A FORMAÇÃO DO ALFABETIZADOR POPULAR NO PROGRAMA SALVADOR CIDADE DAS LETRAS NUMA PERSPECTIVA DE UMA COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM RESUMO
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- André Dreer Silva
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1 A FORMAÇÃO DO ALFABETIZADOR POPULAR NO PROGRAMA SALVADOR CIDADE DAS LETRAS NUMA PERSPECTIVA DE UMA COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM Anuska Andréia de Sousa Silva 1 RESUMO O Programa Salvador Cidade das Letras / Brasil Alfabetizado vinculado a Coordenadoria de Ensino e Apoio Pedagógico (CENAP) da Secretaria Municipal de Educação (SMED) da cidade do Salvador desde a etapa 2010, exercício 2011, que implantou uma das ideias de formação continuada presente no Relatório Final Formação Continuada de Professores: uma análise das modalidades e das práticas em estados e municípios brasileiro, realizado pela Fundação Carlos Chagas e publicado em julho de Segundo os estudos desse documento, uma das tendências sobre Formação Continuada de docentes é a criação de uma comunidade colaborativa de aprendizagem. Partindo dessa concepção, semanalmente o programa reuniu os alfabetizador-coordenadores de turma para planejar a formação continuada dos alfabetizadores através de dois encontros preparatórios para cada dia de formação. As atividades do programa estão organizadas em três etapas: mobilização e cadastramento; formação inicial e continuada; alfabetização de jovens, adultos e idosos. No que tange a formação continuada, é realizada duas por mês, quinzenalmente. Para cada formação realizada acontecem cinco etapas/fases: preparatória; estudo; planejamento; execução; e avaliação. Diante dessa nossa vivência desse formato de formação continuada podemos elencar alguns resultados que alcançamos que serve de parâmetros para a reflexão e tomada de novas decisões. São eles: alguns não entendem a proposta; insegurança de alguns alfabetizador-coordenadores de turma e alfabetizador; graduação diversificada; desenvolvimento da autonomia; desenvolvimento dos conhecimentos pedagógicos; e maior índice de alfabetizados. PALAVRAS-CHAVE: Formação de Professores; Alfabetização de Jovens e Adultos; Comunidade Colaborativa de Aprendizagem. 1 INTRODUÇÃO O objetivo do presente texto é apresentar o formato de formação continuada utilizado por um programa de alfabetização da Secretaria Municipal de Educação da cidade do Salvador intitulado Programa Salvador Cidade das Letras / Brasil Alfabetizado. 1Secretaria Municipal de Educação da cidade do Salvador SMED. Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Educação da UFPE. anuska.andreia@ufpe.br 1
2 Dentre as diversas ações de oferta de EJA da SMED, o Programa Salvador Cidade das Letras é o único destinado a etapa alfabetização da Educação de Jovens e Adultos. Uma das grandes ações desse programa é realizar a formação inicial e continuada dos alfabetizadorcoordenadores de turma e alfabetizadores. Como a resolução do MEC exige apenas Ensino Médio completo para ser alfabetizador, são considerados alfabetizadores populares. Assim, o programa adota a concepção de comunidade colaborativa de aprendizagem para formar esses alfabetizador-coordenadores de turma e os alfabetizadores que são os grandes responsáveis na diminuição dos índices de analfabetismos e do crescimento do número de anos de escolaridade da população jovem, adulta e idosa. 2 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA SECRETARIA MUNICIPAL DA CIDADE DO SALVADOR Antes de detalharmos a EJA no âmbito municipal é de grande importância destacar as diretrizes que orientam a prática da Educação de Jovens e Adultos na cidade do Salvador, bem como informar os objetivos educacionais para essa modalidade de ensino. Segundo Freire (2009), as diretrizes que orientam as ações desenvolvidas pela SMED no que tange a EJA estão ancoradas nos seguintes princípios: Universalização da Educação de Jovens e Adultos como modalidade de ensino da Educação Básica no Sistema Municipal de Ensino; Garantia da oferta, permanência, qualidade e sucesso do Ensino Fundamental obrigatório e gratuito ao público jovem e adulto; Articulação do currículo da Educação de Jovens e Adultos do Sistema Municipal de Ensino com as práticas sociais e os aspectos relevantes do mundo do trabalho; Fortalecimento da dignidade e promoção de uma cultura anti-racista voltada para a formação de valores e respeito às diversidades; Inserção dos alunos da Educação de Jovens e Adultos nos projetos do Programa de Educação e Tecnologias Inteligentes; Formação continuada e aquisição material adequado para uma atuação efetiva dos pro- 2
