Publicado on line em animal.unb.br em 30/09/2010. Caprinos no Brasil. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG.

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1 INCT: Informação Genético-Sanitária da Pecuária Brasileira SÉRIE TÉCNICA: GENÉTICA Publicado on line em animal.unb.br em 30/09/2010 Caprinos no Brasil Concepta McManus 1,2, Samuel Paiva 3, Helder Louvandini 4 1 CNPq / INCT / Informação Genético Sanitária da Pecuária Brasileira, Universidade de Brasília (UnB) / Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG. 2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS. 3 Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN), Brasília, DF. 4 Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/USP), Piracicaba, SP. 1

2 Espécie: Caprina Nome Cientifico: Capra aegagrus hircus Os caprinos naturalizados no Brasil são descendentes dos tipos trazidos pelos colonizadores portugueses logo após o descobrimento. Devido ao processo de seleção natural que sofreram ao longo de várias gerações, esses animais apresentam alta capacidade de sobrevivência e alta prolificidade nas condições do nordeste onde mais de 90% estão encontrados. Apresentam características como: pequeno porte, pêlo curto, orelhas eretas e baixa produção de leite. Os de padrão racial definido representam uma minoria, sendo os principais tipos o Moxotó, Canindé, Repartida e Marota bem como ecotipos como Gurguéia, Biritinga, Azul, Craúna, Nambi e Orelha de Onça. Os ecotipos Cabra Azul, Graúna, Marota, Gurguéia e Repartida não têm padrão racial homologado pela Associação Brasileira de Criadores de Caprinos (ABCC), sendo o Canindé e o Moxotó reconhecidos como raças. Ameaça às raças: 1 ) Introdução de raças melhoradas com finalidade de aumentar a precocidade, provocando desinteresse na criação das raças naturalizadas. 2 ) Cruzamento entre as raças naturalizadas ou entre elas e raças melhoradas devido na maioria das vezes ao tipo de sistema empregado (extensivo) o qual dificulta a separação por tipos destes animais para evitar estes cruzamentos indesejáveis à preservação da raça. 2

3 Canindé Fonte: cnpc.embrapa.br Outros nomes: Não os tem. Origem: Descendente das raças Charmequeira e Serrana, trazidas por colonizadores Portugueses, a cabra Canindé foi formada principalmente na região do Piauí. Raça naturalizada do Nordeste Brasileiro e provavelmente originária da raça Grisonne Negra, dos Alpes Suíços. Alguns afirmam que o nome é oriundo de "Calindé" que era a tanga branca, de algodão rústico, usada pelos escravos. O escravo vestia sua "calindé" da mesma maneira que essa cabra vestia a sua "calindé", alusão da parte baixa do corpo de cor branca, mantendo-se o restante de cor preta. Outros afirmam ter origem da região do Vale do Rio Canindé, no Piauí. O nome consolidou-se como Canindé. Este, significa "faca pontuda", usada principalmente no Sertão Cearense ou também pode significar as pedras ou lascas rochosas que serviam para afiar lâminas ou peixeiras no sertão do Piauí. 3

4 Habitat: Nordeste Brasileiro, principalmente no Piauí, sendo encontrada também no Ceara e Pernambuco. População: Indeterminada. Classificação: Pouco ameaçada de Extinção. Características morfológicas: A cabra assemelha-se em tamanho e forma com as raças moxotó e repartida, porem a Canindé destaca-se na sua maior aptidão leiteira. Apresenta pelagem preta com a parte ventral avermelhada au esbranquiçada, com pelos curtos e brilhantes; podendo haver presença de manchas amareladas dos lados. A pelagem é preta com o ventre e as pernas de tonalidades vermelho-amarelada a branca. Os pêlos são curtos e brilhantes. Sua cabeça e de tamanho mediano; chifres apontando para trás; orelhas de pequenas a medias e eretas; pescoço delgado e bem implantado; linha dorso lombo curta e inclinada e membros delicados. A cabra Canindé e de porte médio com altura em torno de 50 a 60 cm e com peso adulto entre 27 e 35 Kg. Produção média de leite 0,760 kg. Os 4

