USO DO SOLO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DO SALTO EM
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- Olívia Azeredo Leal
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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 4ª Semana do Servidor e 5ª Semana Acadêmica 2008 UFU 30 anos USO DO SOLO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO DO SALTO EM Josimar Felisbino Silva 1 Universidade Federal de Uberlândia, Avenida João Naves Ávila 2121, Santa Mônica, Uberlândia Minas Gerais. jfsilva@prove.ufu.br Iron Ferreira de Andrade 2 Universidade Federal de Uberlândia, Avenida João Naves Ávila 2121, Santa Mônica, Uberlândia Minas Gerais. ironfa2003@yahoo.com.br Ricardo Reis Alves 3 ricardoreisalves@gmail.com Douglas Santana Serato 2 douglas.serato@gmail.com Eduardo Humberto Campos 2 eduardoh.campos@yahoo.com.br Silvio Carlos Rodrigues 4 silgel@ufu.br Resumo: Este trabalho apresenta uma avaliação do uso do solo da Bacia Hidrográfica do Córrego do Salto,na cidade de Uberlândia MG, enfocando a Área de Proteção Permanente (APP) do mesmo, sugerindo sua recuperação e preservação, tendo em vista que a sua área de preservação foi parcialmente destruída, e o restante está passando por um processo rápido de degradação. Palavras chave: Degradação, preservação, recuperação, área de proteção permanente. 1. INTRODUÇÃO O progresso técnico científico alcançado nos últimos anos tem sido muito intenso, especialmente após a Segunda Guerra Mundial. No entanto, o homem, de forma geral, não aprendeu ainda a usar os recursos tecnológicos para possibilitar o máximo aproveitamento dos recursos naturais com um mínimo de degradação ambiental possível. É urgente a necessidade de preservação e recuperação dos recursos naturais, especialmente na área urbana e no seu entorno, tendo em vista o alto grau de degradação ambiental em que se encontram. Preservar a natureza é uma necessidade crescente, tanto para assegurar a continuidade de espécies vegetais e animais para a posteridade, quanto para a melhoria das condições de vida urbana e para a existência futura da humanidade. 1 Graduado em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia. 2 Graduandos em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia. 3 Doutorando em Geografia pelo Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia. 4 Prof. Dr. do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia.
2 890 A bacia do Córrego do Salto localiza-se no Distrito Industrial da cidade de Uberlândia, Estado de Minas Gerais, sendo um dos afluentes da margem direita do Rio Uberabinha. Ela localiza-se entre as coordenadas UTM de m e m N e m e m, do Fuso SE 22 (Figura 1) Córrego do Salto Córrego do Salto Fig.1- Mapa de localização da Bacia Hidrográfica do Córrego do Salto Org: SILVA,(2008). O Cerrado ocupa mais de de Km², o que representa cerca de 23 % do território brasileiro. Ocorre em altitudes que variam de cerca de 300 m, a exemplo da Baixada Cuiabana (MT), a mais de 1.600m, na Chapada dos Veadeiros (GO). Este conjunto vegetacional está localizado basicamente no Planalto Central do Brasil e é o segundo Domínio Morfoclimático do país em área, apenas superado pela Floresta Amazônica. Trata-se de um complexo vegetacional que possui relações ecológicas e fisionômicas com outras savanas da América tropical e de continentes como o africano e o australiano. O cerrado caracteriza-se pela presença de invernos secos e verões chuvosos, um clima classificado como Aw de Köppen (tropical chuvoso), possuindo uma média anual de precipitação de 1500 mm, variando de 750 a 2000mm. As chuvas são praticamente concentradas de outubro a março (estação chuvosa), e a temperatura média do mês mais frio é superior a 18 C. (RIBEIRO & MACHADO 1987). O Córrego do Salto está assentado sobre o basalto e em suas bordas está o arenito da Formação Botucatu, apresentando no seu médio curso relevo dissecado, com altitudes entre 740 e 900 metros na maior parte, com formas convexas e vertentes entre 1 e 2,5 graus de declividade. Entre as cotas de 830 e 840 metros suas vertentes encontram-se entalhadas em forma de V, e na 2
