CADEIAS DE VALOR DE CERAIS E OLEAGINOSAS

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1 CADEIAS DE VALOR DE CERAIS E OLEAGINOSAS RELATÓRIO DE CONSULTORIA DO ESTUDO DE CADEIAS DE VALOR DE CEREAIS E OLEAGINOSAS PROVÍNCIA DE SOFALA, DISTRITO DE NHAMATANDA MOÇAMBIQUE RELATÓRIO FINAL Abril 2013

2 Estudo de cadeias de valor de cereais e oleaginosas Título do programa Promoção do Desenvolvimento das Fieiras de Cereais e Oleaginosas Distrito de Nhamatanda Sofala, Moçambique Decreto D.M. 128/ /5 Submetido a Submetido por Autor CESVI Perene Lda Aladino Jasse 1

3 Perene consultoria Índice 1 Introdução Objectivos do estudo Metodologia Instrumentos e fontes de pesquisa Limitações Análise da Agricultura em Moçambique Estrutura das cadeias de valor Cadeia de valor do milho Importância do milho em Moçambique Insumos Produção Comercialização Processamento Desenvolvimento de Mercado Cadeia de valor do gergelim Insumos Produção Comercialização Processamento Desenvolvimento de Mercado Cadeia de valor do amendoim Insumos Produção Comercialização Desenvolvimento de Mercados Serviços de apoio Extensão agraria Sementes Apoio financeiro Recomendações por cadeia de valor Análise de constrangimentos particulares a cada cultura estudada Constrangimentos relativos à cadeia de valor do milho

4 Estudo de cadeias de valor de cereais e oleaginosas Constrangimentos relativos à cadeia de valor do gergelim Constrangimentos relativos à cadeia de valor do amendoim Recomendações Apoio a programas de desenvolvimento e distribuição de insumos Suporte à capacidade produtiva e rentabilidade de produção Acompanhamento e suporte das associações Apoio à informação de mercados Bibliografia Tabela 1 - Evolução das explorações em Moçambique entre 2001 e Tabela 2: Estimativa de produção de cereais no distrito de Nhamatanda no ano de Tabela 3: calendário de produção de milho no distrito de Nhamatanda Tabela 4: Produção de gergelim em Moçambique Tabela 5: Produção de amendoim em Moçambique Ilustração 1: Cadeia de valor do milho Ilustração 2: Aptidão agro-climática generalizada para a produção de culturas em sequeiro Ilustração 3: Interior de celeiro rural Ilustração 4: Silos industriais Nhamatanda Ilustração 5: Mapa de fluxo de comercialização de milho Ilustração 6: Mapa da cadeia de valor do gergelim Ilustração 7: Mapa de Incidência da praga Alocypha bimaculata em África Ilustração 8: Mapa da cadeia de valor do amendoim Ilustração 9: Aptidão agro-climática generalizada para a produção de culturas em sequeiro Ilustração 11: Mapa do fluxo de comercialização do amendoim Ilustração 12: Venda de semente de milho no mercado de Bebedo

5 Perene consultoria Acrónimos ARM BPA CV DPA EN FAO GdM I CM I I AM I NE I NNOQ MI NAG ONG PIB PMA SADC SDAE SI MA TIA Avaliação rápida de mercado Boas práticas agrícolas Cadeia de valor Direcção provincial de agricultura Estrada Nacional Food and agriculture organization Governo de Moçambique Instituto de cereais de Moçambique Instituto de investigação agrária de Moçambique Instituto nacional de estatísticas Instituto nacional de normalização e qualidade Ministério da agricultura Organização não-governamental Produto interno bruto Programa mundial de Alimentação Southern african development community Serviços Distritais de Actividades Económicas Sistema de informação de mercados agrícolas Trabalho de inquérito agrícola 4

6 Estudo de cadeias de valor de cereais e oleaginosas 1 Introdução 1.1 Objectivos do estudo O presente relatório é o resumo do estudo elaborado pela Perene Limitada a pedido da CEVSI. O estudo teve como objectivo analisar o mercado de valor de cereais e oleaginosas no distrito de Nhamatanda em Sofala, com ênfase especial para o milho, gergelim e amendoim, elaborado durante o período de Novembro de 2012 a Janeiro de A consultoria envolveu várias entrevistas estruturadas e semiestruturadas com os diferentes intervenientes da cadeia de valor, desde o provimento de insumos até o último actor de comercialização. O objectivo principal deste estudo é o de identificar as potencialidades de desenvolvimento da cadeia de valores (CV) e apoiar a definição das estratégias locais para a cultivação, transformação e comercialização de cereais e oleaginosas no distrito de Nhamatanda. Foram identificados e analisadas: As cadeias de valores de cereais e oleaginosas (milho, gergelim e amendoim) e os seus actores com maior potencialidade de desenvolvimento, de modo a melhorar as condições de vida dos produtores de pequena escala e membros das associações de produtores. Os constrangimentos e obstáculos que inibem o desenvolvimento das potencialidades existentes das cadeias de valor propostas. Os mecanismos estratégicos que contribuem para a fortificação e organização institucional dos actores de cadeias de valores As oportunidades para intervenção do projecto (segunda fase) e propostas de acções concretas. O relatório está estruturado da seguinte forma: Análise geral da agricultura em Moçambique Análise da Cadeia de Valor (CV) de Milho, gergelim e amendoim Análise dos serviços de apoio Constrangimentos que afectam as diferentes cadeias de valor estudadas Recomendações para a segunda fase do programa da CESVI 5

7 Perene consultoria 1.2 Metodologia Instrumentos e fontes de pesquisa Perene realizou uma Avaliação Rápida de Mercado (ARM), como uma abordagem qualitativa para o mapeamento das cadeias de valor e como uma forma rápida, flexível e eficaz de recolha, tratamento e análise de informações e dados sobre produção, mercados e sistemas de comercialização. A informação da ARM foi reunida com o propósito de informar os estrategas de produção, apoiar decisões de marketing, auxiliar processos políticos e a concepção e implementação de intervenções relevantes. O ARM é um processo de descoberta de oportunidades de mercado e como capturá-las através focalizando-se na cadeia de valor. A ARM foi composta pelas seguintes actividades principais: a) Recolha de informações e dados secundários (análise documental) A primeira actividade incluiu a recolha de todos os estudos relevantes e materiais produzidos por institutos de pesquisa, agências internacionais, doadores, ONGs, organizações governamentais e do sector privado no passado recente. Detalhando os resultados destes estudos, como um ponto de partida para mapear as cadeias de valor e para revelar os principais constrangimentos. A informação revista incluiu, entre outros: Estatísticas de comercialização internacional Análise da comercialização Regional da SADC Pesquisas da produção nacional e mercados A análise documental foi complementada por primeiras entrevistas com os principais actores das CV, ministérios e projectos actualmente envolvidos na produção dos produtos estudados em Sofala (lista de pessoas entrevistados ver anexo 3). b) Recolha de dados primários e pesquisa de mercado A informação destas primeiras entrevistas e o conhecimento adquirido da relevante recolha de informação secundária foi utilizado para personalizar o inquérito de mercado. O inquérito de mercado consistiu em: a) Entrevistas semiestruturadas focadas na discussão de grupo com os produtores (agricultores, associações, etc.), agentes do mercado e outras partes interessadas; b) Discussões com os prestadores de serviços, tais como ministérios-chave, prestadores de serviços de extensão e outros; 6

