FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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2 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1ª Edição

3 SOMESB Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda. Gervásio Meneses de Oliveira Presidente William Oliveira Vice-Presidente Samuel Soares Superintendente Administrativo e Financeiro Germano Tabacof Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão Pedro Daltro Gusmão da Silva Superintendente de Desenvolvimento e Planejamento Acadêmico FTC - EAD Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância Reinaldo de Oliveira Borba Diretor Geral Marcelo Nery Diretor Acadêmico Roberto Frederico Merhy Diretor de Desenvolvimento e Inovações Mário Fraga Diretor Comercial Jean Carlo Nerone Diretor de Tecnologia André Portnoi Diretor Administrativo e Financeiro Ronaldo Costa Gerente Acadêmico Jane Freire Gerente de Ensino Luis Carlos Nogueira Abbehusen Gerente de Suporte Tecnológico Osmane Chaves Coord. de Telecomunicações e Hardware João Jacomel Coord. de Produção de Material Didático MATERIAL DIDÁTICO Produção Acadêmica Produção Técnica Jane Freire Gerente de Ensino Ana Paula Amorim Supervisão Letícia Machado Coordenação de Curso Ana Clara Silva de Jesus Isabel Sampaio Autoria João Jacomel Coordenação Carlos Magno Brito Almeida Santos Revisão de Texto Bruno Benn de Lemos Editoração Bruno Benn de Lemos Ilustrações Equipe Antonio França Filho, Angélica de Fátima Jorge, Alexandre Ribeiro, Bruno Benn, Cefas Gomes, Cláuder Frederico, Danilo Barros, Francisco França Júnior, Herminio Filho, Israel Dantas, John Casais, Márcio Serafim, Mariucha Ponte, Tatiana Coutinho e Ruberval da Fonseca Imagens Corbis/Image100/Imagemsource copyright FTC EAD Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei de 19/02/98. É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito, da FTC EAD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância.

4 SUMÁRIO EDUCAÇÃO AMBIENTAL: AÇÃO PERMANENTE E TRANSFORMADORA 7 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL CONSCIENTE 7 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO AMBIENTAL E AOS PROBLEMAS AMBIENTAIS 7 EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A CIDADANIA 11 PARADIGMA ECOLÓGICO: SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO 12 AGENDA ATIVIDADE COMPLEMENTAR 20 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 21 ASPECTOS BIOÉTICOS SOBRE A PROBLEMÁTICA AMBIENTAL 21 O DIREITO AMBIENTAL NO PLANO INTERNACIONAL 24 DEGRADAÇÃO NOS CENTROS URBANOS 30 ECOLOGIA SOCIAL: POBREZA E MISÉRIA 32 ATIVIDADE COMPLEMENTAR 34 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A PRÁXIS PEDAGÓGICA 35 ANÁLISES DE QUESTÕES AMBIENTAIS EMERGENTES 35 ANÁLISE DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SUAS INTERFERÊNCIAS NO AMBIENTE 35 BIODIVERSIDADE E AS CONDIÇÕES DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL 39 RECURSOS HÍDRICOS: CONDIÇÕES DE USO E PRESERVAÇÃO 45 PRODUÇÃO DE ENERGIA E A SUA FINALIDADE 50 ATIVIDADE COMPLEMENTAR 54

5 SUMÁRIO ORGANIZAÇÃO DOS PLANOS DE AÇÃO PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL 55 ENFOQUES E DIFICULDADES DO ENSINO DE EA NO BRASIL 55 A EDUCAÇÃO COMO ELEMENTO INDISPENSÁVEL PARA A TRANSFORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL 58 DESENVOLVIMENTO SOCIAL, MEIO AMBIENTE E AS PRÁTICAS EDUCATIVAS 59 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL: PCNS E UMA PROPOSTA DE TRANSVERSALIDADE 62 ATIVIDADE COMPLEMENTAR 67 GLOSSÁRIO 68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 70

