ADMINISTRAÇÃO DE UMA REDE DE AQUISIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE DADOS PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA
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- Ayrton Custódio Monsanto
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1 V SBQEE Seminário Brasileiro sobre Qualidade da Energia Elétrica 17 a 20 de Agosto de 2003 Aracaju Sergipe Brasil Código: AJU Tópico: Sistemas de Monitoramento e Tratamento de Dados ADMINISTRAÇÃO DE UMA REDE DE AQUISIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE DADOS PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA Joaquim Carlos de A. O. e Cruz* Daniel P. C. P. de Lira Luciana R. Soares Chesf/DOMC Chesf/DOAL UFPE Chesf/DOMC RESUMO Este trabalho apresenta as características principais do sistema de monitoramento da qualidade da energia elétrica da Chesf e sua experiência na operação e manutenção de uma rede de instrumentos digitais de medição para fins da análise da qualidade da energia elétrica fornecida pela empresa, na administração de um sistema de coleta, armazenamento e distribuição de dados e nas atividades desenvolvidas em uma plataforma para testes e simulações. PALAVRAS-CHAVE Qualidade da Energia Elétrica. Instrumentos de Monitoração. Análise de Perturbações. Banco de Dados. Web INTRODUÇÃO O uso de dispositivos eletro-eletrônicos sensíveis, que são susceptíveis a variações de tensão, por grandes consumidores industriais de energia elétrica, motivou a Chesf a implantar uma pequena rede de instrumentos de monitoração que pudesse monitorar adequadamente os eventos do sistema sobre estes dispositivos [1]. O sucesso deste projeto piloto foi fundamental para que a Chesf ampliasse o seu sistema de monitoramento e investisse de forma significativa no desenvolvimento de novos projetos e na aquisição de instrumentos para a implementação de uma rede de monitoração da qualidade da energia elétrica, a rede de qualimetria. Através dos dados obtidos pelos instrumentos de monitoração é possível aos órgãos responsáveis pela análise de sistemas de potência avaliar a qualidade da energia elétrica (QEE) fornecida pela empresa. É possível também avaliar a atuação de dispositivos de proteção, confrontando os dados aquisitados pelos instrumentos de monitoração da QEE com dados obtidos por outros equipamentos de monitoração, tais como os relés e oscilógrafos digitais, de modo que a integração entre estes sistemas de monitoramento (qualidade de energia, proteção e oscilografia) ofereça um eficiente suporte à equipe de análise na identificação da causa, da fonte e da localização do distúrbio. A operação contínua destes instrumentos de monitoração permitiu o armazenamento estruturado de uma grande quantidade de dados de grandezas elétricas trifásicas de diversos pontos estratégicos do sistema da Chesf. O processamento destes dados, feito de maneiras diferentes por diversos departamentos da empresa responsáveis pelo acompanhamento da operação do sistema elétrico, permite extrair informações consistentes sobre o desempenho do mesmo, tanto sob operação em regime permanente quanto sob faltas diversas. A utilização destas informações acerca dos pontos de monitoramento é importante para a definição do planejamento da operação, indicando a necessidade de ampliação e de reforços no sistema Chesf. Este trabalho apresenta uma breve descrição da rede de monitoração da qualidade da energia * Rua 15 de Março, 50. Prédio do COS - Sala B202. CEP Recife - PE - BRASIL Tel.: +55 (081) FAX: +55 (081) cruz@chesf.gov.br
