A Experiência de Gestão Pública da Informática no RS
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- Ester Ana Carolina Carmona Furtado
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1 A Experiência de Gestão Pública da Informática no RS Marcos Mazoni 1 Presidente da Procergs - Cia. de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul Administrador de Empresas com pós-gradução em Gestão Empresarial Áreas de interesse: Telecomunicações, Informática e Planejamento Organizacional PALAVRAS-CHAVE Gestão - Informática pública - Privatização RESUMO O artigo faz uma análise da gestão da informática pública a partir da experiência de administração no Estado do Rio Grande do Sul, onde ficou evidente, no final da década de 90, a disputa de dois modelos de gestão pública. O autor faz a defesa do modelo de gestão que se fundamenta na participação popular e no controle social sobre a estrutura do Estado, e entende a tecnologia da informação como um instrumento para a promoção desse controle, através da disponibilização do acesso às informações públicas. A defesa do autor passa também pela concepção de que o uso da informática e das telecomunicações possa ser inclusive um instrumento de governo para o desenvolvimento econômico, invertendo o papel que até então a tecnologia vem exercendo, de ser promotora da exclusão social. 1. INTRODUÇÃO O objetivo deste artigo é enfocar a gestão da informática pública no Estado do Rio Grande do Sul, a partir de um relato comparativo entre a experiência de governo do Partido dos Trabalhadores (PT) em Porto Alegre e o modelo de gestão do PMDB no governo do Estado. O que aconteceu no Estado do Rio Grande do Sul, e evidentemente em muitos outros estados, foi efetivamente uma disputa de modelos. E são dois modelos 1 mazoni@intra.procergs.com.br 21
2 Marcos Mazoni bastante antagônicos. Tanto é que esses dois modelos conseguiram polarizar a comunidade do Estado Rio Grande do Sul durante esses quatro anos, relativos ao período entre um processo eleitoral e outro. O Estado do Rio Grande do Sul já se dividiu bastante nas eleições anteriores. O PT perdeu as eleições para o governo do Estado do Rio Grande do Sul por 200 mil votos e ganhou as eleições em 98, por 80 mil votos. Portanto, dos 6 milhões de eleitores no Estado, identifica-se uma flutuação de 280 mil pessoas entre um projeto e outro. O que se pode inferir desses resultados é que não existe nenhum modelo consolidado no Estado do Rio Grande do Sul e o que há efetivamente é uma grande disputa. Um dos modelos tem o perfil que é o de implementação da política neoliberal, um perfil que procura inclusive se antecipar às ações do neoliberalismo, numa tentativa de sempre ser o primeiro a executar os processos que o governo federal vem realizando em todo o país. Só para ilustrar, vamos nos ater ao exemplo que diz respeito diretamente ao nosso Estado, que foi a questão das telecomunicações. O Estado do Rio Grande do Sul foi o primeiro a privatizar a empresa estadual de telecomunicações e, portanto, sempre avançava nas questões do neoliberalismo, sempre apresentava soluções, até mais arrojadas, em muitos casos, que o próprio governo federal, sem a discussão com a própria sociedade. Esse modelo foi então substituído, em janeiro de 1999, como decorrência do processo eleitoral em novembro do mesmo ano, pelo modelo que tem como base de fundamentação o que ocorre na Prefeitura de Porto Alegre. Ou seja, um modelo que tem como seu principal traço a participação popular, as ações vinculadas a uma política social muito forte, e o controle social sobre a estrutura do Estado, ao invés da sua destruição. 2. A GESTÃO DA INFORMÁTICA PÚBLICA NO RS Essa diferença de modelo não podia deixar de refletir no setor de informática no Estado do Rio Grande do Sul. Pelo modelo anterior, todos os recursos que eram possíveis de ser arrecadados para a modernização do Estado, conforme orientação do Bird (que não deixa de ser mais um instrumento de implementação da política neoliberal no país e no mundo todo), não poderiam ser destinados às empresas públicas do setor de informática para o seu desenvolvimento. Tal orientação estimulou os estados, e notadamente o Estado do Rio Grande do Sul, a criarem estruturas informacionais separadas com a contratação direta na iniciativa privada. Então tivemos um grande volume de recursos que foi investido no Estado do Rio Grande do Sul, sobretudo na Secretaria da Fazenda do Estado, todos eles contratados diretamente da iniciativa privada sem nenhuma conectividade com os 22