8 Estudo de cadeias de valor de cereais e oleaginosas c) Discussão (presencial ou por telefone) com potenciais operadores nacionais, exportadores e compradores internacionais. O inquérito foi seguindo as informações da CV desde o provedor de insumos aos comerciantes finais da CV. O processo de entrevista foi dinâmico e interactivo, com base em conversas com temas pré-determinados, onde questões e comentários surgiram durante a discussão. As discussões (presencial ou por telefone) com potenciais operadores nacionais, exportadores ajudou a adquirir uma compreensão clara sobre os problemas dos produtos estudados e seu potencial para aumento da produção. Este relatório é a compilação de toda a informação relevante, as conclusões e recomendações para o desenvolvimento da produção de milho, gergelim e amendoim no distrito de Nhamatanda, Província de Sofala Limitações O estudo esteve limitado pela quantidade de informação a ser analisada em relação ao tempo disponível para a execução do mesmo. A análise de cadeias de valor de um produto implica um intenso trabalho de campo que normalmente é executado em várias semanas com entrevistas aos actores da CV da zona de estudo e de outras regiões onde alguns actores actuam na CV, assim como entrevistas a órgãos governamentais locais e nacionais. Embora as organizações internacionais em conjunto com o Governo de Moçambique (GdM) tenham feito um grande esforço nos últimos anos para consolidar e divulgar dados estatísticos sobre o sector da agricultura, ainda se encontram problemas no aperfeiçoamento destes sistemas e coerência da informação divulgada nas várias bases de dados disponíveis sobre produção, preços, trocas comerciais, etc. Um dos principais problemas desta divergência reside no facto de a informação do Trabalho de Inquérito Agrícola (TIA) ser divulgada demasiado tarde e não poder ser utilizada na tomada de decisões por parte dos intervenientes do sector. Para colmatar este problema foi implementado um novo sistema, o Aviso Prévio, que se baseia na estimativa de produção para a próxima campanha. Acontece que por vezes existe uma grande diferença de dados estatísticos entre estas duas ferramentas de trabalho, principalmente porque as previsões do aviso prévio sobrestimam os dados da campanha agrícola vindoura. As divergências entre a informação estatística das diferentes fontes foi uma grave limitação para este estudo, tendo sido utilizado sempre que possível os dados da FAOSTAT, que apresentam mais coerência nos dados fornecidos. Embora tenha sido solicitada informação estatística sobre produção, preço de mercado e de consumidor, à DPA e SIMA respectivamente, a informação nunca foi fornecida. Assim foi suprimido do estudo a análise de custos e rendimentos de produção. 7

9 Perene consultoria 2 Análise da Agricultura em Moçambique Após a guerra civil, Moçambique mostrou um rápido e forte desempenho económico, com o apoio de ajuda internacional. Na última década o crescimento económico médio de 7,3% não só continua a ser estimulado pelo apoio financeiro internacional mas também pelos megaprojectos de exploração mineira, de rentabilização dos portos marítimos e outras vias de acesso. Os recentes megaprojectos de exploração mineira são uma alavanca para a economia atraindo muitos investidores, contudo é do consenso comum que não são geradores de emprego em grande escala, deixando nos primeiros anos de actividade relativamente poucas receitas para o governo devido a isenções fiscais. Apesar de tudo o desenvolvimento no sector de investimentos, a situação continua critica uma vez que ainda existem 10 milhões de pessoas a viverem em absoluta pobreza sofrendo da falta de segurança alimentar, falta de emprego e rendimentos. A pobreza rural é proveniente, acima de tudo, da falta de desenvolvimento da agricultura, ao limitado acesso aos mercados de informação, ao baixo rendimento de produção e à falta de qualidade dos produtos para exportação. Embora a agricultura seja o principal sector da economia de Moçambique, poucos recursos são aplicados a este sector na despesa pública. Apesar dos esforços do governo, desde o acordo de paz em 1992, de promover a agricultura através de programas nacionais, suportados na sua maioria pela ajuda internacional, nota-se que os esforços não estão a ter os efeitos desejados para o sector. A implementação das diversas estratégias para impulsionar a economia e agricultura teve um impacto muito ligeiro e por vezes nulo no rendimento dos agricultores, na produtividade agrícola assim como na utilização de tecnologias agrícolas e de transformação. Moçambique possui 49 milhões de hectares de terra arável com aptidão agrícola, contudo apenas 5 milhões ha estão a ser utilizados. A agricultura e pesca têm um peso de 31% no PIB e envolvem cerca de 80% da população. Infelizmente ainda 98% da agricultura é familiar com técnicas de produção muito rudimentares e apenas os restantes 2% de agricultura comercial 1. Nos últimos anos, a agricultura familiar tem sido apoiada pelo governo, organizações internacionais e algumas instituições financeiras, mas ainda se encontra num estado muito precário e inicial no qual são utilizadas poucas tecnologias para melhorar a produção e com um baixo nível de diversificação de produção. A limitada diversidade de produção leva a deficientes índices de nutrição com implicações graves para a saúde pública da população mais carenciada. Facto que se reflecte nos dados apresentados pelo ministério da saúde, em que pouco menos de metade da população apresenta desnutrição crónica. 1 Balanço Preliminar da Campanha Agrícola 2010/11 8

10 Estudo de cadeias de valor de cereais e oleaginosas Tabela 1 - Evolução das explorações em Moçambique entre 2001 e 2010 Descrição Crescimento % Explorações agro-pecuárias existentes % Área cultivada (ha) % Nº de explorações que utilizam fertilizantes químicos (2,7%) (3,7%) 71% Nº de explorações que usam pesticidas (4,5%) (2,6%) -69% Nº de explorações que utilizam rega 119,917 (3,9%) (5,2%) 68% Fonte: (Estatisticas, 2001, 2010) Na última década o número de explorações agrícolas em Moçambique aumentou 25%, paralelamente à área cultivada com 44% de aumento. Neste período notou-se um significativo crescimento da actividade agrícola mas o mesmo não se manifesta na utilização de serviços e práticas agrícolas. A comparação proporcional entre o número de explorações existentes e a utilização de serviços e práticas agrícolas revela que a utilização de fertilizantes e irrigação apenas aumentou cerca de 1% e o uso de pesticidas decresceu cerca de 2%. Segundo os censos agro-pecuários do Instituto Nacional de Estatísticas, a generalidade de insumos utilizados pela agricultura familiar como irrigação, pesticidas e fertilizantes foi inferior a 6% entre 2001 e O diminuto desenvolvimento dos serviços e práticas agrícolas nos últimos anos, demonstra que os esforços envidados no apoio da agricultura e no desenvolvimento dos seus sistemas de produção, ainda não deram os frutos desejados e muito dificilmente se alterará este cenário caso não se tomem medidas gerais e catalisadoras para a agricultura de Moçambique. Diversos factores estão na origem desta baixa utilização de insumos, tal como o alto custo dos mesmos e a frequente variação de preços, falta de apoio ao crédito financeiro, falta de conhecimento técnico por parte dos agricultores, deficiente rede de extensão agraria, baixo nível de exigência dos consumidores, entre outros. O aumento da rentabilidade de produção implica uma maior procura e disponibilidade de insumos e produção, que a seu tempo ficam mais baratos para o produtor. Tendo em conta o facto de a agricultura familiar representar 98% da agricultura total do País, pode-se dizer que o grande contributo da agricultura familiar na economia é um reflexo da falta de desenvolvimento dos outros sectores da economia. Por outro lado é difícil imaginar a produção agrícola nacional ter incrementos significativos na ausência de novas tecnologias no sector, pois a tendência é de a população se tornar mais urbana e diminuir a mão-de-obra ainda muito utilizada na agricultura por falta de uso de tracção animal e outras tecnologias. A única solução plausível para aumentar o nível de produção passa essencialmente por aumentar a rentabilidade por área, ou seja, apostar na melhoria de insumos, tecnologia e capacitação técnica dos agricultores. 9