2 412 elétrica da Chesf e sua experiência adquirida na operação e manutenção desta rede de instrumentos, na administração do banco de dados e no desenvolvimento de um sistema de distribuição de dados, disponibilizados na intranet da empresa A REDE DE QUALIMETRIA DA CHESF 2.1 Arquitetura Um sistema de monitoramento da qualidade da energia elétrica compõe-se de uma rede de instrumentos, freqüentemente chamados de registradores digitais de perturbação (RDPs), que, associados a recursos de sistemas de telecomunicações, permitem que seja realizada a análise de perturbações em uma estação de coleta e armazenamento de dados. De acordo com os procedimentos de rede do ONS [2], o RDP é um instrumento implementado por meio de tecnologia digital para aquisição, armazenamento e manipulação local ou remota, através do envio para uma central de análise, das grandezas analógicas e digitais a fim de proceder à análise das perturbações. Isto faz do RDP um instrumento indispensável à análise de perturbações nos sistemas de energia elétrica, através do qual pode-se realizar um diagnóstico confiável e propor medidas que possam minimizar as conseqüências destas sobre todo o sistema elétrico [1]. A figura 1 ilustra, de forma simplificada, a arquitetura da rede de qualimetria da Chesf. RDP2 Grupo de Monitoração em Tempo Real RDP1 Subestação Grupo de Análise Rede Corporativa Recursos de Sistemas de Telecomunicações (Ethernet, Fibra óptica, Linha telefônica) Grupo de Desenvolvimento e Manutenção Estação de Coleta e Armazenamento de Dados Figura 1: Arquitetura simplificada da Rede de Monitoração da QEE da Chesf. A estação de coleta e armazenamento de dados (Servidor) tem a responsabilidade de gerenciar a rede, armazenando toda a informação pertinente ao sistema. O suporte é dado pelo Grupo de Desenvolvimento e Manutenção, que tem como principais atribuições manter a integridade da rede e do sistema de monitoração e implementar rotinas computacionais necessárias a uma análise mais rápida dos dados, oferecendo ao Grupo de Análise o conjunto de informações pertinentes a sua área de interesse. O Grupo de Monitoração em Tempo Real é composto por operadores de subestações e centros regionais, que acompanham em tempo real as grandezas de interesse, que podem incluir desde leituras de grandezas elétricas até o monitoramento do estado de operação de outros componentes de uma subestação. O Servidor é uma máquina duo-processada rodando o sistema operacional Microsoft Windows 2000 Server. O pacote de softwares do sistema de monitoramento da rede de qualimetria é o ION Enterprise 4.5, da empresa canadense Power Measurement, mesma fabricante dos RDPs que compõem o sistema Chesf. Dentre os aplicativos deste pacote, encontra-se um aplicativo para automatização de processos baseado em blocos de programação (VIP), um programa para desenvolver telas de acompanhamento do estado de comunicação com os RDPs que podem ser visualizadas via navegador Web (VISTA) e um pequeno, porém poderoso, software de exportação de dados do banco de dados para o Microsoft Excel (Report Generator ou Repgen). 2.2 Instrumentos de Monitoração (RDPs) A rede de qualimetria da Chesf é atualmente composta por 80 (oitenta) RDPs. A configuração destes RDPs é definida em função da classe do ponto a ser monitorado. Atualmente, estas classes estão definidas na tabela 1, onde também é apresentada a quantidade de instrumentos instalados em cada uma delas. Tabela 1: Classes dos pontos de monitoramento para configuração dos RDPs e quantidade de RDPs instalados por classe. Classe Quant. Consumidor Industrial (230kV) 14 Transformador (500, 230, 138 e 69kV) 30 Linha de Transmissão e Sub-Transmissão (500, , 138 e 69kV) Equipamento de Regulação (Conversor Estático, 08 Síncrono e Banco de Capacitores) Os RDPs estão configurados para o registro de dados relativos a uma perturbação, quando os limites pré-estabelecidos para detectar uma variação de tensão ou de freqüência, no terminal de monitoramento, são ultrapassados. Neste trabalho é dada ênfase às perturbações decorrentes das variações de tensão, portanto, o uso da palavra perturbação, daqui em diante, refere-se às variações de tensão. Os dados gravados por um RDP quando há uma perturbação incluem o registro RMS de alta
