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1 Livro+Tarrafal+-+V%C3%A1rios+Autores.rtf

2 Título: TARRAFAL-Testemunhos Autor: Vários Capa: Gil Teixeira Lopes Arranjo gráfico: Jorge Simões Revisão tipográfica: João Loureiro Editorial Caminho, SARL, Lisboa, 1978 Composição e impressão: Antunes & Amilcar, Lds. Tiragem: 4500 exemplares Acabou de se imprimir: Em Fevereiro de 1978 Trabalho colectivo de sobreviventes coordenado por Franco de Sousa. Aníbal Bizarro António Dinis Cabaço António Gonçalves Coimbra Armando Martins de Carvalho Armindo Amaral Guimarães Augusto Costa Valdez Francisco Miguel Henrique Ochsemberg João Faria Borda João Rodrigues João da Silva Campelo Joaquim Amaro Joaquim Gomes Casquinha Joaquim Ribeiro José Barata Júnior José Gilberto Florindo de Oliveira José Neves Amado José Santos Viegas Josué Martins Romão Manuel Baptista dos Reis Manuel da Graça Miguel Wager Russell Oliver Branco Bártolo Reinaldo de Castro

3 PREFÁCIO Sobre o Campo de Concentração do Tarrafal, que o fascismo criou e manteve durante 19 anos, já se tem dito e escrito alguma coisa, mas nunca se dirá nem escreverá tudo o que sobre tão sinistra prisão haverá para dizer. Alguns livros já existem de pessoas que viveram no Tarrafal, mais ou menos anos. Outros livros pessoais poderão ainda ser escritos sem que contudo essa dura e criminosa realidade fique suficientemente descrita. Tão grande foi o crime da sua existência. Tantas foram as violências lá praticadas. Foi tendo em conta esta realidade e atendendo à necessidade, politica e pedagógica, de mostrar a todos os portugueses, de todas as idades, o que foi o Campo de Concentração do Tarrafal, que um grupo de comunistas sobreviventes desse Campo da Morte Lenta - alguns que foram dos primeiros a lá chegar e lá passaram mais de 17 anos seguidos; outros que, indo lá pela segunda vez, foram os últimos a sair, em empreenderam a elaboração deste livro. Com excepção do camarada Franco de Sousa, que foi o coordenador dos trabalhos parcelares apresentados, escritos ou gravados, os colaboradores do livro não são escritores e nada mais quiseram fazer que mostrar, com fidelidade, como foi e o que foi o Tarrafal, como lá trabalharam e sofreram, como lá viram morrer 9 muitos dos seus camaradas e companheiros de prisão. Este livro não é um produto da nossa imaginação, nada tem de inventado, nada tem de ficção. E a verdade do que nós vivemos, é o Tarrafal descrito por vários daqueles mesmos que o fascismo para lá mandou para morrerem, como muitas vezes os próprios directores e seus subordinados se compraziam em nos dizer. Temos a consciência de que este livro, apesar de colectivo, não dirá tudo o que foi o Tarrafal nos seus muitos aspectos. Mas estamos certos de que tudo o que dizemos é verdadeiro e indiscutivel. É este, pensamos nós, um dos méritos deste trabalho que entendemos ser nossa obrigação realizar. Protagonistas da tragédia que foi o Tarrafal, não foi a situação pessoal de cada um de nós o que nos preocupou; o que tivemos em vista foi dar a conhecer a situação dificil que todos vivemos; e a que muitos não resistiram. O Campo de Concentração do Tarrafal, como ao longo deste livro fica dito e demonstrado, foi criado pelo governo fascista de Salazar para suprimir fisicamente os antifascistas mais combativos e para, ao mesmo tempo, atemorizar todos os que, ansiosos de liberdade, combatiam a tirania salazarista. O Tarrafál não foi nunca, e também não o deverá ser agora, um assunto que só dissesse respeito aos que por lá passaram. Muito pelo contrário, é necessário ver o Tarrafal como ele realmente foi, em todas as suas facetas e como uma parte da grande prisão que era Portugal dominado pelo fascismo. Sem essa apreçiação correcta do que foi o Tarrafal não poderíamos compreender toda a enorme responsabilidade dos governantes que o criaram e o mantiveram durante 19 anos ( ). As gerações de hoje e as futuras devem saber que o Tarrafal existiu e porque existiu, qual foi 10 a sua história e o seu verdadeiro significado. Devem saber que na nossa história, como país e como povo, houve uma noite que durou cerca de meio século e que no centro dessa longa noite se situa essa mancha ainda mais negra, que foi o Campo de Concentração do Tarrafal. O conhecimento dessa verdade que lamentamos e sofremos, é necessário para nos couraçar contra as manobras criminosas dos que pretendem fazer-nos voltar ao passado, a esses tempos em que o Tarrafal existiu. Foi um mal termos vivido tempos tão negros e suportado na carne tantos crimes. Mas temos razões para estarmos orgulhosos de nem a existência do Tarrafal e

4 muitos outros crimes terem sido suficientes para parar a nossa luta pela liberdade. O Tarrafal foi a morte para muitos antifascistas, mas o objectivo que o fascismo tinha em vista com a criação do Tarrafal não foi atingido. A nossa luta não parou. A vitória coube aos antifascistas portugueses que não pararam na sua acção. Mesmo nos períodos mais difíceis, mesmo praticando as maiores violências, mesmo quando cada um de nós admitia como provável não voltar mais a Portugal e ficar lá sepultado, mesmo assim, a imensa maioria dos presos do Tarrafal, manifestando uma elevada consciência política e revolucionária, nunca cedeu à vontade dos carcereiros fascistas e sempre se manteve fiel aos ideais de liberdade e de justiça, pondo acima de tudo os interesses do nosso povo explorado e oprimido pelo mesmo fascismo. O Tarrafal não foi um sonho mau; foi um crime tremendo, friamente meditado e friamente executado. Todos nós que vivemos no Tarrafal, os que morreram e os que ainda estão vivos, sempre pensámos, e muitas vezes o dissemos uns para os outros, que uma vez derrubado o fascismo no nosso país; todos os criminosos com responsabi- 11 lidade na criação do Tarrafal e nos crimes que aí se praticaram, seriam julgados em tribunais comuns e justamente condenados. Lamentavelmente não tem acontecido assim. Até agora nenhum desses criminosos compareceu perante a justiça. Todos andam em liberdade como se nada de mau tivessem feito. Mas vítimas do Tarrafal aí estão, recordando os sofrimentos a que foram submetidas durante muitos anos. Nas vítimas do Tarrafal, nos que trabalharam anos seguidos sem nada ganharem, para si nem para o seus, porque estavam presos; ainda ninguém pensou. Há quem fale muito na injustiça e nos direitos da pessoa humana, ainda diga sobre a justiça a fazer às muitas vítimas dos crimes do fascismo. Estranho sentido de justiça é ainda o que permite e explica que as coisas se passem assim. Enquanto o Tarrafal existiu, duas coisas aconteciam paralelamente no tempo: nesse Campo da Morte Lenta trabalhavam e morriam assassinados os antifascistas mais combativos e os que melhor representaram os interesses dos trabalhadores, como Bento Gonçalves, secretário-geral do PCP, como Mário Castelhano, sindicalista destacado. Em Lisboa, por todo o país e nos territórios então ainda colónias, os fascistas amassaram grandes fortunas à custa da exploração e da opressão do povo. A violência - queremos aqui afirmá-lo uma vez mais - só existe quando há quem a pratica. Se houve crimes também houve criminosos. E a justiça só existe, de facto, quando e onde os criminosos recebem as condenações que merecem. Dizer ao povo que o que se está fazendo é justiça e é democracia, leva ao cepticismo e dá uma imagem errada desses dois valores que sempre devemos defender. É preciso que o povo, os trabalhadores, vejam e saibam o que é a justiça. 12 O estudo do passado deve servir-nos para melhor compreendermos o presente e prever o futuro. Se com este livro não dizemos e não demonstramos tudo o que foi o Tarrafal, nós pensamos que teremos deixado uma boa base para o conhecimento do que foi o fascismo e, deste modo, ajudarmos as gerações mais novas a não se deixarem iludir e tomarem medidas no sentido de não permitir que ao nosso País volte o fascismo em nenhuma das suas versões. Lendo este livro os antifascistas ficarão sabendo o que foi o Campo de Concentração do Tarrafal e o que ele representou como prisão e local destinado a matar os mais activos opositores ao fascismo salazarista. Lendo este livro os antifascistas, todos os portugueses, poderão ver e compreender melhor os fins criminosos que os fascistas tinham em vista ao adoptarem tais métodos de repressão, quais os seus objectivos e qual é por consequência a responsabilidade desses governantes de então e de todos os que, neste ou naquele posto, desempenharam funções de carrascos dos antifascistas lá encarcerados.

