Faculdade de Economia Universidade de Coimbra. Envelhecimento e Desigualdades Sociais. Ricardo Almeida
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1 Faculdade de Economia Universidade de Coimbra Envelhecimento e Desigualdades Sociais Ricardo Almeida Coimbra, 2012
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3 Faculdade de Economia Universidade de Coimbra Envelhecimento e Desigualdades Sociais Trabalho realizado na unidade curricular de Fontes de Informação Sociológica Docente: Paulo Peixoto Ano Lectivo:2012/2013 Imagem de Capa: fotopedia, original/people_around_the_world/europe/hungary/elderly_man_soaks_up_the_s un_along_the_danube_ _Pest_Side_ _Budapest_ _Hungary.jpg Ricardo Almeida Coimbra, 2012
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5 Índice 1. Introdução Estado das Artes Descrição detalhada da pesquisa Avaliação de uma Página da Internet Ficha de Leitura Conclusão Referências Bibliográficas Anexo I Página da internet avaliada Anexo II Texto suporte da Ficha de Leitura
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7 Envelhecimento e Desigualdades Sociais 1. Introdução No âmbito da unidade curricular fontes de informação sociológica, foi proposto pelo Docente um modelo de avaliação contínua assente na realização de três trabalhos ao longo do semestre conforme um tema selecionado por cada aluno de três temas disponíveis. No meu caso optei por escolher o último tema que estava proposto: Envelhecimento e Dinâmicas Sociais, onde abordarei acima de tudo este flagelo que atinge Portugal e o resto dos países chamados de desenvolvidos que é o envelhecimento demográfico: as suas causas e consequências. A minha escolha baseou se no facto de eu já conhecer um pouco esta temática e querer aprender um pouco mais sobre o envelhecimento e dinâmicas sociais e saber qual a opinião dos especialistas nesta matéria. Pretendo também com este trabalho demonstrar as competências que fui adquirindo e desenvolvendo nesta unidade curricular, ao nível: da pesquisa em bases de dados, da pesquisa em motores de busca, da pesquisa em sites de dados estatísticos, da pesquisa utilizando operadores booleanos, da referenciação e da citação bibliográfica; da elaboração de fichas de leitura; da avaliação de sites da internet; etc. 1
8 Ricardo Almeida 2. Estado das Artes Penso que é do conhecimento do público em geral que, atualmente, Portugal e o resto da Europa atravessam um período de grave envelhecimento populacional ou envelhecimento demográfico, conceito esse que, segundo Ana Alexandra Fernandes, assenta no aumento relativo das pessoas com mais de 65 anos (Fernandes 1997: p7) Se analisarmos esta temática cinquenta anos antes, podemos constatar que isto nem sempre se passou no nosso país. Aliás, a situação era precisamente a contrária à que vivemos hoje em dia. Por duas razões muito simples: elevado taxa de fecundidade no nosso país, que na altura era das maiores da união europeia (cada mulher tinha em média mais de três filhos) e a esperança média de vida ser mais reduzida, ou seja havia uma maior taxa de mortalidade (Rosa 2012) Nos dias correntes a taxa de fecundidade em Portugal é das mais baixas da Europa, segundo Maria João Valente Rosa, um aumento da participação da mulher no mercado de trabalho, terciarização da economia, uma maior instrução da população ou a urbanização ajudam a explicar o sucedido. (Rosa 2012). A juntar a este fator de baixa taxa de fecundidade está também a baixa taxa de mortalidade, as pessoas vivem mais tempo que há cinquenta anos atras, muito devido a grandes avanços na área da ciência e na área da medicina. Em suma, com o passar dos anos as sociedades foram se desenvolvendo e progredindo, a baixa taxa de natalidade reduz o número de crianças e jovens no país, enquanto a baixa taxa de mortalidade concedeu uma maior esperança média de vida à população, mergulhando Portugal num profundo envelhecimento demográfico. 2
9 Envelhecimento e Desigualdades Sociais Continuando com a mesma linha de raciocínio e analisando projeções do INE relativamente a 2010 e para 2060, esta situação não inspira muita confiança, a população tenderá a envelhecer cada vez mais pelo menos a médio prazo Fonte: INE 3
