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Manoela Carvalhal Azambuja
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1 Capítul apítulo o 8 Empresas e empreendedores bem-sucedidos que se formaram na FAAP 1ASYST SUDAMÉRICA A ASYST SUDAMÉRICA, hoje líder em serviços de help business e help desk, é resultado da trajetória de um professor e um aluno da Faculdade de Engenharia da FAAP (FEFAAP) que souberam identificar e aproveitar as oportunidades oferecidas pela faculdade e pelo mercado de informática no Brasil. Era década de 80 quando Francisco Ricardo Blagevitch, 16 anos, prestou e passou no vestibular da FAAP para o curso de Engenharia Eletrônica. Logo no primeiro ano de estudo sua família passou por problemas financeiros, sem condições de manter por muito tempo as mensalidades da faculdade. Ciente da sua dificuldade, Blagevitch procurou os professores Victor Mirshawka e Josefa Alvarez Alvarez, diretores do curso, e pediu para ser monitor de uma das matérias. Uma vez aprovado, ele teria 60% de desconto na mensalidade. Blagevitch ofereceu-se para monitorar a disciplina de CNCC (Cálculo Numérico e Ciência da Computação), cujo professor era Oswaldo Brancaglione. Brancaglione formou-se em engenharia eletrônica em 1981, pela FAAP. Residente em Santo André (SP), ia todos os dias de trem até a faculdade. Para garantir condições de quitar as mensalidades, também foi monitor de informática durante quatro anos de estudo. Paralelo ao curso universitário, 313

Brasil. Era década de 80 quando Francisco Ricardo Blagevitch, 16 anos, prestou e passou no vestibular da FAAP para o curso de Engenharia Eletrônica.

2 Brancaglione participava de cursos técnicos, o que fez com que se sobressaísse sobre os demais alunos e fosse convidado a dar aulas na própria FAAP assim que graduado. Enquanto concorria à vaga de monitor, Blagevitch pediu orientação ao professor Brancaglione sobre algum curso que pudesse complementar a sua formação. Brancaglione incentivou o aluno a estudar Lógica Estruturada de Algol, na USP. Se esse menino passar por esse curso, ele será aceito como monitor, pensou Brancaglione. Blagevitch concluiu o curso com êxito e ganhou a monitoria. Foi o curso mais difícil que já fiz, confessa Blagevitch. Como monitor uma das funções de Blagevitch era dar aulas de laboratório na faculdade. Pelo bom desempenho como monitor, logo foi convidado a lecionar na FEFAAP. O meu primeiro desafio foi ministrar aulas sobre o Sistema Operacional SISNE que eu não conhecia. Tive que estudar e descobrir sozinho as funcionalidades da ferramenta, lembra Blagevitch. Nessa época, o computador começava a invadir o dia-a-dia das empresas e a demanda por cursos era cada vez maior. Os funcionários das empresas ficavam desesperados diante do computador, sem saber como operar a máquina, relembra Brancaglione. Como a procura pelos cursos crescia a cada dia, em 1984, Brancaglione e Blagevitch criaram a ASYST Assessoria, Sistemas e Treinamento. Os primeiros contatos com clientes foram feitos através da FEFAAP. A faculdade nos abriu as portas para o mercado de trabalho, comenta Blagevitch. As apostilas dos cursos ministrados pela dupla eram confeccionadas na cozinha da mãe de Blagevitch em uma impressora matricial. Para dar impulso à nova empresa, o pai de Brancaglione patrocinou a compra de seis computadores que, a cada contrato fechado, eram carregados pelo professor e aluno até a empresa contratante. Brancaglione continuava com as aulas na FEFAAP pela manhã, tarde e noite. Blagevitch cursava então o terceiro ano de engenharia eletrônica. A ASYST, agora voltada também para desenvolvimento de sistemas, exigia mais pessoas. Até então nós fazíamos tudo com muito amor e foi difícil confiar em outras pessoas. Porém, tínhamos consciência de que era preciso profissionalizar a nossa empresa, diz Brancaglione. Certa vez contrataram um instrutor que sumia nas semanas em que ocorria a Fórmula 1. Depois descobrimos que ele era bandeira em Interlagos, 314 Empresas e empreendedores bem-sucedidos que se formaram na FAAP

Brancaglione incentivou o aluno a estudar Lógica Estruturada de Algol, na USP. Se esse menino passar por esse curso, ele será aceito como monitor, pensou Brancaglione.

