Departamento Acadêmico

Transcrição

1 Departamento Acadêmico Quarto Boletim de física e Espiritualidade ( Com texto inicial sobre o natal escrito pelo Dr. Décio Iandoli)

2 Natal Na semana anterior ao natal, certa pessoa com quem eu conversava, sabendo que eu sou espírita, me perguntou: - Você, como espírita, comemora o natal? Esta pergunta me trouxe, de início, aquela velha reflexão sobre a natureza espiritual que o natal tem, a despeito do carater econômico que a festa assumiu, entretanto, me ocorreu algo a mais que decidi partilhar neste artigo. Os feriados ou comemorações coletivas estão quase sempre ligadas a fatos do passado cujos acontecimentos mudaram os rumos da história ou os destinos de uma comunidade ou população e, via de regra, temos uma figura, um herói, alguém que promoveu ou provocou aquele fato histórico, cuja atuação se destacou dentro do contexto. Sendo assim, a primeira coisa que precisa ser definida é: O que é um herói? Nem me dei ao trabalho de ir ao dicionário, como costumo fazer nas oportunidades em que busco as definições mais precisas das palavras, achei que meu senso comum seria mais que suficiente e considerei o seguinte: Heróis são aquelas pessoas que se sacrificaram por um bem maior, são aqueles que abidicaram de suas posses ou de sua posição social, de seu conforto ou mesmo de suas vidas, para beneficiar um número maior de pessoas, geralmente defendendo um ideal, ou melhor dizendo, uma idéia, que eles, os heróis, julgaram tão importante que mereceu todo o seu sacrifício para que fosse conhecida e entendida por todos. O tempo nos conta se tais pessoas, que defenderam suas idéias até o final e com sacrifícios enormes estavam certas, e se assim for, passam a ser considerados heróis. Existem outros heróis, os desconhecidos, aqueles dos quais ninguém tem notícia, pois sua ação não teve uma amplitude suficiente para repercutir, mas que, seguindo a nossa definição, ofereceram algo de si mesmos, de seu conforto, de suas vidas, em benefício do próximo, e assim sendo, percebo que cada um de nós pode ser um herói anônimo, cujos atos de heroismo se perdem no cotidiano quando deixamos de ter algo para favorecer outro, deixamos de falar algo para não ferir o outro, deixamos nossas vontades e desejos em segundo plano para que alguém possa se setir melhor, para que possamos manter a harmonia do ambiente em que vivemos. Seriam estes pequenos atos de heroismo anônimo o nosso ensaio, mesmo que ainda acanhado na maioria das vezes, para compreendermos que fazer o bem é mais importante que ser beneficiado, que ajudar o outro é a forma mais eficaz de ajudar a si próprio, de ir percebendo que os grandes heróis são aqueles que já entendem que se sacrificar pelo outro é promover seu próprio bem-estar, é valorizar sua própria vida é crescer, melhorar-se, fortificar-se. Mas vamos voltar aos grandes heróis, pois todas as vezes em que alguém se sacrifica por uma idéia importante e verdadeira em prol do bem comum vira, portanto, um herói, e se seu feito for conhecido por muitos, ganhamos um feriado. Pois bem, sendo assim, quem seria o herói do natal? Essa é bem fácil de responder: Jesus E o que ele fez de importante? Bom, ele fez algo muito, muito importante; certamente algo que a maior parte da humanidade considera como sendo a mais importante de todas as coisa já feitas no planeta, já que sua vida dividiu a história da humanidade em antes e depois dele. Mas o que ele fez? Nas minhas aulas de catecismo, aprendi que ele morreu por nós, e confesso que não entendia muito isso, a não ser um desconforto enorme por perceber o tamanho da injustiça e da dor que aplicaram a um homem que só falou do entendimento, da tolerância, pregando a paz e o amor. Mais tarde fui perceber, que o grande legado de Jesus não foi morrer por nós, mas a mensagem que ele nos deixou, e me espanto ao perceber que esta, apesar de ter sido tão combatida, de ter surgido em uma

