Poder Judiciário Estado do Rio de Janeiro Décima Nona Câmara Cível

Transcrição

1 Apelante: Volume Construções e Participações Ltda. Apelado: Gabriel de Moraes da Silva r/p João Maria Freire da Silva Relator: Des. SÉRGIO NOGUEIRA DE AZEREDO Apelação Cível. Rito Sumário. Ação de Indenização por Danos Morais. Empresa contratada pela Prefeitura para realizar obras de urbanização na Comunidade São José Operário/Barão. Queda de morador em buraco não sinalizado que causou ferimento na perna esquerda do Demandante. Sentença de parcial procedência. Apelo da Demandada sob a alegação de que não realizou intervenção no local do acidente e de que a lesão extrapatrimonial não se encontra devidamente demonstrada. Provas suficientes de que o objeto da contratação abrangia vias internas não especificadas no Projeto Básico. Ré que não logrou comprovar a ausência de atividades no lugar do evento danoso e a adoção de todas as providências para evitar incidentes. Responsabilidade civil objetiva da pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público (art. 37, 6º, CR/88). Prejuízo imaterial confirmado pelo contexto fático-probatório dos autos. Nexo de causalidade presente. Obrigação de indenizar. Verba reparatória fixada de acordo com os Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade. Pretensão recursal de manifesta improcedência. Manutenção do decisum. Negativa de seguimento ao Apelo, na forma do art. 557, caput, do CPC. D E C I S Ã O Cuida-se de Apelação interposta por VOLUME CONSTRUÇÕES E PARTICIPAÇÕES LTDA, Ré na Ação de Indenização por Danos Morais ajuizada por GABRIEL DE MORAES DA SILVA, representado por seu genitor, JOÃO MARIA FREIRE DA SILVA, por meio da qual alega o Demandante que, em 04/03/2013, sofreu lesão na perna esquerda ao cair em um buraco aberto por ocasião das obras realizadas pela construtora Demandada na comunidade onde reside, não havendo qualquer sinalização no local acerca do risco de acidente. 1

2 Aduz que, em razão do ferimento causado pela queda, necessitou de atendimento médico por duas vezes e, ainda, precisou ser liberado mais cedo da escola em virtude de dores e sangramento. Pleiteou, pois, reparação dos prejuízos imateriais suportados, estimados em R$ ,00 (vinte mil reais). Volta-se o recurso contra a sentença proferida pelo Juízo da 6ª Vara Cível (Regional) de Jacarepaguá, à fls. 234/238 (IE nº 00234), que, reconhecendo a responsabilidade da Ré pela conservação das áreas objeto das obras públicas contratadas, julgou procedente em parte o pedido de condenação em danos morais. A verba indenizatória restou fixada em R$ 1.500,00 (hum mil e quinhentos reais), corrigidos a partir da intimação do julgado e com juros de mora de 1% (hum por cento) ao mês desde o evento danoso, nos termos da Súmula nº 54 do STJ. Sustenta a Apelante (IE nº 00257), em síntese, como fundamento à reforma do decisum, que não realizou qualquer intervenção no local apontado pelo Apelado como sendo o do acidente e que inexiste prova do dano afirmado ou de sua extensão. Assim, pleiteia o seguinte (grifos no original): (...) seja dado provimento ao presente Recurso de Apelação, para que seja integralmente reformada a sentença impugnada e julgado improcedente o pedido formulado, tanto pela absoluta ausência de comprovação dos fatos narrados, como de qualquer indício de responsabilidade da Apelante pelos danos supostamente sofridos. Recurso recebido (IE nº 00347) e contrarrazoado (IE nº 00354). Parecer Ministerial, às fls. 372/378 (IE nº 00372), ratificando a Manifestação Recursal anterior, de fls. 363/365 (IE nº 00363), no sentido do conhecimento e não provimento da Apelação interposta. É o breve Relatório. Passo à DECISÃO. 2

