Profa. Ana Lucia M. Gasbarro. Unidade II ORIENTAÇÃO E PRÁTICA EM

Transcrição

1 Profa. Ana Lucia M. Gasbarro Unidade II ORIENTAÇÃO E PRÁTICA EM PROJETOS NA INFÂNCIA

2 Introdução A disciplina de Práticas e Projetos na Educação Infantil tem como principal objetivo apresentar possibilidades práticas para o trabalho do professor na escola de Educação Infantil. Nesta segunda unidade a ênfase será para:

3 Introdução A escola como espaço de aprendizagem 1. A organização do espaço e tempo 2. Interação e aprendizagem

4 A organização física é importante no trabalho pedagógico - determina o arranjo dos materiais, dependendo de suas dimensões, amplas ou restritas, iluminadas e ventiladas ou não. Todo tipo de atividade requer um espaço adequado. Há uma linha divisória entre a organização esteticamente perfeita e o caos total do ambiente, com jogos e brinquedos espalhados para todos os lados.

5 O ambiente assume a identidade do grupo. Mostra a inatividade ou a interação. A organização do espaço depende das concepções que se tem sobre criança a criança é capaz de construir seus conhecimentos, sendo o professor um mediador.

6 O trabalho com cantos temáticos é bastante interessante, pois proporciona o acesso direto da criança aos materiais ao mesmo tempo que desperta o seu interesse pela variedade de propostas. Como sugestão para organização dos cantos, a proposta é utilizar as informações dos eixos de desenvolvimento de mundo e favorecer o faz de conta, mas essa não é a única maneira possível e adequada.

7 Os cantos devem ser dinâmicos, podendo inclusive misturar-se em seus materiais. O professor pode retirar ou incluir os materiais de um ou mais cantos após um período de utilização. Cuidar para não misturar materiais que proporcionem atividades agitadas muito próximos daqueles que estabelecem um clima mais tranquilo.

8 O professor que observa e participa das brincadeiras com as crianças pode perceber aspectos relevantes do desenvolvimento delas, conquistas na aprendizagem, preferências, desejos e necessidades que podem se transformar em projetos interessantes e significativos.

9 Movimento

10 Música

11 Artes visuais

12 Leitura

13 Natureza

14 Jogos de mesa

15 Construção

16 Jogo simbólico

17 Interatividade A organização do espaço por cantos temáticos pode ser um recurso interessante para a adaptação da criança à escola, pois: a) dificulta o seu acesso aos materiais previnindo acidentes. b) a protege de acidentes por desfavorecer a exploração dos materiais. c) ajuda o professor a conhecer melhor seu grupo e captar seus interesses. d) incentiva o exercício da dependência infantil. e) facilita a colocação de limites porque define os espaços.

18 O volume três do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil está divido em eixos e apresenta uma série de orientações sobre as atividades que podem ser desenvolvidas com as crianças em cada um deles. Os conteúdos não serão apresentados com a divisão das faixas etárias de zero a três e de quatro a seis anos de idade o professor faz as adequações.

19 As atividades sugeridas estão separadas em seus eixos para efeito de organização. Toda e qualquer atividade proposta para as crianças abrange, no mínimo, o seu eixo e mais a linguagem oral. As atividades precisam ser contextualizadas. Não é simplesmente para pedir que as crianças engatinhem, mas imitar animais dentro de uma história ou música.

20 As atividades devem possuir um caráter lúdico, que permitam à criança perceber o prazer em aprender. A ludicidade não se refere apenas aos jogos e brincadeiras, mas também a uma pesquisa, a uma excursão, a observação de fatos, desde que essas atividades tenham, significado e poder de envolvimento. O envolvimento lúdico também não quer dizer que a criança esteja inconsciente de suas aprendizagens, habilidades e dificuldades.

21 Partindo das considerações anteriores, seguem as possibilidades de atividades. Movimento As experiências com o corpo, evitando esteriótipos como por exemplo, meninas não jogam futebol e meninos não pulam corda. Conteúdos expressividade equilíbrio - coordenação

22 Banho, massagem, mímicas e gestos. Brincadeiras de siga o mestre, com o espelho, com materiais que provoquem sensações corporais - areia, água fria e morna, gelatina, argila, tecidos com várias texturas. Brincadeiras agitadas e depois sentir os batimentos cardíacos e ritmo respiratório. Jogos com o corpo e a imaginação derreter como um sorvete.

