Raa in music: proposta de um software baseado no Comércio Free

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1 Raa in music: proposta de um software baseado no Comércio Free Lucas Moreno de Araujo 1, Charles Alex Rockenbach 1, Jan Tarik Martins Nazorek 1, Parcilene Fernandes de Brito 1 1 Curso de Sistemas de Informação Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/ULBRA) Caixa Postal Palmas TO Brasil. {charlesrockenbach, jan.tarik, lucasmaraujo, parcilene}@gmail.com Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar a proposta de um software baseado no modelo de comércio Free (Grátis). Inicialmente são apresentados os principais conceitos acerca de Economia Digital, a importância dos produtos digitais e das novas tecnologias de informação. Posteriormente é definido o modelo de comércio Free e são apresentadas as principais formas de exercê-lo. Em seguida são apontadas as tecnologias que foram estudadas para a elaboração da proposta, como a utilização de APIs públicas. Após a apresentação desses estudos, é exposta a proposta do software Raa in music, contemplando uma descrição geral das funcionalidades do sistema, recursos de modelagem que foram desenvolvidos e as características do modelo de negócio. A realização deste trabalho propiciou o entendimento acerca de como o grátis pode se configurar como um negócio rentável. Palavras chave: Economia digital, Free, API s públicas. 1. Introdução O mundo digital, composto por dispositivos eletrônicos e principalmente pela internet, alterou o paradigma cliente-vendedor do século XX, onde para adquirir determinado produto o cliente deveria estar frente-a-frente com um vendedor. Nesse novo modelo, conhecido como Economia Digital, um cliente pode adquirir um produto sem sair da sua casa ou trabalho, utilizando para isso a internet. Neste modelo, pode-se obter tanto produtos palpáveis, como um par de tênis, através da compra em sites especializados, quanto produtos digitais, como e-books, fornecidos comumente por meio de download e que existem apenas em formato digital. A forma de se chegar à geração de lucro seguindo este modelo pode ser de forma direta, realizando a cobrança sobre o produto vendido, ou de forma indireta, onde o produto ou serviço em si não é cobrado, sendo que a renda é gerada por outros meios, como propagandas patrocinadas no site do vendedor etc. Esta forma indireta de geração de lucro é conhecida como Comércio Free. Sendo assim, foi elaborado um modelo de negócio amparado pelos conceitos da Economia Digital e do Comércio Free. Tal modelo de negócio consiste em um site para bandas musicais que estão começando sua carreira e necessitam divulgar o seu trabalho. Dentro deste site, denominado Raa in music, serão fornecidos alguns serviços de forma gratuita, e em contrapartida, para a geração de lucro, serão vendidos alguns pacotes com funcionalidades diferenciadas para as bandas e disponibilizado um espaço publicitário que será vendido para empresas do meio musical. Além do modelo de negócio, foram 248 XIII Encoinfo Encontro de Computação e Informática do Tocantins

2 desenvolvidos alguns modelos representativos do sistema, como protótipos de interface, diagrama de casos de uso, diagrama de sequência e diagrama de classes, sendo alguns destes apresentados, junto aos conceitos que definem a base da proposta, no decorrer das próximas seções. 2. Economia digital Também conhecida por Terceira Onda do Capitalismo (OXFORD ECONOMICS, 2011, p. 6), o termo economia digital refere-se a todos os setores da economia que são baseados nas novas tecnologias da informação. Kling and Lamb (2000 apud Oliver Ohlen, 2002, p. 7) afirmam que a economia digital engloba bens ou serviços cuja produção, fornecimento e venda dependem criticamente das tecnologias digitais, sendo que sua principal característica é a Internet. Deve-se ressaltar que as tecnologias da informação presentes na Era da Economia Digital impactam diretamente na criação e compartilhamento de artefatos culturais. Isso porque, segundo Shultz (2011, p. 34) a popularização dos meios de produção e distribuição de arte, músicas ou filmes cresceu nos últimos dez anos. Esse crescimento implica na diminuição das barreiras culturais, possibilitando que artistas desconhecidos e pequenos centros de produção possam competir em seus respectivos mercados. Um exemplo