CONTEXT. Chapter A: Ensino das línguas estrangeiras nas escolas da Europa. Descrições nacionais EURYDICE. Direcção-Geral de Educação e Cultura
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- Aurélio Casqueira da Costa
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1 EURYDICE Direcção-Geral de Educação e Cultura Chapter A: Ensino das línguas estrangeiras nas escolas da Europa CONTEXT Descrições nacionais Comissão Europeia
2 Ensino das línguas estrangeiras nas escolas da Europa Situação em: PORTUGAL Relatório elaborado por: Unidade de EURYDICE Ministério da Educação Departamento de Avaliação, Prospectiva e Planeamento (DAPP) Av. 24 de Julho, 134 P LISBOA Março
3 Introdução A diversidade linguística e cultural da Europa é, actualmente, considerada como um aspecto de enriquecimento. A intensificação do ensino e da aprendizagem das línguas estrangeiras ao longo da vida constituirá um dos meios de comunicação e de intercâmbios entre cidadãos de diferentes línguas e culturas e um incentivo à mobilidade e à abertura de espírito para aceitar estas diferenças. A adopção da Resolução do Conselho e dos Ministros da Educação da CEE (designação da época), de Fevereiro de 1976, estabeleceu um primeiro programa de acção em matéria de educação. Este texto fundador marcaria, assim, o início de uma cooperação comunitária centrada em seis domínios prioritários, de entre os quais se destacou o ensino das línguas. É neste contexto que foram definidos princípios e objectivos essenciais para a promoção da aprendizagem e do ensino das línguas comunitárias. Entre as conclusões do simpósio de Ruschlikon que teve lugar em 1991, importa sublinhar: a necessidade da aprendizagem e do ensino das línguas estrangeiras não só a nível do sistema educativo, do pré-escolar até ao ensino dos adultos, mas também ao longo da vida; a importância da elaboração de um Quadro Europeu Comum de Referência para a aprendizagem das línguas; o interesse que pode suscitar a elaboração de um Portfolio Europeu de línguas. Estes aspectos constituíram alguns dos objectivos do Projecto Políticas Linguísticas para uma Europa Multilingue e Multicultural e a concretização de um Ano Europeu das Línguas 2001 (Decisão do Comité dos Ministros na sua 656ª reunião, em 19 de Janeiro de 1999). Esta iniciativa tem a participação da União Europeia (Decisão nº 1934/2000/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de Julho de 2000). Para a União Europeia, no que diz respeito às línguas, Dominar várias línguas comunitárias tornou-se condição indispensável para permitir aos cidadãos da União beneficiar de possibilidades profissionais e pessoais que lhes são proporcionadas pelo grande mercado interno sem fronteiras. Esta capacidade linguística deve ser apoiada por uma capacidade de adaptação aos ambientes de trabalho e de vida marcados por culturas diferentes. As línguas são também um ponto de passagem necessário para o conhecimento dos outros. (...) O plurilinguismo é um elemento constitutivo da identidade da cidadania europeias, e da sociedade cognitiva. A União Europeia contribui, por sua vez, para o desenvolvimento da aprendizagem das línguas no quadro de LINGUA, acção actualmente integrada nos Programas SOCRATES e LEONARDO ( Livro Branco para a Educação e a Formação Ensinar e Aprender para a Sociedade Cognitiva, 1995). As conclusões do Conselho de Ministros da Educação sobre estas questões são, resumidamente, as seguintes: Conhecimentos linguísticos a política de cooperação comunitária considerou sempre que este objectivo é fundamental para promover a mobilidade das pessoas e a educação intercultural. Nesta perspectiva, os programas comunitários em curso devem ser utilizados. Alguns Estados-Membros consideram que a atenção que consagram às línguas da União Europeia que são muito importantes e prioritários no quadro da resolução de 1995 sobre o plurilinguismo, não pode prejudicar, no contexto das políticas nacionais, o interesse que as outras línguas merecem. Há muito, mas sobretudo a partir de 1974 (data da Revolução), que Portugal tenta acompanhar e executar as grandes linhas de orientação no domínio das línguas, que integraram os Projectos Educativos do Conselho da Europa, bem como da CEE/União Europeia (sobretudo após a adesão). Neste contexto, decisões como a aprendizagem obrigatória das línguas estrangeiras e a diversidade de oferta, a adopção de novas metodologias, a definição de novos conceitos de formação inicial e contínua dos professores ou a utilização de novos materiais multimédia, poderão constituir exemplos significativos. 2
4 Os programas de línguas estrangeiras e os manuais escolares do Ensino Básico e do Ensino Secundário têm respondido às evoluções verificadas nos domínios das metodologias da aprendizagem das línguas e da avaliação. Além da dimensão linguística, os programas visam um desenvolvimento das capacidades cognitivas, socioculturais e socio-afectivas e estéticas, fundadas numa metodologia interactiva e centrada no aluno. Na situação de país representado no grupo restrito do actual Projecto das Políticas Linguísticas do Conselho da Europa, Portugal teve em conta orientações do Quadro Europeu Comum de Referência (supra mencionado) quer a nível do Ensino Básico, através da definição de competências essenciais no que respeita ao ensino e aprendizagem das línguas estrangeiras, quer a nível do Ensino Secundário no que respeita à revisão dos programas. Portugal, como membro da União Europeia, tomou em consideração as conclusões do Conselho relativamente ao Livro Branco, intitulado Ensinar e Aprender: para a Sociedade de Aprendizagem. Reconhecendo a importância que o Portofolio Europeu das Línguas (atrás mencionado) pode revestir na perspectiva de uma avaliação transnacional, visando a certificação das aprendizagens, Portugal elaborou e testou 3 versões do Portfolio das Línguas (1º ciclo dos 6 aos 10 anos; 2º e 3º ciclos dos 10 aos 15 anos; Ensino Secundário dos 15 aos 18 anos). No domínio do Ano Europeu das Línguas 2001, foi criada uma Comissão Nacional, composta por diferentes organismos educativos, tendo sido definido um plano de actividades diversificadas, compreendendo as línguas estrangeiras e a língua portuguesa na dupla função de língua materna / língua estrangeira. 3