10 Ricardo Almeida Nem de perto nem de longe este cenário é o ideal, numa altura em que Portugal atravessa uma grave crise económica e financeira, com a população ativa em constante decréscimo muito devido à fase de formação, hoje em dia, acabar mais tarde, os jovens entram na idade ativa numa fase mais tardia e existindo também a variável de que esta tem tendência a cessar cada vez mais cedo e muitas pessoas acabam por pedir a reforma antecipada. Feitas as contas, os dados são de menos de duas pessoas ativas por pensionista, começando por se pensar se o estado pode garantir a sustentabilidade da própria segurança social (Rosa 2012: p46 47). Claro que este não é o único problema do envelhecimento demográfico, olhando para as projeções do INE, uma pessoa começa a interrogar se a si próprio e a pensar se a renovação de gerações está assegurada face a tamanho envelhecimento. A juntar aos receios já mencionados existe também a ideia que as pessoas mais velhas, à medida que vão envelhecendo vão perdendo produtividade, sendo muitas vezes substituídas por pessoas mais novas, com maior destreza para o trabalho físico. Ora, isto não é necessariamente verdade, pode se ir perdendo gradualmente produtividade, mas as pessoas mais velhas não podem ser apressadamente classificadas de inúteis e dispensáveis, tem de existir uma maneira mais digna de tratar estas pessoas. Será que faz algum sentido dispensar uma pessoa mais velha, por esta ter passado uma certa barreira etária, nas palavras de Maria João Valente Rosa, A resposta é negativa (Rosa 2012: p43). Os mais velhos têm sempre um contributo para dar, o problema é que se perdeu aquela noção de interligar a sabedoria aos mais velhos, hoje em dia, o esteriotipo mais comum associado aos mais velhos é: a velhice e o idaismo, estando a velhice segundo Ana Alexandre Fernandes, associada à ideia de pobreza ou, pelo menos à escassez de meios materiais, de solidão, doença e também, de alguma forma, de segregação social, corte com o mundo (Fernandes 1997: p10). Já o idaismo, segundo Sibila Marques, refere se às atitudes e práticas negativas generalizadas em relação aos individuos baseados somente numa caracteristica a sua idade (Marques 2011: p18). Este é geralmente o grande problema das pessoas, considerarem os idosos um fardo das sociedades desenvolvidas, o preconceito ocupa um lugar de destaque, a dignidade perde se com o passar dos anos, assim como os apoios sociais do estado que são cada vez menores, a população mais nova não vê qualquer vantagem ou contributo que os idosos possam dar à sociedade, são olhados de lado e visto como pobres coitadinhos que se andam a arrastar pelo mundo às custas dos mais jovens e das populações ativas que lhes pagam a reforma ao fim do mês. 4
11 Envelhecimento e Desigualdades Sociais É indiscutível que quando a população envelhece vêm ao de cima problemas indesejados Contudo não podemos culpar as pessoas mais velhas de tudo o que se passa de mal na sociedade. Já vimos que o envelhecimento demográfico não pode ser extinto, apenas atenuado e a população irá continuar a envelhecer (INE apud Rosa 2012: p28). É importante o contributo do estado para tentar atenuar o envelhecimento demográfico, contudo medidas como o incentivo à natalidade tem se revelado insuficientes. (Rosa 2012: p14). O importante agora é deixarmos os preconceitos de lado e combatermos estas desigualdades, tentando encarar o envelhecimento como um desafio para o futuro. Para isso é preciso encontrar um consenso e tentar mudar a maneira de pensar das sociedades, até porque teremos forçosamente de nos resignar e aprender a coabitar com o envelhecimento demográfico. 5
12 Ricardo Almeida 3. Descrição Detalhada da Pesquisa Na fase inicial, dentro das três hipóteses que existiam para o tema do trabalho, escolhi o tema envelhecimento e dinâmicas sociais. Uma das fontes que mais utilizei e citei neste trabalho foi o livro da Maria João Valente Rosa, li o para elaborar a ficha de leitura e achei que continha bastante informação sobre o tema em questão. Na segunda parte da minha pesquisa, através da internet recorri à página do INE para recolher informação estatística sobre o tema e acedi ao catálogo bibliográfico e a algumas bases de dados da biblioteca do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, para retirar informação relevante para o meu trabalho. De facto sobre este tema havia muita informação disponível, acabei por passar um dia inteiro na biblioteca a fazer pesquisa, fotocopiei bastante material bibliográfico vindo essencialmente de livros e revistas científicas e no final foi para mim bastante complicado de entre as várias opções: ler, compreender, analisar e selecionar as publicações que encaixavam melhor na maneira como estava a pensar inicialmente abordar o trabalho. 6