23 Música Respeitar as diferenças regionais, manifestações culturais - explorar o potencial expressivo da criança. Não limitar a prática ao repertório infantil, comercial, que pouco acrescenta ao conhecimento musical da criança. O uso da música como pano de fundo para outras atividades é desaconselhável a fim de que se valorize o silêncio.

24 Brincadeiras com materiais sonoros (objetos do cotidiano, brinquedos sonoros, instrumentos musicais, a voz e o corpo). Composição de pequenas músicas a partir de outras já existentes. Interpretar músicas usando expressões faciais, corporais e entonação da voz, como por exemplo, brincar de fazer show. Brincadeiras e jogos cantados e rítmicos. Exemplo: Escravos de Jó. Brincadeiras com imitação de animais e ruídos.

25 Artes visuais fazer artístico apreciação em artes visuais Esses conteúdos são vivenciados pelas crianças de maneira integrada. As produções das crianças envolvem um percurso individual, por isso, não se apresenta um único modelo a ser copiado.

26 Preparo e exploração de tintas. Confecção de esculturas e estruturas tridimensionais; colagens, montagens e justaposição de sucatas. Desenhos livres ou com propostas de temas com materiais variados. Desenhos com algum tipo de intervenção do professor. Exploração de técnicas de pinturas diversas.

27 Linguagem oral e escrita Brincar com palavras faladas, cantadas e escritas. Respeitar a comunicação da criança. Ouvir com atenção, procurar entender realmente o que ela está tentando comunicar, ajudá-la a expressar-se oralmente quando ela ainda sabe apenas apontar. Nessas atitudes os adultos demonstram sua consideração à criança.

28 Manuseio de materiais impressos. Brincadeiras e conversas com perguntas e respostas, argumentações, explicações, expressões de necessidades. Histórias contadas oralmente pelo professor e pelas crianças; leitura de textos escritos de fontes variadas - contos, gibis, revistas, jornais. Brincadeiras com parlendas - Um, dois, feijão com arroz, trava-língua, advinhas, poemas e quadrinhas, canções.

29 Natureza e sociedade A observação e exploração de seu meio natural e social são importantes para a criança reconhecer-se como integrante de um grupo social, inserida em um ambiente. Conhecê-los é fundamental para que a criança os respeite.

30 Confecção de objetos com variados materiais, atuais ou de outras épocas. Jogos e brincadeiras com figuras da fauna e da flora e suas características. Desenhos, recorte, colagens, listas escritas, modelagem de plantas, flores, árvores entre outros. Pesquisas sobre a ação de luz, calor, som, força e movimento. Jogos com luz e sombra. Filmes.

31 Matemática A construção de conceitos matemáticos é importante para que a criança possa resolver seus problemas cotidianos e a escola deve favorecer esse processo. As primeiras experiências matemáticas ocorrem com os bebês, quando estabelecem noções espaciais exploradas com o corpo, nas contagens orais e com as primeiras noções de quantidade.

32 Utilizar calendários. Problemas sobre quem é o mais velho, o mais alto, o maior sapato da sala. Jogos de adivinhação, baralho, dominó, trilhas, de dados, sudoku, boliche. Desenhos de objetos a partir de vários ângulos de visão. Jogos de representações tridimensionais. Registros de percursos, confecção de mapas simples.

33 Interatividade As crianças costumam se divertir muito com jogos de imitações. Ao convidar as crianças para brincadeiras com imitação de animais e ruídos como caminhão, carro, telefone, avião, entre outros, o professor estará trabalhando o eixo de: a) linguagem oral. b) movimento. c) artes visuais. d) dramatização. e) música.

34 Interação e aprendizagem A aprendizagem é um processo Individual no sentido de que cada um apresenta o seu ritmo, sua maneira de interpretar situações e informações, mas também é social pois depende de experiências no ambiente.

35 Interação e aprendizagem A criança é ativa no processo de aprendizagem, pois o conhecimento não é algo que se recebe pronto, como uma caixa de presente, mas sim pela maneira que cada um explora os diversos atributos de um objeto ou os vários pontos de vista de uma mesma situação.

