V ENCONTRO NACIONAL DAS LICENCIATURAS IV SEMINÁRIO NACIONAL DO PIBID

Transcrição

1 V ENCONTRO NACIONAL DAS LICENCIATURAS IV SEMINÁRIO NACIONAL DO PIBID UM PLANO PARA CUIDAR DO PLANETA: A LINGUAGEM FÍLMICA E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL João Gabriel Macena dos Santos¹; Pâmela Beatriz Ferrari¹; Joseana Stecca Ferezim Knapp² 1 Acadêmicos de Ciências Biológicas da Universidade Federal da Grande Dourados -UFGD, Bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID; ² Professora orientadora UFGD - Rodovia Dourados/Itaum, KM 12 Caixa Postal 533, , Dourados-MS, Brasil Resumo: O presente trabalho descreve e reflete uma intervenção realizada nas turmas do 7 e 8 ano de uma escola estadual da cidade de Dourados, MS, em maio de O filme é utilizado como uma alternativa didática de ensino visando à discussão sobre meio ambiente. O uso de recursos fílmicos como uma atividade que aproxima o conhecimento científico do cotidiano dos alunos e sendo usado de forma contextualizada e refletida vem ganhando espaço e rompendo um estereótipo sobre seu uso. Nessa intervenção os acadêmicos do curso de Ciências Biológicas da UFGD e bolsistas do PIBID utilizaram o filme Turma da Mônica: Um plano para salvar o planeta com o objetivo de discutir a problemática ambiental frente as seguintes questões: A) reciclagem, reutilização e redução de resíduos; B) cuidados e preservação do meio ambiente; C) Ações possíveis para a preservação. Após a apresentação do filme aos alunos e discussões pertinentes sobre o enredo apresentado os alunos comentaram suas impressões e quais ações podem ser feitas para que o Plano realmente salve o planeta. Algumas perguntas sobre a temática foram apresentadas em uma dinâmica coletiva realizada dentro da sala de aula denominada Batata quente do Meio Ambiente. Nesta atividade algumas situações corriqueiras foram apresentadas aos alunos que deveriam responder qual ação fariam a partir de cada questão, também foram privilegiadas perguntas que proporcionaram aos acadêmicos perceberem quais concepções sobre a preservação ambiental que os alunos possuíam. Após a atividade os alunos realizaram um relato com considerações a respeito da intervenção e o que ela tinha significado para eles. Em posse desses relatos foi possível perceber que os alunos compreenderam a atividade e destacaram alguns aspectos importantes para a preservação e conservação do meio ambiente, mostraram-se também como sujeitos responsáveis para que essa preservação se efetive. Palavras chave: Filme, Ensino Fundamental, Meio Ambiente. INTRODUÇÃO A atual situação ambiental do planeta é preocupante e vem agravando-se em todos os aspectos, comprometendo as condições de vida dos seres vivos, em geral. Embora essa situação remonte à antiguidade, a partir de 1960 é que essa temática emergiu com uma série de movimentos e mobilizações sociais, que hoje servem como base para o desenvolvimento e prática da educação ambiental (PADZA et al, 2009).

2 A prática da Educação Ambiental (E.A.) por si só, não resolverá os complexos problemas ambientais planetários, mas pode influir decididamente na formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres de cidadania ambiental e para que sejam capazes de buscarem alternativas de solução para os problemas sócio-ambientais (REIGOTA, 2006). Hoje em dia o acúmulo do lixo nas cidades é um dos grandes problemas ambientais. O desemprego, o inchaço das cidades, a má distribuição de riquezas e o êxodo rural contribuem, direta ou indiretamente para a poluição ambiental. Os altos custos de implementação e manutenção dos sistemas de coleta e tratamento dos resíduos têm levado muitas vezes um mal desempenho das ações governamentais em tentar resolver essa questão. A escola, por ser difusora de conhecimentos e formadora de opiniões, deve abordar e apresentar meios simples e práticos para enfrentar o problema do lixo através do desenvolvimento de atividades que propiciem reflexões, participação e, acima de tudo, comprometimento pessoal e mudanças de atitudes para com a proteção da natureza (ALENCAR, 2005). A palavra lixo, derivada do termo latim lix, significa cinza. Pode-se considerar lixo todos os tipos de resíduos sólidos resultantes das atividades humanas ou do material considerado imprestável ou irrecuperável pelo usuário, seja papel, papelão, restos de alimentos, vidros, embalagens plásticas. (OLIVEIRA; CARVALHO, 2004). O lixo, também chamado de rejeito, passa por um processo de exclusão: ele é posto fora de casa e deve cumprir ritos de passagem, respeitando regras próprias. Assim, não pode ser deixado em qualquer lugar. Deve ser acondicionado em sacos e latas de lixo, havendo horários estabelecidos para o seu recolhimento (FELIX, 2007). O lixo sempre é gerado, e isso há muito tempo vem acontecendo. Nos primórdios, era constituído de restos de alimentos, ossos, cinzas, metais, papéis e outros materiais que a natureza podia assimilar facilmente. O desenvolvimento produziu novos materiais, como couro, panos, plástico, cujo destino final são os aterros na periferia das cidades. Outros resíduos, quando lançados ao mar e nos rios, contribuem para poluí-los, provocando a destruição do ambiente e das reservas de alimentos (ALENCAR, 2005). A produção desse lixo aumenta assustadoramente em todo planeta. Cada habitante típico de uma cidade produz cerca de 1 Kg de lixo por dia. Os seres humanos, colocando o lixo para recolhimento pelo lixeiro ou jogando-o em terrenos baldios, resolvem seu problema individual, não se dando conta de que as áreas de depósitos de