5 animais são leves e de pequeno porte, medindo cerca de 55 cm de altura e pesando 40 Kg. A prolificidade varia de 1,29 1,43 e a mortalidade situa-se de 15,0 a 18,6% para animais de até um ano de idade. Para animais com essa idade o peso gira em torno de 15,7 Kg. Nas condições da caatinga, apresenta entre 60% e 80% de fertilidade ao parto. As crias pesam cerca de 2 kg ao nascer. Produz entre 400ml a 800ml de leite por dia. Foi reconhecida como raça pelo Ministério da Agricultura em Importância Econômica: Destaca-se de todas as outras nacionais sendo a melhor produtora leiteira. Núcleos de Conservação: Criadores particulares. Caprino Azul Outros nomes: Azulego, Azulona, Azula e Azulanha. 5

6 Origem: O animal é resultado do processo de Seleção Natural ocorrido entre ecótipos trazidos por colonizadores Portugueses. População: Indeterminada. Classificação: Em processo de Extinção. Fonte: Características morfológicas: Não existe descrição oficial dos padrões raciais. Os animais apresentam grande rusticidade devido ao processo de seleção natural, conseqüentemente grande adaptabilidade. São animais de pequeno porte e baixo potencial leiteiro. Possuem pelagem cinza escuro (tendendo ao azulado), chifres bem inseridos de tamanho pequeno, orelhas pequenas, pescoço delgado e cabeça bem conformada. A cor da cor dos animais avaliados pela escala (Munsell Color Company, 2000) apresenta três padrões distintos de cores da pelagem : cinza ( Gley15 / N), cinza azulado escuro ( Gley24/10B ) e cinza azul escuro ( Gley2 3/10B ). Os animais do grupo azul escuro tem chifres coloridos, atingindo o tom de cinza, simétrico, bem estabelecido, dirigido para cima, para trás e para fora, com uma pequena curvatura na ponta da frente. O peso médio adulto entre 40,3 kg 6

7 e 47,32 kg dependendo na estação do ano. Medidas corporais: comprimento corporal, altura de cernelha e perímetro torácico de 71,5 ±5,6 cm, 59,0±4,3 cm e 76,9±4,8 cm, respectivamente. Importância Econômica: Grande rusticidade, seus principais atributos são a produção de carne e pele. Núcleos de Conservação: Não Possui. Caprino Gurguéia Outros nomes: não os tem. Origem: Provável descendente dos caprinos do tronco alpino, este animal é 7

8 resultado do processo de Seleção Natural ocorrido entre ecotipos trazidos por colonizadores Portugueses. Alguns autores sugerem ser descendente da cabra Charnequeira de Portugal. Seu nome se deve a um afluente do rio Parnaíba, no Piauí. Habitat: Nordeste Brasileiro, principalmente a região do Vale do Gurguéia, no Estado do Piauí. População: Indeterminada. Classificação: Em processo de Extinção. Características morfológicas: Não existe descrição oficial dos padrões raciais, mas em geral os animais apresentam-se semelhantes aos da raça Pardo-Alpina. Os animais apresentam grande rusticidade devido ao processo de seleção natural, conseqüentemente grande adaptabilidade. São animais de pequeno porte e baixo potencial leiteiro. Possuem pelagem de coloração castanha com lista preta no dorso, ventre e membros. Importância Econômica: Grande rusticidade, os animais da raça Gurguéia vem sendo muito utilizados nos cruzamentos com outras raças, principalmente devido ao seu alto desempenho reprodutivo: 98,33% de parição, 170,27% de prolificidade, e 71% de partos múltiplos. Núcleos de Conservação: Embrapa Meio Norte, município de Castelo do Piauí, Teresina-PI. 8

9 Caprino Moxotó Fonte: Outros nomes: Cabra do lombo preto Origem: Resultado do cruzamento de cabras trazidas da região do Alantejo em Portugal, descendente da raça charmequeira, disseminou-se no vale do rio Moxotó (afluente do rio São Francisco). O nome da raça é originário do Vale do Moxotó, no estado de Pernambuco. 9

10 Habitat: Nordeste Brasileiro, principalmente nos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceara, Piauí e Bahia. População: Indeterminada. Classificação: Pouco ameaçada de Extinção, sendo entre todas as outras nacionais a mais estudada e a única com livro de registro genealógico. Características morfológicas: A cabra Moxotó e um animal de pequeno porte, de corpo musculoso, membros curtos, fortes e bem aprumados, com garupa curta, longa e de boa inclinação. Sua pelagem e de cor baia ou mais clara, com pelos lisos, curtos e brilhantes, apresentando uma lista negra que parte do ponto superior do pescoço ate a base da cauda e outras duas listas escuras circundando as cavidades orbitais, descendo lateralmente ate a ponta do focinho. O animal apresenta colocarão escura no ventre, mucosas, úbere, cascos, jarrete e parte inferior dos membros. 10