13 Envelhecimento e Desigualdades Sociais 4. Avaliação de uma Página da Internet O site que escolhi para avaliar foi o próprio site da unidade curricular, criado pelo professor Paulo Peixoto da Faculdade de Economia, sendo o seu endereço URL: Escolhi este site porque me ajudou a elaborar todo o trabalho em si, talvez não muito com o tema, mas com aspetos relacionados ao próprio trabalho como: pesquisas bibliográficas, utilização do sistema de referenciação e citação bibliográfica, pesquisas na internet, etc. Não escolhi outro site para avaliar porque não retirei informação da internet, fiz pesquisa na internet, mas a partir da página da biblioteca do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Escolhi esta página porque penso que me permitiu interessar me com maior facilidade na unidade curricular e permitiu que dentro dos possíveis me tornasse um melhor aluno. Relativamente à avaliação, a página tem o autor identificado, o que a torna o site pelo menos mais fiável tendo em conta também que o autor, o Professor Paulo Peixoto, tem também disponível o seu endereço de correio eletrónico, é uma referência no tema que aborda e o próprio site consegue comprovar isso. Em termos de aspeto gráfico, é uma página bastante simples, o site apresenta apenas duas cores, não tem imagens e não chama muito à atenção, mas em contrapartida o texto é facilmente legível sem grande esforço visual, em relação ao alcance é um pouco restrito, o público alvo é acima de tudo estudantes da licenciatura em sociologia na Faculdade de Economia. Não é um site com grande dimensão, mas também não tem uma dimensão reduzida, aborda o tema detalhadamente (critério de profundidade) e tem inclusive várias ligações dentro do site para: grupos de discussão, e mails e newsletters eletrónicas que facultaram recursos sobre temáticas especificam no domínio da sociologia, motores de busca, etc. O formato da página é todo à base de escrita maioritariamente em língua portuguesa, não existe conteúdo áudio. O site não se adapta, por exemplo, para pessoas invisuais. A página apresenta de modo geral, bom conteúdo, a informação é correta e proveniente de fontes fiáveis e apresenta também uma boa qualidade ao nível do texto, apresenta alguma informação que pode estar repetida na vertente em que existem powerpoints disponibilizados no site que contem já muita informação contida nas páginas do site, mas servem muito para completar a informação que já estava disponibilizada. Relativamente ao grau de atualização, o site foi atualizado pela última vez a nove de Outubro de 2012 e penso que está em constante atualização. A nível de amigabilidade penso que o site é amigável, eu sei encontrar lá a informação que necessito e o público alvo, penso que também consegue trabalhar muito bem com o 7
14 Ricardo Almeida site. Relativamente ao custo, cada vez mais consultar um site tem um preço, muitas vezes esse preço é a publicidade ou a efetuação de um registo para aceder à informação. No caso do site de Fontes de Informação Sociológica não existem esses custos, não existe publicidade nem necessidade de efetuar qualquer registo para aceder à informação. Falando um pouco mais de acessibilidades e já referi muitos aspetos, o site garante ainda a possibilidade de aumentar o texto com as opções no navegador, sendo esta facilidade muito utilizada por pessoas idosas com algumas dificuldades visuais, permite também a ativação de elementos da página usando o teclado (tecla TAB). O site fornece também uma forma fácil de contactar o autor, visto que o seu e mail está disponível na página, dando aos utilizadores do site possibilidade de comentar e dar novas sugestões para a página. Para terminar a avaliação, usei a barra de ferramentas do internet explorer para analisar mais detalhadamente o nível de acessibilidade desta página web. Comecei pelo validador HTML do W3C da barra de acessibilidades do internet explorer e foi possível detetar seis erros e três avisos nas linhas de código do site. Na parte das imagens, a barra encontra uma imagem que corresponde ao fundo da página. Nas cores: por um lado o dá para mudar as cores do site para tons de cinza e por outro e usando o analisador de contrastes o site falha em todas as categorias menos na categoria P. Na parte da estrutura o site apenas permite mudar e apresentar o mostrar a sequência de tabulação, a tabela de dados comuns [simples], o mostrar bordas da tabela e a sequência de celas da tabela. O resto dos elementos da estrutura como o cabeçalho não existe. Na parte das ferramentas e usando o WAVE são encontrados dois erros de acessibilidade da página, o primeiro é as imagens de fundo não deveriam conter conteúdo importante e o segundo é que esta página, não tem estrutura de documentos. Relativamente aos simuladores disponíveis, o único que deu um bom resultado foi o de catarata, a página principal continuava bastante legível, abrindo um separador talvez ai existia uma maior dificuldade em ler a informação disponível. Vendo a informação do documento dá para acrescentar que o site, contém vinte e três links. E tem um peso de 6,154 bytes Na parte do código foram encontrados trinta e quatro elementos em desuso. 8
15 Envelhecimento e Desigualdades Sociais Em suma e vendo os três critérios principais de validação das fontes, o site tem nota muito positiva no critério de fiabilidade e de autenticidade, no critério de acessibilidade a página não apresenta muitos pontos fortes. Apesar disso e como já referi o seu conteúdo ajudou me bastante a eu querer tornar me um melhor aluno, por isso, globalmente, considera o site bom. 9
16 Ricardo Almeida 5. Ficha de Leitura Título da Publicação: O Envelhecimento da Sociedade Portuguesa Autora: Maria João Valente Rosa Data da Publicação: Maio de 2012 Local de edição: Lisboa Editora: Fundação Francisco Manuel dos Santos Número de Páginas: 86 Assunto: Envelhecimento e dinâmicas sociais Palavras chave: Demografia, Envelhecimento, Envelhecimento Demográfico, Jovens, Ativos, Idosos, mortalidade, natalidade. Resumo/Argumento: O livro trata o envelhecimento da sociedade portuguesa, que é aliás o título do livro. Numa fase inicial (capítulo 1) a autora tem uma abordagem mais conceptual sobre o envelhecimento. No segundo capítulo, essencialmente, a autora identifica as causas do envelhecimento populacional, como sendo duas: a redução da mortalidade e a redução da fecundidade. No terceiro capítulo a autora avança com vários exemplos de receios do envelhecimento demográfico, (renovação de gerações, produtividade e segurança social). Esses Receios são ilustrados de forma objetiva, com o intuito de demonstrar o quanto é preocupante os fatores ligados ao envelhecimento social. O último capítulo é o mais extenso do livro inteiro, onde a autora faz uma reflexão, sobre o não acompanhamento da sociedade, no contexto e panorama atual, dando destaque ao envelhecimento da população e com base nisso, irá problematizar, refletir, pensar e propor outras vias possíveis, para a sociedade moderna. 10
17 Envelhecimento e Desigualdades Sociais Estrutura Introdução/Síntese: Devido a uma baixa taxa de mortalidade e natalidade o nosso país caiu num profundo envelhecimento populacional. Apesar de não ser o único caso, este problema em Portugal é bastante evidente, não basta claro os esforços do governo a incentivar a natalidade, medida que não se tem mostrado eficaz, é preciso mudar a mentalidade das sociedades e tentar arranjar formas de beneficiar com o envelhecimento demográfico. Para compreender melhor estes conceitos o livro está dividido em duas partes (como refere a autora na apresentação do livro), a primeira parte é de carácter mais descritivo e sintetiza o processo do envelhecimento demográfico. A Segunda Parte será uma reflexão especulativa baseada na primeira parte. Desenvolvimento: Numa fase inicial a autora fala de conceitos de envelhecimento essenciais para compreendermos todos os aspetos do livro mais à frente. Quando se fala em envelhecimento aparece nos logo duas vertentes diferentes: o envelhecimento individual e o envelhecimento coletivo. Por sua vez o envelhecimento individual está distinguido em duas situações diferentes: envelhecimento cronológico (idade) e o envelhecimento biopsicológico (velhice). No envelhecimento coletivo também existem dois aspetos diferentes: o envelhecimento demográfico e o envelhecimento societal. No conceito de envelhecimento demográfico, os indivíduos são classificados