PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Faculdade Mineira de Direito. Arethuza de Souza Totti e Silva

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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Faculdade Mineira de Direito $,03(1+25$%,/,'$'('2,0Ï9(/'2'(9('2562/7(,52 Arethuza de Souza Totti e Silva Belo Horizonte 2004

2 2 Arethuza de Souza Totti e Silva $,03(1+25$%,/,'$'('2,0Ï9(/'2'(9('2562/7(,52 Análise do acórdão proferido dos Embargos de Divergência em Recurso Especial de nº /SP, julgado pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça Trabalho apresentado à disciplina Monografia II, da Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Orientadora: Marinella Machado Araújo. Belo Horizonte 2004

3 3 Arethuza de Souza Totti e Silva $ LPSHQKRUDELOLGDGH GR LPyYHO GR GHYHGRU VROWHLUR análise do acórdão proferido dos embargos de divergência em recurso especial de nº /SP, julgado pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça Trabalho apresentado à disciplina Monografia II, da Faculdade Mineira de Direito, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, Marinella Machado Araújo (Orientadora) Puc Minas Prof. Prof.

4 4 680È5,2 1,1752'8d $,03(1+25$%,/,'$'( '2,0Ï9(/ '2 '(9('25 62/7(,52 12 $&Ï5' 2'$&257((63(&,$/' $FyUGmRHPEDUJDGRHDFyUGmRSDUDGLJPD RWRYHQFLGRGRUHODWRUHYRWRYHQFHGRU %(0'()$0Ë/,$ %UHYHFRQWH[WXDOL]DomRKLVWyULFDVREUHRVXUJLPHQWRGREHPGHIDPtOLD %HPGHIDPtOLDQR&yGLJR&LYLOGH %HPGHIDPtOLDQD/HLQGHGHPDUoRGR %HPGHIDPtOLDQR&yGLJR&LYLOGH 23 4 $,17(535(7$d 2/,7(5$/'2$57,*2ž'$/(,1'( $IDPtOLDDHQWLGDGHIDPLOLDUHRVROWHLUR $LQWHUSUHWDomROLWHUDOGRDUWLJRžGD/HLQGH VHQWLGROLWHUDOGRDUWLJRžGD/HLQGHSURWHomRjIDPtOLDH jvhqwlgdghvidplolduhv 41 5 $,17(535(7$d 2 7(/(2/Ï*,&$ '2 $57,*2 ž '$ /(, 1 '( $ LPSHQKRUDELOLGDGH FRPR LQVWUXPHQWR GH SURWHomR DR GLUHLWR IXQGDPHQWDOGHPRUDGLD ULQFtSLRVFRQVWLWXFLRQDLVLQIRUPDGRUHV 55 6 &21&/ ()(5Ç1&,$6%,%/,2*5È),&$6 64 $1(;26 $1(;2$±$FyUGmRGRV(PEDUJRVGH'LYHUJrQFLDQž63 $1(;2%±$FyUGmRHPEDUJDGR±5HVSQž63 $1(;2&±$FyUGmRSDUDGLJPD±5HVSQž5-69

5 5,1752'8d 2 A presente monografia de final de curso tem por objeto de análise o Acórdão proferido pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos Embargos de Divergência em Recurso Especial nº /SP, relator Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, que considerou ser impenhorável o imóvel em que reside o devedor solteiro, sob o argumento de que a interpretação teleológica do artigo 1 o1 da Lei n , de 29 de março de 1990, revela que este não se limita ao resguardo da família, mas à proteção do direito fundamental à moradia, cuja ementa a seguir transcreve-se: 352&(668$/ ± (;(&8d 2,03(1+25$%,/,'$'( ±,0Ï9(/ 5(6,'Ç1&,$ ± '(9('25 62/7(,52 ( 62/,7È5,2 ± /(, $ LQWHUSUHWDomRWHOHROyJLFDGR$UWžGD/HLUHYHODTXHDQRUPDQmRVH OLPLWDDRUHVJXDUGRGDIDPtOLD6HXHVFRSRGHILQLWLYRpDSURWHomRGHXPGLUHLWR IXQGDPHQWDO GD SHVVRDKXPDQDRGLUHLWRjPRUDGLD6HDVVLPRFRUUHQmRID] VHQWLGRSURWHJHUTXHPYLYHHPJUXSRHDEDQGRQDURLQGLYtGXRTXHVRIUHRPDLV GRORURVR GRV VHQWLPHQWRV D VROLGmR e LPSHQKRUiYHO SRU HIHLWR GR SUHFHLWR FRQWLGRQR$UWžGD/HLRLPyYHOHPTXHUHVLGHVR]LQKRRGHYHGRU FHOLEDWiULR(5HVSQž63 Na ocasião, a Corte Especial do STJ, ao decidir os embargos de divergência, concedeu o benefício da impenhorabilidade ao imóvel do embargado Benedito Guimarães Silva, devedor solteiro, mantendo a decisão proferida por unanimidade pela Sexta Turma do mesmo Tribunal no julgamento do Recurso Especial nº /SP 1 Art. 1º - O imóvel residencial próprio do casal ou da entidade familiar é impenhorável e não responderá por qualquer dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta Lei.

6 6 (acórdão embargado), que impedia que a penhora do imóvel do recorrente, Benedito Guimarães Silva, fosse formalizada. O recurso especial, objeto dos embargos de divergência, teve como relator o Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro que apontou como argumento principal para a concessão da impenhorabilidade, a interpretação teleológica do artigo 1º da Lei n , de 1990, assinalando que o dispositivo legal precisava ser interpretado consoante o sentido social do texto, e que, conforme esse sentido social a norma busca proteger as pessoas, garantindo-lhes um lugar para morar, devendo o solteiro receber o mesmo tratamento que uma família receberia. Contra esse argumento, nos embargos de divergência, a credora, Iracema Saguim, trouxe a confronto a decisão proferida por maioria no Recurso Especial nº /RJ da Quarta Turma do STJ (acórdão paradigma), relator Ministro Barros Monteiro, que sustentou tese totalmente contrária a da proferida pela Sexta Turma. O acórdão divergente exarou que a pessoa solteira não caracteriza uma família, já que esta pressupõe uma associação de pessoas, vislumbrando, inclusive, que a extensão do benefício da impenhorabilidade ao devedor solteiro estaria a favorecer os maus pagadores. Portanto, não devia ser concedida ao solteiro a referida proteção. Tendo por marco teórico a decisão da Corte que se pautou nessas duas linhas de argumentos acerca da interpretação do artigo 1º da Lei n , de 1990, este trabalho terá como principal objetivo analisar de forma crítica a argumentação suscitada neste julgado da Corte Especial, a partir da verificação tanto da legalidade, quanto da efetividade desses argumentos, buscando identificar qual deles deve prevalecer frente ao ordenamento jurídico brasileiro: se a proteção à família conferida pela Lei n , de 1990 e pelo FDSXWdo artigo 226 da Constituição Federal do 1988, ou, se o direito

7 7 fundamental à moradia previsto no artigo 6º da mesma Constituição, bem como o princípio da dignidade da pessoa humana estabelecido pelo artigo 1º, inciso III, da CF/88. É nesse contexto, que este estudo buscará o alcance do artigo 1º da Lei 8.009, de Para tanto, o trabalho foi estruturado da seguinte forma: no primeiro capítulo será feita exposição detalhada do caso concreto, vale dizer, dos Embargos de Divergência nº /SP, objeto desse estudo, bem como dos votos condutor, vencido e apartes proferidos pelos ministros membros da Corte, além da exposição dos acórdãos embargado e paradigma. No segundo capítulo, apresentar-se-á uma breve contextualização histórica sobre o surgimento do instituto do bem de família e a situação do mesmo na Lei n , de 1990, e nos Códigos Civis de 1916 e No terceiro capítulo, inicialmente, será exposta uma breve evolução do conceito de família e as novas formas atualmente admitidas e, após, será trazida à discussão a interpretação e o sentido literal do artigo 1º da Lei n , de 1990, apresentado-se os argumentos formulados no acórdão em foco. O quarto capítulo terá o objetivo de identificar o alcance do benefício da impenhorabilidade aos imóveis dos devedores solteiros, apresentado a interpretação teleológica do artigo 1º da supracitada lei, assim como os princípios constitucionais informadores que nortearam o voto do vencedor. Fazem parte também desse trabalho três anexos contendo o interior teor dos acórdãos estudados.