11 Perene consultoria 3 Estrutura das cadeias de valor Localização do estudo De acordo com o Perfil do Distrito de Nhamatanda realizado em , o distrito tem habitantes. O distrito pertence à província de Sofala e é dividido pelo corredor da Beira (EN6), que liga a capital provincial à província de Manica e à fronteira com o Zimbabwe. Este distrito albergou o maior campo de refugiados temporário do País durante a guerra civil. Embora muitos refugiados tenham regressado à sua terra de origem, alguns ficaram em Nhamatanda onde constituíram família e se dedicaram principalmente à agricultura. A população do distrito tem crescido bastante com um aumento de 38% entre os censos de 1997 e Nhamatanda é um dos celeiros da província de Sofala contudo nos últimos anos as produções agrícolas têm decrescido devido a condições climáticas adversas. A região apresenta dois tipos distintos de clima, nomeadamente: o clima de tipo Tropical Chuvoso de Savana - Aw a Este, e do tipo Tropical Temperado Húmido Cw a Oeste, com 2 Governo de Moçambique, Ministério da administração estatal, Perfil do distrito de Nhamatanda, Província de Sofala,

12 Estudo de cadeias de valor de cereais e oleaginosas apenas duas estações, chuvosa e a seca. A precipitação média anual, na estação meteorológica de referência (Nhamatanda), é de 846 mm. As maiores chuvas ocorrem entre Novembro e Março, com uma temperatura média anual de 24.9ºC (máxima e mínima entre 32.0 e 17.8ºC). A região é rica em recursos hídricos provenientes de 11 rios, 20 riachos e 13 lagoas. A riqueza de recursos hídricos na região ocasionou distintos solos devido aos sedimentos de aluvião do rio Pungue e dos seus afluentes que deram origem a solos aluvionares de textura pesada e/ou estratificada, profundos a muito profundos, moderadamente bem drenados, com boa fertilidade natural e capacidade de retenção de nutrientes e água. Apesar do enorme potencial para a agricultura (metade da província apresentar solo arável para a agricultura), apenas 10% de solo apto é aproveitado principalmente na agricultura familiar. A agricultura é essencialmente de sequeiro e dominada pelo sector familiar que utiliza métodos rudimentares para a produção de batata-doce, milho, mapira, mandioca e feijão nhemba. Os solos ricos e profundos da margem do rio Pungue são reservados à irrigação (cerca de 20 ha) de outras culturas como o arroz, tomate, cebola e outras hortícolas. Contudo a ausência de reabilitação das antigas infra-estruturas e a incapacidade de implementação de um plano de irrigação para a região, resulta na inundação das culturas e consequente perca das mesmas, em anos de forte precipitação. Embora o algodão tenha sido durante muitos anos a cultura de rendimento dominante, devido aos esforços do ministério da agricultura e diversas ONG s a trabalhar na província, o gergelim é neste momento a cultura de rendimento mais significativa do distrito. Para além da linha férrea que liga a cidade da Beira ao vizinho Zimbabwe, passando pela cidade de Chimoio, existe a EN6 um centro de comercialização às portas da sede distrital de Nhamatanda. Nesta via concentram-se reunidos em grande número produtores e comerciantes locais assim como os transportes de bens que fazem a ligação entre o porto da Beira, outras províncias e os países vizinhos. Excluindo a EN6, as outras vias de acesso do distrito estão mal conservadas, carecendo de reparação de estradas e pontes, o que dificulta ou impossibilita a circulação de produtos das zonas interiores para a EN6 na época de chuvas. A dificuldade de acesso aos mercados, na época de chuvas, obriga os agricultores a armazenarem os seus produtos até uma primeira oportunidade de escoamento. A falta de condições de armazenamento, por parte dos pequenos agricultores, torna os seus produtos susceptíveis a serem atacados por animais roedores ou serem infectados com fungos e nematodes. Os indicadores de desenvolvimento do distrito apresentam níveis muito baixos com 1% das residências electrificadas, 3% com água canalizada e 32% com rádio, sendo a construção de habitações predominantemente de caniço e colmo. 11

13 Perene consultoria 3.1 Cadeia de valor do milho Importância do milho em Moçambique Devido ao potencial dos solos para a agricultura e sua produtividade, Moçambique depende do milho como a principal fonte de garantia de segurança alimentar. As culturas substitutas do milho são o arroz, mapira e mandioca. O aumento de consumo destes substitutos acontece em anos de baixa produção de milho, em zonas onde a cultura de substitutos é mais viável ou simplesmente quando os stocks de milho terminam. Em Moçambique o milho é a cultura agrícola mais produzida (Gráfico 1), especialmente na zona centro, apresentando maiores níveis de produção nas províncias de Manica e Tete. Quadro 2: Produção de milho em Moçambique (2006 a 2011) Produção Milho Unid Área colhida Ha Produção Ton Produtividade Kg/Ha Fonte: (FAOSTAT)Erro! Marcador não definido. Entre a campanha de 2010 e 2011 houve um aumento na produção nacional de cerca de 10%, ascendendo por isso a Ton. Segundo o inquérito de estatísticas agrícolas , 80% das explorações agrícolas em Moçambique produzem milho, ocupando um total de 41% das terras aráveis com culturas de alimentação básica. Esta cultura representa cerca de 83% da produção de cereais. Na região centro, a superfície de milho cultivada em média por agregado familiar é de 0.5 hectare nas províncias de Sofala e Tete e de 1 hectare em Manica. 3 CAP

14 Estudo de cadeias de valor de cereais e oleaginosas Ilustração 1: Cadeia de valor do milho Insumos A procura derivada (procura de insumos para produzir os produtos finais) dos agricultores de Nhamatanda na produção e milho e outras culturas, restringem-se a sementes, alguns pesticidas e ferramentas de trabalho agrícola. Os insumos agrícolas são adquiridos maioritariamente na sede distrital de Nhamatanda, onde para além dos vendedores informais de insumos também se encontram alguns produtos na loja da Mozseed, incluindo semente certificada, fertilizante, pesticidas, herbicidas, ferramentas, etc. Alguns agricultores também se deslocam à cidade da Beira para adquirir produtos agrícolas no início da campanha. Outro mecanismo importante para a provisão de insumos aos pequenos agricultores é através das férias agrícolas realizadas pelos Serviços Distritais das Actividades Económicas (SDAE). Os pequenos produtores seleccionam as variedades de milho, de acordo com a resistência à seca e pragas da variedade, dando menos importância à produtividade da variedade da semente. A qualidade também não é um factor tido em atenção pelos produtores, mas é importante para os compradores de milho na continuação da cadeia de valor. A fraca rentabilidade por produtor está, entre outros, relacionada com o facto de estes não utilizarem fertilizantes químicos nem orgânicos nas suas produções e os pesticidas utilizados contra pragas serem limitados ao existente nas lojas locais a preços elevados ou cedido pelo SDAE. Os 13

