IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
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- Maria Clara Bentes Dias
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1 IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL FARIAS, Carla Emanuele Messias 1 SANTOS, Polyana Wedja Lima 2 Faculdade de Ensino Regional Alternativa FERA coordenacao@fera-al.com.br RESUMO O presente artigo foi desenvolvido para refletir como a ludicidade pode intervir no aprendizado da criança, desenvolvendo seus saberes com criatividade e desempenho, pretende enfocar no processo, questões acerca do resgate do lúdico no processo educativo infantil, proporcionando a importância do lúdico como uma metodologia que possibilita mais eficácia no processo ensino aprendizagem., cujo objetivo foi refletir sobre as contribuições da ludicidade nas práticas educacionais visando identificar o lúdico como estratégias de aprendizagem e que através do lúdico a criança aprende brincando. O resultado desse estudo demonstrou que a escola pesquisada valoriza a ludicidade e a toma como necessário para a aprendizagem da criança. Pude concluir a partir da análise das repostas dos sujeitos da pesquisa, que ficou nítida a valorização dessas atividades, tanto da parte da coordenadora, como da professora. No entanto, ressalta-se que é preciso entendimento sobre o direcionamento de tais atividades. É o professor quem deve conduzir o aluno e as atividades a serem realizadas. A ludicidade permite novas maneiras de ensinar, associado a fatores como: capacitação dos profissionais envolvidos, pode-se obter uma educação de qualidade, capaz de ir ao encontro dos interesses essenciais à criança. Palavras-chave: Escola, Ludicidade, Criança, Aprendizagem. ABSTRACT This article was developed to reflect how playfulness can intervene in the child's learning, developing their knowledge with creativity and performance, plans to focus on the process, questions about the redemption of playfulness in children's educational process, providing the importance of recreation as a methodology that enables more effective in teaching learning process., whose goal was to reflect on the contributions of playfulness in educational practices to identify how the playful learning strategies and through playful children learn playing The result of this study showed that the researched school values the playfulness and takes it as necessary for the child's learning. Could conclude from the analysis of the responses of research subjects, which was a clear appreciation of these activities, both for the coordinator, as the teacher. However, it is emphasized that it is necessary to understanding the direction of such activities. It is the teacher who should lead the student and the activities to be carried out. The playfulness allows new ways of teaching, combined with factors such as: training of
2 professionals, you can get a quality education, able to meet the essential interests of the child. Keywords: School, Playfulness, Child, Learning. INTRODUÇÃO Em todas as fases da vida o ser humano descobre e aprende coisas novas pelo contato com seus semelhantes e pelo domínio sobre o meio em que vive. O ser humano nasceu para aprender, para descobrir e apropriar-se dos conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexos, e é isso que lhe garante a sobrevivência e a integração na sociedade como ser participativo, crítico e criativo. A esse ato de busca, de troca, de interação, de apropriação é que damos o nome de educação. Esta não existe por si só; é uma ação conjunta entre as pessoas que cooperam, comunicam-se e comunga do mesmo saber. Para que a educação lúdica caminhe efetivamente na educação é preciso refletir sobre sua importância no processo de ensinar e aprender. A pesquisa apresentada, a ludicidade na educação infantil, tem por objetivos, refletir sobre as contribuiçoes da ludicidade nas práticas educacionais;identificar o lúdico como estratégias de aprendizagem; reconhecer que através da ludicidade a criança aprende brincando;proporcionar a importância do lúdico como uma metodologia que possibilita mais eficácia no processo ensino aprendizagem. A realização deste artigo justifica-se pela preocupação e a necessidade de envolver aspectos lúdicos a prática pedagógica do professor na Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, visando á ludicidade como caminho para a aprendizagem e a construção do conhecimento, emerge principalmente sobre como conduzir melhor o ensino aprendizagem e o desenvolvimento da criança frente a ação lúdica. Buscou-se comprovar que a utilização de procedimentos metodológicos que envolvem brincadeiras tende a contribuir com mais facilidade para o processo de ensino e aprendizagem da criança, na formação de atitudes sociais cooperação; socialização; respeito mútuo; interação; lideranças e personalidade, que