3 época da civilização humana onde a divulgação era extremamente precária, suas idéias persistem até hoje, às margens de 2012 anos depois Dele ter passado por estas paragens. Algo que parecia tão improvável aconteceu, ele que não escreveu uma só linha, e que falou na maior parte do tempo usando metáforas para poder ser entendido, conseguiu fazer chegar aos ouvidos dos terráquios que nasceram mais de 2000 anos depois dele, uma mensagem que ressoa com uma força e uma especificidade incomuns. Mas então seu ato de heroismo não foi morrer por nós, mas ter vivido por nós? Não creio que Jesus tenha se sacrificado para nos ensinar, nem mesmo acho que esta extraordinária mensagem, que ele cifrou de modo a se tornar atemporal, tenha lhe solicitado algum esforço, sendo assim seu ato de heroismo não foi este, seu sacrifício supremo para trazer esta mensagem foi ter nascido. Sim meus irmãos de doutrina, nós espíritas, de posse de esclarecimentos tão amplos que não poderiam nem ser sonhados na época de Jesus, podemos aquilatar o grau de sacrifício e o desconforto incomensurável que um espírito crístico depreendeu para encarnar neste nosso mundo de espiações e provas, o enorme sacrifício para estar pessoalmente nos apontando o caminho. Sua morte, por mais sofrida que tenha sido, foi um refresco, um alívio diante do esforço gigantesco para encarnar. Esta ai o sacrifício do herói, nascer por nós. Sendo assim, como no natal comemoramos o nascimento de Jesus, nós espíritas, mais do que ninguém, temos motívos para valorizar o feriado, já que lembra o maior sacrifício já realizado, pelo maior herói de todos os tempos, e cuja ação nos beneficia até hoje, repercutindo como nunca no cristianismo redivivo. Portanto, minha resposta é: - Sim, eu comemoro o natal. -Dr. Décio Iandoli Jr. é médico e coordenador do DA-AME-BR BOLETIM 04 FÍSICA E ESPIRITUALIDADE Prof. MARCUS VINÍCIUS AMEABC produpar1022@uol.com.br Janeiro/2012 Olá meus queridos irmãos. Continuemos nossos estudos, visto ser a instrução um dos imperativos mais importantes sugeridos pelos amigos espirituais. Não por acaso sugere a espiritualidade que nos instruamos continuamente, colocando a instrução e a doação ao próximo como as duas molas propulsoras mais importantes. Mas por que estudar é tão importante e por que a espiritualidade amiga insiste continuamente nessa sugestão? O que exporemos na sequência é nada mais que um exercício de reflexão. Após o contato com alguns tópicos de Física e de Filosofia, com as sábias lições da literatura espírita e com as múltiplas vivências, pessoais ou de queridos amigos, verificamos que conhecer é algo importante, mas ao mesmo tempo, complexo. Uma máxima platônica, um médium como poucos já existentes nesse planeta, é algo que nos chama à reflexão: "Conhecer é lembrar." Mas lembrar de quê? Se conhecer é lembrar, isso significa que já temos algum conteúdo semeado nas profundezas de nosso ser e que, em algum momento, virá à tona com toda sua força, produzindo conhecimento consciente.