de ferramenta de transmissão que ilustra esse cenário é o YouTube, sistema que permite aos usuários publicarem vídeos gratuitamente. É preciso observar que, assim como os meios de produção e distribuição mudaram, o formato dos produtos também se adaptou às novas tecnologias. Antigamente, a comercialização era realizada somente com a transação de produtos palpáveis ; atualmente, a tendência é que alguns deles possuam também caráter digital (GRUNNINK, 2010, p. 2-3). Esses novos produtos são encontrados facilmente em mercados como o itunes Apple Store - loja virtual de músicas - e Amazon Kindle - loja virtual de e-books (livros digitais). Aliando o fato do aumento de produtos disponibilizados digitalmente à popularização das novas tecnologias, pode-se concluir que os custos de produção tendem a ser cada vez menores, e, portanto, os preços dos produtos para os clientes finais também tendem a cair. Essa tendência será apresentada em mais detalhes na próxima seção deste artigo. 3. Free Conforme exposto na seção anterior, a popularização das novas tecnologias aliada ao formato digital faz com que os produtos tenham preços cada vez menores. Anderson (2009, p. 3) afirma que, em diversos casos, as pessoas estão ganhando muito dinheiro sem cobrar nada. Essa tendência Free (Grátis) consiste em um conjunto de modelos de negócios, nos quais um produtor cobra um preço muito baixo ou não cobra nada pelo seu produto e ainda assim consegue ganhar dinheiro. Segundo Anderson (2009, p ), há quatro modelos de comércio Free: subsídios cruzados diretos: modelo de comércio que contempla a ideia de brindes, em que uma empresa oferece produtos a baixo custo com o objetivo de atrair consumidores. Sendo assim, tais produtos funcionam como isca e o lucro é advindo de outros produtos que são comercializados. Um exemplo desse modelo é um restaurante cobrar um valor baixo pela comida que é oferecida aos clientes e cobrar um valor elevado em bebidas e sobremesas; XIII Encoinfo Encontro de Computação e Informática do Tocantins 249

3 mercado de três participantes: é o modelo tradicionalmente utilizado pela mídia, em que os produtos são oferecidos a um preço baixo ou de graça e anunciantes pagam para se vincular a esses produtos. Nesse modelo, os três participantes são: produtor, o consumidor e o anunciante. As emissoras de televisão ilustram claramente essa situação: transmitem novelas e filmes a custo muito baixo (ou nulo, no caso de TVs abertas) e ganham dinheiro vendendo o espaço dos intervalos para anunciantes veicularem propagandas de seus produtos; freemium: é um dos modelos de negócio mais comuns da web, em que parte do conteúdo é disponibilizada de forma gratuita e outra parte só encontra-se disponível para pessoas que pagam uma determinada taxa. Um exemplo desse modelo é o GMail, que oferece serviço de correio eletrônico gratuito e oferece ainda planos pagos para aumentar a capacidade de armazenamento de mensagens; mercados não monetários: nesse modelo, não há uma expectativa de pagamento direto por parte do produtor, ou seja, o ganho ocorre de outras maneiras, como aumento de reputação, por exemplo. Esse recurso é amplamente utilizado por artistas que estão iniciando sua carreira: eles disponibilizam seu trabalho de forma gratuita na internet, com o objetivo de se tornarem conhecidos e adquirirem fãs, que irão, posteriormente, comprar artigos relacionados ao artista, frequentar shows, entre outros. Para a criação da proposta do Raa in music, foram estudadas diversas tecnologias e ferramentas, as quais serão apresentadas na próxima seção deste artigo. 4. Tecnologias envolvidas Para a consolidação da proposta do Raa in music, foram estudadas diversas tecnologias da computação, as quais serão apresentadas no decorrer desta seção Computação em nuvem e Google App Engine Babcock (2010, p. 4) afirma que a computação em nuvem pode ser definida de várias formas, entre elas: software como serviço, em que aplicações podem ser armazenadas em servidores externos, como Zoho ou Google Apps; infraestrutura como serviço, na qual é comercializado tempo e capacidade de processamento em um servidor externo; plataforma como serviço, em que algumas aplicações e ferramentas são disponibilizadas para a construção de softwares que irão ser executados em servidores externos. Independente de qual definição seja