5 A existência do Campo de Concentração do Tarrafal foi um crime e os criminosos foram muitos. Não é preciso absolver de culpas os simples guardas para reconhecer nos chefes e nos directores maiores responsabilidades. Não é preciso diminuir em nada as responsabilidades dos que nos torturavam e assassinavam directamente no Tarrafal para se atribuir a Salazar e a todos os governantes de então a principal responsabilidade em todos os crimes de que fomos vitimas. Se neste livro dedicamos muitas páginas à conduta de ladrão do "Manuel dos Arames", que tão descaradamente nos roubava no Tarrafal, isso não significa que os nossos piores inimigos não fossem 13 os que, desde o Terreiro do Paço, governavam o País. Os Manuel dos Arames como os outros militares que aceitaram ser carcereiros dos presos políticos no tempo de Salazar eram, em todos os casos, os elementos inferiores, moral e profissionalmente, do nosso exército. Nenhum desses militares foi ou opoderia se capitão de Abril. De facto, derrubando o fascismo numa madrugada histórica de 25 de Abril de 1974, as forças armadas lavaram essa sujidade com que o fascismo também as tinha manchado. No Tarrafal morreram dezenas de antifascistas, muitos outros morreram já cá fora, prematuramente em consequência directa das violências e maus tratos que lá sofreram. O Tarrafal foi uma prisão de tipo especial, onde, isolados do mundo, os antifascistas eram assassinados. Mas o Tarrafal esteve sempre integrado, fez sempre parte do sistema de repressão brutal que atingiu na própria carne todos os democratas. Para além do Tarrafal, antes e depois do Tarrafal, milhares de antifascistas passaram pelo Forte de Peniche, por Caxias, pelo Aljube de Lisboa, pela Fortaleza de S. João Baptista, nos Açores, prisões que muitos de nós conhecemos directamente e que em 1936 os fascistas já consideraram insuficientes perante o desenvolvimento da luta do povo português pela liberdade e pela democracia. Todo o nosso povo tenha o direito e o dever de exigir que justiça seja feita, quer reparando até onde é possível reparar os danos causados às vitimas do fascismo, quer punindo adequadamente os criminosos. Reclamar que seja feita justiça é já uma parte da grande luta que travamos em defesa da democracia e da liberdade. Não é subtraindo à acção da justiça os criminosos fascistas que defenderemos e protegeremos os direitos da pessoa humana. 14 Ao escrevermos este livro, e com ele chamarmos a atenção para o que foi o Tarrafal, nós fizemos o que o 25 de Abril, no seu espirito, reclama de nós. Pondo no conhecimento do povo português o que foi o Tarrafal, nós apresentamos elementos concretos, rigorosamente verdadeiros, que permitirão fazer justiça, como manda a própria essência da democracia. Quem não passou pelo Tarrafal pode conhecer o que foi esse Campo da Morte Lenta lendo este livro. Antifascista, democrata, homem progressista: quando pensares nos direitos da pessoa humana não esqueças o Tarrafal. Se queres defender a liberdade e construir e consolidar a verdadeira democracia, faz alguma coisa para que o fascismo não possa voltar mais à terra Portuguesa. O Tarrafal simboliza 48 anos de política criminosa. Nós, povo português, não podemos permitir que este crime se repita. FRANCISCO MIGUEL 15

6 ACHADA GRANDE DO TARRAFAL Tinha começado a Guerra Civil de Espanha seria o início da mais criminosa guerra da História, que terminou a 8 de Maio de 1945, com a derrota do nazismo e dos sonhos de Milénio do seu império. O fascismo português acompanhou esta ascensão e queda, marcada pela ferocidade da sua repressão. Quanto mais triunfalistas eram as arengas de Hitler e de Mussolini, mais a perseguição aos antifascistas portugueses era desapiedada, visando o seu aniquilamento. Mas quando as esperanças de vitória se desvaneceram, quando Von Paulus caiu prisioneiro em Estalinegrado e o exército alemão, que se proclamava invencível, recebeu o golpe de morte de que não mais se recomporia, quando a aviação de Goering foi batida no céu de Londres e a esquadra alemã na batalha do Atlântico, quando pela Itália e pela Normandia avançavam as tropas aliadas e o Exército Vermelho arrancava vitória após vitória e já força alguma o poderia impedir de ocupar a Berlim do III Reich, então, também em Portugal os carcereiros fascistas perdiam arrogância e procuravam fazer esquecer todas as atrocidades cometidas de que o nazismo triunfante pelos campos de guerra da Europa fora durante muito tempo certeza de impunidade. 17 O campo de concentração do Tarrafal foi o verdadeiro reflexo desta época. Não houve em Portugal prisão onde os fascistas mais se mostrassem como na realidade são, nem onde as reacções dos carcereiros melhor correspondessem ao fascismo vitorioso e ao fascismo derrotado, temerosos de que a sorte de Mussolini, julgado e executado pelos guerrilheiros, ou o Tribunal de Nuremberga tivessem em Portugal os seus equivalentes. E isto, ao abalar o moral dos salazaristas, determinou que o campo do Tarrafal, criado em 1936, para a morte dos mais corajosos adversários do Estado Novo, fosse discretamente fazendo-se esquecido até ser encerrado em Ainda que decretado em 1936, a história do campo de concentração do Tarrafal começa verdadeiramente em 1934, depois do 18 de Janeiro. É nesta data, com a acção da luta de classes que o regime salazarista sente a uma repressão mais dura, que a situação política na Alemanha e na Itália encorajava. Na ilha de São Nicolau, no arquipélago de Cabo Verde, existira já um campo de concentração. Durou poucos meses. Os prisioneiros da Revolução da Madeira, em 1931, eram na sua maioria oficiais do exército. O Governo fixou residência a uns, em localidades das ilhas, concedeu-lhes subsídios e permitiu que outros regressassem à Metrópole ou partissem para o exílio. Ficaram desabitadas as barracas que, segundo se dizia, faziam parte das indemnizações de guerra pagas pela Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial. Eram bem diferentes - ou não houvesse uma política de classe - daquelas que os prisioneiros do Tarrafal viriam a conhecer. Eram de madeira, com bom isolamento do calor, bem defendidas dos mosquitos, quase confortá- 18 veis. Vieram depois, no Campo, a servir para instalações da secretaria, alojanento dos guardas, comando militar, oficinas, etc. É este campo de São Nicolau que origina o antecedente justificador da colónia penal, criada pelo Decreto , de 23 de Abril de É, porém, o movimento de 8 de Setembro de 1936, a Revolta dos Marinheiros, que vem precipitar a instalação do Campo em Santiago. Vivia-se a Guerra Civil espanhola. O Afonso de Albuquerque tinha regressado da sua missão de observação, a pretexto de proteger súbditos e interesses portugueses em Espanha. Porém, boa parte da tripulação negara-se a desembarcar em portos franquistas e não escondera a sua repugnância por Franco e a sua