3 favorecem a construção do conhecimento do educando.assim, o problema que norteou este estudo consistiu em discutir as contribuiçoes da ludicidade no desenvolvimento de alunos da educação infantil. Apresentam-se também os resultados obtidos junto aos questionários e as conclusões do estudo. Desse modo, foi abordada a importância de se utilizar os brinquedos em sala de aula, pois, assim, as crianças aprendem brincando. Para Velasco (1996 p.78), as brincadeiras abordam o desenvolvimento, bem como a socialização e a aprendizagem. É nesse momento que a criança tem prazer em realizá-las, pois permite a ela todo o desenvolvimento sem esforço. Independente da época e da cultura, as crianças sempre brincaram e brincam, ou seja, elas vão brincar e aprender da forma que mais gostam. Com base nos estudos de Vygotsky (1991), observa-se que ele considera o ato da brincadeira extremamente importante para o desenvolvimento da criança. Dessa forma, as crianças se relacionam de várias maneiras com significados e valores, pois, nas brincadeiras elas ressignificam o que vivem e sentem. Portanto, sabe-se que a brincadeira faz parte e sentido na vida das crianças. Dessa forma, as crianças reproduzem várias situações concretas de adultos. Diante disso, o educador deve utilizar as brincadeiras como ferramenta em suas aulas para facilitar o aprendizado. O estudo nos permite compreender que o lúdico é significativo para a criança poder conhecer, compreender e construir seus conhecimentos, tornar-se cidadã deste mundo, ser capaz de exercer sua cidadania com dignidade e competência. Sua contribuição também atenta para a formação de cidadãos autônomos, capazes de pensar por conta própria, sabendo resolver problemas e compreender um mundo que exige diferentes conhecimentos e habilidades. O lúdico em sala de aula pode ser trabalhado em todas as atividades, pois é uma maneira de aprender/ensinar que desperta prazer e, dessa forma, a aprendizagem se realiza.
4 Todavia, o verdadeiro sentido da educação lúdica só estará garantido se o professor estiver preparado para realizá-lo, tendo conhecimento sobre os fundamentos da mesma. Brincar é fundamental para quem precisa a todo o momento, construir e transformar sua experiência de si, ou seja, todos nós, conforme afirma Friedmann (1996) é assim que o adulto diz que se brinca... cada um com olhar diferente. Mas o jogo é um só. Brougère, ao criticar aqueles que consideram o brinquedo um objeto fútil sem importância defende que: Se o brinquedo é um objeto menor do ponto de vista das ciências sócias, é um objeto de profunda riqueza. A sua sombra, a sociedade se mostra duplamente naquilo que é mais, sobretudo naquilo que se dá a conhecer as suas crianças. Assim sendo, mostra a imagem que faz da infância. O brinquedo é um dos reveladores de nossa cultura, incorpora nossos conhecimentos sobre a criança ou, ao menos, as representações largamente difundidas que circulam as imagens que nossa sociedade é capaz de segregar (2000, p. 98). Ou seja, o brincar é a ação do ser humano em que ele decide que brincar é ao mesmo tempo criar, que tudo faz parte do convívio integral com tudo ao seu redor. Ao tempo em que a criança se diverte ela favorece através das brincadeiras os vínculos afetivos e sociais positivos, pois se trata de uma condição para a vida em sociedade. METODOLOGIA Nesta seção, apresenta-se a abordagem teórica, em que se demonstra a descrição dos sujeitos da investigação e as estratégias de recolhimento de dados, bem como o modo como foram tratados. O presente estudo insere-se numa investigação qualitativa uma vez que decorreu no ambiente natural do Centro de Educação Infantil. Portanto, segundo Bogdan e Biklen (1994), é uma metodologia de investigação que enfatiza a descrição, a teoria fundamentada e o estudo das percepções pessoais.
