Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

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1 Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento Número do Processo: / Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL PALHOÇA Benefício: 91/ Espécie: AUXÍLIO-DOENÇA POR ACIDENTE DO TRABALHO Recorrente: CIRO DA SILVEIRA Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: RESTABELECIMENTO Relator: MARILEIA TONIETTO Relatório O Sr. CIRO DA SILVEIRA, ora recorrente, interpôs recurso especial contra decisão proferida pela 17ª Junta de Recursos que confirmou, mediante acórdão n.º 2455/2013, ato do INSS, ora recorrido, negando provimento ao seu pedido de prorrogação do benefício de Auxílio-doença por Acidente de Trabalho (NB: 91/ ). O requerimento do benefício em questão se deu em 28/07/2011 (DER), sendo concedido mediante as seguintes datas: DIB: 28/07/2011; DCA: 17/12/2012 (p. 33, processo eletrônico). Ciente da negativa de prorrogação do benefício, o recorrente apresentou recurso ordinário. Alegou não poder trabalhar por sentir dores nas costas. Documentos médicos apresentados (pág. 06/09; 24): receituário médico datado de 20/03/2013 (CRM 1272, ortopedia coluna vertebral); atestado e receituário médico emitidos em 07/06/2013, CID M54 (CRM 13565, ortopedia); relatório médico datado de 10/06/2013, atestando: CID 10 M54, hérnia de disco lombar, degenerativa; incapacidade definitiva, sem previsão de recuperação da capacidade laborativa; sugere aposentadoria (CRM 13565, ortopedia); atestado médico datado de 04/04/2013 (CRM 1272, ortopedia coluna vertebral), co a seguinte descrição: necessita de benefício previdenciário. Crises hiperálgicas de lombociatalgia e de repetição desde 2010, sendo constatado nos exames: ( ) sem condições laborativas. Em consulta ao sistema e-recursos verificou-se que o recorrente foi submetido a exame pericial (Requerimento: ; Data de realização: 10/04/2013), cujo resultado segue: Histórico: PR- 55 ANOS, PEDREIRO vinculado. BIs:de 06/2010 a 02/2011 (S420) e de 07/2011 a 12/2012 (M545). não retornou ao trabalho. alega manter dor lombar e não melhorar com o tto. diz ter feito fisioterapia, mas cartao de comparecimento da fisio indica sessoes ate mês 08, sem ano anotado. RX (20/3/13)=> Col cerv: osteofitos marginais de C3 a C7. reduaço espaço discal emm C5C6, C6C7 e C7T1. Col lombar: reduçao altura ant corpos T12 e L1. osteofitos marginais difusos. reduçao espaço discal T12L1 e L5S1. traz receita datada de 20/3/13 de dolamin e solicitaçao de colete de Putti baixo. AM cir coluna CRM 1272 (4/4/13, 6 DIAS ANTES DESTA PM): crises hiperalgicas de lombociatalgia de repetiçao desde sem condiçoes laborativas. RM col lombar em PMs previas, sem pinçamento radicular, sem listese. Exame Físico: Pele bronzeada. Usa colete de Putti, que retira para exame. Marcha normal. Senta sem postura antialgica. sobe e desce da maca com facilidade. manipula documentos com agilidade. Dorso: dorsiflexao sem limitação. MPV sem contraturas. Lasegue e Betcherew negativos. MMSS: troficos e simetricos. REFERE DOR LOMBAR AOS TESTES DE MMSS CONTRA RESISTENCIA. MAOS HIPERCERATOSAS. Alega dormencia em face medial de coxa esq. Considerações: Segurado esteve em BI de 07/2011 a 12/2012 por dor lombar, não retornou ao trabalho na empresa de vinculo (1 ano e 9 meses de afastamento). Exame objetivo não evidenciou radiculopatia ou limitação incapacitante. RM coluna lombar sem pinçamento radicular e sem listese. nota-se em ambas as maos reaçoes teciduais que indicam atividades manuais intensas com atrito para mmss, quadro incompativel com inatividade para mmss pelo tempo alegado. Segundo Resoluçao no. 128/INSS/ PRES, de 16/12/2010, Diretrizes de apoio a decisao medico pericial em ortopedia, as calosidades costumam involuir por completo em 6 meses; segurado apresenta exame fisico compativel

