A Primeira Guerra Mundial Sob Uma Ótica Brasileira: Analise Das Charges De J. Carlos Publicadas No Periódico A Careta

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1 A Primeira Guerra Mundial Sob Uma Ótica Brasileira: Analise Das Charges De J. Carlos Publicadas No Periódico A Careta Autor: Jeverson Maschio Kinceler Orientador: Osvaldo Siqueira Mesa INTRODUÇÃO Esse trabalho se propõe a analisar as charges do periódico A Careta, produzidas pelo cartunista carioca J. Carlos do início do século XX entre o período de 1914 e 1918 e que abordam como tema a Primeira Guerra Mundial, com a finalidade de compreender como tais publicações representam a Grande Guerra, ou seja, como essas charges foram dadas a ler? Quais as informações que elas carregam e que foram oferecidas a população de classe média carioca, o público alvo dessas publicações, para que construíssem suas opiniões acerca desse acontecimento? Isto é, como elas foram representadas e dadas à interpretação? A charge tem como uma de suas principais característica a crítica social a assuntos contemporâneos a sua criação, nesse sentido essa forma de produção imagética nos fornece um olhar crítico do seu período, metaforicamente ela nos permite ver através do tempo. É essa característica que faz dessa forma de desenho um conteúdo jornalístico de forte persuasão aos seus leitores, e o diferencia de outras formas de desenhos profissionais. As charges são desenhos capazes de passar não apenas o que está explícito, mas também aquilo que não se explicita na superfície da imagem, pois possuem façanhas de duplos sentidos e interpretações dinâmicas, da realidade política/social, outro fator essencial é a presença de características opinativas, fazendo deste um desenho que além de ser engraçado, possui uma mensagem importante a ser transmitida. As charges sempre buscaram explorar a linguagem opinativa, isto é, a que deixa transparecer um ponto de vista pessoal sobre determinado assunto, essa forma de linguagem sempre busca nos impulsionar a algo, seja contra a administração pública, política social, ou a própria imprensa, ou seja, qualquer pessoa ou causa que mereça sua atenção. Uma das formas é a utilização de argumentos irônicos que possam convencer o leitor, outra é explorar a crítica, a provocação de ironia e deboche, que são usados como recursos para criar vínculo com o leitor e persuadi-lo a aceitar as ideias do discurso. Ela tem uma comunicação rápida e atinge um público bem maior, justamente pela facilidade de interatividade e de clareza, diferente da linguagem articulada por letras ou códigos dos outros gêneros jornalísticos. Procurou-se desenvolver ao longo desse trabalho, fundamentações teóricas que deem suporte a interpretação da charge assim como a compreensão das dimensões que a mesma desempenha na opinião pública, e que desempenhava ainda com mais força no início do século XX. Assim no primeiro capítulo, foi analisado, primeiramente, como a historiografia passou a validar a utilização desse tipo de fonte em uma Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 205

2 pesquisa de caráter histórico, visto que até certo momento eram aceitos como fontes somente os documentos oficias, isto é, aqueles produzidos pelos órgãos públicos, ou seja, neste primeiro capitulo se analisa como ocorreu essa transformação na ótica tradicional da história. Também se fez necessário uma breve definição sobre o conceito de charge e suas diferenciações com outras formas de desenhos semelhantes, como a caricatura e o cartum, além é claro de uma explicação sobre algumas técnicas básicas de desenhos empregado na charge, a qual facilita a interpretação crítica. Outro assunto debatido ainda no primeiro capítulo são as renovações nos conceitos de humor que ocorrem no período estudado, são levantados alguns pontos sobre as teorias de Henri Bérgson (1899) e de Sigmund Freud (1905) que rompem com os paradigmas tradicionais do humor e passam a ver o humor como possuidor de uma função social 1, demonstrando que toda produção humorística é historicamente mutáveis e culturalmente inventadas, já que cada sociedade crias suas próprias representações e transgressões como afirma o conceito de imaginário social 2. O segundo capítulo compreende a análise da charge em si, mas antes foi necessário uma contextualização sobre a história do artista dessas charges, o J. Carlos. Veremos um pouco da vida desse artista, e sua contribuição na mídia impressa brasileira, assim como veremos a história do veículo de comunicação dessas obras, a revista A Careta, a qual publicou as charges que foram analisadas nesse trabalho. J. Carlos não foi somente o autor dessas