5 Secção I: Contexto linguístico Nacional O português é a língua oficial maioritária do país, compreendendo as regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Em 1999, uma outra língua foi reconhecida como língua oficial, o mirandês, da região nordeste portuguesa, Miranda do Douro. O número de falantes em língua portuguesa está avaliado entre 170 e 210 milhões de pessoas. O português é uma das línguas oficiais da União Europeu e, na sequência dos Acordos do Mercosul, de que o Brasil é parte, o português será ensinado como língua estrangeira nos outros países que integram o mesmo espaço geográfico. No que diz respeito ao mirandês, a língua era ensinada desde 1986 na modalidade de curso livre. A partir de 1999, tornou-se matéria facultativa, extracurricular, dependendo a sua aprendizagem da vontade das famílias e dos alunos. O seu estatuto de língua oficial contribuíu para um interesse acrescido pela sua aprendizagem, igualmente a nível do ensino universitário, motivo que levou à organização de cursos livres na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Em Portugal, existem igualmente outras situações de línguas minoritárias cujos falantes são essencialmente originários de países africanos, de Timor-Lorosae e de países da Europa Central e Oriental. Está prevista, oficialmente, a nível do Ensino Básico, a oferta de aulas extracurriculares de apoio dirigidas a alunos, cuja língua materna não é o português. Estas aulas são asseguradas por professores de língua portuguesa. Trata-se, na maior parte dos casos, de alunos oriundos das ex-colónias portuguesas. Assinale-se ainda que, no quadro de um projecto transnacional do Programa SOCRATES, foram elaborados materiais de apoio ao ensino do Português (língua não materna), utilizados por professores de várias escolas do país onde esta situação se verifica, com vista a melhorar a integração escolar e social dos alunos. Estes materiais compreendem: um teste bilingue versões em Português, Crioulo de Cabo Verde e da Guiné e em Inglês; uma ficha de avaliação de diagnóstico de utilização e de aprendizagem do Português como língua não materna; um Kit educativo. Tendo como base a Directiva do Conselho das Comunidades Europeias nº 77/486/CEE, de 25 de Junho de 1977, que tem por objectivo a escolarização dos filhos de trabalhadores migrantes, foi celebrado um Acordo de Cooperação bilateral entre o Ministério da Educação da República Portuguesa e o Ministério da Educação e Ciência do Reino dos Países-Baixos. Um protocolo assinado por professores neerlandeses seleccionados pela Embaixada Real dos Países- Baixos e o Departamento da Educação Básica possibilitou a realização de experiências de ensino e aprendizagem da língua e da cultura neerlandesas. Estas experiências extracurriculares (3 horas por semana) destinam-se a alunos de todos os níveis do Ensino Básico, filhos de cidadãos holandeses que vivem em Portugal. Os cursos visam promover o ensino e a aprendizagem da língua e da cultura do país de origem destas crianças, que estão integradas no sistema educativo português. Igualmente com base nas disposições da directiva supramencionada, verifica-se uma situação análoga com alunos de nacionalidade grega, cujos professores são contratados através da Embaixada Grega. Por outro lado, em escolas que servem comunidades onde existe um número elevado de crianças de etnias minoritárias, desenvolveram-se experiências de ensino e aprendizagem da língua materna respectiva, como forma de apoio à sua inserção social. A título de exemplos significativos, poderão 4
6 citar-se experiências em curso com o crioulo (Cabo Verde e Guiné) e com o Tetum (Timor), em particular a que está a ser desenvolvida numa escola de Lisboa, por 3 professores de Crioulo, como matéria opcional, aberta a todos os alunos e a elementos da comunidade. O Romeno, o Polaco e o Chinês estão a ser objecto de experiências, embora pontuais. A nível do Ensino Secundário, cumpre referir uma experiência de apoio à língua portuguesa para alunos originários de Timor. Esta experiência, que foi posta em prática com a colaboração de organismos não governamentais, comporta cursos dirigidos a três níveis diferentes e cujo objectivo é o de contribuir para uma melhor integração social e escolar dos alunos em causa. Depois de terem superado o 1º nível (prosseguindo, contudo, a frequência dos outros), os alunos são integrados em escolas dos ensinos básico e secundário. Refiram-se ainda experiências de apoio ao Tetum, dirigidas a cidadãos originários de Timor que, habitando em Portugal, gostariam de regressar ao seu país, bem como a professores portugueses que manifestaram interesse em desempenhar funções educativas em Timor, a nível da formação inicial e contínua. Este projecto está a ser desenvolvido pelo Ensino Superior. Por outro lado, aproveitando a existência da figura do mediador cultural foi apresentado superiormente um projecto de formação contínua em diferentes áreas, tendo como objectivo geral assegurar aos professores condições adequadas a uma intervenção eficaz a nível da escola e da comunidade. Pretende-se deste modo associar mais estreitamente as famílias ao processo educativo e alcançar o sucesso escolar. Este projecto está a ser implementado a nível do Ensino Básico com a comunidade cigana. 5
7 Secção II: Resenha histórica do ensino das línguas estrangeiras A. Introdução A introdução de línguas estrangeiras nos programas curriculares perde-se no tempo, tendo feito parte dos planos de estudos, embora nem sempre com o mesmo peso, desde os finais de século XIX. Na última reforma do século XIX, realizada em 1894, foi dado particular realce ao ensino do Alemão (5 anos), orientado pelos princípios da pedagogia germânica da época, em detrimento do ensino do Inglês; só na reforma de 1905 a disciplina de Inglês foi incorporada nos currícula. Nesta reforma do ensino liceal, os programas das línguas mereceram uma atenção particular, visto tratar-se de matérias que apresentavam uma utilidade prática imediata. Não sendo exequível ensinar três línguas, além da materna, optou-se pela manutenção do Francês, como instrumento de cultura, nos dois ciclos do ensino liceal (actuais 2º e 3º Ciclos da Educação Básica). Por razões históricas e mercê das relações privilegiadas com os países atlânticos, em que se destacam os de língua inglesa, o ensino do Inglês passou a ser obrigatório no 2.º ciclo do ensino liceal (actuais 7º e 8º anos). O ensino do Alemão ficou, assim, confinado ao 3º Ciclo do ensino liceal (actual Ensino Secundário), destinando-se a alunos que ingressassem no Ensino Superior nos Cursos de Filologia Germânica e de Direito ENSINO LICEAL DURAÇÃO LÍNGUAS ESTRANGEIRAS ENSINADAS 1º ciclo do ensino liceal 2 anos (actuais 5º e 6º anos de escolaridade) 2º ciclo do ensino liceal 3 anos (actuais 7º, 8º e 9º anos de escolaridade) Francês (obrigatório) Francês e Inglês (obrigatórios) De par com o ensino liceal existia igualmente o ensino técnico profissional, destinado a alunos que quisessem preparar-se nas áreas da Indústria e do Comércio. Neste caso, as línguas de aprendizagem obrigatória eram o Francês ou o Inglês, conforme os cursos. 6
