CENTRAL ELÉCTRICA A GÁS NATURAL DE RESSANO GARCIA (300 MW) CAPÍTULO I
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- Gonçalo Viveiros Bacelar
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1 CENTRAL ELÉCTRICA A GÁS NATURAL DE RESSANO GARCIA (300 MW) CAPÍTULO I 1. ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO, JUSTIFICAÇÃO E DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO O presente documento constitui a Adenda ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da Central Eléctrica de Ressano Garcia (CERG) pertencente à Gigawatt Moçambique S.A. e é relativo ao aumento da capacidade de produção para 300 MW. O objectivo principal do presente Estudo é o de actualizar a aferição dos impactos ambientais resultantes não só do incremento da capacidade proposta mas também da utilização de uma tecnologia de produção mais avançada. O presente Estudo abrange ainda a Linha de Alta Tensão que liga a Central Eléctrica à Rede Nacional da EDM e a estrada de acesso ao local da Central Eléctrica a partir da EN4. A realização deste estudo envolveu a recolha de um conjunto significativo de informações, através da busca bibliográfica, de trabalhos e estudos realizados, de verificação e do levantamento de campo efectuado na fase anterior e ainda a modelação do novo processo tecnológico. Desse modo, a equipa técnica que realizou o presente trabalho conseguiu analisar as condições ambientais existentes no local de implantação da CERG, identificar e avaliar os potenciais impactos, especialmente os considerados de maior significância, assim como recomendar e propor medidas de mitigação e de incrementação dos impactos avaliados com o objectivo principal de contribuir para o desenvolvimento e implementação de um projecto mais equilibrado do ponto de vista ambiental. O projecto da Central Eléctrica de Ressano Garcia enquadra-se nos planos do Governo do presente quinquênio e visa contribuir para a superação do défice de energia no País e na região. O País tem vindo a registar um aumento contínuo do consumo de energia eléctrica resultante dos investimentos que têm sido realizados nos últimos anos, tanto em actividades de caráter socioeconómico dependentes de energia eléctrica, como de ligação de novos consumidores. Os estudos descritos na presente adenda incluem a proposta de medidas de minimização dos impactos negativos e de maximização de impactos positivos. A avaliação feita seguiu os mesmos moldes do EIA aprovado e compreendeu uma abordagem multidisciplinar, com o detalhe adequado, às várias temáticas de expressão territorial e ambiental, com especial realce para qualidade do ar, ruído, paisagem, habitats, flora, fauna, socioeconomia, património antropológico e arqueológico, saúde pública e economia dos recursos. O estudo dos vários aspectos referidos baseou-se na análise de informações existentes e disponíveis sobre a região, assim como em levantamentos de campo e consultas a entidades locais, regionais e nacionais, a partir das quais se procedeu à avaliação ambiental através de um conjunto de metodologias específicas.
2 1.1 METODOLOGIA E OBJECTIVOS A metodologia seguida ao longo dos trabalhos foi estruturada de modo a tornar possível equacionar as questões fundamentais, que se destacam da análise integrada dos diversos descritores ambientais estudados, visando o cumprimento dos objectivos preconizados. Face ao aumento da capacidade de produção da CERG e dadas as características ambientais e sociais da área de inserção do empreendimento, a metodologia adoptada foi conduzida de modo a que se pudesse analisar e avaliar ambientalmente as componentes do empreendimento, caracterizar a região onde se implantará o empreendimento, determinar e avaliar as condicionantes ambientais e os impactos potenciais significativos, formular medidas de controlo dos impactos negativos, estabelecer as directrizes do Plano de Gestão Ambiental e definir directrizes para o Plano de Desenvolvimento Comunitário. Integram o presente Estudo de Impacto Ambiental os seguintes volumes: Volume 1 Adenda ao Estudo de Impacto Ambiental (Documento principal), contendo os seguintes Capítulos: Capítulo 1 - Enquadramento Metodológico, Justificação e Descrição do Empreendimento Capítulo 2 - O Meio Receptor Capítulo 3 Impactos e Medidas de Mitigação Capítulo 4 Plano de Gestão Ambiental Capítulo 5 - Lacunas Técnicas e de Conhecimento Capítulo 6 Conclusões Capítulo 7 Peças Desenhadas Anexos Volume 2 Resumo Não Técnico Identificação do Proponente do Projecto O proponente do projecto, que é reponsável pelo desenvolvimento e implementação do empreendimento, é a Gigawatt Moçambique S.A.. A Gigawatt Moçambique S.A. é uma sociedade constituída nos termos do Direito Moçambicano e é detentora de uma concessão do Governo de Moçambique, para produzir e