charges, como também 1 SALIBA, Elias Thomé. Raízes do Riso. A representação humorística na história brasileira: da Belle Époque aos primeiros tempos do rádio. São Paulo: Companhia das letras, p BACZKO, Bronislaw. A imaginação social In: Leach, Edmund et Alii. Anthropos- Homem. Lisboa, Imprensa Nacional/Casa da Moeda, foi durante muito tempo o editor chefe desse periódico, portanto sua opinião não está presente somente nas charges, mas também na seleção editorial do que era apresentado ao leitor, para Baczko os meios de comunicação, entre outros a impressa periódica, possibilita a uma única pessoa, detentora de tais meios, a difusão de ideias, a formação do que se denomina cultura de massa 3, dessa forma podemos interpretar como uma realidade social acerca da primeira guerra mundial foi construída por J. Carlos e transmitida para os leitores. As charges analisadas foram publicadas no periódico A Careta e estão disponível no acervo digital da Biblioteca Nacional Digital, entretanto essas mesmas charges foram reunidas em um livro chamado J. Carlos contra a guerra As grandes tragédias do século XX na visão de uma caricaturista brasileiro com texto de Arthur Dapieve e organização de Cassio Loredano, a opção foi utilizar, em grande parte do trabalho, as charges desse livro devido a qualidade das imagens, nele as charges encontram-se coloridas e nítidas diferente das disponíveis no acervo digital. A contribuição desse trabalho é identificar em um tema tão trabalhado na história, como é a Primeira Guerra Mundial, uma visão historiográfica diferente das contidas nos documentos emitidos por órgãos governamentais, é relatar a historia como ela era lida pela população da época. As fontes analisadas tinham grande circulação em meio à população carioca, e varias vezes chegaram até mesmo ser reproduzidas fora do país, e por se tratar de uma fonte imagética, atingia os mais variados públicos, até mesmo a população não letrada. Dessa forma a analise dessas fontes nos trás uma perspectiva 3 BACZKO, Bronislaw. A imaginação social In: Leach, Edmund et Alii. Anthropos- Homem. Lisboa, Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985 p Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 206

3 da historia mais próxima da população, uma história que era dada a ler na época, conhecida por que vivenciou o período. 1 IMPRENSA E HISTÓRIA 1.1 A NOVA HISTÓRIA CULTURAL Antes de nos aprofundarmos no estudo das charges de J. Carlos durante o período da Primeira Guerra Mundial faz se necessário compreendermos como a análise desse tipo de fonte passou a ser aceita na historiografia. A caricatura junto a outras tantas fontes como: a fotografia, os quadrinhos, as artes e o cinema, passaram a ser aceitas segundo Círio Flamarion Cardoso e Ana Maria Mauá devido: Uma total transformação da ótica tradicional da história. Não mais uma história do individual, das singularidades de uma época, sintetizada na ideia de uma narrativa dos grandes fatos e dos grandes vultos [...] De lá para cá, tanto a noção de documento quanto a de texto continuam a ampliar-se. Agora, todos os vestígios do passado são considerados matéria para o historiador. Desta forma, novos textos, tais como a pintura, o cinema, a fotografia etc., foram incluídos no elenco de fontes dignas de fazer parte da história e passíveis de leitura por parte do historiador. 4 Essa transformação ocorre com o movimento historiográfico chamado: Nova história. Em meados dos anos setenta durante a terceira geração da Escola dos Annales, Le Goff publica uma coletânea de obras chamada A nova história, essas obras oferecem novas perspectivas para historiografia, através de abordagens culturais em contraponto aos paradigmas 4 VAINFAS Ronaldo (org.) Domínios da História. Rio de Janeiro: Campus, p. 401 tradicionais e acaba influenciando uma serie de publicações posteriores. Peter Burke um dos influenciados por essas perspectivas caracteriza algumas das críticas trazidas por esse movimento: A história passa a se interessar por toda atividade humana e não somente a política como de acordo com os paradigmas tradicionais; diferente da historiografia tradicional a história deixa de ser vista como uma narrativa dos acontecimentos e passa a se preocupar com uma análise de estruturas; passa também a dar ênfase na história vista de baixo, ou seja, as pessoas comuns e não mais somente aos grandes homens ou grandes datas; outra grande modificação, já citada, é que a história não deveria se basear somente em documentos oficiais, por que sob a perspectiva de uma história vista de baixo essa tipologia documental tende a expressar o ponto de vista do Estado, sendo que para