3 lixo das cidades estão cada vez mais escassas e que o lixo jogado nos terrenos baldios favorece o desenvolvimento de vetores transmissores de doenças (ALENCAR, 2005). Atualmente a maioria das pessoas estão acomodadas em simplesmente jogar seu lixo em qualquer lugar como bem entende. Essa prática precisa ser trabalhada, pois grande parte da população desconhece o destino do lixo que produz e não tem consciência da importância da redução e reaproveitamento de materiais. Uma forma de se trabalhar a Educação Ambiental é com os alunos nas escolas, que poderão passar para seus pais e assim continuar perpetuando essa educação, gerando assim uma corrente. Como a escola é um local de formação de cidadãos, pode-se trabalhar a concepção que o aluno tem sobre o lixo, mostrando-lhe as consequências que a má gestão do lixo pode trazer e os benefícios da reutilização e da reciclagem. Assim podemos despertar a consciência ambiental desse aluno, que através de atitudes gera elos de exemplos a ser seguido. A grande questão é que, nas escolas o modelo tradicional de ensino é uma problemática que precisa ser discutida. Muitas vezes o problema do lixo discutido no modelo tradicional acaba não sendo aproveitado pelos alunos, que alegam não ser muito significativo, pois os estudantes são sujeitos que pensam, e no modelo tradicional essa questão é deixada de lado, assim, como trata Saviani (1988) o modelo tradicional educa alunos acríticos, submissos a um sistema. Libâneo (1998) alega que a escola no modelo tradicional forma alunos que consigam assumir seu lugar na sociedade, ou seja, já existe um lugar onde o mesmo deve se enquadrar, não existindo possibilidade de troca de papéis e lugares na sociedade. Nesse sentido, se um aluno tem a percepção ambiental ele não pode manifestar sua opinião e difundir suas ideias. Por essa razão, novos métodos de ensino vêm sido discutido cada vez mais. Muitas propostas pedagógicas têm sido trabalhadas e a questão da tecnologia está ganhando espaço nas escolas aos poucos. O recurso do filme ainda não é bem visto pelos professores. Muitos alegam que é apenas um recurso lúdico ou utilizam a ferramenta de forma equivocada, alimentando a visão de que o filme é apenas um passatempo. O filme permite uma exploração profunda devido à sua dimensão não linear. Através da multimídia tem-se uma nova estruturação de como apresentar, demonstrar e estruturar a informação apreendida. O filme mediante texto, imagem e som interrompe a relação autor/leitor que é claramente definida num livro, passa para um nível mais

4 elevado, reconfigurando a maneira de como é tratada esta relação. A interatividade proporcionada pelos aplicativos multimídia pode auxiliar tanto na tarefa de ensinar quanto na de aprender (SERAFIM&SOUSA, 2011). METODOLOGIA A escola já tinha um projeto sobre meio ambiente e o grupo PIBID/Bio entrou em parceria. A proposta da atividade foi planejada e discutida pelos acadêmicos juntamente com a coordenadora e supervisora do PIBID. Em uma reunião decidiu-se o tema e a dinâmica da intervenção. Um dos acadêmicos do grupo PIBID/Bio escolheu o filme A turma da Mônica: Um plano para salvar o planeta e passou para os demais do grupo para assistirem antes da atividade. Foram elaboradas questões sobre o filme e sobre meio ambiente e os impactos ambientais. A intervenção ocorreu em uma escola estadual do município de Dourados, Mato Grosso do Sul, com as turmas do 7 ano e 8 ano do Ensino Fundamental, em maio de Além do filme, foi realizada uma dinâmica com os alunos, baseada na brincadeira batata quente. Os alunos sentaram-se em círculo. Enquanto tocava uma música, uma caixinha com as perguntas elaboradas ia passando de aluno para aluno até a música parar. Quando a música parava, o aluno que ficou com a caixa tirava uma pergunta. Além das perguntas havia dentro da caixa outros fatores para fluir a dinâmica, como elimine alguém e passe a vez. Dessa forma a dinâmica não se limitava a um ciclo. Conforme os alunos respondiam as questões, os acadêmicos mediavam uma breve discussão a respeito do problema, a fim de internalizar o conteúdo passado pelo filme. Após a dinâmica os alunos realizaram uma breve redação com algumas considerações sobre a atividade e seu entendimento sobre as problemáticas discutidas. DISCUTINDO SOBRE A ATIVIDADE A atividade contou com o envolvimento da maioria das turmas. Teve alguns alunos que não quiseram participar e apenas observaram. Muitos se mostraram empolgados com a dinâmica e ajudavam os colegas que não sabiam responder as perguntas. Porém alguns que participaram não queriam responder as perguntas e ao analisar percebemos que estes tinham medo de responder errado ou realmente não sabia discutir o problema.