3 vender energia eléctrica. A sede da Gigawatt Moçambique S.A. situa-se na Rua Lucas Elias Kumato Nº222, Bairro da Sommerschield, PO Box 4204, Maputo, Moçambique Entidade Licenciadora e Autoridade da AIA O processo da Avaliação do Impacto Ambiental (AIA) que antecede o licenciamento ambiental será conduzido pelo Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental MICOA, através da Direcção Nacional da Avaliação do Impacto Ambiental (DNAIA), na qualidade de Autoridade da AIA Consultor Ambiental Para a realização do Estudo do Impacto Ambiental (EIA) do aumento da capacidade de produção da Central Eléctrica para 300 MW, a Gigawatt Moçambique S.A. designou a Ecotécnica Lda. A Ecotécnica Lda é uma empresa estabelecida em Moçambique e está registada como consultora ambiental independente na DNAIA do MICOA para realizar projectos de AIA de EIA em Moçambique. A ECOTÉCNICA Lda tem a sua sede na Rua do Rio Matola 59, na Cidade da Matola, Moçambique. A composição da equipa de AIA para o presente trabalho está indicada na Tabela 1. Tabela 1 - Composição da Equipa Técnica Consultor Função Vasco Júnior, PhD Director do Projecto de AIA e especialista em Tecnologia e Meio Ambiente Bento Cambula, MSc Especialista em Poluição Atmosférica Sipho Madumela, MSc Especialista em Bodiversdade e Ecosistemas Raimundo Nguenha Componente Socioeconómica Loide Bazar Especialista em Direito Stélio Matsinhe Especialista em Geologia e Hidrologia 1.2 Contacto ecotecnica@mail.com ENQUADRAMENTO LEGAL O enquadramento legal apresenta o quadro jurídico e os procedimentos necessários para a AIA em Moçambique que são aplicados durante a elaboração do EIA e do PGA para o projecto da CERG.
4 1.2.1 Legislação Nacional Aplicável ao Projecto As principais leis e decretos que regulam a AIAS, procedimentos de auditoria e inspecção ambiental em Moçambique são: A Lei do Ambiente (Lei nº 20/97, de 1 de Outubro). Esta lei especifica que todas as actividades públicas ou privadas com potencial para influir sobre as componentes ambientais, devem ser precedidas de uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), com vista à obtenção de uma Licença Ambiental (LA). As LA são emitidas pelo MICOA através da DNAIA. Esta Lei baseia-se especialmente no princípio de precaução que incide em evitar a ocorrência de impactos ambientais negativos significativos ou irreversíveis, independentemente da existência de certeza científica sobre a ocorrência de tais impactos sobre o meio ambiente. O Processo de AIA está regulamentado pelo Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro que foi objecto de actualização de algumas das suas cláusulas por intermédio do Decreto nº 42/2008 de 4 de Novembro Diploma Ministerial nº 129/2006, de 19 de Julho E Diploma Ministerial nº 130/2006, de 19 de Julho estabelecem os princípios para a elaboração do EIA e o PPP durante o processo de AIAS. Decreto nº 32/2003, de 20 de Agosto regula o processo de Auditoria Ambiental. Este decreto indica que qualquer actividade pública ou privada pode ser objecto de auditorias ambientais públicas realizadas pelo MICOA. A entidade alvo de auditoria deve facultar aos auditores o livre acesso aos locais a serem auditados, bem como toda a informação solicitada. Decreto nº 11/2006, de 15 de Julho regula o processo de Inspecções Ambientais. Este decreto governa os mecanismos legais de inspecção de actividades públicas e privadas, que directa ou indirectamente são passíveis de causar impactos negativos no ambiente. Este diploma tem como objectivo regular a actividade de supervisão, controlo e fiscalização do cumprimento das normas de protecção ambiental a nível nacional. Para além disso, o MICOA endossa as recomendações sobre reassentamento humano e requer que a localização e dimensão das áreas de reassentamento sejam conduzidas de uma maneira participativa. O objectivo é permitir um crescimento demográfico natural, fornecimento e manutenção de serviços, bem como a geração de oportunidades económicas e sociais locais com o acesso a benefícios resultantes do programa de reassentamento. O EIA vai garantir discussões em grupos focais e reuniões de consulta pública para aumentar a participação das comunidades locais em todo o processo. Adicionalmente, objectivo do Processo de Participação Pública é garantir que um processo inclusivo transparente de engajamento - a partilha de informação, a recepção de comentários, expressão de questões e preocupações, resposta e feedback sobre questões e preocupações - seja realizado, que