15 Perene consultoria agricultores têm pouco conhecimento sobre os químicos o que costuma trazer complicações na dosagem de aplicação. Os serviços de extensionismo no distrito são fracos existindo poucos técnicos para a quantidade de agricultores com necessidade de assistência. As ferramentas agrícolas mais comuns são a enxada, catana, ancinho, foice, machado e pá. Poucos usam tracção animal para a preparação do solo, contudo aqueles que têm maior capacidade económica alugam tractor e alfaias agrícolas a empresários privados no distrito ou à associação de agricultores de Bebedo e Nhampoça, cujas quais em 2010 beneficiaram de um tractor com charruas e atrelado, alocado pelo programa da ORAM/CESVI Produção A cultura de milho na região sul da província de Sofala tem dois ciclos (Gráfico 5), iniciando a 1ª época em Outubro com as primeiras chuvas. De um modo geral os agricultores das associações inquiridas em Nhamatanda cultivam áreas médias de 3 ha e não empregam mão-de-obra para esta operação de preparação do solo. A região de Nhamatanda tem aptidão média-superior para atingir produções de 4,3 a 5,7 Ton/ha de milho em regime de sequeiro (Ilustração 2). Existem dois tipos de produtores de milho no distrito de estudo: o produtor de milho para sua subsistência alimentar, aquele que apenas produz o que vai consumir; e o produtor de excedentes, aquele que tradicionalmente produz mais do que a sua necessidade de consumo e vende o excedente de produção de acordo com as suas necessidades e preços de mercado. A maioria dos agricultores utiliza apenas ferramentas básicas como enxadas para a preparação do solo, porém alguns, mais capacitados financeiramente, alugam tractor e charrua a agentes locais ou associações de produtores para lavrar o solo. A sementeira está dependente da humidade relativa do solo, quando as condições forem adequadas após as primeiras chuvas, os produtores iniciam a sementeira. Alguns agricultores optam por técnicas de agricultura de conservação onde consociam milho com outras culturas menos exigentes em necessidades hídricas como a mapira, feijão e amendoim. As consociações servem para rentabilizar as áreas de produção dos pequenos agricultorese, assegurar alguma alimentação para o agregado familiar no caso de seca e melhorar a fertilidade do solo. 14

16 Estudo de cadeias de valor de cereais e oleaginosas Ilustração 2: Aptidão agro-climática generalizada para a produção de culturas em sequeiro Fonte: World Soil Information Database 4 Como apresentado na tabela 2, constata-se que o distrito de Nhamatanda não é excepção na realidade de produção agrícola em Moçambique, sendo o milho a cultura mais produzida no distrito, atingindo as Ton. O longo período de seca durante a campanha agrícola de prejudicou cerca de 35% da produção de milho, baixando os níveis de rentabilidade do milho para 1 ton/ha. 4 (Assessment of land resources for rainfed crop production, 1982) 15

17 Perene consultoria Tabela 2: Estimativa de produção de cereais no distrito de Nhamatanda no ano de 2012 Grupo Cereais Cultura Área (ha) Rendimento (ton/ha) Produção (ton) Produção perdida Milho , % Mapira , % Arroz , % Mexoeira 299 0, % Fonte: (SDAE-Nhamatanda, 2012/2013) Os cuidados culturais mencionados pelos agricultores inquiridos foram: sachas e em alguns casos a aplicação de pesticidas. Não mencionado no inquérito a aplicação de herbicidas ou sistemas de regadio na cultura de milho pelos pequenos agricultores. As primeiras sachas são efectuadas entre o período de Janeiro e Fevereiro, assim que as infestantes se começam a dispersar pelo solo cultivado (tabela 3). Alguns agricultores optam nesta fase por contractar mão-de-obra de modo a apressar a limpeza das culturas. A contratação de mão-de-obra é feita localmente pelo valor de Mtn dividido por 3 pessoas no período de aproximadamente 4 dias por hectare. Os produtores não utilizam fertilizantes na cultura de milho, optando pelo sistema de pousio entre as machambas da sua comunidade. As pragas que atacam o milho com mais frequência são o gafanhoto elegante e a broca do colmo. Devido ao preço dos pesticidas os produtores apresentam resistência em utilizar pesticidas para a broca do colmo e apenas aplicam Lambda Cyhalothtin (25%) para combater o gafanhoto elegante. A 1ª colheita de milho coincide com o início do 2º ciclo de sementeira, sendo efectuada entre o período de Abril e Junho. A produção média de milho na região para os pequenos agricultores é de 1 ton/ha, muito abaixo da aptidão agro-climática, do qual 1/3 da produção é vendida e os outros 2/3 são armazenados em celeiros de verga tradicionais, para consumo da família durante o ano. Tabela 3: calendário de produção de milho no distrito de Nhamatanda Calendário de produção de milho Descrição Actividades Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago 1º Época x x x x x x x x x Sementeira x x x Sachas x x Colheita x x x 2º Época x x x x x x Sementeira x x Sachas x x Colheita x 16

18 Estudo de cadeias de valor de cereais e oleaginosas O departamento de extensão do Ministério da Agricultura (MINAG) da Província de Sofala recomenda a sementeira de 1º Época com Pan 67, um híbrido de ciclo longo com maior resistência a pragas e na 2ª Época uma variedade de ciclo curto como a Matuba ( dias) com menores necessidades hídricas. As condições caseiras de armazenamento do milho são precárias e os agricultores apresentam em média uma perca de 30% do produto devido a infestação de animais ou apodrecimento do produto nos celeiros. A capacidade de melhorar os rendimentos dos produtores da região está inteiramente dependente da melhoria das condições de armazenamento dos cerais e outras práticas de conservação, para posterior venda. Deste modo os produtores podem esperar melhores preços de mercado para venderem os seus produtos. Na região de estudo existem 3 armazéns, disponíveis para serem utilizados pelas associações, mas estas carecem de organização e meios de transporte próprios para realizarem o armazenamento e venda colectiva Comercialização Os produtores de milho do distrito de Nhamatanda iniciam a venda de milho em maçaroca assim que as primeiras espigas amadurecem em Janeiro/Fevereiro. A venda de maçaroca de milho no início da colheita serve principalmente para colmatar a carência das famílias rurais após um longo período de ausência de rendimento agrícola. Normalmente em Abril, quando finalmente atinge a sua maturidade, o milho é seco e armazenado em celeiros caseiros para depois ser vendido de acordo com as necessidades dos pequenos Ilustração 3: Interior de celeiro rural produtores. A estrada nacional que liga a Beira a Chimoio é o centro de comercialização de milho e outros produtos agrícolas na região de Sofala. As propícias condições edafo-climáticas, associadas às vias de acesso do corredor da Beira para as capitais provinciais circunjacentes são as principais razões da grande actividade de produção e comercialização do distrito de Nhamatanda. A comercialização de milho em Nhamatanda é composta pelos seguintes actores: ambulante recolhedor/ grossista, ambulante retalhista, comerciantes locais, comerciantes industriais e indústria de processamento. No início da comercialização (Abril/Maio), devido ao longo período de ausência de produção e consecutivamente de maior carência económica, os produtores transportam o seu próprio milho em quantidades inferiores a 50kg até estrada nacional de bicicleta ou mesmo a pé, para vender pelo preço médio de 4 Mtn/kg, aos ambulantes retalhistas, grossistas ou mesmo a compradores industriais, de modo a venderem algum milho para colmatar as necessidades mais básicas. 17

