A MATA. Um roteiro. Fábio da Silva. 22/05/2010 até 10/08/2012

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1 A MATA Um roteiro de Fábio da Silva 22/05/2010 até 10/08/2012 Copyright 2012 by Fábio da Silva Todos os direitos reservados Rua Ana Teles, 489, casa 14 Praça Seca Rio de Janeiro (21) / silver_mota@yahoo.com.br silver_mota@hotmail.com

2 1. A MATA SURGE EM PRETO: A Mata Dentre as matas, tu és a mais bela. Mata de folhas tenras e de frutos doces. Mata de perigos e de prazeres. Sei que dentro de ti escondes um lago de segredos. Enfrentarei a onça e a serpente para encontrá-lo. E quando a este lado chegar, Nos teus cabelos negros, vou mergulhar. Nos teus olhos castanhos, vou me banhar. Na tua pele morena, vou me afogar. Serei teu maior explorador. Ó Mata! Ó Mata! Mata-me de amor! Fábio da Silva EXT. FAZENDA SANTA HELENA DIA Com a ESPINGARDA em punho, RIBEIRO jovem alto e branco, de cabelos castanhos, por volta dos trinta anos pula a cerca da propriedade e segue correndo velozmente em direção ao CASARÃO, que está ao fundo. INT. CASARÃO/SALA DIA ENTRA correndo. DALVA mulher morena e forte, por volta dos cinquenta anos - se assusta e deixa o pequeno VASO DE PLANTAS, que segurava cair no chão. Uma voz feminina GRITA. Um RUGIDO de onça ECOA. Eduardo sobe a escada apressadamente até o...

3 2. 2º ANDAR, onde dá um ponta-pé na porta de um... QUARTO, na qual ENTRA, mira e ATIRA. Eduardo abaixa a espingarda e a solta no chão. Põe-se de joelhos e chora. Me perdoe! Me perdoe, Marília! Me perdoe! Poça de sangue aproximando-se de Eduardo. (V.O.) Eu, que sempre fui um homem racional, arrisquei tudo por causa dela, dela e da minha vaidade. Isso foi há um ano, mas tudo continua tão vivo em minha mente como se tivesse acontecido ontem. EXT. AEROPORTO INTERNACIONAL DE CORUMBÁ DIA AVIÃO aterrissando. INT. AEROPORTO INTERNACIONAL DE CORUMBÁ/DESEMBARQUE DIA Dentre os passageiros, surge RIBEIRO, que é recebido por GONÇALVES DE ALENCAR jovem bela, alta e branca, de longos cabelos negros, por volta dos trinta anos. Ambos se abraçam e se beijam. Saudades, Marília?! O que você acha, Edu?! Fez boa viagem? Foi ótima! Mas a recepção aqui em Corumbá foi bem melhor.

4 3. EXT. ESTRADA DE TERRA DIA Caminhonete #1 seguindo por propriedades rurais. INT. CAMINHONETE #1 DIA ao volante. no banco do carona. E como você ficou essa semana, Edu? Alguma evolução? Nada, Marília. Nada. Parece que vou continuar no atendimento ambulatorial por um bom tempo. Você fez o que pode, Edu. Nós fizemos. Eu sei, Marília. Eu sei. EXT. FAZENDA SANTA HELENA DIA Caminhonete #1 atravessando uma GRANDE PORTEIRA com PLACA contendo a inscrição FAZENDA SANTA HELENA, SEJA BEM VINDO!, segue propriedade adentro parando em frente ao CASARÃO. e descem do veículo, são recebidos por GONÇALVES DE ALENCAR senhor de estatura mediana, branco, forte, de bigode, por volta dos sessenta anos, GONÇALVES DE ALENCAR bela senhora, alta e branca, por volta dos cinquenta DALVA, RITINHA bela morena, de cabelos negros, por volta dos vinte anos e TONINHO moreno, magro, por volta dos trinta. Ora, ora! Até que em fim! Pensávamos que não viria mais, Eduardo.

5 4. Cumprimentam-se. Seu Francisco! Dona Ângela, como estão? Ele não faria uma maldade dessas comigo, mamãe. Como foi de viagem, meu rapaz? E como anda a cidade maravilhosa Fui bem, Seu Francisco. Obrigado. E o Rio continua agitado como sempre. Certo, certo. Sabe, Eduardo, alguém aqui não se aguentava mais de saudade. E quem seria essa pessoa? Todos riem. Ângela aponta para Dalva, Ritinha e Toninho. Eduardo, estas são Dalva e a filha Ritinha, nossa afilhada. Tudo bem? DALVA Seja bem vindo, Doutor! E aquele é o Toninho. Também conhecido como frouxo.