5 permite a participação de todas as pessoas e entidades que possam ser afectadas pelo projecto proposto e/ou tenham interesse nele. Procedimentos para informar as partes interessadas sobre um projecto e envolvimento da sua participação tornaram-se prática padrão. Actualmente, não existe legislação no país que cubra o reassentamento involuntário, se não a Lei de Planeamento (Lei 19/2007). O Artigo 20 desta Lei refere-se à possibilidade de expropriar a propriedade privada pertencente ou usada pelas comunidades tradicionais, se for de interesse, necessidade ou utilidade pública. Também determina que nestes casos há a obrigatoriedade de pagar uma indemnização justa para compensar a perda de bens tangíveis e intangíveis, a desagregação da coesão social, e a perda de bens produtivos. A Lei de Terras 19/97 fornece a base para definir os direitos à terra das pessoas afectadas, com base no direito consuetudinário e os procedimentos para adquirir o título de uso e aproveitamento por parte das comunidades e de particulares. O regulamento da Lei de Terras Decreto n º 66/98 e as orientações básicas de compensação produzidas pelas Direcções Provinciais da Agricultura, cobrindo os custos mínimos de diversas árvores e culturas, regula a compensação para as perdas sofridas pelo processo de relocalização. As Directrizes para a avaliação do valor das casas, produzidas pelas Direcções Provinciais das Obras Públicas e Habitação são baseadas no Decreto Ministerial n º 119/94 de 14 de Setembro. Além dos acima indicados, os seguintes instrumentos legais servirão como referência para a avaliação de impacto ambiental: Regulamento sobre os Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes (Decreto 18/2004 de 2 de Junho); Regulamento sobre Lei de Florestas e Fauna Bravia (Decreto nº 12/2002 de 6 de Junho) Lei do Trabalho (Lei n º 8 / 98 de 20 de Julho); Regulamento sobre a qualidade da água para consumo humano (Diploma Ministerial nº 180/2004 de 15 de Setembro); e Regulamento sobre a Gestão dos Resíduos (Decreto nº 13/2006 de 15 de Junho). A seguinte legislação específica aplica- se ao sector energético: Política e Estratégia Energética (Resolução nº 10/2009, de 4 de Junho.); Política de Energia Renovável (Resolução nº 62/2009, de 14 de Outubro.) Estratégia de Desenvolvimento de Mercado de Gás Natural (Resolução nº 64/2009, de 2 de Novembro;
6 Lei de Electricidade (Lei nº 2/97, de 1 de Outubro). Regulamento que estabelece as competências e procedimentos para a atribuição de licenças para produtos, transporte, distribuição de electricidade, bem como a sua importação e exportação (Decreto nº 8/2000, de 20 de Abril.); Regulamentos sobre a Rede Nacional de Transmissão de Energia (Decreto nº 42/2005, de 29 de Novembro.); Regulamento sobre a Gestão da Rede Nacional de Energia Eléctrica que designa a Electricidade de Moçambique (EDM), EP, para realizar o serviço público de gestão da Rede Nacional de Energia Eléctrica (Decreto nº 43/2005, de 29 de Novembro.); Regulamento de distribuição e comercialização de gás natural e revoga o regime tarifário aprovado pelo Decreto Nº 46/98 de 22 de Setembro (Decreto nº 44/2005 de 29 de Setembro.); Regulamentos sobre a gestão de instalações de energia construídas ou reabilitadas com recursos próprios nos distritos que não tenham sido atribuídos a uma empresa pública (Decreto N º 45/98, de 25 de Setembro.); Regulamento de Competências Técnicas para preparação, implementação e operação de instalações de energia de serviço particular (Diploma Ministerial nº 31/85, de 31 de Julho.); Regulamentos de Licenciamento de Instalações Eléctrica (Decreto nº 48/2007, de 22 de Outubro). Regulamento que estabelece as competências e os procedimentos relativos à atribuição de concessões de produtos, Transporte, Distribuição de energia eléctrica, bem como a sua importação e exportação (Decreto nº 8/2000, de 20 de Abril); e Estatuto Orgânico do Conselho Nacional de Electricidade, abreviadamente designado por CNELEC. Indica as atribuições e competências do CNELEC, a sua constituição e composição, o processo de selecção e nomeação dos membros bem como a duração e cessação das funções de cada membro (Decreto 25/2000, de 3 de Outubro). A Gigawatt Moçambque SA carede da autorização do projecto ao abrigo da legislação ambiental Moçambicana. Consequentemente, a AIA é realizada de acordo com os regulamentos moçambicanos de AIA (Decreto 45/2004 de 29 de Setembro de 2004, alterado pelo Decreto nº 42/2008, de 04 de Novembro de 2008 Regulamentos de Estudo de Impacto Ambiental (EIA)). Neste Estudo foram utilizadas ainda as Diretrizes Internacionais Aplicáveis ao Projecto.