19 Perene consultoria Com o aproximar do mês de Junho existe mais produto disponível para venda e os ambulantes recolhedores dirigem-se às localidades mais interiores onde compram pequenas quantidades de milho (por 4 Mtn/kg), que vão armazenando até totalizar uma quantidade aceitável para o aluguer de transporte da mercadoria. Transportam em sacos de 50kg e pagam 1 Mtn/kg pelo transporte até à estrada nacional onde venderão aos ambulantes grossitas ou a postos de colecta organizados pelos comerciantes industriais por cerca de 6 Mtn/kg. Em alguns casos os recolhedores também vendem a grossistas que se encontram nas vias interiores de melhor acesso. Existem 2 categorias de ambulantes grossistas a comercializar milho em Nhamatanda. Um é o comerciante da localidade, proprietário de cantinas e/ou armazéns, que é subcontratado pelos compradores industriais. Estes comerciantes estão normalmente localizados nas boas zonas de produção, munidos de camiões próprios e armazém. Caso haja necessidade, os comerciantes industriais adiantam dinheiro ao comerciante local para este efectuar a compra de milho. O preço médio de compra de milho para o comerciante local é de 5 Mtn/kg. Por sua vez o comerciante contrata trabalhadores para recolher e comprar o milho em postos de colecta espalhados pela região envolvente. Assim que for comprada quantidade suficiente para justificar o carregamento, o transporte do comerciante local ou alugado faz a recolha do produto comprado para deposito no armazém da loja, onde aguarda a recolha do transporte dos comerciantes industriais para os seus armazéns na cidade da Beira e Chimoio, em camiões de 30 ton. O caso da Dona Celina uma grossista de Nhamatanda A Dona Celina é proveniente da província de Maputo, cidade de Manhiça e tem um negócio de compra e venda de milho em Nhamatanda desde o ano Para esta grossista, tal como para maior parte dos seus colegas, existem duas épocas de comercialização na região centro do País. A primeira refere-se à época de campanha agrícola em que o milho é abundante e a procura é baixa, a outra é a época de escassez de milho nos mercados e excesso de procura com preços mais elevados ao consumidor. Na fase de excesso de milho no mercado nacional a Dona Celina compra o milho em Nhamatanda aos agricultores e pequenos intermediários, que se deslocam do interior do distrito principalmente de bicicleta para vender quantidades pequenas (inferior a 50kg) ou de colectores locais que transportam sacos de milho em carrinhas de caixa aberta das zonas mais distantes. Este milho é depois revendido pela Dona Celina às grandes empresas de comercialização regionais. Na segunda fase (Novembro/Fevereiro), época de maior escassez de milho no sul do País a Dona Celina junta-se com outros grossistas (maioritariamente mulheres) e dirigem-se à região de Tete, distrito de Angónia, onde compram milho excedente da campanha. Este milho é depois transportado, em camiões de 30 toneladas alugados, para as cidades do Sul do País, como Xaixai, Manhiça e Maputo deficientes em stock de milho. Outro tipo de comerciante grossista presente na comercialização de milho em Nhamatanda é o grossita individual com transporte próprio. Estes grossistas utilizam os seus transportes com capacidade de carga entre 5 a 10 ton para recolher o milho ora nas localidades junto dos pequenos agricultores, ora na estrada nacional onde estão concentradas grandes quantidades de milho pelos ambulantes locais. O milho é adquirido com fundos próprios ou, em alguns casos, emprestado pelos comerciantes industriais e transportado para as grandes empresas industriais e mercados na cidade da Beira e Chimoio. A comercialização de milho no distrito de Nhamatanda é dominada por empresas industriais de comercialização (Export Marketing, DECA e OLAM), que adquirem o milho para distribuição regional, nacional e para exportação para os países vizinhos. Estas empresas apresentam 3 vias de aquisição de produto: subcontratam os comerciantes locais para fazer a colecta do milho no distrito de Nhamatanda, subcontratam ambulantes grossistas para recolher o produto no interior e 18

20 Estudo de cadeias de valor de cereais e oleaginosas ao longo da estrada nacional e colocam postos de colecta ao longo da estrada nacional onde compram o produto a um preço fixado pelo comerciante industrial. A Export Marketing, que vende principalmente ao PMA e localmente na cidade da Beira, queixase da variação de qualidade do milho que compra. O preço médio de compra de milho aos seus fornecedores é de 7 Mtn/Kg. Outra prática comum dos ambulantes grossistas reside no aluguer de camiões de 30 toneladas para transportar o milho comprado para o sul do País nomeadamente, para Maxixe, Xai-xai, Macia e Maputo. Estes grossistas compram o milho ao preço médio de 5 Mtn/kg e vendem a 10 Mtn/kg. Outro grande comprador de milho em Nhamatanda é o PMA que adquire milho e feijões nas províncias de Sofala, Manica, Tete, Zambézia e Nampula por compra directa às associações de produtores e aos pequenos e médios comerciantes, por via concursos limitados. Igualmente adquire excedentes agrícolas, através dos parceiros do ICM (a quem arrendam armazéns), nomeadamente Export Marketing e V&M. A V&M trabalha em parceria com a ONG FHI cujos extensionistas dão apoio técnico aos camponeses e ajuda no seguimento da campanha (quantidade semeadas, estimativa da colheita, organização de posto de venda) Processamento O processamento de milho em Nhamatanda limita-se às 200 pequenas moageiras particulares e estatais de milho espalhadas pelo distrito. Estas moageiras destinam-se à produção de farinha de milho para consumo humano e são o único factor de transformação de milho encontrado durante a fase de estudo no distrito de Nhamatanda. A Mobeira e a Sasseka são as empresas de processamento com maior destaque na região. Estas empresas compram o milho à porta da fábrica a cooperativas agrícolas de Sofala, ambulantes grossistas da província de Sofala, Manica e Tete, comerciantes industriais nacionais, do Malawi e da Zâmbia. O produto adquirido serve para a produção de farinha para alimento humano e pipocas, assim como farelo para alimentação animal. A Mobeira adquire o milho ao preço médio de 5 Mtn/Kg e vende a farinha a 14,9 Mtn/kg Segundo o director de operações da empresa Mobeira, Pierre Potgieter, o milho nacional apesar de ter um aceitável grau de humidade (próximo de 13,5%) tem muito pouca qualidade relativamente ao tamanho, forma e variedades. Estes factores diminuem a capacidade de competitividade da farinha nacional em relação aos países vizinhos onde as produções têm qualidade superior devido à utilização de melhores factores de produção tal como fertilizante, variedades melhoradas e irrigação. 19

21 Perene consultoria Ilustração 4: Silos industriais Nhamatanda Em 2010 foram construídos em Nhamatanda silos com capacidade para m 3 de cereais. Esta unidade industrial de armazenamento está equipada com tecnologia de processamento, tal como, enchimento de 100 Ton/hora e descarga de 50 Ton/ hora, secadores de grão e prélimpeza de grão. Segundo a informação do SDAE de Nhamatanda os silos foram entregues à gestão do Ministério da Industria e Comercio e ao ICM mas até ao momento de entrega do presente relatório ainda não tinha sido definido o plano de utilização da unidade industrial Desenvolvimento de Mercado A procura de milho no mercado internacional tem grande influência nos preços do milho no mercado de Moçambique, assim como nas trocas comerciais externas com os Países vizinhos. A grande variação de preços que este produto sofre a nível nacional está também directamente relacionada com os índices de produção nacional, as condições climáticas e o comportamento especulativo dos camponeses quando retêm o milho até ao fim da campanha para aumentar o preço 5. Indirectamente o preço é influenciado pelo aumento demográfico e consequente procura dos países asiáticos, exercício de políticas de subsídios a culturas para biocombustíveis, aumento do custo da energia e redução dos níveis de stock mundial de cereais 6. Contudo nem todo o milho produzido em Moçambique fica dentro das fronteiras, uma parte é exportada formal e informalmente para os países vizinhos como a Zâmbia, Zimbabué, mas é o Malawi que absorve 98% das exportações de milho 7. O fluxo de comercialização do milho, desenvolve-se da zona central (Manica, Tete e Sofala) de maior produção para as zonas de maior procura como por exemplo sul do Save, cidade da Beira, Zâmbia e Malawi (Ilustração 5). 5 (FAO/DNCI/MICTUR, 1998) 6 (Longanemio, 2010/2011) 7 (Paulo, 2011) 20