3 413 velocidade e as formas de onda das tensões e correntes de fase. O registro RMS de alta velocidade consiste do armazenamento de valores RMS de grandezas elétricas por aproximadamente 22 segundos em intervalos de ½ ciclo, 1 ciclo, 2 ciclos ou 4 ciclos, dependendo do tipo do instrumento de monitoração. As grandezas armazenadas por este registro dependem da classe do ponto de monitoração, mas todos armazenam as tensões de fase. Além das perturbações, os RDPs armazenam dados em regime permanente, que são gravados em intervalos de 5 minutos. As grandezas gravadas também dependem da configuração do instrumento, embora todos armazenem as tensões de fase. Em caráter experimental, alguns instrumentos armazenam a freqüência, em intervalos de 5 minutos, e a distorção harmônica total de tensão e corrente, em intervalos de 1 hora. 2.3 Sistematização da Coleta de Dados Dos oitenta RDPs implantados, cinqüenta têm comunicação em tempo real com o Servidor. Isto permite que a memória destes instrumentos esteja sempre disponível para o armazenamento de uma eventual perturbação e o reconhecimento em tempo real de sua ocorrência. Para aquelas subestações onde a comunicação com os RDPs é realizada via linha telefônica, uma rotina implementada no Servidor permite que a coleta dos dados seja realizada cinco vezes por dia, de forma automática, de modo que os dados armazenados na memória dos instrumentos sejam coletados, não havendo o risco de perda de dados por perturbações sucessivas, quando ocorridas entre dois intervalos de varredura. Apesar da automação do processo, é necessária a supervisão deste por um funcionário habilitado, que realize diariamente a verificação do estado de comunicação entre o Servidor e os instrumentos de monitoração. Quando é detectada uma falha na comunicação entre o Servidor e quaisquer dos instrumentos, o setor de telecomunicações da empresa é acionado para resolver o problema. Eventualmente, quando necessário, são acionadas também as operadoras de telefonia de longa distância O BANCO DE DADOS DA REDE DE QUALIMETRIA 3.1 Armazenamento e Distribuição de Dados Os dados aquisitados pelos RDPs são armazenados no Servidor em um banco de dados SQL (Structured Query Language). Uma das principais vantagens do uso deste tipo de banco de dados é a possibilidade de interação deste com diversos tipos de softwares, permitindo que os mesmos dados possam ser processados simultaneamente de maneiras diferentes. Considerando-se que a quantidade de dados gerados em uma empresa com um sistema elétrico do tamanho do sistema da Chesf é muito grande, o desenvolvimento de ferramentas personalizadas através de trabalho conjunto entre o grupo de desenvolvimento e manutenção e os usuários destes dados simplifica, acelera e melhora o processo de análise, transformando dados, não só efetivamente, mas também rapidamente, em informação. Para disseminar essa informação de maneira veloz e aberta, foi desenvolvida uma home-page, disponível para a intranet da empresa, na qual os usuários têm acesso direto às informações sobre a rede de qualimetria e aos relatórios de perturbação do sistema Chesf. Os relatórios são gerados através do RepGen, que exporta os dados do banco de dados SQL para uma planilha do Microsoft Excel. No Excel são utilizadas macros para o tratamento dos dados e que foram desenvolvidas com a finalidade de obter uma melhor visualização gráfica destes dados. Uma breve descrição das macros é apresentada em [3]. 3.2 Acesso aos Dados Via Intranet A ocorrência de uma perturbação é reconhecida por uma rotina implementada no Servidor que, através da geração de relatórios, disponibiliza automaticamente os dados da perturbação em home-page, na intranet da Empresa, de modo que todos os interessados na análise da perturbação tenham rápido acesso a estes dados. Na prática, a seguinte seqüência ocorre: 1) Uma perturbação em um ponto de monitoração do sistema elétrico dispara os registradores digitais, que gravam a ocorrência e a transmitem para o servidor; 2) Quando os dados são completamente transferidos para o servidor, um relatório é gerado através de uma rotina implementada no mesmo, a qual monitora o fluxo de dados de cada instrumento para o servidor. Apesar de vários relatórios poderem ser solicitados ao mesmo tempo, uma outra rotina coloca-os em fila, de modo que um relatório seja gerado por vez, através do RepGen; 3) Após a exportação dos dados do banco de dados para um arquivo Excel, o RepGen executa macros pré-estabelecidas, que criam