5 Com a finalidade de se alcançar os objetivos propostos nesta pesquisa, foi feito um levantamento bibliográfico, apoiando-se em autores como Resende (1999), Rosamilha (1979), Almeida(1995), Kishimoto (2005), Vygotsky (1984) entre outros. A pesquisa se pautou em um trabalho de campo, com a aplicação de questionários 1 e 2. Foi realizado um trabalho de investigação com a professora de uma turma de Educação Infantil, que conta na sala de aula pesquisada com um número de 20 alunos, com idades entre 04 e 05 anos, sendo uma escola da rede privada da cidade de Arapiraca e com a coordenadora desse nível de ensino. A coordenadora da instituição tem 31 anos de idade, sendo formada em Pedagogia e possui especialização em Gestão Escolar, atua com Educação Infantil há 11 anos, desde a graduação. Já a professora regente tem 26 anos é formada em pedagogia e atua a 04 anos na educação infantil. A aplicação dos questionários ocorreu entre os dias 16/06 a 18/06 do ano letivo de 2014, sendo que a professora e a coordenadora responderam sozinhas às questões e relataram que neste momento não apresentaram dificuldades, informando que o tempo médio foi de 15 minutos. Após a aplicação do questionário, cada resposta foi interpretada e comentada logo em seguida, com base na teoria antes exposta. Desse modo, essa pesquisa foi de caráter qualitativo, pois visou explicar a razão dos fatos relatados de forma detalhada objetiva e clara. A análise dos dados esteve sempre relacionada com as questões levantadas e estabelecidas no início do estudo. RESULTADOS E DISCUSSÕES ANÁLISE DOS DADOS Nesta seção, analisaram-se os dados coletados na pesquisa de campo, a partir das questões propostas e com base nos autores pertinentes à temática.
6 Análises das Respostas da Coordenadora Acreditou-se ser conveniente solicitar à coordenadora de Educação Infantil que respondesse ao questionário, uma vez que as crenças da equipe pedagógica norteiam o trabalho das professoras. É evidente que jogos e brincadeiras fazem parte do planejamento de qualquer escola, uma vez que se sabe que a criança precisa do lúdico para aprender. Assim, as respostas da coordenadora foram importantes para que se pudesse perceber qual concepção embasa o trabalho com a Educação Infantil na escola pesquisada. Ao ser questionada sobre: Na sua visão como coordenadora da educação infantil, que importância tem as brincadeiras, jogos e brinquedos no aprendizado das crianças?, para a qual se obteve a seguinte resposta: Nessa faixa de idade, é a essência da descoberta, do aprendizado. O lúdico propicia vivencia única e concreta à criança. (COORDENADORA). Nota-se que a coordenadora enfatiza o fato de as atividades lúdicas serem concretas e importantes para a criança, a esse comentário é preciso acrescentar a visão de Piaget (apud ARANHA 2002), de que a brincadeira com uso de jogos é essencial para o processo de aprendizagem da criança. Por isso, ele ainda ressalta que os programas lúdicos são muito importantes e que funcionam como berço obrigatório no desenvolvimento intelectual da criança. Posteriormente, foi direcionada a seguinte pergunta: Em sua opinião, se não ocorrer envolvimento da criança com as brincadeiras, bem como jogos e os diversos brinquedos, haveria construção de conhecimento por parte da criança? Para a qual se obteve a resposta que segue: Acredito que não, pois a criança precisa envolver-se com as brincadeiras, porque ela pode observar e a partir daí construir seu próprio conhecimento prévio. (COORDENADORA). Sobre o desenvolvimento da criança com jogos e brincadeiras, Aranha (2002, p. 186) comenta que nesse processo é fundamental a interferência do outro, seja a mãe, os companheiros de brincadeira e estudo, os professores, a fim de que os conceitos sejam