3 parte inferior, onde as declividades são maiores, ocorre à presença de rampas côncavas coluviais. (NISHIYAMA, 1989). 2. OBJETIVOS O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo ambiental da Bacia Hidrográfica do Córrego do Salto para descobrir os tipos de usos do solo, o grau de degradação ambiental e sua relação com a declividade e com os tipos de vertentes, enfocando a necessidade de preservação das Áreas de Proteção Permanente: Além de produzir um mapa de uso e ocupação do solo para servir como registro e instrumento para o poder público tomar decisões que possam contribuir para a preservação ambiental da área de estudo. 3. MATERIAIS E MÉTODOS Para atingir os objetivos propostos pelo presente trabalho, primeiramente foi realizada uma pesquisa bibliográfica para verificar o acervo de publicações referente à área de estudo. Também foi feita a revisão bibliográfica que serviu para aferir todo o material utilizado e toda a fundamentação teórico metodológico na qual o projeto de pesquisa se baseou, sendo imprescindível para a elaboração, compreensão e sucesso do mesmo. Na pesquisa bibliográfica foram analisadas bibliografias referentes ao Domínio Morfoclimático do Cerrado, sua importância sócio-econômica e ambiental e sua relação com o ambiente urbano, a importância da preservação das áreas de Proteção Permanente e legislação ambiental. Posteriormente, foram escolhidas as cartas topográficas e as fotografias aéreas a serem utilizadas para a realização da pesquisa. As cartas topográficas permitiram a elaboração da base cartográfica da Bacia Hidrográfica do Córrego do Salto, o mapa de declividade, o mapa dos tipos de vertentes. e através da interpretação das fotografias aéreas foi elaborado o mapa de uso e ocupação do solo. O trabalho foi decisivo para a compararação da situação real dos usos do solo da Bacia Hidrográfica com os materiais cartográficos disponíveis e para a coleta de informações para assegurar a máxima verdade de campo mostrada no mapa de uso e ocupação do solo. 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Autores como Baccaro, Guimarães, Chagas, Rosa e Lima afirmam que a exploração inadequada dos recursos naturais para os mais diversos fins é a causa principal da descaracterização de importantes ecossistemas, através da destruição de seus habitats, do empobrecimento da biodiversidade e da extinção de espécies nativas. O Estado de Minas Gerais, devido à sua grande extensão territorial, apresenta uma multiplicidade de Domínios morfoclimáticos, cuja integridade está sendo seriamente ameaçada pelas ações antrópicas. A manutenção desses domínios depende de políticaa ambientais eficazes, no sentido de assegurar sua conservação e utilização sustentável de seus recursos naturais. No dizer de Martins (2001), a eliminação das florestas resultou num conjunto de problemas ambientais, como a extinção de várias espécies da fauna e da flora, mudanças climáticas locais, erosão dos solos e o assoreamento dos cursos d água. Neste panorama, as matas ciliares não escaparam da destruição, pelo contrário, foram alvos de todo o tipo de degradações. 5. RESULTADOS Através do Mapa de Declividade da área de estudo, constatou-se a presença de três classes de declividades, a primeira, menor que 1%, está distribuída desde o alto até o baixo curso do Córrego do Salto e em sua maior parte próxima ao divisor de águas, sendo pouco representativa próximo ao fundo de vale. 3
4 Outra classe de declividade, variando entre 1 e 2% está distribuída desde o alto curso, próximo à nascente do Córrego do Salto, nas cabeceiras das nascentes e nos fundos de vales dos seus afluentes até sua foz. A última classe, variando entre 2 a 5% se localiza no baixo curso do Córrego, próximo a sua foz, representando a menor área ocupada (fig.2) N Fig.2- Mapa de declividade da Bacia Hidrográfica o Córrego do Salto Org: SILVA, (2008) Considerando o arranjo das classes de declividades em categorias hierárquicas proposto por ROOS, a Bacia Hidrográfica do Córrego do salto apresenta uma categoria de declividade muito baixa, variando entre 1 a 5%, menor que o índice de 6%, limite desta categoria (tab.1). Constata-se, então, que a área de estudo está abaixo do limite da categoria de declividade muito fraca, portanto, ela não pode ser o fator determinante para a degradação ambiental verificada na área de estudo. O fator responsável pelo assoreamento do Córrego, pelos esmoronamentos dos barrancos do mesmo e pela ausência de grande parte da Mata Ciliar foi a mineração de basalto juntamente com a substituição do Cerrado por pastagem, aliada a falta de manejo adequado do solo e de medidas mitigadoras da degradação ambiental. Tabela 1: Categorias e classes de declividades Fonte: ROSS, p.4. CATEGORIAS CLASSES DE DECLIVIDADES Muito Fraca Até 6 % Fraca de 6 a 12 % Média de 12 a 20 % Forte de 20 a 30 % Muito Forte Acima de 30 % 4
