IV - APELACAO CIVEL

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1 Nº CNJ : RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL REIS FRIEDE APELANTE : SINDICATO NACIONAL DAS EMPRESAS DE MEDICINA DE GRUPO - SINAMGE E OUTRO ADVOGADO : DAGOBERTO JOSE STEINMEYER LIMA (SP017513) E OUTROS APELADO : AGENCIA NACIONAL DE SAUDE SUPLEMENTAR - ANS PROCURADOR : CHRISTIAN MATTOS BARROSO ORIGEM : DÉCIMA SEXTA VARA FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ( ) DECISÃO Trata-se de Apelação Cível, interposta pela Parte Autora, contra a Sentença de fls. 743/749, que julgou improcedente a pretensão por ela deduzida, bem como Agravo Retido contra Decisão que indeferiu a antecipação de tutela requerida. Pretendeu a Parte Autora, em síntese, que se impeça a ANS de divulgar os resultados das avaliações por ela efetivadas no chamado Programa de Qualificação da Saúde Suplementar. Assevera, para tanto, que tais avaliações são unilaterais, possuindo caráter subjetivo. Pretende demonstrar, ainda, que tal avaliação atenta contra os princípios constitucionais da legalidade, da livre iniciativa e da livre concorrência. Contra a Sentença de improcedência, opôs o competente recurso de Apelação, às fls. 752/777, onde pugna pela reforma do Decisum vergastado. Contrarrazões às fls. 784/804. 1

2 O MPF opina, às fls. 810/818, pela manutenção da Sentença recorrida. É o relatório. Inicialmente, cumpre destacar que se a matéria suscitada no Agravo Retido também o foi na Apelação, não há utilidade na apreciação do Agravo, que, em vista disso, não deve ser conhecido. Da detida análise dos autos, pode-se verificar que a ANS, na qualidade de agência reguladora, implementou, através da edição da RN 139/2006, um programa intitulado Qualificação da Saúde Suplementar no qual é apurado o Índice de Desempenho da Saúde Suplementar das operadoras de planos de saúde. A Lei n.º 9.961/2000, que crisou a ANS, determina que a referida Autarquia terá por escopo a promoção da defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regulando as operadoras setoriais. referida Lei: Neste sentido, vale destacar os seguintes dispositivos da Art. 1o É criada a Agência Nacional de Saúde Suplementar ANS, autarquia sob o regime especial, vinculada ao Ministério da Saúde, com sede e foro na cidade do Rio de Janeiro - RJ, prazo de duração indeterminado e atuação em todo o território nacional, como órgão de regulação, normatização, controle e fiscalização das atividades que garantam a assistência suplementar à saúde. Art. 3o A ANS terá por finalidade institucional promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regulando as operadoras setoriais, inclusive quanto 2

3 às suas relações com prestadores e consumidores, contribuindo para o desenvolvimento das ações de saúde no País. Art. 4o Compete à ANS: V - estabelecer parâmetros e indicadores de qualidade e de cobertura em assistência à saúde para os serviços próprios e de terceiros oferecidos pelas operadoras; VII - estabelecer normas relativas à adoção e utilização, pelas operadoras de planos de assistência à saúde, de mecanismos de regulação do uso dos serviços de saúde; XV - estabelecer critérios de aferição e controle da qualidade dos serviços oferecidos pelas operadoras de planos privados de assistência à saúde, sejam eles próprios, referenciados, contratados ou conveniados; XXIV - exercer o controle e a avaliação dos aspectos concernentes à garantia de acesso, manutenção e qualidade dos serviços prestados, direta ou indiretamente, pelas operadoras de planos privados de assistência à saúde; XXV - avaliar a capacidade técnico-operacional das operadoras de planos privados de assistência à saúde para garantir a compatibilidade da cobertura oferecida com os recursos disponíveis na área geográfica de abrangência; XXVIII - avaliar os mecanismos de regulação utilizados pelas operadoras de planos privados de assistência à saúde; 3

4 XXXII - adotar as medidas necessárias para estimular a competição no setor de planos privados de assistência à saúde; XXXVII - zelar pela qualidade dos serviços de assistência à saúde no âmbito da assistência à saúde suplementar; Pode-se verificar, assim, que a criação do Programa vergastado decorre do poder fiscalizatório da agência reguladora Ré, inexistindo qualquer vício capaz de tisna-lo de inconstitucional ou ilegal. Ademais, como bem frisou a douta Procuradoria Regional da República, deve-se rechaçar a alegação de subjetividade nas notas atribuídas pela ANS, uma vez que o Programa estabelece cada indicador que será considerado para fins de cálculo dos Índices de Desempenho, além do prévio conhecimento das operadoras de todos os dados que embasarão os tais indicadores, porquanto contidos nos Sistemas Oficiais da própria ANS e do Ministério da Saúde, para os quais é franqueado acesso às operadoras. Vale consignar, ainda, que, primeiramente, o resultado é disponibilizado apenas para as operadoras, sendo às mesmas oportunizado o oferecimento de impugnações. Desta maneira, eventual equívoco na pontuações atribuída poderá ser acertado na própria esfera administrativa, antes mesmo da divulgação dos resultados ao público. tribunais: Outrossim, tal questão, registre-se, não é nova em nossos Processual Civil e Administrativo. Pedido de sustação da divulgação dos resultados do Programa de Qualificação da Saúde Suplementar. Documentos que não infirmam a validade e eficiência dos critérios fixados pela agência reguladora. Prevalência do interesse público no controle dos serviços públicos privatizados. 4

5 Agravo improvido. (AG AG - Agravo de Instrumento Relator(a) Desembargador Federal Lazaro Guimarães Sigla do órgão TRF5 Órgão julgador Quarta Turma Fonte DJ - Data::08/11/ Página::574 - Nº::214) Diante do exposto, na forma do art. 557 do CPC, não conheço do Agravo Retido e nego provimento ao Apelo da Parte Autora. Publique-se. Intimem-se. Rio de Janeiro, de de Reis Friede Relator 5