Belo Monte e a indústria de barragens na Amazônia: características e desafios
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- Isabel Medina Carreiro
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1 Belo Monte e a indústria de barragens na Amazônia: características e desafios Taller de Analisis de Impactos y Construcción de Propuestas sobre Inversiones en Infraestructonura en la Amazonia Andina Lima - Peru, 26 a 28 de junio de 2013 Brent Millikan - International Rivers
2 Rio Xingu (PA)
3 XINGU Bacia hidrográfica: 51,1 milhões de hectares Extensão do Rio Xingu: 2,700 km Areas protegidas: 27 milhões de hectares 30 territórios indígenas 7 unidades de conservação População indígena: > 21,000 pessoas 24 idiomas Outras grupos da população: seringueiros, agricultores, pescadores, garimpeiros, etc. 66 áreas urbanas População Total:
4 Indigenous peoples of the Xingu Basin
5 Fonte: ISA
6 RESEX Riozinho do Anfrísio (PA)
7 Agricultores familiares Fonte - ISA
8 Altamira - PA
9 Cachoeira do Jeriquá Volta Grande do Xingu
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12 Encontro de lideranças do Xingu com Presidente Lula - julho de 2009
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14 Características do planejamento e licenciamento de Belo Monte e outras barragens recentes na Amazônia Na fase inicial de inventario de bacia hidrográfica, estudos elaborados pela Eletrobrás e parceiros do setor privado têm como enfoque a identificação de locais para maximizar a produção de energia elétrica, menosprezando impactos cumulativos e sinérgicos de cascatas de barragens propostas (UHEs, PCHSs); sem abordagem de alternativas e relações com empreendimentos associados: hidrovias, rodovias, mineração, agribusiness; conforme previsto na Resolução CONAMA 01/86. Decisões políticas sobre a construção de barragens (ANEEL, CNPE, PDE, PAC) são tomadas no final da fase de inventário de bacia, ou seja, antes dos estudos de impacto ambiental (EIAs) e viabilidade econômica (EVTE) de projetos específicos, e sem qualquer processo de consulta e consentimento livre prévio e informado, apesar de acordos internacionais como o Convenção no. 169 da OIT e Sistema Interamericano de Direitos Humanos
15 Características do planejamento e licenciamento de Belo Monte e outras barragens recentes na Amazônia Nos EIAs elaborados pela Eletrobras e seus parceiros do setor privado, há uma tendência crônica de sub-dimensionar impactos e riscos socioambientais, em relação a questões como: Impactos a jusante (p.ex. Volta Grande do Xingu) Meios de vida e culturas povos indígenas (inclusive grupos isolados) e outras populações tradicionais Peixes migratórios; pesca de subsistência e comercial Fluxos de sedimentos > agricultura de várzea, pesca Patrimônio cultural, religioso e arqueológico Doenças de veiculação hidrica, transmitidas por insetos e mercúrio Emissões de gases de efeitos estufa Impactos em áreas urbanas: boom imobiliário, sobrecarga de serviços já deficientes de saúde, saneamento, educação e segurança pública associada à migração; prostituição infantil
16 Características do planejamento e licenciamento de Belo Monte e outras barragens recentes na Amazônia Declarações de disponibilidade hídrica e outorgas de uso de recursos hídricos concedidos pela Agência Nacional de Águas - ANA não consideram conflitos socioambientais provocados por barragens; contexto de falta de implementação da legislação nacional sobre recursos hídricos e conservação de bacias. Estudos de viabilidade técnico-econômica (EVTE) elaborados por empreendedores apresentam sérias deficiências nas análises de: a) custos de mitigação e compensação de impactos socioambientais, b) custos de construção e c) potencial de geração de energia, inclusive em cenários futuros de mudanças climáticas
17 Características do planejamento e licenciamento de Belo Monte e outras barragens recentes na Amazônia Pressão política para aprovação de licenças ambientais, independente de pareceres técnicos; subserviência de autoridades do IBAMA e da FUNAI Lacunas do EIA transformadas em condicionantes da Licença Prévia (e até Licença de Instalação) PBA: baseados em EIAs deficientes; sem perfil operacional (metas, responsabilidades institucionais, orçamento, articulação com cronograma da obra) Falta de sistema independente de monitoramento de impactos socioambientais e efetividade de condicionantes de licenças ambientais; posição leniente do IBAMA em situações de descumprimento Ações jurídicas sobre violações de direitos humanos e legislação ambiental inviabilizadas por manobras no judiciário (p.ex. suspensão de segurança) criando fatos consumados