7 construídos e sofram constantes transformações. È preciso destacar que na fala da coordenadora fica subentendido que somente ocorre aprendizagem a partir de brincadeiras e no ambiente escolar, o que não é verdade, pois nem todas as crianças têm a oportunidade de ir à escola. A próxima pergunta foi: O ato de brincar influencia no ato da aprendizagem da criança e de que forma são elaborados os conteúdos programáticos na educação infantil de criança de 04 a 05 anos de idade?. A resposta obtida foi a seguinte: Olha, a criança que brinca fica mais alegre, ela fica mais extrovertida e se socializa melhor com os demais coleguinhas da escola. Aqui se dá muita importância para as brincadeiras lúdicas, desde o início do ano letivo até o final. Tem se percebido no decorrer um melhor aproveitamento nas atividades escolares (COORDENADORA). Retomando mais uma vez o RCNEI (1998, p.70) observa-se que há uma referência acerca dos brinquedos, os quais [...] constituem-se, entre outros, em objetos privilegiados da educação. A resposta dessa questão vem ao encontro com a resposta da questão anterior, pois embora a coordenadora não tenha conceituado as brincadeiras, ela deixou bem claro sua ciência sobre a importância destas para o desenvolvimento cognitivo da criança. Por fim, a última pergunta foi: Em sua opinião, os brinquedos lúdicos podem contribuir para construção do conhecimento da criança e como você vê o uso desses componentes no processo de desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional e social das crianças? A resposta obtida foi a seguinte: Olha, tudo isso que você perguntou é de extrema importância na escolarização das crianças. Só que para trabalhar com o lúdico, os professores precisam ter domínio desse conteúdo para poderem desenvolver um bom trabalho e com isso obter bons resultados. Que é o nosso caso aqui na escola. Isso vai desenvolver na criança, por exemplo, competência e ao mesmo tempo habilidades que são necessárias para aquisição da aprendizagem. (COORDENADORA) No RCNEI (1998, p. 24), observa-se que a base do cuidado humano é compreender
8 como ajudar o outro a se desenvolver como ser humano. Cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. Sabe-se que na escola o aluno desenvolve habilidades e se desenvolve como humano, como afirmou o texto acima do RCNEI, por isso, entende-se importante a fala da coordenadora ao destacar as palavras habilidade e competência, pois a criança precisa desenvolvê-las. Além disso, acredita-se que a resposta da coordenadora apresentava um ponto muito importante, pois comentou a necessidade de as professoras de Educação Infantil estar preparadas para trabalhar com o lúdico, não é somente criar uma brincadeira, é escolher a brincadeira ou o jogo e saber exatamente quais os objetivos que podem ser alcançados com cada atividade, visando o aprendizado do aluno, bem como seu desenvolvimento. Análise das Respostas da Professora Depois de responder sobre sua formação profissional e tempo em que atua na Educação Infantil, itens que compunham as perguntas 1 e 2 já comentadas na metodologia, a professora foi indagada sobre qual era, em sua visão, a importância de jogos e brincadeira na educação infantil. Pergunta para a qual se obteve a seguinte resposta: Olha, os jogos possuem papel fundamental nesse início de aprendizagem das crianças. Pois é nesse momento que se pode trabalhar com aplicação de jogos e brincadeiras, ou seja, fazendo uma junção do concreto com o lúdico para melhor aproveitamento dos conteúdos. (PROFESSORA). Nota-se que a professora salienta a necessidade de se estabelecer a relação entre o concreto e o lúdico, e como se sabe, nessa idade a criança constrói conceitos brincando. Salienta-se que para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das idéias, de uma realidade anteriormente vivenciada (RCNEI, BRASIL, 1998, p.27).