7 1.2.2 Princípios da Gigawatt Moçambque S.A. O Desenvolvimento Sustentável é o principal objectivo do quadro de negócios da Gigawatt Moçambique S. A. Consequentemente, a Gigawatt Moçambque SA está empenhada em garantir a realização dos seus negócios de uma forma duradoira e sustentável. O projecto da CERG será, essencialmente, parte deste processo através da produção de eletricidade para a rede Moçambicana. A Gigawatt Moçambque SA pretende trabalhar para o Desenvolvimento Sustentável através dos seguintes meios: Utilização sensata e lógica dos recursos naturais; Cumprimento de toda a legislação aplicável; Tratamento equitativo de todos os seus trabalhadores e prestadores de serviços de forma justa; e Gestão consciente dos impactos sociais, ambientais e requisitos de segurança.. A Gigawatt Moçambque SA reportará as suas iniciativas de Desenvolvimento Sustentável numa base anual. A Gigawatt Moçambque SA pretende alcançar a meta de eficiência energética através da identificação e implementação de iniciativas adicionais, pois isso faz parte do seu compromisso de reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa. Além disso, a Gigawatt Moçambque SA implementará a norma ISO e a Avaliação de Saúde e Segurança Ocupacional (OHSAS). De acordo com o compromisso da Gigawatt Moçambque SA de segurança, saúde e ambiente, a empresa será gerida de uma forma ética que estabelece um equilíbrio adequado e bem fundamentado das necessidades económicas, sociais e ambientais, Assim, a Gigawatt Moçambique SA compromete-se a: Realizar os negócios com respeito e cuidado para as pessoas e o meio ambiente; Melhorar continuamente o desempenho de segurança, saúde e ambiente; Cumprir, no mínimo, com todas as normas legais e outros requisitos acordados; Utilização responsável dos recursos naturais; Promover o diálogo com as partes interessadas sobre segurança, saúde, e desempenho ambiental (Política de Segurança, Saúde e Ambiente da GIGAWATT). Para o bom desempenho do empreendimento, a Gigawatt Moçambique SA procederá aos seguintes actos:
8 Obtenção de uma concessão de geração de electricidade a partir de gás natural do Governo de Moçambique (acto já realizado). Assinatura contratso de fornecimento de energia a longo prazo (15 anos ou mais) com consumidores credíveis. Operacionalização da CERG no segundo semestre de Geração de empregos e receitas para o Estado. Redução das perdas nas linhas de transmissão e aumento da estabilidade da rede eléctrica de da região sul de Moçambique. Desenvolvimento sócio-económico de Ressano Garcia e da região. A Gigawatt S.A. no quadro das suas actividades de responsabilidade social guiarse-á por um Plano de Desenvolvimento Comunitário (PDC) que terá como objectivo principal garantir que a implementação do Projecto resulta em oportunidades para o desenvolvimento local e melhoria efectiva das condições socioeconómicas da comunidade de Ressano Garcia. Algumas das acções a implementar no quadro do PDC contemplam o seguinte: Capacitação de camponeses locais na utilização de novas técnicas agrícolas. Qualificação da mão-de-obra local (acções de formação profissional, concessão de bolsas de estudo a estudantes residentes em Ressano Garcia, etc.). Formação em Artes e Ofícios e Educação Ambiental. O Plano deve ser implementado por profissionais experientes (e/ou pessoal interno devidamente capacitado), capazes de conceber e aplicar Programas de Desenvolvimento Comunitário concretos e de estimular e promover debates. A GIGAWATT SA será responsável pela nomeação interna ou contratação destes profissionais, aos quais competirá produzir os materiais didácticos adequados e conduzir as acções de formação necessárias para implementação dos diversos Programas. Relativamente à integridade técnica da CERG, ela é comprovada pelos pelos seguintes factos: Totalmente independente da Eskom e da EDM A CERG utilizará tecnologia comprovada que oferece alta confiabilidade Adesão a códigos e normas aplicáveis A CERG é projectado com a facilidade de manutenção em mente Identificação antecipada e mitigação de riscos operacionais