18 Relatório de Painel Interdisciplinar de Especialistas com análise do EIA de Belo Monte (October 2009)
19 Propaganda na Rio +20
20 Posições brasileiras sobre a consulta prévia Consulta prévia somente em casos de alagação de terras indígenas, negando impactos mais abrangentes Momento da consulta no final da fase do EIA, muito tempo depois da tomada de decisões políticas; No caso de Belo Monte, Congresso Nacional pré-autorizou projeto (Decreto 788/2005), antes do EIA e sem consultar os povos indígenas Não aceitação pelo governo do caráter vinculante da consulta (consentimento) mesmo quando impactos ameaçam direitos e permanência de populações em seus territórios Desconsideração de recomendações de instancias internacionais: medidas cautelares da CIDH, relator de direitos indígenas da ONU
21 Belo Monte: atuação do BNDES Custo total de Belo Monte: R$ 19 bilhões na época do leilão (abril 2010), atualmente > R$ 30 bilhões (> 4x custo total de 12 estádios para Copa do Mundo) Financiamento pelo BNDES: i) 1o empréstimo ponte (junho 2011): R$ 1,1 bilhões, ii) Programa de Sustentabilidade de Investimentos PSI - R$ 3,7 bilhões, março de 2011, atrelado ao financiamento principal; iii) 2 o empréstimo ponte R$ 1,8 bilhões (CEF e Banco ABC) R$ 1,8 bilhões, fevereiro 2012, iv) empréstimos principais (dezembro 2012) a) direto para NESA R$ 9,8 bilhões; b) via CEF e BTG Pactual 9 bilhões; valor total R$ 25,4 bilhões OBS: atuação de fundos de pensão (FUNCEF, Petros, PREVI) e Vale como sócios da Norte Energia, S.A. Falta de transparência: a) cumprimento de resoluções do BACEN e CMN sobre análise de riscos econômicos e ambientais do empreendimento b) relatórios de viabilidade técnico-econômica, c) contratos de empréstimo
22 Belo Monte e salvaguardas do BNDES BNDES não é formulador, mas executor de políticas do governo Política socioambiental: sem guia setorial para hidrelétricas; política geral (Resolução 2025?) Contratos de empréstimos não vinculam desembolsos para obras ao cumprimento de metas socioambientais (cronograma do projeto como um todo) Auditoria socioambiental? Falta de clareza sobre CLPI Regularidade ambiental e jurídica: únicas hipóteses de nãoaprovação de empréstimos ou suspensão de desembolso seriam inexistência/revogação de licença de instalação pelo IBAMA e decisão condenatória na justiça
23 Xingu Junho de 2012
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25 Belo Monte, Nov. 2012
26 Nov Feb Sitio Pimental Belo Monte
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29 Conclusões Consulta prévia (CLPI) é um tema estratégico no Brasil e em nível regional. Algumas questões importantes: Parcerias entre organizações indígenas, pesquisadores independentes, organizações socioambientais e Ministério Público Apoio a atividades educativas e de formação sobre ameaças e direitos, e assessoria jurídica, junto a comunidades e organizações indígenas Aprofundar debate sobre potencialidades e limitações para aplicação do CLPI em nível regional: COSIPLAN/UNASUR, OTCA, SIDDHH, etc. Fortalecimento de normas legais sobre questões chave, como momentos da consulta, caráter vinculante e salvaguardas de financiadores. Regulamentação da Convenção 169 no Brasil Necessidade de avanços nos instrumentos de planejamento em nível de bacia hidrográfica (inclusive transfronteiriças) com metodologias participativas (Avaliação Ambiental Estratégica - AAE) considerando questões como: impactos cumulativos e sinérgicos, territorialidades de povos indígenas e outras populações tradicionais, ecossistemas de água doce, alternativas para o território
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31 Conclusões Incidência sobre o BNDES: Intensificar pressão por transparência e acesso a informações, questionando obstáculos como sigilo bancário Política de salvaguardas, priorizando cumprimento da normas legais sobre direitos humanos, inclusive CLPI, Debater o papel estratégico do BNDES, junto com outros esforços para abrir a caixa preta do setor elétrico Debates no Congresso Brasileiro, usando estudos de caso
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