EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
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- Alexandra Sales Malheiro
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1 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 214
2 215 ENSINO FUNDAMENTAL NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Durante muitos anos as propostas de escolarização para pessoas jovens e adultas no Brasil vieram marcadas por uma concepção compensatória de educação que se restringia a possibilitar a recuperação do tempo perdido, sem considerar as condições sociais, culturais, intelectuais, econômicas e políticas em que se inseriam esses sujeitos. Assim, as políticas educacionais para esse público foram quase sempre sendo implementadas na forma de campanhas emergenciais e/ou aligeiradas. No entanto, ao longo dos últimos anos, os debates se intensificaram em torno da questão e a Educação de Jovens e Adultos (EJA) alcançou status de modalidade de ensino, ou seja, traz em si um modo próprio de ser pensada considerando as especificidades dos sujeitos a que ela se destina. Mais do que isso, a EJA hoje é uma modalidade que se inscreve na perspectiva do direito. O público da EJA constitui-se basicamente de pessoas jovens e adultas às quais foi negado o direito à educação na infância, seja pela falta de vagas ou pelas condições sócio-econômicas desfavoráveis a que vivem submetidas. Trata-se de pessoas que de uma forma ou de outra são marcadas pela exclusão e para as quais a EJA se constitui no resgate de uma dívida social. Logo, a educação de pessoas jovens e adultas, deve ser pensada como um processo educacional específico não apenas fundamentado na idade desses sujeitos, mas por características socioculturais que apontam à necessidade de uma proposta político pedagógica diferenciada daquela pensada para as crianças do ensino fundamental regular. Nesse sentido, a educação de pessoas jovens e adultas não deve ser pensada como um apêndice do ensino fundamental regular para crianças deve ser pensado como um modo específico, visando atender as necessidades de um público cujas especificidades não foram atendidas pelo Ensino Regular, nem pela suplência. Educar jovens e adultos é um desafio que temos que enfrentar para minimizar os efeitos
3 216 negativos que séculos de exploração impingiram às classes populares. Os avanços tecnológicos na informação precisam estar a serviço de todos. É necessário criar condições para que homens e mulheres desenvolvam suas competências para criar, intervir e dialogar com o diferente, assumir seu lugar no mundo, compreendendo e (re) significando a realidade. Para isso, é necessário um contínuo aprendizado por toda a vida. A escola é hoje uma das instituições mais poderosas na transmissão de normas e valores e na prescrição de comportamentos desejáveis, determinados pela organização aos indivíduos. Por isso, ela não pode perder de vista a função para qual foi criada, ou seja, organizar e desenvolver o processo ensino-aprendizagem segundo determinados interesses As escolas que atendem jovens e adultos por segmentos devem considerar as particularidades dessa clientela. Suas necessidades são mais imediatas. Logo, os papeis que lhe cabem não podem ser o mesmo da escola regular. A proposta deve trazer outras motivações. O aluno precisa ser envolvido, conquistado, seduzido para se sentir adaptado à escola. O espaço escolar deve ser algo mais que um ambiente alfabetizador, ele deve oferecer condições para que as relações sociais se desenvolvam. Os diferentes espaços são apropriados e (re)significados pelos alunos. Eles buscam identidade, precisam (re)ver sua auto imagem, querem criar laços que os encorajem a continuar a caminhada, temem o fracasso, precisam de ânimo. A perspectiva do encontro é o que, em geral, motiva a permanência destes alunos na escola. OBJETIVO GERAL DA EJA Assegurar com qualidade a oferta e a organização da Modalidade da EJA, adequando a sua oferta às legislações vigentes, buscando garantir a definição de um currículo próprio para os seus demandatários, com vistas a qualificar a oferta de escolaridade para os jovens e adultos.