3 A Experiência de Gestão Pública da Informática no RS demais serviços que a empresa do Estado ou que a estrutura do Estado poderia prestar. O Partido dos Trabalhadores, ao assumir o governo do Estado do Rio Grande do Sul, encontrou uma grande federação de secretarias, com algumas possuindo estruturas com fibras óticas, outras ligadas à velocidade de 9,6 mil bytes por segundo por linhas dedicadas, inclusive das operadoras de telecomunicações, ou seja, 12 estruturas de rede compostas, porque não havia uma política de informática e telecomunicações única no Estado. Até porque isso diminuía a quantidade de negócios possíveis entre as empresas privadas e o Estado. O fato de as telecomunicações terem sido privatizadas rapidamente ajudou para que o relacionamento não fosse mais um relacionamento de governo, e sim um relacionamento de prestador de serviço, e uma grande exploração econômica dessas empresas em relação ao Estado. Tanto é que hoje o Estado do Rio Grande do Sul, somente através de duas das suas instituições, a Procergs e o Banco do Estado do Rio Grande do Sul, é o maior cliente de telecomunicações, tanto das telefônicas CRT, quanto da Embratel. Existem outras situações que estamos chamando de privatizações indiretas; a Procergs tinha funcionários em 1994, fez uma demissão direta de 200 profissionais no ano de 1995, e durante 96 fez o famoso PDV, passando a ter um quadro de 800 trabalhadores. Ao mesmo tempo temos em torno de 56 contratos de prestação de serviços de mão-de-obra, que hoje perfazem um total de 500 trabalhadores. Portanto, nós temos trabalhadores e estamos com um custo muito superior ao custo de folha que tínhamos quando eram trabalhadores. Então estamos, na verdade, no processo de terceirização intensivo dentro da empresa, que fez com que os custos inclusive aumentassem. O caso específico da Procergs foi uma grande falácia, porque os custos aumentaram. Nós estamos fazendo exatamente o contrário, estamos fazendo o cancelamento de todos os contratos terceirizados, e é claro que isso não pode ser feito de um dia para o outro. Fechamos março de 2000 com 100 profissionais ainda em contratos terceirizados. E para conseguir suprir tudo isso, estávamos lançando mão de profissionais habilitados em concursos anteriores, mas, agora, não temos mais essa condição. Acabou a possibilidade de chamamento de profissionais dos concursos anteriores. Devemos realizar um grande concurso em 2000, mas para recompor o quadro da empresa e, evidentemente, economizar: gastar menos com isso. Também estamos recontratando todos os circuitos e aí fizemos algo parecido com a experiência do atual governo do Estado de Minas Gerais: criamos uma comissão de serviços de informática e de telecomunicações para o Estado do Rio Grande do Sul, composta por três secretários: Secretário da Administração, Secretário da Fazenda e o Secretário do Planejamento. No caso específico do Estado do 23
4 Marcos Mazoni Rio Grande do Sul, a Procergs é uma empresa vinculada à Secretaria da Administração, e compomos com esses três secretários o que nós chamamos de Comissão de Sistemas de Informação e Telecomunicações- Cosit. Não só achamos que o planejamento deveria englobar as questões de informática como as questões de telecomunicação. Porque essas duas coisas não podem mais andar separadas. Há muitos anos, nós do movimento sindical defendíamos que essas duas categorias deveriam ser colocadas numa estrutura única. Defendíamos inclusive, no momento em que a CUT debatia a questão de departamento, que tivéssemos um departamento da tecnologia da informação ou da telemática. Não fizemos isso naquele momento, e a tecnologia nos atropelou nos colocando agora, evidentemente, na mesma condição, da impossibilidade de se tratar dessas duas coisas. Quando assumimos em 89 a Procempa, em Porto Alegre, e isso foi até 90 e poucos, tínhamos um grande fornecedor de hardware, de sistema de informação, de mainframe. Esse fornecedor detinha 25% do total dos custos da empresa, enquanto que era praticamente insignificante o custo na empresa relativo à