IMPLANTAÇÃO DA INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS DO ESTADO DA BAHIA Implementation of Spatial Data Infrastructure of the State of Bahia
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- Júlio César da Fonseca Castilhos
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1 IMPLANTAÇÃO DA INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS DO ESTADO DA BAHIA Implementation of Spatial Data Infrastructure of the State of Bahia Fabíola Andrade Souza Universidade Federal da Bahia Escola Politécnica / Departamento de Engenharia de Transportes e Geodésia fabiolandrade@hotmail.com RESUMO Este trabalho tem como objetivo apresentar o potencial e as principais restrições do uso de dados geográficos a partir da sua disponibilização em uma Infraestrutura de Dados Espaciais (IDE), visando avaliar o modelo e a política de acesso propostos e em implantação no âmbito do governo do Estado da Bahia Brasil. Inicialmente, a partir de uma pesquisa de mestrado, foi desenvolvido um modelo conceitual de IDE composto por cinco elementos: dados e metadados, tecnologia, normas e padrões, política institucional e atores. Tomando por referência este modelo, avaliou-se a proposta da IDE-BAHIA, identificando-se alguns problemas na utilização de dados geográficos no Estado, a partir de considerações apontadas por especialistas usuários deste tipo de informação. O estágio atual da IDE-BAHIA é de implantação, com sete nós produtores de dados, neste escopo, pode-se concluir que esta IDE propõe dados geográficos de interesse diversificado e tecnologia e padronização em conformidade com ações em andamento no mundo, entretanto, suas definições políticas e a efetiva participação dos atores envolvidos, incluindo outros produtores, ainda demanda maior grau de detalhamento e comprometimento, para permitir que sua implantação ocorra e seja efetivamente útil para viabilizar o acesso amplo às informações por parte dos usuários e da sociedade. Palavras chaves: Infraestrutura de Dados Espaciais, Bahia. ABSTRACT This paper aims to present the potential and major restrictions on the use of geographic data from its availability in a Spatial Data Infrastructure (SDI), to evaluate the model and access policy proposed and in implementation for a SDI in the state of Bahia Brazil. Initially, from a master's research, a model of SDI was developed with five elements: data and metadata, technology, norms and standards, institutional policy and actors. With reference to this model, evaluated the proposal from SDI-BAHIA, identifying some problems in the use of geospatial data in the state from considerations pointed out by expert users of such information. The current stage of the SDI-BAHIA is implementation with seven producers of data, it can concluded that this SDI proposes geospatial data of interest and diversified and technology and standardization in accordance with others SDI in the world, however, their political settings and the effective participation of stakeholders, including other producers, also demand even greater level of detail and commitment to enable that its implementation occurs and is actually useful to enable wider access to information by users and society. Keywords: Spatial Data Infrastructure, Bahia, Brasil. 1. INTRODUÇÃO Diversos estudos e trabalhos voltados para as áreas de engenharia, arquitetura, meio ambiente, mineração, marketing, dentre outras, estão relacionados à realização de análises espaciais a partir da distribuição dos fenômenos na superfície terrestre. A superposição de mapas facilita análises sobre os meios físico, biótico e antrópico, e a interrelação entre estes e as condições socioeconômicas e culturais de uma determinada região, servindo de base para inúmeras áreas de interesse. Para atender a estas atividades, a qualidade das análises está fortemente atrelada ao conhecimento do território e dos fatores que nele possam interferir, o que pressupõe a utilização de dados geográficos confiáveis para a produção de representações espaciais adequadas e, obviamente, a existência e disponibilidade destes dados. 1
2 Entretanto, em diversos lugares do mundo, e especialmente no Brasil, ainda existem muitos problemas relacionados à acessibilidade das informações de cunho geográfico. A maior parte dos usuários, sejam instituições públicas, privadas, academia ou uma pessoa física, enfrenta questões como: existência de dados dispersos em vários locais, desconhecimento dos dados existentes e de suas características, dados desatualizados, armazenamento em formatos diferentes, alto custo de acesso e produção, o que pode dificultar o uso comum e a interoperabilidade. Buscando eliminar alguns destes problemas, várias ações surgiram nos últimos anos, especialmente aquelas voltadas para o compartilhamento e disseminação de dados geográficos. DAVIS JR et al (2005) apresentam algumas destas