4 Quanto a possuirmos conhecimento semeado dentro de nós, tomamos isso aqui como ponto certo: a imortalidade da alma e a reencarnação evidenciam isso de forma inequívoca. O que será exposto aqui é uma tentativa, diria bastante superficial, de explicar como o conhecer se manifesta de forma consciente e de como a instrução, o estudo constante e persistente e a disciplina são fundamentais para tornar consciente esses conteúdos "plantados" em nosso ser. Espero que apreciem e, caso haja dúvidas, as enviem para o acima. Não possuo muita clareza desse assunto e creio que discussões e críticas seriam muito bem vindas para uma clarificação do tema em questão. 1. AS PROFUNDEZAS DO SER E SUAS "CAMADAS" Leon Denis em sua obra "O problema do ser, do destino e da dor" discute com grande detalhe a questão da unidade do eu. O eu é uma unidade indivisível, porém constituído de múltiplas camadas, muitas ainda em estado latente e que só ganharão caráter consciente quando do momento de nossa superação de nós mesmos com o futuro de nossa evolução. Esse caráter sintético do eu, que não pode ser dividido em pedaços, dada a sua unidade, constitui um ponto importante de estudo de sua independência do corpo. Como aponta Leon Denis, há uma diferença considerável entre o que chamamos de múltiplas personalidades e o que chamamos de uma mesma personalidade se mostrando em seus múltiplos níveis. No primeiro caso, são muito seres, oriundos de diferentes manifestações cerebrais. Se lembrarmos que essa posição, estritamente materialista, considera os fenômenos mentais como epifenômenos da atividade cerebral, talvez faça algum sentido em crer que um mesmo eu possa se manifestar em diferentes eus, pois a cada estrutura de funcionamento diferente do cérebro, temos a manifestação de um eu distinto. Isso, no entanto, aniquila com a unicidade do eu, visto ele se tornar apenas uma consequência de atividade material. Que diferença faz ter um eu? Posso, ao longo de minha vida, ser uma multiplicidade de eus distintos, que se esvaem com o fim da matéria (com a morte física). Uma patologia mental, nesse contexto, conduziria a uma forma "generada" 1 de eu. Em outras palavras, um mau funcionamento orgânico produziria um eu "com defeito" e que objetivamente seria caracterizado pelas manifestações a que temos contato por experiência, quando nos deparamos com seres com deficiências diversas. Por outro lado, se considerarmos que somos dotados de um eu único, mas que se reveste de camadas com potencialidades distintas, nossas experiências vão nos conduzindo à manifestação dessas várias facetas, mas que ainda implicam na existência de uma única unidade autônoma. Quando executamos um percurso encarnatório na carne sem grandes sobressaltos, essas camadas e potencialidades intrínsecas vão emergindo. Mas isso não é, de forma alguma, um processo linear: são muitas as evidências de seres que podem ser caracterizados como "progenerados" 2 : de algum modo e sob algum estímulo, cujo mecanismo ainda desconhecemos, os conteúdos dessas camadas emergem e se manifestam 1 Leon Denis usa a distinção entre manifestação degenerada e progenerada, que considero muito feliz para compreender possíveis estados da consciência fora de padrões regulares, mesmo que esses padrões regulares sejam complexos demais para serem definidos. 2 Léon Denis usa o termo progenerado em oposição ao termo degenerado. Aqui, ele quer dizer algo que parece estar acima do padrão normal ou regular.