8 B. Evolução do ensino das línguas estrangeiras O tratamento dado às línguas estrangeiras nas diferentes reformas do sistema educativo nem sempre foi uniforme, dependendo muito das orientações políticas de cada época. Relativamente aos quatro primeiros anos de escolaridade (actual 1.º ciclo da Educação Básica) o ensino das línguas estrangeiras nunca teve carácter obrigatório. A Educação de Adultos apenas a partir de 1974 passou a fazer verdadeiramente parte do sistema educativo. Esta modalidade de ensino (recorrente) corresponde a uma vertente da Educação de Adultos em contexto escolar, segundo um plano de estudos organizado, que permite obter graus académicos equivalentes aos do ensino regular, apresentando-se como uma segunda oportunidade para todos quantos não tiveram a possibilidade de frequentar a escola na altura própria. Entre 1947 e 2000 destacaram-se as seguintes reformas: O ensino obrigatório de línguas estrangeiras iniciava-se a partir dos 11 anos, com a seguinte carga horária: ENSINO LICEAL (REFORMA DE 1947) NÍVEL ENSINO DE ANOS ESCOLARIDADE DE 1º ciclo 1º e 2º (actualmente 5º e 6ºanos de escolaridade) 2.º ciclo 3º,4ºe5º(actualmente 7º, 8º e 9ºanos de escolaridade) 3.º ciclo 6º e 7º (actualmente 10º e 11º anos de escolaridade) LÍNGUA ESTRANGEIRA OBRIGATÓRIA Francês Francês Inglês Francês ou Inglês e Alemão 1) CARGA HORÁRIA SEMANAL 5 horas 2 horas 5 horas Francês 3 horas Inglês 3 horas Alemão 5 horas 1)A escolha da língua dependia da opção feita pelos alunos para a prossecução de estudos superiores (Filologia Clássica, Filologia Românica ou Filologia Germânica). 7
9 ENSINO TÉCNICO NÍVEL DE ENSINO ANOS DE ESCOLARIDADE Ciclo preparatório Curso Geral do Comércio 3º(actual 7º) 1º e 2º (actualmente 5º e 6ºanos de escolaridade) 4º (actual 8º) 5º (actual 9º) LÍNGUA ESTRANGEIRA OBRIGATÓRIA (1) CARGA SEMANAL Não Francês Inglês Francês Inglês Francês Inglês 4 horas 2 horas 4 horas 5 horas 2 horas 5 horas HORÁRIA Cursos Gerais Industriais 3º, 4º, 5º (actuais 7º, 8º, 9º) Alguns cursos tinham mais um ano Francês ou Inglês 1) 3 a 5 horas, dependendo dos cursos Secção Preparatória para os Institutos Comerciais e Industriais Um ou dois anos Francês ou Inglês 3 horas 1)A língua estrangeira integra apenas os curricula de alguns cursos tecnológicos (industriais) O ciclo preparatório do Ensino Técnico (actuais 5º e 6º anos de escolaridade) não contemplava o ensino de qualquer língua estrangeira. Nos Cursos Gerais de Comércio e Industriais (actuais 7º, 8º e 9º anos de escolaridade), as línguas estrangeiras curriculares eram o Francês e o Inglês. No Curso Geral de Comércio a disciplina de Francês tinha, nos três anos, cargas horárias semanais, respectivamente de 4, 4, 2 horas, e a disciplina de Inglês de 2, 5 e 5 horas. Em alguns Cursos Gerais Industriais, aprendia-se uma das línguas, Francês ou Inglês, com um horário curricular oscilando entre as 3 e 5 horas por semana. Nas Secções Preparatórias, a língua estrangeira tinha normalmente a carga horária de 3 horas por semana. Em 1960, a frequência do Ensino Primário (primeiros 4 anos de escolaridade) é obrigatória para alunos com idades compreendidas entre os 7 e os 12 anos. Para os alunos que não quisessem ir além dos 4 anos do ensino primário, a escolaridade obrigatória foi concretizada através da criação do Ciclo Complementar do Ensino Primário (2 anos), solução análoga à que vigorava na altura em vários países europeus, nomeadamente em Espanha e em França. Neste Ciclo Complementar não estava previsto o ensino de qualquer língua estrangeira. A partir de 1965, a escolaridade obrigatória foi alargada em dois anos (D.L. n.º , de ), entrando o ensino em expansão acelerada com grande explosão escolar. - Reforma de 1967 Na sequência da extensão da escolaridade obrigatória (de 4 para 6 anos), surge o novo Ciclo Preparatório do Ensino Secundário (D.L. n.º , de Janeiro de 1967), que unifica o 1.º ciclo do ensino liceal e do ciclo preparatório do ensino técnico num ciclo único. Este novo ciclo tinha como objectivo a observação individual dos alunos no sentido de uma orientação escolar, a par de uma formação geral adequada à prossecução de estudos. 8
10 O Ciclo Preparatório do Ensino Secundário entrou em funcionamento no ano lectivo de 1968/69. Paralelamente, é criado o Ciclo Preparatório TV (ensino à distância), preferencialmente destinado a alunos de meios rurais e suburbanos. No Ciclo Preparatório (5º e 6º anos de escolaridade), o ensino realizava-se através de conjuntos lectivos, organizados de forma a corresponderem às tendências mais frequentes dos alunos e às modalidades fundamentais dos estudos subsequentes, sendo um dos conjuntos o das línguas estrangeiras, tendo em vista a iniciação na utilização dos meios de compreensão e convívio internacionais. Ensinava-se Francês ou Inglês, no 1.º ano ( 4 horas lectivas) e no 2.º ano ( 3 horas lectivas). NÍVEL DE ENSINO ANOS DE ESCOLARIDADE LÍNGUA ESTRANGEIRA OBRIGATÓRIA CARGA HORÁRIA SEMANAL Ciclo Preparatório do Ensino Secundário 5º 6º Francês ou Inglês 4 horas 3 horas Educação de Adultos No que respeita à Educação de Adultos, os cursos complementares nocturnos, ao nível dos liceus e do ensino técnico, criados em 1967, obedeciam ao mesmo modelo do ensino regular. Ao nível do Ensino Básico, foram criados cursos destinados a adultos, com metodologias adaptadas à idade dos alunos deste nível de ensino. NÍVEL DE ENSINO DURAÇÃO LÍNGUAS ESTRANGEIRAS CARGA HORÁRIA SEMANAL Ensino Básico 2 anos Francês ou Inglês 3 Cursos Compl.(Liceu) 2 anos Inglês, Francês, Alemão 2/3 Cursos Compl.