Análise da Cadeia de Valor do Caju em Moçambique. Iniciativa Africana do Caju

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1 Análise da Cadeia de Valor do Caju em Moçambique Iniciativa Africana do Caju

2 A Iniciativa Africana do Caju é financiada pela: COOPERAÇÃO MOÇAMBIQUE e parceiros privados REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHA Implementação Em cooperação com: Publicado por: Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH Fundações internacionais Postfach 5180, Eschborn, Alemanha T F E Ulrich.Sabel-Koschella@giz.de I Local e data de publicação: Moçambique, Fevereiro de 2010 Autores: Dr. Alois Große-Rüschkamp; Kathrin Seelige Editor responsável: Peter Keller (Director da Iniciativa Africana do Caju), Acra, GANA 32, Nortei Ababio Street Airport Residential Area Accra, GHANA T F Agradecimentos: Este estudo foi implementado como parte integrante da Iniciativa Africana do Caju (IAC), um projecto financiado conjuntamente por várias empresas privadas, o Ministério Federal Alemão da Cooperação Económica e do Desenvolvimento (BMZ) e a Fundação Bill e Melinda Gates. A IAC está a ser implementada pela Aliança Cajueira Africana (ACA), a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento GIZ como agência líder, assim como pela FairMatchSupport e a Technoserve. O presente relatório baseia-se numa pesquisa total ou parcialmente financiada pela Fundação Bill e Melinda Gates. Os resultados e as conclusões nele contidos são de inteira responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as posições ou políticas da Fundação Bill e Melinda Gates. Composição: creative republic // Thomas Maxeiner Visual Communikations, Frankfurt am Main/Alemanha T I I Fotografias: GIZ/ Rüdiger Behrens, Thorben Kruse, Claudia Schülein & istock, Shutterstock, creative republic Contacto: cashew@giz.de

3 Análise da Cadeia de Valor do Caju em Moçambique Fevereiro de 2010

4 4 Conteúdo Sumário Introdução Informações básicas sobre o projecto Objectivo e foco do estudo Análise do Sector Cajueiro Moçambicano com Foco na Província de Nampula Aspectos gerais do Sector Cajueiro Aspectos globais Evolução da produção de caju em Moçambique Regional distribution of production and sales Selection of a province for the study Análise da Produção de Caju na Província de Nampula Produção de caju na Província de Nampula (dados estatísticos) Aspectos gerais da produção e comercialização do caju Sistemas de cultivo incluindo caju Aspectos ambientais ligados à produção do caju A cadeia de valor do caju Análise das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (SWOT) do sector cajueiro Resultados da análise Oportunidades Ameaças Abordagem e Estratégia de Intervenção propostas para o projecto Áreas de Intervenção e Campos de Actividade Propostos Outros projectos no sector cajueiro em Moçambique Aspectos relacionados à produção Rejuvenescimento da população arbórea Melhoria do maneio de culturas e pragas Melhorias na comercialização Aspectos económicos e impactos esperados do projecto Impactos a nível das explorações agrícolas Impacto esperado em relação à redução da pobreza Impacto sobre o volume de produção Impacto sobre a qualidade da produção Estratégia de Implementação Abordagem metodológica Área e estrutura organizacional da implementação Distritos propostos para a implementação Estrutura organizacional Pessoal do projecto Actividades de Treinamento Treinamento dos facilitadores Treinamento dos extensionistas Conteúdos dos cursos de treinamento... 44

5 5 3.4 Custos estimados do Projecto Custos com peritos Custos de investimento Custos com o pessoal técnico no escritóriodo projecto em Nampula e despesas de funcionamento do escritório Custos com os extensionistas Custos com os facilitadores nas EMCs Instituição de treinamento Contingências Próximos Passos...52 Lista de Abreviaturas e Siglas...53

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8 8 Sumário Foco do estudo e abordagem adoptada O presente estudo assenta no trabalho de campo realizado em Outubro/Novembro de 2009 por uma missão composta de dois peritos que analisaram a produção de castanha de caju na Província de Nampula. O relatório inclui as conclusões da análise, assim como propostas destinadas a aumentar a produtividade dos pequenos produtores de caju através dum projecto de apoio; este projecto deverá ter uma duração de três anos numa primeira fase e visa trabalhar com produtores em quatro distritos-piloto na Província de Nampula. Após um breve resumo do desenvolvimento do sector cajueiro global e do papel moçambicano neste contexto, o estudo trata de analisar e descrever a cadeia de valor do caju e da produção de castanha de caju na Província de Nampula. Esta descrição contém igualmente os resultados da recolha de dados no campo efectuada pela missão, especificando os motivos do actual baixo índice de produtividade observado. A seguir, o estudo aponta possibilidades para a melhoria da produtividade dos pequenos produtores de caju, baseando-se em tecnologias já disponíveis no país. Essas melhorias incluem mudanças no tratamento e nos cuidados com os cajueiros, assim como a aceleração do ritmo de renovação dos cajuais envelhecidos. A análise é completada pela avaliação da viabilidade económica das melhorias propostas ao nível dos produtores (viabilidade microeconómica) e do seu impacto sobre a renda dos pequenos produtores. O estudo engloba igualmente um debate da actual política relativa ao sector de caju, além de sugerir mudanças consideradas apropriadas para apoiar os esforços do projecto ora proposto no sentido de introduzir melhorias. Finalmente, o estudo trata ainda de especificar as intervenções do projecto proposto e de estimar os custos das medidas previstas. Situação actual Desde sua independência, Moçambique perdeu o papel de maior exportador de caju para outros países (Vietname, Índia, um grupo de países da África Ocidental e o Brasil) que expandiram sua produção de caju acompanhando o aumento quase exponencial da demanda por caju no mercado mundial. A produção de caju em Moçambique só voltou a crescer de forma constante na década passada ainda que com fortes flutuações de ano para ano condicionadas pelas condições meteorológicas acompanhada do aumento da percentagem de castanha de caju processada nas exportações moçambicanas. A ampliação das capacidades de processamento contribui para elevar o valor agregado gerado no país. Para proteger a emergente indústria de processamento, tem sido introduzido, em 2001, um imposto de 18% sobre a exportação de castanha de caju não processada. Essas receitas fiscais são utilizadas pelo INCAJU (Instituto de Fomento do Caju), o órgão governamental encarregado do sector, para o financiamento de medidas de apoio aos produtores, as quais englobam a oferta de serviços de extensão, a produção de mudas e sua distribuição aos produtores, assim como a concessão de subvenções aos pequenos produtores relativas à aplicação de pesticidas para o controlo de pragas. Por outro lado, este imposto e a existente proibição da exportação durante os primeiros meses da colheita estão a diminuir o preço da castanha de caju não processada pago aos pequenos produtores.

9 Como as ineficiências inerentes aos subsídios e as distorções do mercado geram efeitos indesejados sobre a distribuição da renda, recomenda-se a revisão tanto deste imposto como dos subsídios, assim como a criação dum ambiente propício aos investimentos, a fim de incentivar o sector privado a engajar-se neste sector e, por exemplo, na produção de mudas. Os dados secundários e primários colectados pela equipa conduziram ao seguinte resumo analítico da situação: cerca de 32 milhões de cajueiros produzem anualmente por volta de toneladas de castanha de caju em bruto, o que se traduz numa produtividade média de menos de 3 kg por árvore. Cerca de 4,3 milhões de cajueiros estão a ser tratados quimicamente e têm uma produtividade maior que poderá chegar a 10 kg/árvore. A idade de muitos cajueiros faz com que seja necessário substitui-los, mas a quantidade de mudas produzidas e distribuídas pelo INCAJU e plantadas com êxito continua a ser pequena demais para permitir um verdadeiro rejuvenescimento, de forma que a idade média da população de cajueiros em Moçambique continua, de facto, a aumentar. A melhoria gradual do volume produzido, documentada pelas estatísticas do INCAJU, é devida quase que exclusivamente ao efeito das medidas de controlo da doença do oídio promovidas pelo INCAJU. A cadeia de comercialização do caju é longa e envolve vários actores que compram, comercializam/intermediam e, em parte, processam a castanha em bruto antes que ela chegue ao exportador. Esta situação é devida à estrutura da produção, na qual muitos produtores fornecem quantidades pequenas durante um período de 3 meses em zonas muitas vezes remotas e de difícil acesso para camiões, o que implica em elevados custos de comercialização. Embora, em 2008, 36% da castanha de caju em bruto tivesse sido processada em Moçambique, o processamento final e o empacotamento da amêndoa destinada ao consumidor são feitos quase exclusivamente nos países consumidores na Europa e/ou nos EUA. Isto faz com que menos de 20% do valor agregado total seja acumulado em Moçambique e que os produtores recebam apenas o equivalente a 10% do preço final pago pelos consumidores. Cerca de um terço (10 milhões) dos cajueiros existentes no país cresce na Província de Nampula. Graças à maior produtividade dos cajueiros (em 2008, 20% das árvores na província foram tratadas quimicamente, versus 13% no resto do país), metade das vendas registadas de castanha de caju em bruto no país está a acontecer na Província de Nampula que também detém uma quota elevada nas exportações de castanha processada. 9 Análise económica A análise do fluxo de caixa foi efectuada para dois tipos de produtores: (1) supondo que toda a mão-de-obra deva ser paga (produtor de tamanho médio com, p.ex., 100 a cajueiros) e (2) supondo que todos os trabalhos sejam realizados por familiares (situação de pequenos produtores que possuem menos de 100 cajueiros, sendo que a média estatística é de 30 árvores por produtor). Ambos os casos baseiam-se na suposição de métodos de produção e rendimentos idênticos (10 kg/árvore). No entanto, o cálculo considera que os custos dos serviços de tratamento químico não são subvencionados, perfazendo MT/ha (em vez de apenas MT/ha actualmente). Os custos das mudas foram calculados em 20 MT/muda e a taxa salarial em 50 MT/dia. Nestas circunstâncias, o custo da mão-de-obra prova ser o maior factor de custo para os produtores de tamanho médio, representando 80% dos custos de instalação duma plantação nova que se elevam a um total de MT/ha com base nos preços actuais. Estes custos não afectam os pequenos produtores. No caso de cajueiros com anos, idade em que atingem seu pico de produtividade, o fluxo de caixa (receitas anuais menos despesas anuais) é positivo e soma-se em MT/ha para pequenos produtores e em MT/ha se a mão-de-obra tiver que ser paga. Considerando-se um período de 25 anos, o investimento numa nova plantação de caju prova ser muito rentável para os pequenos produtores. A taxa interna de retorno (TIR) é de 68%. Para os produtores de tamanho médio, a TIR é de 12% no primeiro caso. No caso da ausência de subsídios, os custos de tratamento químico por cajueiro quase duplicariam, aumentando de 20 para quase 40 MT/cajueiro. Presumindo-se uma plantação já existente e a introdução do tratamento químico, pode-se calcular seguramente com um aumento do rendimento de 3 para 8 kg/árvore. Levando-se em conta os custos adicionais (subvencionados) da pulverização, a renda dos pequenos produtores de caju duplica, aumentando do equivalente de 70 $/ha (ou seja, para 70 árvores) para 140 $/ha. Mas como os pequenos produtores possuem, em média, apenas 20 a 30 cajueiros, até mesmo a duplicação da renda continua a representar apenas uma fracção destes valores, fazendo com que a contribuição para a redução da pobreza tenha de ser classificada como pouco relevante. Também não se deve deixar de mencionar que há culturas concorrentes que podem gerar maiores fluxos de caixa líquidos absolutos sob condições favoráveis, tais como o sésamo (gergelim), se o stress hídrico não for excessivo.

10 10 Impactos sobre a produção Durante sua fase de implementação, o projecto proposto visa atingir por volta de 10% dos produtores de caju na província, ou seja, cerca de cultivadores. Pressupondo um incremento da produtividade média de, actualmente, 3 kg/cajueiro em 5 kg/árvore para 8 kg/cajueiro com a adopção de medidas de maneio apropriadas, a produção dum cultivador típico dono de 30 árvores aumentaria anualmente em cerca de 150 kg, o que corresponde a mais que o dobro da actual produção para os cultivadores envolvidos. Se todos os produtores atingidos pelo projecto conseguissem duplicar sua produção, isto aumentaria em 10% a produção total a nível da Província e em 5% a produção nacional. Abordagem do projecto Para atingir os 10% anteriormente mencionados de cultivadores na Província, ou seja, produtores de caju, o projecto deverá ser lançado nos 4 distritos de Angoche, Mogovolas, Moma e Mogincual. O projecto prevê a utilização do modelo das Escolas na Machamba do Camponês (EMCs), nas quais grupos compostos de cerca de 25 cajucultores compararão durante um ano as técnicas recomendadas com a técnica de produção tradicional num campo experimental cultivado conjuntamente. Os grupos serão liderados por facilitadores (membros dos grupos com capacidade de liderança) que deverão ser treinados pelo projecto. O projecto empregará um coordenador nacional que deverá operar a partir dum escritório localizado em Nampula e será apoiado por um coordenador adjunto, um especialista em apoio a organizações de produtores, assim como um responsável administrativo (administrador incumbido de tarefas de secretaria e contabilidade). A equipa do projecto será completada por um motorista e guardas. O escritório em Nampula trabalhará com 4 coordenadores distritais, um em cada distrito, dos quais cada um manterá relações com 5 a 10 técnicos em extensão. Cada um dos extensionistas (8 no primeiro ano e, respectivamente, 36 no segundo e terceiro ano) acompanhará alternadamente 5 a 6 facilitadores, e cada facilitador (40 no primeiro ano e, respectivamente, 120 no segundo e terceiro ano) trabalhará com três EMCs. Desta forma, o projecto acompanhará 120 EMCs no primeiro ano e, respectivamente, 540 EMCs no segundo e terceiro ano. Este sistema permitirá atingir produtores de caju no primeiro ano, no segundo ano e outros (diferentes) produtores no terceiro ano, perfazendo um total de cajucultores durante a fase de implementação proposta de três anos de duração. O coordenador do projecto contará com o apoio dum coordenador da GIZ (perito júnior a meio tempo) vinculado à agência da GIZ em Maputo. Este deverá prestar ao projecto suporte e apoio técnico na administração de assuntos financeiros, na realização dos cursos de treinamento e nas actividades de M&A (Monitoria e Avaliação). Um perito internacional em missão de curto prazo terá a tarefa de fornecer apoio técnico e assessoramento na área de desenvolvimento curricular e, especificamente, no que tange aos aspectos económicos. Suas actividades incluirão igualmente a orientação do desenvolvimento dum sistema de M&A (Monitoria e Avaliação) para a monitoria do desempenho e a avaliação dos impactos do projecto ao nível das explorações agrícolas, assim como a proposta e o engajamento em prol dum ambiente político propício ao desenvolvimento do sector de caju. O projecto contará igualmente com a actuação de peritos nacionais em missão de curto prazo, muito provavelmente membros de instituições de investigação e educação ou formação profissional (como o IIAM), que serão responsáveis pelo desenvolvimento dos currículos e a realização dos cursos de treinamento para os extensionistas e facilitadores, assim como pela implementação de quaisquer componentes de campo do sistema de monitoria que possam vir a ser necessárias. Aspectos relacionados ao treinamento Os conteúdos dos cursos de treinamento necessários para a qualificação dos facilitadores, extensionistas e coordenadores distritais serão amplamente idênticos no que se refere aos aspectos estreitamente relacionados com a produção e comercialização do caju. No entanto, o treinamento dos extensionistas e coordenadores distritais incluirá adicionalmente um módulo específico que tratará de questões económicas ligadas à produção de caju, proporcionando-lhes uma noção dos aspectos relacio-

11 nados com a produtividade não somente da produção de caju, mas também da metodologia a ser adoptada para determinar a viabilidade de investimentos e culturas alternativas, o que excede as actuais capacidades da maioria dos pequenos produtores. A estrutura modular prevista para os cursos de treinamento facilitará a adaptação rápida dos conteúdos às necessidades específicas dos participantes. O curso de treinamento proposto para os facilitadores será baseado em 4 módulos dos quais cada um terá uma duração de 5 dias. Estes módulos tratarão dos seguintes temas: (1) Plantio e diversificação; (2) Poda e sacha; (3) Controlo integrado de pragas; (4) Actividades de colheita e pós-colheita e comercialização. O treinamento dos extensionistas será feito em grupos de 10 participantes por especialistas internacionais e locais e consistirá de 6 módulos de, respectivamente, 5 dias de duração que cobrirão os seguintes temas: (1) Plantio e diversificação; (2) Poda e sacha; (3) Controlo integrado de pragas; (4) Actividades de colheita e póscolheita e comercialização, assim como (5) Aspectos económicos da produção de caju e (6) Associações de produtores. O Centro de Formação da ADPP em Itoculo parece ser apropriado para a realização das actividades de treinamento previstas pelo projecto. 11 Custos do projecto Os custos estimados do projecto (calculados na base duma taxa de câmbio de 30 MT/US$) elevam-se a: $ para os peritos em missão de curto e longo prazo, incluindo diárias; $ para a aquisição de viaturas e equipamento de escritório; $ para a cobertura dos custos com o pessoal técnico no escritório do projecto em Nampula e das despesas de funcionamento do escritório; $ para os técnicos em extensão, assim como $ para os facilitadores nas EMCs. Supondo-se uma reserva de cerca de 10% para contingências, estima-se em US$ o custo total do projecto. Primeiros passos recomendados Após o debate da proposta de projecto com as autoridades competentes e a assinatura do Acordo de Projecto, recomenda-se que seja dado início às seguintes actividades: Estabelecimento do Comité Director e definição de suas tarefas; Selecção dos parceiros de implementação, assim como definição da estratégia e dos procedimentos para a implementação; Contratação do pessoal estrangeiro e local, assim como estabelecimento da infraestrutura do escritório; Estabelecimento de acordos com organizações que possam disponibilizar instrutores; Realização duma oficina de planificação conjunta com representantes de todas as partes interessadas, acordo das actividades planeadas, elaboração dum plano operacional para toda a fase de implementação de três anos de duração, assim como definição dum plano de actividades para o primeiro ano e formação dos primeiros grupos de extensionistas por peritos internacionais e nacionais, identificação e estabelecimento das EMCs: localidades, membros, facilitadores, treinamento dos facilitadores, activação das primeiras EMCs nos distritos. Além destas actividades principais, o projecto deverá desenvolver actividades adicionais destinadas a Identificar, após a aprovação por parte do INCAJU, os parceiros do sector privado interessados na produção de mudas e assessorá-los em relação ao arranque das actividades; Apoiar os esforços desenvolvidos no sentido de melhorar o acesso dos pequenos produtores a créditos formais; Contribuir para a melhoria do acesso dos pequenos produtores a insumos.