7 simpatia pelos republicanos. Fundeados no Tejo, considerados revolucionários, foram presos e imediatamente destituídos muitos homens da Armada. O 8 de Setembro foi um protesto contra aquelas expulsões da Marinha de Guerra e também contra o apoio que Salazar prestava a Franco. Foi uma revolta de marinheiros e nela não tomou parte um só oficial. O Movimento do 8 de Setembro enfureceu Salazar e tanto mais quanto o assustou. Em Espanha, a guerra civil estava indecisa, de modo algum se vislumbrava como certo o triunfo de Franco, e uma república democrática, em país tão próximo e com tão extensa fronteira comum, era fonte de muitas apreensões para o fascismo português. Ordenou que a revolta fosse sufocada da forma mais violenta. Os navios foram bombardeados os revoltosos presos, julgados, condenados a pesadas penas e rapidamente se preparou o campo de concentração na ilha de Santiago. 19 Entre as ilhas do arquipélago de Cabo Verde, Santiago é a maior, uma das mais próximas do Equador e aquela que tem a zona de pior clima - a Achada Grande do Tarrafal - situada a norte, no extremo da ilha oposto ao da Cidade da Praia, a que está ligada por uns setenta e cinco quilómetros de estrada, desolada e triste, que desemboca na ampla Baía do Tarrafal, voltada para a ilha do Fogo. A paisagem é montanhosa. Levanta-se a norte o escuro perfil do Monte da Graciosa, onde não se avista casa nem árvore. O recorte eleva-se bruscamente, não longe do oceano, desce serenamente, quase na horizontal, para novamente se erguer numa segunda carcova que vem descair em pequena planície. Mais baixos, em degraus, pequenos morros. A leste levanta-se outro monte, nu, em declive suave. Mas logo se formam tochas, em cadeia que não se interrompe, em altos e baixos, que por fim caem verticalmente sobre o mar. Litoral rochoso e, aqui e além, pequenas praias de areia negra, amontoada pela mó das vagas contra a pedra vulcânica. De sul para o oeste, a linha do horizonte é o oceano claro ou escuro ora verde ora azul, ora cinzento, mas sempre deslumbrante pelo pôr do Sol. No extremo sul da baía encontra-se a povoação da Ribeira da Prata, com uma pequena praia, coqueiros, uma mancha verde a alegrar a aridez. A norte é a sede do concelho, a Vila do Tarrafal, que começa junto ao mar e se alonga pelo sopé do Monte da Graciosa. E afundada entre montes, rodeada por dunas perto da costa, há uma pequena planície com uns três quilómetros de comprimento por uma largura, limitada a norte pela Vila do Tarrafal e a sul pela Ribeira do Chambão. É esta a zona de pior clima do arquiplélago: chuva, vento, calor, pântanos e paludismo. 20 As chuvas são cíclicas em Cabo Verde. Passam-se anos consecutivos sem que chova. E então é a fome e os mortos são aos milhares. Começam em Agosto as chuvadas. Em Setembro é o vendaval desfeito, chapadas de água que tudo inundam. Em Outubro ainda chove. Pelo final de Novembro entra de soprar o nordeste que arrasta os mosquitos e turbilhões de poeira arrancada aos morros queimados pelo sol. Depois, por Dezembro, a paisagem modifica-se. As montanhas já não estão nuas, pardas, agressivas. Cobrem-se de verdura e os vales perdem a sua desolação. Cresce o capim e o vento faz ondular aquele mar verde. Os bois e as cabras têm abundância de pasto. Mas vem Janeiro, vem Fevereiro e os campos onde o capim cresceu até um metro de altura, tornam-se amarelos, ressequidos pelo sol, cobertos por uma erva seca, onde se abrigam milhões de larvas e insectos. Chega Junho muito quente, sem vento. Em Agosto não corre aragem e o céu parece metal fundido a abrasar plantas, bichos e homens.

8 Quando chove floresce o milho e será ano bondoso, como dizem os cabo-verdianos, que terão a sua cachupa. Se não chove é a fome. Mas na Achada Grande do Tarrafal, ano de chuva é também ano de paludismo. Em Setembro, quando das grandes chuvadas, é como se um manto de águas se rasgasse e correm torrentes que vêm das vertentes dos montes, velozes, redemoinhantes e tudo arrastam, cabanas e gado, no seu caminho para o mar. A Achada Grande transforma-se num lago, para dias depois ser um pântano, com lagoas nas baixas e junto ao areal negro da praia. O sol, muito quente, pesa sobre as águas que apodrecem e fermentam. Germinam as larvas de mosquitos aos milhões, no pântano, nos regatos, nos poços e até na folhagem 21 das plantas, nas gotas do caçimbo que cai pela noite. A baía do Tarrafal, entre Julho e Novembro, quando o nordeste não sopra, é zona de paludismo. O mosquito anófele alimenta-se com sangue e é nos glóbulos vermelhos que se reproduz e se completa o ciclo evolutivo do plasmódio, causa do paludismo. O mosquito é o transmissor. Na Achada Grande há pântanos, mosquitos e paludismo. A Achada Grande é a zona mais temida pela gente de Cabo Verde. Na Achada Grande do Tarrafal montou o governo fascista o campo de concentração. Na ilha que o mar guardava melhor que o arame farpado e as armas dos carcereiros, o mosquito seria um executor discreto. Dispunha a cumplicidade do director, do médico, dos guardas do campo, pois sem possibilidade de ferver a água inquinada, sem mosquiteiros, sem medicamentos, com má alimentação, trabalhos pesados, espancamentos, semanas de frigideira, todas as resistências orgânicas se desmoronavam abrindo caminho fácil ao paludismo e às biliosas. As mortes dos antifascistas do Campo do Tarrafal foram premeditadas. Estas intenções certamente não eram confessadas em documentos oficiais, mas tão claro era o objectivo que o director do Campo não o escondeu. Afirmou-o Manuel dos Reis para que todos os presos soubessem a que estavam destinados. - Quem vem para o Tarrafal vem para morrer! E muitos morreram e lá ficaram no cemitério que tão perto estava do Campo. Mas pelo Decreto nº de 23 de Abril de 1936, o fascismo usava uma linguagem que não era a de Manuel dos Reis. Ao campo de concentração chamava Colónia Penal. Perante possíveis protestos 22 internacionais denunciando a verdade terrível ali vivida, o decreto serviria de desmentido. Dentro do Território nacional, a Censura impediria de sair na imprensa toda e qualquer noticia que pudesse descrever como se vivia no Campo. Que entre portugueses se segredasse do inferno que por lá havia, que o medo se generalizasse e desencorajasse atitudes de oposição ao regime, isso só seria uma vantagem. A polícia política não só prende e tortura, como procura criar à sua volta uma publicidade que amedronte, que iniba, que crie a passividade tão do agrado dos ditadores. O Campo do Tarrafal tinha também esta função. A linguagem do decreto era serena, objectiva, nela nada transparecia das verdadeiras intenções do fascismo. "Depois de um reconhecimento cuidadosamente feito por técnicos a diferentes ilhas do arquipélago de Cabo Verde, chegou-se à conclusão de que o lugar do Tarrafal, na ilha de Santiago, reunia as condições necessárias à instalação, sob o ponto de vista higiénico, de vigilância e de recursos naturais de comunicação indispensáveis ao seu bom funcionamento." E reunia efectivamente as condições necessárias, de acordo com os objectivos do governo fascista. O Tarrafal não tinha água, não tinha comunicações. No Tarrafal havia pântanos, febres, morte.