8 8 $,03(1+25$%,/,'$'( '2,0Ï9(/ '2 '(9('25 62/7(,52 12 $&Ï5' 2 '$&257((63(&,$/'267- O acórdão objeto da presente pesquisa, conforme sinteticamente apresentado na introdução, trata dos Embargos de Divergência no Recurso Especial nº /SP, julgados pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, em 6 de fevereiro de A embargante, Iracema Sanguim, credora na demanda, apontou a divergência nos julgamentos de casos análogos proferidos pela Quarta e Sexta Turma do STJ, nos termos do artigo 546 2, inciso I, do Código de Processo Civil. A decisão foi favorável ao embargado, Benedito Guimarães da Silva, devedor na demanda e cujo estado civil é o de solteiro, impedindo a penhora de seu único imóvel residencial, em virtude do mesmo constituir bem de família. $FyUGmRHPEDUJDGRHDFyUGmRSDUDGLJPD Merecem destaque as ementas dos dois acórdãos divergentes, o embargado julgado pela Sexta Turma do STJ - Resp nº /SP, e o aresto paradigma julgado pela Quarta Turma do mesmo tribunal - Resp nº /RJ. No primeiro demonstrouse que o benefício da impenhorabilidade deve ser estendido à pessoa solteira, em 2 Art. 546: É embargável a decisão da turma que: I em recurso especial, divergir do julgamento de outra turma, da seção ou do órgão especial;

9 9 razão do sentido teleológica do artigo 1º da Lei n , de 1990, ou seja, que o fim da norma é a proteção do indivíduo e de seu direito à moradia. Já no segundo acórdão, a tese desposada foi a de que o solteiro não constitui família e que a lei em questão foi promulgada para proteger a família e não a pessoa do devedor, não se podendo, de maneira alguma, ampliar-se o conceito de família. Vem a lume as seguintes, respectivamente: 5(63&,9,/,0Ï9(/,03(1+25$%,/,'$'($/HLQžRDUWž SUHFLVD VHU LQWHUSUHWDGD FRQVRDQWH R VHQWLGR VRFLDO GR WH[WR (VWDEHOHFH OLPLWDomR j UHJUD GUDFRQLDQD GH R SDWULP{QLR GR GHYHGRU UHVSRQGHU SRU VXDV REULJDo}HVSDWULPRQLDLV2LQFHQWLYRjFDVDSUySULDEXVFDSURWHJHUDVSHVVRDV JDUDQWLGROKHV R OXJDU SDUD PRUDU )DPtOLD QR FRQWH[WR VLJQLILFD LQVWLWXLomR VRFLDO GH SHVVRDV TXH VH DJUXSDP QRUPDOPHQWH SRU ODoRV GH FDVDPHQWR XQLmRHVWiYHORXGHVFHQGrQFLD1mRVHROYLGHPDLQGDRVDVFHQGHQWHV6HMDR SDUHQWHVFR FLYLO RX QDWXUDO &RPSUHHQGH DLQGD D IDPtOLD VXEVWLWXWLYD 1HVVD OLQKD FRQVHUYDGD D WHOHRORJLD GD QRUPD R VROWHLUR GHYH UHFHEHU R PHVPR WUDWDPHQWR7DPEpPRFHOLEDWiULRpGLJQRGHVVDSURWHomR(PDLV7DPEpPR YL~YRDLQGDTXHVHXVGHVFHQGHQWHVKDMDPFRQVWLWXtGRRXWUDVIDPtOLDVHFRPR QRUPDOPHQWHDFRQWHFHSDVVDPDUHVLGLUHPRXWUDVFDVDV'DWDYHQLDD/HLQž QmR HVWi GLULJLGD D Q~PHUR GH SHVVRDV $R FRQWUiULR j SHVVRD 6ROWHLUDFDVDGDYL~YDGHVTXLWDGDGLYRUFLDGDSRXFRLPSRUWD2VHQWLGRVRFLDO GD QRUPD EXVFD JDUDQWLU XP WHWR SDUD FDGD SHVVRD 6y HVVD ILQDOLGDGH GDWD YHQLDS}HVREUHDPHVDDH[DWDH[WHQVmRGDOHL&DVRFRQWUiULRVDFULILFDUVH i D LQWHUSUHWDomR WHOHROyJLFD SDUD SUHYDOHFHU DLQVXILFLHQWHLQWHUSUHWDomROLWHUDO 5HVSQž63,PSHQKRUDELOLGDGH /HL Q GH ([HFXWDGR VROWHLUR TXH PRUD VR]LQKR $ /HL Q GHVWLQDVH D SURWHJHU QmR R GHYHGRU PDV D VXD IDPtOLD $VVLP D LPSHQKRUDELOLGDGH QHOD SUHYLVWD DEUDQJH R LPyYHO UHVLGHQFLDO GRFDVDORXGDHQWLGDGHIDPLOLDUQmRDOFDQoDQGRRGHYHGRUVROWHLURTXHUHVLGH VROLWiULR5HFXUVR(VSHFLDOQmRFRQKHFLGR5HVSQž5- Com efeito, o desacordo evidente nos dois arestos sobre matéria na instância especial, mostrou a discrepância ocorrida nos julgamentos dos recursos especiais,

10 10 razão pela qual os Embargos de Divergência nº /SP foram, por unanimidade conhecidos, e passados a julgamento pela Corte Especial do STJ. 3 9RWRYHQFLGRGRUHODWRUHYRWRYHQFHGRU Em seu voto o relator, Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, posicionou-se contra a concessão do benefício da impenhorabilidade ao imóvel do devedor solteiro. O relator construiu a fundamentação de seu voto a partir da análise os próprios conceitos de família e entidade familiar, destacando que o núcleo da controvérsia estava centrado na interpretação do artigo 1º da Lei n , de Sustentou sua tese na interpretação literal do referido artigo, atentando ao fato de que o objetivo almejado pelo legislador, no momento da produção da referida norma, era a proteção da família em si, e não do indivíduo devedor, sinalizando inclusive que interpretações ampliativas do artigo 1º da Lei n , de 1990, acabariam por estimular aos maus pagadores. Seu voto foi acompanhado pelos Ministros Barros Monteiro, Francisco Peçanha Martins, Milton Luiz Pereira e Antônio de Pádua Ribeiro. Sustentou ainda, o ministro relator, a necessidade de uma análise precisa do caso concreto ao invés de se julgar de maneira genérica a presente questão, conforme os precedentes do Tribunal. O Ministro Barros Monteiro, por ter sido o relator do 3 Cumpre salientar que, o caso foi processado na Corte Especial do STJ pois, conforme o artigo 11, inciso XIII e artigo 226, 2ª parte, do Regimento Interno deste Superior Tribunal, é de competência da Corte Especial julgar e processar os embargos de divergência quando ocorrer divergência entre Turmas de Seções diversas, ou entre Turma e outra Seção ou com a Corte Especial.