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14 Introdução 1.1 Informações básicas sobre o projecto A finalidade do Projecto Africano de Desenvolvimento do Caju, financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates, consiste em fortalecer a competitividade mundial da produção e do processamento de caju em cinco países-piloto (Moçambique, Gana, Burkina Faso, Costa do Marfim e Benin). As medidas de apoio ajudarão pequenos produtores de caju a incrementar a sua produtividade e, por conseguinte, a obter uma renda adicional de $15 milhões por ano. Além disso, as actividades desenvolvidas no âmbito do projecto contribuirão para a criação de empregos novos nas médias e grandes indústrias locais de processamento de caju. Aumentando a renda dos pequenos produtores pobres e criando novas oportunidades de trabalho, particularmente para as mulheres, o Projecto Africano de Desenvolvimento do Caju contribui para a redução da pobreza rural e para a promoção do crescimento pró-pobres nos países-piloto. O apoio às médias e grandes indústrias locais de processamento promove a diversificação da economia nacional e incrementa o valor agregado económico captado pelos países africanos; a visão de sucesso a longo prazo até mesmo objectiva alcançar que 60% da produção local de caju seja processada nos países-piloto. Para atingir sua meta global, o projecto persegue cinco objectivos: Aumento qualitativo e quantitativo da produção de caju, assegurando, assim, a competitividade da produção de caju africano no mercado mundial; Fortalecimento das médias e grandes indústrias locais de processamento de caju; Melhoria dos vínculos de mercado ao longo da cadeia de valor, assim como promoção da castanha de caju africana; Apoio à criação dum ambiente favorável à produção e ao processamento de caju; Identificação e análise de áreas de aprendizagem, assim como implementação de projectos inovadores numa base piloto. O Projecto Caju é implementado pela GIZ em cooperação com três sub-beneficiários: a Technoserve, uma organização não governamental americana; a FairMatchSupport, uma fundação sem fins lucrativos sediada nos Países-Baixos, assim como a Aliança Cajueira Africana (ACA), uma plataforma supranacional de parceiros público-privados envolvidos na cadeia de valor do caju. 1.2 Objectivo e foco do estudo O objectivo consiste em elaborar um estudo sobre a situação relativa à produção e a cadeia de valor da castanha de caju em Moçambique. Como Moçambique dispõe dum sector de processamento relativamente bem desenvolvido graças ao apoio que o país já está a receber da ONG americana Technoserve, o estudo tratará de focalizar a produção primária de caju, analisar o sistema de cultivo utilizado pelos produtores de caju em Moçambique e examinar as actividades de apoio em curso, fornecendo, assim, uma ampla visão do sector cajueiro nacional. Em particular, o presente estudo de país persegue duas finalidades distintas: Analisar a cadeia de valor do caju no país (focalizando principalmente a produção e o processamento de caju), assim como Examinar, com base nos resultados da análise da cadeia de valor, as actividades de apoio em curso e identificar os próximos passos a serem tomados. O estudo ora apresentado concentra-se na análise da produção de caju em Moçambique e focaliza principalmente a Província de Nampula, que contribui com cerca de 40% na produção nacional e quase 50% no volume das vendas de castanha em bruto. Este facto faz com que a província seja tida como representativa das demais áreas de produção e que tanto os resultados da análise como a estratégia para o fortalecimento do sector desenvolvida com base na análise sejam considerados aplicáveis a nível nacional. A análise trata de identificar os pontos fortes e fracos da produção, explorar os potenciais para a ampliação da produção e de apontar e debater as ameaças que, eventualmente, possam vir a dificultar ou impedir o desenvolvimento. Tomados em conjunto, estes pontos cobrem os quatro elementos duma análise das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (SWOT) (ver capítulo 3). Num segundo passo e com base na análise efectuada, o estudo apresenta uma estratégia para a melhoria quantitativa e qualitativa da produção da castanha de caju em bruto e identifica as medidas necessárias para sua implementação. A análise foi, em certa medida, dificultada pela inexistência de dados fiáveis sobre o sector cajueiro em geral e a produção primária em particular. O INCAJU, entidade pública responsável pela regulamentação e promoção do sector, recolhe dados apenas nos pontos de comércio, mas não fornece dados relativos à produção. O Trabalho de Inquérito Agrícola (TIA), um inquérito anual por amostragem, é a única fonte de dados referentes ao nível dos produtores (produtividade, custos e receitas).

15 2.0 Análise do Sector Cajueiro Moçambicano com Foco na Província de Nampula 2.1 Aspectos Gerais do Sector Cajueiro Aspectos globais Nos últimos 25 anos, a produção mundial de castanha de caju em bruto (ou seja, na casca) cresceu de cerca de 0,5 milhões de toneladas para 3,25 milhões de toneladas (em 2007). Em tempos líder mundial na produção e exportação de caju com uma participação de, respectivamente, quase 40% e 35% no mercado global, Moçambique perdeu esta posição de liderança ao longo dos anos e contribui hoje com apenas 2% da produção global conforme visualizado no gráfico 2.1 a seguir. Vários motivos contribuíram para este declínio, nomeadamente o conflito interno durante os anos 1980, as mudanças na política de exportação, a falha da tentativa de liberalização no sector de processamento, as dificuldades gerais ligadas à intensificação de sistemas de produção baseados em pequenas explorações de caju em todo o país, assim como a expansão rápida da produção nos países concorrentes. Em 2007, de acordo com a informação estatística da FAO, o Vietname, a África Ocidental e a Índia contribuíram, respectivamente, com 30%, 29% e 19% da produção global de caju. Hoje, Moçambique vem desenvolvendo esforços no sentido de revitalizar o sector e recuperar uma maior participação no mercado em expansão em benefício dos produtores locais Development of cashew production in Mozambique Em Moçambique, a produção de caju foi introduzida e mantida pelos portugueses durante o período colonial e sofreu um declínio após a independência do país. As estatísticas agrícolas de 2005 indicam a existência de 32 milhões de cajueiros. O gráfico 2.2 a seguir mostra a evolução da produção de caju ao longo da década passada. O diagrama não somente apresenta os volumes vendidos registados (barras), mas também mostra os volumes de produção totais estimados (VPE), pressupondo uma produção para o consumo doméstico e, portanto, não registada de 10% (linha laranja) e 30% (linha verde). Como a linha de tendência preta indica, a produção vendida aumentou de cerca de toneladas por ano (2000/01) para aprox toneladas/ano, na verdade toneladas/ano, como média nas últimas quatro campanhas, sem, todavia, evidenciar muita consistência ou grande dinamismo. As fortes flutuações de ano para ano são devidas a mudanças das condições climáticas. Como em Moçambique todos os cajueiros são cultivados sem irrigação, a ausência de chuvas suficientes é o principal factor a influenciar negativamente a produção. O ligeiro aumento da tendência de produção é provavelmente devido à promoção do controlo de pragas através dum programa de tratamento químico (pulverização) subvencionado pelo Instituto de Fomento do Caju (INCAJU) e à demanda maior por parte da indústria de processamento, que se encontra em fase de expansão e compensa os rendimentos cada vez menores do parque cajuícola já envelhecido. As actividades de plantio não são sequer suficientes para manter a actual estrutura etária das árvores. Um dos motivos para tanto é o baixo rendimento do caju em comparação com aquele de outras culturas anuais como, por exemplo, amendoim, milho ou mandioca, na medida em que os solos forem apropriados para seu cultivo bem sucedido. Por conseguinte, os cajueiros são geralmente cultivados em terras com aptidão marginal. 15 Gráfico 2.1: Produção global de castanha de caju em bruto Gráfico 2.2: Evolução dos volumes vendidos e dos volumes de produção estimados (VPE) de caju na década passada toneladas toneladas % da produção total em 2007 Vietname = 30 % África Ocidental = 29 % India = 19 % Brasil = 6 % Moçambique = 2 % Outros = 14 % Moçambique África Ocidenta Brasil India Vietvame Outros / / /04 volume vendido VPE (baixo) 2004/ / / / /09 VPE (alto) Potencial (volume vendido) 2009/10 Fonte: Technoserve, baseada em FAO Stat Fonte: INCAJU (ver a Tabela 1 incluída no Anexo 2)

16 Distribuição regional da produção e das vendas Em Moçambique, não se dispõe de dados realmente fiáveis relativos ao volume de produção e aos volumes processados e/ou exportados de castanha de caju. Esta situação é devida a vários motivos: Os dados relativos ao caju comercializado nos distritos são colectados pelos extensionistas do INCAJU em visita a lojas e comerciantes locais para recolher informações sobre as quantidades comercializadas. No entanto, os donos das lojas e os comerciantes poderiam temer que estas informações cheguem às mãos das autoridades fiscais, o que poderia leválos a fornecer cifras inferiores aos volumes realmente comercializados. Daí a tendência de a quantidade ser subestimada. Uma parte do caju produzido é processada e consumida pelas famílias e/ou vendida ao público ao lado das estradas. Esses volumes também não aparecem em nenhuma estatística. Informantes-chave estimam que entre 10% e 30 % da produção vá para o sector informal, variando de região para região e conforme o tamanho das explorações agrícolas. A ambiguidade destes dados inviabiliza a estimativa exacta dos rendimentos, já que se registam apenas os volumes oficialmente comercializados. Os volumes de exportação parecem igualmente ser subestimados. Como há um imposto sobre a exportação de castanha de caju não processada, as pessoas suspeitam que uma parte das exportações não seja declarada, o que significa que a produção real pode ser maior do que a indicada pelos dados oficiais. 42% dos agricultores moçambicanos possuem cajueiros, ainda que em pequena quantidade, sendo que a média estatística se situa por volta de 20 árvores por agricultor. O número exacto de árvores no país (estimado em 32 milhões), assim como o número de árvores produtivas (estimado em cerca de 19 milhões) são igualmente desconhecidos. Tomando-se por base a existência de cerca de 32 milhões de cajueiros e uma produção de toneladas, obtém-se um rendimento médio por volta de 2,5 kg/árvore. Supondo-se, ainda, que a produção seja subestimada em 20%, o rendimento médio situa-se entre 2 e 4 kg por cajueiro. Ante o exposto, estima-se que o rendimento médio seja de 3 kg/árvore. Este valor é baixo, quando comparado com o rendimento potencial de 8 a 10 kg/cajueiro que podem realisticamente ser obtidos sob as condições vigentes no país e com um maneio apropriado das árvores, incluindo a pulverização. Tomando-se por base o número de 19 milhões de cajueiros produtivos e os volumes comercializados pelos canais monitorados pelo INCAJU, o actual rendimento médio dessas árvores é de 4,2 kg/cajueiro e de 5 kg/árvore se forem incluídas as quantidades consumidas pelas famílias, processadas na própria exploração agrícola ou vendidas ao lado das estradas. Estes dados são visualizados na tabela 2.1 a seguir. Tabela 2.1: Rendimento nacional médio estimado de caju, rendimento actual e potencial por cajueiro Tipo Unidade Valor Produção total média de caju ton/ano A) Rendimento médio calculado à base duma população total de 32 milhões de cajueiros B) Rendimento médio dos 19 milhões de cajueiros produtivos com base nos volumes comercializados registados incluindo consumo caseiro e vendas não registadas C) Rendimento potencial no caso da aplicação das técnicas de produção disponíveis kg/árvore 3,0 kg/árvore 4,2 5,0 kg/árvore 8 to 10 O INCAJU tem tentado melhorar a produção, desenvolvendo esforços sobretudo no sentido de elevar as taxas muito baixas de reposição de cajueiros que actualmente impedem o rejuvenescimento adequado dos cajuais. Não obstante, em 2005 apenas 5% dos cajucultores indicaram ter replantado cajueiros durante os últimos doze meses. Desde 2004, têm sido produzidas, com o apoio de doadores e ONGs, quantidades crescentes (1,34 milhões em 2008) de mudas enxertadas de cajueiros para a distribuição aos cultivadores.

17 Adicionalmente, o INCAJU está a fornecer gratuitamente os produtos químicos para a pulverização das árvores contra o oídio. Em 2008, esta medida beneficiou 4,3 milhões de cajueiros, isto é, aproximadamente um quarto das árvores produtivas. Gráfico 2.3: Vendas de castanha de caju em bruto em 2007/08 Maputo 0% Selecção duma província para o estudo Conforme informações do INCAJU, a Província de Nampula concentra 40% da produção de castanha em bruto, seguida pelas províncias de Inhambane, Cabo Delgado, Gaza e Zambézia que contribuem com quotas entre 21% e 10% do volume total. 48% do volume de vendas nacional de caju é realizado na Província de Nampula. Isto evidencia que nesta província a parte comercializada é maior que nas outras províncias, o que pode ser devido à proximidade do porto de Nacala, o mais importante ponto de exportação de castanha de caju em bruto e processada, enquanto que as outras províncias estão mais afastadas dos mercados de consumo. Também pode ser que o mercado informal jogue um papel maior nas províncias do Sul. Na Província de Gaza, por exemplo, os produtores e/ou pequenos comerciantes vendem uma parte significante da produção directamente para Maputo. A Província de Nampula foi seleccionada como provínciapiloto para a implementação do projecto justamente pela sua importância para a produção cajuícola em Moçambique. Por conseguinte, a equipa de estudo tem concentrado suas investigações nesta província. Source: INCAJU 2009 Gaza 7% Inhambane 10% Manica 7% Sofala 6% Cabo Delgado 9% Zambézia 13% Nampula 48% Os dados nacionais relativos às vendas de caju reflectem tanto a distribuição regional da produção como a concentração dos canais de comercialização na Província de Nampula, que também abriga a maior parte das unidades de processamento recentemente restabelecidas. Esta situação é ilustrada pelo gráfico 2.3 a seguir:

18 Análise da Produção de Caju na Província de Nampula Produção de caju na Província de Nampula (dados estatísticos) Não estão disponíveis dados estatísticos relativos a toda a década passada para a Província de Nampula, de forma que o gráfico 2.4 mais abaixo visualiza apenas os dados referentes às campanhas de 2003/04 até 2007/08. Uma comparação torna patente a paralelidade entre, de um lado, a evolução das vendas e do volume de produção estimado em Nampula e, do outro lado, os dados nacionais. Conforme indica o gráfico, o volume médio da produção vendida no período é de toneladas de castanha de caju em bruto. Tomando-se por base estes dados e o número estimado de 10 milhões de cajueiros existentes na província, a produtividade média por árvore é calculada em 4.5 kg e em até 5.4 kg/árvore se supormos que 20% do volume não seja comercializado pelos canais oficiais. Estas cifras situam-se muito acima do nível nacional. Embora se trate de números estimados e pouco credíveis, podese tomar por certo que os cultivadores na Província de Nampula cuidam mais bem de seus cajueiros por dependerem mais fortemente da renda que obtêm da venda de caju, que é sua única cultura comerciável. Esta hipótese é apoiada pelos dados do INCAJU relativos às taxas de pulverização: nos anos de 2007 e 2008 foram pulverizados 18% e 20%, respectivamente, dos cajueiros na Província de Nampula, contra apenas 10,5% em 2007 e 13,4% em 2008 a nível nacional. Já em 2009, foram pulverizados 25% dos cajueiros na Província de Nampula, representando um aumento de 5% em comparação ao ano anterior. Por enquanto, desconhece-se a taxa de árvores pulverizadas em 2009 em todo o país. Gráfico 2.4: Volumes vendidos e volumes de produção estimados (VPE) na Província de Nampula toneladas Aspectos gerais da produção e comercialização do caju Sistemas de cultivo incluindo caju Hoje em dia, 42% dos agricultores moçambicanos possuem cajueiros, ainda que em pequena quantidade, sendo que, na média estatística, cada agricultor tem de 10 a 20 árvores. Em alguns distritos da Província de Nampula a percentagem dos agricultores que possuem cajueiros é maior, chegando a 60% até 80%. A maior parte destes agricultores assumiu a posse dos cajueiros, individualmente ou como membro de um grupo da comunidade, após a independência do país. No âmbito do sistema de cultivo praticado, os cajueiros muitas vezes não fazem parte das culturas cultivadas. No caso da maior parte dos pequenos produtores trata-se de agricultores de semi-subsistência que cultivam predominantemente milho, mandioca, feijão, amendoim e outras culturas para o consumo próprio. Na maior parte das vezes, os cajueiros crescem espalhados em todas as partes da terra e não são realmente cuidados, mesmo sendo o único produto agrícola a proporcionar às famílias uma renda em dinheiro. O caju é também uma importante cultura suplementar na produção de subsistência, particularmente em anos de seca, em que os agricultores mais pobres sofrem com a escassez de alimentos. Na Província de Nampula, a colheita do caju começa no início de Novembro após o término da estação seca, que para os pequenos produtores é a estação crítica no que se refere à segurança alimentar. Por esse motivo, as famílias afectadas pela escassez de alimentos colhem o caju o mais cedo possível e o vendem directamente para poderem usar a renda monetária para a compra de alimentos básicos. Uma das vantagens da cajucultura reside no facto de que nos primeiros três anos os cajueiros plantados com o espaço recomendado de 12 m x 12 m podem ser intercalados com culturas básicas alimentares como, por exemplo, amendoim ou sésamo. No quarto ano, as árvores produzem os primeiros frutos, proporcionando aos produtores uma renda em dinheiro obtida com a venda do caju. Dada a possibilidade do uso de culturas intercaladas, os produtores não são confrontados com uma forte redução da produção. Isto permite até mesmo aos pequenos produtores o plantio de novos cajueiros, sem terem problemas de produzir alimentos em quantidades suficientes para cobrir as necessidades de suas famílias. No entanto, com o tempo o copado dos cajueiros vai-se fechando e inviabiliza o plantio de culturas intercaladas. Plantações produtivas de cajueiros são, portanto, sempre plantações homogéneas / / / / /08 Volume vendido VPE (alto) VPE (baixo) Potencial (volume vendido) Em Moçambique, há que distinguir três tipos de produção de caju: Uma parte significante dos cajueiros está abandonada e cresce em terras comunais (matagais) que não pertencem a nenhum agricultor individual. Os frutos destas árvores Fonte: INCAJU e Fichas do Supervisor Provincial