reconstruir uma história das pessoas comuns tais documentos devem ser suplementados por outro tipo de fonte, como as charges aqui analisadas; além disso, a história deixa de ser vista como objetiva e passa a ser compreendido que ela está sujeita a referenciais sociais e culturais de um período. Mas não pode se atribuir a origem dessas discussões somente à publicação de Le Goff, e o próprio Burke procura identificar as origens dessa nova história cultural. Se distanciando da historiografia francesa ele recorre às origens dos motivos culturais na Europa, ainda com os humanistas do Renascimento, estudando a língua e a literatura, à história da música e das artes.5 Assim concebe quatro fases para esse movimento historiográfico: a fase clássica, durante os Oitocentos; a história social da arte na década de 1930; a história da cultura popular nos anos 1960; e essa nova história cultural posterior aos anos 1970, essa sim vinculada a tais publicações 6. 5 BURKE, Peter. Apud LANGER, Johnni. A Nova História Cultural: Origens, Conceitos e críticas. In: História e-história. ISSN Disponível em: < Acesso em: 01 fev p. irreg. 6 BURKE, Peter Apud LANGER, Johnni. A Nova História Cultural: Origens, Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 207

4 Já com um estudo restrito à historiografia francesa, autores como Ronaldo Vainfas e Roger Chartier, vinculam o surgimento da nova história cultural como resposta e continuidade à história das mentalidades. Esse movimento recusaria o conceito de mentalidades, o considerando muito fluido, ambíguo e pouco preciso, sem articulações entre o psicológico e o social. Mas não negam o mental, nem os vínculos com a antropologia e a longa duração: É lícito afirmar, portanto, que a história cultural é, neste sentido, outro nome para aquilo que, nos anos 1970, era chamado de história das mentalidades 7. Chartier aponta que o desafio lançado à história nos anos oitenta é o afastamento a analise estrutural proposta pela história das mentalidades é o que ele denomina como deslocamento em forma de renúncia 8 é o aprimoramento de novos métodos e a renúncia de algumas práticas que até então eram vistos como essências: Primeiramente a renúncia ao projeto de história total, ao estilo braudeliano 9 que não dava primazia a um conjunto particular; segundo a definição territorial de pesquisa que para Chartier tornava a disciplina um procedimento de inventario; e terceiro a renúncia aos recortes sociais que não davam conta, e até mesmo impediam, as abordagens culturais que a disciplina pode abordar. É a partir daí que o foco da história passa a ser a história das diferenças das identidades, dos laços sociais e não se fala mais em estrutura, mas sim em estruturação 10. Dessa forma essa nova história, Conceitos e críticas. In: História e-história. ISSN Disponível em: < Acesso em: 01 fev p. irreg. 7 VAINFAS Ronaldo (org.) Apud LANGER, Johnni. A Nova História Cultural: Origens, Conceitos e críticas. In: História e-história. ISSN Disponível em: < Acesso em: 01 fev p. irreg. 8 CHARTIER, Roger. O mundo como representação In: Estudos avançados vol.5 n.11 Jan./Abr. São Paulo: FGV,1991 p GUARATO, Rafael. Por uma compreensão do conceito de representação In: História e-história. ISSN Disponível em: < com.br.> Acesso em: 01 fev p. irreg. ou essa nova abordagem historiográfica abre um leque de novas possibilidades, principalmente por aceitar outros tipos de fontes, até então marginalizadas como é o caso das charges que aqui serão analisadas, ou até mesmo fazer uma análise diferente das fontes oficiais que até então eram estudadas. Portanto são essas novas abordagens que permitem a exploração das charges de J. Carlos, uma vez que essas publicações circulavam em meio à população de classe média, nos é permitindo analisar como as informações da guerra chegavam a essas pessoas, e como são dadas a ler por elas. Peter Burke afirma que a imagem é o relato de uma testemunha ocular de uma época, e assim como o texto ou um relato oral constitui uma forma importante de evidencia histórica 11. Assim a análise dessas imagens é tão informativa como relatos escritos do mesmo período. Mas é claro que essas novas fontes não falam sozinhas, assim como os documentos oficiais, essas fontes precisam ser analisadas e interpretadas, é necessário buscar saber qual mensagem elas tentavam expressar. Para Chartier, o objetivo da história cultural é identificar o modo como em diferentes lugares e momentos uma realidade social é construída, pensada, dada a ler 12, ou seja, como ela é representada e dada a interpretação. Partindo desse pressuposto podemos afirmar que essa realidade social foi representada nas charges, devida também a importância que as mesmas assumiam em seu período, fazendo se assim necessário uma análise dessas charges para saber como ela foi elaborada e dada a ler. 11 BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. Bauru: EDUSC p CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Lisboa/ Rio de Janeiro: Difel, 1990, p. 16 Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 208