3 Inicialmente, cumpre anotar que conheço do Apelo em apreço por se fazerem presentes seus requisitos extrínsecos e intrínsecos de admissibilidade. No mérito, cinge-se a controvérsia à existência de provas da responsabilidade da construtora Demandada, ora Recorrente, pela indicação dos possíveis perigos da área indicada como lugar do evento danoso e, em última análise, pelos prejuízos causados ao Recorrido. Nesse sentido, ressalta-se, desde logo, que a sentença proferida pelo Juízo a quo considerou todos os contornos fático-jurídicos da espécie, reconhecendo acertadamente a ocorrência de dano e o seu nexo de causalidade com conduta negligente da Ré, razão pela qual passa a integrar o presente decisum em fundamentação per relationem, na forma regimental (art. 92, 4º, do RITJERJ). Em primeiro plano, mostra-se insubsistente a alegação defensiva, reiterada nas razões recursais, de que não foram realizadas intervenções no local do acidente, pois este não se inseriria nas áreas objeto da contratação para obras, onde efetivamente haviam sido tomados os devidos cuidados com a segurança dos trabalhadores e da comunidade. Tal argumento encontra-se fundado na ideia de que os fatos narrados ocorreram na Rua Marangá, apontada na inicial como endereço do Autor, erroneamente exposta pela Apelante, tendo em vista os esclarecimentos prestados na Audiência de Conciliação realizada em 16/05/2013. Conforme consta da Ata de fl. 154 (IE nº 00154), em nenhum momento se aduziu que o buraco no qual o Apelado caiu estava situado no mencionado logradouro, que apenas serviu de ponto de referência, consoante se nota diante da leitura do trecho abaixo (grifos nossos): 3

4 (...) o autor mora em uma comunidade carente e as ruas internas não foram regulamentadas pela Prefeitura e não possuem CEP. A entrada da comunidade se faz pela Rua Marangá que é cadastrada e possui CEP, sendo esta rua valida como comprovante de residência. A rua interna onde mora o autor e onde ocorreu o acidente, fica em frente ao lote 9-A, como informado no 1º parágrafo, as fls. 04 da Exordial. Ademais, as fotografias juntadas pela própria construtora, às fls. 68/76 (IE nº 00043), apontam frentes de trabalho em localidades diversas daquelas especificadas à fl. 260 (IE nº 00257) como únicas áreas em que realizou intervenções. Sublinha-se ainda, a tal respeito, que o Projeto Básico de fls. 298/319 (IE n os e 00304), ao tratar da situação proposta para o sistema viário (fl. 307 IE nº 00304), apresenta a seguinte descrição (grifos nossos): (...) O sistema proposto prevê ainda a pavimentação das vias internas em rampas ou escadarias em que todos os domicílios existentes serão acessados a partir de patamares projetados para cada soleira existente confrontante com a via. Assim, induvidoso que a Apelante realizava as atividades pactuadas em toda a Comunidade São José Operário/Barão e, portanto, encontrava-se obrigada a adotar as necessárias medidas preventivas para evitar qualquer dano a terceiro decorrente do serviço prestado, não sendo outra a previsão do item II da Cláusula Décima-Quarta (Obrigações da Contratada) da Minuta de Contrato (Modelo) a que havia se submetido (fl. 291 IE nº 00268). No entanto, conforme consta da peça vestibular, o Autor sofreu acidente em canteiro de obras da Demandada desprovido de qualquer sinalização destinada a evitá-lo, findando lesionado na perna esquerda. Tal narrativa restou corroborada pelo depoimento da testemunha Nixon Denis Alves de Souza Santos (IE nº 00209), in verbis (grifos nossos): 4

