XI CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA
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- Cacilda Aleixo de Lacerda
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1 XI CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA 1 a 5 de setembro de 2003, UNICAMP, Campinas, SP Título da atividade: 5) Do Monopólio da Modernização à Diversidade do Progresso Social: as formas sociais de produção na agricultura brasileira ou 10) Movimentos sociais rurais em múltiplas dimensões TÍTULO DO TRABALHO: UMA AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE QUEIJO TIPO PROVOLONE NO PROJETO DE ASSENTAMENTO ESMERALDA NO EDR DE ANDRADINA-SP. Autor(a): LUÍS GILBERTO BONADIO FRANCO - ITESP Grupo Técnico de Campo de Andradina, Analista Desenvolvimento Agrário. lgbfranco@institutodeterras.sp.gov.br Fone: (18) Rua Rui Barbosa, 144 CEP: Mirandópolis-SP. MARIA APARECIDA ANSELMO TARSITANO - UNESP - Campus de Ilha Solteira, Profª Adjunta. maat@agr.feis.unesp.br Fone: (18) Passeio Sabará, Ilha Solteira RESUMO: Nos assentamentos do Estado, mais de 70% das famílias possuem gado leiteiro e o valor gerado pela atividade responde por 60,98 % do valor total da produção. Entretanto, a renda obtida por estes agricultores individualmente varia bastante dependendo do modo como é conduzida a atividade e sua forma de comercialização. O município de Mirandópolis, região noroeste Paulista, mais especificamente no Projeto de Assentamento Esmeralda, a produção de leite e seus derivados são significativos. A importância de se analisar economicamente, projetos desta natureza, motivou a realização deste trabalho, que teve como objetivo estimar e avaliar os resultados sócio-econômicos da produção do queijo tipo provolone, na época da safra do leite. Os dados foram obtidos mediante entrevista e acompanhamento de um produtor rural, representativo no assentamento na produção de queijo. Os resultados indicam que a produção de queijo tipo provolone é viável principalmente quando se considera o sub-produto da fabricação do queijo como alimento de matrizes suínas na propriedade.
2 TÍTULO: UMA AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE QUEIJO TIPO PROVOLONE NO PROJETO DE ASSENTAMENTO ESMERALDA NO EDR DE ANDRADINA-SP. INTRODUÇÃO Nas décadas de 1950 e 60 as Ligas Camponesas se constituíram num dos paradigmas da luta pela terra, em um momento histórico em que a reforma agrária se constituiu na proposta política dos trabalhadores rurais excluídos. A partir do começo da década de 1980, uma nova política começou a se desenhar com o levantamento completo dos bens imóveis rurais da Administração direta Centralizada do Estado e com a promulgação da Lei Estadual que determinou o levantamento de imóveis inaproveitados para o assentamento de trabalhadores rurais. Estabeleceu-se uma nova categoria o Assentamento Estadual, promovido em terras do patrimônio público do estado, além da assistência técnica em assentamentos Federais INCRA. (Cadernos ITESP nº 06). A principal produção animal nos Assentamentos do Estado de São Paulo é a pecuária de leite, que se explica tanto pela característica das áreas objeto de assentamento, em boa parte constituída de pastagens, como pela possibilidade de remuneração imediata e constante que essa atividade propicia às famílias que a desenvolvem, onde a capacidade média de suporte das pastagens dos assentamentos é de 1,4 Unidade Animal (UA) por hectare, ou seja, 40% superior em relação à média para o Estado de São Paulo, aferida pelo Projeto LUPA em 1,0 UA por hectare com produção de vacas em lactação por dia de 4,74 litros (Cadernos ITESP nº 01).