22 Estudo de cadeias de valor de cereais e oleaginosas Ilustração 5: Mapa de fluxo de comercialização de milho A região a sul do Save é abastecida principalmente por milho vindo de Tete e Manica. A disponibilidade de transporte, boas vias de comunicação na EN1 associada ao facto dos preços mais elevados nas cidades do sul resulta no grande escoamento da produção excedente de milho da zona centro para estes mercados do sul. A cidade da Beira alimenta-se principalmente de milho da sua província, contudo em algumas campanhas de menor produção encontra-se milho de Tete nos mercados da Beira. Relativamente às exportações de cereais para a Zâmbia e Malawi existe muito pouca informação estatística, porque a grande maioria das exportações são feitas por pequenos informais que trabalham por conta própria 8. Fonte: USAID - FEWSNET 2012 A quantidade de milho transaccionada com os países vizinhos está dependente das variações de produção e preço nacional comparativamente aos países vizinhos. Por esta razão, em alguns anos o preço do milho sobe substancialmente nas cidades a sul do Save devido à falta de oferta e elevada procura nos países fronteiriços, provocando um escoamento de milho para estes países e aumentando os preços nas cidades nacionais deficitárias. Assim, em anos de fraca produção nos países vizinhos, a forte procura para exportação motiva um aumento dos preços do milho em Moçambique. 8 (FAO/DNCI/MICTUR, 1998) 21

23 Perene consultoria 3.2 Cadeia de valor do gergelim É uma das espécies vegetais mais antigas cultivadas pelo homem. O local da sua origem é incerto podendo situar-se entre Ásia e a África. Contudo alguns autores dizem que África é considerada o continente de origem porque ali existe a maioria das espécies silvestres do género Sesamum. O gergelim possui grande heterogeneidade de características morfológicas, podendo ser anual ou perene, com 0,50 a 3,00 m de altura, de caule erecto, com ou sem ramificações, com ou sem pelo e com sistema radicular pivotante. O óleo de sésamo e utilizado para a cozinha, cosméticos, tinta e lubrificantes. O subproduto obtido após a extracção do óleo é um óptimo componente da alimentação animal. A semente é uma importante fonte de óleo comestível e amplamente usada como tempero. Apresenta-se como uma valorosa fonte de alimentos por expor um teor de óleo, entre 46% a 56%, de excelente qualidade nutricional, medicinal e cosmética. O óleo é rico em ácidos graxos insaturados, como oleico (47%) e linoleico (41%), e apresenta vários constituintes secundários que são importantíssimos na definição das suas propriedades química, como o sesamol, a sesamina e a sesamolina. O sesamol tem propriedades antioxidantes que conferem ao óleo elevada estabilidade química, evitando a rancificação, o que lhe confere uma maior resistência à oxidação entre os demais óleos de origem vegetal 9. A semente de grão claro quando apenas torrada é usada para farinha, sendo muito nutritiva; uma vez novamente torrada e centrifugada transforma-se em um tipo de manteiga conhecida como tahine (de grande utilidade culinária nos países árabes); o gergelim preto é usado na preparação do gersal (gergelim + sal) que se constitui num dos temperos básicos da culinária e substância da medicina macrobiótica e integral, considerado alimento ideal para tirar a acidez do sangue, para aumentar a actividade e o reflexo cerebral, para combater as doenças venéreas e para fortalecer a pele. O gergelim apresenta ampla adaptabilidade às condições edafo-climáticas de clima quente, tem bom nível de resistência à seca e facilidade de cultivo, características que o transformam em excelente opção de diversificação agrícola. Apesar disso tem um grande potencial económico, nos mercados nacional e internacional, em consequência da elevada qualidade do óleo, com aplicações nas indústrias alimentar e óleo-química, e mercado potencial capaz de absorver quantidades superiores à oferta actual. A cultura de gergelim tem maior incidência em sistemas de produção de pequena escala, que utilizam a mão-de-obra familiar e normalmente é consociado com milho ou feijão e servindo de fonte alternativa de renda familiar. Tornando-se uma excelente opção agrícola por exigir práticas agrícolas simples e de fácil aprendizagem. 9 (BELTRÃO, et al., 1994) 22

24 Estudo de cadeias de valor de cereais e oleaginosas Ilustração 6: Mapa da cadeia de valor do gergelim Insumos Tal como para a produção de milho, a procura derivada dos pequenos agricultores de Nhamatanda são sementes, pesticidas e ferramentas agrícolas. Ao contrário do que acontece nas províncias do Norte de Moçambique, em Sofala a semente melhorada de gergelim dificilmente se encontra à venda nas lojas e mercados de insumos, é comum os produtores de gergelim reutilizarem sementes para a campanha seguinte, prática que provoca prejuízos, como a proliferação de doenças, depreciação comercial dos produtos, além da perda de produtividade e uniformidade. As variedades de gergelim diferenciam-se por vários atributos como altura, ciclo (de 70 a mais de 170 dias), coloração das sementes e tipo de ramificação. As variedades de sementes de cor branca e ou creme são as de maior valor comercial, ao passo que as de cor preta têm procura mais limitada. 23

25 Perene consultoria Produção O gergelim é uma das principais culturas de rendimento em Sofala, particularmente em Nhamatanda. Normalmente os pequenos agricultores produzem gergelim em monocultura em pequenas áreas separadas ou em consociação no mesmo campo de cultivo. A cultura do gergelim no distrito de Nhamatanda é feita em sequeiro estando por isso bastante dependente da pluviosidade anual. Normalmente a sementeira é feita nos primeiros dois meses do ano e a colheita em Maio. A cultura requer intensa mão-de-obra e baixo nível de insumos. Existe a possibilidade de aumentar a produtividade com a inclusão de insumos de produção e utilização de irrigação. A preparação da terra requer intensa mão-de-obra, contudo a maioria dos agricultores em Nhamatanda opta pela execução manual com enxada, exceptuando alguns agricultores que alugam tractores com grade e charrua a associações ou SDAE. É comum os agricultores semearem em cada cova mais de 5 sementes devido ao seu reduzido tamanho, contudo é importante fazer repicagens quando as plantas atingem os cm para acelerar o seu crescimento e aumentar a produtividade das plantas. Esta actividade também exige elevada mão-de-obra, pelo qual alguns agricultores optam por contractar mão-de-obra casual na região. O intervalo de colheita é muito curto e os agricultores também recorrem a mão-de-obra casual para evitar a perca de sementes por abertura da cápsula da semente. Durante o inquérito aos produtores das associações de Nhamatanda, apoiados pelo projecto CESVI/ORAM, declararam que ao lado do milho o gergelim é uma das principais culturas, dedicando em média 0.5 ha à cultura de gergelim. A produção situa-se entre os Kg/ha, valor próximo à média nacional de 660kg/ha 10. Contudo a produção do distrito e nacional é bastante inferior ao potencial de rendimento de 1.5 ton/ha possível com sementes melhoradas em condições de gestão óptimas. Devido à falta de semente tratada e/ou melhorada os produtores seleccionam a semente das melhores plantas do campo cultivado, para utilizarem na campanha seguinte. Em alguns casos foi mencionada a compra de semente não tratada no mercado local, que muito provavelmente também é semente reutilizada da campanha anterior. Esta pratica aliada ao armazenamento da semente com humidade superior a 8% e à reutilização de sementes por mais de 3 campanhas, são as principais razões pelo qual os rendimentos são tão baixo. Outro dos problemas apresentados na cultura de gergelim é a prematura abertura da cápsula e posterior queda da semente, diminuindo significativamente os rendimentos de produção por área. Segundo o director da SDAE de Nhamatanda a queda de produção do distrito nos últimos 2 anos deve-se principalmente à irregularidade das chuvas e à falta de semente certificada disponível nos mercados do distrito. 10 (FAOSTAT) 24