6 A floresta é um organismo peculiar de benevolência ilimitada, que não faz nenhuma exigência para o seu sustento, e fornece generosamente os produtos de sua existência. Ela também abriga todos os seres, inclusive o lenhador que a destrói. Buda. Caro graduando (a), A Educação Ambiental assume o desafio de repensar a Educação no seu momento atual, de uma forma interdisciplinar através da qual suas conexões com outras disciplinas são valorizadas. Nesta área tão promissora devemos assumir um compromisso de adotar ações transformadoras de grande importância para a construção de uma sociedade mais justa e mais humana. Este material oferece a você aspectos importantes acerca das trajetórias e fundamentos da Educação Ambiental, princípios e bases, modelos de desenvolvimento, informação e comunicação ambiental, programas e projetos, técnicas de ensino e aprendizagem. Cada vez mais se recorre à Educação Ambiental, enfatizando-se as dimensões ecológicas da crise ambiental, práticas sociais e políticas e a sustentabilidade. Essa disciplina possui 72 horas e encontra-se dividida em blocos temáticos, sendo que cada bloco será divido em dois temas. O primeiro bloco temático refere-se à Educação Ambiental: Ação Permanente e Transformadora, onde estudaremos a importância da Educação Ambiental, cidadania, paradigma ecológico e sustentabilidade. Relação ser humano e ambiente e suas representações sociais, práticas contextualizadas, intervenção social e crise ambiental. No segundo bloco temático, estudaremos Educação Ambiental e a Práxis Pedagógica, com temas relevantes para grande reflexão, como análise das mudanças climáticas, biodiversidade, recursos hídricos, prevenção, produção de energia, desenvolvimento ambiental, documentos, intervenção interdisciplinar e projetos de trabalho. O material didático desta disciplina foi estruturado em textos reflexivos e informativos que objetivam garantir o direito a um ambiente saudável e equilibrado, salientando a sua importância na vida prática. É aconselhável, portanto, a leitura, análise e interpretação dos textos, fazendo-se necessário o estudo no ambiente virtual de aprendizagem. Esperamos que esse trabalho promova expectativas, contribuindo para uma Educação Ambiental cada vez mais critica e consciente. Mas, lembre-se: Apresentação da Disciplina A Educação Ambiental é um processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva, garantindo o acesso à informação, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica, estimulando as questões ambientais e sociais, assumindo uma ação transformadora como questão ética e política (Art. 1º da lei 9.795/99). Desejamos a todos! Profª Ana Clara Silva de Jesus Profª Isabel Sampaio

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8 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: AÇÃO PERMANENTE E TRANSFORMADORA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL CONSCIENTE INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO AMBIENTAL E AOS PROBLEMAS AMBIENTAIS Atenção Estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelaram que 24% dos casos de doença no mundo se devem à exposição aos riscos ambientais evitáveis, em que morrem por ano cerca de 13 milhões de pessoas, em decorrência de algum mal relacionado a questões ambientais, que podem ser evitadas. Mas, para isso, devem ser adotadas intervenções bem orientadas podendo assim evitar até quatro milhões de mortes por ano. A exposição aos riscos ambientais é responsável por um em cada três casos de doença entre crianças menores de cinco anos. Mais de 40% das mortes por malária e cerca de 95% das provocadas por enfermidades diarréicas, as duas maiores causas de mortalidade infantil no mundo, poderiam ser evitadas se a gestão ambiental fosse aprimorada, já que ambas são contraídas por água contaminada. Este quadro alarmante precisa ser modificado com a máxima urgência, pena de levarmos a nossa própria espécie à extinção. Problemas ambientais Os problemas ambientais afetam e preocupam desde os países desenvolvidos aos em desenvolvimento. Lamentavelmente esses problemas são muitos e afetam a todos sem distinção de classe, raça, gênero ou religião. Dentre estes problemas faremos menção aos problemas de maior gravidade, que atualmente afetam toda a humanidade: Acúmulo de resíduos: O crescimento da população aumenta o consumo de bens e produtos, acarretando, assim, o aumento e acúmulo de resíduos. A transformação desses resíduos, na maioria das vezes, é muito lenta, principalmente se observarmos o tempo que materiais que não são biodegradáveis como, o plástico, levam para se decompor. Diante do exagerado crescimento do acúmulo de resíduos, o homem se vê na necessidade de encontrar um destino adequado para estes resíduos. Um deles, bastante utilizado, é a queima de resíduos, técnica que acarreta a liberação de uma grande quantidade de gases tóxicos e resíduos contaminantes do solo. Hoje, devido à preocupação com o desenvolvimento sustentável, se utiliza uma técnica menos da- Fundamentos da Educação Ambiental 7