9 1.3 Construção sem incidentes nem acidentes Operação segura e confiável Produção de electricidade a preços competitivos Vida vútil mínima de 20 anos Gestão ambiental permanente da CERG Minimização do consumo de água e da geração de efluentes ANTECEDENTES Em 2008, a Gigawatt Moçambique SA (então denominada Ecomoz) concebeu o projecto de construção de uma Central Eléctrica a Gás Natural com uma capacidade inicial de 50 MW com possibilidade de expandir para 150MW a ser implantada em Ressano Garcia. Em conformidade com a legislação Moçambicana, foi realizado o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o relatório foi submetido ao MICOA através da Direcção Nacional de Avaliação do Impacto Ambiental (DNAIA) e foi aprovado em A aprovação do projecto foi para uma capacidade total activa de 50 MW que utilizava 54 unidades de geração de 1.1MW cada uma e incluía uma estação eléctrica de transformação (subestação) permanente. Devido à conjuntura de crise internacional, o projecto sofreu um atraso de dois anos. Ultrapassada a crise, o projecto encontra-se actualmente em condições de prosseguir, tendo contudo sido feitos alguns ajustamentos para conferir maior eficiência quer do ponto de vista técnico como do ponto de vista ambiental. Entretanto neste período, foi constatado que o registo Ecomoz estava duplicado, tendo esta optado por alterar o nome, passando a designar-se Gigawatt Moçambique S.A., conforme o registo na Conservatória de Registos das Entidades Legais, em anexo. O projecto inicial já previa uma expansão da central para 150MW, tendo inclusivamente sido referenciado na avaliação do Estudo do Impacto Ambiental apresentado em 2008, pois já nessa altura se previa o crescimento da demanda de energia no País e na região. O projecto então revisto pretendia adaptar-se à tecnologias mais modernas, usando unidades geradoras a gás de maior capacidade. Para a produção dos iniciais 100 MW, a capacidade de geração de cada unidade será de aproximadamente 4 MW e serão instaladas num edifício adequado de carácter permanente. O edifício será desenhado com características de supressão de som para reduzir o impacto do ruído de forma mais eficaz. Uma outra vantagem ambiental a referir no uso da tecnologia mais moderna, é que os motores tem uma maior eficiência, pois o consumo específico é de 9 GJ/MWh em comparação com os 11 GJ/ MWh das unidades de 1,1 MW anteriormente previstas.
10 Os gases de escape serão lançados a uma altura não inferior a 15 metros em comparação com a altura da chaminé anterior que era de 5 metros. Esse facto permitirá melhorar a dispersão dos gases de escape, atenuando e melhorando os impactos em relação aos indicados no REIA aprovado. A ligação do ramal de linha de Alta Tensão da Central para a Rede Nacional será efectuada no circuito de 275 kv Komatipoort/ Infulene com maior capacidade de transmissão que se situa na mesma área, distante aproximadamente 1800 m da Central. 1.4 LOCALIZAÇÃO DO PROJECTO E EXPANSÃO DA CAPACIDADE O local proposto para o projecto da CERG está situado em Ressano Garcia, Distrito da Moamba, Província de Maputo. O local fica 115 km a Noroeste da Cidade de Maputo, perto da fronteira com a África do Sul. A Central será construída num espaço verde de 30 hectares, localizados no topo de uma colina que é actualmente desabitada. A autorização provisória de uso de terra foi concedido pela Administração de Moamba (vide Anexos). Os grupos geradores instalados num espaço verde de 12,5 hectares (5,3 hectares para a produção de 100 MW e 7,2 hectares para a geração de 200 MW de energia eléctrica). A central fica localizada no topo de uma colina que é actualmente desabitada e inclui cerca de 0,65 ha para a instalação de infra-estruturas de apoio, sob a forma de contentores apropriados para a instalação da área administrativa, armazéns e instalações sánitárias. A autorização provisória de uso de terra foi concedido pela Administração de Moamba para uma área total de 30 hectares. A Central Elécttrica de Ressano Garcia ficará localizada nas proximidades da Vila de Ressano Garcia, localização considerada ideal pelos seguintes motivos: a) Proximidade da linha de 275 kv Komatipoort-Infulene; b) Proximidade da fonte de abastecimento de gás através do gasoduto da Matola Gas Company (MGC) que constitui um ramal do gasoduto principal da Sasol e que fornece gás à Maputo e Matola. Acrescente-se a isso, a existência de uma Estação de Redução de Pressão no local; c) Facilidade de acessos, pela proximidade da Estrada Nacional 4 (Maputo-Witbank) e pela possibilidadede aproveitamento do acesso à Estação de Redução de Pressão da MGC; e d) Proximidade à fronteira que implica a redução dos custos de transmissão. Uma futura expansão da CERG beneficiaria da proximidade do gasoduto principal da Sasol, o que faz com seja tecnicamente vantajoso colocar um ramal de alimentação da CERG, por