(Técnico) 2 anos Francês, Inglês 2 - Década de 70 No início da década de 70, foi lançado um projecto de reforma global do ensino que previa a extensão da escolaridade obrigatória para 8 anos, dividida em dois segmentos, ambos com a duração de 4 anos. A orientação política decorrente da Revolução de Abril de 1974, que presidiu à reformulação dos programas, leva à interrupção desta reforma, na altura ainda em fase experimental. A democratização das estruturas escolares impõe a implantação de um tronco comum, isto é, de uma estrutura que, em vez de vias paralelas de desigual prestígio, compreendesse uma via única, destinada quer a alunos que viessem a ingressar na vida activa quer aos que pretendessem prosseguir estudos superiores. Em 1972, entram em funcionamento em algumas escolas, a nível experimental, os 3º, 4º e 5º anos (actuais 7º, 8º e 9º anos de escolaridade), que irão constituir o actual 3º ciclo do Ensino Básico. Com a aprovação definitiva de novos Programas, que entraram em vigor a partir de 1979/80, este ciclo de estudos passou a designar-se Ciclo Unificado do Ensino Secundário. No Ciclo Preparatório do Ensino Secundário (5º e 6º anos de escolaridade), a partir do ano lectivo de 1975/76, a carga horária da disciplina de Iniciação à Língua Estrangeira passa de 3 para 4 horas lectivas no 2º ano deste ciclo. A Iniciação à Língua Estrangeira continua a ser uma matéria obrigatória. Neste âmbito, os alunos podem optar entre Francês, Inglês ou Alemão. Durante a experiência, a disciplina de língua estrangeira (Francês/Inglês) tinha uma carga horária semanal de 4 horas, no 3º ano e de 3 horas, nos 4º e 5º anos. 9
11 Na sequência da aprovação do plano de estudos do Curso Geral Unificado, a Língua Estrangeira I (Francês, Inglês ou Alemão) constitui a língua estrangeira de continuação, cujo estudo fora iniciado no ciclo preparatório (5.º e 6.º anos de escolaridade), sendo a Língua Estrangeira II uma disciplina de iniciação, escolhida entre Francês, Inglês ou Alemão. A Língua Estrangeira I tinha 3 horas semanais, no 7º ano e 2 horas, nos 8º e 9º anos. A Língua Estrangeira II comportava, nos três anos, uma carga horária de 3 horas semanais. NÍVEL DE ENSINO ANOS DE ESCOLARIDADE Ciclo Preparatório do Ensino Secundário Curso Unificado do Ensino Secundário LÍNGUA ESTRANGEIRA OBRIGATÓRIA 5º e 6º Língua Estrangeira I: Francês, Inglês ou Alemão 7º 8º 9º Língua Estrangeira I: Francês, Inglês ou Alemão Francês, Inglês ou Alemão Francês, Inglês ou Alemão CARGA SEMANAL 4 horas 3 horas 2 horas 2 horas HORÁRIA 7º, 8º, 9º Língua Estrangeira II: Francês, Inglês ou Alemão 3 horas Curso Complementar do Ensino Secundário 1) 10º e 11º Língua Estrangeira I-2) Francês, Inglês ou Alemão Língua Estrangeira II:- 3) Francês, Inglês ou Alemão 2 horas 3 horas 1) O Curso Complementar integra um tronco comum (Formação Geral) e 5 áreas de estudo subdivididas em Formação Específica e Formação Vocacional. 2) No tronco comum, a Língua Estrangeira I é a que os alunos frequentaram, obrigatoriamente, no Curso Unificado ou outra língua que tenham frequentado com aproveitamento em regime de supletividade ou tenham a frequência de Francês e Inglês se são oriundos dos Cursos Gerais dos Ensinos Liceal ou Técnico. 3) A Língua Estrangeira II integra apenas o currículo nas áreas de estudos Humanísticos e Económico- Sociais, sendo nesta área obrigatória a aprendizagem do Inglês, caso os alunos optem pela disciplina de Informática. Em 1977, o Ensino Secundário era constituído apenas por dois anos, aos quais veio juntar-se um terceiro ano, designado Propedêutico, cuja organização curricular integrava também a língua estrangeira. Em 1980, o Ano Propedêutico foi substituído pelo 12º ano que se apresentava com duas vertentes: via de ensino e via profissionalizante. Numa e noutra eram oferecidas, em alternativa, duas ou três línguas estrangeiras: Francês, Inglês ou Alemão, com uma carga horária de 3 a 5 horas semanais. 10
12 Educação de Adultos Em 1974, foi instituída a Direcção-Geral da Educação Permanente. Um dos objectivos que este organismo se propunha alcançar residia em garantir o acesso de todos os adultos aos diferentes níveis da escolaridade obrigatória. Assim, eram oferecidos aos adultos novos cursos de um ano (ao nível do Ensino Básico), comportando a disciplina de língua estrangeira, Francês ou Inglês, um horário de 4 horas semanais. A partir de 1986, a aprendizagem da língua estrangeira passou a ter carácter obrigatório para os alunos que desejassem prosseguir os seus estudos. - Reforma iniciada em 1989 Decorrente da Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei n.º 46/86, de 14 de Outubro), deu-se o alargamento da escolaridade obrigatória e a reorganização dos níveis de ensino: a escolaridade obrigatória é alargada de 6 para 9 anos; Ensino Básico, que cobre este período de escolaridade, compreende três ciclos sequenciais de 4, 2 e 3 anos, respectivamente, que se complementam e aprofundam progressivamente numa perspectiva de unidade global. A Educação Básica é o nível de ensino que se inicia aos seis anos de idade, com a duração de nove anos, cujo programa visa assegurar uma preparação geral comum a todos os indivíduos, permitindo o prosseguimento posterior de estudos ou a inserção do aluno em esquemas orientados para a vida activa. É universal, obrigatório e gratuito. A estrutura geral que integra os novos planos curriculares da Educação Básica obedece aos seguintes critérios: no 1º ciclo, um modelo de ensino globalizante, a cargo de um professor único que pode ser coadjuvado em áreas especializadas, nomeadamente, na iniciação a uma língua estrangeira; no 2º ciclo, uma organização por áreas de estudo de carácter pluridisciplinar que, progressivamente, venha a estabelecer o regime de professor por área; no 3º ciclo, um vasto conjunto de disciplinas comuns e diferentes áreas profissionais onde cada disciplina ou grupo de disciplinas está a cargo de um professor. As escolas do 1º ciclo passam a poder proporcionar, de acordo com os recursos disponíveis, a iniciação a uma língua estrangeira na sua realização oral e num contexto lúdico. As línguas estrangeiras ensinadas são o Inglês, o Francês, ou o Alemão. A oferta pode, no entanto, vir a estender-se a outras línguas. O Despacho 60/SEEI/96 define as condições em que deve ser proporcionado tal ensino, recomendando, relativamente à periodicidade/duração das actividades relacionadas com a sensibilização à língua estrangeira que nos casos em que estas são asseguradas pelo professor titular da turma, em horário lectivo, deverá o mesmo fazer a gestão do tempo de forma a integrar esta componente no conjunto das aprendizagens; nos casos em que a sensibilização à língua estrangeira é ministrada por outro docente, quer em tempo lectivo, quer como complemento curricular, deverá ter a periodicidade de duas vezes por semana e a duração de 30 a 50 minutos por sessão. As Direcções Regionais de Educação homologam projectos neste âmbito. Alguns deles desenvolvemse dentro do programa da cooperação educativa franco-portuguesa, sob a coordenação do Departamento da Educação Básica. No 2º ciclo o aluno aprende, obrigatoriamente, uma língua estrangeira que escolhe entre Francês, Inglês ou Alemão, cuja carga horária semanal é de 4 horas lectivas. 11
