Saúde e Meio Ambiente

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1 Saúde e Meio Ambiente

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4 Conselho Editorial Av. Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP contato@editorialpaco.com.br Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt 2014 Antonia Dalla Pria Bankoff; Sonia Regina Jurado; Marco Aurélio Batista de Sousa (Orgs.) Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. B2259 Bankoff, Antonia Dalla Pria; Jurado, Sonia Regina;. Sousa, Marco Aurélio Batista de. Saúde e Meio Ambiente/Antonia Dalla Pria Bankoff; Sonia Regina Jurado; Marco Aurélio Batista de Sousa (Orgs.). Jundiaí, Paco Editorial: p. Inclui bibliografia, inclui tabelas ISBN: Meio Ambiente 2. Sociedade 3. Bem-estar 4. Saúde. I. Bankoff, Antonia Dalla Pria; II. Jurado, Sonia Regina; lll. Sousa, Marco Aurélio Batista de Índices para catálogo sistemático: Higiene Geral e Pessoal Saúde 613 Biologia. Antropologia Ciências Biológicas 570 CDD: 613 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi feito Depósito Legal

5 SumÁrio PREFÁCIO...7 PARTE I SAÚDE p. 9 CAPÍTULO 1 SAÚDE NO BRASIL...11 Antonia Dalla Pria Bankoff Carlos Aparecido Zamai CAPÍTULO 2 DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS...35 Antonia Dalla Pria Bankoff Carlos Aparecido Zamai CAPÍTULO 3 PERCEPÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA NATUREZA, SOCIEDADE, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA...99 André Luiz Pinto CAPÍTULO 4 LEISHMANIOSE E O MEIO AMBIENTE Gloria Maria Gelle de Oliveira CAPÍTULO 5 SAÚDE NA FRONTEIRA: PUERTO QUIJARRO (BOLÍVIA) E CORUMBÁ (BRASIL) Sonia Regina Jurado Joice Barbosa Batista

6 PARTE II MEIO AMBIENTE p. 217 CAPÍTULO 6 PLANTAS RUDERAIS COM POTENCIAL MEDICINAL NA VILA PILOTO, CIDADE DE TRÊS LAGOAS/MS Maria José Neto Ana Maria Rodrigues Cassiolato CAPÍTULO 7 AS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DA LAGOA MAIOR EM TRÊS LAGOAS, MATO GROSSO DO SUL, E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE E O BEM-ESTAR DA POPULAÇÃO Maria José Alencar Vilela Letícia de Oliveira Manoel CAPÍTULO 8 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE Vera Luci de Almeida Fladimir Fernandes dos Santos Marco Aurélio Batista de Sousa CAPÍTULO 9 ANÁLISE DAS ATIVIDADES DA GESTÃO DO CONHECIMENTO TENDO COMO BASE OS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL Marco Aurélio Batista de Sousa Eduardo Juan Soriano-Sierra Nota sobre os Autores...355

7 PREFÁCIO A publicação de Saúde e Meio Ambiente pode representar o marco inicial da Pós-Graduação, nas áreas da Saúde e do Meio Ambiente, no Câmpus de Três Lagoas, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. É imperioso ressaltar que a importante iniciativa se deve a um pequeno grupo de pesquisadores, autores dos capítulos da obra, supervisionados e orientados pela Profa. Dra. Antonia Dalla Pria Bankoff, visitante sênior da Capes, com atividade de pesquisa e formação de grupos para desenvolvimento de projetos de pesquisa, além da organização de seminários no Câmpus de Três Lagoas. O docente de uma Instituição Pública de Ensino pode desenvolver o seu trabalho nas áreas de ensino, extensão ou pesquisa. No que concerne especificamente ao professor com diploma de doutor, a Universidade, em decorrência da baixa capacidade de orientação de pós-graduandos, tem grande expectativa de que ele vá para a pesquisa de pós-graduação. Com a publicação dos resultados de suas investigações, surgirão novos artigos científicos tão necessários para pertencer ao quadro permanente dos cursos stricto sensu. Não há nenhuma dúvida de que o desenvolvimento regional só vai adiante com a pesquisa científica, capaz de profundas transformações sociais, efetiva contribuição para o desenvolvimento do estado. A obra em questão está amplamente centrada nas áreas estratégicas de pesquisa e pós-graduação da UFMS, quais sejam, a saúde e o meio ambiente. A primeira, voltada para laboratórios, ambulatórios, enfim, dirigida para uma melhor condição de vida da população, visando à precaução quanto a vários tipos de doenças graves; e a segunda, embasada no desenvolvimento sustentável, buscando a harmonia entre o homem e a natureza, com 7