26 Estudo de cadeias de valor de cereais e oleaginosas A principal praga para a cultura de gergelim, não só no distrito de Nhamatanda como em todo o País e Sudoeste africano, é o flea beetle (Alocypha bimaculata),que ataca a folhagem nova na fase inicial de crescimento da planta. Segundo o inquérito realizado neste estudo apenas 50% dos agricultores, utilizam pesticidas contra pragas na produção de gergelim devido ao seu elevado custo e ausência nas zonas rurais. Os inquiridos que confirmaram a utilização de pesticidas demonstraram desconhecimento e confusão sobre os Ilustração 7: Mapa de Incidência da praga Alocypha bimaculata em África produtos a aplicar e o método de aplicação. Fonte: Maurizio Biondi, Paola D Alessandro, 2012 De acordo com o IIAM 11 o flea beetle pode ser controlado, tratando a semente com Gaucho, aplicando Karate ou Cipermetrina, fazendo lavouras profundas, usando variedades resistentes e adoptando a rotação de culturas. Outras pragas e doenças comuns são: a lagarta enroladora das folhas, mancha angular (Cylindrosporium sesami), murcha de fusarium (Fusarium oxysporium); todas elas com diferentes técnicas de tratamento aconselhados pelo IIAM Comercialização As trocas comerciais na cadeia de valor do gergelim estão resumidas a poucos actores, uma vez que cerca de 98% da produção destina-se à exportação, através dos comerciantes industriais. Em Moçambique a cadeia de Gráfico 1: Produção e exportação de gergelim em comercialização é composta por Moçambique grossista local, retalhista e comerciante industrial. De um modo Gergelim geral os grossistas locais, com fundos próprios ou emprestados pelos comerciantes industriais, abrem pontos de colecta nas Produção localidades onde compram o Exportação gergelim para depois ser levado 0 directamente para os armazéns dos comerciantes industriais. Outro modelo de compra analisado Fonte: FAOSTAT durante o estudo é a colocação de pontos de colecta na estrada nacional pelos próprios comerciantes industriais, onde compram o Toneladas 11 (Chitio, et al., 2009) 25

27 Perene consultoria gergelim trazido por produtores ou grossistas locais e posterior transporte em camiões de 30 toneladas para os armazéns dos comerciantes industriais. A campanha de comercialização de gergelim é muito curta chegando por vezes às 8 semanas. As quantidades produzidas por agricultor são pequenas o que facilita a capacidade de armazenamento de alguns dias ou semanas até o produtor levar o gergelim até aos pontos de colecta ou um grossista passar pela sua propriedade a comprar o produto. De acordo com um dos principais grossistas da região de estudo, senhor Issufo Sidat proprietário da Nhamatanda Comercial, existem cerca de 300 grossistas a comercializar gergelim em toda a região de Nhamatanda. Devido à enorme competitividade na comercialização de gergelim, os agricultores não têm problemas em vender os seus produtos, uma vez que os grossistas se deslocam até às zonas de produção para adquirem o gergelim. Os agricultores do distrito de Nhamatanda venderam gergelim em 2010 ao preço de 25 Mtn/kg ao grossista que vendeu em média por 30 Mtn/kg ao comerciante industrial que por sua vez exportou para outros países. Os comerciantes industriais com maior evidência na compra de gergelim em Nhamatanda são a Export Marketing e OLAM. Segundo Indrasena Reddy, gestor da sucursal da Export Marketing na cidade da Beira, o gergelim comprado na província de Sofala assim como nas outras províncias do Norte de Moçambique destina-se principalmente aos mercados do Japão e China. A cadeia de comercialização de gergelim em Moçambique é então dominada pelos comerciantes industriais, que ditam as regras da procura e preço no mercado nacional. No caso de outros países como a Tanzânia, as regras são definidas pelo estado, onde existem políticas estritas de comercialização. Na Tanzânia a produção comercializada tem obrigatoriamente como intermediários as associações e cooperativas de produtores. Embora esse sistema tenha alguns problemas de gestão é mais equilibrado e benéfico para o produtor dando a oportunidade de apoio dos produtores através de associações. Deste modo os produtores podem melhorar a qualidade de produção, o processamento básico e ter maior capacidade de discussão do preço do produto. O estrangulamento dos preços por parte dos comerciantes industriais em Moçambique tem consequências graves para a produção e comercialização nacional. Por um lado o preço do gergelim está dependente da procura internacional e consecutivamente da oferta internacional, por outro o preço do produto vai estar sempre dependente da capacidade produtiva dos gigantes de produção internacional, fragilizando a estabilidade dos preços nacionais. Uma das principais razões para esta dependência deve-se ao facto de os mercados asiáticos iniciarem as trocas comerciais em Outubro, os países africanos apenas iniciam as trocas comerciais de gergelim em Dezembro. Embora os preços pagos do gergelim tenham aumentado gradualmente nos últimos anos, uma campanha com preços baixos leva ao desânimo dos agricultores e consecutivamente à redução de produção no ano seguinte. 26

28 Estudo de cadeias de valor de cereais e oleaginosas Processamento O gergelim é exportado pelos comerciantes industriais como semente e não tem processamento transformador significativo, entre 2006 e 2010 apenas 1.2 ton de óleo de gergelim em média foram produzidos em Moçambique 12. Os comerciantes industriais compram as sementes em grosso e apenas fazem um processamento simples de limpeza e separação de sementes por cor, sendo que quanto mais clara a semente maior o seu valor. O processamento da semente em óleo é feito normalmente pelo país importador. Em alguns países em desenvolvimento, o óleo de sésamo é extraído usando técnicas pouco dispendiosas mas intensivas manualmente, tais como flutuação na água quente, prensas de ponte, processamento estilo ghani, ou usando um expulsor de pequena escala. Em países desenvolvidos o óleo de gergelim passa normalmente por técnicas mais dispendiosas e mecanizadas como extracção com prensa de bagaço, máquinas de extracção de óleo de maior escala ou através de prensagem seguida de extracção com solvente químico Desenvolvimento de Mercado A produção mundial em 2010 é estimada em 4,31 milhões de toneladas, obtidas em 7,86 milhões de hectares, com produtividade de 804 kg/ha. Índia e Myanmar são responsáveis por 41% da produção mundial. Moçambique encontra-se em 15º lugar com 46 mil toneladas Gráfico 2: Maiores produtores mundiais de semente de gergelim Fonte: FAOSTAT 12 (FAOSTAT) 13 (FAOSTAT) Produção de semente gergelim India Myanmar China Ethiopia Sudan (former) Uganda United Nigeria Burkina Faso Niger Somalia Central Thailand Egypt Mozambique produzidas em 70 mil hectares e rendimento em torno de 660 kg/ha, rendimento este superior aos 539Kg/ha e 485Kg/ha do Myanmar e Índia respectivamente 13 (FAOSTAT, 2012). A China é 3º maior produtor de semente de sésamo com toneladas em 2010 também é o maior importador mundial com toneladas no mesmo ano, tendo preferência pelo mercado africano em relação ao indiano. Nos últimos anos os países africanos têm tirado vantagem dos benefícios alfandegários de importação na China, fazendo frente à Índia. O Japão é o 2ª maior importador 27