5 objetivamente. Isso poderia ocorrer com os transtornos mentais que conhecemos, mas também com os atos geniais com que nos deparamos. Segundo Denis, "Myers, falando da categoria dos histéricos que conduzem o mundo, emite a opinião de que a inspiração do gênio não seria mais do que a emergência, no domínio das ideias conscientes, de outras ideias em cuja elaboração a consciência não tomou parte, mas que se têm formado isoladamente, por assim dizer, independentemente da vontade, nas regiões profundas do ser." 3 Como afirma Denis, citando Myers, parece haver dois tipos de ideias: a que tomamos parte conscientemente e aquelas a que não temos tal acesso. A que não temos acesso conscientemente, mas que também constitui nossos conteúdos individuais, se deve, em grande parte, em nossos conteúdos anteriores, armazenados nas profundezas de nosso ser, sabiamente "apagados" de nossos registros conscientes de modo a nos favorecer a experiência encarnatória atual. Há também uma parte, correspondente a nossas potencialidades como ser, que herdamos a partir de nossa íntima relação com o criador. Creio que Jesus fizesse menção a elas quando disse "Vós sois deuses!" Ele, por certo, sabe das infinitas possibilidades que ainda residem silenciosas em nosso ser, dada nossa íntima filiação com o Pai. Mas esses conteúdos inconscientes, que jazem silenciosos e que podem conduzir a importante elemento nos exato momento de inspiração de um gênio, constituem uma terceira categoria que creio também se relacionar com o "conhecer é lembrar", a máxima platônica. Se encarnamos nessa existência buscando respostas a certas inquietações pessoais, por certo é que essa inquietude não é recente e deve percorrer os tempos mais remotos em conjunto com nossa evolução pessoal. Temos há tempos nos debruçado, estudado, investigado e muito certamente por algumas encarnações. Esse esforço pessoal da busca da compreensão da lei maior que rege o Universo não é fato despercebido da espiritualidade superior e constitui ótima oportunidade de tarefa para o espírito reencarnante. Espíritos em condições um pouco menos ruins recebem tarefas que podem auxiliar no processo evolutivo do planeta. Muitas vezes, diante dessas tarefas, podem ser beneficiados, pela misericórdia divina, por conteúdos importantes, pelo qual zelarão na experiência encarnatória. Esses conteúdos ficam registrados na matriz perispiritual e aguardam o momento oportuno para que possam ser traduzidos me linguagem humana, gerando um novo conhecimento. Os espíritos sugerem a existência de sete forças fundamentais da natureza: nuclear forte, nuclear fraca, eletromagnética e gravitacional (para a matéria) e mental, fluido cósmico universal e do amor divino (para o espírito). Podemos falar dessas forças em boletins posteriores, mas, por ora, atenhamo-nos à força mental. Numa apostila psicografada por Paulo Antonio Ferreira, intitulada A Estrutura da Matéria no mundo dos espíritos, o médium apresenta alguns pontos importantes de um curso de estrutura da matéria dado no mundo espiritual e que lhe foi transmitido por seu filho, na época recém desencarnado. No primeiro capítulo da primeira parte, ele trata da dimensão mental do ser, que exporemos um trecho: 3 O Problema do ser, do destino e da dor, FEB, 2010, p. 97

6 "A Doutrina Espírita esclarece que o homem é composto do corpo material, do perispírito e da alma 6, enquanto que nós espíritos, temos apenas o perispírito e a alma. Na alma está a mente, e no perispírito, que serve de ligação entre a mente e o corpo material, são registradas as memórias de todas as nossas vidas anteriores. É no perispírito, por um processo natural, que é realizada a transformação da percepção tridimensional para a dimensão mental da alma, da mesma forma que o cérebro do corpo material realiza a transformada (o cérebro é um transformador) das impressões dos sentidos materiais em percepção tridimensional." (A Estrutura da matéria no mundo dos espíritos) Vejamos com um pouco mais de detalhe o trecho em que fala da transformação de nossas percepções tridimensionais em conteúdos materiais ou, em um nível mais íntimo, a informação tridimensional em conteúdo mental. Diria, mesmo, que o processo reverso é o que nos interessa: nosso perispírito, um transformador 4, tem o poder de converter