PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO (RNE)
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1 ORDEM DOS ADVOGADOS CNEF / CNA Comissão Nacional de Estágio e Formação / Comissão Nacional de Avaliação PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E AGREGAÇÃO (RNE) Questões de Deontologia Profissional (6 valores) e de Prática Processual Civil (5,5 valores) 14 de Fevereiro de 2009
2 I DEONTOLOGIA PROFISSIONAL GRUPO I BERNARDO, advogado, recebeu no escritório o seu velho amigo CARLOS, juntamente com um conhecido empresário, DIONISIO, com o qual pretendia constituir um consórcio, destinado a concorrer e a executar uma importante obra pública, que ia ser objecto de concurso lançado pelo Ministério no qual BERNARDO, com larga experiência na área da contratação pública, havia justamente cessado a sua colaboração como consultor externo para apoiar o seu departamento jurídico, na preparação e elaboração do procedimento do referido concurso. CARLOS e DIONISIO pretendiam o aconselhamento e a representação de BERNARDO para constituir o consórcio e, principalmente, para defender os respectivos interesses junto do Ministério, estabelecendo os necessários contactos com vista ao êxito da pretendida adjudicação. Lembrava-lhe, aliás, CARLOS que BERNARDO até participara na preparação e elaboração das peças chave do concurso, além de que conhecia muito bem os membros do júri, o que podia traduzir-se e reverter em benefício do consórcio. Responda e fundamente à luz dos princípios deontológicos pertinentes: 1. Poderia e deveria BERNARDO aceitar o mandato que lhe foi proposto? (1,50v) 2. Que conduta deveria BERNARDO adoptar? (0,75v)
3 GRUPO II Entretanto alguns dias depois BERNARDO viria a receber no seu escritório DIONISIO, o qual, além de lhe trazer alguns elementos necessários para a constituição do consórcio, aproveitou para lhe solicitar que o patrocinasse numa acção contra FERNANDO, seu anterior advogado, por considerar que este, no exercício da profissão, lhe causara danos patrimoniais ao aconselhá-lo erradamente sobre determinado assunto. Para tanto, mostroulhe uma carta que acabara de receber nesse mesmo dia e lhe fora endereçada por SIMÃO, advogado de FERNANDO e na qual lhe era referido que fora por falta de disponibilidade de tempo para aprofundar o assunto que este o aconselhara daquele modo e que, por isso, o mandatara para o representar e para lhe propor o pagamento de determinada quantia contra a desistência dos seus intentos, mas que ele DIONISIO achava insuficiente e recusava liminarmente. BERNARDO aceitou o patrocínio, tendo procurado suprir a dificuldade da prova de negligência profissional de FERNANDO juntando com a petição inicial a carta de SIMÃO a DIONISIO. Mais tarde, devido ao facto de FERNANDO ser uma figura pública local, o litígio assumiu algum protagonismo e daí que, à saída do Tribunal, já na pendência da acção e após se ter gorado uma tentativa de conciliação marcada pelo Meritíssimo Juiz do processo, BERNARDO foi interpelado pelos jornalistas sobre o desfecho da mesma, tendo respondido que só não se tinha logrado obter acordo entre as partes porquanto em sua opinião SIMÃO não estava a aconselhar devidamente FERNANDO. 1. A pretensão de DIONISIO contra FERNANDO, em seu entender, tinha fundamento? (0,75v) 2. Comente a actuação de BERNARDO? (3v)
4 II PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL I Suponha que foi procurado por António Santos, viúvo, que lhe relatou os seguintes factos: - Por escritura pública de , adquiriu a João Silva um prédio rústico, com a área de 2000 metros quadrados, denominado Campo de Cima, que confronta de norte e nascente com estrada municipal, do sul com Manuel Pinheiro e do poente com Aurora Santos, sito na freguesia de Nogueiró, concelho de Braga, descrito na Conservatória do Registo Predial sob o nº e inscrito na matriz sob o artigo O preço da aquisição foi de ,00 e encontra-se integralmente pago. - Imediatamente após a escritura, tomou posse do prédio e procedeu ao registo do mesmo a seu favor. - Em finais de 2006, por razões familiares, emigrou para o Canadá de onde apenas regressou no passado mês de Dezembro. - Quando, há dias, se deslocou ao prédio verificou que o proprietário do prédio confinante, Manuel Pinheiro, casado na comunhão de adquiridos com Joaquina Mota, havia derrubado o muro e retirado a vedação de arame que separavam os dois prédios. - Além disso, Manuel tinha passado a cultivar o prédio e nele tinha edificado uma pequena construção para guardar alfaias agrícolas.
5 Com base nestes factos, na defesa do interesse de António, elabore a peça processual que entender conveniente de modo a que o mesmo possa passar a usufruir de imediato do prédio que lhe pertence. (3,5 valores) II Suponha que Luís Ramos havia celebrado, com João Silva, em 1999, um contrato de arrendamento rural, tendo por objecto o prédio referido na questão anterior. Mas que, nos últimos 3 anos esteve impossibilitado de cultivar o terreno, por motivo de doença. Uma vez recuperado, tomou conhecimento da pendência de uma acção judicial instaurada por António contra Manuel e Joaquina, para condenação destes na entrega do terreno livre de pessoas e bens, na qual estes se defendem invocando a existência de um contrato de arrendamento rural celebrado com João Silva em Novembro de 2005, tendo deduzido reconvenção para serem reconhecidos como arrendatários. Pode Luís intervir na acção judicial pendente, para defender o seu direito de usufruir do prédio como arrendatário? Por que meio? (1 valor) III Tendo o Juiz dispensado a audiência preliminar, nos termos do artº 508-B do CPC, o Tribunal notificou os mandatários das partes do despacho saneador, matéria assente e base instrutória. Não pretendendo interpor recurso, que actos poderá praticar e em que prazo? (1 valor)
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