11 11 acórdão paradigma (Resp nº /RJ, da Quarta Turma do STJ), trazido a confronto nos embargos de divergência em foco, proferiu voto acompanhando o voto do relator, mantendo seu entendimento anteriormente firmado. O Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, em seus apartes proferidos, ressaltou a complexidade do tema em debate e afirmou ser necessária a aplicação do sentido exato da lei. Ressaltou que a ampliação do sentido da lei só pode ser feita por obra do legislador e que, somente no exame de cada caso concreto é que a interpretação extensiva da lei é permitida, mesmo assim, desde que não se perca de vista que a extensão constitui uma exceção à regra da penhorabilidade. Por fim, Antônio de Pádua Ribeiro acrescentou que os entendimentos contrários poderiam gerar uma situação de desproteção em demasia ao direito de crédito e insegurança jurídica. Em oportuna intervenção, o Ministro Milton Luiz Pereira expôs uma preocupação, associando-se à do Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, afirmando que ao se dar tônica sempre genérica do benefício da impenhorabilidade, seja a quem for, se distorce o próprio conceito de família. Manifestando-se de forma contrária, o Ministro Humberto Gomes de Barros proferiu seu voto respaldando-se na interpretação teleológica do artigo 1º da Lei n , de 1990, entendendo que o objetivo do referido artigo é a proteção de um direito fundamental da pessoa, vale dizer, a proteção do direito à moradia previsto no artigo 6º da Constituição Federal de 1988 fundamentado na dignidade da pessoa humana. Destacou que, no caso concreto, a interpretação literal do supracitado artigo é insuficiente e ineficaz, visto que não exprime o fim que a norma procura atingir, ou seja,

12 12 não atinge à PHQV OHJLV 4 Seu voto foi acompanhado pelos Ministros César Asfor Rocha, Ruy Rosado de Aguiar, José Delgado, José Arnaldo da Fonseca, Fernando Gonçalves, Felix Fischer, Eliana Calmon, Francisco Falcão, Edson Vidigal e Garcia Vieira. O ministro elaborador do voto vencedor destacou, ainda, que o acórdão embargado (Resp nº /SP, da Sexta Turma do STJ) está em plena consonância com a linha de interpretação ampliativa formada no STJ sobre a matéria, trazendo à colação casos em que a jurisprudência daquele superior tribunal já se declarou e colocou sob a proteção da impenhorabilidade residências de pessoas que não formavam, necessariamente, uma família como: a viúva sem filhos, a pessoa separada judicialmente e os irmãos solteiros. Ressaltou, inclusive, que a utilização da expressão entidade familiar pelo legislador no dispositivo do artigo 1º da Lei n , de 1990, não se refere, necessariamente, a uma família coletiva, mas sim àqueles entes que a integram ou dela são remanescentes, incluindo-se assim o solteiro como beneficiário da referida proteção. Diante do exposto, vê-se que o voto do Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, relator do acórdão em estudo, que sustentou a não concessão do benefício da impenhorabilidade ao imóvel do devedor solteiro, restou vencido no julgamento dos embargos de divergência. O voto vencedor, acompanhado pela maioria dos ministros da Corte Especial do STJ, foi aquele proferido pelo Ministro Humberto Gomes de Barros, que defendendo tese contrária à do relator aplicou ao artigo 1º da Lei n , 4 De acordo com o dicionário de vocábulos jurídicos de De Plácido e Silva, a expressão PHQVlegis traduz uma intenção, objetivo ou finalidade da lei. Indica o fim social proposto pela lei, constituindo elemento essencial de sua interpretação.

13 13 de 1990, a interpretação teleológica para considerar impenhorável o imóvel do devedor solteiro, sob o fundamento de que o mesmo constitui bem de família. 2%(0'()$0Ë/,$ %UHYHFRQWH[WXDOL]DomRKLVWyULFDVREUHRVXUJLPHQWRGREHPGHIDPtOLD Primitivamente, a casa era, além de asilo da família, verdadeiro santuário, onde se adoravam os antepassados. Eram os lares as reais propriedades de família. Informa o período da Idade Média que a propriedade familiar se resguardava pelos morgadios 5, mais para assegurar à nobreza as propriedades em seu poderio, do que com o objetivo direto de proteção à família, tendo assim, caráter mais políticoeconômico do que de amparo à família (AZEVEDO(a), 1984). Assim, ao contrário do que informam alguns civilistas, o bem de família não é um instituto moderno. Nesse sentido Valdemar César da Silveira 6 ao discorrer sobre a origem do bem de família esclarece: $OJXQV DXWRUHV VXS}HP TXH VH WUDWD GH LQVWLWXWR GH RULJHP PRGHUQD D GLVSRVLomRVREUHREHPGHIDPtOLD7DOQmRVHGi2VURPDQRVMiRLQVWLWXtUDP TXDQGRIDFXOWDUDPDRWHVWDGRURQHUDUDKHUDQoDFRPRLQWXLWRGHVDOYDJXDUGDU 5 Propriedade vinculada ou conjunto de bens vinculados que não podiam ser alienados ou divididos e que geralmente, por morte de seu possuidor, passavam para o filho mais velho. 6 Citado por Francisco Alves.

14 14 RV LQWHUHVVHV GH IDPtOLD RX RV SHVVRDLV GR KHUGHLUR TXDQGR HVWDEHOHFHUDP D FOiXVXODGHLQDOLHQDELOLGDGHSDUDDFDVDGRPLFLOLiULD$/9(6S Contudo, a maioria dos autores, dentre eles Álvaro Villaça de Azevedo, Maria Helena Diniz, Arnoldo Wald, afirmam que foi a partir da Idade Moderna 7 que surgiu o complexo instituto do bem de família. Remontando as origens ao direito americano, Arnoldo Wald (1995) vincula-o ao KRPHVWHDG, cuja finalidade era assegurar abrigo à família, a partir da impenhorabilidade e inalienabilidade da casa em que ela reside, enquanto vivessem os cônjuges e até que os filhos completassem a sua maioridade. Assim, foi na República do Texas que o instituto recebeu tratamento específico. A conjuntura histórica que vivia a república texana em meados do século XIX (1830) apresentava grande euforia econômica e desenvolvimento em todos segmentos da sociedade, que foi seguida por uma grave crise econômica que afetou todos os setores da sociedade, acarretando inúmeras falências (AZEVEDO(a), 1984, p. 12). Acerca do surgimento do KRPHVWHDG nos Estados Unidos, Caio Mário da Silva Pereira (1996) teceu as seguintes considerações: 6XDRULJHPpQRUWHDPHULFDQD1RV(VWDGRV8QLGRVHPFRQVHT rqfldghjudyh FULVH HFRQ{PLFD TXH R DWLQJLX QR FRPHoR GR VpFXOR ;,; R (VWDGR GR 7H[DV SURPXOJRX XPD OHL HP SHUPLWLQGR TXH ILFDVVH LVHQWD GH SHQKRUD D SHTXHQD SURSULHGDGH VRE D FRQGLomR GH VXD GHVWLQDomR j UHVLGrQFLD GR GHYHGRU2XWURV(VWDGRVGDTXHOD)HGHUDomRDGRWDUDPDQRUPDHDVVLPFULRX VHRLQVWLWXWRGRKRPHVWHDG 3(5(,5$DS Nesse contexto, foi editada a Lei do KRPHVWHDG, no dia 26 de janeiro de 1839, com o seguinte teor: 7 A época chamada Moderna engloba três séculos: XVI, XVII e XVIII. Informação disponível em: < Acesso em 29 set