utilizada, pode-se inferir que a computação em nuvem está diretamente relacionada com a aquisição de um serviço de computação. Esses serviços podem assumir diversas formas: armazenamento, processamento ou ainda construção de softwares. Um exemplo de plataforma de computação em nuvem é o Google App Engine, que disponibiliza um conjunto de ferramentas que podem ser utilizadas para a criação e hospedagem de um sistema nos servidores da Google. Entre essas ferramentas, pode-se encontrar APIs para a autenticação de usuários e envio de s a partir de contas do Google, recursos para o agendamento de tarefas em intervalos de tempo regulares, bibliotecas para trabalhar com recursos da linguagem, como manipulação de arquivos, 250 XIII Encoinfo Encontro de Computação e Informática do Tocantins

4 linguagem para modelagem e consulta dos dados, além de um console de administração do software desenvolvido (Google, online). Os recursos do Google App Engine possuem algumas cotas para utilização gratuita, porém, desenvolvedores podem ir além das cotas gratuitas e ativar o faturamento, pagando uma determinada quantia de acordo ao serviço utilizado. Atualmente, as cotas de faturamento são definidas conforme os dados apresentados na Tabela 1. Tabela 1: Cotas de faturamento do Google App Engine (10/06/2011) Google App Engine Largura de banda de saída (download) Largura de banda de entrada (upload) Tempo de CPU Armazenamento $ 0,12/Gb $ 0,10/Gb $ 0,10/hora $ 0,15/Gb mensal 4.2. APIs públicas Uma API (Application Programming Interface, ou Interface de Programação de Aplicativos) é uma interface ou meio comum para que uma aplicação faça uso de recursos ou consuma dados disponibilizados por outra. Isso é necessário quando um aplicativo necessita realizar operações ou utilizar recursos que não estão sob o seu controle, mas, no entanto, outros serviços conseguem realizá-los. Por exemplo, um software de edição de textos não tem permissão para criar arquivos no disco rígido do computador, dessa forma, ele faz uso de métodos disponibilizados pela API do sistema operacional instalado no computador para realizar esta operação. Todos os métodos e recursos disponibilizados por uma API devem estar devidamente explicados em uma estrutura chamada de documentação da API. Neste documento, é descrito em nível detalhado cada uma das ações oferecidas pelo serviço, desta forma, o desenvolvedor de outro sistema sabe como utilizá-la, quais parâmetros devem ser passados para cada método e qual o retorno de cada (ORENSTEIN, 2000, on-line). Exemplos de APIs públicas são as disponibilizadas pelos serviços YouTube e Picasa, ambos mantidos pela empresa Google. A API do YouTube possibilita, entre outros recursos, que um sistema possa realizar, através de uma frase ou palavra-chave, uma busca e ter acesso a todos os vídeos que correspondem à busca realizada. A API do Picasa fornece o gerenciamento de arquivos de imagem como, por exemplo, fotos, sendo possível acrescentar, editar e excluir informações sobre a imagem. Essa API, assim como o Google App Engine, também apresenta um sistema de faturamento, apresentado na Tabela 2. XIII Encoinfo Encontro de Computação e Informática do Tocantins 251

5 Tabela 2: Cotas de faturamento da API do Picasa (10/06/2011) Picasa Armazenamento de 20 Gb Armazenamento de 80 Gb Armazenamento de 200 Gb Armazenamento de 400 Gb Armazenamento de 1 Tb Armazenamento de 2 Tb $ 5,00/ano $ 20,00/ano $ 50,00/ano $ 100,00/ano $ 256,00/ano $ 512,00/ano 5. Proposta do sistema Raa in music RAA in music é um sistema proposto para possibilitar que bandas de garagem possam divulgar o seu trabalho. Tal divulgação será feita através de uma página web para cada banda, na qual ela pode compartilhar suas músicas para download, vídeos, fotos, entre outros. As seções seguintes apresentam a descrição geral das funcionalidades, mostrando alguns detalhes da modelagem realizada para consolidar a ideia, introduzem a API pública que será disponibilizada para desenvolvedores e, por fim, mostram o modelo de negócio desenvolvido para completar a proposta Descrição geral das funcionalidades De forma geral, o sistema terá três tipos de usuários: visitantes, que simplesmente visitam o site e visualizam os conteúdos disponibilizados pelas bandas, enquanto escutam por uma rádio que toca as músicas cadastradas pelos artistas. A área apresentará