5 Verificou-se também que a Bacia Hidrográfica do Córrego do Salto apresenta quatro tipos de vertentes: superfície aplainada, vertente côncava e convexa, e vertente retilínea. A superfície aplainada está distribuída desde o alto curso até o baixo curso da área de estudo. A vertente côncava está distribuída na nascente do Córrego do Salto e nas nascentes dos seus afluentes. A vertente convexa está distribuída desde o alto curso do Córrego do Salto, começando entre a nascente e o primeiro afluente e entre os afluentes, sendo mais representativa no Baixo curso Do Córrego do Salto até sua foz. A vertente retilínea aparece a partir do médio curso superior da área de estudo até o baixo curso, tendo a área mais a jusante, na margem esquerda do Córrego até a vertente convexa no final do mesmo representativa (fig. 3). LEGENDA Rio Uberabinha Fig.3- Mapa dos tipos de vertentes da bacia Hidrográfica do Córrego do Salto][ Org: SILVA, (2008). Constatou-se ainda, que a distribuição dos usos do solo da área de estudo se dá da seguinte forma: a área urbana está presente a partir do interfúvio até próximo a nascente do Córrego do Salto e à esquerda da Bacia Hidrográfica, a jusante da área de estudo até o médio curso do Córrego, nas áreas de superfícies aplainadas. A mineração de basalto encontra-se no baixo curso, sendo que a maior parte se localiza na área de vertente retilínea e parte na vertente convexa. Segundo SILVA E RODRIGUES, desde de 2004 a Área de Proteção Permanente do Córrego do Salto já estava quase totalmente destruída e transformada em pastagem em vários trechos, tanto no alto como no médio curso. No alto curso, a área de pastagem já tinha invadido parte do leito do córrego (figura 4 5
6 Fig4. A pastagem se confunde com o leito do Córrego do Salto em Autor: SILVA, (2004). Fig5. Aprofundamento do nível de base do Córrego. Autor: SILVA, (2008). Fazendo uma comparação da fig 4 com a fig 5, percebe-se claramente que a degradação ambiental da area de estudo continua accelerando e, atualmente, está ocorrendo o rebaixamento do nível de base do Córrego do Salto. Além do avanço da area de pastagem sobre o curso d água, desde 2004, atualmente está ocorrendo também o avanço lateral das margens do Córrego provocado por um violento processo de esmoronamento dos barrancos do mesmo,(fig. 6). 6
7 Fig 6. Esmoronamento e avanço lateral.no Córrego do Salto. Autor: SILVA, (2008). No baixo curso do Córrego do Salto, a vegetação também foi retirada para viabilisar a mineração de basalto. A mineração descaracterizou completamente parte do curso do Córrego, especialmente na margem esquerda, próximo a fóz, destruindo a mata ciliar com freqüentes mudanças do leito do mesmo para facilitar a exploração de basalto. A figura 7 mostra claramente como estão distribuídos os vários usos do solo na área de estudo, inclusive mostrando a área de pastagem na margem do Córrego, onde deveria existir Área de Proteção Permanente. Fig.7- Mapa de uso do solo da Bacia Hidrográfica do Córrego do Salto em 200 Org:.SILVA (2008). 7