iniciativas, desde a simples publicação em ambiente Web para consulta e visualização, passando por Bibliotecas Digitais de Informações Geográficas (BDG) que incluíam um catálogo de metadados combinado com um dicionário geográfico, depois as Clearinghouses, até chegar ao conceito de Infraestrutura de Dados Espaciais - IDE, na qual o uso do dado torna-se mais importante do que ele em si. Uma IDE está relacionada à combinação do uso de tecnologia com procedimentos de gestão, visando dar aos usuários acesso a dados geográficos disponibilizados por diversas instituições diferentes, não importando o formato e a localização e evitando a necessidade de conversões e duplicações dos dados (DAVIS JR e ALVES, 2006). Dentre as iniciativas internacionais, pode-se destacar o Canadá, através do serviço Canadian Geospatial Data Infraestructure (CGDI) da GeoConnections; a Colômbia, envolvendo várias instituições públicas; a África do Sul, com o National Spatial Information Framework (NSIF), que oferece acesso livre aos dados; os Estados Unidos, pioneiro, através da National Spatial Data Infrastructure (NSDI) coordenada pelo Federal Geographic Data Comitee (FGDC); e a União Europeia, com a consolidação dos dados de várias nações através do projeto INSPIRE. O Brasil também tem-se destacado, especialmente a partir da publicação do decreto federal nº 6.666/2008 que institui a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE), sob responsabilidade da Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR). Almejando conformidade com estas ações, o Estado da Bahia está implantando a Infraestrutura de Dados Espaciais do Estado da Bahia (IDE-BAHIA), envolvendo algumas das principais instituições públicas provedores de dados geográficos neste Estado. O objetivo deste artigo é apresentar o modelo proposto e em implantação na Bahia, tecendo alguns comentários sobre a adequabilidade do mesmo frente a outras ações em andamento no mundo. 2. REFERENCIAL TEÓRICO Uma das conclusões da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, foi o reconhecimento de que em muitas áreas (territoriais e de conhecimento) a qualidade dos dados usados não é adequada e que, mesmo onde existem dados, e ainda que estes sejam de qualidade satisfatória, a sua utilidade é reduzida por restrições de acesso ou por falta de padronização dos conjuntos de dados (BRASIL, 2010, p. 13). Os problemas relacionados ao compartilhamento de dados geográficos entre instituições que utilizam softwares SIG diferentes incluem distorção de dados, perda de qualidade da informação e de definição de atributos e informação sobre georreferenciamento. Para evitar o surgimento destas dificuldades, a tarefa de compartilhamento de dados geográficos deve envolver processos para garantir que a informação não seja perdida ou corrompida na transferência, e ferramentas para prevenir inconsistências resultantes de conjuntos de dados redundantes. (CASANOVA et al, 2005, p. 318) A situação ideal para utilização de dados geográficos deve considerar a existência de uma rede (como a Internet) que permita compartilhamento de dados, sendo que estes devem estar atualizados, ter qualidade garantida, acesso fácil, irrestrito e sem custo ou com baixo custo e, principalmente, serem produzidos e atualizados pela instituição responsável por sua qualidade, atendendo a um padrão de produção que facilite o intercâmbio. (SOUZA, 2011) Uma Infraestrutura de Dados Espaciais pode ser definida como um meio de facilitar o acesso a dados e serviços geográficos através da utilização de práticas, protocolos e especificações padronizadas, sem a necessidade de existir uma base de dados em um único local, ou seja, é um mecanismo de acesso descentralizado, cuja manutenção dos dados ocorre em cada provedor, através de uma única porta de entrada : o geoportal. (ERBA et al, 2007) O conceito de IDE vai além de um simples conjunto de dados geográficos e seus atributos alfanuméricos, uma vez que abarca a necessidade de metadados; formas de busca, visualização e avaliação das informações; modos de acesso aos dados; e, além disso, a existência de um ambiente para conectar dados e aplicações. Este formato sugere a elaboração de um portal de acesso único que funcione como um catálogo e permita a navegação por todos os dados e serviços disponíveis, bem como a definição de acordos entre as instituições envolvidas e a criação de padrões de dados e políticas comuns de ações. (PEREIRA e ROCHA, 2003) Dentro desta concepção, SOUZA (2011) propôs um modelo apresentando os principais componentes de uma IDE: dados e metadados, política institucional, normas e padrões, tecnologia e atores (Figura 01). 2