3 fessores da EJA nas classes inclusivas por meio de cursos de LIBRAS/ Braille, dentre outros. No que tange aos objetivos para essa modalidade de ensino a SMED pretende quanto aos gerais: Adequar a oferta da educação de jovens e adultos às condições de vida e trabalho do educando, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso, permanência e sucesso na escola; Universalizar o atendimento, na etapa do ensino fundamental, da Educação de Jovens e Adultos como modalidade da Educação Básica no Sistema Municipal de Ensino; Associar a educação de jovens e adultos aos cursos de qualificação para o trabalho e de certificação de competências para o prosseguimento dos estudos; Fortalecer a prática pedagógica dos professores que atuam na Educação de Jovens e Adultos, garantindo a apropriação das especificidades inerentes a andragogia. Já no que tange aos objetivos específicos a SMED objetiva: Assegurar a construção de uma proposta pedagógica que atenda as especificidades e identidade própria da educação de jovens e adultos, considerando o seu perfil socioeconômico e cultural, o respeito aos princípios de eqüidade, igualdade de gêneros, pluralidade cultural, tolerância religiosa e diversidade étnico-racial; Implementar um currículo articulado aos temas da vida cidadã, tais como: o mundo do trabalho e empreendedorismo, as novas tecnologias, a saúde e a sexualidade, os direitos civis, políticos e sociais, a educação para o consumo, meio ambiente e ecologia, questões de gênero e raça; Promover uma política de formação docente que possibilite uma metodologia que compreenda as especificidades desta modalidade de ensino, a organização e a flexibilização do tempo e dos espaços e a interdisciplinaridade; Implantar uma estrutura curricular que permita a oferta de cursos semi-presencial, implantados em regime de integralização e alternância de estudos, combinada a educação presencial e não-presencial; Adquirir materiais didáticos específicos, apropriados as necessidades dos educandos; Instituir uma sistemática de avaliação que possibilite a promoção continuada e o aproveitamento dos estudos e conhecimentos adquiridos informalmente. Após essa breve explanação das intenções da SMED em relação à EJA, se faz necessário 3
4 conhecermos essas ações desenvolvidas no âmbito municipal que são o Segmento de Educação de Jovens e Adultos (SEJA) como educação regular, a EJA Intensiva, a EJA Formação Inicial e Continuada (Fic), o Telecurso 2000 e o Programa Salvador Cidade das Letras (PSCL), financiado pelo Brasil Alfabetizado do Governo Federal. 2.1 SEGMENTO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS A SMED oferece a EJA em seu sistema de ensino regular com currículo próprio intitulado SEJA. O Segmento de Educação de Jovens e Adultos (SEJA) foi criado em 2007 através da Resolução CME Nº. 011 /2007 que dispõe sobre a implantação da modalidade de Educação de Jovens e Adultos, no Sistema Municipal de Ensino de Salvador e dá outras providências. O SEJA é composto de duas partes. A primeira parte compreende as primeiras quatro séries do Ensino Fundamental e a segunda, as quatro séries finais do Ensino Fundamental. O formato do currículo passa a ser semestral. Para a clientela é um ponto positivo no que tange ao tempo, pois é menor. Quando o tempo é pensado no fazer pedagógico, vale pesquisar até que ponto essa mudança foi favorável ou não. O SEJA I compreende quatro estágios, com progressão continuada para o estágio seguinte no estágio I e III. Cada estágio possui carga horária mínima de 400 (quatrocentas) horas, distribuídas com as áreas do conhecimento Língua Portuguesa, Matemática e Estudo da Sociedade e da Natureza ministradas por apenas um professor, pedagogo concursado da SMED. Já o SEJA II é organizado por áreas. Os dois primeiros semestres correspondem à área I (área I A e área I B) Linguagens, seus Códigos e Expressões Culturais. A área II destina-se a Ciências Humanas e Contemporeneidade e a III, Ciências Naturais, Matemática e suas Tecnologias. As aulas são ministradas por licenciados nas disciplinas. Como durante os dois anos a maioria das disciplinas aparecem apenas uma única vez, os professores precisam selecionar dentro do rol de conteúdos exigidos nas quatros séries finais do Ensino Fundamental, o que é mais importante para que o educando prossiga seus estudos. Esse currículo ainda está em fase de elaboração. 4