9 Em seguida, a professora foi indagada sobre usar em sala de aula brinquedos e brincadeiras e sobre qual o tempo disponível para as crianças brincarem. Em sua resposta, a professora não mencionou o tempo que as crianças têm para brincar, assim ela respondeu: aqui as crianças têm um bom tempo todos os dias para brincar a vontade. (PROFESSORA). Ressalta-se que, de acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998), é o professor quem deve administrar o tempo das atividades, não podendo as crianças ficarem sem um direcionamento. Na questão seguinte, foi solicitado à professora que definisse o termo brincar. Assim ela respondeu: No meu entendimento, não há uma definição específica, mas penso eu que brincar é algo prazeroso. É nas brincadeiras que se pode explorar a criatividade e a curiosidade da criança que vai influenciar na relação afetiva e social da mesma (PROFESSORA). Na resposta, verifica-se a ciência da professora em relação ao auxílio que as atividades lúdicas propiciam, sobretudo, no que se refere às relações sociais e afetivas, pois brincando se estreita vínculos e se percebe novas realidades. Na questão posterior, foi feita a seguinte pergunta: Quando as crianças estão brincando quais são as brincadeiras ou jogos mais utilizados por elas ou que elas gostam mais? A resposta obtida foi: Olha, de forma geral elas gostam de quase todas, mais jogos como o da velha, quebra cabeça e encaixe, caça palavra, brincar de roda, de casinha, pega-pega, jogo de dominó e blocos lógicos, ou seja, elas gostam praticamente de todos (PROFESSORA). A resposta indica que todas as brincadeiras são bem-vindas pelas crianças, no entanto, é preciso mais uma vez ressaltar a necessidade de se ter um planejamento, pois mesmo com atividades lúdicas, como jogos e brincadeiras, o professor tem que estabelecer critérios e segui-los, pois essas atividades também são instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as crianças (BRASIL, 1998, p. 41. v.3). O LÚDICO NUMA PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA A brincadeira, no panorama sócio-histórico é um tipo de atividade social humana que
10 supõe contextos sociais e culturais. O lúdico como instrumento educativo já se fazia presente no universo criativo do homem desde primórdios da humanidade (ANDRADE, 2006). A palavra lúdico se origina do latim Ludus que significa brincar. É um tema estudado e discutido desde a Antigüidade pelos filósofos e estudiosos que vieram antes da era cristã, pois acreditavam que todo ser humano já vinha em sua essência com uma inclinação para a diversão e para os jogos, o que explicava de certa forma, alguns costumes de povos primitivos em sua atividade de caça, dança, pesca e lutas como sendo aspectos de divertimento e prazer natural. Por meio dos estudos de Cardoso (1996) as brincadeiras foram ocupando lugar de destaque numa sociedade que se desenvolveu do ponto de vista tecnológico e de suas relações sociais. No que diz respeito a essa mesma perspectiva sócio-histórica vale destacar as pesquisas desenvolvidas por Szundy (2005). Em seus estudos, essa pesquisadora chama atenção para o fator histórico do jogo com uma presença marcante nas diversas atividades características das civilizações antigas, das quais o mito e o culto podem ser citados como exemplos claros dessa influência. Ao criar um jogo entre fantasia e realidade, o homem primitivo procurava, através do mito, dar conta dos fenômenos do mundo. No que diz respeito ao culto, os rituais das civilizações antigas eram celebrados dentro de um espírito de puro jogo, no sentido literal da palavra, um jogo entre o bem e o mal. O papel central reservado ao mito e ao culto nas civilizações antigas permanece intacto em diversas comunidades, nas quais o jogo entre fantasia e realidade, entre o bem e o mal representa a base moral do povo, passada de geração a geração por meio da sabedoria dos membros mais velhos dessas comunidades. Dessa forma os padrões simbólicos de compreensão e (re) criação são estabelecidos proporcionando instrumentos para o aprendiz. Na Grécia antiga e em Roma já existiam os jogos educativos, e no
