anterior contamse as seguintes: a) O prazo previsto no n.º 2 do artigo 20.º é de 2 anos; b) A transferência da provisão para envelhecimento prevista na secção III do capítulo seguinte pode ser efectuada para um seguro de saúde vitalício ou um seguro de saúde de longo prazo; 3- Os seguros regulados na presente secção devem incluir na respectiva designação comercial a expressão seguro de saúde de longo prazo, a ser empregue na publicidade, informação pré-contratual e na documentação contratual. 4- Apenas os seguros de saúde que sigam o regime previsto na presente secção podem utilizar na respectiva designação comercial a expressão seguro de saúde de longo prazo ou mencioná-la em publicidade, informação pré-contratual ou documentação contratual. 5- A proibição prevista no número anterior abrange a utilização de expressões facilmente confundíveis.
16 16 Artigo 14.º Mutualidade Para os efeitos do previsto no artigo 22.º, os contratos de seguro de saúde de longo prazo integram a mutualidade recortada nos termos do respectivo n.º 9. CAPÍTULO IV Regime especial dos seguros de saúde vitalícios SECÇÃO I Regras gerais Artigo 15.º Regime aplicável aos seguros de saúde de cobertura vitalícia Os seguros de saúde cuja cobertura seja vitalícia regem-se pelo previsto no presente capítulo, e subsidiariamente pelo previsto no capítulo anterior. Artigo 16.º Exclusividade da designação seguro de saúde vitalício 1- Os seguros regulados na presente secção devem incluir na respectiva designação comercial a expressão seguro de saúde vitalício, a ser empregue na publicidade, informação pré-contratual e na documentação contratual.
17 17 2- Apenas os seguros de saúde que sigam o regime previsto na presente Secção podem utilizar na respectiva designação comercial a expressão seguro de saúde vitalício ou mencioná-la em publicidade, informação pré-contratual ou documentação contratual. 3- A proibição prevista no número anterior abrange a utilização de expressões facilmente confundíveis. Artigo 17.º Duração 1- Com ressalva da cessação do contrato, das invalidades e das perdas de cobertura nos termos legais, a cobertura assegurada pelos seguros de saúde regulados na presente secção é vitalícia. 2- O tomador do seguro pode resolver o contrato na data aniversária, enviando a respectiva comunicação ao segurador com uma antecedência mínima de 90 dias. Nº 1: os regimes legais a que se reporta são p.e. os relativos à falta de pagamento do prémio e ao incumprimento de deveres no âmbito da declaração do risco e de participação e mitigação do sinistro. Artigo 18.º Exclusão de doenças pré-existentes Na aplicação aos seguros de saúde vitalícios o prazo previsto na alínea b) do n.º 1 do artigo 5.º é de 2 anos. SECÇÃO II Princípio do nivelamento dos prémios
18 18 Artigo 19.º Nivelamento dos prémios 1- Os contratos de seguro de saúde vitalício obedecem ao princípio do nivelamento dos prémios ao longo da adesão ininterrupta da pessoa segura, com base na idade desta à data do início do pagamento dos prémios. 2- O princípio de nivelamento dos prémios determina a constituição da provisão para envelhecimento segundo a técnica do seguro de vida. 3- Os prémios dos contratos de seguro de saúde vitalício devem ser suficientes, segundo critérios actuariais razoáveis, para permitir à empresa de seguros satisfazer o conjunto dos seus compromissos e, designadamente, constituir as provisões técnicas adequadas. Artigo 20.º Informação decorrente do nivelamento dos prémios 1- No momento da subscrição do contrato, o segurador, com a apólice, entrega ao tomador do seguro um documento com a seguinte informação decorrente do nivelamento dos prémios: a) A estimativa do montante da provisão para envelhecimento susceptível de transferência em caso de resolução com justa causa específica; b) O nível da cobertura reduzida, nos termos do previsto no artigo 22.º, em caso de interrupção do cumprimento do plano de pagamento dos prémios, se convencionada; c) Que o conteúdo da informação prestada nos termos das alíneas anteriores pode sofrer alterações nos termos dos artigos seguintes.
19 19 2- A informação prevista nas alíneas a) e b) no número anterior é actualizada periodicamente pelo segurador de 5 em 5 anos; e deve ser actualizada extraordinariamente sempre que ocorra alteração nos termos dos artigos seguintes. Cfr. art. 18º/d) e art. 37º/2, al. h) do RJCS. Artigo 21.º Modificação dos termos de cobertura 1- A alteração do estado de saúde da pessoa segura não pode determinar qualquer modificação nos termos da cobertura de um seguro de saúde vitalício. 2- Só é admissível a modificação nos termos da cobertura de um seguro de saúde vitalício em função da evolução da idade da pessoa segura se estiver prevista desde o inicio do contrato e se essa modificação estabelecer um regime mais favorável à pessoa segura. 3- Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, a modificação dos termos da cobertura em razão de facto relativo à pessoa segura mas alheio ao seu estado de saúde ou à idade só pode basear-se em facto susceptível de ter uma influência significativa sobre a existência ou a extensão do risco. 4- Se contratualmente previsto, a modificação dos termos da cobertura pode ainda fundamentar-se na evolução tecnológica ou no reconhecimento de novas terapias relativas à prevenção e ao tratamento das doenças ou situações objecto da cobertura. 5- A proposta do segurador de introdução de modificações ao abrigo do disposto nos n. os 3 e 4, deve, sob pena de ineficácia, ser razoável e proporcional ao impacto do facto no risco.
20 20 Cfr. art. 215º/a) do RJCS. Artigo 22.º Actualização dos prémios de seguro 1- A actualização do conjunto dos prémios dos seguros de saúde vitalícios relativos a uma mesma mutualidade só pode ocorrer na data aniversária do contrato, sem prejuízo das partes poderem convencionar períodos mais alargados, durante os quais essa actualização não seja aplicável. 2- Sem prejuízo do disposto no número seguinte, a actualização anual dos prémios tem como limite máximo a que resultaria da aplicação dos índices de evolução do custo médio da prestação dos cuidados de saúde no âmbito da actividade seguradora, relevantes para cada mutualidade. 3- Em casos devidamente fundamentados com base numa maior escala de evolução do custo médio das coberturas de uma mutualidade de contratos em concreto, a amplitude da actualização anual pode reflectir adicionalmente os desvios padrões dos custos da prestação dos cuidados de saúde no âmbito da actividade seguradora. 4- Os índices e os desvios padrões referidos nos números anteriores são calculados numa base de médias móveis trienais e divulgados anualmente por norma regulamentar do Instituto de Seguros de Portugal, podendo distinguir evoluções de diferentes quadros de cobertura típicos. 5- Por norma regulamentar do Instituto de Seguros de Portugal é estabelecida a metodologia de cálculo dos índices e do desvio padrão, as coberturas a que se reportam, bem como a informação que as empresas de seguros que explorem o seguro de saúde lhe devem prestar para efeitos desse cálculo, e a respectiva periodicidade.
Anteprojecto de regime especial dos seguros de saúde com cobertura graduada e dos seguros de saúde vitalícios
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