um conjunto de propagandas referentes às empresas que atuam no meio musical: gravadoras, lojas de instrumentos musicais etc. Para realizar divulgação nessa área, as empresas devem entrar em contato com a equipe de administração do Raa in music para os respectivos trâmites comerciais; assíduos, que se cadastram no site e podem disfrutar de algumas funcionalidades extras em relação aos visitantes, como a criação e compartilhamento de listas de reprodução (playlists) e ainda a possibilidade de comentar os conteúdos existentes no sistema. Caso esses usuários possuam algum talento musical, porém não sejam integrantes de nenhuma banda, eles poderão aderir à funcionalidade do Monte a sua banda. Para isso, eles devem preencher um formulário com seus talentos e informações de contato, para que eles possam ser visualizados no Banco de Talentos existentes no sistema. Esse espaço irá concentrar informações referentes às habilidades musicais, permitindo que usuários possam encontrar pessoas e entrar em contato, para a formação de uma nova banda, por exemplo; bandas, responsáveis por alimentar o sistema com conteúdo de mídia (fotos, vídeos e músicas). Todos esses recursos podem ser comentados por usuários cadastrados que estiverem visualizando o conteúdo do sistema. Além dessas seções, será apresentado na página da banda um conjunto de status, mostrando a 252 XIII Encoinfo Encontro de Computação e Informática do Tocantins

6 repercussão da banda nas principais redes sociais. Como exemplo, pode-se citar a quantidade de likes que o perfil da banda recebeu no Facebook. Além disso, a banda poderá registrar a sua agenda musical, permitindo que os fãs tenham conhecimento dos eventos em que a banda participou ou irá participar. Todos os recursos cadastrados por uma banda poderão ser divulgados em redes sociais, como o Twitter e o Facebook. Isso possibilitará à banda uma visibilidade maior, já que o número de pessoas que utiliza redes sociais cresce continuamente a cada dia. Além disso, será disponibilizada uma funcionalidade para agir na recomendação de um conteúdo durante uma busca no Google. Segue uma lista especificando quais atividades caracterizam essas interações: 1. Postar no Facebook (página da banda, letra da música, vídeo, foto ou playlist); 2. Ação like do Facebook (página da banda, letra da música, vídeo, foto ou playlist); 3. Na página da banda serão exibidas as pessoas que deram um like na banda; 4. Aplicativo do Facebook O que devo escutar hoje? (recomendação do Raa in music sobre a banda que um usuário deveria escutar naquele dia); 5. Postar no Twitter (página da banda, letra da música, vídeo, foto ou playlist); 6. Ação follow do Twitter para as bandas cadastradas no sistema; 7. Na página da banda serão exibidos os últimos tweets da banda; 8. Botão +1 do Google, funcionando como uma forma de recomendação de conteúdos para os contatos que estiverem autenticados em uma conta Google no momento que realizarem uma busca (página da banda, letra da música, vídeo, foto ou playlist) Modelo de negócio O modelo de negócios do Raa in music foi elaborado contemplando planos e pacotes que são oferecidos aos usuários do sistema. Quando uma banda realizar seu cadastro, ela ganhará um espaço de 20 músicas + 2 álbuns (cada um com dez fotos) + 20 vídeos gratuitos. Inicialmente, os conteúdos cadastrados serão automaticamente relacionados a uma categoria (tag), denominada Free. Isso significa que esses conteúdos serão mantidos de forma gratuita. Para aumentar essa capacidade de conteúdo, é oferecido um pacote denominado Turbo +10 cujas especificações são apresentadas na Tabela 3. Tabela 3: Detalhes do pacote Turbo +10 Nome Alvo Descrição Valor mensal Turbo + 10 Bandas Disponibiliza + 10 músicas, + 10 fotos e + 10 vídeos. R$ 9,99 Assim que uma banda adquire um novo pacote Turbo + 10, para aumentar a capacidade de conteúdo, é criada uma categoria (tag) Turbo X (o X pode variar de acordo com a quantidade de pacotes adquiridos). Sendo assim, a banda poderá atribuir essas marcações aos conteúdos que cadastrar, permitindo que seja possível identificar quais conteúdos estão sendo mantidos de forma gratuita e quais estão sendo mantidos pelo pagamento de uma mensalidade. Essas categorias só estarão visíveis na parte de gerenciamento do conteúdo da banda, ou seja, visitantes e usuários assíduos não terão acesso a essas informações. Quando um pacote expira, os conteúdos associados ao mesmo são bloqueados e não são apresentados na página da banda. Ao ser bloqueado, um conteúdo permanece armazenado no sistema pelo período de 30 dias e, caso não seja XIII Encoinfo Encontro de Computação e Informática do Tocantins 253