4 217 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Assegurar a concretização do direito, prescrito constitucionalmente, de escolarização básica para todos, independentemente da faixa etária; Assegurar a oferta da Modalidade da EJA em qualquer turno que se faça necessário, desde que haja disponibilidade física, considerando especialmente os jovens e adultos que buscam escolarização; Considerar as especificidades da realidade social e pedagógica da educação de jovens e adultos; Garantir uma proposta curricular assentada nas dimensões formadoras da vida adulta; Assegurar a oferta da educação de pessoas jovens e adultas, considerando as disposições da Constituição Federal 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei Nº 9394/96, no que se refere a modalidade de EJA, garantindo a sua oferta como direito; Garantir a jovens e adultos o acesso à escolarização, da alfabetização até a conclusão do ensino fundamental, como forma de promoção da cidadania; Reduzir o analfabetismo promovendo melhorias na qualidade de vida dessa população; Garantir a efetividade e qualidade à inclusão de jovens e adultos na rede formal de ensino, com conteúdos específicos para cada segmento; Promover a ampliação da autonomia pessoal e redução da vulnerabilidade social a partir da leitura, escrita e aquisição de competências e habilidades. PERFIL DA CLIENTELA O município de Viana possui muitos bairros dormitórios, devido a sua localização na periferia da Região Metropolitana da Grande Vitória, famoso pela violência que marca o seu dia a dia, ligada principalmente a problemas de consumo e tráfico de drogas, roubos e assassinatos. Há maior parte da população pobre, carente e trabalhadora, geralmente migrada de outros Estados do Brasil o Nordeste principalmente, convivendo com o crime e a marginalidade e sem outra condição de moradia a não ser nos arrabaldes da cidade.
5 218 Residem em habitações de alvenaria com mínimo conforto, geralmente inacabadas. A estrutura urbana oferece água encanada em boa parte das casas, assim como eletricidade. Poucas, porém usufruem de esgotos públicos, calçamento e iluminação. A maioria dos terrenos e imóveis são frutos de loteamentos de fazendas, Conjuntos Habitacionais ou invasões, ou seja, foram reformados ou construídos de maneira irregular ou ilegal. Os bairros assim como a Sede do município possuem um bom comércio, feito de padarias, lojas de roupas, supermercados, lojas de varejo em geral, dentro do perfil de poder aquisitivo da população local. A falta de áreas de recreação e lazer aprofunda ainda mais a instabilidade social dos bairros, pois, aliada à falta de oportunidades de emprego, canaliza as energias dos jovens para a violência e a criminalidade. As Escolas Municipais: Constantino José Vieira, Dr. Tancredo de Almeida Neves, Adamastor Furtado, Dorival Brandão, Soteco, Alvimar Silva, Orestes Souto Novaes, Dr. Denizarth Santos, Padre Antunes Siqueira e Francisco de Assis Pereira já contam com o Programa de Ensino Fundamental Regular em Ciclos no turno noturno que procura atender à defasagem idade/série e a comunidade de jovens e adultos, característica muito presente entre os munícipes. A clientela a que se destina essa modalidade de ensino no município de Viana em nada se difere da realidade das outras escolas públicas da periferia do Espírito Santo: carente de modo geral, muitas vezes desnutrida, proveniente de lares desfeitos ou desestruturados pelo desemprego, alcoolismo e uso de drogas. A delinqüência entre os jovens é comum e a convivência diária com o crime banaliza a violência e a marginalidade. Esse contexto transforma os alunos em verdadeiros sobreviventes, para os quais o dia a dia se constitui em permanente batalha pela manutenção da vida e dos poucos bens materiais de que dispõem. Dentro desse quadro, estudar é para uns a única forma de escapar desse ambiente e, para outros, uma atividade de rotina desvinculada das finalidades que levam a direção, coordenação e docentes à tarefa diária de oferecerlhes as melhores condições possíveis de educação e inserção no ambiente social. O público da EJA constitui-se basicamente de pessoas jovens e adultas às quais foi negado o direito à educação na infância, seja pela falta de vagas ou pelas condições
