Registro: Número de registro do acórdão digital Não informado DECISÃO MONOCRÁTICA

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1 Registro: Número de registro do acórdão digital Não informado DECISÃO MONOCRÁTICA Câmara Especial. Recurso nº Apelante(s): Municipalidade de São Paulo e Juízo "ex officio". Apelado(s): Y.G.C.S. (menor). VISTOS. Ao relatório da r. sentença de fls. 39/46, em que foi determinada, sob pena de multa diária, a inclusão de Y.G.S. em unidade de ensino infantil da rede pública, nas proximidades de sua residência, acrescente-se a interposição de recurso ex officio e de apelação pela Municipalidade de São Paulo (fls. 50/52). Apresentadas as contrarrazões de fls. 55/58, manifestou-se a a d. Procuradoria de Justiça pelo não provimento dos recursos (fls. 63/67). É o relatório. De início, assinale-se que apesar de o valor da causa ser inferior a 60 (sessenta) salários mínimos, nos termos da Súmula 490

2 do Superior Tribunal de Justiça, cabível a interposição do recurso de ofício por ser a sentença ilíquida. No mérito, decidiu com inteiro acerto a ilustre Magistrada, que bem apreciou os pontos controvertidos, conferindo justa solução à lide. A Constituição Federal, em seu artigo 6º, erige a educação como direito social e os artigos 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente e 205 da Carta Magna estabelecem ser o direito referido de todos e um dever do Estado. Ademais, o artigo 54, inciso IV, do Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que é assegurado o atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade. Pois bem, o resguardo do direito de ingresso de criança em unidade de ensino infantil creche/pré-escola - tem solução pacífica na jurisprudência. A respeito: DIREITO CONSTITUCIONAL E DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. GARANTIA ESTATAL DE VAGA EM CRECHE. PRERROGATIVA CONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE INGERÊNCIA NO PODER DISCRICIONÁRIO DO PODER EXECUTIVO. PRECEDENTES. 1. A educação infantil é prerrogativa constitucional indisponível, impondo ao Estado a obrigação de criar condições objetivas que possibilitem o efetivo acesso a creches e unidades pré-escolares. 2. É possível ao Poder Judiciário determinar a implementação pelo Estado, quando inadimplente, de políticas públicas constitucionalmente previstas, sem que haja ingerência em questão que envolve o poder discricionário do Poder Executivo. 3. Agravo regimental improvido (STF - RE ).

3 AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ART. 208, INC. IV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ATENDIMENTO DE CRIANÇAS ATÉ CINCO ANOS DE IDADE EM CRECHES E PRÉ-ESCOLAS: DIREITO SUBJETIVO PÚBLICO. POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO (STF - RE ). CONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. MATRÍCULA DE CRIANÇA DE ZERO A CINCO ANOS DE IDADE EM CRECHE E PRÉ-ESCOLAS MUNICIPAIS. DIREITO ASSEGURADO PELA CONSTITUIÇÃO (ART. 208, IV, DA CF). I - O Estado tem o dever constitucional de assegurar a garantia de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade (art. 208, IV, da CF). II - Agravo regimental improvido (STF - AI 59207). 1. RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade. Educação infantil. Criança de até seis anos de idade. Atendimento em creche e pré-escola. Direito assegurado pelo próprio Texto Constitucional (CF, art. 208, IV). Compreensão global do direito constitucional à educação. Dever jurídico cuja execução se impõe ao Poder Público, notadamente ao Município (CF, art. 211, 2º). Precedentes. Agravo regimental não provido. Nega-se provimento a agravo regimental tendente a impugnar, sem razões consistentes, decisão fundada em jurisprudência assente na Corte. 2. RECURSO. Agravo. Regimental. Jurisprudência assentada sobre a matéria. Caráter meramente abusivo. Litigância de má-fé. Imposição de multa. Aplicação do art. 557, 2º, c.c. arts. 14, II e III, e 17, VII, do CPC. Quando abusiva a interposição de agravo, manifestamente inadmissível ou infundado, deve o Tribunal condenar o agravante a pagar multa ao agravado (STF - RE ). A argumentação que o apelado só teria o direito à educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, conforme o disposto no art. 208, I, da Constituição Federal, redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, não deve prevalecer, visto que o direito subjetivo da criança ao ensino infantil está previsto no inciso IV do

4 mesmo artigo que em nada se modificou com o advento da referida Emenda. Nesse sentido: "AGRAVO INTERNO Negativa de seguimento de recurso por meio de decisão monocrática Alegação de invocação de precedentes anteriores à Emenda Constitucional n. 59, que teria eliminado o direito subjetivo à vaga em creche Rejeição Decisão proferida na vigência da Emenda Constitucional n. 59, considerada Emenda que nenhuma alteração promoveu com relação à questão Tema, ademais, sujeito ao princípio da vedação do retrocesso - Não provimento do agravo" (Agravo Regimental nº , Câm. Especial, Des. Rel. Maria Olívia Alves). "MENOR Educação infantil - Ação de Obrigação de Fazer Garantia de vaga à criança Direito assegurado pela CF e pela lei ordinária Alegação de inexistência de direito subjetivo à vaga, em razão das alterações introduzidas pela Emenda Constitucional nº 59 Descabimento Alteração legislativa que não alterou o inciso IV do artigo 208 da Constituição Federal Reconhecimento por decisão judicial Possibilidade Exercício regular da atividade jurisdicional Poder discricionário que não se confunde com autorização para descumprir a lei Obrigação do Município reconhecida no artigo 211 da Constituição Federal e nas Súmulas 63 e 65 do TJSP Prova suficiente a autorizar o acolhimento do pedido Interposição de agravo retido contra a imposição de multa diária em caso de descumprimento da obrigação Rejeição Admissibilidade da aplicação de astreinte ao Poder Público Agravo retido rejeitado e recurso não provido" (Apelação nº , Câm. Especial, Des. Rel. Martins Pinto). Aplica-se na espécie o disposto nas Súmulas 63 e 65 do Colendo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, que dispõem: "É indeclinável a obrigação do Município de providenciar vaga em unidade educacional a criança ou adolescente que resida em seu território".

5 "Não violam os princípios constitucionais da separação e independência dos poderes, da isonomia, da discricionariedade administrativa e da anualidade orçamentária as decisões judiciais que determinam às pessoas jurídicas da administração direta a disponibilização de vagas em unidades educacionais ou o fornecimento de medicamentos, insumos, suplementos e transporte a crianças ou adolescentes". E mais, a omissão do Poder Público em disponibilizar vagas, sob o argumento de falta de previsão orçamentária, não pode servir de escusa para o descumprimento de deveres de clareza solar, de conteúdo não meramente programático, estabelecidos em nosso ordenamento jurídico e que devem ser observados irrestritamente. Em arremate, consigno que o caso dos autos amolda-se às premissas alinhavadas, sendo os recursos em exame, diante de consolidado entendimento jurisprudencial, manifestamente improcedentes. Código de Processo Civil, nego-lhes seguimento. Destarte, com fundamento no artigo 557, caput, do Int. São Paulo, 4 de julho de ANTONIO CARLOS TRISTÃO RIBEIRO Presidente da Seção Criminal (Assinado eletronicamente)