8 O percentual de uso mais representativo, 42,7 e 34,2 %, pastagem e ocupação urbana respectivamente, são os responsáveis pela destruição de quase toda a vegetação da área e, apesar da mineração ocupar somente 3,6% da área total da bacia, ela também provocou um impacto ambiental intenso, (tab. 2). Tabela 2:Área e porcentagem de usos do Solo da Bacia Hidrográfica do Córrego do Salto. Fonte: SILVA, (2008) 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS TIPO DE OCUPAÇÃO ÁREA Hectare % Cerrado degradado 12,3 1,0 Cerrado preservado 167,1 13,2 Mata ciliar existente dos afluentes 10,0 0,8 Britador 46,6 3,6 Ocupação urbana 434,3 34,2 Pastagem 543,5 42,7 Estradas/Rodovias 17,3 1,3 Sítios 14,3 1,1 Cursos d água 27,3 2,1 TOTAL 1.272,6 100,00 Segundo SILVA E RODRIGUES, o cerrado existente na área de estudo já estava sendo destruído lentamente desde 1965, cedendo lugar á expansão de áreas para pastagem, a qual em 2002 representava um terço de toda a área da Bacia Hidrográfica do Córrego do Salto, ocupando uma área de 32,8%, e que em 1965 representava somente 5,5% da mesma e em 2004 restavam apenas 21,2 %, somadas as áreas de Cerrado Preservado e Degradado. Atualmente a região da Bacia Hidrográfica do Córrego do Salto está sofrendo os mesmos problemas ambientais que estava em 2004 com avanço da ocupação do solo urbano e da area para pastagem com a conseqüente diminuição da área de Cerrado. A britagem continua a existir no baixo curso na vertente retilínea e onde a região apresenta a maior declividade. Assim como as outras atividades econômicas. Parte da Mata Ciliar ainda está sendo utilizada para pastagem e o poder público ainda não tomou nenhuma decisão para protegê-la. A formação de parcerias pode ajudar a médio prazo a conter o avanço da destruição da vegetação pois envolve diretamente as pessoas que manejam o solo e todos os recursos naturais que são capazes de aproveitar da Bacia Hidrográfica, podendo sem dúvida ser mais uma ferramenta para contrapor a falta de investimentos da parte do poder público. 7. AGRADECIMENTOS Agradecemos a FAPEMIG, que apoiou a atual pesquisa através de apoio financeiro ao Projeto CRA F1781, bem como através de bolsa de Iniciação Científica. 8. REFERÊNCIAS Lima, S. C; Rosa, R; Baccaro, C.A.D; Guimarães, R, M; Cchagas., 1998, Avaliação dos cerrados de Minas Gerais e indicação de áreas potenciais para preservação. Sociedade e Natureza, Uberlândia: Edufu, 10 (14), p. 5, jan/jun.. Nishiyama, L., 1989, Geologia do Município de Uberlândia. Sociedade e Natureza. Uberlândia: Edufu, 1(1), p.9 16, junho. 8
9 Reatto, A; Correia, J. R; Spera, S.T., 1998m Solos do bioma Cerrado: aspectos pedológicos.p In: Sano, S.M.; Almeida, S.P. Ed. Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 285p. Ribeiro, José Felipe, Machado.T.W.Bruno., 1998, In: Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: EMBRAPA-CPAC, p, 93. Ross, J.L.S., 1993, Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais e antropizados. São Paulo: Laboratório de Geomorfologia-Departamento de Geografia..FFLCH/USP.13 p. Silva, J,F; Rodrigues, S, C.,2004, Síntese ambiental e evolução do uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica do córrego do salto.revista Caminhos da Geografia, Uberlândia, v.5, n.12, p.13, jun. Venâncio Martins, Sebastião.,2001 Recuperação de Matas Ciliares. Viçosa: Aprenda Fácil,. 143p. 9. TITTLE USE OF THE SOIL IN THE BASIN HIDROGRAPHIC OF THE SALT STREANLET IN Josimar Felisbino Silva 5 University Federal of Uberlândia city, Avenue João Naves Ávila 2121, Santa Mônica, Uberlândia State of Minas Gerais in Brazil. jfsilva@prove.ufu.br Iron Ferreira de Andrade 6 Universidade Federal de Uberlândia, Avenida João Naves Ávila 2121, Santa Mônica, Uberlândia Minas Gerais. ironfa2003@yahoo.com.br Ricardo Reis Alves 7 ricardoreisalves@gmail.com Douglas Santana Serato 2 douglas.serato@gmail.com Eduardo Humberto Campos 2 eduardoh.campos@yahoo.com.br Silvio Carlos Rodrigues 8 silgel@ufu.br Abstract: The present paper shows the use of de soil of the Basin Hidrographic of the Salto Streamlet in the Uberlandia city, on the state of Minas Gerais, Brazil. The focus of this paper is the Area of Permanent Protection (APP), suggesting its recuperation because it was very modified by the Humankind use. Keywords: Degradation, preservation, recuperation, area of Permanent Protection. 5 Graduated in geography by the University Federal of Uberlândia city. 6 Students. of geography in the University Federal of Uberlândia city. 7 Master and Student in geography by the University Federal of Uberlândia city. 8 Teacher of the Institute of Geography in the University Federal of Uberlândia city. 9
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