4 414 gráficos sobre os dados das perturbações e executam estatísticas, como por exemplo, a classificação das perturbações e sua alocação na curva CBEMA [3]; 4) O relatório gerado é salvo em um servidor Web, na intranet da empresa, contendo em seu título: o nome da SE; o ponto monitorado, e a data e hora em que foi gerado pelo RepGen. Estas planilhas são acessadas pelo grupo de análise. Como o Excel é um programa amplamente utilizado na Chesf, alguns departamentos clientes envolvidos na análise de perturbações desenvolveram suas próprias macros, que rodam sobre os relatórios gerados e disponibilizados na intranet. Por este motivo, um certo cuidado é necessário em caso de alterações nas macros executadas automaticamente, para que o formato dos dados não mude e impossibilite o uso das macros posteriores. Entretanto, o aumento da quantidade de pontos de medição, cerca de 80 registradores hoje, indica a necessidade de mudanças na filosofia de distribuição destes dados, pois a geração de um relatório demanda do servidor uma razoável quantidade de processamento e memória, enquanto o mesmo está realizando a coleta de dados dos registradores. 3.3 Interatividade Em uma recente atualização, o servidor passou a dispor de uma ferramenta chamada WebReach, a qual permite que os dados de todos os instrumentos pertencentes à rede de qualimetria possam ser acessados em modo somente leitura através da intranet da Chesf, via navegador Internet Explorer 6.0 ou superior. Tanto informações em tempo real quanto dados armazenados no banco de dados podem ser acessados. As tabelas de dados podem ser visualizadas em formato texto ou gráfico ou exportadas para outro aplicativo. Porém, deve-se frisar que há uma enorme diferença entre acessar os dados em sua forma relativamente crua (tabelas de registros ou gráficos) e entre transformar todos estes dados em informações conclusivas. Assim, apesar do uso da tecnologia WebReach possibilitar um acesso em tempo real aos dados, os relatórios gerados através do RepGen continuam sendo utilizados, pela facilidade que uma planilha de cálculos com macros pode oferecer. O caminho natural é a junção da melhor tecnologia com a melhor filosofia. No caso em questão, o ideal é a flexibilidade da linguagem de macros com o acesso via Web. O banco de dados SQL já é suficientemente poderoso para se fazer quaisquer tratamentos e filtragens avançados. Por este motivo, o grupo de desenvolvimento e manutenção tem investido no desenvolvendo de aplicativos voltados para a Web que possibilitem o uso avançado dos dados armazenados através de um navegador Web e linguagens de desenvolvimento ASP (Active Server Pages), JAVA e XML (extensible Markup Language). A adoção dos recursos da linguagem XML para integração entre o banco de dados e o ambiente intranet traz flexibilidade, interatividade e portabilidade para essas informações, tanto para a visualização de leituras em tempo real quanto de leituras armazenadas no banco de dados. Na primeira etapa de desenvolvimento, o aplicativo via intranet deverá fornecer as mesmas informações disponibilizadas hoje pelos relatórios em Excel. Na segunda etapa, os departamentos clientes serão convocados a fim de se portar suas macros para o novo aplicativo. As vantagens em relação aos relatórios exportados em Excel incluem flexibilidade na consulta em relação a pontos de monitoramento e faixa de tempo, cruzamento de dados, processamento do servidor apenas durante a realização de consultas, desocupação do disco rígido do servidor, além de todo o poder inerente a um banco de dados SQL. No caso específico da qualidade de energia, ainda não existem (no Brasil) indicadores de penalidade definidos, e portanto a filosofia a ser empregada deve ser mesmos dados diferentes visões. Além disto, nada impede que departamentos com usos muito específicos desenvolvam aplicativos em qualquer linguagem que acesse o banco de dados SQL do servidor de qualimetria PLATAFORMA DE ENSAIOS E SIMULAÇÕES 4.1 Justificativa Para a realização de testes e implementação de novas configurações em instrumentos e a experimentação de novas automações tornou-se necessária a aquisição de um segundo computador a fim de que fosse possível executar ensaios para aperfeiçoamento do funcionamento do servidor oficial da rede de qualimetria sem os riscos que essas atividades trariam para o mesmo.