3 Figura 01: Componentes básicos de uma IDE. Fonte: SOUZA (2011). Dados e metadados são vistos como os elementos principais, afinal, o objetivo de uma IDE é dar conhecimento e acesso aos dados, através de seus metadados. Deve-se ressaltar que nenhum dado deve ser considerado como sem qualidade, pois esta característica esta fortemente relacionada ao seu destino de uso, que só pode ser determinado a partir do conhecimento de suas características - os metadados (CASANOVA et al, 2005). A tecnologia vai além da simples infraestrutura física, portanto, engloba hardware e software, incluindo elementos como Web Services, ontologias, geoportal, catálogos, framework (conjunto mínimo de dados de interesse para publicação e visualização). Para garantir interoperabilidade de acesso pelas plataformas tecnológicas, as normas e padrões devem estabelecer que o produtor armazene, estruture e publique seus dados e metadados de maneira a ser interpretado da mesma forma pelas diversas tecnologias existentes no mercado. Neste contexto, diversas decisões devem ser tomadas de acordo com as políticas definidas no escopo da IDE, sendo este um componente importantíssimo para nortear as relações entre as instituições participantes, tanto em nível técnico, como na gestão, pois pode envolver a definição dos padrões e tecnologias mais adequados para uso; os dados e suas condições de publicação; a definição de gratuidade de acesso e de recursos para novas aquisições; dentre outras ações. Finalmente, os atores, que podem atuar com um papel ou outro, a depender de sua relação com os demais componentes. Vale salientar, que alguns autores apresentam que uma IDE deve ter como usuário primordial aquele que precisa de dado oficial, com qualidade assegurada pelo produtor, não necessariamente sendo ideal para uso pelo cidadão comum, que hoje tem utilizado com frequência a informação geográfica voluntariada (VGI). Analisando as experiências de algumas IDE existentes, SOUZA (2011) apresentou dez princípios comuns que podem servir de referência para a implantação de uma Infraestrutura de Dados Espaciais. 1. Institucionalização através de mecanismos legais. 2. Definição de políticas para: coordenação, comitês temáticos de assuntos técnicos, regulação, acesso aos dados e custeio da infraestrutura e produção. 3. Construção pautada em fases, com incorporação gradativa, sistemática, permanente e evolutiva de novos processos e participantes. 4. Adesão dos atores de forma participativa e consciente da importância do compartilhamento. 5. Estabelecimento de padrões a partir de consenso entre os participantes e embasados em normas comuns existentes em um nível mais abrangente. 6. Mudança cultural das instituições para cadastramento de metadados e para estabelecimento de padrões de organização e divulgação das bases. 7. Garantia de formas comuns e padronizadas de acesso através de mecanismos de busca. 8. Procedimentos para pesquisa e desenvolvimento. 9. Elaboração de mecanismos de cooperação técnica com outras IDE para troca de experiência e compartilhamento de informações. 10. Promoção da IDE através da divulgação de seus conceitos e benefícios. 3
4 3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DA IDE-BAHIA No Estado da Bahia, existem iniciativas de algumas instituições na formação de bases de dados geográficos voltadas para mapeamento estadual, regional e/ou municipal, cujos dados historicamente encontram-se dispersos e armazenados com formatos e características variadas. PEREIRA e ROCHA (2002) identificaram que na Bahia os maiores usuários de informação geográfica são organizações públicas e que o perfil destas instituições se divide em: provedoras de dados, provedoras de serviços e usuários. Destacam, especialmente, a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER) e a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), no âmbito estadual, como provedoras de cartografia sistemática em escala urbana e regional, respectivamente; enquanto o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) seria o principal provedor federal, cuja base cartográfica encontra-se em escala pequena (1: e 1: ). Em relação a outras instituições públicas, PEREIRA e ROCHA (2002) apresentam algumas iniciativa voltada para produção de dados temáticos e, eventualmente, a divulgação destes através de sistemas Web de consulta espacial. Pode-se citar, por exemplo, o Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), o Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia (DERBA), a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA) e a Prefeitura Municipal do Salvador. A existência de informações geográficas de interesse entre estas instituições e para o público em geral, além da dificuldade histórica de intercâmbio devido à falta de padronização das informações e de políticas claras para permuta de dados, fez com que o governo baiano, através da Comissão Estadual de Cartografia (CECAR) e do Fórum de Gestores de Tecnologia da Informação e Comunicação (FORTIC), trabalhasse na criação de uma IDE estadual. A intenção de construir uma IDE estadual já se