19 são colhidos de vez em quando pelos habitantes dos povoados. Desconhecem-se os volumes de produção e o rendimento destes cajueiros. Outra parte dos cajueiros pertence a pequenos produtores que possuem, em média, entre 10 e 20 árvores, variando desde 5 a 10 cajueiros no caso de pequenos produtores até cem árvores em se tratando de agricultores de porte médio. Estas árvores não crescem em plantações com espaçamento regular, mas sim encontram-se espalhadas por toda a propriedade ou, mais frequentemente, próximo às casas. Muitos pequenos produtores não consideram o caju uma cultura propriamente dita e limitam-se a colher os frutos regularmente sem tomar quaisquer medidas destinadas a aumentar a produtividade e/ou melhorar a qualidade das castanhas. Como não ocorre um replantio, estas árvores muitas vezes já estão envelhecidas, em grande parte com idade de mais de 30 anos, e, consequentemente, têm baixa produtividade e produzem frutos de qualidade inferior (as castanhas de árvores em idade avançada e de variedades antigas são geralmente menores que aquelas de cajueiros jovens). A não aplicação das medidas agrotécnicas recomendadas contribui adicionalmente para reduzir ainda mais tanto o rendimento como a qualidade das castanhas. Nestas circunstâncias, o rendimento é estimado em apenas cerca de 3 kg ou menos de castanha em bruto por árvore. Ainda outra parte dos cajueiros pertence a produtores que cuidam das árvores encarregando-se regularmente da poda, sacha e do controle fitossanitário. Também neste caso, a maior parte das árvores encontra-se espalhada pelas propriedades; como estes produtores procedem ao replantio, particularmente após anos com altos preços do produto, os cajueiros têm todas as idades. Uma parte destes cajueiros mais jovens cresce em plantações com espaçamento regular e o rendimento destas árvores na idade de 8 a 25 anos pode ser estimado em 8 a 10 kg/ cajueiro. Alguns destes produtores de porte médio possuem centenas de cajueiros Aspectos ambientais ligados à produção do caju Cajueiros são geralmente considerados apropriados para o uso de terras marginais que não podem ser aproveitadas para o plantio de culturas anuais ou o cultivo de outras espécies de árvores mais exigentes. Graças às suas propriedades fisiológicas, os cajueiros são bem mais capazes de sobreviver a temporadas secas que outras culturas (p. ex. citrinos). O sombreamento natural do solo produzido pelos cajueiros permite que em seu redor cresçam gramíneas que de outra forma seriam queimadas pelo sol e murchariam. Outro aspecto ambiental a ser considerado está ligado aos possíveis impactos da mudança climática. Prevê-se que ela resultará no aumento tanto da ocorrência como do poder de devastação de tempestades e ciclones. Um exemplo desta mudança climática é o ciclone Jókwe, que destruiu entre um terço e a metade de todos os cajueiros no distrito de Mongicual, onde as árvores derrubadas podem ser encontradas até hoje. Para responder a esta ameaça, o projecto promoverá a reposição de árvores de alto crescimento, recomendando que sejam produzidas apenas mudas com tronco de porte baixo (meio tronco/half-standard). Além disso, o projecto recomendará o cultivo de cajueiros em forma de plantações. Isto contribuirá para minimizar os danos causados por ciclones, pois os cajueiros de porte baixo estarão menos expostos ao risco de serem desenraizados por ventos fortes, particularmente quando cultivados em forma de plantações. Outra vantagem desta forma de cultivo reside na maior facilidade de realizar medidas agrotécnicas, tais como a poda ou o tratamento químico, em plantações de árvores menos altas. Não se sabe se e em que medida as mudanças climáticas influenciarão a quantidade anual e a distribuição das chuvas. Mas como o cajueiro é mais resistente à seca que muitas outras culturas, a redução das precipitações anuais melhorará a competitividade do caju em comparação com outras culturas. Resumindo, cabe salientar que o caju é uma cultura arbórea altamente adaptada ao ecossistema (clima, condições do solo e meteorológicas) nas zonas costeiras da região Norte de Moçambique A cadeia de valor do caju De acordo com um estudo recente da Technoserve, apenas 18% do valor agregado na cadeia de valor, que se estende desde o produtor moçambicano até o consumidor no estrangeiro, é realizado no país. Esta situação é devida ao nível ainda muito baixo de processamento da castanha de caju em bruto em Moçambique e ao facto de a torrefacção e o empacotamento para o consumo final (42% do valor agregado) continuarem a ser literalmente desconhecidos no país. Após a independência do país, o processamento da castanha de caju entrou em declínio e praticamente cessou em 2002, ano em que todo o volume de produção comercializado de cerca de toneladas foi exportado em forma de castanha de caju em bruto. Mas, desde então, a indústria de processamento na Província de Nampula reanimou-se graças ao apoio vindo do exterior. Desde 2001, várias unidades de processamento (re)iniciaram a operação e em 2008 já eram processados no país 36% do volume de produção comercializado. Após a resolução da disputa relativa à definição dum salário mínimo no sector de caju, que favoreceu os interesses da indústria de processamento, e em virtude das margens de lucro agora maiores para os processadores, a previsão para a campanha de 2008/09 foi de um aumento do número de unidades de processamento em operação para 25. Nesta mesma campanha, a previsão do volume de processamento de castanha de caju indicou o alcance de toneladas. 19

20 Gráfico 2.6: Valor agregado em cada elo da cadeia de valor % 90% 80% 70% 60% Apenas 18% do valor agregado no retalho final é gerado em Moçambique + 40% 50% 100% 40% + 42% 30% 20% 10% 0% 10% + 2% + 5% + 1% Produtores* Comerciantes Processadores Exporta dores Torradores e empacotadores Retalhistas e Distrib. Total Preço de venda (por kg) Valor agregado (por kg) $ 2.48 $ 2.86 $ 4.05 $ 4.28 $ $ $ 2.48 $ 0.38 $ 1.19 $ 0.23 $ $ $ No país No exterior Fonte: Technoserve, ibid of the United States of America (CLUSA), assim como a Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo (ADPP). Entre os doadores que actualmente trabalham com os agricultores em Nampula cabe salientar a Netherlands Development Organization (SNV) e o programa AgriFuturo financiado pela USAID. Nos últimos anos, o sector contou com o apoio de ainda outras organizações, p. ex. com a actuação da Agência de Desenvolvimento Francesa (AFD) que financiou, de 2000 até 2006, um projecto que trabalhou com 43 grupos de agricultores na Província de Nampula. A castanha em bruto chega ao mercado local onde actuam vários comerciantes e compradores. Dependendo do tamanho da exploração agrícola ou dos volumes produzidos, da localização (próxima/distante das unidades de processamento e/ou estradas) e do grau de organização, os produtores vendem o caju ou a pequenos comerciantes locais, companhias de comércio maiores ou então directamente às unidades de processamento. Na maioria dos casos, a venda da produção não envolve apenas um comerciante, mas sim vários compradores que intervêm na cadeia entre o produtor e a unidade de processamento ou o exportador (ver o gráfico 2.5). Esta estrutura muitas vezes reduz ao mínimo o lucro dos produtores e pequenos compradores. Há que salientar também que geralmente não é feita uma diferença entre castanhas de boa ou má qualidade. Algumas unidades de processamento têm começado a pagar um prémio para matéria-prima de qualidade melhor após uma primeira selecção ao nível dos produtores, mas há que se constatar que de facto não existe um abrangente sistema de qualidade. Os preços variam antes consoante a altura da estação do que de acordo com a qualidade do produto. Quando a castanha em bruto não for exportada directamente para outros países, na maioria dos casos para a Índia, as unidades de processamento moçambicanas constituem a próxima etapa da cadeia de valor do caju. Após o colapso da indústria, muitas unidades de processamento menores começaram a operar nas regiões Norte (províncias de Nampula e Cabo Delgado) e Sul (províncias de Gaza e Inhambane) do país. Seu número varia de ano para ano. Em cada ano, algumas unidades menores cessam a sua existência (geralmente em virtude da falta de recursos para a aquisição de matéria-prima), enquanto outras (re)iniciam suas actividades. Em todo o país, existem por volta de 25 unidades de processamento, das quais metade está localizada na Província de Nampula. A indústria de processamento tem sido, e em parte continua sendo, apoiada fortemente por ONGs/doadores do exterior. Neste contexto, merece menção especial a ONG americana Technoserve que nos últimos anos tem apoiado amplamente as unidades de processamento (seria

21 22 interessante obter uma sinopse da estrutura das 25 unidades processadoras que responda as seguintes perguntas: Qual é sua capacidade de processamento anual? Elas são de propriedade estatal ou privada? Quantos empregados têm?) As castanhas processadas são em seguida exportadas através de vários canais. Na região Sul do país, as exportações vão principalmente para a África do Sul via transporte rodoviário. As poucas unidades de processamento nas províncias de Gaza e Inhambane cooperam de forma pouco estreita, p. ex. através do compartilhamento de camiões. Na região Norte de Moçambique, a maior parte dos processadores está organizada na AIA (Agro Industriais Associados) que, através de seu escritório e entreposto em Nacala, se encarrega da exportação conjunta em contentores das castanhas processadas pelos seus membros. A produção de algumas poucas unidades de processamento menores não filiadas oficialmente à AIA também é comercializada por este canal. Apenas uma das unidades de maior porte em Nampula, a OLAM International, não exporta sua produção através da AIA. Este grupo empresarial internacional usa seus próprios canais de comercialização e uma filiação à AIA aparentemente não lhe traria nenhuma vantagem comparativa. Desde a sua fundação, a AIA tem sempre vendido suas exportações a um único cliente, a corretora holandesa Global Trading & Agency BV, que se encarrega da importação das castanhas processadas para a Europa. Depois de torradas e embaladas em pequenos pacotes, as castanhas de caju são vendidas no mercado europeu. A maior parte do valor agregado é criada nestas três etapas finais (ver o gráfico 2.6). Conforme mostra o gráfico, menos de 20% do preço ao consumidor (valor final do produto) é gerado durante as etapas percorridas em Moçambique (produção, comercialização, processamento e exportação), enquanto que os torradores e retalhistas dividem entre si a maior parte do valor agregado. Os produtores do caju participam com apenas 10% do valor final do produto. As cifras indicadas no gráfico 2.6 acima referem-se à situação em 2007/8. Embora tenha havido alterações nos preços absolutos, os dados relativos não mudaram significantemente desde então. Outros actores no sector de caju moçambicano são o Instituto de Fomento do Caju (INCAJU), a Associação dos Industriais de Caju (AICAJU) e a Aliança Cajueira Africana (ACA). O INCAJU é uma instituição governamental independente responsável única e exclusivamente pela promoção do sector de caju. O Instituto procedeu à descentralização das estruturas nas regiões de produção e oferece serviços de extensão aos produtores a nível distrital. Nos planos regional e nacional, o INCAJU é responsável pela definição de políticas. A instituição é financiada pelo imposto sobre a exportação de castanha de caju não processada, embora actualmente esteja a ser debatida a inclusão do INCAJU no orçamento do Ministério da Agricultura. No caso da AICAJU e da ACA trata-se até agora de actores um tanto marginais. A AICAJU é uma associação de industriais do sector de caju e sua suposta função consiste em representar os interesses destes industriais perante o Governo (INCAJU). Mas, por enquanto, a AICAJU não parece ser muito activa no exercício do " lobbying" e suas estruturas organizacionais continuam a ser fracas. A ACA, por sua vez, é uma federação que integra um grande número de actores ao longo da cadeia de valor do caju em África. Ela tem uma filiação transnacional e seu objectivo consiste em promover a comercialização eficiente do caju africano nos mercados internacionais. Em Moçambique, a ACA ainda não está bem estabelecida e uma agência nacional ainda está por ser criada. A visão da ACA para o futuro inclui o apoio Tabela 2.2: Actores importantes moçambicanos no sector de caju e suas funções Actores Função ~ 1 milhão de pequenos produtores Produção de castanha de caju em bruto Provedores privados de serviços (na maioria eles mesmos produtores de caju) Comerciantes locais e regionais de caju Processadores locais (por volta de 25) Corretores AIA (associação de processadores para a comercialização conjunta de castanha processada) Doadores e ONGs, p. ex. CLUSA, ADPP, SNV, USAID, AFD AICAJU (associação de industriais) INCAJU (Instituto de Fomento do Caju) ACA (Aliança Cajueira Africana) Prestação de serviços (pulverização de cajueiros) Recolha da castanha de caju em bruto e sua venda a processadores ou corretores/ exportadores de castanha em bruto Processamento da castanha em bruto; venda a corretores de exportação; vendas locais Corretagem de transacções entre actores locais e estrangeiros Prestação de serviços focados na exportação e comercialização da castanha de caju processada Promoção de associações de produtores, prestação de assistência técnica a produtores e processadores, introdução de actividades de valor agregado Promoção dos interesses da indústria, assim como de políticas e práticas consistentes entre seus membros Definição de políticas, prestação de serviços de extensão para a distribuição de mudas e pesticidas; concessão de garantias de empréstimos a processadores; cobrança do imposto sobre a exportação Apoio a produtores e processadores de caju africanos na comercialização do produto nos mercados internacionais.

22 a vínculos de mercado na comercialização da castanha de caju processada, assim como a representação dos processadores e produtores africanos no mercado internacional. A tabela 2.2 a seguir inclui uma relação dos actores importantes no lado moçambicano, assim como suas funções principais Análise das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (SWOT) do sector cajueiro Com vistas a obter dados primários relativos à produção, analisar os factores em que se baseiam as actuais cifras de produção e a identificar os pontos fortes e fracos, a missão inspeccionou árvores, conduziu entrevistas com grupos de produtores em vários distritos da província, entrevistou actores-chave dos sectores público e privado e, ainda, tratou de colher e analisar dados estatísticos complementares e outras informações. Não obstante, o conjunto de dados colectados continua a apresentar alguns factores imponderáveis: Desconhece-se frequentemente a idade exacta dos cajueiros. Muitos produtores podem apenas adivinhar a idade de suas árvores, particularmente quando estas já foram plantadas pela geração antecedente da família. Estes cajueiros têm geralmente mais de 30 anos de idade. A intensidade com que as árvores são cuidadas varia consideravelmente de proprietário para proprietário e ao longo do tempo. No caso de cajueiros tratados intensamente, a poda é feita regularmente (pelo menos em intervalos de 3 a 5 anos) e anualmente se procede à eliminação de rebentos indesejados nos ramos principais (processo chamado de limpeza por alguns). O termo limpeza é igualmente empregado para referirse à sacha directamente abaixo das árvores, o que pode ser motivo de confusão quanto ao verdadeiro significado das respostas dadas pelos entrevistados. Tanto o consumo caseiro como o volume de produção de castanhas não vendidas pelos canais de comercialização monitorados pelo INCAJU podem somente ser estimados e têm de ser levados em conta no cálculo estimativo do rendimento total dos cajueiros Resultados da análise Não considerando o ponto fraco amplamente difundido de muitos pequenos produtores se limitarem antes a colher as castanhas em vez de realmente cultivá-las, os resultados da análise podem ser resumidos de acordo com os quatro critérios da análise SWOT como exposto nos pontos a seguir. Pontos fortes (forças) Várias condições relativas ao sector de caju na Província de Nampula representam pontos fortes, pelo menos em comparação com outras regiões do país. A região possui uma longa tradição na produção de caju. O cajueiro tem sido introduzido pelos portugueses já nas décadas de 20 e 30 do século passado. Durante a década de 1960, o país já exportava volumes significantes de caju para a Índia e chegou a atingir, nos anos 70, uma participação de 30% a 40% na produção mundial, tornando-se o produtor líder mundial de caju. Por conseguinte, dispõe-se, em Moçambique, de bons conhecimentos nas áreas de cultivo, produção e processamento de caju. A capacidade de processar uma parte da produção está a incrementar. Actualmente, há em Moçambique uma capacidade para o processamento de a toneladas de castanha em bruto por parte de processadores privados. A indústria de processamento está concentrada na Província de Nampula e responde por 65% da capacidade total instalada no país, o que se deve ao facto de o principal porto de exportação de castanha de caju em bruto estar localizado nesta província, o que mantém os custos de exportação relativamente baixos. Há anos, a USAID vem apoiando a indústria de processamento através da ONG Technoserve. Em virtude das condições do solo e climáticas e da distância geral dos mercados de consumo (no país), não há muitas culturas capazes de competir com o caju. O caju é cultivado predominantemente nos distritos localizados nas zonas costeiras das províncias. Sendo relativamente resistente à seca, o cajueiro não apresenta grandes exigências quanto à fertilidade do solo e é, portanto, capaz de crescer nas terras 23

23 24 marginais do litoral com solos arenosos secos que não permitem o cultivo de outras culturas alimentares. A isto ainda vem juntar-se o facto de a Província de Nampula estar localizada a grande distância de Maputo ou outras cidades maiores com elevada demanda por culturas alimentares, o que dificulta a comercialização de culturas frescas e implica sempre em elevados custos de transporte. O caju, por sua vez, é exportado via o porto próximo de Nacala, o que torna o produto mais competitivo. Para os pequenos produtores, o caju é frequentemente a única cultura comerciável. Os pequenos produtores na Província de Nampula são, em sua grande maioria, agricultores de subsistência. Como o cajueiro é sua única cultura comerciável, cabe-lhe um papel importante para o sustento dos pequenos produtores. Conforme explicitado anteriormente, a colheita de caju começa no final da temporada seca, considerada a estação mais crítica para a sobrevivência dos agricultores pobres. Assim, eles aproveitam a oportunidade para colher o caju, vendê-lo imediatamente e comprar alimentos com o dinheiro obtido da venda. Daí também a importância do caju para a segurança alimentar. A proximidade do porto de Nacala, localizado na Província de Nampula e principal ponto de exportação, favorece a produção de caju na região. A proximidade deste porto contribui para manter relativamente baixos os custos de transporte e, com isso, também os custos de exportação, fazendo com que a produção de caju em Nampula seja mais competitiva do que em outras províncias, até mesmo em comparação com a região Sul do país, onde as condições naturais para o cultivo de caju são mais propícias. É bem provável que este seja também o motivo de a indústria de processamento estar concentrada na Província de Nampula. Pontos fracos (fraquezas) Enquanto a relação dos pontos fortes é antes genérica que específica, a lista dos pontos fracos (ou constrangimentos) observados é bastante exaustiva, agrupando em cinco áreas os factores que restringem a produção. Ao identificar os problemas existentes, a missão esforçou-se por detectar as eventuais causas fundamentais subjacentes à situação encontrada. A distinção das relações de causas e efeitos constitui um elemento básico da tarefa da missão de avaliação e facilita a definição das acções necessárias para vencer os principais constrangimentos apontados. A missão identificou os seguintes pontos fracos/constrangimentos: Baixa produtividade dos pequenos produtores de caju. Em Moçambique, o rendimento médio é de 2 a 4 kg de castanha em bruto por cajueiro. Este valor é muito baixo, especialmente ao levar-se em conta que cajueiros jovens na idade de 10 a 25 anos apresentam o potencial para produzir entre 10 e 15 kg por árvore. Baixo potencial de produção dos cajueiros existentes. Existência de muitas árvores em idade avançada e/ou abandonadas (forte declínio do rendimento acima de 25 anos de idade). O cajueiro começa a produzir frutos no terceiro ano de cultivo, tem seu pico de produtividade na idade entre 10 e 25 anos e depois dessa idade a produção vai caindo de ano para ano (ver a fig. 2 no capítulo 4). Estima-se que 25% a 30% dos cajueiros em Moçambique tenham uma idade entre 25 e 40 anos. A produtividade destas árvores é muito baixa ou até mesmo nula. Do ponto de vista económico, convém que estes cajueiros sejam substituídos por árvores novas com um potencial produtivo maior. Além de terem uma produtividade menor, os cajueiros em idade avançada também produzem castanhas relativamente pequenas cuja qualidade é considerada inferior. Como já foi descrito, muitos pequenos produtores moçambicanos " herdaram" os cajueiros do período colonial e não cuidam realmente das árvores. Por conseguinte, existem muitas árvores abandonadas que crescem nos matagais em terras comunais, sem pertencerem a famílias distintas.