5 415 Com a constante evolução dos processadores, foi possível adquirir uma máquina de perfil doméstico para funcionar como ambiente de testes para o servidor a plataforma de qualimetria. Enquanto a configuração do servidor oficial inclui dois processadores Pentium III de 1,266GHz, fontes de tensão redundantes, 512MB de RAM e três discos rígidos com interface SCSI, o computador que compõe a plataforma de desenvolvimento dos serviços de qualimetria foi adquirido como máquina montada : um processador Pentium IV de 2.4GHz, 256MB de RAM, disco rígido de 40GB padrão ATA100 e um HUB de 8 portas com taxa de transferência de 10MB/s, permitindo compartilhar o ponto de rede disponível no ambiente físico da plataforma, criando uma mini-rede separada da rede corporativa da Chesf. O disco rígido da máquina foi dividido em 8 partições de 5GB. As partições foram utilizadas aos pares, de maneira que fosse possível instalar 4 instâncias de sistema operacional, tornando possível a configuração de diferentes ambientes na mesma máquina. Para uso comum, foi escolhida a seguinte distribuição de funções: 1 a instância: Windows 2000 Server, usada para manutenção ou tarefas comuns; 2 a instância: Replicação fiel do Servidor da Rede de Qualimetria (Windows 2000 Server e ION Enterprise 4.5, observadas as letras para as unidades lógicas do disco rígido); 3 a instância: Windows 2000 Server e ION Enterprise 4.5 para a realização de testes operacionais e implementação de novas configurações na memória dos instrumentos; 4 a instância: Área destinada para treinamento, na qual os operadores da rede de qualimetria podem montar um servidor, desde a instalação do Windows 2000 Server até a operação de uma versão do ION Enterprise para testes, tornando-a uma máquina-escola. 4.2 Funcionalidades a instância No dia a dia, a 3 a instância é a mais utilizada, principalmente para configurar instrumentos novos antes dos mesmos serem instalados em campo, evitando o uso do ambiente do servidor oficial para este tipo de atividade, já que normalmente ela demanda alguma instalação elétrica para testar o instrumento. Como existem diversas formas de um mesmo instrumento se comunicar remotamente com o servidor (ethernet TCP/IP, RS-485 via ethernet TCP/IP, RS-232 via ethernet TCP/IP, RS-232 via modem, RS-485 via modem), a plataforma dispõe de uma unidade de cada tipo de dispositivo que pode estar em campo para permitir a comunicação, possibilitando simular rapidamente as configurações que serão encontradas dentro das SE s a que se destinam, e assim garantir que o instrumento será corretamente configurado. Um instrumento 9500ION da Siemens (compatível com o ION Enterprise 4.5) com todas as interfaces de comunicação disponíveis (RS- 232, RS-485, modem, ethernet TCP/IP via par trançado e ethernet TCP/IP via fibra óptica) e outro 3720ACM da Power Measurement (RS-232 ou RS-485) estão permanentemente instalados na plataforma com os diversos tipos de cabos de comunicação que podem ser utilizados para cada tipo de teste. Além destas atividades, a 3ª instância também pode ser utilizada para a aquisição de dados e geração de relatórios, quando se deseja monitorar um ponto do sistema Chesf apenas temporariamente a Instância A 2 a instância é menos usada, porém possui grande importância no que tange à administração do servidor de qualimetria. Apesar do hardware da plataforma e do servidor oficial serem totalmente diferentes, foi possível fazer com que a base de dados e a configuração do ION Enterprise do servidor oficial pudesse ser executada na plataforma de qualimetria. Nesta instância, a máquina possui as mesmas configurações de serviços e aplicativos do servidor oficial e o mesmo nome na rede, razão pela qual só pode partir com o servidor oficial desconectado da rede corporativa da Chesf ou através da mini-rede construída com o HUB, desde que as duas máquinas não estejam simultaneamente conectadas à rede Chesf. O servidor replicante não pode substituir, por características de hardware, o servidor oficial, mas pode ser utilizado em uma condição de emergência para manter a rede de qualimetria em operação. O replicante é utilizado para testar, por exemplo, algoritmos desenvolvidos na 3 a instância e novas versões de software ou service packs que precisem ser instalados no servidor oficial. A melhor função do replicante é a possibilidade de se gerar uma base de dados com toda a estrutura da base do servidor oficial, porém sem uma única linha de dados. Quando é necessário reduzir o tamanho do arquivo de banco de dados do servidor oficial, o serviço do banco de dados é parado e rapidamente uma cópia do arquivo do banco de dados pode ser