3 Nos assentamentos do Estado de São Paulo, mais de 70% das famílias possuem gado leiteiro e o valor gerado pela atividade responde por 60,98 % do valor total da produção. Entretanto, a renda obtida por estes agricultores individualmente varia bastante dependendo do modo como é conduzida a atividade e sua forma de comercialização. Os assentamentos no Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Andradina são da década de 80, sendo que o assentamento Esmeralda, pertencente aos municípios de Pereira Barreto e Mirandópolis, foi implantado em Segundo Amaral, et al. (2003) no EDR de Andradina existem cerca de cabeças de bovinos para leite e quase cabeças de bovinos mistos (leite e carne), representando pouco mais de 4% da produção total do Estado de São Paulo. Nos assentamentos desta região a atividade leiteira é a que propicia maior renda aos assentados, sendo que 75% dos produtores possuem vacas ordenhadas, sendo que a produção em 97/98 foi de quase 7 milhões de litros de leite (Hespanhol et al., 2003) A importância de se analisar economicamente, projetos desta natureza, motivou a realização deste trabalho, que teve como objetivo estimar e avaliar os resultados sócioeconômicos da produção do queijo tipo provolone, na época da safra do leite. METODOLOGIA Definiu-se que a pesquisa seria concentrada no Assentamento Esmeralda, pertencente ao EDR de Andradina, região oeste do estado de São Paulo onde a presença da pecuária leiteira é marcante. A opção por este assentamento também se deveu ao fato do mesmo apresentar razoáveis condições logísticas para realização da pesquisa e do interesse do técnico do ITESP no sentido de apoiar as atividades de campo, fornecendo roteiros e outras informações importantes sobre o assentamento. A metodologia proposta neste trabalho é composta pela aplicação de um questionário junto ao produtor, definido como participantes da pesquisa, representativo no assentamento na produção de queijo tipo provolone. O questionário foi elaborado visando levantar dados sobre o efetivo das criações, sobre a produção leiteira, tecnologia utilizada, canais de comercialização, quantidades
4 comercializadas, preços médios recebidos pelos produtores, entre outros. Além disso, o questionário procurou identificar com perguntas abertas, os principais problemas enfrentados pelo produtor. Os dados foram obtidos durante o período de Outubro e Novembro de 2002 mediante acompanhamento das atividades desenvolvidas na preparação do queijo. Não se levantou os custos da abertura de firma e com as demais exigências da legislação vigente para a comercialização do queijo, pois o mesmo é considerado artesanal e será beneficiado pela nova lei de comercialização de produtos de origem animal artesanal. Para a determinação do custo de produção do queijo foram considerados os preços dos insumos praticados em maio de Na composição do custo de mão-de-obra foi considerado o valor médio da diária paga na região, e o rendimento do queijo foi de 1 kg para cada 10 l de leite. O método utilizado como parâmetros dessas estimativas baseia-se em MATSUNAGA et al., (1976), que permite obter o Custo Operacional Efetivo (COE) e Custo Operacional Total (COT) de produção. O COE constitui-se na soma de despesas diretas de custeio incorridas pelo produtor agrícola na condução de sua atividade, tais como: mão de obra e materiais consumidos, enquanto que o COT inclui, além do COE outras despesas operacionais como 5% do COE. Foram determinados os seguintes indicadores de lucratividade: a receita bruta (RB) foi obtida considerando a quantidade produzida em número de peças de queijo, e preço médio recebido pelo produtor; o lucro operacional (LO) constitui a diferença entre a receita bruta e o custo operacional total; o índice de lucratividade mostra a proporção da receita bruta que se constitui em recursos disponíveis, após a cobertura dos custos operacionais totais. É uma medida importante da rentabilidade da atividade agropecuária (Martin et al. 1987). RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 apresenta uma estimativa do custo operacional total, da produção mensal de 210 peças de 0,5 kg cada, de queijo tipo provolone no assentamento Esmeralda.
5 Analisando esta tabela verifica-se que o custo operacional efetivo, isto é, as despesas com mão-de-obra e materiais totalizaram R$612,32, destacando as despesas com material que representaram quase 95% do COE. Das despesas totais com materiais, somente as despesas com o leite in natura representa quase 85% deste total. Na etapa da fabricação de queijo, somente as despesas com leite representaram um custo de R$ 2,35 a unidade de queijo produzido, ou seja, quase 60% do preço recebido pelo produtor pela peça do queijo provolone. Se do custo operacional efetivo acrescentarmos as outras despesas operacionais, obtemos o custo operacional total de R$642,92 ou R$3,06 a peça de 0,5 kg (preço mínimo para cobrir todos os custos). Os indicadores de lucratividade da produção de queijo podem ser observados na Tabela 2. Considerando um preço médio de R$4,00 a peça de 0,50 kg a receita bruta foi de R$840,00, obtendo um lucro operacional de R$197,09 e um índice de lucratividade de 23,46%. A partir dos dados coletados, podemos observar que, dependendo do preço do leite pago pelo laticínio na venda in natura, pode não compensar a fabricação de queijo.