5 (...) o autor mora na parte alta da comunidade onde tem várias travessas; sabe que a empresa ré estava fazendo obras para melhorar as ruas na comunidade; estavam fazendo as escadas, tubulação de esgoto e iluminação; no dia do evento o depoente estava subindo com sua motocicleta a rua da casa do autor, quando encontrou o autor e a mãe descendo a rua para irem ao hospital; o autor estava chorando com a penas machucada, mas não conseguia andar; o depoente colocou o autor na moto e o levou para a UPA de Madureira; o depoente esperou a mãe do autor, que vinha de ônibus, chegar para deixar o hospital; soube pelo autor que tinha caído em um buraco na rua, em frente a casa dele, pois não havia sinalização; quando houve o acidente era noite por volta de 21:00 horas; durante o dia a empresa mantinha os funcionários trabalhando, mas à noite deixava os buracos abertos sem qualquer sinalização; há poucos dias o depoente perguntou como estava a perna e ele lhe disse que sente dor, quando encosta alguma coisa, porque o local ainda esta sensível; o depoente na época do acidente já morava na mesma rua do autor; o depoente mudou para a travessa, que acha que chama Travessa das Torres, em janeiro ou fevereiro/2013; na parte da rua onde moram o autor e o depoente, tem que se subir uma escada para chegar em casa, pois essa parte da rua é muito estreita e não sobe motocicleta; o local do acidente era uma parte aberta para se fazer esgoto. (...) reconhece as fotografias de fls. 18 e sabe que são da rua onde reside o depoente e o autor. (...) antes de iniciarem as obras não existia o buraco onde caiu o autor, na rua onde residem; se havia placa dizendo qual era a empresa responsável pelas obras, o depoente não viu; estava ocorrendo obra no morro todo, mas a única parte que o depoente trafega é pela rua onde reside. Nessa toda, convém ressaltar que a construtora Ré havia sido contratada pela Prefeitura do Rio de Janeiro para a execução de obras de urbanização e infraestrutura. Desse modo, na qualidade de pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, a sua responsabilidade por danos causados a terceiros, na forma do art. 37, 6º, da CR/88, possui natureza objetiva e, assim, sua verificação depende tão somente da comprovação do prejuízo e do nexo de causalidade. Na espécie, inconteste, pelo contexto fático-documental constante dos autos, que evento danoso aduzido pelo Demandante, fisicamente lesionado, possui como causa a omissão da ora Apelante em sinalizar os buracos abertos em 5

6 razão dos trabalhos que realizava. Diante dessa constatação, a empresa Demandada não logrou produzir qualquer elemento de prova capaz de afastar o dever de reparação. As fotografias datadas de 2013 juntadas pela Recorrente, às fls. 71/74 (IE nº 00043), são todas posteriores à queda do Apelado e não esclarecem se a rua onde este reside, local do acidente, estava excluída das obras contratadas. Portanto, impende reconhecer, como bem destacado pela decisão impugnada (fl. 235 IE nº 00234), que a Ré não se desincumbiu do ônus que lhe cabia, nos termos do art. 333, II, do CPC. Ao contrário, a testemunha arrolada pela própria Demandada, Denis Fernando F. Santiago, no depoimento de fls. 211/212 (IE nº 00211), reconheceu que, em alguns lugares, havia dificuldade para enxergar os canteiros de obras e que solicitava à construtora a sinalização das localidades de maior risco, além de relatar o recebimento de avisos sobre acidentes ocorridos na comunidade, como se observa na transcrição infra (grifos nossos): (...) o depoente trabalhou na empresa ré, como estagiário no bairro Triagem, já como empregado na Colônia Juliano Moreira e depois na Comunidade São José Operário; não reconhece qual é a rua constante das fotografias de fls. 18; as fotografias de fls. 72 o depoente reconhece as ruas, inclusive porque foi o próprio depoente que tirou as fotografias; a rua das Torres continua morro acima, estreitando-se em relação a fotografia de fls. 72, entretanto mantém-se em uma largura normal de rua mais ou menos três metros, a empresa estava pavimentando toda a rua até o início do morro, do lado direito no final da rua começam os becos com mais ou menos 80 centímetros de largura; alguns becos estavam recebendo obras e a empresa ré estava executando as obras por determinação da prefeitura; as obras nos becos eram de pavimentação e drenagem; quando faziam obras nos becos as pessoas, moradores, tinham que passar por outros locais; o depoente e os outros funcionários avisavam aos moradores por onde deveriam passar; à noite eram deixadas placas para sinalizarem os locais; presume o depoente que alguns locais a eram difíceis de se enxergar a obra á noite por falta de iluminação do próprio local; o 6