telecomunicação. Fizemos a migração, retiramos o mainframe, e a participação desse fornecedor caiu para 2%, por outros serviços que presta, com máquinas de menor porte, e, evidentemente, houve um crescimento dos custos relativos às empresas de telecomunicações, atingindo a faixa dos 15% do total. Mesmo que tenhamos feito um grande investimento, instituindo, entre outras, uma grande estrutura na cidade de Porto Alegre, onde os principais nós de acesso, o core da rede, é proprietário do município de Porto Alegre, com fibras óticas interligando os 24 órgãos da administração municipal, em torno de 67 sites, dos quais 40 sites interligados pela fibra ótica proprietária, mesmo assim, 15% dos gastos ainda são relativos às telecomunicações. Então a Procergs tem hoje vários serviços de tecnologia de ponta para a iniciativa privada. Em compensação, as dificuldades do Estado são sempre grandes, pois ele está completamente sucateado. O Estado é atendido por sistemas informacionais bastante antigos, todos ligados ao mainframe, a maioria por terminais de vídeo, possuindo menos microcomputadores ligados em rede do que a Prefeitura de Porto Alegre, que tem uma relação de máquinas para servidores. No Estado do Rio Grande do Sul, esta relação é de máquinas para servidores. Essa é a defasagem que há entre o Município e o Estado. No nosso entendimento, esse sucateamento do Estado só pode ser atacado através de uma grande aglutinação de ações. E para isso, criamos a Comissão de Sistemas de Informação e Telecomunicações - Cosit. Todos os circuitos estão sendo recontratados com base em uma visão única de Estado, através da Cosit. Não são mais contratados pela Procergs e sim pelo governo, porque isso inclusive diminui questões tributárias. Estamos diminuindo toda esta fragmentação do Estado através de um planejamento estratégico. Estamos criando os grupos setoriais em cada secretaria e tive- 24
5 A Experiência de Gestão Pública da Informática no RS mos que atacar grupos setoriais que não eram somente grupos setoriais mas tinham a função de Centrais de Processamento de Dados - CPDs em todas as secretarias. A Secretaria da Fazenda, por exemplo, possuía uma estrutura muitas vezes superior à que a Procergs tinha para atender a Secretaria da Fazenda através de treinamento de fiscais, e uma demanda muito forte de concurso para fiscais, para melhorar a questão da receita do Estado. Então incentivamos essas pessoas para que fossem trabalhar efetivamente como fiscais, diminuindo a estrutura de CPD da Secretaria da Fazenda. Não se trata aí de uma disputa tecnológica, mas de uma questão cultural, para desfazer esse conceito de que existiria uma outra estrutura tão forte ou maior - inclusive sendo esta concentradora de recursos -, muito mais pela questão dos custos individualizados das telecomunicações do que pela questão da informática em si. Nós achamos que tem que haver uma ação centralizada de contratação, o que estamos chamando lá de rede de governo. Estamos utilizando as fibras óticas colocadas pela Prefeitura de Porto Alegre para fazer interligação dos nossos órgãos, do governo do Estado, e vamos ter uma rede então proprietária também na cidade de Porto Alegre, onde estão 60% dos serviços do Estado. E estamos contatando circuitos de alta velocidade para os nós de acesso aos 28 pontos de presença que elegemos no Estado. Temos no Rio Grande do Sul em torno de 470 municípios aos quais estaremos chegando com 28 pontos de presença para dali então distribuí-los para os diferentes órgãos do governo do Estado. Então até lá, o Backbone é uma responsabilidade exclusiva da Procergs definida por essa Comissão que se reúne bimestralmente com todos os representantes dos órgãos para discutir os planejamentos setoriais, na qual estamos participando. Não só o planejamento da informática, mas também os planejamentos estratégicos dos órgãos são feitos pela Procergs e estamos então, com isso, tentando diminuir o sucateamento do Estado, o mais rápido possível. Encontramos também uma outra discussão importante a ser feita: é a questão dos indicadores de eficiência e eficácia dessas organizações. Isso não é se contrapor a nenhum tipo de modelo de gestão, e sim ter cuidado com relação ao tipo de indicadores que estamos colocando dentro dos modelos de gestão. Como exemplo vou citar o caso do indicador para o Programa de Participação dos Lucros da Procergs. Esse programa tem um indicador que é o faturamento por empregado. Este indicador trouxe duas conseqüências importantes para a organização ao longo da questão anterior que resultaram em vários problemas, no início de 99. Um deles é que todos os serviços eram faturados, independente de o órgão ter condições financeiras ou não, resultando na inibição de solicitação de serviços de informática por parte daqueles órgãos que não apresentavam tais condições, e restringindo a nossa prestação de serviços a apenas aqueles órgãos que têm recursos. 25