11 motivos que se prendem com os gradientes de pressão que se verificam ao longo dos gasodutos principais. Não menos importante, o local proposto para a localização da CERG situa-se a cerca de 220 metros acima do nível do mar, o que reduz ao mínimo potenciais interferências na eficiência dos geradores, que é negativamente afectada por altitudes elevadas. Neste contexto, foi identificada e reservada para uso industrial (para a implementaçäo do projecto da CERG), pelo Governo Provincial, uma área de 30 hectares, situada nas proximidades de Ressano Garcia. Recentemente, a Sociedade Aggreko International, sediada em Dubai e a Sociedade Msumbiji Group S.A, sediada em Moçambique, assinaram um Memorando de Entendimento para a geração de 200MW adicionais de energia com o intuito de fornecer o potencial mercado da África Austral que se recente da falta de energia. Para a materialização do Memorando de Entendimento, a sociedade Aggreko International e a sociedade Msumbiji solicitaram à Gigawatt Moçambique S.A, actual detentora da concessão, o fornecimento de 200 MW de energia eléctrica, expandido desse modo a capacidade da Central Eléctrica de Ressano Garcia para 300 MW. Assim, a expansão comprenderá a aquisição e instalação de 198 grupos geradores (mais 10 em standby) com uma produção contínua em regime trifásico a 275kV, 50 Hz e com um factor de potência de 0,85. Este equipamento será instalado numa área adjacente à já planificada Central de 100 MW da Gigawatt Moçambique SA (vide Capítulo 10 Peças Desenhadas). A Central Eléctrica Elécrica de Ressano Garcia deverá estar operacional no segundo semestre de de 2012 (primeira fase) e será concluída em 24 meses (segunda fase) de acordo com o cronograma apresentado na Tabela 2.
12 Tabela 2 Cronograma de actividades Investimento A actualização do projecto resultou num aumento significativo do investimento que agora se situa à volta de USD 103 milhões, comparativamente muito maior ao investimento anterior de USD $67,7 milhões. 1.5 TECNOLOGIA DA CENTRAL ELÉCTRICA DE RESSANO GARCIA O projecto da Central Eléctrica de Ressano Garcia irá usar gás natural como matéria-prima para produzir 300 MW de electricidade bruta usando grupos de motores-geradores a gás. Duas alternativas tecnológicas foram consideradas: geradores a gás e turbinas a gás. Os geradores a gás (comumente conhecidas como motores de combustão interna) foram selecionados pela Gigawatt Moçambique SA como a tecnologia preferida na base do custo do seu ciclo de vida, eficiência térmica, simplicidade operacional e desempenho ambiental.
13 O gás natural para o projecto da CERG será transportado a partir de um gasoduto já existente que passa cerca de 1,2 km a norte do local proposto para o projecto da CERG. Um novo gasoduto será conectado a este gasoduto principal existente e conectado ao local da central energética ao longo da área de serviço da Matola Gas Company, numa distância de aproximadamente 1 km de comprimento e diâmetro de 8 a 14 polegadas. Aliada ao projecto da central Electrica está a construção de uma estrada de acesso com 2 km de comprimento a partir da EN4 para o local proposto (a rota provisória já foi identificada). O gasoduto de gás natural, infra-estruturas (estradas de acesso de 2 km, edifícios, etc), linha de transmissão eléctrica, subestação, abastecimento de água, bem como a própria central eléctrica são considerados na Avaliação do Impacto Ambiental. A Figura 1 mostra o conjunto de infraestruturas. Figura 1 - Infra-estruturas do projecto da CERG incluindo a linha de transmissão Uma descrição detalhada dos principais processos associados à unidade principal do projecto proposto é feita em duas secções: (i) Central de geração de energia; e (ii) Instalações auxiliares (fornecimento de matéria-prima e utilidades). Sempre que relevante, as alternativas potenciais serão descritas e avaliadas, de forma a racionalizar a selecção da opção preferida Central de Geração de Energia Em termos de requisitos da AIA é imperativo que critérios técnicos, económicos e ambientais sejam considerados no processo de seleção de tecnologia. Técnicas de combustão de combustível gasoso incluem principalmente duas tecnologias, nomeadamente, turbinas a gás