8 Antonia Dalla Pria Bankoff; Sonia Regina Jurado; Marco Aurélio Batista de Sousa (Orgs.) a proteção de recursos hídricos, conservação da biodiversidade e orientação a gestores públicos. Esse pequeno grupo de abnegados pesquisadores do CPTL, que enviou uma proposta à Capes para a criação de um mestrado, cuja área de concentração se sustenta na saúde e no meio ambiente, tema fundamental deste livro, entra, imediatamente, como participante do melhor sistema de ensino em pós-graduação da América Latina, caso a proposta tenha avaliação positiva da Capes. Quem ganha com isso é a comunidade acadêmica, a sociedade sul-mato-grossense e a região centro oeste, que terão o desencadeamento do progresso e a consequente geração de rendas e do bem estar social. Nossos cumprimentos aos autores com votos de muito sucesso. Dercir Pedro de Oliveira Pró-Reitor de Pesquisa e de Pós-Graduação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (In Memoriam) 8

9 PARTE I SAÚDE

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11 CAPÍTULO 1 SAÚDE NO BRASIL Antonia Dalla Pria Bankoff Carlos Aparecido Zamai 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS As transformações demográficas, ambientais e sociais que ocorrem no mundo criam condições para o constante surgimento de novas formas de expressão de doenças já conhecidas (infectoparasitárias, infectocontagiosas, crônicas não transmissíveis e outras) e para emergência de novas doenças. Essa realidade exige permanente fortalecimento de uma rede de vigilância epidemiológica que incorpore os hospitais de referência especificamente para doenças transmissíveis. As unidades hospitalares voltadas para o atendimento pediátrico e de urgências, os laboratórios de saúde pública, centros de saúde e ambulatórios, com capacidade de monitorar os perfis epidemiológicos e suas alterações, detectando prontamente, investigando e adotando medidas eficazes de prevenção e controle (Ministério da Saúde, 2005). Grande parte da população brasileira ainda convive com problemas de saúde precária e pobreza, duas características marcantes do subdesenvolvimento socioeconômico. Muitos avanços ocorreram, porém, ainda são visíveis as diferenças entre os estados do Brasil. Por exemplo, em 2005, o estado de Santa Catarina possuía 10,50% de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza, ao passo que em Alagoas esse indicador era de 60,45%. Essa diferença também está presente quando levamos em conta a saúde, cujos indicadores mostram que os estados das regiões norte e 11

12 Antonia Dalla Pria Bankoff; Sonia Regina Jurado; Marco Aurélio Batista de Sousa (Orgs.) nordeste apresentam taxas de mortalidade na infância mais elevadas se comparadas ao centro-sul do país. Com base nos indicadores de pobreza e de saúde, sabe-se que os estados das regiões norte e nordeste estão entre os que possuem as piores situações tanto para indicadores de pobreza como de saúde. São indícios de que a saúde e a pobreza possuem uma relação mais estreita do que imaginamos (Tejada, Jacinto e Dos Santos, 2005). As principais prioridades de saúde são determinadas pelas condições de vida da população, ligadas à situação social e econômica, razão por que o combate à pobreza constitui o primeiro objetivo de desenvolvimento do milênio. A concentração das populações e a consequente urbanização agregam novos problemas ao setor Saúde, decorrentes da violência e acidentes de trânsito (Ministério da Saúde, 2008). Segundo o Ministério da Saúde (2005), no Brasil, as alterações ocorridas no perfil de morbimortalidade, no qual se ressalta uma perda de importância relativa das doenças transmissíveis, principalmente a partir do último quarto do século XX, contribuíram para criar uma falsa expectativa de que todo esse grupo de doenças estaria próximo da extinção. Entretanto, o seu impacto na morbidade ainda é importante, principalmente aquele produzido pelas doenças para as quais não se dispõe de mecanismos eficazes de prevenção e controle. No que se refere especificamente à morbidade hospitalar, informações provenientes do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do SUS-Sistema Único de Saúde indicam que a proporção de internações por doenças infecciosas, em relação ao total de internações no país, não apresenta a mesma intensidade na tendência de redução que a verificada para a mortalidade. 12

13 Saúde e Meio Ambiente 2. DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS E INFECTOPARASITÁRIAS NO BRASIL Nos últimos anos, no país (como um todo), as doenças classificadas DIPs (Doenças Infecciosas e Parasitárias) têm apresentado valores próximos a 10% do total de internações, sendo estas, mais elevados nas regiões norte e nordeste. Em 2012, o Ministério da Saúde publicou que as incidências de doenças infectocontagiosas caíram vertiginosamente no Brasil nas últimas décadas. Os dados divulgados pelo Ministério da Saúde confirmam a tendência mundial e registram queda expressiva nos números de doenças transmissíveis nos últimos dez anos, como o tétano, sarampo, dengue, tuberculose, diarreias e síndromes respiratórias. A queda no número de casos de tétano no Brasil é atribuída à vacinação de rotina e ao reforço na imunização dos chamados grupos de risco. Neste período, o número de casos caiu 44%, enquanto em 2001, o país registrou um total de 578 casos e em 2011 foram 327. No caso do tétano neonatal, a redução foi ainda maior, superando os 80% de 2001 a 2011, caindo de 37 para 6 casos, respectivamente (Ministério da Saúde, 2012). O sarampo já foi responsável por uma parcela importante da carga epidemiológica das doenças infecciosas no Brasil, com alta incidência e letalidade até a década de A meta de eliminação do sarampo nas Américas até o ano 2000 foi estabelecida em 1995, e foi seguida no Brasil por fortes investimentos nas estratégias de vacinação, que se mantêm até o momento. A última cadeia autóctone foi confirmada no estado do Mato Grosso do Sul, em 2000, quando foi concluída a implantação das vacinas tríplice e dupla viral, que estavam em andamento. Em 2011, foram confirmados 43 casos de sarampo, distribuídos por vários estados; entre eles, 7 apresentaram histórico de viagem à Europa e aos Estados Unidos. Os demais foram confirmados por vínculo com os casos importados (Ministério da Saúde, 2012). 13