5 Há muitas queixas desse currículo na SMED por parte do corpo docente. As queixas mais correntes referem-se ao tempo reduzido de quatro para dois anos em relação aos dois segmentos do Ensino Fundamental, não envio do livro didático escolhido pela equipe docente e material pedagógico. O objetivo da presente pesquisa é analisar as contribuições e limitações dessa estrutura curricular para a vida do educando jovem e adulto. 2.2 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS INTENSIVA É uma proposta que está em fase de implantação na Rede Municipal de Ensino de Salvador que institui o curso de EJA com tempo e projeto pedagógico, estrutura curricular e fundamentos teóricometodológicos diferenciados, visando fortalecer as parcerias existentes entre a SMED e as diversas instituições que buscam a garantia do direito público subjetivo às pessoas jovens, adultos e idosos, através da oferta de EJA em espaços extra-escolares. Com o objetivo de atender as demandas educacionais específicas desses sujeitos jovens, adultos e idosos que foram excluídos historicamente da escola, as turmas acontecem nos espaços sugeridos pelos parceiros, considerando o seguinte perfil: jovens em situação de vulnerabilidade social e privação de liberdade; trabalhadores/as de empresas governamentais e não-governamentais; funcionários/as das instituições e secretarias municipais, com baixa escolaridade que participam do Subprograma de Educação Básica do Programa Portal para a Universidade vinculado a SEPLAG. Um bom exemplo da EJA Intensiva são as classes que funcionam em instituições prisionais se configurando no pleno direito dos sujeitos continuarem sua escolarização mesmo estando em privação da liberdade. Os professores dessas turmas são acompanhados pela Coordenação de Ensino e Apoio Pedagógico (CENAP) via a visita de coordenadores pedagógicos para orientar as situações decorrentes desse espaço de aula. 2.3 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA 5
6 Outra iniciativa de oferta de EJA da SMED é o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos PROEJA FIC (Formação Inicial e Continuada) atende 90 alunos/as nos cursos de Manutenção Elétrica Predial e de Solda na Escola Municipal Alexandrina Santos Pita, através de uma parceria da SMED com o Instituto Federal da Bahia IFBA, por intermédio das Secretarias de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) e de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) do Ministério da Educação. É importante destacar que o PROEJA é um programa de abrangência nacional que foi implantado desde Aqui na cidade do Salvador, o PROEJA FIC consiste na formação inicial e continuada dos docentes da EJA que atuam no ensino fundamental, na perspectiva de: implantar os cursos de educação profissional integrada à educação de jovens e adultos; produção de material pedagógico para os referidos cursos; e monitoramento, estudo e pesquisa com vistas a contribuir para a implantação e consolidação de espaços de integração das ações desenvolvidas, bem como de investigação das questões pertinentes ao PROEJA. O PROEJA Fic na cidade do Salvador é ainda uma atividade experimental, pois como já mencionado funciona apenas em uma escola da rede municipal. 2.4 TLECURSO 2000 Fruto de uma parceira entre a Fundação Roberto Marinho e a SMED, o TELECURSO 2000 objetiva atender jovens e adultos que por algum motivo interromperam os estudos e não concluíram os anos finais do Ensino Fundamental. O curso tem duração de dois anos, na modalidade presencial, onde os orientadores da aprendizagem utilizam multimeios nas aulas. A finalidade do projeto é discutir o mundo do trabalho e a construção de uma sociedade mais justa e solidária, contemplando também a formação e qualificação profissional, além do exercício da cidadania. O projeto possui uma carga horária de 396 horas/aula distribuídas nas disciplinas da Base Nacional Comum do Ensino Fundamental (Língua Portuguesa, Ciências, História, Geografia, Matemática e 6
