ÁREA DE OPERAÇÕES INDUSTRIAIS 2 - AO2 GERÊNCIA SETORIAL DE AUTOMOTIVOS. Data: Abril/97 No.11 NOVOS INVESTIMENTOS DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

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1 ÁREA DE OPERAÇÕES INDUSTRIAIS 2 - AO2 GERÊNCIA SETORIAL DE AUTOMOTIVOS Data: Abril/97 No.11 NOVOS INVESTIMENTOS DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA A indústria automobilística no Brasil vem programando investimentos significativos, registrandose a instalação de novas plantas de carros - Renault, MBB, Chrysler, Honda, Toyota, Asia, - e de motores, além daqueles anunciados pelas montadoras já instaladas. Se todos os investimentos forem confirmados, o país deverá contar com cerca de 11 montadoras de carros e picapes e 8 de caminhões, passando a sexto lugar no rank mundial de produtores. O Brasil é, hoje, o país onde se programam as maiores inversões da indústria automobilística mundial. Além da expectativa de crescimento dos mercados do Brasil e da América Latina, estes investimentos vêm sendo atraídos pelas políticas implementadas pelo governo, que tem intervido de forma ativa na sua captação externa, tornando o país atraente para as multinacionais. Esta intervenção tem se pautado pela definição de vantagens para a atração de novas montadoras, e realização de novas expansões pelas montadoras já instaladas a partir de um regime automotivo de caráter nitidamente regulatório. As montadoras trabalham com estratégias corporativas estabelecidas pelas matrizes, e a criação do regime automotivo brasileiro trouxe com efeito a possibilidade de se analisar o Cone Sul como um ponto estratégico para a realização de investimentos. Além disso, desde os primeiros anúncios de novos investimentos, estabeleceu-se uma verdadeira guerra fiscal entre os estados, que tem sido disputada através de isenções de impostos, como o ICMS, criação de linhas específicas de financiamento à indústria automotiva, doação de terrenos e incrementação da infra-estrutura estadual e ainda a participação societária dos governos. Esta política tem suscitado protestos do governo argentino que sustenta que o Mercosul precisa ter regras iguais para o investimento externo. Também Uruguai e Paraguai pretendem adotar políticas de atração de investimentos automotivos. Os últimos anos tem sido de intensa transformação quantitativa e qualitativa na indústria automotiva brasileira. No período , a produção cresceu 68,9%, as vendas internas de produção local 103,6%, e as exportações 89,4%. As importações, praticamente inexistentes até 1990, apresentaram crescimento explosivo até 1995, quando alcançaram 23,2% do mercado interno, e as tarifas de importação foram novamente elevadas. As vendas internas considerando-se as importações, cresceram 126,5% no período de 1992 a Este crescimento demonstra uma significativa demanda reprimida, e vem chamando a atenção do mercado internacional. mil unidades Indústria Automobilística no Brasil Produção variação % 5,0 11,9 29,5 13,7 3,4 11,3 Vendas Internas

2 variação % 8,2 (4,0) 43,4 13,7 12,6 10,8 Exportações ,7 variação % 3,1 77,1 (3,3) 14,4 (29,7) 16,2 Importação variação % 60,0 229,1 144,0 112,9 (46) Empregados 109,4 105,6 106,7 107,1 104,6 102,1 Prod./emprego 8,8 10,2 13,0 14,8 15,6 17,7 Fonte: Anfavea Para o ano 2000, há uma estimativa de produção de 2,5 milhões de veículos no Brasil - 38% acima da produção de e de 500 mil veículos na Argentina - % superior a produção de A produção argentina, flutuante no período , declinou 35% em 1995 após ter alcançado um pico de unidades produzidas em Em 1996, a produção cresceu 9,7% em relação a Embora menor em termos de demanda automobilística, a Argentina é crucial na estratégia das montadoras, com investimentos programados em plantas da GM, VW, Ford, Fiat, Chrysler e Toyota cujas produções serão exportadas em grande parte para o Brasil. Indústria Automobilística na Argentina (em mil unidades) Produção Vendas Internas Exportações Fonte: Adefa Modelos fabricados no Brasil e na Argentina Brasil Argentina Fiat Tipo, Palio, Uno, Tempra Siena, Vivace, Duna Volkswagen Gol, Parati, Santana, Saveiro, Gol, Polo Classic Kombi, caminhões e chassis Ford Fiesta, Picape F1000, caminhões Escort, picape Ranger General Motors Corsa, Vectra, Kadett, Omega, S10 Corsa, picape luxo C20 e D20 Mercedes Benz caminhões e chassis chassis de ônibus e utilitários Scania caminhões e chassis cabines Volvo caminhões e chassis - Chrysler picape Dakota jipe Cherokee Peugeot - 405, 504, 505 Renault - Renault 19, 21 e Clio Os novos investimentos seguem a tendência de especializar a Argentina na produção de veículos médios e grandes, com produção em menor escala, enquanto que ao Brasil caberiam