11 Sua cabeça e de tamanho mediano e perfil reto, chanfro levemente cavado; seus chifres são fortes, de formato retilíneo e apontando para cima e para trás; suas orelhas são bem implantadas, pequenas e eretas; seu pescoço e forte, curto, bem implantado, apresentando ou não brincos; seu úbere e pequeno e bem inserido e com tetas bem conformadas. A cabra moxotó apresenta uma altura media de 50 a 70 cm, e seu peso adulto gira em torno de 34 Kg. Produção média de leite 0,800 kg. A prolificidade é de 1,36 e a mortalidade de animais com menos de 1 ano alcança 15,9%. Suas crias nascem com cerca de 2 quilos. Reconhecida como raça pelo Ministério da Agricultura em Importância Econômica: Produção de pele e carne, pouco produtora de leite. Núcleos de Conservação: Embrapa Caprinos- Sobral-CE Caprino Repartida 11

12 Outros nomes: "Surrão" que significa pessoa suja ou roupa rasgada e suja. Origem: Resultado do processo de Seleção Natural ocorrido entre ecótipos trazidos por colonizadores Portugueses. Possivelmente cruzamento de animais da raça Alpina Francesa com animais de pelagem parda. Habitat: Dispersa nos estados do Nordeste Brasileiro. População: Indeterminada. Classificação: Ameaçada de Extinção. Características morfológicas: A cabra Repartida assemelha-se em tamanho e forma com as raças Moxotó e Canindé. Apresenta pelagem preta na parte anterior do corpo e castanha clara ou escura na parte posterior, seu pelo e curto. Os animais da raça Repartida apresentam pelagem prata na parte anterior do corpo e baia na posterior, com delimitação irregular. A cabeça é escura com manchas baias irregulares, pescoço preto com bordo inferior baio, orelhas manchadas com a parte interna preta. Os membros são baios com manchas pretas nas extremidades. Apresentam pêlos pretos nos quartos posteriores, nas coxas e nas pernas. A cauda é preta na parte dorsal e claro nos bordos. Sua cabeça e de tamanho médio a grande; chifres grandes apontando para trás; orelhas de pequenas a medias e eretas; pescoço delgado e bem implantado; linha dorso lombo reta garupa ligeiramente inclinada e membros fortes e bem aprumados. 12

13 A cabra Repartida e de porte médio, com altura em torno de 80 cm e com peso adulto entre 36 Kg. A prolificidade média é de 1,20 e a mortalidade para animais até um ano é de 32,9%. O peso médio de animais com um ano de idade é de 15 Kg. Importância Econômica: Pouco produtora de leite, destaca-se na produção de carne e pele. Núcleos de Conservação: Sem Referencias. Caprino Marota Outros nomes: Curaca. Origem: Resultado do processo de Seleção Natural ocorrido entre ecótipos trazidos por colonizadores Portugueses. Provavelmente se originou da própria alpina branca. 13

14 Habitat: Nordeste Brasileiro, principalmente no trecho do rio São Francisco, entre o sertão da Bahia e o sertão de Pernambuco. População: Indeterminada. Classificação: Pouco ameaçada de Extinção. Características morfológicas: A cabra Marota e um animal de porte mediano, membros alongados e com tórax e abdome amplos. Sua pelagem e branca uniforme, com pele, mucosas e casco claros, apresentando pelos curtos, maiores nos machos e barba. Estes animais apresentam pigmentação (não obrigatória) na cauda e na face interna das orelhas, alem da ocorrência de pintas escuras nas orelhas. Alguns animais possuem pêlos ásperos Angorá. Os animais são de pequeno porte e leves, com os adultos pesando cerca de 36 Kg. Os estudos em indivíduos da raça Marota indicam variações de prolificidade de 1,30 a 1,53. Em animais inferiores a um ano de idade, a mortalidade alcança a média de 28,7%. Ao completar o primeiro ano de vida os animais atingem cerca de 16,8 Kg. A aptidão maior desses animais é para a produção de pele e carne. 14