6 5. Ô Chico! Toninho sorri sem graça. (cont.) Agora, vamos entrando que você deve estar cansado e faminto. Pois bem! Eduardo, não se preocupe com a bagagem. O Toninho vai levar suas coisas pro quarto de Marília. Enquanto todos ENTRAM no CASARÃO, Toninho se dirige pra caminhonete #1. INT. CASA DE /COZINHA NOITE A construção é humilde e de mobília simples. morena e jovem - lavando louça. moreno, por volta dos quarenta - ENTRA. Ué mulher! Já jantou sem mim? Cansei de te esperar, Jorge! Todo dia é a mesma coisa! Aí, aí, mulher, não vai começar com esse sermão de novo. Mulher #1 pega a colher de pau, que acaba de enxaguar, e aponta para Jorge.

7 6. Você prefere ficar se entupindo de cachaça com aqueles seus amigos a estar comigo. Vocês homens são todos iguais. Jorge agarra Mulher #1 pela cintura e tenta beijá-la. Vem cá, meu amor. Me dá um beijinho. Mulher #1 afasta Jorge de si. Me larga, homem! Em vez de gastar dinheiro com cachaça, devia comprar o leite das crianças. Caramba, mulher! Você é uma chata! Não grita, Jorge! Vai acordar as crianças! Quer saber? Eu vou lá pra fora fumar um cigarro. Com esse cheiro de cachaça você vai acabar explodindo. EXT. CASA DE /VARANDA NOITE recosta-se numa das colunas, que sustentam o telhado. Acende um cigarro. Dá um trago, solta a fumaça lentamente, tentando relaxar. Grilhos CANTAM. Jorge desce o pequeno lance de degraus e caminha pela...

8 7. PROPRIEDADE, onde há vegetação por todos os lados e a iluminação é precária. A vizinhança é composta por algumas casas distantes. Um galho ESTALA no meio do mato. Tem alguém aí? Dá uma última tragada, joga o cigarro no chão e pisa nele. Um RATO sai correndo do mato assustando Jorge. (cont.) Mas que diabo! Maldito rato! Respirando ofegante, sorri aliviado, retomando sua caminhada. Novamente, grilos CANTAM. Outro galho ESTALA no mato. Jorge volve na direção do barulho. Pega um pedaço de madeira no chão. Segue até a vegetação. (cont.) Agora te pego, seu rato safado. ALGO pula da vegetação sobre Jorge, que começa a GRITAR. SURGE na VARANDA, vê o esposo sendo atacado. Jorge!!! Jorge!!! Aí, meu Deus!!! Jorgeee!!! Abaixa-se chorando, agarrando-se a uma das colunas, que sustentam o telhado. EXT. FAZENDA SANTA HELENA/ESTÁBULOS DIA,, e caminham pela propriedade, onde os peões realizam suas atividades. O senhor tem uma bela fazenda, Seu Francisco.

9 8. A sim, mas infelizmente a pecuária não está mais em alta como antigamente, mas ainda sou um dos maiores produtores da região. O maior criador daqui é mesmo o Senhor Andrade, da Fazenda Paraíso. Aquele mau-caráter. Ô Chico! Volve para Eduardo. (cont.) Eduardo, você chegou em boa hora. Agora em junho vai acontecer a Festa de São João. É a segunda maior festa de Corumbá. Só perde para o carnaval. Sabe, Edu, existem muitas festas por aqui. Bom, não são grandes como as do Rio, mas as maiores de todo o Mato Grosso do Sul. GONÇALVES DE ALENCAR jovem alto e branco, com chapéu de peão, aproxima-se montado a cavalo. Então você é o meu futuro cunhado? Acho que sim. Roberto volve para os pais e para a irmã.

10 9. Meu pai, minha mãe, sua benção! Bom dia, Mari! Deus te abençoe, meu filho! Deus te abençoe e te de juízo! Bom dia, convencido! Roberto desmonta, cumprimenta Eduardo com um aperto de mão. Finalmente estou te conhecendo, Eduardo. Pensei que não viria mais. Sabe como é essa vida de médico. Tire pela sua irmã. Bom, como dizem: antes tarde do que nunca, não é mesmo? Pois é. Roberto volve para Francisco. Pai, uma das cercas que faz divisa com a Fazenda Paraíso está quebrada. Então é melhor consertar logo antes que a gente perca cabeças de gado pro Andrade.

11 10. Roberto monta o cavalo. Vou falar com o Toninho. (cont.) Eduardo foi um prazer. Gostaria de praticar um pouco de tiro um dia desses? Eu não sei atirar. Roberto já se afastando a galope. Não se preocupe. Eu te ensino. Roberto foi campeão nacional de tiro por três vezes, Eduardo. Duas vezes, Chico. Roberto é um exibido, mas todos na cidade gostam dele. Por falar em cidade, o que acham de darmos um pulo por lá antes do almoço? EXT. RUA FREI MARIANO DIA Comércio típico de uma cidade do interior. Caminhonete #2 chegando, pára e dela descem que estava ao volante -,, e.