7 Inglês. Embora o Telecurso 2000 ainda constar no site da SMED como atividade de Educação de Jovens e Adultos, as escolas não trabalham mais com essa atividade. O que acontece na prática é o uso do material deixado pelo TELECURSO 2000 como mais um recurso para enriquecer as aulas do Segmento de Educação de Jovens e Adultos da rede municipal. Os professores e escolas que vivenciaram a atividade possuem uma experiência a mais que vem somar ao atual currículo da EJA da SMED. 2.5 PROGRAMA SALVADOR CIDADE DAS LETRAS/BRASIL ALFABETIZADO O programa Salvador Cidade das Letras foi criado em 2006 e é desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação (SMED) em parceria com o Ministério da Educação. O programa integra o programa nacional Brasil Alfabetizado do MEC. O objetivo do programa é alfabetizar jovens e adultos e entrar para o rol de municípios detentoras do selo de Cidade das Letras, emitido pelo MEC. O selo é emitido quando o município atinge apenas o índice de até 4% de analfabetos. Para operacionalização do programa, há a seleção de alfabtizador-coordenadores de turma (graduação em curso, experiência comprovada em EJA, saber usar informática básica e ser mobilizador social) e de alfabetizadores populares (formação mínima de nível médio em magistério, experiência comprovada em EJA, saber usar informática e ser mobilizador social). Após a seleção, os alfabetizador-coordenadores de turma necessitam mobilizam um mínimo de cinco alfabetizadores e os alfabetizadores um mínimo de 14 alunos para de fato ingressarem no programa na condição de bolsistas vountários, sem vínculo empregatício algum, já que assinaram contrato de voluntariado e receberam bolsas-benefícios diretamente do MEC. Depois do processo seletivo os alfabetizador-coordenadores de turma e os alfabetizadores participam da formação inicial com professores graduados e com experiência em projetos de EJA. Essa formação inicial possui 40h distribuídos em dez encontros presencias. Há também a formação 7
8 continuada, desenvolvida durante os oito meses de duração do programa, com carga horária total de 60 horas. Essa é realizada dentro da perspectiva de comunidade colaborativa de aprendizagem. É importante informar que cada turma possui aproximadamente no máximo 25 alfabetizandos. As turmas funcionam nas escolas da Rede Municipal de Ensino e ou em espaços cedidos pelas organizações governamentais e não governamentais que firmaram parceria com a SMED, para o desenvolvimento desse programa. Há material didático específico do programa para os alfabetizandos com temáticas de interesse para o público-alvo. As aulas acontecem durante quatro dias da semana, normalmente no turno noturno. As sextas-feiras são reservadas para as reuniões de planejamento e formação continuada. Vale salientar que a atual equipe do programa pretende estreitar os vínculos com os gestores no sentido de consolidar a parceria do programa iniciar o processo de alfabetização dos jovens e adultos e os mesmos prosseguir estudos no SEJA. Essa parceira é essencial, pois muitos alfabetizandos que deveriam estar no SEJA, se encontram ainda no Programa Salvador Cidade das Letras. Embora ambas ações aconteçam em âmbito municipal, ainda precisa ser feito algumas ações no sentido de que os alunos que não saibam ler e nem escrever estejam no programa que é destinado para iniciar o processo de alfabetização e os que já se encontram alfabetizados estejam na rede regular municipal de ensino. Na etapa atual, juntamente com a aplicação dos Testes Cognitivos de Entrada de Leitura e Escrita e Matemática (teste obrigatório elaborado pelo Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita CEALE - da UFMG) nível conceitual de escrita para que os alunos que se encontram já alfabetizados sejam encaminhados para o SEJA. Assim, após o diagnóstico o programa foi capaz de encaminhar os alunos já alfabetizados para o sistema regular de ensino. Além disso, se utiliza desses diagnósticos para que as aulas sejam planejadas a partir do nível conceitual de escrita e os educandos possam avançar a partir da intervenção do alfabetizador com o apoio de atividades diversificadas. Atualmente a equipe conta com uma gestora local, uma gestora pedagógica, quatro coordenadores de área, (todas concursadas pela SMED) quarenta alfabetizador-coordenadores de turma, duzentos 8