14 e motores de combustão interna. As diferenças fundamentais entre as duas tecnologias estão descritas na Tabela 3. Tabela 3 - Comparação de Motores de Combustão Interna e Turbinas a Gás TECNOLOGIA DESCRIÇÃO Turbinas a Gás A turbina a gás consiste essencialmente de um compressor, uma câmara de combustão e uma turbina de expansão. O ar ambiente é filtrado para evitar entupimento das lâminas da turbina e, em seguida, comprimido. O combustível e o ar comprimido são queimados em uma câmara de combustão à temperaturas que variam de 1235 C a 1430 C. Esta é dependente do tamanho da turbina. Os gases de escape expandem-se através da turbina, activando o gerador para produzir energia elétrica. Motores de Combustão Interna Motores de combustão operam no mesmo princípio que o processo mecânico de um motor automóvel padrão. O combustível é queimado em um ou mais cilindros, resultando na conversão da energia química do combustível em energia mecânica com eficiência térmica de até 44% e 54%, no modo de ciclo aberto e combinado, respectivamente. O motor é acoplado ao eixo do gerador e fornece a energia mecânica para accionar o gerador para produzir eletricidade. Unidades geração de combustão interna para motores de energia são normalmente projetadas para operar em ciclos de quatro tempos ou dois tempos e podem ter uma capacidade de produção elétrica variando de 2 MW para mais de 50 MW. É geralmente aceite que estes motores são mais eficientes do que as turbinas a gás, têm menores custos de capital e podem gerar eletricidade quase que imediatamente no arranque. O modelo de gerador QSK60G de 60 litros, 16 cilindrs trabalha a uma rotação de rpm (50 Hz). O motor é baseado na bem-sucedida tecnologia lean-burn e, segundo o fabricante, os níveis de emissões de NOx (óxidos de azoto) são tão baixos como 0,7 g / bhp-hr. A selecção do fornecedor de motores a gás foi baseada num estudo detalhado feito pela Ggawatt Moçambque SA que comparou o desempenho técnico de várias alternativas de geração de energia eléctrica a partir de gás natural. Os critérios de selecção compreenderam considerações do custo e viabilidade técnica e económica da tecnologia e e requisitos ambientais, especificamente no que diz respeito à emissões de gases do efeito de estufa. Com base neste estudo, para a produção dos adicionais 200 MW, foram selecionados os motores foram selecionados os motores QSK60G. O motor QSK60G é um avançado motor a gás natural usado para geração de energia eléctrica que combina alta eficiência, baixo nível de emissões, a flexibilidade de combustível e reduzido custo de aquisição. O motor QSK60G é o resultado dos esforços de investigação de
15 vários parceiros da esfera tecnológica, incluindo a Cummins, a DOE e várias universidades. Os motores operam com uma eficiência térmica de freio de 50% e tem a vantagem de emissões ultra-baixas de NOx. O motor combina o princípio lean-burn com tecnologia de combustão de ciclo Miller e um sistema de gestão electrónica do motor. Além disso, o QSK60G possui: Um pistão com uma elevada capacidade de compressão Longa duração de velas de ignição Baixa perda de válvulas de escape Alta eficiência. O motor a ser usado é o de 50 Hz, muito utilizado na Europa e em Africa e pode ser visualizado na Figura 2. Figura 2 O selecionado motor QSK60G O princípio lean-burn utiliza um óptimo ratio de ar de combustão e combustível no cilindro, que é uma mistura pobre, ou seja, não está presente mais ar no cilindro do que o necessário para a combustão. A fim de estabilizar a ignição e a combustão da mistura, em tipos de motores maiores é utilizada uma ante-câmara com uma mistura rica de ar/combustível. A ignição é iniciada por uma vela de ignição localizada na ante-câmara, resultando numa fonte de ignição de alta energia para a carga de combustível no cilindro. A mistura de queima de combustível e ar expande-se, empurrando o pistão. Finalmente, os produtos da combustão são removidos do cilindro, completando o ciclo. A energia libertada pela combustão do gás é transferida para o motor através do pistão em movimento. Um alternador é conectado ao motor rotativo do volante e produz eletricidade. O tipo de motor é tipicamente projectado para uso com gás à baixa pressão como combustível. Os principais estágios/componentes do funcionamento do motor são resumidos como segue: Processo de Combustão: O processo de combustão é dividido nas seguintes componentes: Pré-câmara: O pré-câmara é a fonte de ignição para a carga de combustível principal e é um dos componentes essenciais de uma magra-queima de ignição por
