MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Transcrição

1 Inquérito Civil n / ATA DE REUNIÃO Aos 07 (sete) dias do mês de junho de 2016, por volta das 10h00min, na sede da Procuradoria da República no município de Feira de Santana, onde estava presente o Dr. MARCOS ANDRÉ CARNEIRO SILVA, Procurador da República, compareceram o Sr. José Gilberto Bastos Reis, Gerente Regional da Superintendência Regional Norte da Bahia, o Sr. Sergio Henrique Merlo Araújo, Gerente de Filial da GIHAB, o Sr. Pedro Américo de S. S. Lopes, Coordenador Municipal de Proteção e Defesa Civil, o Sr. Antônio José, Engenheiro Ambiental da Defesa Civil, o Sr. Cristovão Cesar Carneiro Cordeiro, representante da R. Carvalho Construção e Empreendimentos Ltda, bem como as Sras. Edmeire Ribeiro dos Santos, Rosemira Joca da Silva, Joelma de Jesus Silva, Belionice Matos da Silva, Maricelia Marques da Silva, Raulene Bastos Silva, Leidiana Cintra Aragão Almeida, Maria de Fátima dos Santos Santana, moradoras do Condomínio Residencial Videiras. Objetivo da reunião: Debater acerca dos problemas verificados nos imóveis do Residencial Videiras (blocos n. 08, 09 e 22), empreendimento construído em Feira de Santana/BA, no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida, pela empresa R. Carvalho Construção e Empreendimentos Ltda. Iniciada a reunião, foi dito pela Sra. Maria de Fátima dos Santos Santana, moradora do apartamento 102, bloco 08: que no encontro ocorrido no ano d e 2015 ficou decidido que seria feito o estudo do solo dos blocos 23 e 07 e após o que ela reside (bloco 08), todavia com o tempo não foi realizado em seu bloco; que o engenheiro da R Carvalho de nome Diego vez uma visita, todavia nada foi resolvido; que o seu apartamento apresentou, há três meses, uma rachadura no vidro da janela de sua sala; que o teto do banheiro também apresenta rachaduras; que os moradores reclamavam de estalos e nos últimos tempos ela passou a escutá-los também; que o térreo, 1

2 apartamento 01, também apresenta rachaduras, já alcançando o piso da área comum do edifício; que também são comuns episódios de infiltração nos imóveis de seu bloco; que se queixa de várias infiltrações e acredita que todos os problemas estão relacionados ao soo onde foi edificado o empreendimento; que ratifica que a R Carvalho já providenciou várias vezes a solução dos problemas relatados, mas que eles sempre voltam; A Sra. Raulene Bastos Silva, moradora do apartamento 101, bloco 08, afirmou: que seu apartamento não apresentava defeitos, porem nos últimos tempos seu piso passou a ficar fofo; que se uma pessoa de baixo peso chegar a pular, o piso quebra; que a sua cozinha apresenta rachaduras na parede; que o banheiro também apresenta rachaduras na parte de gesso; que se o seu vizinho ligar o som automotivo, as janelas vibram, sendo necessário deixá-las abertas. A Sra. Neiva Maria de Miranda, moradora do apartamento 404, bloco 08, afirmou: que a sua sala, no teto, apresenta uma rachadura, a qual começou há cerca de 02 anos; que os vidros da janela, tanto da sala quanto do quarto, também apresentam fissuras; que é comum ouvir estalos fortes; que o bater de uma porta treme todo o seu imóvel. A Sra. Carmen Silva Alves Ribeiro, moradora do apartamento 104, bloco 08 afirmou que: as paredes de seu imóvel estão descendo; que o teto do banheiro está furado, repleto de rachaduras. A Sra. Maricelia Marques da Silva, moradora do apartamento 403, bloco 09, afirmou: que o seu apartamento apresenta estalos; que a porta da frente apresenta infiltração, e a água escorre do teto até a entrada da sua casa; que há um escoamento de água à frente e ao fundo do empreendimento. A Sra. Leidiana Cintra Aragão Almeida, moradora do apartamento 202, bloco 09, afirmou: que a escada do primeiro andar do bloco 09 apresenta rachaduras; que precisou trocar a sua janela de vidro, devido a rachaduras; que o bloco apresenta rachadura na área externa; que a R 2