9 alfabetizadores e três mil alfabetizandos. 3 A FORMAÇÃO CONTINUADA NUMA PERSPECTIVA DE UMA COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM Segundo o Relatório Final Formação Continuada de Professores: uma análise das modalidades e das práticas em estados e municípios brasileiro, realizado pela Fundação Carlos Chagas e publicado em julho de 2011, os estudos sobre Formação Continuada de docentes podem ser organizados em dois grandes grupos. O primeiro grupo centra os estudos na figura do professor. Há vários argumentos que sustentam esse foco. (i) uma maior qualificação dos docentes em termos éticos e políticos levará os professores a aquilatar melhor sua importância social, seu papel e as expectativas nele colocadas, levando-o, assim, a conferir um novo sentido a sua profissão; (ii) a formação inicial dos docentes é aligeirada e precária, de modo que é central ajudálos a superar os entraves e as dificuldades que encontram no exercício profissional, relativos à falta de conhecimentos científicos essenciais, de habilidades para o adequado manejo da sala de aula e, ainda, de uma visão objetiva sobre temas que se manifestam constantemente no dia a dia escolar, como violência, uso abusivo de drogas, gravidez e/ou paternidade na adolescência etc.; (iii) os ciclos de vida profissional precisam ser considerados em uma visão ampla, holística, de formação continuada, na qual se consideram a experiência no magistério, as perspectivas que marcam as várias faixas etárias, seus interesses e suas necessidades (FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS, 2011). Já o segundo grupo desloca o foco dos estudos apenas do professor para toda a equipe pedagógica que envolve diretor, vice-diretor, coordenador pedagógico e professores. Assim, a formação continuada da equipe pedagógica deve ocorrer na própria escolar para atender as reais demandas do contexto local. De acordo com essa vertente de pensamento, a formação continuada da equipe pedagógica deve ser realizada pelo coordenador pedagógico ou o grupo se constitui em uma comunidade colaborativa de aprendizagem onde todos são formadores em algum momento. No caso do programa, a formação continuada poderia ser realizada pelos coordenadores de área. 9
10 O Programa Salvador Cidade das Letras / Brasil Alfabetizado vinculado a Coordenadoria de Ensino e Apoio Pedagógico (CENAP) da Secretaria Municipal de Educação (SMED) da cidade do Salvador desde a etapa 2010, exercício 2011, que implantou uma das ideias de formação continuada presente no Relatório Final Formação Continuada de Professores: uma análise das modalidades e das práticas em estados e municípios brasileiro, realizado pela Fundação Carlos Chagas e publicado em julho de Partindo dessa concepção, semanalmente o programa reuniu os alfabetizador-coordenadores de turma para planejar a formação continuada dos alfabetizadores através de dois encontros preparatórios para cada dia de formação. As atividades do programa estão organizadas em três etapas: mobilização e cadastramento; formação inicial e continuada; alfabetização de jovens, adultos e idosos. Dentre essas etapas, a formação de professores é uma das grandes responsáveis da alfabetização dos jovens, adultos e idosos. O formato que adotamos é a construção de uma comunidade colaborativa de aprendizagem, onde o alfabetizador-coordenador de turma assume também o papel de formador. Vale mencionar que o alfabetizador também pode assumir esse papel de formador a partir do seu desempenho apresentado nas reuniões de planejamento e formações (inicial e continuada). Assim, organizamos os alfabetizadores em quatro polos. Cada polo possui um coordenador de área, vinculado a SMED e cada polo possui 10 alfabetizador-coordenadores de turma. Cada alfabetizador-coordenador de turma é responsável por acompanhar cinco alfabetizadores. Cada turma possui cerca de 15 alfabetizandos. No que tange a formação continuada, é realizada duas por mês, quinzenalmente. Para cada formação realizada acontecem cinco etapas/fases: preparatória; estudo; planejamento; execução; e avaliação. Na fase preparatória acontecem visitas às turmas pelos coordenadores de área e de turma, acompanhamento às reuniões de planejamento, reuniões com os coordenadores de turma e elaboração de relatórios. Essa primeira fase serve de diagnóstico para a seguinte que é o estudo se configurando através das 10
