BRINCANDO DE ATOR: UMA PEÇA DE TEATRO SOBRE A ÁGUA

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1 BRINCANDO DE ATOR: UMA PEÇA DE TEATRO SOBRE A ÁGUA Elvis Alves de Oliveira 1 Maria José Mourato 1 Ana Patrícia Santos da Silva 1 Lisângela Costa dos Santos 2 1-Bolsistas PIBID Ciências-CAV 2- Supervisora PIBIB Ciências-CAV O trabalho apresenta um relato de experiência demonstrando a contribuição do teatro como recurso didático no ensino de ciências. A intenção de realizar esse trabalho foi de averificar a ocorrência de aprendizagem significativa, com o uso da atividade lúdica. Essa atividade foi desenvolvida nas séries inicias do ensino fundamental, abordando o tema água, transformando os alunos em atores, desenvolvendo conhecimentos, habilidades e competências de forma lúdica, atraindo o interesse dos alunos e motivando a interação social entre eles. Observa-se que esta ferramenta convida-os a interagir nas aulas. No fim da realização do trabalho foi observado que houve transformações no pensar e agir, os discentes desenvolveram competências, habilidades e conseguiram ligar o contexto do tema a sua realidade. Palavras Chaves: Conhecimento, Recurso Didático, Transformações INTRODUÇÃO Nos dias atuais o modelo escolar tem passado por constantes transformações, mas métodos tradicionais de ensino insistem em permanecer. Segundo Meira e Pinheiro (2012) um dos grandes obstáculos à inovação na escola esta na preocupação excessiva com os métodos de ensino e a pouca ênfase concedida à criação de cenários de aprendizagem. Quando falamos de ensino tradicional dizemos que há uma hierarquia na sala de aula estabelecendo uma situação estável entre professores e alunos, existindo ausência de interação no ensino aprendizagem. Para Meira e Pinheiro (2012) o que leva a essa ausência é a estruturação dos currículos como listas de conteúdos apenas, as práticas de ensino fortemente monológicas e centradas no professor, o desbalanceamento dos desafios apresentados aos alunos, à ausência de espaços para a

2 ludicidade, a curiosidade e a colaboração, produzem um cenário menos que propício à emergência do novo. Não abrindo espaço para que os discentes exponham o seu ponto de vista, segundo Barbosa (2004) Não interessa, a este, uma escola geradora de conhecimento, capaz de formar pessoas com as habilidades de pensar criticamente, questionar e intervir na realidade. Mas no decorrer dos anos tem-se tentado aliar a teoria a pratica, então se acredita que o teatro vem tornando-se uma ferramenta bastante importante na educação, contribuindo satisfatoriamente no processo da construção das ciências e de outras áreas de conhecimento. A utilização de recursos didáticos nas escolas é uma das formas que mais desperta o interesse dos alunos, porque segundo Miranda e Elias et.al. (2009) levam os alunos a desenvolverem características fundamentais para o melhor desempenho escolar como: espontaneidade, aceitação de regras, criatividade, autoconhecimento, senso crítico, raciocínio lógico, intuição, conhecimento do grupo e de si próprio e desconhecimento do ambiente, pois os mesmos passam a ter uma visão diferenciada das aulas tradicionais. Segundo Oliveira e Stoltz (2010) o teatro é extremamente motivador para crianças e adolescentes, porém afeta no aspecto emocional, cognitivo, motor e social, exigindo dessa maneira a mobilização da atenção, da percepção e da memória, trabalhando a expressividade e a imaginação, sendo que esses aspectos referentes à realidade juvenil são comumente desconsiderados como significativos. Segundo Vestena e Pretto (2012) o teatro por apresentar um perfil lúdico e envolvente pode construir um caminho capaz de sensibilizar os estudantes, a dinamizar novas ideias, a fortalecer valores pessoais e sociais, potencializar talentos, a acessar novos saberes e conhecimentos científicos. Boal (2005, p. 11) nos fala que Somos todos atores. Até mesmo os atores! Teatro é algo que existe dentro de cada ser humano e pode ser praticado na solidão de um elevador. Em qualquer lugar. Até mesmo nos teatros. Dessa forma, o presente artigo tem como objetivo demostrar a contribuição do teatro como recurso didático no ensino de ciências, mostrando também que é possível ser incorporado nas mais diversas matérias no contexto escolar. Sendo assim e relatado uma experiência desenvolvida em sala e no período de aula dos alunos, numa escola da rede municipal de ensino na cidade de Vitória de Santo Antão, PE em conjunto com os alunos do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) do curso de Ciências Biológicas.