em categorias etárias fixas sendo elas a idade jovem (até aos 15 anos), a idade ativa (entre os 15 e os 64) e a idade idosa (65 e mais anos). Assim a partir desta classificação etária resulta o conceito de envelhecimento demográfico (ou da população). Este envelhecimento define se segundo a autora como: Uma evolução particular da composição etária da população que corresponde ao aumento da importância estatística dos idosos. Este envelhecimento pode ser confirmado através de vários indicadores como o aumento da idade média, mas independentemente do indicador usado, a população envelhece quando os idosos passam a valer mais em termos estatísticos. O envelhecimento societal é como o nome indica o envelhecimento da sociedade em si, não confundir com o envelhecimento da população, pois esta pode estar envelhecer e a sociedade não. Uma dos indicadores deste envelhecimento é uma sociedade deprimida, ameaçada pelas mudanças da própria sociedade. Este tipo de envelhecimento pode prossupor fragilidades na economia, os mais jovens perdem produtividade e como consequência haverá m agravamento na medida em que a população ativa não conseguirá suportar os descontos para a reforma dos idosos. 11
18 Ricardo Almeida Uma das causas para o envelhecimento demográfico aparentar ter consequências negativas é de facto o seu aumento, mas neste sentido a autora faz uma interrogação na medida em que será o problema o aumento da população idosa propriamente dita ou o papel social desvalorizado que os demais atribuem a esses idosos? Certas tarefas exigem mais destreza física que outras, neste sentido os mais jovens têm mais capacidade para estes trabalhos, mas a destreza física não tem o mesmo valor que o conhecimento, é este que marca a diferença. A idade não tem de ser assim um prejuízo para o individuo ou para a sociedade e é este tipo de preconceitos que forma o envelhecimento societal, ou seja o atraso de mentalidades na sociedade retratada na expressão sempre foi assim. Depois de um início mais conceptual, passa se agora para aspetos mais traçados e fatoriais. É quase do domínio comum de todos que a Europa está a passar por um processo de envelhecimento mundial, Portugal não é exceção e espera se, segundo dados das Nações Unidas, a idade média na Europa em 2050 será de 47 anos, no Mundo 38 anos e em Portugal 50 anos. Portugal é um caso drástico em 1950 a idade média era apenas de 26 anos hoje em dia já vai nos 41 anos a idade média da sua população. Associado à rapidez deste processo estão as baixas taxas de mortalidade do país e as baixas taxas de natalidade no país. Estas variáveis afetam todas as classes etárias, diminuindo o número de jovens e ativos e aumentando a classe dos idosos deixando o país cada vez mais envelhecido. Apesar do cenário não ser o mais favorável existem pessoas que pensam que Portugal deixará de envelhecer, um erro comprovado pelo Instituto Nacional de Estatística. Mesmo que os níveis de fecundidades aumentem e os saldos migratórios continuem positivos, não se prevê que o número da população esteja distante dos 10 milhões atuais, mas será uma população muito mais envelhecida. Como a autora refere as causas do envelhecimento demográfico estão bem identificadas: redução da mortalidade e redução da fecundidade. Relativo à mortalidade e sua redução é sentido que se vive muito mais tempo que no passado. Em 1920 a esperança média de vida de um português era de 40 anos, hoje em dia os homens tem uma esperança de vida média de 76 anos enquanto as mulheres tem uma esperança média de vida de 82 anos. Este súbito aumento da esperança de vida é o resultado de grandes avanços a nível científico, médico e social, que ocorreram ao longo dos anos, o que fez com que taxa de mortalidade diminuísse. Outro fator do envelhecimento demográfico foi a redução dos índices de fecundidade que reduziu a pique o número de nascimentos. Uma mulher precisa de conceber uma futura mãe para estar assegurado o contínuo das gerações futuras tinha de ter em média 2,1 filhos. Isto não se verifica e em Portugal a média, hoje em dia, é inferior a 1,4 filhos por mulher. Associado à baixo taxa de fecundidade estão fatores de ordem social, mais concretamente o desenvolvimento da sociedade portuguesa, onde 12