24 Baixo potencial genético de produção das variedades antigas. Como na época em que estas árvores foram plantadas ainda não se fazia a selecção ou clonagem, estas variedades antigas muitas vezes apresentam um baixo potencial de produção. Maneio insuficiente de culturas e pragas (baixa taxa de aplicação do MICP). A maior parte dos pequenos produtores não encara seus cajueiros como cultura que necessita ser cuidada, mas sim limita-se a colher as castanhas para o consumo próprio ou para vendê-las. Por conseguinte, não são aplicadas quaisquer técnicas de cultivo específicas, o que resulta nos baixos rendimentos constatados. Apenas 2,5% dos cajueiros são podados regularmente e 20% a 25% são tratados quimicamente. A sacha é feita por apenas um de cada quatro produtores. Também não há informações fiáveis relativas ao efeito económico destas medidas. A missão de estudo foi informada de que nem o INCAJU, que recomenda a pulverização dos cajueiros, nem qualquer outra instituição de investigação tem realizado ensaios de campo para averiguar o efeito de determinadas técnicas de cultivo individuais ou de maneio integrado de culturas e pragas (MICP). De qualquer modo, tanto os técnicos do INCAJU como os produtores entrevistados que aplicam as técnicas de MICP estimam que a aplicação destas técnicas em árvores em idade produtiva (menos de 30 anos) aumentará o rendimento de cerca de 3 kg/cajueiro para 8 10 kg por árvore. Isto significa que seria facilmente possível mais que duplicar o rendimento e, com isso, a produção se a maioria dos produtores aplicasse as técnicas de maneio integrado de culturas e pragas. Danos causados por queimadas. Em todo o país e, portanto, também na Província de Nampula os produtores têm o hábito de queimar o capim e o mato no final da temporada seca para facilitar o preparo dos solos para a cultura subsequente. Estas queimadas muitas vezes saem do controle e chegam também a destruir os cajueiros. Particularmente quando não tiver sido feita uma sacha, os fogos queimam os troncos dos cajueiros e suas folhas são destruídas pelo capim incendiado em baixo das árvores. Estima-se que entre 30 e 50 por cento das árvores sejam anualmente danificadas dessa forma. Embora a maior parte dos cajueiros se recupere depois de um ou dois anos, os prejuízos económicos causados pela perda da produção e a consequente ausência de renda durante, pelo menos, um ano são tremendos. Não parece ser fácil pôr um fim a este hábito; embora o INCAJU esteja a esforçar-se, desde há anos, por alcançar o abandono da prática das queimadas, elas continuam a ser praticadas em grande escala. Taxa de reposição insuficiente. Como já foi mencionado mais acima, a Província de Nampula concentra por volta de 10 milhões de cajueiros. Presumindo-se que estas árvores alcancem uma idade de 30 anos, seria necessário proceder anualmente ao replantio de 1/30 das árvores (por volta de ) para manter a estrutura de idade. Calculando-se com uma taxa de sobrevivência melhorada de 75% das mudas após o plantio no campo, seria necessário plantar anualmente por volta de mudas de cajueiro na Província de Nampula para manter a actual estrutura de idade do parque cajuícola. Os viveiros do INCAJU na Província de Nampula têm actualmente uma capacidade de produção anual de mudas, mas, em virtude de várias razões, são produzidas apenas mudas por ano. A actual taxa de sobrevivência das mudas é estimada em apenas aproximadamente 50%, significando que somente dos cajueiros anualmente plantados sobrevivem. Estes dados levam à conclusão de que a actual taxa de plantio não é nem sequer suficiente para manter a actual estrutura de idade e que esta situação irá agravar-se de ano para ano devido ao aumento da idade média dos cajueiros. Há, portanto, o perigo de o rendimento médio e a produção total de caju caírem ainda mais, a não ser que o efeito provocado pelo aumento da idade média das árvores seja compensado por outras medidas como, por exemplo, o tratamento químico e/ou a poda das árvores. Para melhorar a estrutura de idade do parque cajuícola, será necessário proceder anualmente à substituição de um número significantemente maior de cajueiros em idade avançada. Estima-se que um terço dos cajueiros existentes, ou seja, três milhões de árvores, tenha uma idade superior a 30 anos. Se estas 25

25 26 árvores fossem substituídas ao longo dos próximos dez anos, seria necessário proceder ao plantio de cajueiros adicionais por ano. Tomando-se por base uma taxa de sobrevivência de 80%, seria necessário plantar mais outras mudas por ano na Província de Nampula. Estes cálculos evidenciam a necessidade dum programa que garanta a produção, distribuição e o plantio bem sucedido de aproximadamente mudas por ano durante os próximos dez anos. Falta de interesse pelo plantio de cajueiros. A baixa taxa de reposição é devida a várias razões. Conforme já foi acima exposto, uma razão importante é a falta de interesse pela reposição demonstrada pelos produtores que não encaram o caju como sendo uma cultura comercial. Acresce que a maior parte dos pequenos produtores não dispõe dos recursos financeiros necessários para a compra de mudas e/ou que a mão-de-obra familiar não é suficiente para realizar os trabalhos de limpeza, abertura das covas, plantio das mudas e em seguida cuidar adequadamente dos cajueiros jovens. Outra razão é a falta de assistência por parte do serviço de extensão rural particularmente em zonas mais remotas. Disponibilidade limitada de mudas de boa qualidade ao nível dos povoados. Investimentos insuficientes em viveiros; Gestão ineficiente dos viveiros; Deficiências do sistema de distribuição; Ausência de envolvimento (e investimentos) por parte do sector privado devido à distorção do mercado (mudas gratuitas distribuídas pelo INCAJU). O INCAJU é a única instituição a dedicar-se à produção de mudas e sua distribuição nos povoados. O INCAJU também possui as árvores matrizes fornecedoras dos clones que são enxertados nas mudas. As árvores matrizes são seleccionadas entre variedades modernas com tronco de altura reduzida e elevado potencial produtivo, o que gera um duplo impacto positivo: (1) a poda e a pulverização podem ser feitas de forma muito mais fácil e eficiente e (2) estas árvores são menos vulneráveis a tempestades (ciclones) que, de acordo com as previsões, ameaçam ocorrer com mais frequência no futuro em virtude da mudança climática. Outra vantagem reside no facto de o rendimento destas variedades ser maior que o dos cajueiros existentes. A produção de mudas pelo INCAJU sofre de problemas típicos de viveiros operados por empresas públicas. A gestão dos viveiros é geralmente fraca. Num dos viveiros, metade das mudas enxertadas não sobreviveu devido à enxertia mal feita. A responsabilidade da gerência inclui claramente a tarefa de zelar pelo treinamento e monitoramento apropriado dos trabalhadores, a fim de assegurar uma qualidade satisfatória do trabalho realizado. Em Moçambique, é imprescindível que um viveiro assegure a disponibilidade de meios de transporte apropriados para a distribuição das mudas, já que os produtores não têm condições de irem buscá-las nos viveiros. Mas o INCAJU não dispõe dos meios de transporte necessários para a distribuição das mudas, de forma que uma parte significante das mudas acaba não sendo distribuída ou é distribuída com atraso ou fora do período oportuno. Contudo, faz pouco sentido produzir mudas que não possam ser distribuídas em tempo hábil. O mesmo aplica-se à irrigação, onde a falta de sistemas de irrigação adequados ou seu estado precário são frequentemente o motivo por que apenas 50% ou até mesmo menos da capacidade dum viveiro é aproveitada. O INCAJU distribui uma quantidade de até 50 mudas gratuitas para cada pequeno produtor rural. Mesmo quando um produtor compra uma quantidade maior de mudas, ele paga apenas uma quantia nominal que nem de longe cobre os custos. Desta forma, a produção de mudas constitui uma actividade altamente subvencionada, o que representa a principal razão pela qual o sector privado não tem e futuramente também não terá interesse pela produção de mudas de cajueiro.

26 Em resumo, a análise evidencia que a produção de mudas de cajueiro por parte do INCAJU abriga consideráveis ineficiências, motivo pelo qual se propõe que, a longo prazo, a produção de mudas seja transferida para empresas do sector privado que operam sob condições competitivas. Isto contribuirá para estimular tanto a eficiência como a produção e distribuição de mudas voltadas para o mercado. Se a produção de mudas passar a estar nas mãos do sector privado, os produtores de caju terão de pagar pelas mudas. De acordo com as informações recebidas pelo INCAJU, os custos de produção das mudas situam-se entre 15 e 20 MT/ muda. Com 70 mudas/ha, os custos somam-se em aproximadamente MT (48 dólares), o que equivale a 10 a 15% do custo total de instalação duma plantação de cajueiros. Por este motivo, não é de se esperar que estes custos influenciem significantemente a disposição dos produtores para o plantio de cajueiros. Baixa taxa de sobrevivência das mudas plantadas. Como já foi explicado anteriormente, estima-se que a taxa de sobrevivência seja actualmente apenas de uns 50%. Esta situação é devida a várias razões, como o sistema de distribuição ineficiente, fazendo com que o espaço de tempo entre o momento em que as mudas deixam o viveiro e seu plantio no campo seja longo demais. Neste intervalo, as mudas sofrem com a falta de água. Outra consequência da falta de meios de transporte é o fornecimento atrasado das mudas aos povoados, o que impede que elas sejam plantadas no momento oportuno. O plantio tem de ser feito no início da estação de chuva, após as primeiras chuvas fortes, pois em caso contrário as mudas morrem do stress hídrico. Essa é uma das razões da baixa taxa de sobrevivência das mudas de cajueiro recém-plantadas. O transporte das mudas do povoado até o campo constitui outra dificuldade a ser enfrentada pelos pequenos produtores. Como as mudas são geralmente entregues nos povoados e tendo em vista que os campos ficam muitas vezes a muitos quilómetros de distância do centro dos vilarejos, os pequenos produtores que não dispõem de nenhum meio de transporte têm grandes problemas em levar as mudas para o campo. Em alguns casos, acontece que as mudas permanecem por vários dias na aldeia, na maioria das vezes sem serem regadas, antes de serem plantadas. Desta forma, as mudas são plantadas quando já estão a sofrer de stress hídrico, o que reduz ainda mais sua taxa de sobrevivência. Há anos em que as chuvas são irregulares, com períodos secos intercalados. Quando o período seco dura mais de uma semana, as mudas têm de ser regadas, o que representa uma enorme carga de trabalho para os produtores, dado que eles muitas vezes têm de carregar a água por muitos quilómetros e regar as plantas à mão. Esse é o motivo pelo qual a rega não é feita regularmente, o que leva à morte de uma grande percentagem das mudas. Acresce ainda que a maioria dos pequenos produtores não conhece as técnicas de plantio correctas. Uma medida consiste em colocar material orgânico no fundo da cova de plantio para facilitar a retenção da água durante um período de tempo prolongado e torná-la acessível às raízes das mudas. Desta forma, as mudas podem sobreviver durante mais tempo, mesmo no caso da ausência de chuvas. Outro perigo frequente é a quebra das mudas enxertadas por ventos muito fortes. Esse risco pode ser evitado amarrando-se as mudas em bastões de suporte. Baixa qualidade das castanhas produzidas. A qualidade das castanhas produzidas em Moçambique é relativamente baixa, fazendo com que o preço médio do produto seja igualmente baixo. As razões para este facto são múltiplas. Árvores em idade avançada produzem castanhas menores. As castanhas de árvores envelhecidas são, por via de regra, menores que aquelas de cajueiros jovens ou com idade média. O tamanho das castanhas constitui um critério importante na avaliação da sua qualidade. Como os cajueiros em Moçambique são de idade elevada, a qualidade média das castanhas fica aquém da média internacional. De acordo com as informações obtidas de processadores, a contagem média é muitas vezes superior a 200 castanhas/kg, o que é sinal de que estas castanhas não são de alta qualidade (no máximo 180 castanhas por quilograma). 27

27 28 Cajueiros atingidos por doenças. O oídio é a principal doença que ataca os cajueiros em Moçambique, provocando o surgimento de castanhas enrugadas e a redução dos índices de rendimento. A doença incide mais frequentemente nas zonas próximas à costa e em árvores com copado fechado nas quais a humidade é retida mais fortemente e a temperatura é mais alta que num copado mais aberto. Investigações revelaram que o rendimento de variedades de cajueiros resistentes a esta doença é inferior ao de árvores não resistentes que são pulverizadas adequadamente para conter o oídio. No entanto, há que constatar que apenas 20% dos cajueiros são actualmente pulverizados. Sistema de comercialização altamente ineficiente. Os pequenos produtores vendem pequenas quantidades de castanha ao comércio local, sendo que por vezes se trata de apenas alguns quilos. Mas os baixos volumes vendidos pelos pequenos produtores implicam em elevados custos unitários dos compradores que recolhem as castanhas. Daí a necessidade de haver pequenos comerciantes ou lojas que recolham as castanhas para vendêlas em quantidades maiores a intermediários. Em alguns casos, esses intermediários recolhem quantidades ainda maiores e as vendem a grossistas que, por sua vez, vendem as castanhas aos exportadores ou processadores. Além do oídio, os cajueiros são também infectados por outras doenças que, por enquanto, não chegam a ter maior importância (p.ex. antracnose, uma infecção causada por fungos que ataca as árvores no viveiro, ou heliopeltis, que afecta os rebentos jovens das árvores). Outro perigo são os danos causados por insectos, que muitas vezes resultam em amêndoas parcialmente pretas ou furadas, impedindo sua venda. Técnicas inadequadas de colheita e pós-colheita. As castanhas de caju são normalmente colhidas duas ou três vezes por semana, apanhando-se os frutos caídos no solo. Se a colheita for feita com mão-de-obra paga, os trabalhadores são geralmente pagos por quilograma colhido. Para receberem mais, alguns deles simplesmente apanham os frutos que podem ser colhidos fácil e rapidamente. Após a colheita e o descastanhamento (separação das castanhas dos pedúnculos), as castanhas devem ser submetidas a um processo de secagem ao sol de dois ou três dias de duração. Como as castanhas perdem peso na medida em que vão secando, os produtores tentam vendê-las com um teor de humidade acima do valor recomendado de 12% a 14%. Se estas castanhas forem estocadas por várias semanas ou até mesmo meses, elas poderão facilmente começar a apodrecer. Também convém que as castanhas sejam armazenadas em sacos de juta ao invés de sacos de plástico como vem sendo feito frequentemente, dado que elas não podem respirar nos sacos plásticos e criam mofo rapidamente Em cada etapa deste processo, há normalmente em jogo dinheiro que o comprador final adianta àqueles que lhe vendem as castanhas para que estes possam pagar aqueles que compraram as castanhas dos produtores. E em cada etapa há que ser considerada a perda de alguns pontos percentuais do dinheiro adiantado para manter a margem de lucro, o que contribui igualmente para reduzir o preço pago aos vendedores e, em última análise, também aquele pago aos produtores. Resumindo, há que constatar que esta cadeia de comercialização com suas diversas etapas é ineficiente e contribui para reduzir o preço à saída da exploração pago aos pequenos produtores. Em virtude da infraestrutura deficiente, como estradas em mau estado, os comerciantes têm custos de transporte muito altos, o que reduz ainda mais o preço pago aos produtores, particularmente nas zonas remotas. A essas ineficiências vêm ainda juntar-se a proibição da exportação de castanha de caju em bruto no início do período de colheita e o imposto de 18% sobre as exportações, reduzindo mais uma vez o preço pago aos produtores à saída da exploração. Com o apoio de doadores, foram criados sistemas de infor mação de mercado que incluem o sector de caju e colectam regularmente os dados a nível dos distritos; os dados são em seguida transformados pelo INCAJU (ou o Departamento de Estatística do MINAG) em informações difundidas pela rádio.

28 Mas dado o custo elevado de sistemas de informação de mercado independentes e credíveis, a colecta de dados pode não incluir todos os distritos ou não ser feita com a frequência necessária. Além disso, nem sempre tem estado garantida a continuidade das actividades iniciadas pelos doadores, a qual depende da compreensão que os actores envolvidos no sistema têm dos benefícios apenas indirectamente mensuráveis que o sistema proporciona aos produtores. Em muitos casos, as prioridades definidas nos distritos fizeram com que os recursos destinados à recolha de informações de mercado fossem usados para outras actividades mais imediatas. Além disso, o financiamento por parte dos doadores tem enfrentado algumas dificuldades específicas que, por vezes, impediram igualmente o funcionamento ininterrupto das actividades. Particularmente nas zonas mais remotas, os pequenos produtores têm dificuldades em obter informações de mercado independentes e fiáveis. Como os comerciantes dispõem quase sempre de informações melhores, eles detêm um maior poder de mercado, o que reduz igualmente o preço da castanha de caju em bruto pago aos produtores Oportunidades A análise efectuada revela igualmente que, de facto, existem oportunidades para a melhoria da produtividade e da produção de caju na Província de Nampula. Estas oportunidades são sustentadas pelos seguintes factores: Aumento da demanda por castanha de caju no mercado internacional. O mercado mundial de castanha de caju cresceu seis vezes desde os anos de 1980, aumentando de 0,5 milhões de toneladas na época para mais de 3 milhões de toneladas em 2006 e De acordo com as informações obtidas da Technoserve, a taxa de crescimento anual composta ainda continuava sendo superior a 7% durante os cinco anos anteriores a Incremento da capacidade de processamento no país. Tanto a Technoserve como outros doadores têm desenvolvido esforços no sentido de promover o processamento da castanha de caju, de forma que o país conta, hoje, com uma capacidade de processamento de quase toneladas. Além disso, o país está disposto a aumentar esta capacidade para acomodar até mesmo um volume de produção local maior, uma vez que os obstáculos que impediram o incremento da capacidade de processamento entre 2006 e 2008 têm sido removidos, conforme mencionado acima. Forte envolvimento do sector privado no processamento. Enquanto na campanha de 2001/02 havia apenas um processador, os dados da Technoserve indicam que este número já tem aumentado para 25 em Trata-se de empresas privadas obrigadas a competirem com êxito no mercado mundial. Beneficiando actualmente ainda de apoio por parte dos doadores e do INCAJU em forma de garantias bancárias, assim como da protecção que lhes é dada pela proibição de exportações no início de cada campanha e pelo imposto de 18% sobre a exportação de castanha não processada, há uma certa possibilidade de que vários processadores com boas capacidades de gestão mostrem ser suficientemente fortes para competirem com êxito no mercado mundial. Potencial para a exploração de nichos de mercado (p. ex. Comércio Justo). O sector tem potencial para apostar em nichos de mercado que ajudam a obter preços prémio no mercado mundial, por exemplo, através da produção para o selo Fair Trade (Comércio Justo) ou organizações similares. Para poderem tirar proveito disso, os pequenos produtores terão de reunir-se em organizações capazes de desempenhar seu papel na comercialização e na oferta de serviços de extensão, de forma a cumprir as condições estabelecidas pelos parceiros de mercado. Esperado aumento do preço ao produtor. É de se esperar um aumento dos preços ao produtor por três motivos: Aumento da demanda por castanha de caju no mercado mundial. Como já foi mencionado nos capítulos anteriores, a demanda do mercado mundial tem aumentado de forma quase exponencial nas últimas duas décadas. Os autores deste estudo não encontraram nenhum estudo que extrapolasse as tendências passadas para o futuro. Tal estudo teria de considerar o potencial de mercado com base no consumo per capita nos países importadores e, talvez, comparar a evolução ao longo do tempo com outros produtos (p.ex. nozes de macadâmia). Além disso, este estudo teria de levar em conta os efeitos deletérios da alta mundial dos preços de produtos agrícolas em 2008 e a queda subsequente com a estagnação económica em Aumento da demanda por parte da indústria de processamento local. This has been described in the previous chapters. Este aspecto já tem sido descrito nos capítulos anteriores. Neste contexto, não se pode deixar de mencionar que a percentagem maior de processamento de castanha em bruto no país se traduz numa correspondente redução da receita do INCAJU e, por conseguinte, do Governo moçambicano oriunda do imposto sobre a exportação de castanha em bruto. Potencial para a modernização da cadeia de comercialização. O sector apresenta um certo potencial para a redução dos custos de transacção no processo de comercialização, particularmente através da melhor organização dos produtores e da forma como vendem a castanha de caju em bruto. Todavia, as organizações dos produtores necessitam de apoio para poderem implementar estas melhorias. 29