7 depoente durante o dia verificava que faltavam lâmpadas de iluminação das ruas, imagina o quanto era difícil a noite; o depoente salienta que o relatório fotográfico juntado aos autos foi feito pelo próprio depoente porque era praxe da empresa fazer o relatório para se resguardar, nos locais onde faziam obras e as pessoas da comunidade retiravam as placas e sinalizações. (...) duas pessoas procuraram o depoente para saber sobre a empresa responsável pelas obras, alegando que teriam ocorrido acidentes, um na escada e outro em uma boca de lobo rompida; nos locais de maior risco o depoente pedia para a empresa pôr sinalização e outras o próprio depoente se encarrega de sinalizar. (...) o depoente não sabe informar se empresa fez obra no morro todo ou em locais específicos, mas a empresa faz a obra onde a prefeitura determina; as fotos foram tiradas em abril/2013; o depoente como técnico em segurança rodava o local das obras para por ou repor as placas de sinalização, com maior ênfase nas sextas-feiras; durante o dia não precisavam das telas de proteção pois estavam trabalhando; o depoente não conhece o buraco constante de fls. 18. Assim, induvidoso que o conjunto probatório constante dos autos converge para a existência de omissão da empresa Ré em proceder à correta sinalização de todos os locais em que executava as obras contratadas pela Municipalidade. Além disso, devidamente configurada sua responsabilidade pelos prejuízos suportados pelo Autor, uma vez que, apontado o nexo de causalidade entre estes e a conduta da Demandada, não se logrou comprovar qualquer hipótese de rompimento do aludido liame. Anota-se, ainda, que o dano encontra-se suficientemente demonstrado. A prova oral coligida, corroborada pelos documentos de fls. 13/17 (IE nº 00008), atesta a dor e o sofrimento do ora Apelado em decorrência do evento danoso, que demandaram atendimento médico por mais de uma vez, evidenciando não se tratar de simples arranhão, conforme alegado em sede recursal (fl. 263 IE nº 00257). De fato, o dano suportado ultrapassa o mero aborrecimento, tendo em vista que atinge a saúde e, por consequência, a dignidade da pessoa humana. 7

8 Na esteira do entendimento supra exposto orienta-se a jurisprudência desta Egrégia Corte Estadual, por meio de seus Órgãos Fracionários, conforme se verifica nos julgados a seguir colacionados (grifos nossos): APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ACIDENTE DE TRÂNSITO. QUEDA DO AUTOR, ORA SEGUNDO APELANTE, DE SUA MOTOCICLETA EM RAZÃO DE BURACO NA PISTA DE ROLAMENTO ORIUNDO DE OBRA REALIZADA PELA TERCEIRA RECORRENTE. EVENTO QUE ALÉM DAS LESÕES FÍSICAS AO DEMANDANTE, IMPORTOU DANOS AO VEÍCULO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA RÉ, TERCEIRA APELANTE, PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO, NOS TERMOS DO ART. 37, 6º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRETENSÃO DEDUZIDA PARCIALMENTE ACOLHIDA. DANO MORAL FIXADO COM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. DANO ESTÉTICO INOCORRENTE NA ESPÉCIE, SENDO A INDENIZAÇÃO A TAL TÍTULO CORRETAMENTE RECHAÇADA. RAZÕES RECURSAIS APTAS À MODIFICAÇÃO EM PARTE DO JULGADO, SEJA PORQUE FAZ JUS O AUTOR NÃO APENAS AO RESSARCIMENTO DOS GASTOS COM MEDICAMENTOS, MAS TAMBÉM COM O CONSERTO DO BEM, SEJA PORQUE É DIREITO DO DEMANDANTE O PENSIONAMENTO PLEITEADO, EXPRESSO NA QUANTIA CORRESPONDENTE À REMUNERAÇÃO QUE AUFERIRIA COM SEU TRABALHO NO PERÍODO EM QUE DELE ESTEVE AFASTADO. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA ORA REPELIDA, TENDO EM VISTA QUE O AUTOR DECAIU DE PARTE MÍNIMA DE SEU PEDIDO. IRREPARABILIDADE DA SENTENÇA QUANTO À CONDENAÇÃO DA DENUNCIADA À LIDE, ORA PRIMEIRA APELANTE, A RESSARCIR À TERCEIRA RECORRENTE OS VALORES DA CONDENAÇÃO, OBSERVADO O LIMITE DA APÓLICE. PROVIMENTO PARCIAL DO SEGUNDO RECURSO, NA FORMA DO ART. 557, 1º-A DO CPC E DESPROVIMENTO DO PRIMEIRO E TERCEIRO, COM FINCAS CAPUT DO MESMO DISPOSITIVO. (APELAÇÃO CÍVEL Nº / / DES. CLÁUDIO DE MELLO TAVARES - Julgamento: 23/08/ DÉCIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL) Ação de reparação de danos materiais e morais. Alegação de queda de transeunte em via pública em razão de buraco. Omissão específica da concessionária de serviço público. Responsabilidade objetiva. Inicialmente, não prevalece a tese recursal de ausência de comprovação dos fatos narrados. A testemunha ouvida em Juízo confirmou os fatos narrados na inicial - queda do autor de sua bicicleta em razão de buraco existente na via pública - não tendo os recorrentes logrado êxito 8