7 detectada uma nova assinatura de pacote, o conteúdo é excluído permanentemente. No painel de administração da banda serão exibidos os prazos para os pacotes expirarem, o que possibilitará a renovação dos mesmos antes do bloqueio dos conteúdos. Além do pacote referente à postagem de conteúdo, tanto bandas como empresas podem assinar planos de divulgação. Esses planos estão especificados na Tabela 4. Tabela 4: Planos de divulgação oferecidos às bandas e empresas Nome Alvo Descrição Valor mensal Home day Home weekend Outdoor Bandas Bandas Empresas Divulgação da banda em um espaço reservado na página inicial por um período de 24h. Esse pacote só pode ser assinado uma vez por semana. Divulgação da banda em um espaço reservado na página inicial por um período de 48h no fim de semana. Esse pacote só pode ser assinado uma vez por mês. Divulgação da propaganda por um período de três dias com link de acesso ao site da empresa. Esse pacote só pode ser assinado uma vez por mês. R$ 9,99 R$ 19,99 R$ 29,99 A partir desses planos e pacotes, é possível sistematizar a forma como os desenvolvedores do Raa in music vão lucrar com o sistema seguindo dois modelos de comércio Free propostos por Anderson (apresentados na seção 3), conforme as Figuras 2 e 3. Figura 2: Mercado de três participantes Figura 3: Freemium Após a elaboração dos planos e pacotes para usuários, foram calculados os custos para os diversos serviços que serão utilizados, como o armazenamento e processamento do aplicativo no Google App Engine e armazenamento de fotos no Picasa. Para a realização dos cálculos, a equipe de desenvolvimento elaborou um conjunto de suposições: 254 XIII Encoinfo Encontro de Computação e Informática do Tocantins

8 O número de bandas cadastradas no sistema será equivalente a 10 % do total de usuários; Cada banda tem 10 músicas cadastradas e 20 MB de imagens no sistema; Para cada usuário cadastrado, existe 1 MB de informações armazenadas, que compõe informações textuais, como descrição das preferências, por exemplo; Uma música tem aproximadamente 5 MB; Considerando uma quantidade de usuários, a taxa de upload gira em torno de 100 MB por dia, enquanto a de download gira em torno de 500 MB por dia. A partir dos valores apresentados anteriormente, foram calculados os gastos mensais para quatro cenários diferentes, que são apresentados na Tabela 5. Serviço Tabela 5: Custos com GAE e Picasa para diferentes números de usuários GAE $ 75,00 $ 102,00 $ 372,00 $ 3072,00 Picasa* $ 5,00 $ 5,00 $ 50,00 $ 512,00 *Como os planos do Picasa são anuais, a taxa deve ser considerada somente na primeira mensalidade. Os serviços de armazenamento de vídeos no YouTube são gratuitos, desde que os vídeos tenham no máximo 2 Gb e duração de 10 minutos. Tais valores serão utilizados como parâmetros limitadores no momento de cadastro de novos vídeos por parte da banda, permitindo que o serviço seja plenamente utilizado. Para o desenvolvimento do Raa in music, é necessário um investimento inicial de reais, valor destinado a pagar o salário mensal (2.000 reais) de quatro desenvolvedores trabalhando durante três meses (90 dias). Em relação à manutenção, seria necessário somente o acompanhamento do painel administrativo do GAE e adesão a novos planos, dependendo da quantidade de usuários presentes na rede. Tais atividades não requerem que uma pessoa esteja integralmente destinada a ela, portanto, poderiam ser feitas por um desenvolvedor durante uma hora por dia. Considerando o valor do salário exposto anteriormente, esse desenvolvedor deveria receber um adicional de (250 reais) pela dedicação deste tempo de trabalho à manutenção do sistema. Abaixo é apresentada a tabela consolidada de gastos mensais em reais (considerando o valor do dólar equivalente a 1,73 reais informação do dia 03/06/2011 às 09h 44 m 22 s): Serviço Tabela 6: Custos finais do Raa in music º mês (GAE + Picasa + MAN*) R$ 388,40 R$ 435,11 R$ 980,06 R$ 6450,32 Demais meses do ano (GAE + MAN*) R$ 379,75 R$ 426,46 R$ 893,56 R$ 5.564,56 *MAN = manutenção Número de usuários Número de usuários Após o cálculo dos custos, foram realizadas algumas estimativas de retorno financeiro. Para fins de cálculos, considerou-se que os espaços publicitários disponíveis tanto para bandas como para as empresas estariam sempre ocupados (ou seja, esses serviços estão arrecadando a máxima receita financeira). Considerando então um mês contendo 22 dias úteis com cinco assinaturas do Home day (por dia), 8 dias (4 fins de XIII Encoinfo Encontro de Computação e Informática do Tocantins 255