29 Ameaças Os produtores moçambicanos também terão de levar em consideração uma série de ameaças, as quais incluem: Catástrofes naturais que podem destruir os cajueiros (risco crescente de ciclones). O impacto de catástrofes naturais tornou-se claramente manifesto em 2008, quando o ciclone Jókwe passou pela Província de Nampula destruindo 1,47 milhão de cajueiros e mudas enxertadas, além de danificar as infraestruturas em dois viveiros, afectando seriamente sua capacidade para a produção de mudas. Supondo-se que o aquecimento global continue e seja a causa de fenómenos meteorológicos extremos mais frequentes e intensos, é de se esperar que, no futuro, tais catástrofes ocorram com mais frequência. Os danos podem, no entanto, ser minimizados através da adaptação da técnica de cultivo e da forma que se dá às árvores. Cajueiros com uma copa mais aberta e menos densa e uma ramagem mais próxima do solo (tronco de altura média) foram danificados em escala muito menor que as árvores de tamanho regular e copa densa. Potencial redução (a longo prazo) das precipitações em virtude da mudança do clima. Aqueles que acreditam na mudança do clima temem igualmente a grande possibilidade de no futuro ocorrerem precipitações anuais menores. Supõe-se que os efeitos globais da combinação dos impactos positivos (menor incidência de oídio) e negativos (períodos prolongados de stress hídrico) afectarão negativamente a produtividade dos cajueiros, podendo igualmente aumentar a frequência de incêndios descontrolados que danificarão as árvores. Contudo, seria possível compensar os efeitos desta mudança climática através da adaptação das técnicas de produção. Queda dos preços no mercado mundial. Não se deve menosprezar o perigo de o mercado de castanha de caju chegar logo a tornar-se saturado se a produção nos principais países produtores, particularmente na África Ocidental, no Vietname e na Índia, continuar a expandir-se rapidamente. Mais uma vez, só uma projecção baseada num estudo profundo da potencial evolução tanto da demanda como do abastecimento no mercado mundial permitirá, talvez, fazer uma suposição fundamentada. Pode-se presumir que em tal situação os produtores maiores e mais dinâmicos ou mais bem organizados possam persistir no mercado, ao passo que os países com muitos produtores de volumes pequenos e um sector agrícola pouco flexível seriam os primeiros a tornarem-se incompetitivos. Mas como a mão-de-obra representa a maior parte dos custos de produção, os países em que a produção assenta em pequenos produtores poderão, talvez, resistir mais facilmente a períodos de preços em baixa que aqueles onde a produção depende do trabalho assalariado. Políticas nacionais que não promovem o clima de negócios. A missão considera pequena a possibilidade de o Governo moçambicano revogar sua política económica de promoção do sector privado, liberalização do mercado e introdução de políticas fiscais adaptadas. Os fortes vínculos estabelecidos com importantes doadores bilaterais e multilaterais engajados na promoção de políticas económicas direccionadas para o apoio ao desenvolvimento do sector privado podem ser encarados como um factor que faz com que seja muito provável que se mantenha a actual política governamental e, com isso, o desenvolvimento do sector privado e um clima de negócios propicio.

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31 Abordagem e Estratégia de Intervenção Propostas para o Projecto 3.1 Áreas de Intervenção e Campos de Actividade Propostos Outros projectos no sector cajueiro em Moçambique Como foi exposto mais acima, já houve no passado alguns projectos realizados no sector cajueiro em Moçambique. Um projecto de grande porte foi implementado pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) de 2001 até o final de Este projecto no valor total de 4,9 milhões de euros teve por objectivo aumentar a produção e fortalecer os grupos de produtores nos três distritos de Moma, Mogovolas e Angoche situados no Sul da Província de Nampula. De acordo com as informações recebidas, o projecto não tem tido muito êxito e também não foi sustentável. Tem sido reportado, ainda, que a componente de rejuvenescimento obteve apenas pouco sucesso por as taxas de sobrevivência das mudas produzidas terem ficado muito aquém das expectativas. Além disso, as medidas do projecto não conduziram a um aumento sustentável da produção nestes três distritos. A União Europeia financiou igualmente um projecto através da ONG Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA). Este projecto, que teve uma duração de aproximadamente 6 anos e objectivou apoiar a produção de caju em várias províncias moçambicanas, foi encerrado há dois anos atrás. De acordo com o responsável regional, o projecto não tem tido muito êxito e surtiu apenas impactos limitados. Actualmente, a USAID vem financiando projectos no sector cajueiro, sendo o maior o programa AGRIFUTURO, um projecto que visa promover a cadeia de valor de 9 culturas, dentre elas a castanha de caju. O projecto AGRIFUTURO coopera estreitamente com o projecto da Iniciativa Africana do Caju (IAC), estando previsto o desenvolvimento de actividades complementares no sector de caju. O programa AGRIFUTURO está a ser implementado em todo o país. Além disso, a USAID está a financiar um fundo que concede, através dum banco comercial, créditos de até 15 meses a empresas processadoras para que estas possam financiar a matéria-prima para a produção de castanha de caju processada durante o ano todo. Os créditos são concedidos após a apresentação dum plano de actividades e sempre que o cliente dispordum mercado seguro para a venda da castanha processada Aspectos relacionados à produção A análise resultou na identificação de três áreas chave de intervenção consideradas propícias para a introdução de melhorias significantes na situação dos produtores: (a) Rejuvenescimento da população arbórea, (b) Melhorias das técnicas de produção que contribuam para aumentar a produtividade das árvores e a qualidade do produto, assim como (c) Melhoria do processo de comercialização da castanha de caju Rejuvenescimento da população arbórea A idade avançada de muitos cajueiros representa um dos factores chave que influenciam os volumes de produção e deve, portanto, ser tida em devida consideração. Muitas árvores já passaram há tempos da idade em que produzem volumes atraentes de castanha. Estes cajueiros situam-se na faixa etária (>30 anos) em que a produção diminui para níveis que justificam sua reposição (ver o gráfico 3.1 a seguir referente à evolução do rendimento ao longo do tempo de variedades tradicionais de cajueiros), não sendo incomum encontrar árvores com mais de 50 anos de idade. Gráfico 3.1: Produção de castanha de caju em bruto por árvore (kg) Produção por árvore (kg) Idade da árvore (anos) Em virtude de sua idade avançada, estas árvores não possuem o potencial de rendimento de árvores mais jovens, mesmo se forem tratadas de acordo com as melhores práticas recomendadas. Seu rendimento não somente será inferior ao de cajueiros mais jovens cultivados sob condições ideais, como também não atingirá o rendimento de cajueiros mais jovens que recebem apenas um mínimo de tratamento (somente limpeza, sem poda ou pulverização). Já foi exposto que, calculando-se com uma taxa de sobrevivência melhorada de 75% das mudas após o plantio no campo, seria necessário plantar anualmente por volta de mudas de cajueiro na Província de Nampula somente para manter a actual estrutura de idade do parque cajuícola. Também já ficou explicitado mais acima que a 35 40

32 capacidade dos viveiros do INCAJU na Província de Nampula de aproximadamente mudas por ano resulta no plantio eficaz (mudas sobreviventes) de apenas árvores novas nas terras da província. Estimou-se igualmente naquele capítulo que, para substituir um número presumido de 3 milhões de cajueiros velhos demais para serem produtivos durante os próximos 10 anos, seria necessário plantar anualmente árvores adicionais àquelas necessárias para somente manter a actual estrutura de idade. Calculando-se com uma taxa de sobrevivência de 75 a 80%, seria necessário plantar outras mudas na Província de Nampula, o que eleva a o número total necessário de árvores plantadas anualmente durante os próximos 10 anos. Esta situação levou a definir a expansão da produção de mudas para a reposição de cajueiros envelhecidos na Província de Nampula, assim como a redução das perdas ocorridas no intervalo desde o início da produção de mudas até a obtenção duma população plantada de árvores jovens e produtivas como actividades chave a serem implementadas futuramente. Necessidade de transferir os viveiros existentes para o sector privado e apoio ao estabelecimento de viveiros privados adicionais A situação anteriormente descrita é típica para a gestão de viveiros por parte de instituições estatais. No passado, muitos projectos têm tentado melhorar situações como esta sem tocarem na questão de quem é o responsável pela gestão do viveiro e, consequentemente, falharam em atingir as melhorias objectivadas no longo prazo. Este fracasso é devido à falta de competição em sistemas administrados pela mão pública, a qual impede que apenas as instituições geridas eficientemente sobrevivam. É, portanto, imperativo que seja desenvolvida uma estratégia para a transferência dos viveiros já existentes do sector público para o privado dentro dum período de tempo apropriado de, digamos, 3 a 5 anos. Por conseguinte, a missão recomenda urgentemente a definição duma estratégia que assegure esta transferência da responsabilidade pela produção de mudas do sector público para o privado. No futuro, o Estado deveria abster-se de produzir mudas e concentrar sua atenção na regulamentação e supervisão do sector, por exemplo, estabelecendo regras e padrões e certificando tanto os produtores como a produção de mudas. É obvio que os viveiros privados não poderão distribuir as mudas gratuitamente. Uma primeira medida consistirá, portanto, na abolição da distribuição gratuita de mudas aos produtores, mesmo que se trate do INCAJU. De um lado, isto fará com que os produtores valorizem as árvores como investimento que há de ser cuidado. Do outro lado, a comparação então possível dos níveis de eficiência dos diferentes produtores de mudas ajudará a regular que os produtores mais eficientes sobrevivam e assegurará, ao longo do tempo, a introdução de constantes melhorias. Se necessário, os produtores de mudas deverão receber um subsídio durante a fase de transição. Em relação à política a ser adoptada a nível do campo, o projecto não apoiará a reposição de cajueiros individuais, mas sim deverá recomendar a instalação de plantações cultivadas de acordo com as técnicas comprovadas. Assim, os produtores que recebem mudas deverão ser orientados a plantá-las com o espaçamento recomendado de 12 m por 12 m, devendo plantar, pelo menos, meio hectare (cerca de 35 cajueiros) como área mínima. Isto contribuirá para que os produtores encarem seus cajueiros como cultura que vale a pena ser cuidada activamente e para que deixem de apanhar/colher frutos de árvores não cuidadas adequadamente que crescem espalhadas em suas terras. E como o projecto não tem de apoiar os grandes produtores comerciais, convém que seja observado também um limite superior de 10 ou 20 ha. Por conseguinte, recomenda-se que o projecto limite seu apoio à instalação de plantações com um tamanho de 0,5 até 10 ou 20 hectares. Tipos de mudas a serem recomendadas O uso de variedades modernas combinado à aplicação de novas formas de condução dos cajueiros contribui para aumentar a eficiência e a rentabilidade económica da produção de caju. Um elemento chave neste contexto é a maneira de dar forma às árvores. 33 Tabela 3.1: Calendário de actividades na produção de caju Estágio da planta // Actividade humana Mês Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Floração Maturação da castanha Sacha Pulverização Colheita Transplante das mudas

33 34 Como no caso de outras culturas arbóreas, tanto o tratamento como a colheita tornam-se mais fáceis quando não se permite que as árvores cresçam tão altas como agora. O INCAJU comprovou que as variedades de porte baixo, com ramagem pouco acima do solo e formação correspondente da copa, trazem ao produtor as vantagens referidas. Observou-se, igualmente, que estas árvores são muito menos susceptíveis de serem danificadas por tempestades. Desta forma, pode-se minimizar o risco da perda duma grande parte dos cajueiros no caso da ocorrência de ciclones Melhoria do maneio de culturas e pragas O aumento da produção de árvores individuais, independentemente de sua idade, requer a aplicação de toda uma gama de medidas. A combinação de práticas recomendadas é conhecida como maneio integrado de culturas e pragas (MICP). O MICP inclui normalmente medidas preventivas (poda, corte de rebentos laterais indesejados, sacha, controle biológico de organismos prejudiciais e, se necessário, o uso de produtos químicos para o controle de pragas). As medidas de prevenção são complementadas por medidas de emergência destinadas ao combate de organismos prejudiciais no caso de surtos actuais de doenças ou ao serem observados ataques mais intensos. Tais medidas de emergência podem ser tratamentos químicos (pulverização), sendo que sua aplicação está sujeita à consideração rigorosa dos limiares económicos. Por enquanto, o MICP em Moçambique integra apenas medidas preventivas e inclui pulverizações baseadas em calendários fixos duma parte da cultura, com subsídios disponibilizados através do INCAJU. O gráfico 3.1 (página 33) a seguir mostra as actividades desenvolvidas na produção da castanha de caju e indica os períodos do ano em que são realizadas. Regime de pulverização O INCAJU está a apoiar produtores que possuem, pelo menos, 100 cajueiros para que estes se tornem provedores de serviços de pulverização para o tratamento das árvores de outros produtores. Neste sistema, os produtores seleccionados recebem dois dias de treinamento, um subsídio para a aquisição dum atomizador e estão em seguida autorizados a tratar os cajueiros de outros produtores consoante as recomendações do INCAJU, o qual também fornece gratuitamente aos provedores os produtos químicos necessários. Os produtores que encarregam a pulverização de suas árvores pagam ao provedor do serviço uma quantia recomendada pelo INCAJU (entre 15 e 20 MT/ cajueiro para várias aplicações durante a campanha de 2009/2010). Como os pequenos produtores dispõem apenas duma pequena renda em dinheiro, alguns provedores aceitam um pagamento em espécie de 2 a 3 kg de castanha de caju por árvore tratada, o que, tomando-se por base o actual preço de 10 a 13 MT/kg, significa um lucro bom para os provedores. Para a Província de Nampula, o INCAJU recomenda 3 pulverizações com dois intervalos de 3 semanas, sendo possível aumentar o número de aplicações em caso de necessidade. Este sistema apresenta os seguintes pontos fracos: A técnica de pulverização baseada em calendários fixos conduz ao uso excessivo de pesticidas; O número de provedores de serviços de pulverização é insuficiente, particularmente nas zonas mais remotas, e apenas 20 a 25% de todos os cajueiros estão a ser tratados quimicamente; Os provedores de serviços de pulverização tendem a tratar prioritariamente as suas próprias árvores, assim como as de proprietários de um grande número de cajueiros; Alguns pequenos produtores reclamam que os provedores não tratam as árvores com o cuidado necessário; As fortes subvenções a este sistema não são sustentáveis a longo prazo; Com um preço da castanha de caju em bruto por volta de 10 MT/kg, a pulverização é economicamente viável se ela conduzir a um aumento de, pelo menos, 2 a 3 quilos do rendimento por árvore. Ao tratar-se de cajueiros muito velhos, torna-se questionável se a pulverização se traduz num benefício adicional para o produtor, pois se o potencial de rendimento da árvore não permitir um incremento de, pelo menos, 4 a 5 kg/cajueiro, a medida não será rentável para o produtor Melhorias na comercialização Frequentemente, torna-se necessário proceder a melhorias na comercialização para complementar os aumentos da produção. Esta afirmação é também válida para o sector de caju. A introdução de melhorias nesta área pode contribuir significativamente para aumentar a renda dos produtores. A introdução de melhorias exige, de um lado, que o Governo moçambicano crie condições favoráveis, por exemplo, revisando, a longo prazo, a viabilidade do actual imposto sobre a exportação de castanha de caju em bruto, assim como a proibição da exportação até o final de Dezembro de cada ano. Este imposto pode ser justificado como protecção das unidades de processamento domésticas durante a primeira fase de estabelecimento desta indústria. Mas, no longo prazo, os processadores moçambicanos deverão tornar-se competitivos no mercado mundial e ser capazes de sobreviver sem serem protegidos pelo imposto sobre a exportação de castanha de caju em bruto. A disponibilização de melhores informações de mercado pode igualmente contribuir para a melhoria das condições para a comercialização do caju. Tal sistema de informação é de interesse vital particularmente para os produtores, os quais muitas vezes