14 Antonia Dalla Pria Bankoff; Sonia Regina Jurado; Marco Aurélio Batista de Sousa (Orgs.) O número de casos graves de dengue caiu no ano 2012, 64%, em comparação a A queda foi muito maior se forem considerados os números de 2010 percentual de redução de 78%. Enquanto de janeiro ao início de novembro em 2010, os casos graves da doença chegaram a ; no mesmo período de 2012, o número totalizou Os óbitos também apresentaram queda de 63% em comparação com De janeiro até a primeira semana de novembro, foram confirmados 247 óbitos, sendo que no mesmo período de 2010 foram 672 óbitos. Os avanços confirmam a estratégia de enfrentamento da dengue, não apenas de eliminar o mosquito, mas garantir a assistência básica, capacitação dos profissionais e aprimoramento da informatização dos dados de vigilância epidemiológica (Ministério da Saúde, 2012). Em 2011, o país registrou casos de tuberculose. A publicação Saúde Brasil, apresentada pelo Ministério da Saúde em outubro de 2011, aponta uma queda média da taxa de incidência da tuberculose de 1,3% por ano, entre 2001 e 2011, totalizando uma taxa de 37,1/100 mil habitantes. Neste período, a quantidade aproximada de óbitos pela doença foi de 4,6 mil. Aproximadamente 78,8 mil internações por diarreia deixaram de ocorrer em 2011 se comparado ao ano de 2001, caindo de internações para em Além disso, houve queda expressiva no número de óbitos em menores de 1 ano, em 75,3%, entre 2000 e 2010, passando de óbitos por diarreia para 740 em Essa diminuição dos casos graves e das mortes está associada ao conjunto de ações que integram a Política Nacional de Aleitamento: como aumento no número dos bancos de leite no país; o incentivo ao aleitamento materno; a expansão do Programa Bolsa Família; e capacitação dos profissionais da atenção básica para atenção integrada às doenças prevalente na infância e à Rede Cegonha (Ministério da Saúde, 2012). 14

15 Saúde e Meio Ambiente Além disso, as Unidades Sentinelas, espalhadas por todo o país, vêm ajudando a monitorar e combater, de forma rápida, as doenças respiratórias causadas por vírus, como as gripes. O Ministério da Saúde também atua sistematicamente para combater as chamadas Síndromes Respiratórias. Em 2009, foram notificados 88 mil casos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), esse número caiu drasticamente em 2011 pouco mais de casos. Neste ponto, as vacinas, a gratuidade dos medicamentos, o diagnóstico precoce e o tratamento em todas as unidades básicas de saúde, que também integram as ações de prioridade do Governo, são responsáveis diretos pelo declínio (Ministério da Saúde, 2012). As informações sobre Saneamento são importantes, porque repercutem nas doenças infectoparasitárias e em outras. Nas 100 maiores cidades do Brasil, municípios tratados no Ranking do Saneamento base SNIS 2010 vivem 77 milhões de habitantes, ou seja, 40% da população brasileira. Dos 77 milhões, em 2010, pouco mais de 90% da população tinha acesso à água potável, então quase 7 milhões de habitantes ainda não tinham acesso, 31 milhões não tinham acesso à coleta de esgotos em Do volume de esgoto gerado nessas 100 cidades, somente 36,28% é tratado, ou seja, são quase 8 bilhões de litros de esgoto lançados todos os dias nas águas brasileiras sem nenhum tratamento. 20 das 100 cidades analisadas ofereciam água tratada a 100% de sua população. 34 das 100 cidades possuíam índice de coleta de esgoto superior a 80% da população e apenas 5 delas atendiam a 100%: Belo Horizonte (MG), Santos (SP), Jundiaí (SP), Piracicaba (SP) e Franca (SP). Só 6 municípios possuíam índice de tratamento de esgoto superior a 80%. Sorocaba (SP), Niterói (RJ), São José do Rio Preto (SP), Jundiaí (SP), Curitiba (PR) e Maringá (PR). 15