13 No 3º ciclo do Ensino Básico, o estudo da Língua Estrangeira I (iniciada no 2º ciclo) continua a ter carácter obrigatório, com a periodicidade de 3 horas semanais nos três anos deste ciclo. Além daquela língua estrangeira obrigatória, as escolas devem oferecer aos alunos uma língua estrangeira em opção com as disciplinas de Educação Tecnológica e de Educação Musical. A escolha das línguas abrange o Francês, o Inglês, o Alemão e o Espanhol (o ensino do Espanhol foi generalizado no ano lectivo de 1997/98). A Língua Estrangeira II, da área opcional, tem a carga horária de 3 horas semanais. ENSINO BÁSICO NÍVEL DE ENSINO ANOS DE ESCOLARIDADE LÍNGUA ESTRANGEIRA OBRIGATÓRIA 1º Ciclo 4 anos Sensibilização a uma língua estrangeira, na sua realização oral e num contexto lúdico (sem carácter obrigatório) 2º Ciclo 5º e 6º Língua Estrangeira I (obrigatória) Francês, Inglês ou Alemão CARGA SEMANAL HORÁRIA A gerir pelo docente, ou duas sessões de 30 a 50 minutos 4 horas 3º Ciclo 7º, 8º, 9º Língua Estrangeira I (obrigatória) Francês, Inglês ou Alemão Língua Estrangeira II (opcional) Francês, Inglês, Alemão ou Espanhol 1) 3 horas 3 horas 1) O Espanhol entrou em regime de experimentação em 1994/95. No Ensino Secundário existem Cursos Gerais, correspondentes aos 10º, 11º e 12º anos de escolaridade que se destinam, essencialmente, a alunos que pretendem prosseguir estudos superiores. Estes cursos integram três componentes: Formação Geral, Formação Específica e Formação Técnica. Existem, igualmente, Cursos Tecnológicos com idêntica duração, essencialmente destinados a alunos que pretendam obter uma qualificação profissional, de nível intermédio, que lhes possibilite o ingresso no mercado de trabalho. No entanto, estes cursos, que compreendem igualmente três componentes de formação: Geral, Específica e Técnica/Artística, permitem que o aluno prossiga estudos superiores. A Língua Estrangeira I ou II é sempre contemplada na componente de Formação Geral. A nível da componente de Formação Específica ou de Formação Técnica a língua estrangeira só existe: 12
14 existe: no Agrupamento 3: Curso Geral (Dominante Económico-Social); Curso Tecnológico de Administração (Dominante Económico-Social); Curso Tecnológico de Serviços Comerciais (Dominante Económico-Social) e 3- No Agrupamento 4: Curso Geral (Dominante Humanidades; Curso Tecnológico de Comunicação (Dominante Humanidades) Os alunos que não iniciaram o estudo de uma segunda língua estrangeira no 3º Ciclo do Ensino Básico terão obrigatóriamente de o fazer no Ensino Secundário, podendo optar por Francês, Inglês Alemão ou Espanhol. ENSINO SECUNDÁRIO Agrupamento 3 -Curso Geral (Dominante -Económico-Social) COMPONENTE FORMAÇÃO Geral Específica DE LÍNGUA ESTRANGEIRA CARGA HORÁRIA POR ANOS DE ESCOLARIDADE Língua Estrangeira I ou II (obrigatória) 10º 11º 12º Língua Estrangeira I ou II (continuação) Técnica Em opção com outras disciplinas, os alunos podem escolher: - Técnicas de Tradução de Alemão e/ou - Técnicas de Tradução de Francês e/ou - Técnicas de Tradução de Inglês 3 +3 (1) 3 +3 (1) ) A carga horária da componente de formação técnica deste curso é de 6 horas nos 10º e 11º anos e de 3 horas no 12º ano. Os alunos que escolheram uma das Técnnicas de Tradução devem escolher uma outra disciplina no 12º ano. 13
15 Agrupamento 3- Curso Tecnológico de Administração - (Dominante Económico-Social) COMPONENTE FORMAÇÃO Geral DE LÍNGUA ESTRANGEIRA Língua Estrangeira I ou II (obrigatória) CARGA HORÁRIA POR ANOS DE ESCOLARIDADE 10º 11º 12º Específica Língua Estrangeira de iniciação ou continuação (obrigatória) Técnica Agrupamento 3. Curso Tecnológico de Serviços Comerciais - (Dominante: Económico-Social). COMPONENTE FORMAÇÃO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA CARGA HORÁRIA POR ANOS DE ESCOLARIDADE 10º 11º 12º Geral Língua Estrangeira I ou II (obrigatória) Específica Não tem Língua Estrangeira Técnica Língua Estrangeira II (iniciação ou continuação) Agrupamento 4. Curso Tecnológico de Comunicação - (Dominante: Humanidades). COMPONENTE FORMAÇÃO Geral DE LÍNGUA ESTRANGEIRA Língua Estrangeira I ou II (obrigatória) CARGA HORÁRIA POR ANOS DE ESCOLARIDADE 10º 11º 12º Específica Língua Estrangeira (iniciação ou continuação) (obrigatória) Técnica Agrupamento 4 Curso Geral (Dominante Humanidades) 14
16 Componente de Formação Geral Específica LÍNGUA ESTRANGEIRA Língua Estrangeira I ou II (obrigatória) Língua Estrangeira (iniciação ou continuação) (obrigatória) CARGA HORÁRIA POR ANOS DE ESCOLARIDADE 10º 11º 12º Técnica Educação de Adultos A partir de 1986, a língua estrangeira tornou-se obrigatória para os alunos que queriam prosseguir os seus estudos. Em 1999, foi criada a Agência Nacional de Educação e Formação de Adultos (ANEFA), tutelada pelo Ministério da Educação e pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade. Este organismo será responsável pela coordenação da oferta integrada de educação e de formação destinada a públicos adultos, uma oferta formativa, que se constitui como um campo de aplicação de modelos inovadores, pressupondo percursos flexíveis e por módulos. ENSINO BÁSICO E SECUNDÁRIO NOVOS CURRICULA Em 1996 deu-se início à reorganização curricular do Ensino Básico e, no ano seguinte, à Revisão Curricular no Ensino Secundário, com o objectivo de definir, com a participação de professores, associações profissionais de professores, universidades, associações de pais e sindicatos, estratégias de superação de dificuldades significativas relacionadas com o Currículo e os Programas em vigor. No terceiro ciclo do Ensino Básico (7º,8º e 9º anos) a Língua Estrangeira II tornar-se-á disciplina obrigatória a partir do ano lectivo 2002/2003. À medida que os programas das disciplinas têm sido entregues pelas equipas de autores, o Departamento do Ensino Secundário tem dado cumprimento a um processo de avaliação da qualidade dos mesmos, visando a sua posterior homologação. Os novos programas entrarão em vigor, no 10º ano de escolaridade, no ano lectivo de 2002/