15 15 'HHDSyVDSDVVDJHPGHVWDOHLVHUiUHVHUYDGRDWRGRRFLGDGmRRXFKHIHGH XPDIDPtOLDQHVWDUHS~EOLFDOLYUHHLQGHSHQGHQWHGRSRGHUGHXPPDQGDGRGH ILHUL IDFLDV RX RXWUD H[HFXomR HPLWLGR GH TXDOTXHU &RUWH GH MXULVGLomR FRPSHWHQWH DFUHV GH WHUUD RX XP WHUUHQR QD FLGDGH LQFOXLQGR R EHP GH IDPtOLD GHOH RX GHOD H PHOKRULDV TXH QmR H[FHGDP D GyODUHV HP YDORU WRGR PRELOLiULR H XWHQVtOLRV GRPpVWLFRV SURYHQGR SDUD TXH QmR H[FHGDP R YDORUGHGyODUHVWRGRVRVLQVWUXPHQWRVXWHQVtOLRVIHUUDPHQWDVGHODYRXUD SURYLGHQFLDQGR SDUD TXH QmR H[FHGDP GyODUHV WRGDV IHUUDPHQWDV DSDUDWRV H OLYURV SHUWHQFHQWHV DR FRPpUFLR RX SURILVVmR GH TXDOTXHU FLGDGmR FLQFR YDFDV GH OHLWH XPD MXQWD GH ERLV SDUD R WUDEDOKR RX XP FDYDOR YLQWH SRUFRV H SURYLV}HV SDUD XP DQR H WRGDV DV OHLV RX SDUWHV GHODV TXH FRQWUDGLJDP RX VH RSRQKDP DRV SUHFHLWRV GHVWH DWR VmR LQHILFD]HV SHUDQWH HOH 4XH VHMD SURYLGHQFLDGR TXH D HGLomR GHVWH DWR QmR LQWHUILUD FRP RV FRQWUDWRVHQWUHDVSDUWHVIHLWRVDWpDJRUD'LJHVWRIWKHODZVRI7H[DV $=(9('2DS Etimologicamente, a palavra KRPHVWHDG significa local do lar (KRPH = lar; VWHDG = local). Álvaro Villaça de Azevedo (1984, p. 12) demonstra que a origem e a razão de ser do instituto do KRPHVWHDG se encontra no espírito do povo americano, e, dentre outras causas, no respeito à atividade e à independência individual, no sentimento herdado da nação inglesa de considerar a casa como um verdadeiro castelo sagrado, além da necessidade de estimular os esforços dos imigrantes e colonos no sentido de uma maior segurança e proteção em caso de infelicidade. No Brasil, o KRPHVWHDG ou melhor, o bem de família foi tratado pela primeira vez no Código Civil de Contudo, embora não aparecesse no texto original do projeto apresentado por Clóvis Bevilácqua, a sucessão de reiteradas emendas culminou com a sua inserção no texto final aprovado. Assim, ao ser publicado em 1916, o Código Civil continha todo um capítulo (Capítulo V, Livro II, Título I da Parte Geral) destinado ao bem de família (artigos 70 a 73) 8, resultado da aprovação da emenda apresentada em 1º de dezembro de 1912, pelo Senador Fernando Mendes de Almeida. 8 O bem de família no Código Civil de 1916 será objeto de estudo aprofundado do próximo tópico.

16 16 O bem de família recebeu complementação legislativa posterior, sendo objeto de regulamentação pelo Decreto-lei n , de 19 de abril de 1941 (Lei de Organização e Proteção à Família), pela Lei n , de 31 de dezembro de 1973 (Lei de Registros Públicos) e pela já citada Lei n , de 1990 (TAVARES, 2003). O Decreto-lei 3.200, de 1941, dispõe, no que tange ao bem de família, sobre a inexistência de limite de valor para este ser instituído, apontando a necessidade somente de que o imóvel seja a efetiva residência dos instituidores pelo período superior a dois anos. Dessa forma, quis o legislador ressaltar o verdadeiro objetivo da impenhorabilidade do imóvel, qual seja, a proteção o direito de resguardo e moradia dos membros que compõe a família, e não a proteção do valor mobiliário do patrimônio do devedor. Quanto à Lei n , de 1973, seu objetivo é estabelecer e regular os procedimentos e requisitos dos registros públicos, e, especificamente, a inscrição pública do bem de família, feita perante o cartório de registro de imóveis, conforme estabelecido no Código Civil brasileiro. Sobre a Lei n , de 1990, Caio Mário da Silva Pereira (1996, p.289) esclareceu que a partir dela se criou nova modalidade de bem de família, que se estabelece sem a observância de certas formalidades previstas no Código Civil de , e que agora são subordinados a requisitos mais simples, contidos no artigo 1º do referido diploma legal. O estudo sobre essa lei será realizado a seguir. Ressalte-se que o Código Civil, de 10 de janeiro de 2002, manteve o instituto do bem de família, com algumas inovações. Com base na concepção adotada pelo Código 9 Dentre uma das formalidades não mais necessárias à instituição do bem de família, destaca-se o registro obrigatório a ser realizado no cartório de registro de imóveis.

17 17 Civil de 2002, Maria Helena Diniz (2002) conceitua bem de família: p LQVWLWXWR TXH WHP SRU HVFRSR DVVHJXUDU XP ODU j IDPtOLD RX PHLRV SDUD VHX VXVWHQWR SRQGRD DR DEULJR GH SHQKRUDV SRU GpELWRV SRVWHULRUHV j LQVWLWXLomR VDOYR DV TXH SURYLHUHP GH WULEXWRV UHODWLYRV DR SUpGLR RX GH GHVSHVDV FRQGRPtQLR 10 ',1,=ES Com efeito, durante a vigência do Código Civil de 1916 até a promulgação da Constituição Federal de 1988 quatro foram as constituições republicanas brasileiras: 1934, 1937, 1946 e Em todas elas foi dado tratamento semelhante à família, associando-a sempre ao instituto do casamento. Com a promulgação da Constituição Federal do 1988, o artigo 226 concretizou o amparo à família, dando a esta especial proteção constituindo a base da sociedade. O texto constitucional de 1988, nos parágrafos 3º e 4º do artigo , veio ainda ampliar de forma explícita e diferencial a noção de família já que reconhecendo como entidades familiares a união estável 12 e a família monoparental demonstrou que o conceito de família não mais deve ser associado exclusivamente ao casamento. Nesse novo contexto, o bem de família torna-se uma forma especial de proteção de todos os tipos de núcleos familiares, reforçando a importância do lar como elemento essencial à coesão familiar, decorrente ou não do casamento. 10 A ressalva referente às despesas de condomínio constitui inovação contida somente no Código Civil de Artigo 226. FDSXW 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. 12 Sobre união estável, a Lei n , de 29 de dezembro de 1994, que dispõe sobre os direitos dos companheiros a alimentos e à sucessão.