3 as séries de maior escala - modelos mundiais e carros populares. Assim, o efeito do comércio bilateral entre os maiores produtores do Mercosul, em seus respectivos balanços comerciais da indústria automotiva, ainda é incerto, especialmente ao se levar em conta o regime de cotas e o sistema de compensação comercial, acordados pelos dois países. Os carros pequenos, vêm se tornando o produto principal do Brasil e são responsáveis por 69% das vendas da indústria automotiva brasileira. Os carros médios perderam mercado entre 1991 e 1996, e houve transferência de suas plantas de produção para Argentina. Além disso, este segmento sofreu com a larga penetração dos importados, como o Tipo, Astra, e Golf mais modernos que os modelos fabricados internamente. Os modelos médios como Santana, Tempra, e Vectra, continuarão sendo produzidos no país enquanto houver restrições às importações sendo passível de importação à medida que caia a tarifa atual. Distribuição da Produção por Categorias Categoria Pequeno Chevette, Corsa, Fiesta, Uno, 40,9% 61,8% 69% 147, Palio, Gol, Fusca. Compacto Kadett, Escort, Verona, Premio, 41,8% 24,6% 17,5% Tipo, Voyage, Logus. Médio Monza, Vectra, Versailles, 15,3% 12,5% 12,5% Tempra, Santana, Pointer. Grande Omega 1,6% 1,1% 1,0% Além do crescimento da produção, estes novos investimentos se caracterizam pela busca de maior produtividade e redução de custos e pela implementação de novas formas de produção, com lançamento de número maior de veículos e com redução da idade média de plataformas. Além disso, os novos modelos estão entrando em produção 12 meses depois de seu lançamento na Europa e nos EUA. Principalmente a partir de 1994 verificam-se investimentos para modernização de suas plantas. Entre 1991 e 1993, os investimentos situaram-se em torno de US$ 900 milhões, a partir de 1994 foram realizados maiores desembolsos, passando de US$ 1,2 bilhões naquele ano, para US$ 3,7 bilhões em O investimento em plantas novas, ou nas já existentes - com mais robôs e equipamentos - provocou forte redução na mão-de-obra ocupada. A relação produção/emprego cresceu, entre , 73,5%, atingindo o total de 17,7, número este que tende a ser superior ao se considerar apenas os automóveis. As empresas que optaram por uma maior flexibilidade de equipes de trabalho multifuncionais, ao invés de robôs, são exceções neste processo. Com os projetos previstos espera-se um aumento desta relação média para 37,3 sendo 44,6 a média para algumas fábricas de carros e 22,5 para caminhões e ônibus, segundo dados estimados pelo Dieese. Outra característica que tende a se tornar mais difundida, a medida que as novas fábricas sejam construídas, é o esquema de maior transferência de responsabilidades para os fabricantes de autopeças e de atração dos fornecedores para as proximidades das montadoras, se voltando sobretudo para suas unidades terceirizadas. Além disso, o antigo sistema de linha de montagem tem sofrido profundas transformações, já que as empresas de autopeças estão passando a concentrar grande parte da montagem que antes se fazia nas plantas principais. Implementado com maior rapidez pela Fiat, este sistema aumentou a capacidade de produção da empresa de

4 800 veículos/dia para veículos/dia, entre 1990 e Na planta de Betim, o sistema cresceu no âmbito de um programa de mineirização do fornecimento. Este modelo também tem sido adotado pelas novas fábricas da Volkswagen - de caminhões, em Rezende, e a do Gol, em Taubaté, além da planta em Pacheco, na Argentina. A General Motors, que também vem racionalizando suas linhas, pretende adotar este esquema em sua nova fábrica no Rio Grande do Sul. Por outro lado, também registra-se, em algumas novas montadoras, a construção de plantas CKD, em que se acentua a diminuição do valor adicionado em território nacional. Com relação às montadoras já instaladas, - depois do crescimento significativo das importações de componentes - tem se anunciado o propósito do aumento dos índices de nacionalização sobretudo para aqueles. Quadros dos Investimentos Programados US$ Brasil Argentina Montadora Valor Valor Volkswagen Renault Peugeot Honda 300 Toyota Mercedes Benz 800 Fiat General Motors ,0 Scania Chrysler Asia Motors 500 Ford Hyundai Skoda 200 BMW 150 Volvo 150 Mitsubishi 150 Total Novas Plantas de Veículos-Brasil Capacidade Adicional Estimada Montadora Produção Volkswagen Renault Peugeot Honda Toyota Mercedes Benz Fiat/Iveco General Motors Chrysler Asia Motors Hyundai Mitsubishi

5 Skoda BMW Total Obs: inclui projetos aprovados e anunciados Os programas de investimento abrangem expansão, modernização das instalações, preparação de novos produtos e produção de componentes. De modo geral, guardam as seguintes características: meta de forte crescimento das atividades dentro do Mercosul; planos visando a integração das operações na América Latina, podendo incluir em alguns casos o México; produtos dedicados por fábrica; alto volume de produção, a exceção das asiáticas; recebimento para montagem do mesmo componente com facilidades de intercâmbio entre os fornecedores das diversas plantas; base de fornecimento integrada à planta; fornecedores internacionais, programas globalizados de produção e plataformas mundiais; elevado índice de nacionalização para produção de carros pequenos e compactos; esforço para fabricação de carros médios com baixos índices de nacionalização, aproveitandose das tarifas reduzidas de importação;