conteúdo mental em conteúdo tridimensional, afim de que nosso cérebro, de posse desse conteúdo tridimensional, possa traduzi-lo em conteúdo sensível, passível de nossa interpretação. Nesse ponto da argumentação, retomo uma importante discussão proposta por Kant, quando da publicação da Crítica da razão pura, em Trata-se de uma obra ímpar na história da Filosofia, pois se propõe a investigar algo que, por incrível que pareça, em nenhum momento da história do conhecimento, foi realizado: uma crítica ao processo raciocinante. Era como se, até então, a Filosofia houvesse construído diferentes percursos para a reflexão, todos em bases racionais, mas nunca fora capaz de investigar a racionalidade e suas condições em si. Como diz Julien Benda, "a crítica da razão pura iniciou o que se poderia chamar o julgamento da razão." (1961, p.23) Kant concorda com Hume ao assumir que a experiência tem papel importante no conhecimento, mas entende que só a experiência é insuficiente para produzir conhecimento. A experiência é a matéria, mas a forma é dada pelas categorias do entendimento (em número de 12). Somam-se a isso as intuições puras (espaço e tempo) e as ideias transcendentais (alma, mundo, Deus etc) e temos a síntese da epistemologia kantiana. Conhecer é reunir esses elementos. Interessa-nos, em particular, uma das partes da obra: a Estética Transcendental. Nela, Kant analisa as concepções de espaço e tempo, as intuições puras. São elas condições a priori para que um fenômeno possa ser intuído. Isso concorda com o que os espíritos nos sugerem quanto ao momento sublime da intuição. Ela só se caracteriza como intuição quando o perispírito é capaz de converter o conteúdo mental em tridimensional, exatamente uma característica das intuições puras kantianas. Assim, nossas percepções são limitadas à tridimensionalidade. Quando os espíritos afirmam que o perispírito é capaz de transformar conteúdo mental em conteúdo tridimensional, eles o afirmam porque somos seres com uma estrutura fisiológico/anatômica nos restringe a uma percepção tridimensional. É bem possível seres mais evoluídos que nós (ou nós mesmos no futuro), libertos da limitação da matéria (e, portanto, da intuição presa à tridimensionalidade), ao fazerem essa conversão de conteúdo mental em formato empírico, possam fazê-los de uma forma multidimensional, percebendo dimensões além das quatro percebidas (três do espaço e mais o tempo). De fato, a Física tem sugerido que para a Teoria de Cordas fazer sentido, fazem-se necessários espaços com10 ou 11 dimensões que, certamente, não temos capacidade de perceber. 4 André Luiz, em Mecanismos da Mediunidade, trata da questão do cérebro como um transformador.

7 Quando do momento em que, imbuídos de uma tarefa pela espiritualidade, por exemplo de trazer um novo conteúdo para a humanidade e certos de que esse tema foi amplamente estudado no espaço entre-vidas, muitas vezes guardamos mentalmente essas informações. Elas residem, como conteúdo mental, dentro de nosso espírito e permanecem assim em estado latente até que sejamos capazes de traduzi-las. Mas como essa tradução se dá? A resposta é INSTRUÇÃO. Antes de tentar expor o mecanismo dessa tradução, conto uma história: uma grande amiga, médium dedicada ao trabalho de assistência espiritual a irmãos encarnados e desencarnados, contou-me, certa vez, que numa madrugada, seu mentor a acordou para que desse a ela algumas aulas de estrutura e fisiologia do cérebro. Segundo o que ela me disse, em alguns momentos da exposição dele, ela se mostrava confusa, dizendo que não estava entendendo nada. A resposta dele foi lacônica: não tem problema, sente e escute. Isso será útil no futuro, pois você escreverá sobre isso. Essa história me fez pensar: o que é aprender? Me lembro das aulas de Locke, Hume e outros empiricistas, defensores da importância da construção do conhecimento com o meio circundante. Mas é assim que aprendemos as coisas? Como elas ficam registradas em nossa matriz perispiritual? Ao que parece, um conhecimento adquirido, já registrado em nossa matriz espiritual, só o é dessa forma após passar pelo "transformador"que o torna mental. Numa encarnação posterior, o acesso a esse conhecimento será rápido, pois bastará que acessemos a certos conteúdos empíricos para que tenhamos