18 18 Atualmente, vê-se que o instituto do bem de família está regulamentado em vários países expressando, quase sempre, o objetivo de se proteger a família. Dessa forma, o bem de família representa um meio de assegurar à instituição basilar das sociedades (a família) o mínimo suficiente à sua existência, buscando sempre equilibrar os interesses particulares e coletivos (AZEVEDO(a), 1984). E nesse sentido, o bem de família apresenta-se como verdadeira exceção ao princípio segundo o qual o patrimônio do devedor deve responder por suas dívidas. %HPGHIDPtOLDQR&yGLJR&LYLOGH As constituições republicanas anteriores à vigente dispunham ser a família constituída pelo casamento e titulares de proteção dos poderes públicos. A exemplo, o artigo 167 da Constituição Federal de 1967 que dispôs que ³DIDPtOLDpFRQVWLWXtGDSHOR FDVDPHQWRHWHUiGLUHLWRjSURWHomRGRV3RGHUHV3~EOLFRV Vê-se que nessas constituições prevalecia o conceito de família baseado na necessária coabitação 13 de seus membros e estruturado numa linha vertical formada somente por ascendentes e descendentes, modelo esse, totalmente ultrapassado em razão da Constituição Federal de No Código Civil de 1916, originalmente, o instituto do bem de família estaria localizado na Parte Geral, no Livro das Pessoas. Entretanto, após veemente censura 13 A coabitação, como um dos deveres do casamento, possui expressa menção no Código Civil de 1916 (artigo 231, inciso II), bem como no artigo 3º da Lei n , de 26 de dezembro de 1977, lei do divórcio.

19 19 dos senadores, em especial o Senador Justiniano de Serpa, a matéria foi transferida para o Livro dos Bens, da Parte Geral (AZEVEDO(a), 1984). Tal decisão foi alvo de críticas por Clóvis Bevilácqua, Eduardo Espínola, Washington de Barros Monteiro, Sílvio Rodrigues, dentre outros, que defendiam a inserção do bem de família 14 na Parte Especial Livro do Direito de Família, como hoje está situado Código Civil de No contexto do Código Civil de 1916, Álvaro Villaça de Azevedo (1984) conceituou o instituto: XPPHLRGHJDUDQWLUVHXPDVLORjIDPtOLDWRUQDQGRVHRLPyYHORQGHDPHVPD VH LQVWDOD GRPLFtOLR LPSHQKRUiYHO H LQDOLHQiYHO HQTXDQWR IRUHP YLYRV RV F{QMXJHVHDWpTXHRVILOKRVFRPSOHWHPVXDPDLRULGDGH /LPRQJL )UDQoD FRQFHLWXD R EHP GH IDPtOLD FRPR ³R LPyYHO XUEDQR RX UXUDO GHVWLQDGR SHOR FKHIH GH IDPtOLD RX FRP R FRQVHQWLPHQWR GHVWH PHGLDQWH HVFULWXUDS~EOLFDDVHUYLUFRPRGRPLFtOLRGDVRFLHGDGHGRPpVWLFDFRPFOiXVXOD GHLPSHQKRUDELOLGDGH $QWHV PHVPR GD HQWUDGD HP YLJRU GR QRVVR &ygljr &LYLO &DUYDOKR GH 0HQGRQoD FRQFHLWXDYD R EHP GH IDPtOLD FRPR ³XPD SRUomR GH EHQV GHILQLGRV TXHDOHLDPSDUDHUHVJXDUGDHPEHQHItFLRGDIDPtOLDHGDSHUPDQrQFLDGRODU HVWDEHOHFHQGR D VHX UHVSHLWR D LPSHQKRUDELOLGDGH OLPLWDGD H XPD LQDOLHQDELOLGDGHUHODWLYD$=(9('2DS Com efeito, assim ficou estabelecido no artigo 70 do Código Civil de 1916: $UW e SHUPLWLGR DRV FKHIHV GH IDPtOLD GHVWLQDU XP SUpGLR SDUD GRPLFtOLR GHVWD FRP D FOiXVXOD GH ILFDU LVHQWR GH H[HFXomR SRU GtYLGDV VDOYR DV TXH SURYLHUHPGHLPSRVWRVUHODWLYRVDRPHVPRSUpGLR 3DUiJUDIR~QLFR(VVDLVHQomRGXUDUiHQTXDQWRYLYHUHPRVF{QMXJHVHDWpTXH RVILOKRVFRPSOHWHPVXDPDLRULGDGH 14 A evolução do conceito de família e entidade familiar serão estudados no próximo tópico.

20 20 O bem de família estabelecido nos artigos 70 a 73 do Código Civil de 1916 era o que servia de residência à família, e por isso, ficava isento de penhora, no caso de execução por dívidas de seu proprietário. Ressalvando-se apenas as dívidas relativas ao imóvel. Cumpre observar que a proteção só era válida, conforme o parágrafo único do artigo 70, enquanto fossem vivos os cônjuges ou até a maioridade dos filhos. A partir desse dispositivo fica nítida a concepção absoluta de família adotada pelo Código Civil de 1916, já comentada anteriormente, em que a família correspondia apenas àquela célula decorrente do casamento e composta pelos ascendentes e descendentes, excluídos todos os outros tipos de modelos familiares atualmente admitidos. Nota-se, ainda, que a instituição do imóvel como bem de família era formalizada mediante escritura pública, requisito formal e indispensável. Assim, a constituição do bem de família sempre esteve vinculada à noção de formalidade, sendo solene por natureza e de incumbência do próprio instituidor 15. É o que assinala, Clóvis Bevilácqua (1916): 3DUD TXH D LQVWLWXLomR GR EHP GH IDPtOLD QmR VHMD XP IDFWR FODQGHVWLQR H DV SHVVRDVTXHWUDFWDPFRPRVEHQHILFLiULRVSRUHOOHQmRYHQKDPDVHULOOXGLGDV VXSSRQGR WHU QR SUpGLR TXH VHUYH GH ODU j IDPtOLD JDUDQWLD VXILFLHQWH SDUD D VROXomR GH VHXV FUpGLWRV D OHL H[LJH TXH R REWHQKD PDLRU SXEOLFLGDGH 'HYH FRQVWDUGHLQVWUXPHQWRS~EOLFRHVWHLQVWUXPHQWRGHYHVHULQVFULSWRQR5HJLVWUR GHLPyYHLVHDLPSUHQVDGHYHWRUQiORFRQKHFLGR (BEVILÁCQUA(a), 1916) Contudo, o caráter formal e particular desse tipo de bem de família, chamado voluntário, sempre foi objeto de críticas por depender da iniciativa privada. Os fundamentos dessas críticas sustentavam que o Estado acabava por transferir ao particular, por força das formalidades legais, o encargo de tamanha importância. Tal 15 Art. 73: A instituição deverá constar de escritura pública transcrita no registro de imóveis e publicada na imprensa local e, na falta desta, na da Capital do Estado.