6 Marcos Mazoni Portanto, nós só prestamos serviços para os órgãos que têm recursos, e evidentemente não são aqueles que lidam com as políticas sociais. Estes utilizam muito mais do esforço humano do que propriamente dos recursos orçamentários. Os seus recursos orçamentários estão lá na folha de pagamento; vocês sabem muito bem que a educação, se não se movimentar através dos professores, não tem outra forma de se movimentar. Portanto, a parte de tecnologia da informação vai ficando para trás. Um outro aspecto da questão do faturamento por empregado que eu julgo nefasto para os trabalhadores, é que nós podemos alterar os valores de faturamento e crescer - como foi o caso - faturando tudo que for possível, ou alterar o número de empregados, diminuindo a participação. E, portanto, se a empresa não tivesse alterado o número de empregados, ela não teria atingido o item para a distribuição de participação dos lucros. Logo, 400 trabalhadores foram embora e os 800 que ficaram tiveram uma participação nos lucros, que corresponderia, em média, a um salário a mais. Por conseguinte, a empresa dispensou 400 trabalhadores, que deixaram de receber 13 salários anuais, em benefício dos 800 que ficaram e que receberam um a mais. Esta lógica dos indicadores, no nosso entendimento, não só trabalha com a questão de incentivar os processos de privatização internos, mas também trabalha no sentido de incentivar a cultura neoliberal, que é a cultura do individualismo: Não me preocupo se 400 trabalhadores foram embora desde que eu receba o meu. Estamos fazendo uma discussão profunda em torno dessa questão, inclusive com o movimento sindical, sobre a legitimidade de indicadores. Não acreditamos em participação de lucros porque achamos que as empresas públicas não têm que visar o lucro. Elas têm que reverter o seu processo de lucro em benefício do social. Uma empresa pública que acumula lucros em final de gestão é sinal de que ela foi mal administrada ou que todos os problemas no âmbito público estão atendidos. Como não é o caso da nossa sociedade, temos que trabalhar para o benefício social. Estamos falando da participação em resultados, diferente de participação no lucro, mas também achamos que é muito importante o cuidado com o tipo de indicadores a serem usados, para que isso não aumente o processo de competição entre os trabalhadores e entre as corporações dos estados, entre as corporações da sociedade, de maneira a que hoje, ao introduzirmos no Estado a questão do orçamento participativo, que nós já tínhamos na Prefeitura há muitos anos, passamos a ter uma disputa efetiva entre quanto a sociedade quer gastar com tecnologia de informação e quanto se pode gastar com as outras necessidades sociais. E isso não pode se transformar numa guerra, isso tem que se transformar numa discussão sobre o que efetivamente o Estado precisa para a sua modernização e não qual é o resultado disso nas políticas de remuneração. 26
7 A Experiência de Gestão Pública da Informática no RS Portanto, achamos que tem de ser dado ênfase à questão dos serviços à sociedade. Fizemos então, para iniciar este trabalho, um planejamento estratégico participativo na Procergs que hoje é o modelo então adotado para todo o Estado, com uma representação do corpo gerencial da empresa, havendo para cada gerente da empresa um representante eleito pelos trabalhadores, para que se montasse toda a estrutura de planejamento. Fizemos esse planejamento em abril de 99, passando em seguida para as comissões de acompanhamento do planejamento estratégico participativo, implantando isso em vários órgãos do governo do Estado, mais expressivamente o Banco do Estado do Rio Grande do Sul que tem 8 mil funcionários, no qual tivemos, numa primeira Plenária, pessoas participando do Planejamento Estratégico Participativo, agora, então, do governo do Estado. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Achamos que a questão da tecnologia não é um elemento neutro na economia. O Estado vem investindo pesadamente nos últimos anos em tecnologia de informática e em telecomunicações, como um elemento de transparência e inclusive para facilitar o fluxo de capitais. Então, se é verdade que os capitais são os mais remunerados, eles são muito bem remunerados porque têm também uma preocupação com o tempo. E, hoje, a tecnologia da informação ajuda a resolver para o capital essa questão de tempo Por exemplo, Cingapura, o que que faz Cingapura? Cingapura, na verdade, o que tem é uma Bolsa de Valores baseada em tecnologia ATM, uma tecnologia de altíssima velocidade, e se o mundo do capital precisar sacar seu dinheiro rapidamente, ele o faz mas como fizeram com o México, quebrando este país no que se estima em torno de 30 minutos, de 24 a 30 minutos. A tecnologia da informação tem fator de forte envolvimento com a economia e este é pesado no que determinam as relações econômicas e sociais. E nesse ponto, nós achamos que uma função primordial do Estado é trabalhar com esses elementos de maneira a diminuir essas possibilidades cada vez maiores de exclusão social que a tecnologia nos apresenta. É muito fácil dizer que estamos trabalhando com a tecnologia para o crescimento da humanidade. Mas normalmente quem se apropria do conhecimento, do investimento feito, inclusive por toda humanidade, são sempre as parcelas mais elitizadas da sociedade, são sempre aqueles que têm a maior facilidade de acesso à tecnologia e até aos recursos. A medicina é um exemplo disso. Até ela se transformar numa coisa popular, primeiro ela é apresentada para aqueles de maiores recursos. Hoje, as intervenções mais sofisticadas tecnologicamente são aquelas mais caras, e os Planos de Saúde cada vez mais têm uma visão comercial sobre elas. Então, achamos que é importante um investimento na informática e nas telecomunicações pelo Estado, porque pensa- 27
8 Marcos Mazoni mos que o Estado precisa, também, ser um elemento de composição desse modelo econômico. Ou seja, o Estado tem que intervir de maneira a possibilitar o acesso a essa tecnologia a todos. E aí entra a questão do controle social sobre o Estado. A melhor forma que nós temos hoje de estabelecer um controle social efetivo sobre o Estado é através do uso da tecnologia da informação. Como exemplo, e até mesmo por necessidade de fazer ações com pouco recursos, investimos durante o ano de 99 na Internet como um elemento de transparência do Estado, além de toda a reorganização da estrutura. Hoje, no Rio Grande do Sul é possível acessar o Orçamento do Estado através da Internet, e eu estou falando de dados finais, do orçamento do dia de hoje. Quem quiser conhecer as contas públicas do Estado do Rio Grande do Sul, elas estão on-line na Internet, sem nenhuma manipulação de informações. Todos os nossos serviços possíveis estão sendo colocados na Internet e estamos fazendo um convênio com o Banco do Estado do Rio Grande do Sul para colocar terminais públicos de Internet em todas as cidades, e é por isso que nós também queremos que ele continue sendo um banco estatal, pois está presente em 700 das 1200 localidades dos nossos 470 municípios. Portanto, ele é uma porta de acesso, para todo cidadão, às informações do Estado do Rio Grande do Sul. Não precisa ter computador, não precisa ter essas estruturas para acessar o conjunto de informações e serviços do Estado do Rio Grande do Sul, como por exemplo a prestação de serviços médicos, e até mesmo os serviços para obtenção de informações sobre veículos e condutores. A nossa página está completa de serviços e, evidentemente, queremos chegar a muito mais. Mas, hoje, ela já é uma das páginas que detêm maior quantidade de serviços públicos. Fizemos, também, fóruns na sociedade, onde reunimos as 17 universidades do Estado do Rio Grande do Sul da área de Informática, os empresários dos setores de Informática e de Telecomunicações e o governo e criamos um fórum de trabalho. Fizemos a primeira reunião operacional do simpósio de trabalho para o estabelecimento de políticas