6 219 sócio-econômicas desfavoráveis a que vivem submetidas. Trata-se de pessoas que de uma forma ou de outra são marcadas pela exclusão e para as quais a EJA se constitui no resgate de uma dívida social. Dessa forma, o ingresso na Modalidade da EJA na Rede Municipal de Ensino de Viana, se dará a partir dos quinze anos de idade, completos. Conforme prevê a Resolução 03/2010 em seu 5º Artigo: Obedecidos o disposto no artigo 4º, incisos I e VII, da Lei nº 9.394/96 (LDB) e a regra da prioridade para o atendimento da escolarização obrigatória, será considerada idade mínima para os cursos de EJA e para a realização de exames de conclusão de EJA do Ensino Fundamental a de 15 (quinze) anos completos. BASES LEGAIS A atual legislação da Educação de Jovens e Adultos (EJA) reconhece a necessidade de se considerar os alunos dessa Modalidade de Ensino enquanto sujeitos singulares, com experiências em diversos espaços sociais, culturais e religiosos. Portanto, possibilita organizar e flexibilizar tempos e espaços, tecendo uma proposta diferenciada e específica, de acordo com esse público que se constitui de jovens e adultos trabalhadores. A EJA, de acordo com a LDB nº 9.394/96, passando a ser uma modalidade da educação básica nas etapas do ensino fundamental e médio, usufrui de uma especificidade própria que, como tal deveria receber um tratamento consequente. (PARECER CNE/CEB Nº 11/2000, p. 02) Nesse sentido, a EJA foi reconhecida com direito titular na Constituição Federal de 1988 e na Declaração de Hamburgo de 1997 (da qual o Brasil é signatário). Portanto, a partir da Constituição Federal de 1988 a oferta da educação de pessoas jovens e adultas passa a ser obrigatória e a não oferta acarreta crime de responsabilidade, conforme disposto no artigo 208, inciso I, 1º e 2º. Art O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria; 1º - o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. 2º - o não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente. Após a promulgação da CF de 1988, a LDB nº 9.394/96, reconhece a importância da EJA ser regulamentada e organizada levando em consideração as especificidades dos
7 220 sujeitos que tiveram por algum motivo, a interrupção dos estudos ou o não acesso aos mesmos seja no ensino Fundamental ou Médio, garantindo a esses jovens e adultos oportunidades educacionais apropriadas levando em consideração seus saberes e suas experiências. No caput do Artigo 4º da LDB, que trata do Direito à Educação e do Dever de Educar, salientamos essa importância para a Educação de Jovens e Adultos: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola; A LDB nº 9.394/96 confere a EJA o status de modalidade da educação básica, nas etapas fundamental e média (PARECER CNE/CEB Nº 11/2000, p. 26). De acordo com o referido parecer o termo modalidade expressa uma forma própria de ser destinada a um contingente plural e heterogêneo de jovens e adultos (Idem, p. 27) exige que os sistemas de ensino assegurem a oferta adequada e especifica por meio de oportunidades educacionais apropriadas. Segundo o relator do Parecer das Diretrizes Curriculares Nacionais da EJA (CNE/CEB Nº 11/2000) esperava-se inicialmente que os pareceres que versam sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (CNE/CEB Nº 04/98) e sua respectiva Resolução (CNE/CEB Nº 02/98), bem como o Parecer CNE/CEB Nº 05/97 que regulamenta a LDB nº 9.394/96 dessem conta de viger sobre a Educação de Jovens e Adultos. No entanto, muitas foram às dúvidas que assolavam os muitos interessados no assunto sendo necessário uma apreciação com maior fôlego. É nessa perspectiva que é elaborado o Parecer CNE/CEB Nº 11/2000 e sua respectiva Resolução CNE/CEB Nº 01/2000 que se ocupam da elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA. Para elaborar uma proposta de implementação para a modalidade da EJA vários pressupostos legais precisam ser observados no que diz respeito à frequência, carga
8 221 horária e Diretrizes Curriculares. Para isso levamos em consideração todo o arcabouço legal que a LDB nos apontam seus Artigos: Da Educação de Jovens e Adultos: Art. 37º. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. 1º. Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. 2º. O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. Art. 38º. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular. 1º. Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos; II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos. 2º. Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames. Mas, segundo a Resolução nº 3, de 15 de junho de 2010, que institui Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos nos aspectos relativos à duração dos cursos e idade mínima para ingresso nos cursos de EJA; idade mínima e certificação nos exames de EJA; e Educação de Jovens e Adultos desenvolvida por meio da Educação a Distância. Em seu Art. 3º: A presente Resolução mantém os princípios, os objetivos e as Diretrizes formulados no Parecer CNE/CEB nº 11/2000, que estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos e, quanto à Resolução CNE/CEB nº 1/2000, amplia o alcance do disposto no artigo 7º para definir a idade mínima também para a frequência em cursos de EJA, bem como substitui o termo supletivo por EJA, no caput do artigo 8º, que determina idade mínima para o Ensino Médio em EJA, passando os mesmos a terem, respectivamente, a redação constante nos artigos 4º, 5º e 6º desta Resolução.
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