9 Eram estas as condições de higiene que o fascismo desejava. Mas não as exprimia, escondia-as numa linguagem que; interpretada por homens de boa vontade, parecia bem intencionada. "Sendo os estabelecimentos penais do Ultramar, como este, simples elementos do sistema penal da Metrópole, justo era que se confiasse a sua direcção e fiscalização a um Ministério a que incumbem em conjunto os serviços prisionais e por isso ao Ministério da Justiça. 23 Oficialmente era assim, mas, na realidade, esteve sempre directamente dependente da Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado. Estaria subordinada ao Ministério da Justiça se fosse uma colónia penal. Mas não era. "A colónia penal... destinar-se-á a presos por crimes políticos que devam cumprir pena de desterro ou que, tendo estado internados em outros estabelecimentos penais, se mostrem refractários à disciplina desses estabelecimentos ou elementos perniciosos para os outros reclusos" - e continuava o decreto - "Poderão igualmente ser internados nesta colónia, em secção separada, os condenados a penas maiores por crimes praticados por fins políticos, sujeitos por lei ao regime prisional comum e ainda, em caso de necessidade, detidos preventivamente pelos crimes a que se refere o Decreto-Lei nº e que o Governo detiver ou quizer julgar fora da Metrópole". Contudo, no Campo do Tarrafal; os presos, na sua grande maioria, não tinham sido julgados ou de há muito haviam cumprido a sua pena. Em Março de 1946, trinta e seis presos condenados a penas que, somados os anos de prisão das sentenças, atingiam cerca de cento e vinte anos, cumpriam já um tempo de encarceramento correspondente a trezentos e trinta anos! O caso de Manuel Alpedrinha era um exemplo. Condenado a dois anos de prisão correccional, estava preso havia doze anos e meio! Em quarenta presos sem terem sido julgados, o tempo total de detenção aguardando julgamento somava trezentos e quatro anos! Os presos preventivos, sem culpa formada, cerca de sessenta, permaneciam em cativeiro um tempo que atingia duzentos e trinta e quatro anos! Apenas cento e trinta e seis homens - porque muitos mais passaram pelo Campo do Tarrafal - 24 representavam quase novecentos anos de prisão. Homens que eram energia consciente dirigida para a felicidade do povo de que faziam parte, uma energia a aplicar em todos os dias e horas e ali se mantinha reprimida, para que lentamente fosse destruida. Novecentos anos de vida lançados para um campo de paludismo e morte! 25 MAR E ARAME FARPADO Pela madrugada de 18 de Outubro de 1936 saíram da Penitenciária de Lisboa trinta e quatro marinheiros. Éramos considerados como os mais responsáveis pela revolta dos navios de guerra Afonso de Albuquerque, Bártolomeu Dias e Dão. Meteram-nos em carros celulares que, pela cidade adormecida e em silêncio, seguiram até ao cais da Rocha de Conde de Óbidos, onde havia grande concentração guerreira de carros de assalto da Polícia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republicana. Agentes da polícia política dirigiam as operações. Ouvíamos motores, vozes de comando. Atracado ao cais estava o Luanda que nos iria levar. Deram-nos ordem para formarmos em fila indiana e dirigimo-nos para o navio, em silêncio, naquela angústia de quem vive momentos decisivos que para sempre nos marcam; aquela angústia de quem vai por caminho com portas que se

10 fecham nas nossas costas e por onde não poderemos voltar a passar. Então, no ar frio da manhã e em nós, ficou a vibrar uma voz de mulher: - Adeus, Josué! Não te esqueças de escrever! Seguia a bordo uma força da Guarda Nacional Republicana, comandada por um tenente; um pequeno destacamento de marinheiros, postado junto à ponte de comando e uma brigada da Polícia de 27 Vigilância e de Defesa do Estado, dirigida pelo chefe de brigada Gomes da Silva. Connosco seguiam presos de Caxias, do Aljube, de Peniche, alguns portugueses residentes em Espanha. Tinham sido expatriados por suspeita de simpatia pelos republicanos. Confraternizámos. As canções revolucionárias surgiram naturalmente. Pelo que éramos e para nos encorajarmos naqueles porões de vigias tapadas, a cheirar à tinta do cavername e onde abafávamos. Mas logo nos gritaram do convés: - Ou se calam já ou mando montar mangueiras com água a ferver! Comandava a força da GNR o tenente Adelino Soares, a quem tinham dito ser preciso ter mão firme, pois iria guardar perigosos cadastrados. E durante a viagem provocou-nos e insultou-nos tentando intimidar-nos. - Se for preciso, estoiro-lhes os miolos! No Funchal, o velho cargueiro embarcou camponeses destinados à prisão de Angra do Heroísmo. Eram culpados pela greve dos lacticínios, da luta travada contra o preço arbitrário do leite e a sua entrega total exigida pelos senhores industriais do Grémio. A 23 de Outubro, numa manhã húmida, aportámos à ilha Terceira. A muralha da fortaleza estava negra e coberta de musgo. Os presos foram saindo das casamatas e formaram diante dos portões ainda fechados. Na frente, de armas perradas, as praças da GNR, comandadas pelo tenente, muito hirto e duro: - Garanto-lhes que não hesitarei em os fuzilar a todos se, a bordo, durante a viagem, notar o mais pequeno sinal de insubordinação. E porque notou num preso uma expressão que lhe pareceu de riso, avançou para ele e esbofeteou-o. 28 Entre os presos embarcados em Angra do Heroismo encontravam-se Beato Gonçalves, secretário-geral do Partido Comunista Português, e Mário Castelhano, dirigente anarquista. Connosco embarcara também o capitão Manuel Martins dos Reis. Iríamos conhecê-lo mais tarde. Abandonara a direcção da Fortaleza de São João Baptista por ter sido nomeado director do Campo do Tarrafal. O rumo era agora Cabo Verde e as provocações do tenente continuavam. Chegou a agredir com um pontapé um camarada que se encontrava no topo da escada do porão e que foi cair em baixo. Decidimos constituir uma comissão de três exmarinheiros conhecidos do Comandante de Bandeira para lhe falarem de vários problemas e entre eles o comportamento do tenente da Guarda. Uma das nossas reivindicações, até ali sempre recusada, era o recreio no convés. Garantíamos que tudo se iria dar em perfeita ordem, pois éramos homens conscientes e responsáveis. E nos últimos seis dias de viagem vínhamos, por turnos, respirar o ar livre do mar. É certo que longe dos portos de escala já não lhes parecíamos tão perigosos. Quanto ao tenente, deixámos de o ver. Já no Tarrafal, procurou aproximar-se de nós. Elogiava-nos e tentava ser agradável. Confessava-se arrependido. - Tinham-me dito tantas coisas a vosso respeito! Pensei estar a lidar com verdadeiros criminosos e inimigos da Pátria. Não, não éramos inimigos da Pátria, nós, os marinheiros do 8 de Setembro, os militantes do 18 de Janeiro. Nem Mário Castelhano! Nem Bento Gonçalves! Não nos considerou como criminosos o comandante Soares de Oliveira. Agradeceunos a maneira como nos tínhamos comportado a bordo. Ao de- 29

11 sembarcarmos saudou em especial os marinheiros e vimos que estava comovido. Pelo começo da tarde de 29 de Outubro de 1936, o Luanda ancorou na pequena baía do Tarrafal. Depois de onze dias de viagem, em que nem por um momento as metralhadoras deixaram de estar apontadas contra nós, prontas a disparar à primeira ordem, começou a chamada para o desembarque. Fomos para terra em embarcações com cabo-verdianos aos remos e logo formámos a dois e dois para percorrermos, debaixo de escolta, os três quilómetros até ao Campo. Pelo caminho, pedregoso e poeirento, encontrávamos a gente de Cabo Verde, esfarrapada e faminta, a olhar-nos surpreendida. Juntava-se para nos ver passar. Éramos terríveis criminosos e havia ordens rigorosas para impedir qualquer contacto connosco. Mas apesar de tudo conseguimos comprar-lhes laranjas com que matámos a sede. Causava-nos tristeza a paisagem. Aqui e além, ao longo do caminho, viam-se pequenas e fracas purgueiras, árvores frequentes na ilha. E pelas encostas dos montes espalhavam-se, negras e miseráveis, as palhotas sempre a fumegar pelos telhados de junco. Perto, magríssimos, pastavam burros e cabras. Em volta do Campo não se avistava casa, apenas as barracas que serviam de dormitório aos guardas e, um pouco mais afastadas, as casernas dos militares que tinham a seu cargo a guarda exterior do Campo. Quando chegámos a vedação era o arame farpado preso a uns toscos troncos com cerca de dois metros de altura, mais tarde substituidos por tubos de ferro. O Campo era um rectângulo de duzentos por cento e cinquenta metros. Víamos 30 o mar, a pequena aldeia de Chambão, toda a Achada Grande. Ano e meio depois da nossa chegada a vedação que, na opinião dos carcereiros, não oferecia bastante segurança, foi reforçada com um fosso. Abriu-se uma vala com três metros de profundidade, de corte em V e da terra que dali se tirou fez-se um talude com a mesma altura a cercar o Campo. O isolamento era agora completo. Por cima do talude passava uma estreita vereda, que os soldados angolanos, de arma ao ombro, constantemente percorriam. A cada canto construíu-se uma rotunda em cimento, muralhada, para que, se necessário fosse, servisse de trincheira aos soldados e guardas e ali se colocassem metralhadoras. A porta de acesso ao Campo tinha um torreão de cada lado, em cimento armado, de frente curva, rasgada por duas ordens paralelas de seteiras de combate. Mais tarde ficaram unidas por uma passarela, também com parapeitos, munida de um reflector que, de noite, pudesse iluminar o Campo. Externamente, adquiriu assim o aspecto que manteve até ao encerramento. Internamente, houve muitas alterações. Chegados ao Campo, passados os portões de arame farpado, logo fomos divididos em grupos de doze. Cada grupo ocupou a sua barraca de lona, montadas antes da nossa chegada. Cada barraca assentava em estrados de madeira. Distribuíram-nos uma cama de ferro, tipo quartel, um colchão de palha, dois lençóis, uma fronha, uma manta de algodão, dois pratos de esmalte, um púcaro, um garfo, uma colher, de que éramos responsáveis pela boa conservação. - Quem estragar paga! E porque ainda não tinham chegado os nossos fardamentos de presidiários, fomos autorizados a 31