9 nosa o aterro sanitário,na qual a escolha de um local adequado para a colocação dos resíduos acaba afetando menos o solo e as águas superficiais e subterrâneas. Mas outras medidas mitigadoras podem ser adotadas em relação ao problema do acúmulo de resíduos, a exemplo da reciclagem de materiais como o papel e o alumínio, ou mesmo regulamentar, limitar ou até mesmo proibir a circulação de determinados resíduos, como, exemplo, os nucleares. Mudanças climáticas: este problema hoje é tratado de forma global. A grande maioria dessas mudanças ocorre devido ao acúmulo de gases termoativos, denominados estufa, na atmosfera. Os gases que compõem a atmosfera retêm o calor que escapa da superfície terrestre. O problema consiste no crescente acúmulo destes gases, como conseqüência da queima de combustíveis fósseis e do acelerado processo de desmatamento das florestas, que absorvem naturalmente estes gases. As conseqüências do aquecimento global são inúmeras e cada dia mais visíveis, como, por exemplo, as inundações, tempestades e secas, que apresentam-se cada vez mais extremas, e o processo de derretimento do gelo e das geleiras polares, que acarretam o aumento exagerado do nível das águas, submergindo lentamente as áreas mais baixas do mundo. Para minimizar e desacelerar essas mudanças climáticas crescentes, devem ser tomadas medidas enérgicas e rápidas. Dentre elas podemos citar: A diminuição das emissões dos gases de dióxido de carbono; A busca de fontes de energia mais limpas; Preservação da vegetação existente e revitalização das áreas degradadas. A diminuição da camada de ozônio: a camada de ozônio se encontra na estratosfera e é responsável por absorver a maior parte da radiação ultravioleta procedente do Sol, evitando assim o alcance destes à superfície da Terra. Os raios ultravioleta afetam diretamente os seres vivos, podendo causar graves queimaduras, além de aumentar as possibilidades do desenvolvimento de câncer de pele. A causa da diminuição da camada de ozônio é a emissão do gás CFC, clorofluorcarbono, usado nos sistemas de condicionadores de ar e como impulsionador de aerossóis. Apesar de inofensivo para o usuário, é altamente danoso para o ambiente, pois contribui para o aquecimento global e o cloro liberado destrói a camada de ozônio. A extinção de espécies vivas: devido à antropização ocasionada principalmente pela instalação de indústrias, urbanização, expansão da comunicação, exploração de minérios e implantação de grandes lavouras de monocultura, o equilíbrio dos ecossistemas está sendo abalado acarretando a diminuição da biodiversidade. Atualmente o desmatamento é justificado pela necessidade humana de madeira ou de extensão das fronteiras agrícolas. Este processo acaba por reduzir a evaporação e a infiltração da água alterando o ciclo da água e reduzindo a biodiversidade do planeta. Dentre as alternativas para este problema temos a criação de reservas em ecossistemas complexos e a escolha de um processo de desenvolvimento sustentável. A contaminação: de maneira geral, podemos dizer que contaminação é a degradação do solo, da atmosfera, da água, ressaltando os limites de impureza aceitos cientificamente. Neste processo ocorre a alteração da ordem do ecossistema ou da região por ação de fatores externos, e que estão exclusivamente associados a ações do homem, como as mudanças climáticas, depredação da fauna, alteração da biodiversidade, desmatamento, chuvas ácidas, entre outras. Desmatamento: a vegetação desempenha funções importantes nos ecossistemas, atuam protegendo o solo contra a erosão, contribuem para a moderação do clima e das inundações, representam o habitat de milhões de espécies animais e vegetais, além de prover madeira e alimentos. O desmatamento se origina em atos humanos indiscriminados, principalmente para o avanço da fronteira agropecuária ou por incêndios. Isso traz conseqüências importantes como a redução da fixação de carbono do ar pelas plantas, perda de espécies animais e vegetais e a desertificação. Os dados mais recentes sobre o tema in- 8 FTC EAD BIOLOGIA