34 vendem seus produtos aos compradores e comerciantes mais próximos sem estarem informados sobre os preços de caju praticados a nível regional. Estes produtores vivem muitas vezes em condições (p.ex., falta de oportunidades de estocagem e/ou meios de transporte, fome aliada à necessidade urgente de ganhar dinheiro) que já de antemão os impedem de vender suas castanhas noutro lugar, mas a disponibilidade de informações melhores sobre os preços praticados irá, provavelmente, conduzir em alguns casos a uma renda maior para os produtores. Do outro lado, os produtores podem ganhar organizando-se em associações ou de outra forma para oferecerem lotes de venda maiores, mais homogéneos e, portanto, mais atraentes para os compradores. Como algumas das medidas anteriormente citadas estão fora do controle dos produtores, é necessário promover a acção conjunta de todos os actores envolvidos, a fim de facilitar a implementação das mudanças necessárias nesta área. A CLUSA, por exemplo, está a apoiar o processo de criação de organizações de produtores na Província de Nampula e suas actividades de promoção da comercialização conjunta deveriam englobar a castanha de caju. A venda por parte duma associação ou cooperativa apresenta várias vantagens. Lotes maiores e mais homogéneos são mais atraentes para os compradores. Ao vender seu produto juntamente com outros, um vendedor individual encontra-se numa posição melhor para negociar um preço mais alto. Uma associação bem administrada pode instalar um armazém pequeno onde os sócios podem estocar seus produtos até o final da campanha quando os preços geralmente aumentam. Os produtores organizados têm também mais facilidade em vender sua produção directamente às unidades de processamento, contornando, assim, os intermediários que operam frequentemente ao longo da cadeia de valor. É necessário conscientizar os produtores sobre a potencial renda adicional que pode ser gerada através de formas cooperativas de comercialização. Por conseguinte, é necessário promover a acção conjunta de todos os actores envolvidos, a fim de facilitar a implementação das mudanças necessárias neste domínio. Uma série de doadores e ONGs, tais como a CLUSA, ADPP e a SNV, estão a apoiar a criação de organizações de produtores na Província de Nampula. Estes esforços podem passar a integrar a comercialização conjunta de vários produtos agrícolas, sendo a castanha de caju apenas um deles. A Iniciativa Cajueira Africana concentrará seus esforços precisamente neste processo de criação de grupos de produtores capazes de funcionar. Além de oferecer serviços de extensão agrícola aos grupos das EMCs, o projecto apoiará os produtores participantes na sua auto-organização para a comercialização conjunta. Esta auto-organização pode dar-se sob forma duma associação ou cooperativa, mas não há necessariamente que ser formalizada. O que realmente importa é dotar os produtores dos conhecimentos e das capacidades necessárias para que estes saibam como vender sua produção conjuntamente; isto poderá, por exemplo, incluir a explicação dos potenciais benefícios, o ensino de competências empresariais, possivelmente medidas destinadas a construir um depósito ou, ainda, instalações para a classificação de acordo com a qualidade Aspectos económicos e impactos esperados do projecto Entre os membros da comunidade dos pequenos produtores há muitos analfabetos, motivo pelo qual muitos não são capazes de estimar realisticamente os aspectos económicos ligados à produção de culturas, muito menos ainda no caso de culturas perenes como o caju. Contudo, mesmo em tais circunstâncias e mesmo aceitando que a tomada de decisões não deve ser baseada única e exclusivamente no critério da rentabilidade, os produtores têm de conhecer os aspectos económicos da produção de caju e têm de ser conscientizados sobre as implicações ligadas à manutenção duma actividade empresarial deficitária por vários períodos sem que sejam tomadas providências destinadas a tornar a actividade economicamente mais rentável ou que se passe a produzir outras culturas que proporcionem uma renda maior. Os produtores de caju têm de ser capazes de calcular ou, pelo menos, estimar com uma exactidão aceitável a relação custo/ benefício de mudanças introduzidas ao sistema de produção (isto é, de diferentes intensidades de produção, por exemplo, comparando o trato mais ou menos intensivo dos cajueiros). Outro factor, ainda mais importante, a ser levado em cálculo é o facto de os cajueiros atingirem seu pico de produtividade apenas no ou por volta do décimo ano. Por conseguinte, é indispensável que os produtores, ao instalarem plantações novas ou procederem ao rejuvenescimento de plantações já existentes, considerem também os aspectos ligados à análise de investimento e à liquidez. Semelhantemente, um produtor tem de ser capaz de comparar a viabilidade dum investimento na produção de caju com outras alternativas, incluindo culturas anuais, devendo igualmente saber como avaliar os aspectos referentes aos riscos e aos níveis variáveis de susceptibilidade das culturas alternativas ao risco inerente às variações climáticas como, por exemplo, períodos de seca. É, portanto, imperativo melhorar a conscientização dos produtores de caju sobre os aspectos económicos da produção de castanha de caju, assim como capacitá-los para a avaliação dos aspectos económicos ligados às diferentes opções. 35

35 Impactos a nível das explorações agrícolas Já foi explicitado anteriormente que os pequenos produtores não cuidam realmente dos cajueiros, mas, sim, se limitam a colher as castanhas. Virtualmente, o caju não lhes acarreta custos. Tomando-se por base um rendimento de três kg/árvore e um preço de 10 MT/kg, a renda obtida com a castanha situa-se por volta de 30 MT/cajueiro, o que equivale a cerca de MT por hectare. Além disso, os produtores usam o pseudofruto seco para produzir aguardente que tem um preço de mercado por volta de 20 MT/l. Em muitos casos, a aguardente é utilizada para pagar os trabalhadores ocasionais recrutados para a colheita. Na Província de Nampula, a missão recebeu a informação de que os produtores obtêm, em média, 0,125 l de álcool por cada quilo de castanha colhido. Gráfico 3.2: 3 kg/ árvore Rendimento de caju / renda: x 10 MT/kg = 30 MT/ árvore x 70 árvore/ha = MT/ha Outros produzem sumo de caju e o consomem em casa ou o vendem no mercado se a exploração agrícola estiver localizada perto duma vila ou duma estrada de maior movimento. Os produtores de caju em outras regiões parecem dispensar mais atenção à produção de aguardente, provavelmente por disporem de melhores oportunidades de mercado, tal como é o caso na Província de Gaza, localizada mais perto do grande mercado de Maputo e muito frequentada por turistas que são potenciais clientes. Alguns produtores relataram que suas receitas obtidas com a venda de aguardente têm sido tão altas quanto a receita obtida com a venda de castanha, o que aumentou significantemente sua renda total. As diferenças em relação à produção de aguardente podem também ter motivos religiosos, dado que a Província de Nampula é mais fortemente habitada por muçulmanos que a região Sul do país. A seguir tem sido feita uma análise do fluxo de caixa (ver a próxima página) duma plantação de caju nova para avaliar a rentabilidade do caju e analisar o benefício adicional gerado para os pequenos produtores pela adopção de melhores práticas de cultivo. O fluxo de caixa total considera um período de 25 anos, mas como há apenas pouco espaço numa página, apresentam-se apenas 17 anos. Não obstante, é importante saber que se parte do pressuposto de que até o 25º ano cada ano tenha as mesmas entradas e saídas. Os pequenos produtores realizam todo ou a maior parte do trabalho nas suas explorações agrícolas com o auxílio de seus familiares. Como não há oportunidades de emprego nas zonas rurais da Província de Nampula, particularmente para mão-de-obra não qualificada, torna-se desnecessário considerar os custos de oportunidade e a mão-de-obra familiar não representa um item de custo para o pequeno produtor. Não obstante, o cálculo do fluxo de caixa leva em consideração duas alternativas: a primeira exclui os custos de mão-de-obra, partindo do pressuposto de que o pequeno produtor instala e cultiva sua plantação apenas com o auxílio de seus familiares, enquanto que a segunda toma por base um produtor comercial que tem de contratar e pagar mão-de-obra ocasional para todos os trabalhos necessários no cajual (ver a análise do fluxo de caixa na tabela a seguir). Para um produtor comercial, os custos de mão-de-obra nos primeiros dois anos representam o principal factor de custo ligado à instalação duma plantação de caju. Estes custos contribuem com mais de 80%, enquanto que as mudas perfazem os restantes 20% do custo total. Em contraste, o pequeno produtor tem de arcar apenas com os custos das mudas. Durante o pico da produção, isto é, entre o 16º e o 25º ano, os custos de mão-de-obra perfazem cerca de metade do custo total havido por um produtor comercial, sendo que a outra metade se refere a custos de pulverização. Gráfico 3.3: Custos durante a instalação 20% Distribuição dos custos 80% Custos durante o pico de produção 50% 50% Mão-de-obra Mudas Mudas O saldo do fluxo de caixa (a margem obtida após a dedução dos custos anuais das receitas anuais) eleva-se a um valor em torno de MT/ha (207 dólares/ha) desconsiderando-se o custo da mão-de-obra e a MT/ha (98 dólares/ha) incluindo o custo da mão-de-obra. Nestes anos, o valor da mão-de-obra de cerca de 55 homens-dia por hectare (ha) gira em torno de 110 MT ou 3,80 dólares por dia (saldo do fluxo de caixa sem custo de mão-de-obra dividido pelos dias de trabalho necessários), enquanto que um trabalhador ocasional custa por volta de 50 MT/dia. Em outras palavras: ao trabalhar numa plantação de caju, a mão-de-obra familiar ganha o equivalente ao dobro do salário dum trabalhador ocasional que pode ser tomado por base para indicar o custo de oportunidade.

36 Tabela 3.2: Análise do fluxo de caixa duma plantação de caju Análise do fluxo de caixa duma plantação de caju (25 anos) Ano Unidade Entradas Produção de castanha de caju/árvore Kg/árvore 10 1, ,5 8 8,6 8,8 9 9,2 9,4 9,6 9, Rendimento de castanha de caju/árvore MT/árvore 10,0 30,0 50,0 70,0 75,0 80,0 86,0 88,0 90,0 92,0 94,0 96,0 98,0 100,0 100,0 100,0 Produção de castanha de caju/ha kg/ha 70,0 210,0 350,0 490,0 525,0 560,0 602,0 616,0 630,0 644,0 658,0 672,0 686,0 700,0 700,0 700,0 Rendimento de castanha de caju/ha MT/ha Rendimento de aguardente/ha (0,125 l/kg de castanha) l/ha Renda bruta total MT/ha Renda bruta total (MT/ha) MT/ha Renda bruta total ($/ha) $/ha Preç/ unid. Quantidade Saídas Custo de mão-de-obra Preparo do solo Homens-dia/ha Preparo das linhas de plantio, escavação das covas Homens-dia/ha Transporte das mudas para o campo (3 km) Homens-dia/ha Plantio Homens-dia/ha Irrigação das mudas Homens-dia/ha Replantio de mudas faltantes (20%) Homens-dia/ha Limpeza) (1 hora/árvore, 2 vezes) Homens-dia/ha Poda (1 hora/árvore) Homens-dia/ha Colheita (1,5 MT/kg) MT/kg 1, Secagem da castanha de caju dias Secagem dos pedúnculos dias Produção de aguardente (1 l/8 kg de castanha) dias Custo de mão-de-obra total Insumos Mudas (quant. necessária + 20%) (incl. transporte) Muda Custos de pulverização/ha (sem prod. químicos) MT/árvore Voltraid (10 ml/árvore, 3 vezes) l 0, karate (5 ml/árvore, 2 vezes) l 0, Total saídas,s/custo de mão-de-obra (MT) Saldo fluxo d/caixa (marg.bruta 1) (MT/ha) Saldo fluxo d/caixa (marg.bruta 1) ($) IRR 68% Total Outflows incl. Labour costs (MTs) Saldo fluxo d/caixa (marg.bruta 2) (MT) Saldo fluxo d/caixa (marg.bruta 2) ($) IRR 12% 37

37 38 Gráfico 3.4: Saldo do fluxo de caixa MTs/ha MTs/ha Custo da mão-de-obra excluído MTs/ha Custo da mão-de-obra incluído Quando não se tem de levar em consideração o custo da mãode-obra (caso dos produtores familiares), a produção de caju apresenta uma taxa interna de retorno (TIR) muito alta de cerca de 68% calculando-se com 25 anos. No caso da inclusão do custo da mão-de-obra, esta taxa é reduzida para um valor em torno de 12%. Todavia, o lucro e, por conseguinte, a taxa interna de retorno, poderão ser aumentados através da intercalação de outras culturas alimentares durante os primeiros três anos. Uma cultura considerada apropriada para o efeito é o sésamo, que também apresenta uma elevada tolerância ao calor e ao stress hídrico, rendendo um produto (grãos) e um subproduto (palha) de uso múltiplo. Estas vantagens são, ainda, complementadas pelo facto de haver no país uma elevada demanda pelo sésamo, de o preço ser atraente e a margem bruta prometedora. Neste caso, o saldo do fluxo de caixa será positivo já a partir do primeiro ano, se não se considerar o custo de mão-de-obra e, por conseguinte, não é possível calcular a TIR (que seria indefinida). No entanto, levando-se em consideração o custo de mão-de-obra, a TIR situar-se-á em torno de 62%. Após o décimo ano, com os cajueiros em plena fase de produção, o saldo do fluxo de caixa (comparável à margem bruta duma plantação já existente ou duma cultura anual) é de aproximadamente MT/ha/ano (200 dólares) desconsiderando-se o custo de mão-de-obra e de cerca de MT/ha/ano (100 dólares) incluindo-se integralmente o custo de mão-de-obra Impacto esperado em relação à redução da pobreza Tomando-se por base um rendimento estimado de 3 kg por árvore e 70 árvores/ha, um pequeno produtor que simplesmente se limita a apanhar as castanhas irá actualmente colher 210 kg de castanha de caju por hectare. Com um preço médio de 10 MT/kg, a margem bruta seria de MT/ha (equivalendo a cerca de 70 dólares). Comparada aos MT/ha com a nova plantação e/ou as técnicas de cultivo melhoradas, isto significa que a renda é mais que duplicada. Com a aplicação do MICP aos cajueiros já existentes, pode-se calcular com um aumento do rendimento de 5 kg/árvore (de 3 kg/árvore para 8 kg/árvore). Mesmo levandose em consideração que o produtor terá de pagar, em média, pelo menos 2 kg/árvore pelo serviço de pulverização, o benefício adicional (desconsiderando-se a necessidade adicional de mão-de-obra) é de 3 kg de castanha por cajueiro, resultando na duplicação da renda obtida pelo produtor de actualmente 70 dólares por hectare e ano. Dependendo do número de árvores ou da área, este incremento da renda varia de uma exploração agrícola para a outra. Cada pequeno produtor possui, em média, entre 20 a 30 cajueiros. Isto significa que o potencial dum aumento da renda através da simples pulverização dos cajueiros já existentes é, em média, de 30 dólares/ano para um pequeno produtor. Neste contexto há que salientar que este aumento do rendimento só poderá ser atingido se os cajueiros não estiverem já em idade muito avançada o que é frequentemente o caso e responderem à aplicação das técnicas de cultivo melhoradas. Estes cálculos evidenciam claramente que, só com os cajueiros existentes, o impacto em relação á redução da pobreza da maioria dos pequenos produtores tem de ser considerado muito limitado. Tomando-se por base um impacto de 30 dólares/ano e uma família de 6 pessoas, a contribuição para a renda diária é de meros 0,014 dólares/dia para cada membro da família. Uma contribuição significativa só pode ser alcançada, no longo prazo, através da instalação de plantações novas de, pelo menos, dois ou três hectares para cada pequeno produtor. Como foi mostrado mais acima, 1 ha em plena produção, desconsiderando-se o custo de mão-de-obra (presumindo-se que o trabalho necessário seja realizado integralmente pelos familiares), proporciona uma margem bruta por volta de 200 $/ha/ ano, o que equivale a cerca de 0,09 $/ano para cada membro da família. Se, portanto, o produtor cultivar uma área de 3 ha, o efeito de redução da pobreza para cada membro da família será, a longo prazo, de algo em torno de 0,30 $/dia Impacto sobre o volume de produção Para produzir um impacto visível, o projecto deverá, durante a fase de implementação de 3 anos, atingir por volta de 10% dos produtores de castanha de caju (ou seja, cerca de ) na Província de Nampula. Como já foi discutido antes, o aumento da produtividade média de agora 3 kg/árvore para 8 10 kg/árvore através da adopção de técnicas de maneio apropriadas na Província de Nampula é considerado realístico. Este aumento de 5 kg/árvore significaria, para um produtor típico que possui 30 árvores, um aumento de sua produção anual na ordem de 150 kg, o que corresponde a mais que o dobro de sua produção actual.

38 O aumento da produção total nos distritos-piloto dependerá do nível de utilização do conjunto de medidas técnicas recomendadas (em termos de adopção integral, parcial ou não adopção). Partindo-se do pressuposto de que 100% dos produtores que o projecto visa atingir adoptem as medidas recomendadas, a produção total adicional poderia beirar a marca de toneladas por ano, o que corresponde, pelo menos, a 10% do actual volume de produção na província e a 5% do volume de produção nacional. Mas, de um lado, nem todos os produtores participantes das EMCs aplicarão as técnicas de MICP recomendadas integralmente ou de forma 100% correcta, o que terá um impacto sobre o aumento médio do rendimento. Do outro lado, os futuros membros das EMCs possuirão uma quantidade de cajueiros acima da média, pois a experiência mostra que os produtores que possuem mais árvores ou plantações maiores demonstram mais interesse por tecnologias novas e inovações. No plano nacional, os efeitos do projecto traduzir-se-ão num aumento das receitas do Governo moçambicano oriundas do imposto sobre as exportações, o qual terá de ser contrabalançado pelo volume maior de subsídios destinados à aquisição de pesticidas e atomizadores, assim como, a médio e longo prazo, pela necessidade de ampliar consideravelmente a produção de mudas que actualmente estão a ser distribuídas gratuitamente aos produtores. Os efeitos anteriormente descritos e a ideia de que o Governo poderá, no longo prazo, empreender maiores esforços no sentido de apoiar a criação de capacidades no sector privado para a produção de mudas e a prestação de serviços fazem sugerir que, após um período de transição, seja possível reduzir as intervenções subvencionadas directas do governo na produção e, por conseguinte, os custos ligados a tais subvenções Impacto sobre a qualidade da produção Os produtores organizados poderiam facilmente efectuar uma primeira selecção qualitativa da castanha de caju em bruto que, por enquanto, normalmente não é paga de acordo com sua qualidade. Os compradores pagam sempre o mesmo preço, sem remunerarem a produção duma qualidade superior. Mas, pelo menos, alguns processadores declararam estar dispostos a pagar de acordo com determinados critérios de qualidade, se tal sistema fosse introduzido eficazmente. Um produtor individual que não dispõe duma possibilidade de armazenamento certamente terá dificuldades em proceder à selecção das castanhas, enquanto que uma associação ofereceria esta possibilidade. Isto, por sua vez, implica que a produção geral seja suficientemente alta, para fazer com que as castanhas de qualidade inferior sejam menos procuradas pelos compradores. Por enquanto, todavia, a castanha sempre encontra um comprador no mercado moçambicano, seja qual for a sua qualidade. Actualmente, existe apenas uma unidade de processamento que remunera uma qualidade superior pagando até 2 MT (20%) a mais que por uma qualidade média. Em virtude da alta demanda, os produtores podem vender a castanha de caju de baixa qualidade pelo preço normal de mercado. Mas este processador está a misturar as castanhas de alta qualidade (com tamanho maior) com outra matéria-prima, pois em caso contrário estaria tratando desigualmente os trabalhadores, o que poderia suscitar dissonâncias já que todos os trabalhadores são pagos por quilo de castanha processada e aqueles que processam as castanhas de qualidade superior estariam tirando vantagem. Boas práticas de cultivo, tais como a poda, o maneio de pragas, a sacha e a reposição de árvores muito velhas por plantações novas de cajueiros, são as medidas mais importantes a serem adoptadas para aumentar a qualidade da castanha de caju. Com vistas a atingir este objectivo, o projecto engloba a transferência aos produtores de conhecimentos sobre as melhores práticas de cultivo do caju por parte de técnicos extensionistas e dos facilitadores das EMCs, assim como o desenvolvimento de consideráveis esforços no sentido de rejuvenescer o parque cajuícola nos quatro distritos-piloto. Para este efeito, será necessário desenvolver uma estratégia eficiente para o estabelecimento de viveiros e convencer tanto os políticos como outros doadores e as ONGs a deixarem de subvencionar a produção de mudas, dando ao sector privado a oportunidade de acessar este mercado. 39 Como mencionado anteriormente, a qualidade da castanha de caju fornecida pelos produtores situa-se abaixo da média internacional. São concebíveis várias soluções para elevar o nível de qualidade, mas, preliminarmente, há que constatar que enquanto os processadores e exportadores não mostrarem disposição para pagar preços que variam de acordo com a qualidade, os produtores não terão nenhum incentivo para produzirem castanha de qualidade elevada, tal como é actualmente o caso.