21 21 transferência acabava por confundir este cuidado dos particulares (instituição do bem de família), com os próprios cuidados pertencentes ao Poder Público, qual seja, o zelo por seu povo. Entretanto, com o advento da Lei n , de 1990, a impenhorabilidade do bem de família torna-se legal, sendo assim retomada pelo Poder Público. Por derradeiro, cumpre destacar que conforme o artigo 71 do diploma civil de 1916, constituía condição de validade do bem de família a solvência do instituidor à época da prática do referido ato jurídico, protegendo-se assim, o direito dos credores anteriores. %HPGHIDPtOLDQD/HLQGH A concepção de família transforma-se de acordo com a evolução da própria sociedade e, em decorrência disso, várias leis posteriores ao Código Civil de 1916 alteraram questões relativas aos direitos dos membros da família. Assim, anos após a introdução do bem de família no Código Civil de 1916 (artigos 70 a 73), houve a necessidade de se reestruturar o instituto. A promulgação da Constituição Federal de 1988 mudou o paradigma existente na sociedade brasileira, buscando agora a valorização do indivíduo, colocando-se a família num patamar de importância nunca antes deferido, além de ter reconhecido os modelos alternativos de famílias. Nesse sentido, a família pós Constituição Federal de 1988 se dissocia do instituto do casamento, desvinculando-se completamente do modelo apresentado nas constituições anteriores.

22 22 Como base da sociedade que se pretende planejar, a família tornou-se merecedora de uma proteção especial. A idéia da impenhorabilidade adquiriu função de grande importância, sobretudo após a edição de várias leis de índole econômica, que agravaram consideravelmente o empobrecimento geral da população, no final dos anos 80. É nesse contexto social brasileiro que foi editada a Lei n , de O bem de família, estruturado na Lei n , de 1990, estabelece que o imóvel residencial, urbano ou rural, próprio do casal ou da entidade familiar, destinado à moradia permanente, não poderá ser penhorado em razão de qualquer tipo de dívida, seja ela civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges, pais ou filhos, que forem proprietários ou no imóvel residam (WALD, 1995). Sobre a referida lei, Washington de Barros Monteiro, citado por Carlos Gonçalves (1993), afirmou: SRU HVVD QRYD OHL UHOHYDQWH H XUJHQWH R OHJLVODGRU EUDVLOHLUR DOPHMDYD D FRPSOHWD WUDQT LOLGDGH GD SUySULD IDPtOLD RX GD HQWLGDGH IDPLOLDU JDUDQWLQGR OKHXPDWUDQT LOL]DomRGHFRUUHQWHGHVVDLPSHQKRUDELOLGDGHFRQFHGLGDSHODOHL FRPR D GH PXLWRV RXWURV EHQV Mi HVWDEHOHFLGR DQWHULRUPHQWH SUHYLVWRV QR &ygljr&lyloduwvd*21d$/9(6s Essa lei abrange também, como impenhoráveis as construções, plantações e benfeitorias do imóvel, bem como os equipamentos de uso profissional e os móveis que o guarnecem, desde que quitados. Todavia, limites foram impostos ao direito de proteção, visto que excluídos foram os veículos de transporte, as obras de arte e adornos suntuosos, sendo estes passíveis de constrição judicial em favor do credor, nos termos do artigo 2º da Lei n , de 1990 (DINIZ(b), 2002). Assim, a impenhorabilidade constitui regra, ao passo que as

23 23 exceções são taxativas, ou seja, são somente aquelas devidamente previstas no artigo 2º da Lei n , de Além disso, outras exceções foram arroladas pelo legislador no artigo 3º da lei, dispondo que a impenhorabilidade deixará de ser oponível nas execuções caso estas versem sobre créditos trabalhistas domésticos, pensão alimentícia, impostos relativos ao imóvel dentre outros. A lei em questão estabelece o chamado bem de família legal ou involuntário, pois, instituído pela vontade soberana do Estado, visa garantir um mínimo necessário à sobrevivência da família, tornando desnecessária qualquer providência por parte dos beneficiários. Dessa forma, tornou auto-aplicável a impenhorabilidade do imóvel que serve de residência da família ou entidade familiar. Esse tipo de bem de família, em contraposição ao bem de família voluntário, previsto no Código Civil de 1916, possui a característica de ser compulsório. Assim, o bem de família torna-se itinerante, acompanhando o casal ou a entidade familiar onde quer que se instalem, vinculando-se à residência (GONÇALVES, 1993). Essa lei especial veio representar mais uma intervenção do Estado no campo do direito de família, objetivando conceder aos membros da família maior proteção e tranqüilidade, bem como melhores condições de vida às gerações futuras. Nesse sentido, concretizou um dos fundamentos do Estado de direito brasileiro, a dignidade da pessoa humana, prescrito no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal de EHPGHIDPtOLDQR&yGLJR&LYLOGH

24 24 O projeto que resultou no Código Civil de 2002 concedeu melhor tratamento ao instituto do bem de família, superando o Código Civil de 1916, incorporando em seu texto os direitos e fundamentos contidos Constituição Federal vigente. Entretanto, apesar da atualização ocorrida em relação ao Código Civil de 1916, retrocedeu o legislador ao ignorar completamente a existência da legislação especial sobre a matéria, já que manteve o bem de família ali, reescrito nos moldes do anterior, ou seja, como voluntário e não compulsório ou legal. Ao invés de instituir o bem de família incorporando as disposições já existentes na legislação especial (Lei n , de 1990), o Código Civil de 2002 foi aprovado desconsiderando todos os avanços expressos na referida lei, que tornou a proteção em foco auto-aplicável. Dessa maneira, as determinações contidas nos artigos a 1.722, do Código Civil de 2002, restaram ineficazes em face da existência da lei especial muito mais efetiva. Cumpre destacar que as novas disposições trazidas pelo Código Civil de 2002, referentes ao bem de família, não alteram a Lei n , de O bem de família tratado no novo código é distinto daquele disposto na referida legislação especial, visto que o primeiro é voluntário, e o segundo é legal. Assim, salienta-se que somente em relação às disposições contidas no Código Civil de 1916 é que se pode identificar a revogação, em virtude da edição da Lei n , de 2002, que instituiu o Código Civil de Nesse caso, a Lei , de 2002, regulamentou inteiramente a matéria contida no Código Civil de 1916, motivo pelo qual, nos termos do parágrafo 1º do artigo