10 dicam que no ano de 1935 a Argentina possuía km 2 de vegetação nativa, e hoje este valor é inferior a km 2. É necessário levar em conta que a vegetação nativa é proprietária de uma biodiversidade vegetal e animal e muito valiosa em termos genéticos, econômicos e ambientais. Contaminação do meio aquático: os recursos hídricos têm sido freqüentemente alterados com a perda de seus elementos constitutivos. Em alguns casos são utilizados como descargas de águas residuais dos centros urbanos, de indústrias, campos agrícolas e de hidrocarbonetos provenientes de embarcações. Os resíduos procedentes de indústrias e usinas nucleares, geralmente com elevadas temperaturas, acarretam o aumento da temperatura dos rios e lagos, originando o que se conhece por poluição térmica. Este aumento de temperatura provoca mudanças na concentração de oxigênio dissolvido na água, não sendo possível nesses locais manter os organismos vivos. É importante levar em conta que a água é um dos elementos constitutivos mais importante da natureza, pois é um fator indispensável em todos os processos biológicos. Contaminação dos alimentos: os alimentos são considerados uma das principais formas de contaminação biológica, química ou física para o ser humano. A contaminação pode ocorrer em qualquer uma das fases de produção, processamento, armazenamento ou consumo. É impossível não falar dos corantes, acidulantes e aditivos que contêm metal pesado ou substâncias outras que não são assimiláveis pelo organismo, e que constituem uma forma de contaminação cujos efeitos serão evidenciados a longo prazo. Para poder combater os problemas ambientais não seriam apenas necessárias medidas distintas para evitar que tais problemas se instalem. Mas, para reduzir as agressões ambientais, é importante promover a mudança na consciência da humanidade, da escola, das organizações sociais, religiosas e dos meios massivos de comunicação. Agentes contaminantes e sua estreita relação com algumas patologias: o meio ambiente apresenta variadas estruturas e relacionamentos complexos, tanto nos aspectos biológicos quanto nos sociológicos. As grandes mudanças da tecnologia e da estrutura social das últimas décadas não significam apenas uma possibilidade de melhoria da qualidade de vida da população, mas têm contribuído em grande escala para a contaminação do nosso habitat. Além do mais, o aumento da capacidade de movimentação das pessoas e bens de consumo aumentam ainda mais a possibilidade de estar involuntariamente exposto a substâncias e situações ambientais potencialmente danosas à saúde. É perceptível que a condição ambiental tem uma incidência muito impactante na saúde das pessoas, pois algumas enfermidades são claramente causadas por agentes biológicos e químicos do meio ambiente. Os fatores biológicos conduzem a enfermidades infecciosas, embora muitas destas enfermidades sejam de difícil cura, muito se sabe sobre elas, o que pode ajudar a aumentar as ações que levem a minimizar consideravelmente a sua incidência. Os perigos químicos do meio ambiente podem causar efeitos imediatos e danos sobre a saúde, além de contribuírem com problemas crônicos a curto ou em longo prazo. Porém o seu maior problema está na inexatidão dos conhecimentos até aqui adquiridos sobre as curas para tais casos, o que acaba por dificultar o seu tratamento. Abaixo seguem algumas estatísticas mundiais a respeito dos agentes contaminantes e a sua relação com o ambiente: A cólera durante muito tempo esteve erradicada na América Latina, e ressurgiu devido a uma combinação de fatores ambientais e sociais, resultando na morte de pessoas em 1991 e causando um impacto econômico calculado em 200 milhões de dólares somente no Peru. Fundamentos da Educação Ambiental 9