39 Estratégia de Implementação Abordagem metodológica O grande número de analfabetas entre os pequenos produtores de caju, assim como as dificuldades existentes em relação ao uso de modernos meios de comunicação, assim como a necessidade de dirigir-se a muitos actores envolvidos, particularmente às mulheres, antes nos idiomas locais do que em português, sãomotivos que favorecem a adopção dum sistema escalonado para a transferência prevista de conhecimentos. Este sistema prevê a multiplicação do número de pessoas atingidas pelo pessoal do projecto e o acompanhamento das mudanças introduzidas ao nível dos produtores por parte de pessoas próximas dos produtores ou do próprio grupo de produtores. A abordagem das Escolas na Machamba do Camponês (EMCs) provou ser altamente eficiente em outros países africanos, onde a situação dos pequenos produtores é comparável àquela em Moçambique. A caixa de texto logo abaixo descreve as características principais da abordagem das EMCs. Pontos fortes da abordagem das EMCs Educação de adultos: As EMCs asseguram que o conhecimento/a experiência dos produtores adultos seja integrada no programa. Facilitadores convincentes: Por eles mesmos cultivarem o caju, os facilitadores empregados são mais convincentes para os membros dos grupos. Estes facilitadores são geralmente colegas provenientes do mesmo vilarejo ou dum povoado vizinho. Eles são eleitos pelo grupo e recebem um treinamento, motivo pelo qual sua opinião é respeitada. Apoio baseado na fenologia da cultura e limitado no tempo: O apoio prestado aos produtores baseia-se na fenologia do cajueiro e continua ao longo do ano, assegurando que os produtores possam imediatamente usar e praticar o que estiverem a aprender, não sendo sobrecarregados por conhecimentos teóricos que não podem ser aplicados na hora. Estudo em grupos: Os membros do grupo podem ajudar-se mutuamente com suas experiências e seus pontos fortes individuais. Localização das escolas: As aulas são sempre realizadas na comunidade em que os produtores vivem, o que lhes facilita o atendimento. A EMC escolhe um grupo de árvores nas quais as técnicas recomendadas são demonstradas e aplicadas pelos membros do grupo. Nestas árvores, os participantes praticam as operações que mais tarde repetem em seus próprios cajueiros. Formação de grupos: Uma das tarefas dos facilitadores consiste em apoiar a EMC no desenvolvimento dum espírito de grupo para assegurar que os participantes continuem a apoiar-se mutuamente também após o término da EMC. Isto é feito através da eleição de responsáveis (chefe, tesoureiro e secretário), o que cria uma identidade de grupo. Estes grupos podem até mesmo optar pela extensão de suas actividades à área de comercialização criando uma associação de comercialização. Conhecimentos básicos: As EMCs focalizam os processos básicos através de observações no campo, estudos de investigação ao longo de toda a estação e actividades práticas. Mostrou-se que os produtores, ao combinarem os conhecimentos básicos adquiridos com suas próprias experiências e necessidades, são capazes de tomar decisões eficientes. Campos de ensaio: A EMC determina um grupo de árvores como campo de ensaio para o estudo em grupo onde os produtores podem praticar as técnicas recomendadas e realizar estudos sem incorrerem em riscos pessoais. Nestes campos de ensaio, os grupos podem tratar um conjunto de árvores de modo tradicional e outro de acordo com as técnicas recomendadas. Desta forma, os participantes podem convencer-se pessoalmente das vantagens oferecidas pelas técnicas recomendadas. Avaliação e certificação: No final do período de produção, avaliam-se economicamente os resultados obtidos no campo de ensaio com o maneio tradicional e a técnica melhorada. As EMCs podem incluir testes preliminares e posteriores para os participantes. Neste caso, poderão ser emitidos certificados que têm um efeito motivador particularmente para aqueles que não dispõem de certificados escolares regulares. Acompanhamento: Normalmente, todas as EMCs deverão incluir um período prolongado de acompanhamento, durante o qual os facilitadores apoiam os grupos mesmo depois de encerrado o envolvimento directo do projecto. Em se tratando da demonstração do plantio (plantação nova ou reposição de árvores velhas) de cajueiros, recomenda-se um período de acompanhamento de 3 a 5 anos. Acções comunitárias: Uma vez introduzida a comunidade à acção em grupo, as EMCs poderão promover outras actividades comunitárias, o que resultará em outros benefícios socioeconómicos para a população rural. Adaptação extraída de: Gallagher, K.D.: Farmers Field Schools (FFS) A Group Extension Process Based on Adult Non-Formal Education Methods. Global IPM Facility 1999 Ver:

40 Este sistema apresenta adicionalmente a vantagem sobre o esquema de Treinamento e Visitas, ainda muito em uso, por tornar as actividades de campo mais independentes da situação financeira muitas vezes precária dos serviços de extensão oficiais. No sistema das EMCs, os extensionistas supervisionam/prestam apoio técnico aos facilitadores (até 5 ou 6 por extensionista) que fazem parte da comunidade de produtores e receberam treinamento correspondente. Os facilitadores, por sua vez, orientam/acompanham ao longo de toda a estação os grupos de produtores formados ao nível dos vilarejos. Um facilitador pode trabalhar com até 3 grupos compostos por 20 a 30 produtores e dispõe, normalmente, de experiências práticas com a cultura focalizada pelo programa. Obedecendo a estes critérios, propõe-se os distritos de Mogovolas, Moma, Angoche e Mogincual para a implementação. Estes distritos estão localizados um perto do outro na região sudeste da Província. Gráfico 3.6: Distritos na Província de Nampula propostos para a implementação do projecto 41 A estrutura acima descrita é também proposta para o projecto ora apresentado (ver o gráfico 3.7 no capítulo 3.2.2). O fluxo geral de actividades é apresentado no esquema a seguir. Gráfico 3.5: Fluxo de actividades em programas de extensão que se servem de EMCs Formação de facilitadores (treinamento tecnicamente eficiente de facilitadores) EMCs curso de campo básico organização em grupos métodos de investigação Acções comunitárias comercialização conjunta da castanha de caju clubes, etc. aquisição conjunta de insumos Área e estrutura organizacional da implementação Distritos propostos para a implementação Recomenda-se que não seja feita a tentativa de implementar a estratégia em toda a província, mas sim em quatro distritos-piloto. A implementação da estratégia proposta parece ser viável diante dos recursos disponíveis, como mostra o cálculo mais abaixo. A implementação ocorrerá em quatro distritos da Província de Nampula, sendo que a selecção dos distritos propostos (ver o mapa gráfico 3.6 abaixo) obedeceu aos seguintes critérios: O distrito seleccionado é um dos principais distritos produtores de castanha de caju da província; Todos os distritos estão localizados perto um do outro, para facilitar a logística e o apoio técnico proporcionado pelo pessoal do projecto em Nampula; Elevada densidade populacional (pelo menos 25% da população total da Província vive nestes quatro distritos); A população total destes quatro distritos deve girar em torno de 1 milhão de habitantes ( famílias, das quais 80% ou são famílias rurais); Existência de unidades de processamento nos distritos (pelo menos 5 unidades nos quatro distritos); Existência de organizações de produtores; Número suficiente de pessoal técnico do INCAJU e do MINAGRI para atender as necessidades do projecto Estrutura organizacional O projecto deverá evitar a criação de estruturas de extensão paralelas, dado que isto causaria, ao longo prazo, custos elevados que, no final, não poderiam mais ser geridos de forma sustentável. Por outro lado, tanto o INCAJU como o MINAG dispõem de pessoal nesses distritos que actualmente anda subocupado por vários motivos, dentre eles a escassez de recursos financeiros disponíveis para cobrir em tempo os custos correntes de transporte, comunicação, etc., a administração fraca, procedimentos burocráticos, etc. Por esse motivo e embora a imagem do INCAJU não seja das melhores, a equipa recomenda a cooperação estreita com esta organização governamental. Ela é a única organização a dispor de conhecimentos específicos do sector de caju e conta com um número suficiente de agentes de extensão a nível distrital. Além disso, o INCAJU tem grande interesse em cooperar com o projecto, conforme nos informou seu director. A organização do projecto obedecerá à estrutura comprovada em outros países no âmbito do projecto "Iniciativa Africana do Caju (IAC) Análise da Cadeia de Valor do Caju em Moçambique" sediado em Accra, Gana (ver o diagrama 3.7 a seguir). A estratégia deverá ser definida e aprovada por um comité director composto de representantes de importantes actores

41 42 Gráfico 3.7: Estrutura organizacional proposta para a componente "Moçambique" do projecto Escritório reg. Accra, Gana Coord. em 5 outros países Coordenador nac. Moçambique Coordenador Moma Coordenador Mogincual Coordenador Angoche Coordenador Mogovolas extensionistas p/ posto administrativo 1 2 extensionistas p/ posto administrativo 1 2 extensionistas p/ posto administrativo xx x facilitadores x facilitadores x facilitadores xx EMC EMC EMC EMC EMC EMC EMC EMC EMC xxx envolvidos no sector de caju em Moçambique e, particularmente, na Província de Nampula, tais como o INCAJU nos planos nacional e provincial, ONGs que operam no sector de caju em Nampula, assim como representantes de organizações de produtores, da indústria de processamento, comerciantes, exportadores, etc. O comité director deverá reunir-se duas vezes por ano e uma de suas tarefas consistirá em exercer actividades de "lobbying" para promover o sector de caju e em coordenar e harmonizar as estratégias e actividades entre os diferentes actores que operam neste sector Pessoal do projecto Capacidade necessária Para atingir, durante o período de implementação de 3 anos, os produtores almejados pelo projecto, o número de EMCs deverá crescer de 120 no primeiro ano para 540 no segundo e terceiro ano. A tabela 3.3 abaixo indica o número de pequenos produtores atingidos e dos extensionistas necessários para o treinamento e a supervisão dos facilitadores no primeiro ano (proporção de 1:5), assim como no segundo e terceiro ano (proporção de 1:6). Tabela 3.3: Número de produtores atingidos e de EMCs, facilitadores, extensionistas e coordenadores distritais necessários Especificação Produtores EMCs Facilitadores Extensionistas Coordenadores distritais Para o projecto ora proposto, os facilitadores que acompanham os grupos de produtores deverão ser seleccionados dentre os produtores de caju no âmbito dum processo participativo realizado ao nível dos vilarejos ou das comunidades. Considera-se que os provedores de serviços de pulverização possam ser candidatos prováveis para esta função. Pessoal do projecto proposto O projecto contará com um coordenador nacional que trabalhará a partir dum escritório em Nampula e será apoiado por um coordenador adjunto (economista agrícola), um perito em promoção de organizações de produtores, assim como um administrador de escritório (incumbido de tarefas de secretaria e contabilidade). A equipa será complementada por um motorista e guardas. O escritório em Nampula trabalhará com 4 coordenadores distritais, um para cada distrito, dos quais cada um manterá contacto com 5 a 10 extensionistas. Cada extensionista (8 no primeiro ano e 36 no segundo e terceiro ano) acompanhará, por sua vez, 5 ou 6 facilitadores. Cada um dos facilitadores (40 em 2010 e 120 em 2011 e 2012, respectivamente) trabalhará com três EMCs. Desta forma, será possível acompanhar 120 EMCs no primeiro ano e 540 no segundo e terceiro ano, respectivamente. Este sistema permitirá atingir produtores de castanha de caju no primeiro ano, no segundo ano e outros no terceiro ano, ou seja, um total de produtores durante o período de implementação proposto de 3 anos de duração. Coordenador nacional, coordenador adjunto (economista agrícola) e perito em organizações de produtores 3 3 3

42 O coordenador do projecto será apoiado por um coordenador da GIZ (perito júnior) a meio tempo vinculado à agência da GIZ em Maputo. Suas tarefas incluirão o apoio técnico à gestão de assuntos financeiros, assim como à realização dos cursos de treinamento e das actividades de M&A do desempenho do projecto, particularmente no que se refere à logística e à contratação de peritos nacionais em missão de curto prazo. Além disso, ele tratará de apoiar a interacção do projecto com outros doadores e ONGs e de promover o diálogo entre o projecto e importantes instituições governamentais. Um perito internacional em missão de curto prazo será responsável pela prestação de apoio técnico e assessoramento ao desenvolvimento dos currículos e, mais especificamente, em relação aos aspectos económicos. Ele se encarregará igualmente de orientar o desenvolvimento dum sistema de M&A para a monitoria do desempenho e a avaliação dos impactos do projecto a nível das explorações agrícolas e de propor e trabalhar em prol dum ambiente político propício ao desenvolvimento do sector de caju. Peritos nacionais em missão de curto prazo, muito provavelmente membros de instituições de investigação e educação ou de formação profissional (como o IIAM) serão responsáveis pelo desenvolvimento dos currículos, a realização dos cursos de treinamento para os extensionistas e facilitadores, assim como pela implementação das componentes de campo do sistema de monitoria que possam vir a ser necessárias. 43

43 Actividades de treinamento Treinamento dos facilitadores Para assegurar o treinamento do número necessário de facilitadores, há que se levar em conta uma certa percentagem de abandono, de forma que o número de participantes admitidos aos cursos deverá ser 20% maior que os dados contidos na tabela 3 mais acima, ou seja, 48, 216 e 216 durante os três anos, perfazendo um total de 480 participantes. O treinamento dos facilitadores incluirá 4 módulos de, respectivamente, 5 dias de duração que tratarão dos seguintes temas: (1) Plantio e diversificação; (2) Poda e sacha; (3) Controlo integrado de pragas; (4) Actividades de colheita e pós-colheita e comercialização. Os aspectos económicos ligados a estas actividades constituirão parte integrante dos módulos de treinamento. O número de cursos, baseado em 20 participantes por curso, é (matematicamente) de 2,4 no primeiro ano e 10,8 no segundo e terceiro ano, respectivamente. A este número virão juntar-se ainda 2 cursos de refrescamento no segundo ano e 9 no terceiro ano Treinamento dos extensionistas O treinamento dos facilitadores e seu monitoramento/apoio técnico serão feitos por extensionistas seleccionados dentre os membros do serviço de extensão rural e do INCAJU nos distritos-piloto. Durante os três anos de implementação do projecto, será necessário um total de 80 extensionistas, dos quais 8 serão treinados no primeiro ano e, respectivamente, 36 no segundo e terceiro ano. O treinamento dos extensionistas será feito em grupos de 10 participantes por especialistas internacionais e locais e consistirá de 6 módulos de, respectivamente, 5 dias de duração que cobrirão os seguintes temas: (1) Plantio e diversificação; (2) Poda e sacha; (3) Controlo integrado de pragas; (4) Actividades de colheita e pós-colheita e comercialização, assim como (5) Aspectos económicos da produção de caju e (6) Associações de produtores. Um curso será realizado no primeiro ano e 4 em cada um dos dois anos subsequentes para treinar o pessoal recém-recrutado para o projecto. Adicionalmente, serão realizados um curso de refrescamento no segundo ano e quatro no terceiro ano Conteúdos dos cursos de treinamento Na medida em que tratarem aspectos estreitamente relacionados com a produção e comercialização da castanha de caju, os conteúdos dos cursos de treinamento serão amplamente idênticos. No entanto, o treinamento dos extensionistas incluirá um módulo específico que considerará os aspectos económicos ligados à produção de caju, dado que este grupo deverá compreender os aspectos relacionados com a produtividade não somente da produção de caju, mas também da metodologia a ser adoptada para determinar a viabilidade de investimentos e culturas alternativas, o que excede as actuais capacidades da maioria dos pequenos produtores. A estrutura modular dos cursos de treinamento facilitará a adaptação rápida dos conteúdos às necessidades específicas dos participantes. O diagrama a seguir inclui uma proposta (ainda a ser afinada) para o conteúdo dos cursos.