3 METODOLOGIA Trabalhando o tema Foi proposto inicialmente um dialogo sobre o tema Água, no qual os alunos foram desafiados a apresentar seu conhecimento prévio sobre a importância desta para a vida do planeta. A partir do que foi colocado por eles, exibimos o vídeo 2070 que descreve a gravidade do uso inadequado deste recurso natural, e tomando este como ponto de partida, os questionamos sobre o que eles tinham observado de interessante e o que poderiam fazer para evitar que a água potável do mundo se esgote. Em outro momento realizamos uma roda de leitura do texto Vai Faltar Água? proposto pelo livro didático usado pelos alunos, onde eles fizeram a leitura individualmente e em seguida coletivamente, refletindo nos aspectos negativos e positivos apresentados no texto. Focando os meios de barra esse problema ambiental evitando um colapso mundial. Num terceiro momento foram realizadas algumas demonstrações efetivando a importância deste recurso como isolante térmico, e como esta se comporta no corpo. As apresentações dos experimentos ocorreram em três momentos. No primeiro foram usadas duas bolas de sopro uma com água no seu interior e a outra apenas com ar/gás, os alunos foram indagados o que aconteceria com cada bola no momento em elas fossem aquecidas. No segundo utilizamos copos descartáveis e suco artificial em pó, onde havia três variáveis: um dos copos continha água até as bordas, o segundo metade e o terceiro um pouco menos, nestes foram colocados apenas uma colher de chá do suco sendo diluído, observando assim a variação das cores e que relação existia com pessoas que não bebem água de forma correta durante o dia, as causas no organismo por falta deste recurso. Montando a peça Após a exposição do tema iniciou-se a discussão em prol da apresentação deste de forma lúdica, onde os alunos realizaram pesquisas e baseando-se nestas construíram peças de teatro. As turmas foram dividas em grupos onde cada um realizaria uma atividade, os que não participariam da interpretação dos personagens seriam responsáveis pela confecção do figurino e do cenário. Todos tiveram que participar dos

4 ensaios e encontros para discutir que materiais seriam usados para a confecção dos figurinos e cenário, sendo preferencial o uso de materiais recicláveis e reutilizáveis. Em outro momento as peças foram apresentadas, os alunos podiam fazer perguntas tirando dúvidas que persistissem, podendo colocar as dificuldades encontradas na realização do trabalho em uma roda de dialogo. No andamento da atividade aplicamos um questionário individual para que aqueles que ainda não desenvolveram a habilidade de se posicionar diante dos colegas apontarem o que adquiriram de conhecimento durante o decorrer destas atividades Perguntas do questionário: 1) O que você achou da peça de teatro sobre o tema água na sala de aula? Cite os principais pontos interessantes e importantes; 2) A peça teatral possibilitou a construção de conhecimento, desenvolvimento de algumas de suas habilidades? Fale o que você achou dessa forma de aprender; 3) Você sentiu alguma dificuldade para desenvolver a peça teatral? Ou se não cite quais aspectos fáceis. RESULTADOS E DISCUSSÃO O trabalho foi realizado em cinco salas de aula do 6º ano, com 150 alunos, no qual todos participaram das atividades, porém apenas 58 responderam o questionário. Destes 29 meninas, 14 meninos e 12 não identificaram o sexo, numa faixa etária entre anos. Durante as atividades podemos observar que as meninas estavam mais envolvidas, mostrando-se preocupadas com as etapas que deveriam realizar para a apresentação, como: cenário, figurino e as falas dos personagens, gerando um pensar coletivo. Nas encenações demonstraram desenvoltura e segurança, apresentaram apenas dificuldades com o figurino e cenário. Na primeira pergunta muitos alunos avaliaram a peça como legal e interessante, alguns poucos pareciam se mostrar indiferentes a atividade. Destacamos a resposta do aluno 8 do 6º ano A (sexo feminino), que respondeu o seguinte: Um ponto interessante foi a gente tomar consciência sobre o desperdício da água e o importante foi o recado que agente mandou etc. Já o aluno 26 do 6º ano D (sexo feminino) coloca o seguinte ponto de vista Achei ótimo, que aprendemos a economizar mais um pouco a água. Para que mais tarde não venhamos sofrer por água.