6 Tabela 01. Custo de Produção de Queijo Tipo Provolone no Projeto de Assentamento Esmeralda município de Mirandópolis, maio de DESCRIÇÃO ESPECIF. V. unit. Qtd. Total (R$) Total (US$)* A. OPERAÇÕES MANUAIS Mão de Obra HH 1,50 21,00 31,50 94,50 Subtotal A 31,50 94,50 B. MATERIAL LEITE litros 0, ,00 493, ,50 SAL kg 1,10 10,00 11,00 33,00 EMBALAGEM unid com 100m 5,30 1,00 5,30 15,90 GAS unid 30,00 0,50 15,00 45,00 COALHO litros 14,00 4,00 56,00 168,00 Subtotal B 580, ,40 Custo operacional efetivo (C.O.E) 612, ,90 Outras despesas 30,62 91,85 Custo operacional total (C.O.T) 642, ,75 CUSTO TOTAL 642, ,75 RENDA BRUTA unid com 0,5 kg 4,00 210,00 840, ,00 RENDA LIQUIDA 197,09 591,26 Fonte: dados básicos da pesquisa * Valor atual do dólar R$3,00
7 Tabela 02. Lucratividade da Produção de Queijo Tipo Provolone no Assentamento Esmeralda da Mirandópolis, maio de PRODUÇÃO (Unidade/mês) 210,00 PREÇO MÉDIO R$ 4,00 RENDA BRUTA R$ 840,00 CUSTO OP TOTAL R$ 642,92 LUCRO OPERAÇÃO R$ 197,09 ÍNDICE DE LUCRATIVIDADE R$ 23,46 PREÇO DE EQUILÍBRIO R$ 3,06 Fonte: dados básicos da pesquisa CONCLUSÃO Com o presente estudo constatou-se que a produção queijo representa uma boa alternativa para produtor rural, principalmente na época de safra da produção de leite, além do aproveitamento do sub-produto originado da fabricação do queijo que é usado na alimentação de 06 matrizes suínas da propriedade. Se o mesmo leite usado na fabricação do queijo fosse vendido para o laticínio a R$ 0,47 o litro (preço liquido de maio de 2003 pago ao agricultor) o lucro seria de R$ 493,50. Um estudo que pode ser realizado em uma próxima etapa para mensurar a dimensão do lucro líquido em toda a cadeia de produção, do leite ao soro e queijo;
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, A.M.P. et al. Estimativa da produção animal no Estado de São Paulo. Informações Econômicas, v. 33, n. 3, p.84-97, HESPANHOL, A.N., COSTA, V.M.H. M., SANTO, C.R.E. Os assentamentos e os reassentamentos rurais na região de Andradina-SP. In: BERGAMASCO, S.M.P.P.; AUBRÉE, M. e FERRANTE, V.L.S.B. (Coord.). Dinâmicas familiar, produtiva e cultural nos assentamentos rurais de São Paulo. FEAGRI/UNICAMP, Campinas, P MARTIN, N.B. et al. Sistema CUSTAGRI : sistema integrado de custo agropecuário. São Paulo: IEA, P.4-7. MATSUNAGA, M. et al. Metodologia de custo de produção utilizada pelo IEA. Agricultura em São Paulo, São Paulo, v.23, t.1, p , janeiro MEDIAÇÃO NO CAMPO: Estratégias de Ação em Situações de Conflito Fundiário. Nº 06 (dez. 1998). São Paulo: ITESP, p., il., 23 cm. (Série Cadernos ITESP / Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania). RETRATO DA TERRA 97/98: Perfil Sócio - Econômico e Balanço da Produção Agropecuária dos Assentamentos do Estado de São Paulo n 09, São Paulo: ITESP, p.,il., 23 cm (Série Cadernos ITESP / Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania). RETRATO DA TERRA: Perfil sócio-economico dos Assentamentos do Estado de São Paulo. Nº 02 (jul. 1998). São Paulo: ITESP, p., il., 23 cm. (Série Cadernos ITESP / Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania).
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