16 centelha motor a gás. O projecto da pré- câmara é um factor determinante em termos de valores e eficiência de combustão; Sistema de ignição: O módulo de ignição controla os tempos dos cilindros específicos de ignição com base na qualidade de combustão, assegurando a combustão óptima em todos os cilindros com relação à confiabilidade e eficiência, e Taxa de Combustível e ar: Uma válvula dos gases de escape para ajustar a taxa de arcombustível, a fim de assegurar o desempenho correcto do motor em todos os tipos de condições. Sistema de Controlo do Motor: Todas as funções do motor são controladas pelo sistema de controlo do motor baseado num microprocessador montado no motor. Os diversos módulos eletrônicos são dedicados e optimizados para determinadas funções; Sistema de arrefecimento: O sistema de refrigeração de água é um sistema de radiador em malha fechada. A água inicial seria usada para completar o sistema e colmatar eventuais perdas de pressão do sistema; e Sistema de lubrificação de óleo: A tecnologia proposta inclui um sistema de lubrificação de óleo integrado compreendendo um reservatório de óleo, uma bomba acionada por um motor principal, uma bomba de pré-lubrificação acionada eletricamente, radiador, filtro de fluxo completo, filtro centrífugo completo. O gás natural para o projecto da CERG, cujas especificações estão indicadas na Tabela 4, será transportado a partir de um gasoduto já existente que passa aproxmadamente a 1,2 km a norte do local proposto para o projecto CERG. Um novo gasoduto será conectado a este gasoduto principal existente e ligado ao local da central energética ao longo da área de serviço da Matola Gas Company. Tabela 4 - Especificações do gás alimentado aos geradores de energia CRITÉRIO DE REQUISITOS PROJECTO Consumo estimado 40.3 toneladas por hora (baseado em ~21 PJ/ano) Pressão de serviço Menos de 10 bar Temperatura de serviço Composição Varia entre 0 C e 50 C Componente % Metano 95.0 Dióxido de carbono 2.0 Nitrogênio 3.0 TOTAL 100 Sem vestígios de água e hidrocarbonetos condensados
17 A pressão de operação será alcançada através das técnicas padrão de redução da pressão. De forma a ir de encontro às especificações da composição do gás, o projecto preliminar prevê a instalação de uma unidade de filtração de gás natural. A Ecotécnica Lda procedeu ao cálculo do nível de dispersão atmosférica de poluentes emitidos pelos geradores da Central Eléctrica de Ressano Garcia fazendo uso de um modelo de dipersão. O cálculo teve como base os dados fornecidos no Manual de Especificações Técnicas do projecto. Os dados meteorológicos foram obtidos do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM). Climatologia de ventos A Figura 3 mostra mapas climatológicos da velocidade do vento de uma vasta área que inclui a região de interesse deste estudo, que foram determinadas apartir da média climatológica de da NCEP-NCAR (National Centers for Environmental Protection - National Center for Atmospheric Research). Neste mapas é possivel observar que os ventos diminuem de intensidade em direcção ao interior sendo relativamente fracos na época fria (abaixo de 2,5m/s) nas zonas altas de Ressano Garcia, aumentando de intensidade na época quente, principalmente entre Setembro e Outubro.
18 Figura 3 - Climatologia da velocidade do vento (m/s) determinada através de dados climatológicos da NCEP/NCAR ( )
19 Figura 3 - Continuação
20 Modelo de dispersão A dispersão da poluição foi estimada usando o Modelo Gaussiano. Para efeitos de cálculo da concentração da poluição que possa afectar área de interesse, este modelo usa informações sobre a fonte de emissão (coordenadas geográficas, altura física, altura da chaminé, diâmetro da chaminé, velocidade de saída dos gases da chaminé, temperatura em que os gases são emitidos e a taxa de emissão dos gases), as condições meteorológicas (direcção do vento predominante, velocidade do vento, classes de estabilidade de Pasquill, temperatura ambiente e altura de mistura atmosférica) e das possíveis áreas afectadas (coordenadas geográficas e altura). Com base nos quatro cenários indicados no manual de especificações do projecto, foram calculadas as concentrações, sendo os resultados obtidos resumidos nas Figuras 4 até 7. Na figura do topo esquerdo está descrito o cenário que se espera num dia com insolação forte ou insolação moderada e ou insolação fraca associada a velocidades do vento abaixo dos 2 m/s. Nestas condições a poluição tende a se acumular até uma distância máxima de 0,3 km, decrescendo depois muito rapidamente à medida que se caminha na direcção do vento. A insolação forte está associada à grande instabilidade atmosférica sendo assim maior a dispersão. Nos dias de insolação fraca, os poluentes tendem a acumular-se na área circunvizinha da fonte de emissão. Os gráficos representam uma situação típica de época quente. A Figura 8 mostra o cenário da distribuição da concentração estimada na direcção horizontal, sendo a velocidade de vento entre 3 a 5 m/s para uma taxa de emissão de 1.94 kg/s. As distâncias y escolhidas são de 0,1 km, 1 km e 10 km. Estas figuras mostram claramente que a concentração está conforme a distribuição normal de Gauss.
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