19 Envelhecimento e Desigualdades Sociais a mulher ganhou novos direitos e outro papel social sem ser o tradicional de ficar em casa a tomar conta dos filhos, nos dias correntes a mulher já é mais participativa no mercado de trabalho. Houve também uma maior instrução da população, a terciarização da economia e a urbanização. Todos estes fatores ajudam a explicar a baixa taxa de fecundidade. Não será de esperar que a população, subitamente deixe de envelhecer. Pelo contrário ela vai continuar a envelhecer, agora os ritmos deste processo podem ser atenuados e a imigração pode ser uma das soluções para atenuar este processo. Mas por agora a população portuguesa continuará a envelhecer pelo menos a médio prazo. Quando se fala de envelhecimento da população, fala se num tom de receio e de desconforto, a autora enumera três: a saúde, a solidão e o isolamento familiar e a pobreza. Estes fatores são sempre fatores de receio da população em geral. Existem com certeza mais, mas estes são sem dúvida os mais relevantes para a autora e em suma o envelhecimento demográfico é mau porque estagna e não existe renovação de gerações, reduzindo a produtividade e pondo em risco a sustentabilidade da segurança social. É normal que a população tenha tendência a diminuir, visto que o número de óbitos é superior ao número de nascimentos e isto manifesta dois aspetos: diminuição do número de nascimentos e envelhecimento da população. Não está em causa através destes aspetos que a continuação da espécie humana possa estar em perigo e a população mundial deverá aumentar nas próximas décadas, só não serão os países desenvolvidos a contribuir para este efeito. Poder se ia voltar ao passado onde as mulheres tinham descendências numerosas, mas isso prossupõem um retrocesso a nível do desenvolvimento das sociedades que se falou à pouco como a escolarização ou a maior participação das mulheres do mercado de trabalho. O nível de fecundidade diminuiu porque houve grandes progressos sociais e económicos, assim voltar a uma população com elevada taxa de fecundidade significa, como diz a autora, implicitamente, um retrocesso social. Se as pessoas tivessem realmente preocupadas com o crescimento demográfico e a atenuação dos ritmos do envelhecimento demográfico a resposta não seria voltar ao passado, seria sim a imigração, mas claro o preconceito em Portugal é enorme e vemos sempre os estrangeiros como uma espécie de bicho que ameaça o nosso quotidiano. O problema essencialmente da imigração é cultural e não tanto económico, vemos os nossos costumes, valores e tradições graças ao envelhecimento a desaparecerem por estarmos a optar por esta solução de atenuação. 13
20 Ricardo Almeida Falando agora de produtividade, existem vários receios que aumentam à medida que o envelhecimento também aumenta, na medida em que se pensa que com o aumento da idade, é um entrave à produtividade. Pode se dizer que esta afirmação não é verdadeira, pode se afirmar que um individuo à medida que vai envelhecendo pode produzir menos, mas entre produzir menos e não produzir nada vai uma grande distância e contributo destas pessoas é sempre útil, independentemente da idade. Não se pode tirar estas conclusões pois como vimos atrás a esperança média de vida está sempre a aumentar e isso deveria ser indicador para perlongar o período de atividade laboral, mas tal não acontece. Aliás em regra dáse sempre prioridade à saída dos mais velhos, independentemente das suas capacidades para a entrada de indivíduos ativos mais jovens. É o ciclo da vida, no caso das idades mais jovens estão ocupadas do processo de formação e entram cada vez mais tarde no mercado de trabalho, nas idades mais avançadas entram na reforma justa depois de terem trabalhado durante largos anos. Muitas vezes podem não ter chegado à idade da reforma e são dispensados para dar lugar a pessoas mais novas que estão mais a par das novas tecnologias, reivindicam menos direitos salariais entre outros argumentos. Claro que não é válido o prossuposto que com a idade avançada a produtividade diminui, e não é plausível dispensar qualquer contributo baseado no escalão etário que a pessoa ocupa. Noutra visão da produtividade numa sociedade que se encontra em constante envelhecimento, um papel que poderia ter bastante relevo era a imigração, sobretudo pela falta de pessoas qualificadas em Portugal, no entanto muitos imigrantes que chegam, apesar de terem qualificações, estas não são aproveitadas e na maior