3 Carvalho chegou a avaliar a rachadura, mas apenas tampou às infiltrações; que existe uma corrente de água que passa na frente e fundo do bloco; que o que chama a atenção é que a água aparenta ser limpa e com grande intensidade; que o barulho é tanto que se assemelha ao de chuva A Sra. Maria Augusta da Silva Nunes, apartamento 101, bloco 22, afirmou: que ratificou a existência de estalos; que o seu imóvel apresenta fissuras que se iniciam na sala e terminam no quarto; que seu imóvel apresenta mofo no banheiro e na cozinha; que o bloco apresenta fissuras na área externa que vem do térreo até o quarto andar; que as vidraças das janelas vêm quebrando. A Sra. Edimeire Ribeiro dos Santos, apartamento 003, bloco 22, afirmou: ratifica que seu imóvel apresenta os mesmos problemas; que seu imóvel apresenta rachaduras intensas, no pé da parede, no lado de dentro e fora, no mesmo lugar; que escuta muitos estalos; que não são apenas fissuras no reboco, mas rachaduras profundas, que já atingem o bloco/tijolo Por parte da Defesa Civil foi dito: que foram realizadas duas visitas ao Residencial Videiras; que a primeira visita realizada no dia 12/04/2016 e a segunda no dia 06/06/2016; que os relatórios finais ainda não foram concluídos; que após as visitas, observou-se que a estrutura do edifício é pré-moldada, não sendo engastadas nas vigas, e, tendo em vista a dilatação ou vibração do concreto, essas rachaduras podem ocorrer, entretanto, à primeira vista, isso não gera problemas nas estruturas dos blocos, pois as vigas permanecem conservadas. Quanto ao mofo, a Defesa Civil destacou que a região da Mangabeira precisa de um estudo aprofundado, não apenas no Residencial Videiras, pois existem locais em toda a área com vibrações no solo devido à baixa profundidade do lençol freático; salientou a necessidade de um estudo maior que deve envolver toda a região, possivelmente coordenado pelo INEMA, que é o orgão detém profissionais técnicos para isso, tendo em vista a existência de diversos casos na região da Mangabeira em que a profundidade do lençol freático chega a alcançar 1,5m (um metro e meio) em alguns pontos; que esse não é apenas um problema do Videiras, atingindo outros imóveis, inclusive particulares, no Bairro Mangabeira; que exemplifica, ainda, com a conhecida questão da nascente descoberta durante as obras da construção 3

4 da Avenida Ayrton Senna; que individualmente os técnicos que realizaram as visitas recomendaram a utilização de material para impermeabilizar as paredes; que quanto ao solo, considerando ser uma região muito úmida, a análise se o solo está ou não cedendo não foi realizada pela falta de profissionais na Defesa Civil capacitados para tanto, mas pode e gostaria de examinar esse estudo caso venha a ser feito pela construtora; salienta, mais uma vez, que esse estudo de solo não é urgente porque não há riscos à estrutura do empreendimento e pode ser feito concomitante às obras; destaca a necessidade da realização desses estudo, tendo em vista as intervenções realizadas nos blocos 07 e 23; ressalta que não risco de desabamento dos edifícios; que as fissuras apresentadas são, em geral, normais; que não são permitidos furos e instalação de grades nas paredes, porem alguns imóveis não obedeceram tal regra; ratifica a necessidade de realização de um estudo aprofundado do solo da região. Por parte da R. Carvalho Construção e Empreendimentos Ltda. foi dito: QUE no TAC realizado para solucionar os problemas nos blocos 07 e 23, ficou consignado o compromisso de que após a finalização dos reparos dos citados blocos, seria realizada uma nova avalização, por engenheiro contratado, dos demais blocos; que ocorreu um contratempo com a Professora Maria do Socorro que, por questões pessoais, pediu para ser substituída; que a R Carvalho teve dificuldades em contratar uma nova pessoa que pudesse realizar os trabalhos, mas que nesse meio tempo a Professora Maria do Socorro salientou que existe a previsão que no dia 28 de junho estaria disponível; que nessa data ficou acordada a realização de uma primeira vistoria para o inicio dos estudos de solo (investigação geotécnica); que a R Carvalho tem realizado o monitoramento constante das fissuras externas do empreendimento e encaminhado relatórios quinzenais para a CEF; que, como exemplo, apresenta o último relatório elaborado na data de ontem (06/06/2016). Destaca que todas as paredes dos imóveis do empreendimento possuem funções estruturais, tendo em vista que não foram projetadas vigas, mas apenas vigas de cintamento; que a laje é móvel e provavelmente a argamassa já esgotou sua vida útil; que as fissuras apresentadas pelo apartamento 003, bloco 22, provavelmente possuem origem em problemas na fundação, mas são necessários estudos mais aprofundados; que acredita que os estalos estejam relacionados à movimentação da laje (que é móvel) no revestimento. Afirma que a alvenaria estrutural não estala, tendo em vista que a 4

5 estrutura é distribuída por toda a parede, daí porque é comum aparecerem as fissuras nos apartamentos do teto para baixo; que é mais comum ainda no último andar (quarto andar), tendo em vista estar em contato direto com a laje móvel. Com relação ao mofo, salienta que o empreendimento foi construído com a autorização do INEMA, não existindo uma solução definitiva, apenas métodos paliativos, mas que é possível que o nível do lençol freático tenha baixado após as obras de drenagem realizadas no empreendimento (blocos 07 e 23), o que será confirmado com o estudo do solo. Já quanto às rachaduras nos vidros, que não soube apresentar maiores informações, mas que investigará as causas em estudo. Pela Caixa Econômica Federal foi dito que a empresa vem acompanhando as reclamações e monitorando os trabalhos da R Carvalho no empreendimento Residencial Videiras. Por fim, solicitou a juntada do ofício 061/2016. Nada mais havendo, foi encerrada a reunião. MARCOS ANDRÉ CARNEIRO SILVA JOSÉ GILBERTO BASTOS REIS Procurador da República Gerente Regional da Superint. Reg. Norte da Bahia SÉRGIO HENRIQUE MERLO ARAUJO Gerente de Filial da GIHAB PEDRO AMÉRICO DE S. S. LOPES Coordenador Municipal de Proteção e Defesa Civil ANTONIO JOSÉ CRISTÓVÃO CESAR CARNEIRO CORDEIRO Engenheiro Ambiental da Defesa Civil Representante da R. Carvalho 5