2 com manutençao de labor. Indefiro PR. (sic) Em 14/08/2013, a 17ª Junta de Recursos negou provimento ao recurso ordinário com fundamento na avaliação do médico perito que não reconheceu a incapacidade laboral. O evento n.º 14 informa CIÊNCIA DO RECORRENTE - ANEXADA, Acórdão entregue em mãos na APS em 03/09/2013. Entretanto, o documento não foi anexado. Da decisão, o recorrente apresentou recurso especial em 08/11/2013. Alegou, em razões recursais, sentir dores ao se movimentar e viver tomando medicamentos. Anexou ao processo declaração emitida pela Silveira Indústria e Comércio de Artefatos de Cimento Ltda atestando o que o recorrente é empregado da empresa desde 01/12/2004, encontra-se afastado desde 28/07/2011 por motivo de doença. Também juntou novos documentos médicos datados de 09/09/2013 e 24/09/2013. Em contrarrazões, o INSS manifestou que houve intempestividade na apresentação do recurso e manteve o ato recorrido. A presente Câmara converteu o julgamento em diligência (evento n.º 28) em razão de terem sido apresentados novos elementos médicos que não foram submetidos à perícia. Requereu do recorrido a realização de avaliação pericial por Junta Médica e elaboração de laudo médico nos seguintes termos:... necessidade de os peritos levarem em consideração a idade, a profissão de pedreiro (empresa de artefatos de cimento), a escolaridade do Recorrente e, inclusive, avaliar a sugestão proposta pelo médico assistente de conceder aposentadoria por invalidez, conforme descrito no relatório. Ressalte-se que em respeito ao princípio da motivação dos atos administrativos (artigo 50 da Lei Lei n /99), a conclusão do exame pericial deve relacionar claramente a doença e a atividade, bem como a possível incapacidade dela decorrente, além de descrever os motivos que levam os peritos a discordar dos médicos assistentes no tocante a incapacidade resultante da doença e o porquê concluem que o Recorrente está apto a desenvolver atividades diárias que demandam esforços físicos. Requer-se que o INSS também faculte ao Recorrente apresentar novos documentos médicos. Realizado exame pericial, o parecer registra o que segue: 27/4/15. Junta Médica. 58 anos. Encarregado de produção na indústria de artefatos do irmão, vínculo desde 01/12/04. Outro vínculo aberto na CTPS como pedreiro, diz que a empresa faliu. BIs anteriores de 07/2010 a 02/2011 (S420) e de 07/2011 a 12/2012 (M545) c/ indeferimentos, s/ retorno ao trabalho desde Escolaridade 4ª série do 1º grau. Refere dor lombar irradiando p/ o MIE, associado a dormência em ambos os MMII desde janeiro/2009, piorando. Diz que foi indicada cirurgia, mas não foi encaminhado p/ o SUS e não pode pagar. Diz que fez fisioterapia em 2011 e não fez mais porque não resolve. AM orto CRM 5204, 23/4/15, Lombociatalgia crônica por espondilolise L5 + espondilolistese L5S1 (grau I). Cid M430, M431. Em decorrência do quadro clínico crônico e limitante, indiquei tto cirúrgico c/ artrodese lombar posterior. S/ prognóstico de melhora até o tto cirúrgico, sugiro manter afastamento laborativo por tempo indeterminado. Receitas de tramadol, alginac, miosan, dexacitoneurim e meloxicam de 16/4/15. TC coluna lombo sacra 18/4/15: espondilólise ístmica bilateral em L5, c/ espondilolistese anterior grau I de L5 sobre S1, c/ redução da amplitude dos forames de conjugação bilateral, c/ discreto toque sobra a raiz nervosa emergente esq de L5. Alteração da morfologia do arco posterior de L5. Redução da altura discal em L4L5 c/ abaulamento discal posterior difuso, causando toque sobre a face ventral do saco dural. Abaulamento discal post difuso em L3L4, associado a protrusão foraminal esq de base larga, causando toque sobre a raiz nervosa emergente esq de L3. Ao exame: Marcha atípica, não adota postura antálgica. Sobe e desce da maca sem dificuldade. Dorsoflexão c/ leve restrição. Sem contratura de musculatura paravertebral. Mantém MMII rígidos, impedindo a realização do teste de Lasegue. Conclusão: Junta Médica. 58 anos. Pela CTPS, é encarregado de produção na indústria de fabricação de blocos de concreto do irmão, vínculo desde 01/12/04, no entanto, ele relata exercer a função de pedreiro em casa de particulares.último BI de 07/2011 a 12/2012 (M545) c/ indeferimentos, s/ retorno ao trabalho. Escolaridade 4ª série do 1º grau. Segurado c/ quadro de lombociatalgia crônica s/ limitação funcional ao exame atual. Laudo do ortopedista relata indicação de artrodese lombar, mas segurado diz que não foi encaminhado p/ o SUS e não pode pagar. S/ elementos p/ concessão de BI. O recorrente apresentou documentos médicos datados de 23/04/2015, 16/04/2015 e 18/04/2015: receituários, exame de tomografia computadorizada e relatório médico (CRM/SC 5204) atestando doenças CID M43.0 M43.1 e sugerindo manter afastamento laborativo por tempo indeterminado. (p. 110/113). É o relatório.