9 semana) com cinco assinaturas do Home weekend (por dia) e 30 dias com uma assinatura do Outdoor (uma a cada três dias, totalizando dez assinaturas), tem-se que o valor arrecadado pela parte de divulgação é igual a R$ 2.198,40 por mês. Tendo em vista que os planos de divulgação possuem valor de aquisição baixo, espera-se que eles estejam sempre operando próximo a sua capacidade máxima. Além dos valores de divulgação, as estimativas de retorno financeiro foram calculadas com base na regra dos 5 %, em que 5 % dos usuários do sistema utilizam planos pagos, enquanto os outros 95 % utilizam a versão gratuita. Sendo assim, supõese que 5 % dos usuários assinam o plano Turbo + 10 (combo simples, ou seja, somente um incremento). A Tabela 7 apresenta algumas estimativas de retorno financeiro a partir do que foi exposto (considerando os custos a partir do segundo mês e 10 % dos usuários como bandas assinantes do serviço). Receita Número de usuários Tabela 7: Estimativas de retorno financeiro Bruta R$ 2.248,35 R$ 2.697,90 R$ 7.193,40 R$ ,40 Líquida R$ 1.868,60 R$ 2.271,44 R$ 6.299,84 R$ ,84 Do ponto de vista financeiro, pode-se afirmar que o Raa in music é uma opção de investimentos viável. Além disso, deve-se ressaltar que o conjunto de funcionalidades, aliado à interação com as redes sociais pode fazer o sistema atingir um grande número de usuários rapidamente. É preciso frisar ainda que, para ser manter no ar e atingir cada vez mais usuários, seria preciso trabalhar continuamente em busca de inovações. 6. Considerações finais Ao analisarmos o contexto atual, que é baseado em grande parte no conceito de Economia Digital, podemos perceber que a união deste com o conceito de Mercado Free pode proporcionar bons resultados. As aplicações oriundas desta junção podem ser focadas em várias áreas, como por exemplo, no contexto musical, o qual foi alvo da proposta apresentada neste artigo. O interessante, e que deve ser ressaltado, é o fato de que esta tendência dos produtos, serviços etc. possuírem um preço baixo ou até mesmo nulo é baseada na larga utilização dos mesmos, ou seja, para que o produto se torne viável e gere lucro, deve-se ter a preocupação de atingir o maior número possível de clientes, caso contrário, o sucesso é inviável e o plano de obtenção de renda deve ser alterado. Portanto, com base nas projeções realizadas, observa-se que o Raa in music tem capacidade para funcionar tendo seu modelo de negócio baseado em tais conceitos de forma que a geração de lucro aumentará à medida que o projeto receber a atenção do seu público alvo. 256 XIII Encoinfo Encontro de Computação e Informática do Tocantins

10 7. Referências bibliográficas ANDERSON, Chris. Free: o futuro dos preços. Tradução de Cristina Yamagami. Rio de Janeiro: Elsevier, p. BABCOCK, Charles. Management strategies for the cloud revolution: How Cloud Computing Is Transforming Business and Why You Can't Afford to Be Left Behind. McGraw-Hill, p. Google App Engine. Disponível em: < BR/appengine/docs/whatisgoogleappengine.html>. Acesso em: 09 out GUNNINK, Ben. Information and the Digital Economy p. Disponível em: < >. Acesso em: 09 out OHLEM, Olivier. Internationalizing in the Digital Economy: A Pan-European Study of Business-to-Business Electronic Marketplaces p. Doutorado (Economia) - Universidade de St. Gallen, Escola de Economia, Direito e Ciências Sociais, Alemanha. Disponível em: < /2638/$FILE/dis2638.pdf>. Acesso em: 09 out OXFORD ECONOMICS. The New Digital Economy: How it will transform business p. Disponível em: < digital_economy.pdf>. Acesso em: 09 out SHULTZ, Benjamin Joshua. Handmade and DIY: The Cultural Economy in the Digital Age p. Doutorado (Filosofia) - University of Tennessee, Tennessee. Disponível em: < Acesso em: 09 out XIII Encoinfo Encontro de Computação e Informática do Tocantins 257