29 Perene consultoria internacional com toneladas em 2010 e continua a ter preferência pelas sementes do continente africano. Este factor é determinante para a estabilidade dos países produtores africanos e a segurança de ter um mercado de procura sólido. O consumo de semente de gergelim no mundo tem vindo a aumentar desde 2004 mas a oferta não tem aumentado proporcionalmente à procura, o que motivou o verificado aumento dos preços do kg de semente nos últimos anos. O gergelim encontra-se entre as 6 principais oleaginosas de Moçambique, triplicando nos últimos 5 anos, com o aumento de 15 mil toneladas para 46 mil toneladas entre 2005 e Tabela 4: Produção de gergelim em Moçambique Elemento Unid Área colhida Ha Produção Ton Produtividade Kg/Ha Fonte: FAOSATAT Contudo em Moçambique, ao contrário da tendência internacional, a produtividade por área de produção manteve-se semelhante, logo o aumento da área de produção acompanhou o aumento de produção. 28

30 Estudo de cadeias de valor de cereais e oleaginosas 3.3 Cadeia de valor do amendoim O amendoim é uma das principais oleaginosas em Moçambique, cultivado basicamente por pequenos produtores. Os agricultores utilizam pouca ou nenhuma tecnologia, sendo que a produção visa atender principalmente o consumo do produto sem processamento. O amendoim adapta-se a climas secos, tendo a capacidade de enriquecer o solo através da fixação de azoto, uma particularidade das leguminosas. As sementes de amendoim possuem altos teores de vitaminas proporcionando elevada rentabilidade de óleo facilmente digestível. As sementes possuem um sabor agradável e são ricas em óleo (aproximadamente 50%) e proteína digerível (22 a 30%). O grão pode ser utilizado para a extracção de óleo, utilizado na alimentação humana, na indústria de conservas e em produtos medicinais. O farelo de amendoim constitui importante fonte para alimentação de gado. Em Moçambique o amendoim tem um papel muito importante na dieta alimentar, tanto das populações rurais como urbanas. Também é importante na geração de renda das mulheres nas ruralidades, sendo vendido para consumo em grão torrado, vagens frescas ou moído para cozinhar pratos tradicionais. Tabela 5: Produção de amendoim em Moçambique Elemento Unid Área colhida Ha Produção Ton Produtividade Kg/Ha Fonte: FAOSATAT A CV do amendoim em Moçambique tem um desenvolvimento limitado, devido sobretudo à falta de controlo de qualidade do produto, especialmente no que se refere a Aflatoxina. Aflatoxina é um metabólito altamente tóxico produzido pelos fungos Aspergillus flavus e parasiticus. De acordo com as estimativas da FAO, os fungos afectam 25% das culturas do mundo, sendo que mais de 4,5 biliões de pessoas estão cronicamente expostos a aflatoxina através de alimentos contaminados, como o milho e amendoim. A exposição à aflatoxina pode causar cancro, supressão do sistema imunológico, doenças de fígado, retardamento de crescimento, etc. 29

31 Perene consultoria Ilustração 8: Mapa da cadeia de valor do amendoim Insumos Durante o estudo de campo não se registou a utilização de insumos de produção específicos para a cultura de amendoim, com excepção para a semente pequena da variedade Nametile e algumas ferramentas básicas agrícolas Produção A produção de amendoim no distrito de Nhamatanda destina-se principalmente ao consumo local. Pouco amendoim é vendido para outros distritos ou províncias. Os produtores dedicam pequenas áreas ao amendoim, ao redor da casa ou consociando com outras culturas como o milho e mapira. Produzem apenas o suficiente para satisfazer as necessidades do agregado familiar. A existência de excedente de produção depende essencialmente das condições climatéricas e do sucesso da cultura sobreviver ao encharcamento no período das chuvas, época em que a planta está mais fragilizada ao excesso de água. No caso de haver excedente de produção, o amendoim é vendido pelo produtor ou sua família no mercado ou vendido a outros comerciantes locais. Encontrou-se maior relevância na produção de amendoim pelo género feminino do agregado familiar, como um importante suporte da segurança alimentar. No entanto, dos produtores masculinos inquiridos, poucos se mostraram interessados nesta cultura para consumo ou rendimento. Apenas se encontrou amendoim pequeno durante o inquérito, não havendo indícios ou referencias à produção de amendoim grande. 30

32 Estudo de cadeias de valor de cereais e oleaginosas Ilustração 9: Aptidão agro-climática generalizada para a produção de culturas em sequeiro Fonte: World Soil Information Database 14 A região de Nhamatanda tem boas condições agro-climáticas para a produção de amendoim (Ilustração 9). O rendimento em peso seco do amendoim neste distrito está estimado em cerca de 2,2 Ton/ha com um baixo nível de uso de insumos de produção. Segundo o SDAE de Nhamatanda a produção de amendoim pequeno no distrito em 2012 foi de ton, com uma média de produção por área de 0,5 ton/ha, valor muito inferior à aptidão agro-climática da região. Contudo estes dados são apenas teóricos, tendo em conta que o amendoim é produzido principalmente para consumo do agregado familiar e que as estatísticas do SDAE se baseiam apenas na observação mediana dos campos cultivados. Contudo o SDAE estima que a produção para o presente ano de 2013 será de Kg, um aumento de 14% de produção. Os requisitos de semente são de cerca de 80 kg / ha. A maioria dos agricultores mantêm a semente da cultura do ano anterior para o replantar na campanha seguinte. Os camponeses reciclam a sua semente durante épocas com menor quebra de rendimentos comparativamente a 14 (Assessment of land resources for rainfed crop production, 1982) 31

33 Perene consultoria outras culturas, como o milho. Apesar da disponibilidade de sementes certificada na loja de insumos da sede do distrito de Nhamatanda, muitos agricultores são resistentes à aquisição de semente melhorada, uma vez que a semente custa cerca de 75 Mtn/Kg (6.000 Mtn/ha). A escolha de sementes certificadas é muito importante para o sucesso da cultura de amendoim, incluindo para o controlo da aflatoxina. Diversos factores podem contribuir para os níveis de aflatoxina no amendoim. Algumas pesquisas mostram que algumas variedades de amendoim são mais resistentes à contaminação por aflatoxina, sendo essencial a correcta escolha de variedades. A selecção está dependente de variados factores incluindo as condições climáticas e o tipo de solo. O manuseamento do amendoim pós colheita com altos índices de humidade é um dos principais factores para a contaminação do produto com aflatoxina Comercialização São as mulheres normalmente que produzem, transportam e vendem o amendoim nos mercados locais, contudo também é comum encontrar vendedoras dos mercados a comprar o amendoim aos produtores nas localidades mais distantes para vender nos mercados da sede do distrito. Os preços do amendoim ao produtor na época de colheita (Março/Abril) são de 5 Mtn/kg, mas o preço de revenda pelos retalhistas na mesma época é de 15 Mtn/kg. Esta discrepância indica que existe uma grande procura do produto nos mercados locais e que nem todos os produtores/agregados familiares cultivam este produto. A diferença de preços e o alto rendimento dos retalhistas indica que os produtores do distrito não estão rentabilizar da melhor maneira a sua produção, podendo vir a tirar maiores rendimentos, aumentando o preço do seu produto ou passando a vender Ilustração 10: Mapa do fluxo de comercialização do amendoim directamente no mercado. Fonte: USAID - FEWSNET 2012 Como se pode observar no mapa anterior, o fluxo de comercialização de amendoim em Moçambique é do Norte para a capital Maputo no Sul. O amendoim consumido na Beira vem principalmente das províncias de Nampula e Tete. Embora as condições para a produção de 32

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