parte dos casos acabam por ir trabalhar para a construção civil. Existem receios que os níveis de produtividade podem ser afetados com o envelhecimento, mas não é a produtividade que está em causa, está em causa a necessidade de uma profunda mudança na organização da sociedade. Outro receio do envelhecimento da população é a sustentabilidade da segurança social. Vigora atualmente o modelo de repartição na segurança social ou seja os trabalhadores ativos ao descontarem, está a financiar as reformas dos reformados e quando chegarem à reforma terão alguém que financie as suas reformas. Pois bem, em consequência do envelhecimento demográfico, diminui o número de trabalhadores ativos por idosos e o problema é que o número de ativos não acompanha o número de pensionistas e atualmente Portugal conta com menos de dois ativos por idoso e há ainda a considerar o aumento dos montantes envolvidos com as pensões de reforma. Este é mais um caso de ameaça e receio social que surgiu com o envelhecimento demográfico. Resumindo, existem vários receios que derivam do envelhecimento da população e o cenário visto com esta objetividade é um puco assustador e 14
21 Envelhecimento e Desigualdades Sociais preocupante. Existem ainda pessoas que insistem em encontrar a solução universal para o problema, contudo estas pessoas estão enganadas e a médio prazo o envelhecimento demográfico continuará a aumentar e só poderá ser atenuado. Podemos optar por outro caminho e começar a remodelar a sociedade, dando lhe um trajeto mais adequado às suas exigências. Então é momento de decidirmos e refletirmos, que rumo iremos dar à sociedade. E para concluir é precisamente isso que a autora se propõem a fazer e a refletir. É então altura depois de tantos conceitos fatores e receios, o momento de refletir, problematizar e de usar um pensar diferente relativamente ao modelo da sociedade, usando uma lógica de interligação. Neste sentido a autora apresenta a primeira proposta: o ciclo da vida. Nesta proposta, o que se pretende é alterar o modelo da profissão única, de modo que os mais velhos, não sintam dificuldade nas atividades laborais. Por isso a proposta altera todos os escalões etários e o que se propõem é uma interligação entre eles onde a formação estaria sempre presente. Em termos genéricos, poderiam ser imaginados quatro grandes períodos. Primeira: a fase de formação de base (até aos 18 anos), onde o objetivo seria de dotar o individuo de conhecimentos essenciais para a vida. Segunda: a fase de carreira principal, o principal objetivo seria de aprendizagem permanente e atualizada de uma atividade principal. Terceira: fase de transição para uma segunda carreira cujo objetivo seria a preparação e aprendizagem para uma segunda carreira mais sénior. Quarta: a fase de segunda carreira com a formação necessária. Nestes moldes a formação, produção e lazer/ descanso, prolongam se simultaneamente, de forma a interligar a totalidade da vida dos indivíduos. Esta proposta envolve assim o envelhecimento ativo dando outro destaque às idades mais avançadas. Outro ponto importante é o relacionamento cultural. Já vimos que a imigração ajuda a atenuar o envelhecimento demográfico, por isso chegou a altura de fazer uma reflexão sobre ela. Preferencialmente os imigrantes são sempre empurrados para trabalhos que exigem menor qualificação, como a construção civil, ou seja ocupam os lugares que os portugueses não querem, perdendo por ventura em muitos casos mão de obra qualificado que poderia ter outro contributo para a sociedade, mas esta não quer mudar e vemos sempre os estrangeiros como uma ameaça, que está aqui para alienar a nossa cultura. Achamos mos sempre melhores que os outros e isto tem de acabar. A imigração é um fator vantajoso para atenuar o envelhecimento demográfico e as culturas podem ser diferentes, mas isso não significa que não possamos continuar a gostar de fado, da nossa comida, ou de outros costumes tradicionais portugueses. 15