17 Secção III: Organização do ensino das línguas estrangeiras Já não é possível reservar o domínio das línguas estrangeiras a uma elite ou àqueles que o adquirem graças à sua mobilidade geográfica. No prolongamento da resolução do Conselho dos Ministros da Educação de 31 de Março de 1995, torna-se necessário permitir a cada um, qualquer que seja o percurso de formação e educação que seguir, a aquisição e a manutenção da capacidade de comunicar em, pelo menos, duas línguas comunitárias além da sua língua materna. [...] ( Livro Branco sobre a Educação e a Formação, 2ª parte, II). Conscientes do papel fundamental do Ensino Básico na formação democrática, cívica, cultural e linguística dos indivíduos, como parte indissociável de um processo de aprendizagem que se prolonga ao longo da vida, as políticas educativas definidas visam: oferecer a todos os cidadãos a ocasião de adquirir competências de comunicação nas diferentes línguas num clima de abertura e de tolerância perante a diversidade cultural e linguística; promover contactos, intercâmbios de informação e projectos de cooperação internacional e europeia entre estabelecimentos de ensino e alunos; prever recursos humanos e materiais suficientes para desenvolver o ensino das línguas vivas com a finalidade de responder às exigências reais das populações no que respeita à compreensão e à comunicação internacionais. Assim, os responsáveis pelo sector educativo puseram em prática medidas para favorecer o plurilinguismo e a comunicação entre cidadãos originários de diferentes culturas e de diferentes países, que se traduzem no sistema educativo da seguinte forma: A sensibilização a uma língua estrangeira (até à idade de 10 anos), que se inscreve numa estratégia de abertura da escola ao multilinguismo pela promoção de uma relação afectiva com a outra (língua) num contexto lúdico e oral. Trata-se de um ensino de carácter facultativo pelo facto de não ser ainda possível dispor de recursos humanos suficientes para assegurar a cobertura do território nacional; Está assegurado o ensino da primeira língua estrangeira, que é obrigatória no 2º ciclo (para os alunos com 10 anos), de acordo com uma estratégia progressiva e objecto de avaliação. Neste quadro, estão perspectivadas, entre outras, as competências de aprender a aprender, nomeadamente pelo conhecimento de estruturas metalinguísticas que visam preparar e alargar competências em língua ao longo da vida, desenvolvendo estratégias iniciais que favoreçam a aprendizagem das outras línguas; A introdução de uma segunda língua estrangeira no início do 3º ciclo (7º ano) da educação básica tornar-se-á obrigatória a partir do ano 2002/2003, tendo por finalidade assegurar que todos os alunos tenham contacto com duas línguas estrangeiras (comunitárias) até ao termo da escolaridade obrigatória; A diversificação das línguas estrangeiras que são propostas pelo sistema: o Inglês, o Francês, o Alemão e o Espanhol. Neste domínio, as propostas obedecem a critérios diversificados na realidade, dão conta da tradição cultural de Portugal, de um pedido de ordem social que exige uma resposta adequada às mudanças socio-económicas e tecnológicas; A nível da educação pré-escolar, não está previsto, a nível oficial, o ensino de línguas estrangeiras. Todavia, por solicitação dos pais, poderão ocorrer experiências neste sentido em escolas oficiais. Neste caso, a língua estrangeira escolhida é, normalmente, o Inglês, língua aprendida durante o período de actividades da componente apoio à família. No 1º ciclo do Ensino Básico, a aprendizagem de uma língua estrangeira não tem carácter obrigatório. As escolas podem proporcionar a iniciação em qualquer língua estrangeira, desenvolvendo-se esta actividade ao longo do ano lectivo, num contexto lúdico e no domínio da oralidade e integrada em actividades de complemento curricular, gratuitas e facultativas, sem exclusão de qualquer aluno interessado. Estas actividades poderão ser promovidas por instituições oficiais, autarquias, associações de pais e outras instituições que suportam os encargos da experiência. 16
18 Nos casos em que o ensino-aprendizagem é assegurado por um outro professor, deverá ocorrer duas vezes por semana, em sessões de 30 a 50 minutos. O Conselho Escolar pode decidir que as horas destinadas ao ensino da língua estrangeira sejam incluídas no horário lectivo, sendo tal decisão homologada pela Direcção Regional respectiva. A leccionação depende de recursos humanos existentes em cada escola, do interesse manifestado pelos pais ou de outros factores de ordem escolar ou local. A aprendizagem de uma língua estrangeira em qualquer dos 4 anos de escolaridade deve ser articulada com o desenvolvimento dos planos curriculares. A sensibilização a uma língua estrangeira tem como finalidades: proporcionar o conhecimento de outros povos, o contacto com outras realidades culturais e o respeito e a aceitação da diferença; preparar os alunos, no plano linguístico e cultural, para um melhor aproveitamento na aprendizagem das línguas nos ciclos subsequentes Os alunos podem escolher entre as três línguas oferecidas a este nível de ensino: Francês, Inglês, Alemão. O Francês e o Inglês são as línguas normalmente pretendidas. Com base no Acordo Cultural Luso-Francês, tem vindo a efectuar-se, anualmente, o intercâmbio de professores do 1º ciclo Instituteurs, visando apoiar o ensino da língua do país de origem no país de destino e viabilizar a aquisição de competências linguísticas, culturais e pedagógicas para o ensino da língua do país de destino no país de origem. Este projecto terminou no ano lectivo de 1999/2000. No 2º ciclo da Educação Básica, inicia-se o ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira curricular. Em todas as escolas é oferecida aos alunos, obrigatoriamente, uma