12 usar a roupa e o calçado que trazíamos. Só mais tarde nos distribuíram dois fatos de caqui, duas camisas, dois pares de cuecas, um chapéu de palha e umas batas. Não nos deram peúgas, nem toalhas, nem muitas outras coisas. Com o tempo, os toldos das barracas foram apodrecendo. O vento encheu-os de rasgões. Em noites de chuva tínhamos de desarrumar as camas para nos defendermos da água que caia nas barracas. Só muito mais tarde foram construidos alojamentos em pedra e cal, com telhados de fibrocimento. A cozinha era um telheiro. A retrete, quatro paredes de pedra solta, sem telhado, com cinco buracos no chão por onde se enfiavam outros tantos latões. Não existia ainda a enfermaria, nem posto médico, nem refeitório. E como nas barracas só havia espaço para as camas, comíamos ao ar livre, em rústicas mesas de pinho. E como também não existia balneário, o banho era tomado cá fora, com um litro de água, porque esta era uma das grandes carências de que padecíamos. Não havia luz eléctrica. A iluminação fazia-se com petromax colocados em certos pontos do acampamento, junto da cerca de arame farpado. As barracas não tinham luz. Não podíamos ler, não podíamos escrever. Os carcereiros proibiam-nos de andar à noite pelo Campo. A falta da electricidade só tinha para nós uma vantagem. Como os guardas não se aproximavam das barracas durante a noite, estávamos à vontade para as nossas reuniões, quando camaradas mais cultos nos falavam de problemas políticos e da história das lutas do proletariado. De noite, mais nos pesava o Campo, os clarões dos petromax, os brados das sentinelas landins, o vento soprando por vezes com violência durante a estação seca que vai de Novembro a Julho. Os ferros entortavam, partiam-se, rangiam toda a 32 noite. Arrastava poeiras que entravam por toda a parte e tudo sujavam. A lona rasgava-se. E quando deitados ouvíamos os uivos do vento ou a chuva e nos pesava o desconforto e a solidão, chegavam as recordações de quanto tínhamos deixado tão longe. Porém sempre a luta trouxe sacrifícios e tínhamos de fazer frente às ameaças de Manuel dos Reis. - Quem entra por aquele portão perde todos os direitos e só tem deveres a cumprir. 33 O POÇO DO CHAMBÃO Sem água não é possível a vida e não há memória de cidade nascida distante de um rio. No Campo do Tarrafal, a água que nos estava destinada vinha de um poço, situado a uns setecentos metros. Ali se juntavam mulheres e crianças. Vinham de bem longe com as suas vasilhas. Carregavam-nas à cabeça e seguiam para suas casas. Era pouco fundo o poço. Não se podia dizer que fosse murado, pois o que tinha como muro era muito baixo e esboroado e a água, puxada a balde e corda, escorria pelas pernas das mulheres, com chagas que pareciam de lepra, envoltas em trapos e ligaduras sujas, pelos pés imundos e com matacanhas, e novamente ia cair no poço. Era esta a água que bebíamos. Estava contaminada com excrementos de cabras e burros lazarentos que ali iam beber todos os dias. Pelo tempo das chuvas, raras mas torrenciais, as enxurradas que desabavam das montanhas arrastavam consigo burros, cães, aves mortas. O poço ficava no caminho das torrentes e com a sua água bebíamos também a outra, a das chuvadas que corriam para o oceano. Ficava o poço a uns duzentos metros do mar que se infiltrava e tornava integralmente salobra a água que bebíamos. Pelas marés vivas mais salgada era ainda.

13 35 A água é fonte de vida, mas também o pode ser de morte quando está inquinada e é causa de diarreias e febres intestinais. Sabia-o o fascismo e o poço do Chambão fazia parte do plano de morte a que nos condenara. Dizia-se - não temos a certeza - que, de Lisboa,, onde a água fora analisada, viera, através da PVDE, a resposta: - Excelente. Tão boa como a de Vidago. Quanto mais beberem melhor. Mas tão excelente água não era a que o director e os guardas bebiam. Esses abasteciam-se na Ribeira da Prata, a alguns quilómetros do Campo, de onde facilmente uma camioneta nos poderia trazer a sua água puríssima. Não bastava aos carcereiros que fosse má, era também pouca, para que tivéssemos sede, para que não nos pudéssemos lavar. Chegámos a ter de aproveitar a chuva acumulada nos toldos de lona das barracas. Inicialmente, chegava ao Campo numa camioneta.. Todos os dias eram descarregados três a, cinco bidões de duzentos litros. Mas nem cheios vinham e tinham de chegar para todos os gastos do Campo. E assim houve dias em que não pudemos matar a sede. Muitas foram as vezes em que para cada um de nós por dia, apenas cabiam dois púcaros de água. E contudo o poço não era distante e a camioneta, se o director assim o entendesse, poderia trazer os bidões necessários para a lavagem da roupa e das barracas, da louça e mesmo para tomarmos banho. Pedíamos que nos deixassem ir à praia e durante algum tempo, três vezes por semana, com numerosa escolta armada, tomávamos banho do mar, embora correndo o risco dos tubarões que já por ali tinham sido avistados. Porém com água 36 salgada não era possível lavarmo-nos convenientemente. Três meses depois de termos chegado, a camioneta da água avariou-se e passámos a ser nós a transportá-la. E todos os dias pela manhã passou a haver uma nova formatura. Servíamo-nos de latas de folha de flandres, que antes tinham servido para gasolina, com uma capacidade de vinte litros. ïamos em linha de oito homens, de modo a que cada um de nós agarrasse duas latas pelas pegas de madeira atravessadas nas bocas. Cada linha transportava assim sete latas. Os que seguiam nas pontas ficavam com uma mão livre. Dada a ordem de marcha, escoltados por agentes da PIDE e por soldados angolanos, saíamos o portão e seguíamos. O caminho pelo restolho era fatigante. Só mais tarde, em princípios de 1937, se abriu um troço de estrada que unia o Campo ao poço. Estas caminhadas repetíam-se de manhã umas sete a dez vezes e outras tantas durante a tarde. Antes de chegarmos os agentes policiais afugentavam os naturais da ilha. Diziamlhes que éramos terríveis criminosos, embora os cabo-verdianos não tardassem em ver de onde partiam os actos de banditismo e as violências. Enquanto enchíamos as latas, os soldados formavam um amplo círculo para que ninguém pudesse aproximarse de nós. Acontecia, por vezes, que homens ou mulheres atravessassem a barreira. Não lhes faziam qualquer aviso, logo recebiam furiosas coronhadas. Mais tarde os soldados ficavam postados ao longo do caminho e andávamos à vontade no transporte da água. Era sistema mais eficiente e evitava atritos com os guardas. Era um trabalho duro. O sol escaldava. Pousávamos as latas duas ou três vezes para descansar e chegávamos encharcados em suor. 37