15 Sua cabeça e grande e vigorosa; chifres divergentes, voltados para trás e para fora, grossos na base e afinado nas pontas, que são reviradas quase sempre para frente; pescoço delgado; tronco alongado; linha dorso lombar reta; garupa inclinada; membros fortes e aprumados. Importância Econômica: Produção de pele e carne, apresentando ainda grande vocação leiteira. Núcleos de Conservação: Embrapa Meio Norte, município de Castelo do Piauí, Teresina-PI. Caprino Graúna Fonte: Origem: Tipo naturalizado do nordeste brasileiro, provavelmente, descendente da raça Murciana, trazida da zona árida da região sul da Espanha. Também, conhecida por Preta Graúna ou Preta de Corda. Características: Apresenta pelagem preta, sem quaisquer outras nuanças. É rústica, com peso corporal entre 35 kg e 40 kg. 15

16 Aptidão: Mista e pele. O site trás informações sobre outros ecotipos e raças encontrados no Brasil. Bibliografia: ALDERSON, L., BODÓ, I. Genetic Conservation of Domestic Livestock. V. 2, CAB International, 1992, 282p. BARROS, A. C. Caprinos Nativos: Privilégio do Nordeste. Aracaju, SUDAP, CODEA, p. Caprinos: princípios básicos para sua exploração/ Luiz Pinto Medeiros...[et. al.]; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro de Pesquisa Agropecuária do Meio-Norte. - Teresina: EMBRAPA - CPAMN; Brasília: EMBRAPA - SPI, CASTRO, A. A cabra. 3. ed. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, p., il. da sociedade Brasileira de Zootecnia. Anais... Rio de Janeiro. p: DEVENDRA, C. & BURNS, M. Goat production in the tropics. Commonwealth Agricultural Bureaux, UK. 2nd ed p. EGITO, A. A., MARIANTE, A.S., ALBUQUERQUE, M.S.M Programa brasileiro de conservação de recursos genéticos animais. Arch. Zootec.,51: LIMA, P.J. de S Caracterização demográfica e estado de conservação dos rebanhos caprinos nativos no Estado da Paraíba. Dissertação (Mestrado). CCA/ UFPB. 62 p. MARIANTE, A. S. Conservação de Recursos Genéticos Animais no Brasil. In: 1º SIMPÓSIO NACIONAL DE MELHORAMENTO ANIMAL. Ribeirão Preto, S.P., 1996, Anais... p MASON, I.L. Sheep and goat production in the drought polygon of Northeast Brazil. Wourld Animal Review. v. 49, n. 34, p , MENEZES, Marcos Paulo Carrera et al. Caracterização genética de raças caprinas nativas brasileiras utilizando-se 27 marcadores microssatélites. R. Bras. Zootec. [online]. 2006, vol.35, n.4 [cited ], pp Available from: < ISSN doi: /S

17 OLIVEIRA, J. D. de et al. Structure and genetic relationships between Brazilian naturalized and exotic purebred goat domestic goat (Capra hircus) breeds based on microsatellites. Genet. Mol. Biol. [online]. 2007, vol.30, n.2 [cited ], pp Available from: < ISSN doi: /S PIMENTA-FILHO, E.C Importância da conservação de germoplasma de caprinos naturalizados no Brasil. In: 30ª Reunião Anual. RIBEIRO, M.N., M.A. GOMES-FILHO, J.V. DELGADO BERMEJO, E.C PIMENTA FILHO E F.F. CARVALHO Conservação de raças caprinas nativas do Brasil: histórico, situação atual e perspectivas. Imprensa Universitária. Recife: UFPE. 62 p. RIBEIRO, M.N., SILVA, J.V. DA, PIMENTA FILHO, E.C, SERENO, J.R.B. Caracterización fenotípica de la Raza Caprina Azul en el Nordeste Brasileño. FAO. Disponível em: SOUZA, W.H., PIMENTA FILHO, E.C. Estratégia para o Melhoramento de Caprinos no Brasil. In: SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA,. J.P. 1991, Anais... p VILLEGAS SILVA Estudo comparativo da cronometria dentária mestiços criados caprinos Cariri paraibano. Areia -PB : UFPB / CCA, pp. 24. VILLEGAS SILVA Caracterização caprinos naturalizados nos estados fenotípicos Paraíba e Rio Grande do Norte. Areia -PB : UFPB / CCA, pp