configura na Bahia há quase dez anos, antes da implantação da INDE no Brasil, inclusive com o estabelecimento do Decreto Estadual nº /2006 que define o Geoportal Bahia como fonte de dados espaciais produzidos no Estado. Segundo o FORTIC (2009), a IDE-BAHIA vislumbra a construção de um ambiente que permita compartilhar dados, sem que haja replicação ou redundância, respeitando os processos de produção inerentes à rotina dos produtores e criando condições reais para o desenvolvimento de aplicativos que integrem dados de múltiplas fontes sem a necessidade de cópia ou transferência. Atualmente, um grupo de trabalho composto por instituições públicas estaduais trabalha nas definições técnicas e políticas da IDE-BAHIA. Dentre as instituições provedoras de dados, estão as responsáveis pelas seguintes áreas: cartografia sistemática estadual, cartografia sistemática urbana, infraestrutura de transporte, meio ambiente e recursos hídricos, segurança pública, serviço de abastecimento de água e saneamento e desenvolvimento agrícola; outras instituições não produtoras, mas de suporte à gestão também participam, nas áreas de planejamento, provimento de tecnologia e casa civil. SOUZA (2011) apresenta uma avaliação inicial da proposta da IDE-BAHIA, com base em entrevistas realizadas com as instituições participantes e a comparação da proposta com os princípios comuns às Infraestruturas de Dados Espaciais, identificados a partir da análise de seis IDE em andamento no mundo. Os resultados desta pesquisa realizada entre 2010 e 2011, bem como atualizações das informações, com base em acompanhamento dos processos atuais de construção desta IDE, serão discutidos a seguir. Percebe-se entre as IDE de referência que, a maioria, tem em comum as definições tecnológicas, os padrões e os tipos de atores envolvidos, no entanto, discordam, basicamente, nos tipos de dados publicados e na política institucional de gestão da infraestrutura e na forma de compartilhamento/acesso aos dados, o que está fortemente relacionado aos objetivos de cada IDE e à cultura e forma de produção e utilização de dados geográficos nos países de origem. Considerando-se proporcionalmente a IDE-BAHIA, que é uma iniciativa estadual, alguns aspectos positivos são semelhantes, no tocante à padronização definida (segue os mesmos padrões da INDE para dados e metadados); aos elementos usados na componente tecnológica (solução híbrida e com Web Services padrão OGC); e à participação de atores importantes no cenário de produção de dados geográficos (a maioria dos principais provedores do Estado) - ver Figura 02. Já em relação à institucionalização legal, existem decretos estaduais e convênios de colaboração entre os atores de maneira pontual, faltando uma consolidação destes documentos para detalhar outros aspectos da IDE, como a política de gestão e financiamentos. Quanto ao cadastramento de metadados e desenvolvimento do Geoportal para permitir a busca e acesso às informações, as ferramentas tecnológicas já foram desenvolvidas e implantadas, as instituições receberam treinamento para uso e cadastramento dos metadados e estão em fase de inserção das informações nos sistemas. 4
5 Figura 02: Estrutura da IDE-BAHIA. Contudo, quando comparando a proposta da IDE-BAHIA com os princípios que deveriam ser comuns, algumas situações ainda podem ser apontadas como inadequadas ou indefinidas. 1. Embora existam alguns decretos que abordem a respeito da criação da IDE e do Geoportal, uma norma legal para abarcar todos os aspectos e componentes de uma IDE ainda não foi publicada. 2. Provavelmente a gestão da IDE-BAHIA ocorrerá através da Comissão Estadual de Cartografia, mas é preciso deixar claro, através de instrumentos legais, o papel de cada instituição dentro do processo, especialmente para os produtores de dados, que serão diretamente afetados pela implantação da IDE. 3. O cadastramento dos metadados está em andamento pelas instituições envolvidas, mas não está estabelecido um Plano de Ação, nos moldes do que existe para a INDE (BRASIL, 2010), que apresente resposta para questões como: fases para implantação; indicação de quando e como outros provedores serão incorporados, especialmente aqueles que não são instituições públicas estaduais, mas produzem dados de interesse sobre o Estado; prazos para cadastramento dos metadados e padronização e organização dos bancos de dados; quais dados serão disponibilizados de forma gratuita ou com custo; como a academia deverá participar do processo, tanto como produtor, quanto como disseminador de conhecimento; relacionamento com outras IDE; dentre outros aspectos. 4. Existem poucos profissionais envolvidos, a maior parte dos participantes são técnicos das instituições, alguns, terceirizados. Deve-se ampliar o conhecimento sobre os conceitos de IDE e o modelo proposto, bem como esclarecer como será o funcionamento futuro e se haverão grupos temáticos para discutir padrões, contratações, especificações e outras questões relacionadas aos dados e metadados. 