44 Tabela 3.4: Proposta relativa aos principais conteúdos dos módulos de treinamento 45 Curso de treinamento produção de castanha de caju para extensionistas (E) e facilitadores das EMCs (F) (conteúdos a serem afinados pela equipa do projecto) Objectivo: Os participantes sabem o que devem fazer para aumentar a produtividade e a rentabilidade tanto da produção de caju como da gestão de viveiros e têm consciência dos aspectos de género e HIV. Método: Exposição sucinta das teorias relevantes, breve apresentação dos resultados de investigação, exercícios em grupo na sala de aula e no campo baseados nas/incorporando as experiências dos participantes. Módulo 1: Maneio Integrado de Culturas (MIC) na produção de castanha de caju (E+F) Poda e limpeza das árvores Prevenção e tratamento de pragas e doenças Medidas de controlo natural e químico Uso de atomizadores / protecção da saúde Técnicas de colheita e pós-colheita Comercialização da castanha de caju Aumento do valor agregado dos subprodutos Módulo 2: Plantio e reposição de plantas (E+F) Preparo dos solos para o plantio Períodos apropriados para o plantio Cuidados a tomar com as mudas antes e após o plantio Abastecimento de nutrientes Suporte físico Protecção fitossanitária Rega Módulo 3: Culturas intercaladas e diversificação (E+F) Motivos da diversificação (aspectos ligados aos riscos) A machamba como sistema de produção Planificação da produção envolvendo várias culturas Aspectos ligados à segurança alimentar Aspectos ligados à fertilidade dos solos Mão-de-obra necessária e orçamentos mensais Aspectos económicos (efeitos sobre a renda, liquidez, fluxo de caixa mensal) Cultivo de caju com culturas intercalares anuais (custo e benefícios, problemas) Módulo 4: Associações de produtores / Questões transversais (E+F) Os diferentes tipos de grupos de produtores e suas características Benefícios esperados da acção em grupo Diferenças entre associações de produtores e empresas privadas Administração de associações de produtores Factores determinantes do sucesso ou fracasso de associações de produtores Aspectos legais relacionados às associações de produtores Aspectos de género ligados à produção de caju Prevenção do HIV Módulo 5: Gestão de viveiros (E e pessoas interessadas em estabelecer viveiros privados) Selecção de plantas para a obtenção de estacas Enxertia Técnicas de produção e higiene de plantas Logística (distribuição de mudas) Aspectos económicos da produção de mudas arbóreas (custos fixos e variáveis, cálculo do custo unitário, análise do investimento, etc. ) Módulo 6: Educação de adultos e didáctica para consultores rurais (E+F) Diferenças entre a educação de adultos e crianças O processo de aprendizagem Técnicas de comunicação Técnicas de visualização Como aumentar a taxa de adopção de técnicas novas (gestão de campos de demonstração)

45

46

47 Custos estimados do projecto Os custos do projecto ora proposto têm sido estimados de acordo com os princípios básicos aplicáveis à estimativa de custos (usando a estimativa mais alta no caso de custos variáveis) Custos com peritos Estes custos somam-se em $ para todo o período de implementação e incluem: O salário do coordenador permanente da GIZ (perito júnior) na agência da GIZ em Maputo que trabalhará a meio tempo para o projecto, perfazendo $ por ano e $ no total; Despesas de voo e outras despesas de viagem do coordenador da GIZ dentro do país, perfazendo $ por ano e $ no total; Custos com os peritos internacionais em missão de curto prazo que trabalharão 2 meses por ano para o projecto, perfazendo $ por ano e $ no total. Este valor baseia-se numa taxa honorária de $/mês, diárias de $/mês e gastos de $ para voos internacionais; Custos com os peritos nacionais em missão de curto prazo que trabalharão 2 meses por ano para o projecto preparando os currículos e realizando os cursos de treinamento (4.000 $/ano e $ no total para 3 anos) Custos de investimento Estes custos somam-se em $ e compõem-se como segue: Equipamento de escritório e comunicação (1.500 $ no primeiro ano); Despesas com uma viatura 4x4 ( $ no primeiro ano); Despesas com 6 motocicletas ( $ no primeiro ano, para o coordenador adjunto, o perito em apoio a associações de produtores e os 4 coordenadores distritais) Custos com o pessoal técnico no escritório do projecto em Nampula e despesas de funcionamento do escritório Estes custos somam-se em $ para todo o período e compõem-se como segue: O salário do coordenador nacional e seu subsídio de habitação, perfazendo $ por ano e $ no total (cálculo baseado em $/mês, incluindo as contribuições para a segurança social); O salário do coordenador adjunto (economista agrícola e perito em marketing) e seu subsídio de habitação, perfazendo $ por ano e $ no total (cálculo baseado em $/mês, incluindo as contribuições para a segurança social). Considera-se importante que o projecto empregue um perito especializado em economia e marketing para que este possa assessorar e supervisionar os extensionistas, apoiar a comercialização da castanha de caju, particularmente através de organizações de produtores como, por exemplo, grupos ou associações de produtores, assim como assessorar a administração de tais grupos de produtores sobre como maximizar o benefício para os membros através da comercialização de produtos, a aquisição conjunta de insumos ou da prestação de serviços para seus membros; O salário dum perito em apoio a organizações de produtores (especializado em capacitação institucional e desenvolvimento de capacidades) e seu subsídio de habitação, perfazendo $ por ano e $ no total (cálculo baseado em $/mês, incluindo as contribuições para a segurança social). Este perito deverá estar disponível a nível da Província para apoiar os grupos de produtores decididos a organizar-se em associações formais e para assessorar as associações já existentes com vistas a fortalecer suas capacidades organizacionais e gerenciais. Ele cooperará fortemente com as ONGs que estiverem a desenvolver actividades nesta área na Província de Nampula; O salário do responsável administrativo do escritório, perfazendo $/ano e $ no total (cálculo baseado em 550 $/mês, incluindo as contribuições para a segurança social); O salário do motorista, perfazendo $ por ano e $ no total (cálculo baseado em 400 $/mês); Despesas com guardas e despesas acessórias de escritório (electricidade, gastos fixos, etc.), perfazendo $ por ano e $ no total (cálculo baseado em 150 $/mês, incluindo as contribuições para a segurança social); Aluguer para o escritório de 3 salas, perfazendo $/ ano e $ no total (cálculo baseado em $/mês); Os salários dos 4 coordenadores distritais, perfazendo $ por ano e $ no total (cálculo baseado em $/mês, incluindo as contribuições para a segurança social); Subsídios para o coordenador adjunto, o perito em apoio a organizações de produtores e os 4 coordenadores distritais, perfazendo $ por ano e $ no total (cálculo baseado em 10 pernoites/mês/pessoa e MT/pernoite, equivalendo a 330 $/mês/pessoa à taxa de câmbio de 30 MT/$); Despesas de manutenção da viatura do projecto no montante de $ por ano e $ no total ( km anuais calculados à base de 0,25 $/km); Despesas de manutenção das motocicletas no montante de $/ano e $ no total (cálculo baseado em 6 motocicletas, 50 km/dia/motocicleta e 300 dias úteis por ano = km/ano à base de custos variáveis de 0,15 $/km); Despesas de viagem do coordenador de $/ano e $ no total (tomando-se por base 2 voos de ida e volta por ano a Accra, cada um no valor de $, 6 voos de ida e volta por ano a Maputo, cada um no valor de 300 $, 16 subsídios para hospedagem no exterior no valor de 180 $/pernoite e 18 subsídios para hospedagem no país no montante de 30 $/pernoite).

48 3.4.4 Custos com os extensionistas O projecto pretende cooperar com o INCAJU e o MINAG que exercem um papel-chave no sector. Parte-se do pressuposto de que tanto o INCAJU como o MINAG possam ser convencidos a reorientar o trabalho de seus funcionários na região do projecto de forma a permitir que estes possam supervisionar os facilitadores das EMCs. Neste caso, seus salários não teriam que ser incluídos nos custos do projecto. Os custos ligados ao treinamento dos extensionistas e ao seu trabalho propriamente dito somam-se em $ no total para o período de 3 anos e incluem os seguintes itens: Custos de treinamento dos extensionistas, incluindo 6 membros da equipa do projecto no primeiro ano, no montante total de MT. O cálculo dos custos dos cursos de treinamento considera uma duração de 25 dias/ curso, 10 participantes/curso, despesas de 2x3.000 MT/dia para os 2 treinadores, alojamento e alimentação para os participantes de 350 MT/dia/participante, assim como gastos para material de treinamento no montante de 100 MT/ dia/participante); Custos dum curso de refrescamento de 5 dias no segundo ano e 4 destes cursos no terceiro ano, perfazendo um total de MT; Contribuição do projecto para as despesas havidas pelos extensionistas com o uso de suas motocicletas para o acompanhamento dos facilitadores, perfazendo um total de 4 milhões de meticais em 3 anos Custos com os facilitadores nas EMCs Os custos ligados ao treinamento e ao trabalho dos facilitadores somam-se em $ no total para o período de implementação de 3 anos e incluem: Pagamento de incentivos financeiros aos facilitadores, perfazendo um total de 1,2 milhão de meticais (cálculo baseado no pagamento de 50 MT por encontro com os participantes das EMCs, assim como 3 EMCs por facilitador e 20 encontros com cada EMC ao longo do ano = MT/facilitador/ano. Com 40 facilitadores no primeiro ano e 180 no segundo e terceiro ano, os custos anuais somam-se em MT no primeiro ano e, respectivamente, MT no segundo e terceiro ano); Despesas para material de informação (folhetos) entregue aos participantes das EMCs, perfazendo MT no primeiro ano e MT em cada um dos anos subsequentes, somando-se num total de 1,8 milhão de meticais (calculados à base de 60 MT por folheto); Custos ligados ao treinamento inicial dos facilitadores, totalizando MT para todo o período de 3 anos. Este cálculo leva em conta uma duração do curso de 20 dias, 20 participantes/curso, despesas de 2x3.000 MT/dia para os 2 treinadores, alojamento e alimentação para os participantes de 350 MT/dia/participante, assim como gastos para material de treinamento no montante de 100 MT/dia/participante, um subsídio de transporte de 50 MT/participante para 4 deslocamentos e, ainda, a necessidade de treinar 20% a mais de participantes do que o número de facilitadores efectivamente necessários; Custos de dois cursos de refrescamento de 5 dias no segundo ano e 9 destes cursos no terceiro ano, perfazendo um total de MT Instituição de treinamento Propõe-se que os cursos de treinamento sejam realizados no Centro de Formação da ADPP em Itoculo, o que apresentaria as seguintes grandes vantagens: Capacidade suficiente (até 40 participantes) para o treinamento dos facilitadores e extensionistas; Disponibilidade de material didáctico como, por exemplo, lousas, quadro de folhas móveis, etc.; Possibilidade de oferecer pensão completa no próprio centro de formação; Existência de, aproximadamente, 100 ha de cajueiros, o que permite complementar as aulas de teoria dos participantes com exercícios práticos; Disponibilidade do equipamento necessário para o processamento das castanhas e para a extracção do sumo dos pedúnculos; Existência de outras culturas, o que é importante em relação aos objectivos de diversificar a produção e as fontes de renda; O centro conta com instrutores capazes de treinar os participantes nas técnicas de MICP e que conhecem a situação de pequenas explorações agrícolas por já assessorarem grupos de produtores na produção de castanha de caju; Disponibilidade de material de treinamento para o cultivo de cajueiros, o qual tem apenas de ser adaptado às necessidades específicas do projecto. No cálculo dos custos do projecto proposto, os custos ligados às actividades de treinamento baseiam-se nas taxas praticadas por este Centro de Formação Contingências O orçamento apresentado inclui contingências de $ (por volta de 10% do custo total calculado) destinadas a cobrir quaisquer gastos adicionais actualmente imprevisíveis. 49

49 50 Tabela 3.5: Custo da transmissão de competências empresariais aos produtores nas EMCs - Moçambique, Província de Nampula Ano Total Nº de EMCs Nº de produtores nas EMCs Custos com peritos Unidade $/unid. Nº/ano $ $ $ $ Coordenador da GIZ em Maputo (a meio tempo, $/mês calendário) mês cal Voos nacionais e despesas de viagem do coord. Da GIZ (5 dias/visita) 1 visita Peritos internacionais em missão de curto prazo 2 mês Peritos nacionais em missão de curto prazo mês Subtotal Custos de investimento Mobiliário, equipamento de escritório e comunicação conjunto Viatura 4x4 unidade Motocicletas unidade Subtotal Custos com o pessoal técnico no escritório do projecto em Nampula e despesas de funcionamento do escritório Salário do coordenador nacional incl. seu subsídio de habitação mês Salário do coordenador adjunto incl. seu subsídio de habitação mês Salário do perito em apoio a organizações de produtores incl. seu subsídio de habitação mês Salário do responsável ad rativo do escritório/ contabilista/secretária 3 mês Salário do motorista mês Despesas com guardas e despesas acessórias de escritório (limpeza, electricidade, gastos fixos, etc. 3 mês Aluguer para o escritório (três salas) mês Salários dos 4 coordenadores distritais incl. subsídio de habitação 3 mês Subsídios para o coordenador adjunto, o perito em apoio a organizações de produtores e os 4 coordenadores distritais (330 $/mês para cada) 4 mês Despesas de manutenção da viatura do projecto km 0, Despesas de manutenção das 5 motocicletas (50 km/dia, 300 dias/ano) km 0, Despesas de viagem do coordenador (a Maputo e viagens internacionais) Subtotal Custos com os extensionistas Subtotal dos custos com os extensionistas (v. cálculo mais abaixo) Custos com os facilitadores Subtotal dos custos com os facilitadores (v. cálculo mais abaixo) Contingencies Subtotal contingencies (~ 10%) TOTAL GERAL (US$) TOTAL GERAL (EUROS)

50 Tabela 3.6: Cálculo dos custos com extensionistas e facilitadores 51 Custos com os extensionistas 6 Unidade Total 2010 Total 2011 Total 2012 Total 3 yrs Nº de extensionistas necessários No Nº de cursos necessários para o treinamento de extensionistas (10 participantes/curso) No 0,8 3,6 3,6 8 Custos do trein. de extensionistas (inclu. 6 membros da equipa do projecto no primeiro ano) 7 MTs Nº de cursos de refrescamento de 5 dias para os extensionistas No Custos dos cursos de refrescamento de 5 dias para os extensionistas MTs Despesas de transporte (motocicletas) dos extensionistas MTs Subtotal (MT) Subtotal ($) Custos com os facilitadores Nº de EMCs No Nº de produtores treinados (cursos em andamento) No Nº de facilitadores necessários No Nº de facilitadores treinados (20 % superior ao nº de facilitadores necessários) No Custos das EMCs (incentivos para os facilitadores) MTs Gastos com folhetos de informação para os produtores MTs Nº dos cursos para facilitadores No 2,4 10,8 10,8 24 Custos do treinamento de facilitadores MTs Nº de cursos de refrescamento de 5 dias para os facilitadores No Custos dos cursos de refrescamento de 5 dias para os facilitadores (2 instrutores/curso) MTs Subtotal (MT) Subtotal ($) Taxa de câmbio (US-$ : MT) 30 Taxa de câmbio (US-$ : Euro) 0,72 Valores básicos usados para o cálculo dos custos de treinamento dos extensionistas e facilitadores e custos determinantes ligados ao seu trabalho Unit Value Nº de participantes por curso de treinamento para extensionistas Nº 10 Nº de dias de treinamento para extensionistas 8 dias 25 Custos dos instrutores para o treinam. dos facilitadores ou extensionistas (por dia e instrutor) MT/dia/p Despesas de alojamento e alimentação (pensão completa) durante o treinamento de extensionistas ou facilitadores (por dia e pessoa) MT/dia/p. 350 Gastos com material de treinamento (por dia e pessoa) MT/dia/p. 100 Custos do treinamento de extensionistas (2 instrutores/curso) MT/curso Nº de participantes necessários para a obtenção de um facilitador treinado Nº 1,2 Nº de dias de treinamento para os facilitadores 9 dias 20 Nº de participantes de cada curso para facilitadores Nº 20 Despesas de transporte de ida e volta dos facilitadores para o treinamento (4 deslocamentos) MT 50 Custos de um curso de treinamento para facilitadores (2 instrutores/curso) MT Despesas de transporte (motocicleta) dos extensionistas 10 MT/ano Nº de facilitadores supervisionados por um extensionista Nº 5 Nº de participantes por EMC Nº/EMC 25 Nº de dias de campo/ano por EMC Nº/EMC 20 Nº de EMCs por facilitador Nº EMCs/facil. 3 Incentivos pagos aos facilitadores por dia de campo assistido MT/dia de campo 50 Gastos com folhetos de informação para os produtores MT/produtor voos/ano, 300 $ cada, subsídios para 30 dias, (30 $/dia e 80 $/pernoite) somam-se em $/ano 2 Custos com um perito internacional em missão de curto prazo: diária de $/mês, honorário de $/mês, $ para voos internacionais 3 Incluindo despesas para segurança social de 30.5% 4 Despesas para pernoites dos coordenadores distritais (10 pernoites/mês, MT/pernoite, MT/mês/coordenador) 5 Despesas de viagem do coordenador: 6 voos domésticos/ano a Maputo, 300 $ cada, dois voos internacionais/ano a Accra, $ cada. Além disso, diárias de 30 $/pernoite para 18 pernoites em Maputo e 180 $/pernoite para 16 pernoites em Accra 6 Os salários dos extensionistas são pagos pelo INCAJU ou MINAG. Cada extensionista visita duas vezes os dias de campo do facilitador por ele supervisionado durante um mês de treinamento. Haverá 10 meses de treinamento por ano. 7 O treinamento no primeiro ano incluirá 6 membros da equipa do projecto, isto é, haverá (8+ 6)/10 participantes que necessitam de 1,4 cursos a um custo de 25 dias/curso x MT/dia 8 Treinamento dos extensionistas: 5 módulos, 5 dias cada: (a) Plantio e diversificação; (b) Poda e sacha; (c) Maneio de culturas e pragas; (d) Técnicas de colheita e pós-colheita; (e) Aspectos económicos da produção de caju 9 Treinamento dos facilitadores: 4 módulos, 5 dias cada: (a) Plantio e diversificação; (b) Poda e sacha; (c) Maneio de culturas e pragas; (d) Técnicas de colheita e pós-colheita. 10 Despesas de transporte com motocicleta (investimento de $, valor resudual 500 $, vida útil 6 anos), depreciação 750 $/ano, combustível 80 $/mês, manutenção e consertos 50 $/mês, /ano) 0,15 $/km ou 5 MT/km, distância média de 25 km/visita

51 Próximos passos Após a discussão da presente proposta de projecto com as autoridades competentes e a assinatura do correspondente Acordo de Projecto, deverão ser realizadas as seguintes actividades para dar início à implementação do projecto: Estabelecimento do Comité Director e definição de suas tarefas; Selecção dos parceiros de implementação e acordo da estratégia e dos procedimentos para a implementação; Contratação do pessoal local e estrangeiro do projecto e criação da infraestrutura do escritório; Celebração de acordos com organizações que possam disponibilizar instrutores; Realização duma oficina de planificação conjunta com representantes de todas as partes interessadas, assim como acordo das actividades planeadas (planos operacionais para todo o período de implementação de 3 anos e plano de actividades para o primeiro ano que deverá incluir os seguintes pontos:) Realização do treinamento dos primeiros grupos de extensionistas por pessoal especializado (internacional e nacional) O tamanho de cada grupo não deverá exceder 10 participantes, sendo possível dividir o curso em duas ou mais secções; Identificação e estabelecimento das EMCs (localidades, membros, facilitadores, selecção de parcelas experimentais para as demonstrações no campo); Treinamento dos facilitadores (20 participantes por curso, principalmente nos módulos 1,2,3,4 e 6); Activação das primeiras EMCs nos distritos. Ao lado dessas medidas, o projecto deverá desenvolver actividades adicionais destinadas a Identificar, após a aprovação por parte do INCAJU, parceiros do sector privado que estejam interessados na produção de mudas e assessorá-los em relação ao arranque da actividade; Apoiar os esforços empreendidos no sentido de melhorar o acesso dos pequenos produtores a créditos formais; Contribuir para a melhoria do acesso dos pequenos produtores a insumos.

52 Lista de abreviaturas e siglas 53 ACA ADPP AIA AICAJU AFD CLUSA EMC FAO GIZ IAC IIAM INCAJU M&A MICP MINAG MT ONG SNV SWOT TIA TIR Ton USAID Aliança Cajueira Africana Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo Agro-Industriais Associados Associação dos Industriais de Caju Agence Française de Développement (Agência Francesa de Desenvolvimento) Cooperative League of the United States of America (Liga das Cooperativas dos Estados Unidos da América) Escola na Machamba do Camponês Organização de Alimentação e Agricultura da ONU Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit Iniciativa Africana do Caju Instituto de Investigação Agrária de Moçambique Instituto de Fomento do Caju Monitoria e Avaliação Maneio integrado de Culturas e Pragas Ministério de Agricultura Metical/Meticais Organização Não Governamental Stichting Nederlandse Vrijwilligers (Organização Holandesa de Desenvolvimento) Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) Trabalho de Inquérito Agrícola Taxa Interna de Retorno Toneladas United States Agency for International Development (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional)

53 54 Notas

54

55 Publicado por: Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH International Foundations Postfach Eschborn, Germany

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