25 25 2º da Lei de Introdução do Código Civil 16, as disposições contidas no diploma de 1916 foram totalmente revogadas. As regras atinentes ao bem de família foram, agora, sistematizadas no título referente ao direito patrimonial da família. Em linhas gerais, iremos analisar os artigos de maior relevância e que representaram alguma inovação em relação ao Código Civil de Fundamentalmente, mister faz-se a transcrição do artigo do novo diploma: $UW 3RGHP RV F{QMXJHV RX D HQWLGDGH IDPLOLDU PHGLDQWH HVFULWXUD S~EOLFD RX WHVWDPHQWR GHVWLQDU SDUWH GH VHX SDWULP{QLR SDUD LQVWLWXLU EHP GH IDPtOLD GHVGH TXH QmR XOWUDSDVVH XP WHUoR GR SDWULP{QLR OtTXLGR H[LVWHQWH DR WHPSR GD LQVWLWXLomR PDQWLGDV DV UHJUDV VREUH D LPSHQKRUDELOLGDGH GR LPyYHO UHVLGHQFLDOHVWDEHOHFLGDHPOHLHVSHFLDO 3DUiJUDIR ~QLFR 2 WHUFHLUR SRGHUi LJXDOPHQWH LQVWLWXLU EHP GH IDPtOLD SRU WHVWDPHQWRRXGRDomRGHSHQGHQGRDHILFiFLDGRDWRGDDFHLWDomRH[SUHVVDGH DPERVRVF{QMXJHVEHQHILFLDGRVRXGDHQWLGDGHIDPLOLDUEHQHILFLDGD Inovou o novo Código Civil quanto à legitimidade para instituição do bem de família, afastando a expressão chefe de família, referida no Código Civil de 1916, para fazer alusão expressa aos cônjuges e à entidade familiar. Dessa forma, incorporou o Código Civil de 2002 as modificações já introduzidas no ordenamento jurídico brasileiro, pela CF/88, notadamente no que se refere posição dos cônjuges na sociedade conjugal e ao reconhecimento da união estável e da família monoparental como espécies de entidade familiar, distintas do casamento (TAVARES, 2003). O Código Civil de 2002 manteve a mesma disposição do Código Civil de 1916 e, ratificando a norma prevista no artigo , da Lei n , de 1973 (Lei de Registros 16 Art. 2º: FDSXW 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

26 26 Públicos), elegeu a escritura pública como instrumento para a instituição do bem de família. Inovou o novo Código Civil ao estipular o valor limite para o bem de família, até um terço do patrimônio líquido do instituidor ao tempo da instituição, objetivando evitar abusos. 18 A crítica que se faz, porém, é que a família que não possui patrimônio, e que é possuidora de somente um imóvel, não fará jus ao benefício do bem de família voluntário, aproveitando somente a proteção conferida pela Lei n , de Estabelece ainda o diploma civil de 2002, no artigo 1.712, que compreendem bem de família além do prédio residencial urbano ou rural, destinando em ambos os casos a domiciliar a família, também os valores mobiliários, isto é, aquela renda obtida e aplicada na conservação do imóvel e sustento da família. Representa este artigo uma inovação em relação ao Código Civil de 1916, porque permite que o bem de família abranja valores mobiliários, cuja renda será usada na conservação do imóvel e no sustento da família, claro, com certas limitações, pois que, QmR SRGHUmR H[FHGHU R YDORUGRSUpGLRLQVWLWXtGRHPEHPGHIDPtOLDjpSRFDGHVXDLQVWLWXLomR (AZEVEDO(b), 2002, p. 199). Sobre os valores imobiliários: 1DVOLo}HVGH5LSHUW5REORWH:DOGLULR%XOJDUHOOLYDORUHVPRELOLiULRVVmRFUpGLWR SRU GLQKHLUR EHQV PyYHLV Do}HV GHErQWXUHV REULJDo}HV WtWXORV QHJRFLiYHLV TXHUHSUHVHQWDPGLUHLWRVGHVyFLRVRXGHP~WXRRXHPSUpVWLPRVDORQJRSUD]R WtWXORVGH%ROVDWtWXORVHPLWLGRVSHODVRFLHGDGHDQ{QLPDDFULWpULRGR&01HWF 17 Art A instituição do bem de família far-se-á por escritura pública, declarando o instituidor que determinado prédio se destina a domicílio de sua família e ficará isento de execução por dívida. 18 A preocupação do legislador em fixar critério valorativo para a composição do bem de família, entretanto, não é recente no Direito pátrio, revelando-se, inicialmente, no artigo 19 do Decreto-lei n , de 1941 que, após sucessivas alterações legislativas, determinou, afinal, que não há limite de valor para o bem de família desde que o imóvel seja a residência dos interessados por mais de 2 (dois) anos. Na ausência, contudo, de qualquer dispositivo legal estabelecendo, o valor do bem, nos casos de residência no imóvel pelo prazo inferior a 2 (dois) anos, tornou ineficaz a limitação pretendida pela lei (TAVARES, 2003).

27 27 6HUYHP GH EDVH QDV RSHUDo}HV GH %ROVD H QD GLVWLQomR GH VRFLHGDGHV DQ{QLPDVDEHUWDV1RV(8$VmRDVVHFXULWLHVHPLWLGDVSHODVFRPSDQKLDVFRPR DVVWRFNVFRPPRQVWRFNVVWRFNZKLFKJUDQWVDSUHIHUHUHDVGHEWVHFXULWLHV HPUHJUDDVGHErQWXUHVRXERXQGV),8=$S Aperfeiçoando a redação do texto codificado anteriormente o artigo institui o primeiro efeito do bem de família, a saber, a impenhorabilidade, que representa verdadeira limitação à responsabilidade patrimonial do devedor. São excepcionadas três hipóteses, nas quais é admitida a penhora do imóvel, que dizem respeito: a) execuções por dívidas anteriores à instituição do bem de família; b) dívidas tributárias referentes ao imóvel e c) dívidas referentes a execuções oriundas de despesas de condomínio, esta última, inovação no direito pátrio. Sobre a extinção do bem de família, é estabelecido que a dissolução da sociedade conjugal não o extingue (artigo 1.721). Em contraposição, no artigo seguinte, (artigo 1.722) tem-se que a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos acarreta a extinção do bem de família. Este dispositivo quer estabelecer o resguardo da família até a sua natural dissolução, ou seja, até o falecimento daqueles que a formaram e maioridade da prole. O artigo em apreço não contém referência na Lei n , de 1990, constituindo elemento importante para a compreensão do objetivo do bem de família a seguir analisado. Portanto, essas foram as principais inovações no código civil, inseridas pela Lei n , de Apesar de mais estruturas e detalhadas as disposições sobre o bem de família voluntário merecem crítica. Perdeu o legislador oportunidade de inserir certas regras contidas na Lei n , de 1990, que tornariam o bem de família

28 28 voluntário mais eficaz, ou até mesmo a oportunidade de uniformizar os dois institutos, tornando-os idênticos. $,17(535(7$d 2/,7(5$/'2$57,*2ž'$/(,1'( $IDPtOLDDHQWLGDGHIDPLOLDUHRVROWHLUR O Estado, em sua organização e na realização de seus ideais, tem como finalidade básica proporcionar o bem estar e a dignidade de seu povo, assegurandolhes os direitos fundamentais definidos na Carta Magna. Como já dito, na base da sociedade que se pretende organizar e assegurar direitos está a família, que é protegida pelo ordenamento brasileiro, conforme o FDSXW do artigo 226 da Constituição Federal de 1988, que preceitua: $ IDPtOLD EDVH GD VRFLHGDGHWHPHVSHFLDOSURWHomRGR(VWDGR O motivo pelo qual a família recebe essa proteção especial do Estado é porque ao se amparar essa instituição, está se aperfeiçoando a própria unidade política do Estado. (FERREIRA, 1995). A propósito, comenta Ives Gandra Martins (1998): )HOL]PHQWH R FRQVWLWXLQWH HP PRPHQWR GH UDUD OXFLGH] ID] TXHVWmR GH DFHQWXDUQRFDSXWGRSULPHLURDUWLJRGR&DStWXOR9,,GR7tWXOR9,,TXHDIDPtOLD pdedvhgd6rflhgdghfdehqgrdr(vwdgrsurwhjrod 0DLV GR TXH LVVR R FRQVWLWXLQWH LPS{V DR (VWDGR R GHYHU GH SURWHJHOD GH IRUPD³HVSHFLDO DGMHWLYRTXHGiIRUoDjQRUPD0$57,16