5 Segundo ele, pode-se pensar uma história cultural que tome por objetivo a compreensão das representações do mundo social, que o descrevem como pensam que ele é ou como gostariam que fosse. 13 Essa afirmação reforça o fato que a informação contida na charge não é a realidade social em si, e sim a forma que seu autor a interpreta, sendo então que o objetivo é a compreensão dessas representações que moldam a forma que a própria sociedade identifica e interpreta o mundo social a sua volta, assim sendo não se pode pensar a história social naqueles recortes previamente construídos, como elite e povo, dominante e dominado pois elas não estão forçosamente organizadas em uma grade única, a perspectiva deve focar nas áreas sociais, onde circula o curpus texto, ou seja, focar nos códigos e não nos grupos 14, os códigos neste caso são as representações contidas nas charges. A noção de representação como instrumento de analise cultural é um dos instrumentos centrais para compreender a sociedade, é um conceito para tornar a sociedade inteligível. Recorrendo ao dicionário universal de Furetiere, Chartier demonstra que a palavra representação apresenta dois sentidos: Por um lado, a representação faz ver uma ausência, o que supõe uma distinção clara entre o que representa e o que é representado; de outro, é a apresentação de uma presença, a apresentação pública de uma coisa ou de uma pessoa. Na primeira acepção, a representação é o instrumento de um conhecimento mediato que faz ver um objeto ausente substituindo-lhe uma imagem capaz de repô-lo em memória e de pintá-lo tal como é... [Na segunda acepção] Outras imagens funcionam num registro diferente: o da relação simbólica que, para Furetière, é a representação de algo de moral pelas imagens ou pelas propriedades das coisas naturais (...). O leão é o símbolo do valor, a bolha o da inconstância, o pelicano o do amor materno id. ibid. p CHARTIER, Roger. O mundo como representação In: Estudos avançados vol.5 n.11 Jan./Abr. São Paulo: FGV,1991 p CHARTIER, Roger. O mundo como representação In: Estudos avançados Ou seja, em um dos sentidos ocorre a presentificação do ausente, e em outro o intangível toma forma. Chartier afirma que são essas as modalidades que permite discriminar diferentes categorias de signos, entretanto faz se necessários para que a relação seja inteligível o conhecimento do signo por ele próprio, desvinculado ao que se está representando, a possíveis incompreensões da representação só é possivel, seja por falta de preparação do leitor, seja pelo fato da extravagância de uma relação arbitrária entre o signo e o significado. 16 Chartier ainda afirma que a representação pode ser usada como uma máquina de fabricar respeito e submissão uma vez que a representação pode fazer com que alguma coisa só tenha existência na própria imagem que exibe, ele exemplifica essa ideia com o seguinte texto: Os nossos magistrados conheceram bem esse mistério. As suas togas vermelhas, seus arminhos com que se enfaixam como gatos peludos, os palácios em que julgam, as flores-de-lis, todo esse aparato augusto era muito necessário: e, se os médicos não tivessem sotainas e galochas, e os doutores não usassem borla e capelo e túnicas muito amplas de quatro partes, nunca teriam enganado o mundo, que não pode resistir a essa vitrina tão autêntica. Se possuíssem a verdadeira justiça e se os médicos fossem senhores da verdadeira arte de curar, não teriam o que fazer da borla e do capelo; a majestade destas ciências seria bastante venerável por si própria. Como, porém, possuem apenas ciências imaginárias, precisam tomar esses instrumentos vãos que impressionam as imaginações com que lidam; e destarte, com efeito, atraem o respeito. 17 vol.5 n.11 Jan./Abr. São Paulo: FGV,1991 p CHARTIER, Roger. O mundo como representação In: Estudos avançados vol.5 n.11 Jan./Abr. São Paulo: FGV,1991 p PASCAL apud CHARTIER, Roger. O mundo como representação In: Estudos avançados vol.5 n.11 Jan./Abr. São Paulo: FGV,1991 p. 180 Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 209