11 seguintes ações: ánalise das situações expostas nos relatórios; seleção de temas; pesquisa de materiais; estudo de textos; seleção de vídeos, dinâmicas, etc; procura de algum profissional com experiência na temática escolhida; palestras, rodas de discussão, oficinas, etc. Após a fase de estudo e ou paralelo a ela planejamos primeiro internamente na equipe da SMED que compõe o programa (gestora local, gestora pedagógica e coordenadores de área) e em seguida convocamos os coordenadores de turma para realizamos um planejamento mais detalhado da ações que serão desenvovidas na formação continuada. Depois do diagnóstico, estudo e planejamento é hora de executar o plano de formaação. A periodicidade é quinzenalmente, ocorre de forma simultanea em três polos, com duração de 3 horas no mínimo de discussão teórica e vivencia prática. Como já informado, os formadores são os próprios coordenadores de turma, que a princípio seria um dos cursistas da formação inicial. Logo após de ser posto em prática, há o momento final desse ciclo de cada formação continuada que se configura como o início da próxima formação que é a avaliação. Nessa última fase aplicamos avaliação escrita de cada formação, tabulamos os dados e discutimos os resultados para melhoria dos próximos encontros de formação. 4 CONCLUSÕES Os instrumentos que utilizamos ao final de cada formação continuada e dos encontros preparatórios dão alguns subsídios para a verificação se esse formato de formação continuada está alcançando algum progresso, desenvolvimento e ou benefício para os participantes do programa. Diante dessa nossa vivência desse formato de formação continuada podemos elencar alguns resultados que alcançamos que serve de parâmetros para a reflexão e tomada de novas decisões. São eles: Alguns não entendem a proposta, pois pensam que os integrantes da equipe interna (coordenadores de área, gestora pedagógica e gestora local) seriam as pessoas exclusivamente responsáveis pela formação. Insegurança de alguns alfabetizador-coordenadores de turma e alfabetizadores, devido a 11
12 falta de vivência em outros espaços de experiências similares; Formação diversificada Como o MEC exige cursos de graduação para os alfabetizadorcoordenadores de turma da área de Educação que envolve as licenciaturas, ás vezes não é tão simples trabalhar com um professor de Geografia quando comparado ao Pedagogo no que tange aos conhecimentos pedagógicos. Desenvolvimento da autonomia É notório que todos de algum modo tem intensificado a autonomia no que se refere a tomada de decisão, iniciativa para busca de outros cursos de formação e principalmente na resolução de problemas. Desenvolvimento dos conhecimentos pedagógicos Um dos pontos que mais tem contribuído para a melhoria do programa é o alinhamento que é atingido em alguns aspectos de conteúdos conceituais, atitudinais e procedimentais que tem como consequência a melhoria do alcance dos objetivos do programa. Alteração dos índices A partir dessa experiência é visível também como os índices de evasão tem diminuído, o número de alfabetizados e encaminhados para o SEJA tem crescido. Vale a pena ter uma pesquisa acadêmica que possa verificar essas contribuições de forma mais detalhada no âmbito do programa. Em suma, além de qualificar o trabalho pedagógico dos alfabetizador-coordenadores de turma e dos alfabetizadores nos seus fazeres cotidiano no trabalho com Educação Popular no Programa Salvador Cidade das Letras, estamos também formando quadros para atuação em outras ações que envolvem alfabetização de pessoas jovens, adultas e idosas. REFERÊNCIAS ALARCAO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. 7.ed. São Paulo: Cortez, FREIRE, Ângela. Estrutura e organização da Educação de Jovens e Adultos EJA. Disponível em: < > Acesso em: 19 de Nov
13 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, GATTI, B. A. A formação dos docentes: o confronto necessário professor X academia. Cad. Pesq. n.81, maio NOVÓA, A. Universidade e formação docente. Interface Comunic, Saúde, Educ 7. Agosto, Relatório Final Formação Continuada de Professores: uma análise das modalidades e das práticas em estados e municípios brasileiro, realizado pela Fundação Carlos Chagas e publicado em julho de SAVIANI, Dermeval. Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do problema no contexto brasileiro. Revista Brasileira de Educação v. 14 n. 40 jan./abr
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