22 Ricardo Almeida Num ponto de vista de situação de trabalho, fica cada vez mais difícil um individuo arranjar um emprego para a vida, por isso em relação à situação de trabalho o modelo que a autora propõe é o regresso ao valor do trabalho em vez da ilusão de procurar ou garantir emprego. Trata se acima de tudo de uma forma de encarar o modo como nos organizamos em sociedade. Num ponto final e para terminar, é preciso reconhecer mérito àqueles que desempenham um bom trabalho. A população tem de reconhecer e entender que mais cedo ou mais tarde, o seu bem estar dependerá cada vez mais do seu empenho e empreendedorismo, da sua dedicação e da sua criatividade. O mérito influencia todos estes aspetos e se reconhecem mérito a um trabalho de uma pessoa, esta certamente, virá trabalhar muito mais motivada e será mais produtiva. Pontos fracos e fortes do documento: Penso que o livro é de fácil compreensão e as ideias chave ficaram assimiladas acima de tudo. A nível de linguagem, tirando uma ou outra palavra que desconhecia o significado, não tive grandes problemas em ler o livro. Na parte dos pontos fracos achei um pouco maçudo a reflexão final e penso que a autora complicou em demasia certos pontos e enquadramentos no quarto capítulo. Conclusão: Portugal vive envelhecido, os dados não enganam. Vivemos numa sociedade bem mais evoluída que há 50 anos atrás o que levou ao aumento da idade média no nosso país, com isso a mulher também atingiu outro papel mais relevante na sociedade e agora não tem muito tempo para ter filhos, estes fatores conduzem a um nível baixo de mortalidade e fecundidade, o que leva a um envelhecimento demográfico. O envelhecimento é tão preocupante, que leva a população a recear sobre a renovação de gerações, sobre a produtividade e sobre a sustentabilidade da segurança social. Existem pessoas a tentar arranjar soluções para o problema, o que é um engano. Este envelhecimento, de momento, apenas pode ser atenuado e Portugal a médio prazo continuará a envelhecer. Com base nisto, o homem necessita de repensar e refletir sobre o modelo da sociedade atual e tentar criar uma sociedade mais inteligente. 16
23 Envelhecimento e Desigualdades Sociais AUTORES/PERSONAGENS/ESCOLAS DE PENSAMENTO Principais Autores Citados ou eventuais Protagonistas identificados no texto: (Rosa 2012) Rosa, Maria João Valente. O Envelhecimento da Sociedade Portuguesa. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, REFERÊNCIAS HISTÓRICO CULTURAIS A autora através de dados estatisticos vindos da União Europeia e do Instituto Nacional de Estatistica faz várias referências ao estado do envelhecimento da população no século XX. 17
24 Ricardo Almeida 6.Conclusão À medida que ia elaborando este trabalho, procurei organizar da melhor forma possível, as ideias que tinha na cabeça e que ia tirando de alguns textos. Fiz uma boa pesquisa bibliográfica com fontes reconhecidas e relevantes para o assunto em questão, mas de certo modo penso que no estado das artes a informação que apresentei era demasiado genérica e podia ter abordado muito melhor o tema em si. Da mesma forma penso em relação à avaliação do site da internet, acho que usei um elevado número de critérios e consegui fazer uma avaliação básica e outra mais complexa utilizando a barra de acessibilidades do internet Explorer, mas acho que tive algumas dificuldades na estruturação do texto em si. De qualquer modo este trabalho permitiu me não só adquirir acima de tudo mais conhecimentos sobre o envelhecimento demográfica, as suas causas e consequências, mas também por em prática tudo o que aprendi na unidade curricular Fontes de Informação Sociológica. 18
25 Envelhecimento e Desigualdades Sociais 7. Referências Bibliográficas (Chicago fifteen edition) Fernandes, Ana Alexandra. Velhice: Emergência de um Problema Social. In: Velhice e Sociedade, por Ana Alexandra Fernandes, Oeiras: Celta Editora, Marques, Sibila. Parte I A discriminação e o idaismo contra as pessoas idosas: o que é e porque acontece? In: Discriminação da Terceira Idade, por Sibila Marques, Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, Rosa, Maria João Valente. O Envelhecimento da Sociedade Portuguesa. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos,
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27 Anexos Anexo I Página de internet avaliada Anexo II Texto de suporte da Ficha de Leitura
28 Anexo I Página de Internet Avaliada
29 Anexo II Texto de suporte à Ficha de Leitura
5 Considerações finais
5 Considerações finais 5.1. Conclusões A presente dissertação teve o objetivo principal de investigar a visão dos alunos que se formam em Administração sobre RSC e o seu ensino. Para alcançar esse objetivo,
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