9 em infirmar a idoneidade do testemunho. Por outro lado, as fotos juntadas aos autos deixam claro que a rua na qual ocorreu o acidente possuía vala decorrente de realização de obra no local sem qualquer sinalização, devendo se destacar que os réus não fizeram prova em sentido contrário. Ao disciplinar a responsabilidade civil da administração pública nos casos de omissão a doutrina e jurisprudência fazem diferença entre omissão genérica e específica, entendendo ter a primeira natureza subjetiva, enquanto pela última responderá a administração objetivamente. É responsabilidade da concessionária zelar pela conservação das áreas abrangidas pela prestação do serviço, em especial a observância do dever de cuidado quando realizada obra em via pública, devendo agir com diligência, tomando todas as providências necessárias para garantir a segurança e incolumidade daqueles que ali transitam. Não agindo desta forma, deixando de sinalizar obra iniciada, resta configurada a omissão específica, devendo ser responsabilizada pela queda de pessoa que ali trafegava e, consequentemente, pela indenização pelos danos morais e materiais sofridos. O montante de R$ ,00 (dez mil reais) arbitrado na sentença não é compatível com a repercussão dos fatos narrados nestes autos, em especial levando-se em consideração a pouca monta das lesões sofridas pelo autor, sendo o quantum de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) mais consentâneo com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Honorários advocatícios corretamente fixados. Primeiro recurso ao qual se nega provimento e segundo e terceiro recursos parcialmente providos. (APELAÇÃO CÍVEL Nº / DES MÁRIO ASSIS GONÇALVES - Julgamento: 01/08/ TERCEIRA CÂMARA CÍVEL) Por derradeiro, em que pese o quantum arbitrado a título de indenização não haja sido objeto de impugnação específica do Apelante, inexistindo, ainda, recurso adesivo do Autor, convém salientar que, em sua fixação, restaram observadas a extensão do dano sofrido e a sua repercussão, atendendo-se, pois, aos Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade. De modo análogo posiciona-se esta Colenda Corte de Justiça, conforme se observa no aresto abaixo reproduzido, em que se tratou de caso análogo (grifos nossos): APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS E MATERIAIS. Queda de pedestre em via pública. Buracos existentes no local do acidente. Transeunte que sofreu grave lesão no pé direito. Sentença parcialmente procedente. Danos morais fixados em 9

10 dois mil reais em desfavor do Município réu. Apelo ofertado pelo demandado. Sentença bem lançada. Alegação de que o acidente ocorreu na calçada, cuja responsabilidade pela pavimentação recairia sobre o proprietário do imóvel. Muito embora o Código de Obras do Município de Campos dos Goytacazes (Lei 6.692/98) atribua aos respectivos proprietários a responsabilidade pela pavimentação e manutenção das calçadas, tal fato não retira a responsabilidade do ente municipal, já que lhe cabe fiscalizar e manter em bom estado os logradouros e as vias públicas. Culpa exclusiva da vítima afastada. Dano moral configurado. Quantum fixado com prudência e razoabilidade. Quanto aos juros, estes não são devidos na razão de 1% ao mês, conforme fixado na sentença, pois, em se tratando condenação imposta a Fazenda Pública, os juros de mora devem ser computados segundo a orientação contida no artigo 1º F da Lei 9.494/97 ao mês, a partir da citação, com as alterações previstas na Lei nº /09. Razões recursais manifestamente improcedentes. Aplicação do art. 557, caput, do CPC. NEGADO SEGUIMENTO AO APELO, CORRIGINDO- SE DE OFÍCIO OS JUROS IMPOSTOS CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. (APELAÇÃO CÍVEL Nº / DES. FERDINALDO DO NASCIMENTO - Julgamento: 21/02/ DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL) Por tais fundamentos, forçoso concluir que a decisão vergastada deve ser mantida em sua inteireza, razão pela qual se constitui a irresignação sob exame em pretensão de manifesta improcedência, que não reclama apreciação pelo Colegiado. Diante do exposto, NEGO SEGUIMENTO ao recurso, com fulcro no art. 557, caput, do CPC. Rio de Janeiro, na data da assinatura eletrônica. Des. SERGIO NOGUEIRA DE AZEREDO Relator EL/HM 10