6 416 realizada, reinicializando o serviço do banco de dados em seguida, permitindo que o servidor volte a operar normalmente. Com a cópia transferida e instalada no replicante, pode ser realizado um procedimento de recorte no banco de dados, que consiste em criar um novo arquivo de banco de dados com exatamente a mesma estrutura do original. 4.3 Descrição do procedimento de recorte do arquivo do banco de dados Para manter o desempenho do servidor oficial em níveis aceitáveis é necessário realizar um procedimento para redução do arquivo do banco de dados, o que geralmente ocorre na virada de um mês, a cada dois ou três meses, dependendo do tamanho do arquivo. No dia da redução do banco de dados, um pouco depois da meia-noite, é verificado se todos os instrumentos descarregaram os dados do mês anterior no banco de dados. Com isto confirmado, o servidor é parado e o arquivo do banco de dados, que possui os dados do(s) mês(meses) anterior(es) e uns poucos dados do mês atual, é retirado de seu diretório. O novo arquivo vazio, contendo a grade do banco de dados é movido para o diretório e o servidor parte novamente. Ocorre um fenômeno de avalanche de dados, pois o servidor precisa equilibrar a memória dos instrumentos no campo com a sua (seu banco de dados), e como sua base está vazia, ele traz novamente os dados de campo de todos os instrumentos, o que pode significar, dependendo da memória cíclica do instrumento, de 24 a 72 horas anteriores de leituras a cada 5 minutos. Finda esta equalização, o servidor permanece operando normalmente, com dados do mês atual e alguns dados do mês anterior baixados pela avalanche. Esta manobra exige que a estrutura do arquivo vazio de banco de dados seja absolutamente igual à estrutura do banco cheio. Por isso, o ideal é criar o banco vazio poucos dias antes da virada do mês, e garantir que não haja mudanças na estrutura da rede desde o dia em que a estrutura foi montada até o dia de seu uso. O uso do procedimento de replicação permite reduzir o tempo de indisponibilidade da estação de coletada de dados. Caso fosse dada ao servidor a tarefa dele mesmo replicar a base de dados a partir da virada de um mês, ele teria que incluir na nova base os dados do mês que se inicia. A diferença entre criar o banco de dados recortado com alguns dias de dados e criar um banco de dados vazio é enorme. Enquanto o servidor replicante precisa de cerca de 3 horas para fazer o recorte, o servidor oficial usa 36 horas, tempo no qual fica off-line. O ganho de se ter o banco de dados vazio já pronto é de que o tempo necessário para se desativar o serviço de banco de dados, retirar o arquivo antigo, colocar o arquivo novo e reiniciar o serviço é de 5 minutos. Comparado com 36 horas, é uma forte justificativa à implantação da plataforma de desenvolvimento e testes para qualimetria, além dos outros motivos mencionados CONCLUSÕES A complexidade da rede de monitoração da qualidade da energia elétrica da Chesf exige que os membros do grupo de desenvolvimento e manutenção sejam qualificados. Esta qualificação deve abranger conhecimentos sobre o software de gerenciamento dos instrumentos de monitoração, a operação e manutenção de bancos de dados, a configuração de sistemas operacionais de computador, telecomunicações e instrumentação digital, ou seja, tudo o que assegura o funcionamento adequado da rede de qualimetria no dia-a-dia. Além disto, são necessários conhecimentos avançados de lógica e linguagens de programação, os quais permitem implementar novas ferramentas de análise e manipulação dos dados de acordo com as necessidades da empresa. A troca de experiências com fabricantes de instrumentos de monitoração, universidades e centros de pesquisa tem contribuído significativamente para a modernização e o bom desempenho da rede de qualimetria da Chesf. O esforço atual do grupo de desenvolvimento e manutenção é atingir o estado da arte na manipulação do seu banco de dados via navegador web, o que só é possível pelo nível de conhecimento do funcionamento e da estrutura do mesmo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] S.M.M. Pontes, A.R.F. Freire, H.S. Bronzeado, J.C.A.O. Cruz, A.J.P. Ramos, D.P.C.P. de Lira, Experiência Chesf na Concepção e Implantação de uma Rede de Registradores Digitais para Análise de Perturbações e Qualidade da Energia Elétrica, III Seminário Brasileiro sobre Qualidade da Energia Elétrica, Brasília, DF: Agosto 1999, pp [2] ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Procedimentos de Rede. Módulo 20: Definições e Glossário. Submódulo 20.1 Definições e Glossário, Julho [3] Luciana R. Soares, Milde M.S. Lira, Daniel P.C.P. de Lira, Rede de Monitoração para Qualidade da Energia Elétrica em Sistemas de Transmissão, aceito, XVII Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, Uberlândia, MG: Outubro 2003.
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