29 29 A própriadeclaração Universal dos Direitos Humanos da ONU (1948), em seu artigo XVI, 3, estabeleceu que aidptoldprq~fohrqdwxudohixqgdphqwdogdvrflhgdgh HWHPGLUHLWRjSURWHomRGDVRFLHGDGHHGR(VWDGR, dada a sua importância em todos os ordenamentos jurídicos. Para Rodrigo da Cunha Pereira (1997) 19, é irrefutável a premissa de que a família é, foi e será sempre a célula básica da sociedade, pois, é a partir dela que se torna possível estabelecer todas as outras relações sociais, inclusive os ordenamentos jurídicos. Evolutivamente, o conceito de família sofreu transformações significantes até os dias de hoje. No direito romano a concepção de família era fundamentada numa organização fundada sobre a base patriarcal e aristocrática, em que o princípio da autoridade do SDWHUIDPtOLDV era o que regia todas as relações familiares. (PEREIRA(a), 1996) Já na Idade Média, com o advento do catolicismo, a concepção romana de família não mais prevalece. A partir daí é introduzida a idéia do casamento indissolúvel, consagrando-se a família monogâmica. Sendo o matrimônio não apenas um contrato, um acordo de vontades, mas também um sacramento, não podiam os homens dissolver a união realizada por Deus. (WALD, 1995) Na modernidade, observa-se que no Brasil a família manteve o cunho patriarcal, monogâmico e matrimonial. Antes da promulgação da Constituição Federal de 1988, só aquele núcleo formado pelo casamento é que era reconhecido como família e, portanto, tinha a regulamentação e proteção do Estado. Dessa maneira, o conceito típico de 19 Artigo publicado no Jornal O Tempo de 26/02/1997.

30 30 família que prevalecia nessa época era aquele que identificava a família como um conjunto de pessoas ligadas pelo vínculo da consangüinidade, matrimônio e respectiva progênie (BEVILÁCQUA, 1976). Nesse contexto, as conceituações de família remetiam-se sempre à idéia intuitiva de um grupo social baseado no casamento. Acompanhando esse entendimento, apresenta-se a definição limitada, e atualmente ultrapassada, de família feita por Orlando Gomes (1994) que afirma: VRPHQWHRJUXSRRULXQGRGRFDVDPHQWRGHYHVHU GHQRPLQDGR IDPtOLD SRU VHU R ~QLFR TXH DSUHVHQWD RV FDUDFWHUHV GH PRUDOLGDGH H HVWDELOLGDGHQHFHVViULRVSDUDRSUHHQFKLPHQWRGHVXDIXQomRVRFLDO. No mesmo sentido, Sílvio Rodrigues (2002) comenta assegurando que³didptold VHDSUHVHQWDSRUWDQWRFRPRLQVWLWXLomRTXHVXUJHHVHGHVHQYROYHGRFRQ~ELRHQWUHR KRPHPHDPXOKHUHTXHYDLPHUHFHUDPDLVGHOLEHUDGDSURWHomRGR(VWDGRTXHQHOH YrDFpOXODEiVLFDGHVXDRUJDQL]DomRVRFLDO Entretanto, sendo a família uma instituição social, ela naturalmente varia de acordo com a própria evolução histórica, estando assim, sujeita à influência dos fatores histórico-sociais, assumindo diversas formas de acordo com a própria organização das sociedades. A concepção moderna de família vai se transformando na mesma proporção em que as mudanças na sociedade vão acontecendo. Maria Helena Diniz (2002) aduz serem inúmeros os sentidos do termo família. Para a doutrinadora a expressão família pode ser vista de acordo com três acepções fundamentais: a) a amplíssima, b) a lata e c) restrita. No sentido amplíssimo, o termo família abrangeria todos os indivíduos que estiverem ligados pelo vínculo da consangüinidade ou da afinidade. Na acepção lata, a

31 31 autora admite com membros da família, além dos cônjuges e de seus filhos, os parentes da linha reta ou colateral, bem como os afins. Já na acepção mais restrita, mais atual e acertada com a CF/88, a família não é somente aquele conjunto de pessoas unidas pelos laços de matrimônio e da filiação, mas também é aquela comunidade formada por qualquer dos pais e descendentes, conforme o artigo 226, parágrafo 3º da CF/88, e a oriunda da união estável. (DINIZ(b), 2002). Pois bem, em face dessas considerações, observa-se que o conceito de família atravessa o tempo e o espaço, sempre tentando clarear e demarcar o seu limite, especialmente para fins de Direito. (PEREIRA(b), 1997, p.14) Da noção primitiva de família no ordenamento jurídico brasileiro formada a partir da união de pais e filhos, conseqüência de um casamento legalmente realizado e regulamentado pelo Estado passou-se com Constituição Federal vigente a ser dada maior amplitude ao conceito de família para abranger também aquela família havida fora do casamento, vale dizer, a união estável entre homem e mulher, bem como aquela composta por um dos progenitores e sua descendência, isto é, a família monoparental. (RODRIGUES, 2002, p.4) Para o Sílvio de Salvo Venosa (2003), as evoluções ocorridas decorrem das transformações ocasionadas no meio social, ou seja, das uniões sem casamento que passaram a ser regularmente aceitas pela sociedade. Assim, a unidade familiar, sob o prisma social e jurídico, não se mostra mais alicerçada no matrimônio, mostrando-se que a nova família pode se estruturar independentemente das núpcias. Dessa forma, o conceito de família estendeu-se para reconhecer, agora com o título de entidade familiar, aquelas comunidades formada por qualquer dos pais e seus

32 32 descendentes, assim como a união estável entre homem e mulher, representando melhor a realidade da população. Portanto, é visto com clareza a mutação do conceito de família bem como sua evolução. Contudo, observa-se que em todos os momentos, sempre restou necessária a existência de uma relação entre pessoas, para que o núcleo familiar se caracterizasse. Nesse sentido foi elaborado o artigo 1º da Lei n , de 1990, que deferiu somente à família e à entidade familiar a proteção da impenhorabilidade de seus imóveis residenciais, por serem os mesmos bem de família. Nesse ponto, destaca-se que a Lei n , de 1990, não se referiu à figura da pessoa cujo estado civil é o de solteiro, que reside solitária. Esta é pessoa individualmente considerada que, expressamente, não é citada no dispositivo do artigo 1º do texto legal como titular da proteção do bem de família, isto é, não é beneficiária da proteção da impenhorabilidade de seu imóvel residencial, justamente por não mais coabitar com nenhum de seus familiares. Contudo, apesar da diferença entre a pessoa solteira, as famílias e demais entidades familiares e monoparentais (conjunto de pessoas) consistir justamente na ausência de uma relação entre membros decorrente de relações de consangüinidade e afinidade, cumpre destacar que a pessoa que reside solitária é, indubitavelmente, originário de um desses tipos de núcleo familiar. Conforme comenta Washington de Barros Monteiro (1997) é certo que WRGR KRPHP DR QDVFHU WRUQDVH PHPEUR LQWHJUDQWH GH XPD HQWLGDGH QDWXUDO R RUJDQLVPR IDPLOLDU H D HOD FRQVHUYDVH OLJDGR GXUDQWHWRGDDVXDH[LVWrQFLD. Tal assertiva pode ser comprovada, por exemplo, pelo

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