língua estrangeira Inglês, Francês ou Alemão. O tempo consagrado ao ensino da língua estrangeira é de 4 horas semanais de 50 minutos. No 3º ciclo, além da continuação da frequência da primeira língua estrangeira, as escolas proporcionam a oportunidade de iniciação a uma segunda língua estrangeira curricular. Os alunos podem optar por uma das seguintes quatro línguas Inglês, Francês, Alemão ou Espanhol. No âmbito do programa de Cooperação Luso-Espanhola, foi consignada, a partir do ano lectivo de 1991/92, a introdução do Espanhol, como Língua Estrangeira I, no currículo do 3º ciclo. Após um período de experimentação, o Espanhol constitui, desde 1997/98, disciplina de opção entre outras línguas estrangeiras. O tempo consagrado ao ensino, quer da língua de continuidade, quer da língua de opção, é de 3 horas semanais de 50 minutos. No Ensino Secundário, de acordo com os objectivos definidos, a língua estrangeira faz sempre parte da componente da Formação Geral e, de acordo com os diferentes planos de estudo, pode, também, fazer parte cda componente da Formação Específica ou Formação Técnica. No final do Ensino Secundário (12 anos de escolaridade), os alunos terão aprendido, pelo menos, duas línguas estrangeiras. Em algumas áreas, encontra-se prevista a aprendizagem de uma terceira língua estrangeira. A carga horária semanal é de, pelo menos, três horas para uma língua. No caso de se tratar de duas línguas, será de 7 horas. As línguas estrangeiras oferecidas pelo sistema de ensino são o Francês, Inglês, Alemão e o Espanhol. Infelizmente porém, nem todas as escolas poderão oferecer as 4 línguas devido a insuficiência de recursos ou condicionalismos de organização interna. Neste âmbito, exige-se um número mínimo de alunos previamente estipulado para constituir uma turma: 15 alunos, de um modo geral; 10 alunos, no caso do Alemão. 17
19 22 alunos, por turma de modo a permitir práticas interactivas e centradas no aluno. Caso o número seja superior a 22, terá de haver subdivisão da turma. O Ministério da Educação não observa uma política de favorecimento de qualquer das línguas estrangeiras. Como principais factores para a escolha de determinadas línguas por parte dos alunos e familiares poderão citar-se, por um lado, a tradição e afinidades culturais (relativamente ao Francês) e, por outro, a conjuntura internacional e o estatuto do Inglês a nível mundial (a hegemonia do Inglês é uma situação comum à generalidade dos países europeus). As escolas dos Ensinos Básico e Secundário, de acordo com os seus Planos de Actividades, desenvolvem projectos tais como: Clubes de Línguas; Clubes Europeus; Semana das Línguas; Intercâmbios Escolares. Um número elevado de Projectos SOCRATES (1ª fase) foram já desenvolvidos e outros encontram-se em fase de desenvolvimento, no quadro do Programa SOCRATES (2ª fase). Avaliação A nível da Educação Pré-Escolar, a avaliação é de natureza qualitativa/formativa. A avaliação dos alunos da Educação Básica tem por objectivo observar o grau de realização quer dos objectivos gerais, definidos a nível nacional, para cada ciclo de escolaridade, quer dos objectivos específicos das línguas estrangeiras. De entre as modalidades de avaliação, cumpre salientar: a avaliação formativa sistemática e contínua Traduz-se de forma descritiva, a nível do 1º ciclo Traduz-se de forma qualitativa, a nível dos 2º e 3º ciclos a avaliação sumativa no final de cada período, ano e ciclo (2º e 3º ciclos) Exprime-se numa escala de 1 a 5 No final do 3º ciclo tem lugar uma prova global, no contexto da aula, cujos resultados são tomados em conta no cálculo da avaliação final da escolaridade obrigatória (9º ano). Ao nível do Ensino Secundário, a avaliação tem por objecto verificar o grau de cumprimento dos objectivos definidos globalmente para este nível de ensino, bem como os cursos e disciplinas e incide sobre os conhecimentos e competências adquiridos. De entre as modalidades de avaliação, destacam-se: a avaliação formativa sistemática e contínua. Traduz-se de forma descritiva e qualitativa a avaliação sumativa avaliação geral interna (contínua), concebida e realizada a nível de escola. É formalizada em reunião do conselho de turma, no final de cada trimestre, e exprime-se numa escala de 0 a 20. Há também uma prova escrita global, elaborada pelos professores e realizada em todas as disciplinas do 10º e do 11º anos, e nas de carácter prático e de aplicação do 12º ano, as quais não se encontram sujeitas a exame final. a avaliação sumativa externa toma a forma de exames obrigatórios, regulamentados a nível nacional, no final do 12º ano, nos cursos orientados para o prosseguimento de estudos e para a vida activa. No campo da avaliação contínua são contemplados os vários skills, embora em termos de exame nacional apenas sejam testadas as componentes de leitura e escrita. Para além do Protocolo estabelecido entre a Holanda e a Grécia, citado acima, Portugal, com base no Acordo Cultural concluído com a França, pôs em prática programas de intercâmbios de Assistentes franceses, colocados em escolas dos Ensinos Básico e Secundário. Estes Assistentes intervêm no 18
20 domínio da difusão da sua língua e culturas nacionais e juntam-se ao grupo de professores de Francês para, em conjunto, elaborarem material didáctico e no quadro da preparação dos Clubes e da Semana de Francês. No ano escolar de 2000/2001, encontram-se em Portugal 16 Assistentes de Francês, 8 da responsabilidade do Departamento da Educação Básica e 8 da responsabilidade do Departamento do Ensino Secundário. Ao nível do Ensino Secundário, em resultado da aplicação do Acordo com o Central Bureau (Reino Unido), são enviados todos os anos dois Assistentes de Inglês para desempenhar as mesmas funções dos Assistentes de Francês. Destaque-se ainda o papel que as Associações Portuguesas de Professores de Línguas sempre desempenharam em Portugal, em particular através : da realização de congressos da realização de sessões de formação contínua da elaboração de módulos de formação de professores da elaboração de material pedagógico da participação na elaboração de Programas de Línguas da divulgação da informação didáctica e de experiências inovadoras. Tendo por objectivo dar a conhecer a língua portuguesa e promover a sua expansão nos países europeus, Portugal tem desenvolvido várias acções, com