11 século XIX. O ensino de línguas é ressaltado pelo desenvolvimento comercial e pela expansão dos meios de comunicação e surgem, assim, os jogos para o ensino de línguas vívidas (KISHIMOTO, 1998, p. 15). Ao tomarmos como parâmetro às teorias de Dantas (1998, p. 111) o termo lúdico refere-se à função de brincar (de uma forma livre e individual) e jogar (no que se refere a uma conduta social que supõe regras). Assim, o jogo é como se fosse uma parte inerente do ser humano, sendo encontrado, na Filosofia, na Arte, na Pedagogia, na Poesia (com rimas de palavras), e em todos os atos de expressão (ANDRADE e SANCHES, 2005). Em concordância com Andrade e Sanches, podemos arriscar-nos em afirmar que o jogo não necessita essencialmente de um ganhador e de um perdedor. Portanto, os empregos da atividade lúdica, definiram-se a toda e qualquer tipo de atividade alegre e descontraída, desde que possibilite a expressão do agir e interagir. Queremos destacar também, que embora alguns pesquisadores centralizem a ação do lúdico na aprendizagem infantil, o adulto também pode ser beneficiado com atividades lúdicas, tornando o processo de ensino/aprendizagem de línguas mais motivado, descontraído e prazeroso, aliviando certas tensões que são carregadas pelo ser humano devido ao constante estresse do dia-a-dia. Quando as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo professor, visando estimular a aprendizagem, revela-se então à dimensão educativa Szundy (2005). Assim, o professor é o responsável pela melhoria da qualidade do processo de ensino/aprendizagem, cabendo a ele desenvolver as novas práticas didáticas que permitam aos discentes um maior aprendizado. Contudo, os estudos, e pesquisadores em geral, como em particular na área da Psicologia, Pedagogia, Linguística e Educação, posicionam-se a favor em relação ao uso de atividades lúdicas em sala de aula. Entre os que criticam tal prática em sala de aula, encontra-
12 se Berne apud Cardoso (1996, p. 37) que afirma que o jogo em sala de aula apresenta uma conotação negativa, sendo visto como superficialidade e com motivação oculta. Já Dinello (1982, p. 51) critica o jogo na escola por considerá-lo apenas uma aparência de jogo ou como um falso jogo a fim de obter uma falsa resposta esperada. Entretanto, observa-se, pois que alguns dos grandes educadores como Comenius, em sua obra Didática Magna em 1632, apresentaram a sua concepção de educação. Nesta obra, como Teixeira nos aponta (1995, p. 39) Comenius pregava a utilização de um método de acordo com a natureza e recomendava a prática de jogos, devido ao seu valor formativo. Portanto, parece haver um bom senso em reconhecer a importância das atividades lúdicas não só nas diversas áreas do saber, mas também no que se diz respeito ao ensino de línguas. Nessa perspectiva, vemos que a ludicidade é uma atividade que tem valor educacional intrínseco, mas além desse valor que lhe é inerente, a ludicidade tem sido utilizada como recurso pedagógico. Dessa forma várias são as razoes que levam os educadores a empregarem às atividades lúdicas no processo de ensino/aprendizagem. Em geral, o elemento que separa um jogo pedagógico de um outro caráter apenas lúdico pode ser caracterizado da seguinte forma: Desenvolve-se o jogo pedagógico com a intenção explícita de provocar aprendizagem significativa, estimular a construção de novo conhecimento e principalmente despertar o desenvolvimento de uma habilidade operatória, ou seja, o desenvolvimento de uma aptidão ou capacidade cognitiva e apreciativa específica que possibilita a compreensão e a intervenção do indivíduo dos fenômenos sociais e culturais e que o ajude a construir conexões (NUNES, 2004, on-line). Obviamente, uma atividade lúdica, nunca deve ser aplicada sem que se tenha um benefício educativo, ou seja, nem todo jogo pode ser visto como material pedagógico, até porque, Kishimoto (1998) apontam que a atividade lúdica no processo de aquisição é um fator