condições de traduzir em linguagem humana o que já está lá na forma de conteúdo mental. De algum modo, acho que é isso que ocorre quando nos deparamos com um assunto que, mesmo que pareça inédito a nós, faz com que vibremos em nosso íntimo. Algo como se tudo aquilo já fizesse sentido, pois, de fato, faz mesmo. Essa vibração nada mais é que a resposta fisiológica a esse processo de transformação de conteúdo mental em tridimensional e, depois, em racional-empírico (esse último é o que somos capazes, na carne, de lidar). Estudar é, portanto, muito importante, pois, quanto mais informação injetamos, mais capacidade temos de traduzir os conteúdos mentais que temos em nós. As comunicações mediúnicas estão totalmente relacionadas com esse mecanismo: além da sintonia vibratória, a partir do processo de ressonância, exposto aqui no último boletim, os espíritos costumam se comunicar a partir da transmissão de matriz mental: só estudando somos capazes de atribuir significado àquela comunicação. Se isso não acontecer, mesmo que o espírito transmita uma importante informação, ela passe pelo transformador perispírito e, por fim, o cérebro a torne imagem tridimensional, como traduzi-la? Como traduzir algo que você não tem palavras para descrever? Essa é uma séria dificuldade que os espíritos têm conosco: devemos ter capacidade de traduzir certo conteúdo. É nesse sentido que o mentor de minha amiga deve tê-la instruído para escutar e reter aquele conteúdo. Futuramente, ele será importante para o processo de tradução de algum conhecimento. Aqui fica claro e manifesto o papel do médium nas comunicações: porque a informação mental só pode ser traduzida posteriormente em conteúdo linguisticamente compreensível a partir dos conteúdos que o médium possui. É com eles que, aquilo que é meramente intuitivo, tende a se tornar objetivo. Por isso é muito importante a vibração e o conteúdo estudado pelo médium, fator que será determinante para a tradução da mensagem. Muitas vezes sentimos vivamente isso: ter a intuição viva de algo, mas não ser capaz de traduzir em signos linguisticos captáveis, por nós mesmos ou pela maioria. Esse esforço de nos instruirmos é fundamental: a partir de 2019,

8 quando a Terra for aceita definitivamente como membro da comunidade do Sistema Solar, teremos autorização expressa para nos comunicarmos com amigos do sistema mais evoluídos que nós. Inclusive avanços tecnológicos nos serão transmitidos, mas de nada adiantará se não nos instruirmos, pois nenhuma informação mental é conhecimento por si só, não pelo menos na Terra como espíritos encarnados. É preciso, portanto, cuidar do desenvolvimento mediúnico e continuar o processo de instrução, tanto de conteúdos da Terra, quanto das leis imutáveis da espiritualidade. Só assim faremos jus ao merecimento de recebermos conteúdos moralmente cada vez mais elevados. CONCLUSÃO Termino com um trecho de Leon Denis. "Há em nós como um reservatório de águas subterrâneas, donde, em certas horas, rompe e sobe à superfície uma corrente rápida e em ebulição. Os profetas, os mártires de todas as religiões, os missionários, os inspirados, os entusiastas de todos os gêneros e de todas as escolas conheceram estes impulsos surdos e poderosos, que nos têm brindado com as maiores obras que hão revelado aos homens a existência de um mundo superior." Continuemos cada um de nós, em suas fileiras de trabalho, no esforço de elevação. Temos muito a expiar, mas, durante esse processo, podemos contribuir para uma elevação de consciência de nosso querido planeta, local escolhido pelo criador para que nossas potencialidades angélicas começassem a florescer. A Terra, em momento especial de sua evolução, se prepara para o recebimento de uma raça que desenvolverá fortemente a intuição, em detrimento da nossa, que tem se esmerado em desenvolver a razão. Que Deus nos abençoe! Bibliografia Dénis, Leon. O Problema do ser, do destino e da dor. 1a edição (3a reimpressão). Rio de Janeiro: FEB, 2010 Luiz, André. Mecanismos da Mediunidade: a vida no mundo espiritual. 26ª edição. Rio de Janeiro: FEB, Ferreira, Paulo Antonio. Universo dual: a estrutura da matéria segundo os espíritos. Apostila psicografada. Benda, Julien. Kant. Tradução de Wilson Veloso. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1961