públicas e privadas para o crescimento dos setores de Informática e de Telecomunicações no Estado do Rio Grande do Sul. Ainda acreditamos que a informática e as telecomunicações, hoje, podem ser um instrumento de governo, um instrumento do Estado, e por isso criamos essa Comissão como instrumento de governo, ligada diretamente ao governador, onde a Procergs participa na Secretaria Executiva, mas são os secretários da Administração, do Planejamento e da Fazenda que fazem a política geral de informática e telecomunicações para o Estado. Na política de desenvolvimento econômico-social, acreditamos que o nosso governador popularizou duas frases durante a campanha eleitoral, que temos que responder por elas. Uma delas é que precisamos ter um desenvolvimento do Estado integrado e integrador. Nós achamos que através da informática isso seja 28
9 A Experiência de Gestão Pública da Informática no RS possível. Nós estamos juntando todos os segmentos da economia gaúcha para que nesse fórum discutam como a informática pode ajudar a alavancar tecnologicamente setores da nossa economia que estão hoje prejudicados, como por exemplo o setor coureiro, o calçadista, como o nosso setor agrícola. Achamos que, através da informática, vamos então gerar novos empregos. Não se trata do Estado contratando empregos ou comprando serviços, mas o Estado fazendo articulação com os agentes econômicos no sentido de alavancar os setores que hoje estão defasados tecnologicamente e com isso gerar empregos inclusive no setor de informática e telecomunicações. Assim o Estado pode ser integrador. E ele é, evidentemente, um setor integrado, porque nós podemos atuar em toda a cadeia, em todos os elos da cadeia produtiva do setor de informática. E por último, a segunda frase que nosso governador popularizou bastante é que não podemos ter um crescimento econômico do Estado que seja concentrado nos grandes centros urbanos. No Estado do Rio Grande do Sul vive hoje na Região Metropolitana de Porto Alegre cerca de 50% da população economicamente ativa. E o que queremos é que nossa política de desenvolvimento econômico tem que ser distribuída em todas as regiões do Estado. Então, achamos que através dessa articulação de políticas, através de uma rede do governo que leve serviços, que leve velocidade de comunicação para todos os cantos do Estado do Rio Grande do Sul, nós podemos efetivamente espraiar o nosso desenvolvimento econômico. Não estamos trabalhando num modelo muito diferenciado do que se tem visto por aí, pois também temos uma carência muito grande, e portanto estamos trabalhando descentralizadamente, muito embora os grandes sistemas por definição sejam os sistemas que estão concentrados na Procergs, mas o que na verdade estamos fazendo e achando que foi a nossa ação mais importante e que mais nos concentrou o trabalho durante o ano de 99, foi a atividade de desprivatização do Estado. O Estado entregue nas mãos da iniciativa privada não deu o resultado que a sociedade gaúcha queria. Portanto, o que estamos fazendo é uma reversão disso, e fazendo com que o Estado seja efetivamente o elemento que possa atuar na melhoria da qualidade de vida de toda a população, e não só daqueles grupos que cercam o governo. KEYWORDS Administration - Public sector information systems- Privatization 29
10 A Experiência de Gestão da Informática no RS ABSTRACT The article makes an analysis of the administration of the public sector information systems starting from the administration experience in the State of Rio Grande do Sul, where it was evident, in the end of the decade of 90, the dispute of two models of public administration. The author makes the defense of the administration model that is based in the popular participation and in the social control on the structure of the state, and he understands the technology of the information as an instrument for the promotion of that control, through the access to the public information. The author s defense also goes by the conception that the use of the computer science and of the telecommunications it can be besides a government instrument for the economic development, inverting the paper that until then the technology comes exercising, of being promoter of the social exclusion. 30
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