5 A intervenção começou com o 7 ano. A turma era razoavelmente grande. A maioria dos alunos dessa turma participaram. Durante o filme notamos que as meninas sentaram-se na frente e os meninos ao fundo. Todos que estavam na frente participaram da dinâmica e alguns do fundo não. Grande parte da classe prestou atenção no filme, com exceção de alguns alunos que estavam sentados no fundo, que persistiam em conversar com os colegas. Isso remonta a ideia de que se sentando no fundo o aluno fica imperceptível para o professor, que por sua vez dá mais atenção aos alunos que ficam na frente. Através de nossas experiências em sala de aula, notamos que essa situação é comum ocorrer nas escolas e isso precisa ser trabalhado, de forma que todos possam ser atendidos. Após o filme iniciamos a dinâmica. Muitos alunos se dispuseram em ajudar a organizar, porém uma minoria não demonstrou interesse. A dinâmica possibilitou a interação aluno e professor, e aluno/aluno, uma vez que os colegas ajudam aqueles que não sabiam responder. Essa interação foi importante, pois segundo Vygotsky (2001) o aluno é um ser pensante capaz de vincular sua ação à apresentação de mundo que constituiu sua cultura, sendo a escola um espaço e um tempo onde esse processo é vivenciado, no qual o processo de ensino-aprendizagem envolve diretamente a interação entre sujeitos, isto é, professor-alunos e alunos-alunos. O teórico alega ainda que a aprendizagem se da por meio de confronto entre os conceitos cotidianos dos alunos com os conceitos científicos abordados pelo professor. Assim, o professor por meio do diálogo possibilita aos alunos a internalização dos conceitos a serem compreendidos. Com a segunda turma, o 8 ano não foi muito diferente, mas como eram estudantes com um pouco mais de idade em relação à turma anterior, as respostas eram mais elaboradas e as ideias eram mais claras. Um ponto que nos chamou a atenção foi que muito alunos não compreendiam o termo resíduo sólido. Por outro lado, teve alunos que sabiam até dos lixos eletrônicos, que deveriam ser separados dos demais, fato que não esperávamos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante de muitos problemas que a matéria que não utilizamos o chamado lixo, vem causando ao nosso planeta, como a poluição de nossos rios e vários outros tipos de problemas, essas consequências acabam atingindo a todos. Por isso que, procurar algo que seja sustentável hoje em dia tem tanto valor. Nossa prática teve o enfoque nesse tema, na reutilização do nosso lixo, procuramos algo em que eles estivessem

6 vivenciando, então usamos o filme; Um plano para salvar o planeta da turma da Mônica, um filme que retrata bem as consequências do não reaproveitamento de resíduos. A intervenção realizada nas turmas procurou deixar aos alunos uma impressão que pequenos atos que costumamos ter podem ser mudados para benefícios da natureza e para nós. O comportamento dos alunos foi correspondente ao que esperávamos, apesar da dificuldade em prender sua atenção, muitos interagiram com o apresso do tema, conseguiram expressar o que o filme demonstrou. Em relação às questões discutidas, o filme possibilitou aos alunos a importância dos 3 R, reciclagem, reutilização e redução. Analisando a redação dos alunos notamos que grande parte sabia que era necessário fazer-se uma boa gestão do lixo, porém os estudantes alegavam que desconhecia várias das consequências apresentadas nos filmes e até alguns métodos de preservação da natureza. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALENCAR, Mariléia Muniz Mendes. Reciclagem de lixo numa escola pública do município de salvador. Cadobá Revista Virtual, vol. 1, n. 2, p , jul dez FELIX, Roseli Aparecida Zanon. Coleta Seletiva em ambiente escolar. Revista Eletrônica de Mestrado em Educação Ambiental, vol. 18, p.56-70, jan - jun LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos. 15. ed. São Paulo: Loyola/SP, p. MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente: saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, OLIVEIRA, M. V. de C; CARVALHO, A. de R. Princípios básicos do saneamento do meio. 4. ed. São Paulo: Senac, PADZA, Ana Karla et. al. Jogo didático no processo da Educação Ambiental: auxílio pedagógico para professores. I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense, 2006.

7 SAVIANI, D. Escola e Democracia. 20. ed. São Paulo: Cortez, Autores Asociados, SERAFIM, M. L.; SOUSA, R. P. Multimídia na Educação: o vídeo digital integrado ao contexto escolar. Campina Grande: EDUEPB, SILVA, M. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quartet, VYGOTSKY, LEV S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, ANEXOS Figura 1 Alunos durante a dinâmica (7 ano)

8 Figura 2 Alunos durante a dinâmica e mediação do professor Figura 3 Alunos durante o filme

9 Figura 4 Alunos durante a dinâmica (8 ano)