13 que integra aquisição de uma LE que o aprendiz esteja em contato, o qual ocorre gradativamente e inconscientemente de forma a resultar uma comunicação natural. CONCLUSÃO No decorrer deste artigo, buscou-se levantar questões relevantes à prática das brincadeiras lúdicas na Educação Infantil.Considera-se que a pesquisa realizada propiciou entendimento à pesquisadora quanto à relevância de se empregar atividades lúdicas em sala de aula de Educação Infantil, mas sempre com metas estabelecidas. Na pesquisa realizada aqui neste artigo observou-se, dentre outros aspectos, uma grande preocupação em fazer do brincar na escola uma atividade cada vez mais pedagógica. O estudo permitiu compreender que o lúdico é significativo para a criança poder conhecer, compreender e construir seus conhecimentos, tornar-se cidadã deste mundo, ser capaz de exercer sua cidadania com dignidade e competência. No entanto, percebe-se que existe ainda certa dificuldade de trabalhar o lúdico no ambiente educacional. Uma vez que as atividades lúdicas estão gravemente ameaçadas em nossa sociedade pelos interesses e ideologias de classes dominantes. Portanto, cabe a escola e a nós, educadores, recuperarmos a ludicidade infantil de nossas crianças. É preciso que o professor assuma o papel de artífice de um currículo que privilegie as condições facilitadoras de aprendizagens que a ludicidade contém nos seus diversos domínios,afetivos,social e cognitivo. No decorrer deste trabalho, estive comprometida com as reflexões sobre a importância das atividades lúdicas na educação infantil, tendo sido possível desvelar que a ludicidade é de suma importância para o desenvolvimento integral da criança, pois para ela brincar é viver. É relevante mencionar que o brincar nesses espaços educativos precisa estar no constante quadro de inquietações e reflexões dos educadores que o compõem. Com base nos objetivos apresentado percebe-se que todos eles foram alcançados com sucesso, uma vez que a metodologia aplicada foi de excelente coerência na unidade pesquisada, já que através do estudo levantado pode-se perceber a importância da ludicidade,
14 como também o papel do docente durante sua prática pedagógica na escola, ou seja, as professoras entrevistadas atribuíram às atividades lúdicas um papel essencial, eles consideram importante o uso de jogos e brincadeiras no processo de aprendizagem da criança, através do lúdico é possível que à criança construa o conhecimento, visto que ela sempre sente prazer em atividades que envolvam o brincar. No entanto, lúdico pode ser considerado propulsor da aprendizagem e facilitador no processo de ensino-aprendizagem podendo ser aproveitado em todas as mudanças e evoluções, pois a criança sempre estará disposta a brincar e se brincar sempre estará propenso a um novo aprendizado. Contudo, espera-se que esse trabalho sirva de apoio para que os professores que queiram inovar suas práticas, tenham as atividades lúdicas como aliadas, possibilitando as crianças uma forma de desenvolver as suas habilidades intelectuais, sociais e físicas, de forma prazerosa e participativa, sendo que os mesmos são de grandes subsídios para o processo de ensino e aprendizagem. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação Lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, ARANHA, Maria Lúcia Arruda. História da educação. 2ª ed. São Paulo: Moderna, São Paulo: Loyola, BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretária de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.Brasília, 1998, v.2. BRASIL. Referencial Nacional para a Educação Infantil. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998, vol BROUGÈRE, G. Jogo e Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.
15 CASTRO, Danielle Andrade de. O lúdico no ensino da aprendizagem da Língua Portuguesa: sugestões de aulas criativas e divertidas aplicadas a alguns conteúdos. Rio de Janeiro, Disponível em: acesso em 25 de setembro de KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.) Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 3ª Ed. São Paulo: Cortez 1998 KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.). Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. 8. ed. São Paulo: Cortez, RESENDE, Carlos Alberto. Didática em Perspectiva. São Paulo: Tropical, ROSAMILHA, Nelson. Psicologia do Jogo e a Aprendizagem Infantil. São Paulo: Pioneira, SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedo e Infância: um guia para pais e educadores. Rio de Janeiro: Vozes, VIGOTISKI, L. S., A formação social da mente. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
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