3 revela Blagevitch. Assim, Brancaglione e Blagevitch, sempre acostumados a tocar tudo sozinhos, começavam a pagar o preço para ter uma empresa estruturada. Passamos a ter que lidar com problemas que antes não existiam, como a falta de funcionários, comenta Brancaglione que, em razão do crescimento da ASYST, tomou a difícil decisão de deixar as aulas na FAAP. Embora dedicados, faltava experiência à dupla de desenvolvedores e, por algumas vezes, foram prejudicados pelos diferentes planos econômicos que surgiam. Éramos uma empresa ingênua, diz Brancaglione. O Plano Collor, lançado em abril de 1990, quase afundou a ASYST. Prenderam o nosso dinheiro e alguns clientes cancelaram as programações de treinamentos em informática aos seus funcionários, explica Blagevitch. Mas em 1992 a DuPont os procurou para dar treinamento de MS-DOS - Avançado a um grupo pequeno de funcionários. A DuPont estava descentralizando as operações do mainframe (computador de grande porte) e os usuários, com dúvidas constantes, não tinham auxílio direto. Percebendo essa deficiência, Brancaglione propôs ao gerente de informática da DuPont criar um departamento apenas para tirar dúvidas dos usuários. Nascia assim o primeiro help desk da ASYST. Todo o processo de help desk e os metrics da empresa foram desenvolvidos nesse período. O gerente e o diretor de tecnologia da DuPont ajudaram a formatar os processos de help desk. Em 1995 a ASYST passou por dificuldades em conseqüência de uma série de erros administrativos. Para tentar salvar a empresa, os sócios fecharam os setores de treinamento, redes e desenvolvimento de sistemas. Eram três áreas sazonais. Nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro não havia pedido de treinamentos e nós não tínhamos como pagar os instrutores, explica Brancaglione. Nessa fase aprendemos muito com as nossas falhas. Fizemos uma lista dos nossos erros e prometemos não repeti-los, complementa Blagevitch. Foi nessa fase também que os sócios descobriram os seus limites e talentos individuais. Blagevitch, de repente, se viu dirigindo a área de marketing e comercial da empresa e Brancaglione, de professor, passou a gestor de processos. Focados em help desk, a meta agora era investir no treinamento de pessoal e qualidade do serviço. Em 1998, Jorge A. Perlas, antigo consultor de qualidade e produtividade da Camargo Corrêa, juntou-se a Brancaglione e 315

FAAP. Embora dedicados, faltava experiência à dupla de desenvolvedores e, por algumas vezes, foram prejudicados pelos diferentes planos econômicos que surgiam.

4 Blagevitch para aprimorar a metodologia de trabalho da ASYST Assessoria, Sistemas e Treinamento. Crescer com qualidade tornou-se o slogan oficial da empresa. A prestação de serviços da ASYST ganhou reconhecimento internacional. Em 2000, a empresa abriu duas unidades na Argentina e tem recebido propostas dos clientes multinacionais para ampliar atuação no mercado Latino Americano. A empresa é hoje ASYST SUDAMÉRICA, mantém 25 companhias de grande porte em sua carteira de clientes, entre elas Johnson & Johnson, General Electric, Voith, Ericsson, AT&T, Gtech, Henkel Mercosul, DuPont, Fibra DuPont, Grupo Pepsico, Elma Chips, Banco Lloyds TSB, Solvay Indupa, Aços Villares, Villares Metals e outras. O objetivo de manter o crescimento sem perder a qualidade tem sido aplicado e, como prova disso, há sete anos a empresa não perde um único contrato. São 400 funcionários distribuídos em 35 sites operacionais. Atualmente, são atendidas mais de mil localidades físicas, quatro mil chamados por dia e 50 mil usuários. Para continuar sendo a melhor provedora de serviços na América Latina, a ASYST SUDAMÉRICA aposta no treinamento interno. Por ano, são cerca de horas de treinamento voltados para os seus profissionais. Agora está em negociação parceria com a FAAP para treinar os funcionários na própria faculdade. Gestão e Operação da Area de Tecnologia da Informação é o novo negócio da ASYST SUDAMÉRICA para complementar os serviços. O mercado atual quer além do help desk, diz Brancaglione. A empresa hoje oferece administração de correios, cabeamento, administração de redes LAN e WAN, etc. Em relação aos seus concorrentes, os sócio são unânimes em dizer que o grande diferencial da ASYST SUDAMÉRICA é fazer o que promete. Para comprovar a qualidade dos seus serviços, a empresa está investindo na certificação ISO 9001 de todos os sites nos processos de help desk. Três sites já estão certificados. Além disso, a empresa estabelece um rigoroso contrato de SLA (Service Level Agreement) que pode levar a ASYST SUDAMÉRICA a pagar multa caso o SLA não seja cumprido. 316 Empresas e empreendedores bem-sucedidos que se formaram na FAAP

Em 2000, a empresa abriu duas unidades na Argentina e tem recebido propostas dos clientes multinacionais para ampliar atuação no mercado Latino Americano.

5 Entretanto, a empresa não está voltada apenas para o seu lado técnico e financeiro. Uma das características da ASYST SUDAMÉRICA é a preocupação com a área social. Há quatro anos foi criada a campanha SLA Solidariedade Levando Alimentos, que mobiliza funcionários, clientes e parceiros para doarem alimentos não perecíveis a entidades beneficentes, duas vezes ao ano, por ocasião das festas juninas e de final de ano. Na última campanha, realizada em dezembro de 2002, foram arrecadadas mais de oito toneladas de alimentos. A meta agora é alcançar 10 mil quilos. Brancaglione e Blagevitch acreditam que o que move um empreendimento é a paixão por aquilo que se faz. A paixão traz a determinação, o empreendedorismo, a coragem de começar de novo, diz Brancaglione com ar de professor que aprendeu e agora transmite uma nova lição!!! 317

ano, por ocasião das festas juninas e de final de ano. Na última campanha, realizada em dezembro de 2002, foram arrecadadas mais de oito toneladas de alimentos. A meta agora é alcançar 10 mil quilos.

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