14 Enquanto as latas, os paus e as cordas aguentaram o trabalho foi-se fazendo. Mas quando se estragaram tivemos de entrar em conflito com Manuel dos Reis, que nos chamava estragados e malandros. Eram discussões diárias e como a direcção do Campo não fornecia novas latas, tínhamos de tapar os buracos com sabão. Tudo isto nos desesperava enquanto íamos esperando por nova forma de trazer água para o Campo. Só dois anos mais tarde, o transporte passou a ser feito por meio de um sistema decauville, montado por nós. Colocaram-se os carris e a água vinha em vagonetas e em bidões sobre plataformas rodadas, puxadas por um boi, a quem chamávamos o Pinto, animal enorme, mansarrão, sempre em luta com enxames de moscas. Fora comprado pela direcção do Campo. Mas encher as vagonetas e bidões, baldear depois a água nos depósitos continuava a ser um trabalho extenuante. E para que quem tivesse de realizar esta tarefa não fosse escolhido pelos guardas e não ficasse à mercê das antipatias e perseguição dos carcereiros, organizámos um sistema de inscrições diárias, tanto para o transporte da água como para outras brigadas. Todas as manhäs, o camarada Caldeira, com a sua ardósia, percorria as barracas apontando os nomes dos que se encontravam em condições de trabalhar. Da água que trazíamos, uma parte destinava-se à cozinha, outra, às nossas necessidades. Porém cada bidão de gasolina de duzentos litros tinha de bastar aos homens de duas barracas. Cravada na terra uma estaca de madeira com um braço transversal para ali suspendermos uma pequena lata de azeitonas ou de azeite, com o fundo cheio de buracos. Mas não muitos, para que o gasto fosse mínimo. Eram os lavatórios e os nossos chuveiros. 38 Porque tivemos de aprender a tomar banho apenas com um litro de água. Era operação que exigia auxiliar. Um camarada colocava-se em plano mais elevado e, segurando o chuveiro, regulava-o com precisão. Procedia-se como um duche vulgar. A diferença essencial estava na quantidade de água. Primeiro, a molhadela do corpo, apenas com um terço do que continha a latinha com furos no fundo. Seguiase a ensaboadela e, por fim, os consoladores sete decilitros para arrastarem toda a espuma do sabão. A água preocupava-nos não só por ser pouca mas também por estar impura. Para lhe retirarmos as impurezas imaginámos filtros. Um dos nossos camaradas, canteiro de profissão, o João Diniz, que a cinzel gravou tantas inscrições nas lápides destinadas às sepulturas dos nossos mortos e também lá ficou no cemitério do Tarrafal, preparou os filtros de que nos servíamos. Era abundante na ilha uma pedra vermelha, porosa e leve, de origem vulcânica. Era a matéria-prima para os nossos filtros. Escolhíamos pedras grandes com mais de meio metro de altura. Eram desbastadas e esculpidas em forma de bolotas mais ou menos cónicas ou com o feitio de pirâmides. Por dentro escavavam-se os depósitos, onde vertíamos a água para beber. E através das paredes porosas daquelas pedras se filtrava gota a gota a água suja do poço. Os filtros estavam suspensos de cavaletes de madeira de metro e meio de altura, e mesmo mais altos. Os depósitos ficavam defendidos por uma tampa e na extremidade por onde a água da pingando colocávamos panos, para que as poeiras trazidas pelo vento não inutilizassem todo o nosso trabalho. Apareceram muitos outros filtros, porém o mais eficaz era constituído por um bidão de chapa de ferro contendo uma camada de areia, outra de 39 carvão, uma terceira de osso queimado e por fim uma de seixos, que periodicamente eram lavadas. Bem mais difícil foi ferver a água. A direcção do Campo dificultava-nos quanto queríamos fazer em defesa das nossas vidas. Mas tinham morrido camaradas e decidimos que a água passaria a ser fervida.

15 Trazíamos lenha da cozinha e por vezes à vista dos soldados angolanos. Muitos deixavam-nos seguir, outros diziam-nos para não voltarmos. Fazíamos a fogueira entre duas barracas, de modo a não serem vistas as chamas nem o fumo. Em vinte minutos fervia-se uma lata de água. O forno servia para todo o Campo, umas horas para uns, outras para outros. Faltavam as latas, não havia lenha. Tínhamos de as comprar na vila, porque aquelas de que nos servíamos para ir ao poço não entravam nas barracas. Proibiram-nos de as comprar e decidimos fazer um depósito para a água. Fomos tirando cimento das obras, estacas, arame farpado e, com tudo isto, numa noite fez-se uma parte, depois outra e, passados seis dias, estava pronto o depósito e resolvido o problema das latas. Faltava-nos lenha e fomos arrancando os barrotes dos estrados. Só mais tarde conseguimos autorização para ferver a água mas, por condição imposta pelo director, tínhamos de pagar a lenha que a gente da ilha vinha vender ao Campo. Na secretaria, os carcereiros, do dinheiro que éramos obrigados a entregar, retiravam uma parte destinada à sua compra. Fervíamos a água. Depois de fervida, era preciso esperar que arrefecesse. Enchíamos terrinas que colocávamos ao ar livre para que esfriasse. Muitas vezes a sede nos forçava a bebê-la morna ou mesmo ainda quente. Só muitas horas depois 40 arrefecia. Fria só a bebíamos após uma noite passada ao relento. A lavagem de roupa era uma outra causa de mal-estar. Porque era na verdade desesperante - e isto era o que os carcereiros pretendiam - sentir por todo o corpo o pó da terra depois de um dia na pedreira, o cheiro a suor, a roupa suja que não podíamos substituir por outra lavada. Passavam-se os dias e não aparecia solução. A roupa imunda amontoava-se, as barracas e as camas tinham um cheiro repugnante. Encontrou-se uma solução temporária para a lavagem de roupa. Cabo-verdianas se encarregavam de a lavar. Mas, passada uma semana, vimos não ser possível manterse aquela despesa e tentámos resolver a situação, embora. Faltasse água e um lavadouro. A nossa ração mensal de sabão era de quatrocentos gramas. - Não há mais! Não há mais! Esse chega! - Era o que nos diziam. A água salobra não fazia espuma e quase sempre tínhamos de esfregar a roupa com casca de coco ou rama de palmeira. Faltava a água muitas vezes durante dias seguidos e era a sede, a roupa dos empaludados fedendo a suor e a doença, era a completa ausência de asseio. O poço secava ou ficava quase seco e com as febres constantes, o calor sufocante da ilha, era o drama. O cheiro dos lençóis empestava o ar das barracas e era com extrema repugnância que à noite nos deitávamos nas camas imundas. A lavagem da roupa que vestíamos era difícil. Camisolas e cuecas quase já não as usávamos. Seguiamos nas diferentes brigadas de trabalho com os chapéus de palha, as calças e os casacos de caqui amarelo meio apodrecidos. Não havia roupa que pudesse resistir 41 ao sol, ao suor que constantemente escorria de todos nós com os trabalhos forçados a que nos submetiam. Seguíamos para a pedreira com os casacos em tiras ou com as calças tão rasgadas que nem o sexo escondiam. Sem água, as retretes mais repugnantes se tornavam. Sem tecto, expostos os latões ao sol, as moscas eram aos milhares e a pestilência espalhava-se por todo o Campo. Primeiro, foram dois serventes cabo-verdianos que iam despejar ao mar os nossos dejectos. Depois, passámos a ser nós a levá-los num latão, enfiado numa vara e carregado aos ombros. Duas vezes por dia, de manhä e à noite, se devia fazer