5 Segundo Madeiro e Honorato (2014) é curioso imaginarmos que um planeta com tanta abundancia em água, a porcentagem de água própria para o consumo é mínima, e ainda correndo o risco de acabar se não orem tomadas providências urgentes. Na segunda pergunta podemos demonstrar a o interesse pela peça nas palavras do aluno 6 do 6º ano A (sexo feminino): Eu nunca fiz teatro e eu acho que foi legal, até uma experiência nova e se tivesse outra eu participaria sim, e daqui por diante eu quero fazer teatro. Muitos alunos acharam a experiência válida e destacaram a questão do trabalho em grupo. Ao analisarmos as respostas da terceira pergunta podemos ver que em sua maioria todos sentiram dificuldades, porém conseguiram desempenhar com muita habilidade e sentiram-se eufóricos por vencer este desafio. Em muitas respostas os alunos destacaram que aprenderam sobre a importância do assunto, relacionando alguns eventos com seu dia a dia. Isso nos mostra claramente que houve um aprendizado significativo, os discentes foram capazes de envolver o lúdico em uma atividade contextualizada com muito êxito e motivação, mudando seus hábitos e incentivando outras pessoas a fazer o mesmo. Estando assim coerente com o que diz Pinto (2009): O aprendizado se torna real quando o que foi aprendido traz algum significado para o aluno, e este foi capaz de realizar alguma transformação interna com este conhecimento. REFERÊNCIAS MADEIRO, L. C. N. & HONORATO, A. I. G. Água: refresque suas ideias. Revista eletrônica de educação de Alagoas-REDUC ISSN , VOL. 02, Nº 01, PINTO, L. T. O uso dos jogos didáticos no ensino de ciências no primeiro segmento do Ensino Fundamental da rede municipal pública de Duque de Caxias. Nilopolis OLIVEIRA, M. E.; STOLTZ, T. Teatro na escola: considerações a partir de Vygotsky. Educar, Curitiba, n. 36, p , Editora UFPR. VESTENA, R. DE F.; PRETO, V. O teatro no ensino de Ciências: uma alternativa metodológica na formação docente para os anos iniciais. Vidya, v 32, n. 2, p.9-20, BOAL, A. Teatro do oprimido e outras poéticas públicas. Rio de Janeiro: civilização brasileira, p.

6 BARBOSA, M. S. S. O Papel da Escola: Obstáculos e desafios para uma educação transformadora. FACED- Programa de Pós-graduação em Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, MIRANDA J. L.; ELIAS R. C. et al. Teatro e a escola: funções, importâncias e práticas. Revista CEPPG n. 20, p , MEIRA, L.; PINHEIRO, M. Inovação na Escola. [Universidade Federal de Pernambuco, Brasil. Publicado nos anais do XI Simpósio Brasileiro de Games e Entretenimento Digital, SBGAMES, 2012, Brasília-DF].