3 Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 20/10/2015 para sessão nº 0358/2015, de 10/11/2015. Voto EMENTA: PRORROGAÇÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA POR ACIDENTE DO TRABALHO. COMPROVAÇÃO DA PERSISTÊNCIA DA INCAPACIDADE LABORATIVA MEDIANTE APRESENTAÇÃO DE ATESTADOS DE MÉDICOS ASSISTENTES. PARECER TÉCNICO DO INSS NÃO ATENDEU AO REQUERIDO EM DILIGÊNCIA. LEI N.º 8.213/91, ARTIGO 62; DECRETO N.º 3.048/99, ARTIGO 78; LEI N.º 9.784/99, ARTIGO 50. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO AO SEGURADO O recorrente interpôs recurso especial em 08/11/2013. O evento n.º 14 informa CIÊNCIA DO RECORRENTE - ANEXADA, Acórdão entregue em mãos na APS em 03/09/2013., o que caracterizaria intempestividade. Entretanto, tal document o não foi anexado aos autos, o que autoriza a receber o recurso como tempestivo, vez que ausente a comprovação de recebimento da comunicação da decisão. A controvérsia refere-se à comprovação da incapacidade do recorrente, pedreiro, empregado em empresa de artefatos de cimento, afastado desde 28/07/2011. O artigo 59 da Lei n.º 8.213/91 assim estabelece: Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade, após cumprida a carência, sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. A mesma Lei também dispõe que o benefício somente poderá ser cessado após a completa recuperação do segurado, nos seguintes termos: Art. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Não cessará o benefício até que seja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não-recuperável, for aposentado por invalidez. Da mesma forma, o art. 78 do Decreto n.º 3.048/99 dispõe: O auxílio-doença cessa pela recuperação da capacidade para o trabalho, pela transformação em aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente de qualquer natureza, neste caso se resultar sequela que implique redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. A Lei prevê que a análise técnica da incapacidade é ato a ser realizado pelo médico perito. Entretanto, conjuntamente, a Lei que regulamenta todo processo dentro do âmbito da administração pública também prevê que os atos administrativos devem ser motivados, relacionando claramente - de forma justificada - o fato e o direito aplicado. No caso em análise, o processo retornou em diligência com o objetivo de submeter o recorrente a exame pericial realizado por Junta Médica e apreciar os novos documentos médicos apresentados em fase recursal. O colegiado requereu que o parecer elaborado pela perícia observasse os seguintes aspectos: necessidade de os peritos levarem em consideração a idade, a profissão de pedreiro (empresa de artefatos de cimento), a escolaridade do Recorrente e, inclusive, avaliar a sugestão proposta pelo médico assistente de conceder aposentadoria por invalidez, conforme descrito no relatório. Ressalte-se que em respeito ao princípio da motivação dos atos administrativos (artigo 50 da Lei Lei n /99), a conclusão do exame pericial deve relacionar claramente a doença e a atividade, bem como a possível incapacidade dela decorrente, além de descrever os motivos que levam os peritos a discordar dos médicos assistentes no tocante a incapacidade resultante da doença e o porquê concluem que o Recorrente está apto a desenvolver atividades diárias que demandam esforços físicos. Conforme parecer médico transcrito no relatório, a perícia concluiu que estão ausentes os elementos para concessão do benefício. Fez menção à profissão do recorrente e também à recomendação feita pelo médico assistente de afastamento das atividades laborais. Entretanto, o laudo pericial não se desincumbiu do requerido pelo colegiado, pois a conjugação entre doença, atividade desenvolvida e possível incapacidade não restou esclarecida. Também não relacionou a patologia à idade e ocupação do recorrente. Nãofez referência à sugestão do médico assistente em conceder aposentadoria por invalidez e tampouco apontou os motivos pelos quais discorda do médico assistente que recomendou afastamento do trabalho por tempo indeterminado. A Lei n.º 9.784/99 dispõe acerca da motivação dos atos administrativos:

4 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V - decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofício; VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. (grifos nossos) Assim, com base nos atestados médicos anexados aos autos pelo recorrente e, ainda, considerando que o parecer médico não discorreu acerca dos aspectos requeridos pelo colegiado no decisório n.º 86/2015, considero que o recorrente faz jus à prorrogação do benefício, restabelecendo-o a partir do dia seguinte ao da cessação e fixando-se como data de cessação do benefício (DCB) o dia 27/04/2015, data de realização do exame pericial por Junta Médica. Perante o exposto, voto por conhecer do recurso do recorrente e dar-lhe provimento, nos termos da fundamentação. MARILEIA TONIETTO Relator(a) Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). GUSTAVO MOREIRA BAVOSO Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas Presidente concorda com voto do relator(a). ERALDO SERGIO ARAUJO DE MEDEIROS Presidente Decisório Nº Acórdão: 4304 / 2015 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR PROVIMENTO AO RECORRENTE, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS e GUSTAVO MOREIRA BAVOSO.

5 MARILEIA TONIETTO Relator(a) ERALDO SERGIO ARAUJO DE MEDEIROS Presidente