16 aquele trabalho. No regresso, o latão vinha cheio de água para a limpeza das latrinas. Era sempre o mesmo camarada o encarregado das sentinas. Tomara-as a seu cargo pois não tinha olfacto. Chamava-se António Lúcio Bártolo. Todas as manhäs, excepto quando estava doente - teve duas biliosas - lá da carregado com o latão dos dejectos, acompanhado por um outro camarada, para serem despejados no mar. Seguíamos sob escolta de dois agentes da PIDE. Do Campo à praia era quase um quilómetro de caminho com pedregulhos e buracos. O sol queimava e tínhamos de pousar o latão muitas vezes para descansar. Já tinham sido avistados tubarões, na zona da praia onde se vazava o latão. A uns dez netros os agentes sentavam-se vigiando. Encharcados em suor, cansadíssimos, despíamo-nos e levantando o latão acima das cabeças, entrávamos no mar atentos às vagas. Quando a água nos chegava aos ombros era altura de vazar. - Agora! Vai! Era preciso escolher o bom momento e fugir imediatamente arrastando o latão vazio, pois por vezes acontecia, para divertimento dos agentes, que 42 o mar nos devolvesse as imundícies que lhe atirávamos e os nossos próprios excrementos nos caíssem sobre as cabeças. Não era tarefa fácil a do camarada Bártolo. As retretes ficavam distantes das barracas. De noite, tínhamos de sair quentes das camas e expor-nos ao cacimbo. Por vezes um camarada sentia-se mal e desmaiava. As diarreias, as cólicas violentas muitas vezes não permitiam reter as fezes e era frequente ter de limpar sangue, pus e dejectos fora das latrinas. Se não havia água, as moscas e varejeiras eram aos enxames. Quando nos servíamos das sentinas, pousavam em nós e enchiam-nos de larvas que, se não eram arrancadas com pinças e alfinetes, punham-nos as costas em carne viva, pois que em nós se alimentavam. Para nos limparmos servíamo-nos da palha dos colchões, do papel das sacas de cimento ou dos farrapos das camisolas e cuecas. Durou dois anos aquela situação. Abriu-se por fim uma fossa junto às latrinas e fez-se um depósito de água anexo para as baldeações. A falta de água originava provocações dos guardas. Meses depois da nossa chegada ao Campo, Manuel dos Reis veio anunciar-nos a chegada das barracas de madeira destinadas ao nosso alojamento. Era preciso trazê-las para o Campo. - Depressa! E no vosso interesse! Não era, como depois se viu. Seguimos formados para a vila com grande escolta de soldados e guardas. Trouxemos portas, vigas, painéis vários. E tudo aquilo era muito pesado e exigia grande esforço. Quando partimos para a segunda viagem - e o cais distava três quilómetros do Campo - pedimos água ao guarda Paco. Negou e quis forçar-nos a 43 seguir. A nossa indignação assustou-o e correu a chamar Numa Pompílio, o comandante da Companhia Indígena. Que nos recusávamos a ir, queixou-se ele sem explicar a razão. - melhor não provocarem a intervenção da Companhia. Esta é a quinta vez que lido com degredados e deportados e sei muito bem como se deve tratar convosco. Um camarada quis falar-lhe, mas foi interrompido. - Não estou aqui para conversas! Gritámos então que tínhamos sede e não nos deixavam beber. - Pois se querem água, bebam!

17 Só então se apercebeu da manobra do guarda. Do Campo trouxeram uma lata, saciámos a nossa sede e só depois seguimos. O poço do Chambão fazia parte do plano de morte que o fascismo concebera e Manuel dos Reis exprimia muitas vezes com vingativa satisfação: - Hão-de cair como tordos! Lutámos muito para que assim não acontecesse e nem sempre triunfámos. Foram muitos os camaradas que lá ficaram. Foi este um dos aspectos da luta que travámos pela nossa sobrevivência no Campo do Tarrafal. 44 A COZINHA DE CAMPO A cozinha estava instalada muito perto da vedação de arame farpado. Era, quando chegámos, a única construção de pedra. Os fogões, construídos em tijolo, tinham cavidades onde entravam os caldeiröes em que se cozinhava o rancho. Não havia condições de higiene, nem utensílios, nem mesas onde os alimentos se preparassem. Na frente dispunha de uma espécie de balcão, aberto, voltado aos ventos dominantes. A poeirada entrava à vontade. Só muito depois se levantou uma parede e se abriu uma porta lateral. O pessoal era cabo-verdiano. Um cozinheiro e um ajudante preparavam a comida de cento e cinquenta presos. Os géneros eram despejados para os caldeiros sem qualquer asseio, cozinhados sem grandes apuros. Era cozinheiro o João, homem envelhecido, a coxear dos calos e com muito medo do director Manuel dos Reis, sempre a ameaçar espancá-lo se se atrevesse a falar connosco. E porque tínhamos de descascar batatas e era necessário este contacto com a cozinha, éramos vigiados pelos guardas, que tinham ordens rigorosas para impedir qualquer diálogo com o João e o ajudante. Só mais tarde, quando o capitão José Júlio da Silva substituiu Manuel dos Reis, que regressou a Lisboa, conseguimos ser nós a preparar as refei- 45 ções. Foi assunto devidamente ponderado e colocado a todos os camaradas, ficando decidido que se falasse com José Júlio da Silva. Ouviu-nos mas não nos deu logo a resposta. Dias depois transmitia-nos que o pedido fora atendido. Era para nós muito importante dirigir a cozinha. A saúde dependia do que comíamos. Era possível vigiar os géneros tanto na quantidade como na qualidade. E havia ainda a vantagem de podermos ferver a água e verificar se os alimentos estavam em boas condições para consumo. Passámos a preparar as refeições. O calor dos fogões era perigoso para a saúde de quem já sofria as consequências do clima e do paludismo, mas as vantagens eram muitas e além disso os nossos camaradas marinheiros, mais jovens e em melhores condições fisicas, encarregaram-se desta tarefa. Todas as manhäs se fazia a chamada para o serviço do rancho. O número de auxiliares da de três a sete, conforme o que havia para fazer. Descascávamos as batatas, preparávamos as abóboras, depenávamos as galinhas, amanhávamos o peixe e tínhamos de despiolhar as couves. A hortaliça em certas épocas do ano estava tão roída pelas lagartas que ficava reduzida aos talos. Além disso as folhas de couve estavam cobertas por piolho branco e tanto que resistia a muitas lavagens. Era preciso usar escovas de unhas e os resultados não eram satisfatórios. A sopa nas terrinas trazia ainda uma película branca de piolho que retirávamos com as colheres. Com a chegada de João da Silva, o fascismo voltou a servir-se da comida para nos enfraquecer. A alimentação, a água, os trabalhos forçados eram diferentes meios para o mesmo objectivo: abater-nos.

18 46 As cáries dentárias eram frequentes. Faltava-nos o cálcio de que a água fervida era uma das causas. Todos nós fomos atingidos no fígado, no coração, nos intestinos. E tanto assim era que o próprio João da Silva não o escondia. A quantidade de alimentos era reduzida e quando o nosso camarada Taborda lhe dirigiu uma reclamação nesse sentido, respondeu-lhe ser isso precisamente o que pretendia e, a partir daquele instante, talvez desse ordem para que diminuíssem mais ainda as rações. Quanto ao nosso camarada foi mandado para a frigideira por se ter atrevido a queixar-se. Os protestos contra o rancho eram castigados com dez, doze e mais dias de frigideira. João Silva que todos os dias provava o rancho que lhe levavam em bonitas travessas e terrinas e onde colocavam os melhores bocados, afirmava tratar-se de reclamações por sistema e era preciso acabar com tais actos por meio de uma repressão severa. E contudo aquele provar do rancho era muitas vezes motivo para gracejos entre João da Silva, o Seixas e Esmeraldo Pais Prata. - Prove, doutor, e diga de sua justiça - insistia o director. Riam com muitos cumprimentos e gestos de convite. O médico, com o garfo, remexia enojado num arroz de albacora que lembrava vomitado de bébedo. Todos os dias cabia a um de nós levar a amostra do rancho e assistíamos assim àqueles divertimentos. - Prove, prove! Esmeraldo Pais Prata não se atrevia. Experimentava então a sopa e levava a colher à boca. Mas chegava-lhe ao nariz um cheiro que lhe parecia detestável, hesitava e também não a provava Está óptimo! - dizia por fim. E os três davam grandes gargalhadas. Quando João da Silva chegou ao Campo, Franco era já claramente o triunfador da Guerra Civil de Espanha. Precisamente por isso e porque Hitler e Mussolini representavam a força preparada para esmagar a Europa, foram aqueles os tempos mais difíceis que vivemos. A possibilidade de vigiar a alimentação foi-nos fugindo. O chefe da cozinha passou a ser o ex-sargento Canelas, um canalha e um sabujo. Deixámos de escolher o arroz ou de descascar a fajoca. - Comam com casca. É uma boa vassoura para o intestino. O regime alimentar no Campo consistia no café pelas 6 da manhä, acompanhada por pão, que era o melhor que nos davam. Ao almoço, pelas 10 e 45, um prato de arroz com carne. Ao jantar pelas 17, sopa de arroz ou de legumes secos e um prato de arroz ou massa, com carne ou peixe. O arroz era a base da alimentação. A sua abundância no rancho tinha uma explicação. Cabo Verde era zona de fome no mundo. Quando não chovia era como um flagelo a dizimar milhares de cabo-verdianos, que morriam pelas valetas. Um ano bondoso, como diziam na ilha, era aquele em que chovia de Julho a Novembro, na altura mais benéfica para a principal cultura do arquipélago - o milho. Muitas vezes víamos os trabalhadores cabo-vérdianos trazerem para o Campo tudo quanto comiam durante um dia de trabalho: sete decilitros de leite e uma maçaroca de milho que, depois de comidos os bagos, servia de rolha à garrafa. Felizmente comiam também amendoins, ricos em vita- 48