o apoio dos responsáveis da Coordenação do Ensino nesses países, nomeadamente a elaboração e envio de materiais pedagógicos e didácticos, a realização de concursos, a colocação de professores através de concursos e o desenvolvimento de actividades de formação contínua. A exemplo de outros países, Portugal tem organizado nos últimos doze anos, o Salão Expolíngua, actividade na qual participam os Departamentos da Educação Básica e do Ensino Secundário. Neste forum, dirigido ao mundo das línguas, realiza-se, durante três dias, uma exposição de materiais e equipamento para o ensino das línguas, em paralelo com Workshops e seminários, no quadro de intercâmbios de experiências e da organização de visitas de estudo para alunos e professores. Educação de Adultos No 1º ciclo do Ensino Recorrente (correspondendo aos quatro primeiros anos de escolaridade), não está previsto o ensino de uma língua estrangeira. No 2º ciclo, que tem a duração de um ano, a aprendizagem de uma língua estrangeira é facultativa; torna-se, contudo, obrigatória se o aluno desejar continuar os estudos. As línguas oferecidas são o Francês, o Inglês ou o Alemão, com uma carga de quatro horas por semana. A avaliação reveste duas modalidades: a avaliação contínua e a avaliação final, destinando-se esta aos alunos que pedem para realizar o exame final a fim de obterem o respectivo certificado. No que respeita à avaliação contínua, o dossier de trabalho do aluno e o seu processo individual, organizado pelo professor, são elementos considerados para a avaliação cujo resultado final se traduz em apto e não apto. No 3º ciclo, a língua estrangeira, Francês, Inglês ou Alemão (por vezes também o Espanhol) integra a componente de Formação Geral. Os programas encontram-se divididos em unidades, representando cada unidade uma etapa de formação completa, com objectivos, conteúdos e avaliação. Os Guias de Aprendizagem, ricos em orientações para o aluno, são elaborados pelo Departamento da Educação Básica. Os alunos dispõem de uma hora para apoio geral. A avaliação é quantitativa, numa escala de 0 a 20, no fim de cada unidade, constituída por uma prova escrita e uma prova oral. 19
21 LÍNGUA ESTRANGEIRA NÚMERO DE HORAS NÚMERO DE UNIDADES Francês 3 12 Inglês 3 12 Alemão 3 15 No Ensino Secundário, as línguas estrangeiras apresentam dois níveis: de iniciação e de continuação, estruturadas em unidades capitalizáveis, integrando quer a componente de Formação Geral quer a componente de Formação Científica, normalmente com uma carga horária, semanal, de 3 horas. Para os alunos do Ensino Secundário, é obrigatória a aprendizagem de duas línguas estrangeiras. Sempre que chegam ao Secundário com apenas uma língua estrangeira, devem começar a aprendizagem da segunda. NÍVEL DE ENSINO (SECUNDÁRIO) Unidades capitalizáveis LÍNGUAS ESTRANGEIRAS Inglês I Inglês II Francês I Francês II Alemão I Alemão II Espanhol I UNIDADES
22 Secção IV: Conteúdos programáticos A. Introdução Os programas de língua estrangeira dos ensinos básico e secundário enquadram-se no contexto geral da reforma curricular, realizada em 1989 e cujos princípios e orientações básicas foram definidos pela Lei de Bases do Sistema Educativo, de No que respeita aos programas, os aspectos mais inovadores situam-se a nível do projecto pedagógico que lhes está subjacente e, também, a nível de uma estrutura de articulação das diferentes partes do currículo e da articulação vertical dos planos de estudo das línguas estrangeiras que foram elaborados desde o 2º ciclo do Ensino Básico até ao Ensino Secundário. Com a preocupação de os tornar adequados a um público alargado e heterogéneo, cujas necessidades e expectativas são as de uma sociedade pluricultural em permanente mudança, a língua é encarada como um todo que compreende as componentes linguística, pragmática, discursiva, como centro do processo educativo; os programas apresentam uma selecção de conteúdos, organizados de forma articulada e pressupõem a utilização de metodologias interactivas. Aliás, as metodologias das línguas estrangeiras chamaram sempre a atenção dos responsáveis da educação, dos formadores, dos professores e dos autores dos programas e de manuais escolares. Actualmente, os programas reflectem algumas linhas de orientação, preconizadas no Quadro Europeu Comum de Referência. É intencional a opção de acentuar as competências receptivas, nomeadamente, a leitura, como instrumento indispensável ao sucesso de toda a aprendizagem escolar. Os programas do Ensino Secundário, que visam um grau de aprofundamento e de complexidade das aprendizagens, tomaram um sentido mais instrumental, assegurando uma preparação propedêutica nos domínios da formação científica, artística e humanística. No quadro da revisão curricular (a lançar em 2002/2003) existe um curso geral de línguas e de literaturas e 4 cursos tecnológicos que integram 2 línguas estrangeiras no plano de estudos: Técnicas Comerciais, Técnicas de Administração, Turismo e Documentação. No final do 12º ano de escolaridade todos os alunos terão aprendido, pelo menos, 2 línguas estrangeiras. 1º Ciclo do Ensino Básico A possibilidade de aprendizagem de uma língua estrangeira no 1º ciclo reveste-se de uma importância fundamental: estarão, assim, criadas condições favoráveis às relações de comunicação com os outros povos, na perspectiva da cidadania europeia. Tratando-se de uma sensibilização à língua, são apresentados processos atraentes e motivadores, de acordo com a idade dos alunos. Os suportes pedagógicos, de acordo com a metodologia adoptada, dão destaque à oralidade e às actividades lúdicas. Objectivos específicos: criar e desenvolver o gosto por outras línguas e outras culturas, que constituem formas de comunicação e de expressão; promover o desenvolvimento das capacidades ouvir e falar, a aquisição de hábitos de pronúncia, de entoação e de ritmos correctos; desenvolver a compreensão de estruturas práticas elementares e o emprego de um vocabulário corrente. Conteúdos a explorar e estratégias metodológicas: A iniciação será desenvolvida numa perspectiva de integração, dada a idade dos alunos. Os aspectos a tratar deverão respeitar os seus interesses, tendo em conta a sua curiosidade, e adoptarão a forma de actividades lúdicas, utilizando materiais diversificados. 21
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