5. Não existe definição de uma política pública voltada para a manutenção da IDE-BAHIA e, principalmente, custeio para atualização das bases de dados, garantindo a continuação da infraestrutura. Por fim, vale salientar a participação da Bahia nas definições da Política Nacional de Geoinformação - PNGEO, capitaneada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, o que traz indicativos da importância deste projeto e do desenho traçado para a criação de uma Política Estadual da Geoinformação, buscando integrar informação geográfica dos diversos níveis sobre este território. 4. CONCLUSÕES O uso de Infraestruturas de Dados Espaciais é importante por permitir a disponibilização de bases de dados múltiplos, atuais e confiáveis, diretamente de seus provedores, sem obrigar o usuário a adquirir estes dados ou ter que convertê-los, gerando duplicidade e onerando o trabalho. Sabe-se que alguns problemas relacionados ao uso de dados geográficos não podem ser resolvidos 5
6 simplesmente com a implantação de uma IDE, tais como a atualização e ampliação das bases de dados, que dependem de uma política pública de alocação de recursos; e uma maior qualidade técnica dos responsáveis pela elaboração de dados. A qualidade do dado disponibilizado e os mecanismos de acesso são importantes, contudo, a eficácia de uma IDE depende, principalmente, da política de estruturação e disseminação de seus dados e metadados, definida entre as instituições provedoras, e dos recursos disponíveis para manutenção e atualização das bases. No tocante à IDE-BAHIA, pode-se destacar seu pioneirismo no Brasil e a efetiva participação de algumas das principais instituições produtoras de dados. Entretanto, vale observar que esta iniciativa está sendo capitaneada por um reduzido corpo técnico das instituições, havendo necessidade de maior envolvimento técnico, político e comprometimento financeiro, para que o projeto siga adiante e possa ser bem sucedido, inclusive, em gestões de novos governos. A criação desta IDE implica em estreitar o relacionamento entre as diversas instituições do Estado, buscando definir uma política única de produção e acesso aos dados. Esta aproximação pode ser benéfica no sentido de que as definições centrais da política da IDE-BAHIA devem ser tomadas no âmbito do governo estadual, incluindo os atores da IDE, principalmente seus usuários. Também observou-se que não são considerados dados "não oficiais", ou seja, dados produzidos pela população, através de ferramentas Web, de maneira voluntária ou não. Este tipo de dado pode não atender a um determinado grau de precisão e confiabilidade, mas tem sido útil para identificação de diversas situações e interesses da sociedade, havendo necessidade de avaliar quando e como estas informações poderão vir a fazer parte de uma IDE. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAHIA. Decreto Estadual nº de 20 de dezembro de Institui o Portal de Informações Geoespaciais do Estado da Bahia. Diário Oficial do Estado. Salvador-BA BRASIL. Plano de Ação para Implantação da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais INDE. Brasília: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Comissão Nacional de Cartografia. 1 edição. Brasília-DF CASANOVA, M. A.; BRAUNER, D. F.; CÂMARA, G.; LIMA JÚNIOR, P. de O. Integração e Interoperabilidade entre Fontes de Dados Geográficos. In: CASANOVA, M. A.; CÂMARA, G.; DAVIS JR, C. A.; VINHAS, L.; e QUEIROZ, G. R. de. (Org.) Bancos de Dados Geográficos. Editora MundoGEO. Curitiba-PR DAVIS JR, C. A.; SOUZA, L. A. e BORGES, K. A. V. Disseminação de Dados Geográficos na Internet. In: CASANOVA, M. A.; CÂMARA, G.; DAVIS JR, C. A.; VINHAS, L.; e QUEIROZ, G. R. de. (Org.) Bancos de Dados Geográficos. Editora MundoGEO. Curitiba-PR DAVIS JR, C. A.; ALVES, L. L. Infraestruturas de Dados Espaciais: Potencial para Uso Local Disponível em: Acesso: 03 de novembro de ERBA, D. A.; PIUMETTO, M.; e CIAMPAGNA, J. ecatastros. In: ERBA, D. A. (Org.) Catastro Multifinalitario aplicado a la definición de políticas de suelo urbano. Lincoln Institute of Land Policy. Cambridge, MA p FORTIC. Fórum de Gestores de Tecnologia da Informação e Comunicação. Disponível em Acesso em 25 de novembro de PEREIRA, G. C. e ROCHA, Mª C. F. (Org.) Dados Geográficos: Aspectos e Perspectivas. Cadernos REBATE. LCAD/UFBA. Salvador-BA PEREIRA, G. C. e ROCHA, Mª C. F. (Org.) Informação Geográfica: Infraestrutura e acesso. Cadernos REBATE. LCAD/UFBA. Salvador-BA SOUZA, F. A. Avaliação da proposta de uma Infraestrutura de Dados Espaciais na Bahia e suas possíveis repercussões para Estudos de Impacto Ambiental. Dissertação de mestrado. Escola Politécnica/UFBA. Salvador- BA Disponível em: 6
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