19 minas do grupo B, pois de contrário as avitaminoses de que seriam vítimas não lhes permitiriam sobreviver. A cachupa, milho cozido, era o prato tradicional do homem pobre da ilha. Preparava-a com sal, misturava-lhe leite. Existia uma cachupa rica, prato abundante em carne, onde o milho era como um pretexto. Porém, só os ricos a comiam. A grande maioria da população da ilha sofria de fome crónica e, desesperados, esfomeados, chegámos a vê-los comer o que atirávamos para a barrica dos restos, onde despejávamos terrinas e travessas do mau rancho que recusávamos. O cabo-verdiano não comia pão, nem batata, nem peixe, nem carne. Não lhe era possível. Só de quando em quando, para variar, comia milho torrado ou em cuscus, uma espécie de bolo. No arquipélago de Cabo Verde o milho era a cultura predominante, mas pode dizerse que grande parte dos géneros alimentares consumidos no Campo, por nós, era de origem local (carne, peixe, feijão, fruta, leite, hortaliças, café, banha, batata doce, etc. ). Os guardas, o director, o médico e outros carcereiros (com a excepção dos soldados angolanos) faziam largo consumo de produtos importados da metrópole, pois a sua alimentação era cuidada e rica. O arroz que vinha da Guiné era barato e do agrado dos soldados landins da "Companhia Indígena de Angola". E o arroz passou a ser, semanas, meses, anos seguidos, o prato de todos os dias: arroz de peixe, arroz de carne, sopa de arroz, arroz ao almoço, arroz ao jantar e sempre arroz e por vezes só arroz. Durante o ano era consumido às toneladas, da pior qualidade, muito partido, numa massa, que ficava leitosa por não ser lavado. E sempre a saber a mofo. 49 Todo o arroz servia. Numa madrugada de muito nevoeiro, o Lourenço Marques encalhou. Para libertar o navio foi preciso lançar carga pela borda fora e assim para o mar sacas e sacas de arroz. Desencalhado, o navio seguiu rumo e a população da ilha, correu à pesca dos salvados. Aquele arroz foi parar à mão de que era proprietário um tal Branco, antigo deportado, que deve ter enriquecido com a venda de géneros ao Campo. Também João da Silva não perdeu a óportunidade que aquele arroz lhe oferecia. Era uma economia. Comprou-o a cinco tostões o quilo e não tardou que no rancho nos aparecesse aquele arroz bafiento, a que não havia forma de arrancar o gosto a mofo. Tínhamos de o despejar na barrica das sobras. Para o comermos, só em bolas empurradas com grandes goladas de água. Tudo fizemos para que nos fosse possível comê-lo. Saía das sacas aos torrões, que púnhamos a secar ao sol. Foi inútil. A carne era fornecida pelo gado que a população da ilha vinha vender ao Campo para abater: porcos, cabras, bois. Depois de abatidos, os animais eram examinados pelo médico do Campo, que raramente considerava a carne como incapaz para ser consumida. E, contudo, muito daquele gado sofria de doenças contagiosas. No Campo, um dos nossos camaradas, Amado dos Santos, era o magarefe, e não poucas foram as vezes que dos pulmões dos bois abatidos vimos escorrer pus. Nos porcos, eram frequentes os casos de triquinose. A triquina, alojada nos músculos do animal, quando transmitida ao homem pode provocar-lhe lesões graves, paralisia, invalidez e até a morte. 50 Esmeraldo Pais Prata observava e dizia-nos com a sua pronúncia de Santa Comba: - Nam, icho nam tem importânchia. Explicava que em salmoura o bicho morria e mandava salgar a carne de porco com triquinose. Não a comíamos.

20 Para nos tentarem serviam-nos aquela carne com um magnífico acompanhamento de boa feijoca, pedacinhos de cenoura. O cheiro que se espalhava era delicioso. Mas resistiamos e da tudo para a barrica dos restos, que nesses dias se enchia até às bordas. Só no tempo de Olegário Antunes conseguimos que a carne das reses doentes fosse atirada ao mar. Enfiávamos então os animais esquartejados em tubos de ferro e dirigíamo-nos para a praia. A população espiava-nos e, apesar da vigilância dos guardas, conseguia arrancá-la aos tubarões a que era destinada. Naquela noite, a fome saciava-se. Os bodes abatidos não eram capados. A carne era intragável com um gosto e um cheiro insuportáveis a bodum e muitos camaradas só a conseguiam comer com torcidas de algodão enfiadas nas narinas. O peixe que mais frequentemente comíamos era a albacora. Albacora desfeita, mal cozinhada, guisada com batatas, albacora frita em banha, sopa de albacora, arroz de albacora. É um peixe da família do atum. Se for cozinhada pouco depois de ser pescada não é desagradável. Mas não era aconselhada na dieta de quem sofria de males de fígado, motivados pelo paludismo e pela água salobra. Depois de salgada, era difícil de digerir e de sabor desagradável. O mar do arquipélago era abundante em peixe mas, porque a população não tinha grandes possibilidades de o comprar, não havia indústria de 51 pesca, nem sequer mercado. Apenas alguns cabo-verdianos iam ao mar nuns frágeis barquinhos construídos com as tábuas de caixotes de sabão e calafetados com os restos de algodão usado na enfermaria do Campo. Se havia ondulação, mesmo fraca, não se atreviam a enfrentá-la com embarcações tão leves e ficavam deitados na praia, ao sol, a meterem pelas narinas as suas pitadas de tabaco queimado, que reduziam a pó. Iam vender a pesca ao Campo, que lhes comprava uma ou duas albacoras a cinco tostões o quilo. Um caixote de bom peixe era pago a dez escudos. A dificuldade e a incerteza de pesca originava o consumo da carne e a salga da albacora, quando aparecia em quantidades que diariamente não seriam consumidas. Na verdade, quando chegámos ao Tarrafal, a alimentação, embora se apoiasse no arroz, de quando em quando substituído pela massa ou pelo feijão, era, relativamente abundante em carne de vaca. A carne era barata. Custava dois escudos e cinquenta o quilograma. Um vitelo vendia-se entre cem e duzentos escudos. Mas, com a chegada do Regimento de Infantaria 11, de Setúbal, que durante a guerra ali permaneceu em missão, agravou-se o custo de vida no arquipélago, sem quaisquer condições para manter alguns milhares de soldados portugueses. O encarecimento da carne originou que, no Campo, quase desaparecesse da nossa alimentação. O bacalhau entrava também, por vezes, no rancho. Manuel dos Reis mandava cozer cinco quilos para cento e cinquenta presos, o que não chegava a trinta e cinco gramas por cabeça. Vinha às farripas, soterrado no feijão frade, com um olho 52 de azeite aqui e outro além. Era servido numa bandeja que com o tempo se enchera de ferrugem. É, como da cozinha ao refeitório eram uns trinta metros e se levantavam remoinhos de poeira, quando chegava ali nos parecía vir coberto com uma camada de pimenta. Primeiro tínhamos de juntar todos os fiapos de bacalhau, algumas vezes ardido e com uma cor avermelhada, depois todos os olhinhos de azeite, para que fosse possível uma distribuição equitativa pelos camaradas. Também a galinha fazia parte do rancho. Eram compradas à gente da ilha por um preço muito baixo. Pelos domingos e feriados matavam-se uns quinze a vinte galináceos magríssimos, que davam uma canja rala, a que chamávamos chá de galinha.

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