36 Interação e aprendizagem O professor, em seu planejamento diário precisa prever situações que envolvam conversa, jogos, brincadeiras livres ou orientadas por ele, para que a interação entre as crianças se intensifique.

37 Interação e aprendizagem Na interação as crianças se expressam, se comunicam de várias formas e estabelecem trocas bastante ricas, relacionadas às linguagens expressivas.

38 Interação e aprendizagem Especialmente em jogos e brincadeiras, as crianças negociam regras, combinam papéis, levantam possibilidades, divergem, conversam, renegociam e retomam a brincadeira.

39 Interação e aprendizagem O professor deve prever um ambiente acolhedor e convidativo para a exploração, mas isso não significa que esteja sempre tranquilo e harmonioso, pois será constantemente interrompido pelos conflitos, naturais e desejáveis nas interações.

40 Interação e aprendizagem As divergências são desejáveis porque através delas as crianças aprendem a defender suas posições, a argumentar, a ceder para viverem democraticamente.

41 Interação e aprendizagem O professor não deve ter por objetivo eliminar os conflitos, mas ajudar as crianças a resolvê-los sem violência.

42 Interação e aprendizagem O adulto que resolve conflitos com as crianças, coloca limites e negocia regras com respeito e afeto, serve como modelo, exemplo que a criança passa a imitar.

43 Interatividade Ao interagirem, as crianças muitas vezes apresentam divergência de opiniões. Assim o papel do professor é: a) o de eliminar todo e qualquer conflito dentro do grupo de crianças. b) deixar as crianças resolverem, mesmo que precisem usar um pouco de violência. c) organizar um ambiente harmonioso e livre de conflitos. d) priorizar as atividades individuais para prevenir conflitos. e) ajudar as crianças a resolverem os conflitos sem violência.

44 Interação e aprendizagem As propostas de resolução de problemas em duplas ou grupos pequenos favorecem a discussão de hipóteses e as propostas de solução.

45 Interação e aprendizagem As propostas que possam gerar conflitos cognitivos devem levar em conta os conhecimentos prévios das crianças, para que os desafios se prestem a despertar o interesse e não constituírem- se em problemas de extrema dificuldade que façam a criança desistir.

46 Interação e aprendizagem As oportunidades de interação oferecidas pelo professor devem variar também quanto à idade das crianças. É essencial que as crianças menores sejam acomodadas em espaços adequados.

47 Interação e aprendizagem Berços enfileirados não proporcionam o contato visual e físico, impedindo, portanto, a interação. O ideal é que o espaço seja arranjado com colchonetes e almofadas, que absorvem o impacto daqueles que ainda não têm firmeza ao andar e dessa forma possam tocar-se.

48 Interação e aprendizagem Conforme cresce, a criança vai ampliando suas possibilidades de interação pelo aprimoramento da fala, que facilita a comunicação e, então, as rodas de conversas podem ser incluídas nas propostas de atividades. Compartilhar opiniões, dúvidas, contar novidades são formas de interagir no grupo.

49 Interação e aprendizagem Além de jogos e brincadeiras a vivência de outras atividades como guardar brinquedos e materiais, dobrar os lençóis que usaram para dormir em duplas, são possibilidades de desenvolver interações cooperativas.

50 Interação e aprendizagem A escola de Educação Infantil precisa constituir-se cada vez menos em um lugar institucional para transformar-se em lugar de vida infantil, no qual existam momentos significativos, prazerosos e brincantes coexistindo com a aprendizagem de normas e regras que orientem a criança a agir de modo a não prejudicar o grupo.

51 Interação e aprendizagem O professor precisa resgatar de sua memória o que para ele era prazeroso e significativo, oferecendo às crianças não aquilo que julga ser importante em termos institucionais, mas em termos vivenciais.

52 Interatividade As propostas de resolução de problemas em duplas ou grupos pequenos devem: a) ser evitadas para que não haja conflitos entre as crianças. b) favorecer a discussão de hipóteses e as propostas de solução. c) apresentar um alto nível de dificuldade para desafiar as crianças. d) propiciar o desenvolvimento da competitividade entre as crianças. e) evitar o confronto de ideias para que as crianças não briguem.

53 ATÉ A PRÓXIMA!