6 Ou seja, as representações não são neutras, elas são determinadas pelos interesses dos que a forjaram, e por consequência produzem práticas de dominação simbólica. Essa ideia é a chave para interpretação que proponho na análise das charges, é identificar de que forma essa dominação simbólica estava presente e qual os valores ideais que elas propunham. Bronislaw Baczko, por sua vez, também valida essa mesma ideia de dominação simbólica em seu conceito de imaginação social, para entender melhor explanaremos aqui sobre tal conceito. Para Baczko cada geração traz consigo uma definição própria de homem, que ocorre por transformações históricas de cada período, assim sendo em cada geração possui formas próprias de moldar uma determinada ideia, daquilo que ela é ou daquilo que deveria ser, assim imaginação social é a produção de representações da ordem social, dos atores sociais e das suas relações (hierarquia, dominação, obediência, conflito, etc.) 18 Sendo assim definido por Bronislaw Baczko: Trata-se, sim, de um aspecto da vida social [...] É assim que, através dos seus imaginários sociais, uma coletividade designa a sua identidade; elabora uma certa representação de si; estabelece a distribuição dos papéis e das posições sociais; exprime e impõe crenças comuns; constrói uma espécie de código de bom comportamento, designadamente através da instalação de modelos formadores tais como o do chefe, o bom súbdito, o guerreiro corajoso, etc. 19 Dessa forma, identificar os valores ideais que essas representações propunham, também é de certo modo entender como essa sociedade 18 BACZKO, Bronislaw. A imaginação social In: Leach, Edmund et Alii. Anthropos-Homem. Lisboa, Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985 p BACZKO, Bronislaw. A imaginação social In: Leach, Edmund et Alii. Anthropos-Homem. Lisboa, Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985 p. 309 moldou seu imaginário social frente às questões aqui analisadas, que é a Primeira Guerra Mundial, como ela formou uma identidade frente a esse problema. Baczko ainda afirma que determinar uma identidade coletiva propõe determinar um território, uma relação com o meio em que vivem e com os outros, ou seja, aqueles que não fazem parte do mesmo grupo. Em suas palavras: Porém, designar a identidade coletiva corresponde do mesmo passo, a delimitar o seu território e as suas relações com o meio ambiente e, designadamente, com os outros ; e corresponde ainda a formar as imagens dos inimigos e dos amigos, rivais e aliados, etc.[...] Todas as coletividade tem os seus modos de funcionamento específicos a este tipo de representações. Nomeadamente, elaboram os meios da sua difusão e formam os seus guardiões e gestores, em suma, o seu pessoal. 20 Isso explica, por exemplo, a diferença existente nos discursos das charges publicadas no Brasil, e nas charges publicadas nos Estados unidos, cada qual apresenta ideias, valores e significações diferentes para a guerra, pois as identidades desses dois povos não são a mesma. Assim o autor afirma que o imaginário social não somente limita os indivíduos que pertencem a uma mesma sociedade como também define, mais ou menos, os meios inteligíveis das relações com ela. E é para além disso um dos mecanismos que regulam a vida coletiva e em especial o exercício da autoridade e do poder. Logo o imaginário social é uma forma eficiente de controle da coletividade e também um meio para a legitimação do poder dos indivíduos, retornando assim a discussão anterior acerca das dominações simbólicas. Segundo o autor nenhum poder e deduzido de princípios universais-físicos, ou seja, toda forma de poder tem que se impor como legítimo e assim sendo de 20 BACZKO, Bronislaw. A imaginação social In: Leach, Edmund et Alii. Anthropos-Homem. Lisboa, Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985 p. 309 Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 210

7 pouco importa os acontecimentos de sua origem, pois são as relações de força e poder que o imaginário social comporta que validam as relações de sentido 21, graças a essa estrutura complexa o imaginário social intervêm em vários níveis da vida coletiva, criando redes de significações como legitimar/invalidar; justificar/acusar; tranquilizar/ perturbar; mobilizar/desencorajar; incluir/excluir, etc. 22 Pouco importa nessa analise como realmente ocorreu a Guerra, o que nos cabe é como ela foi representada e como as representações moldaram o imaginário social e validaram as relações de sentido. Santaella propõe que existe 3 paradigmas no processo evolutivo da produção de imagem 23 sendo eles: Pré-fotográfico, fotográfico e pósfotográfico, do qual nos interessa somente o primeiro paradigma, pois é o que contempla as imagens que são produzidas artesanalmente, antes da invenção da fotografia como o nome sugere. A diferença fundamental nesta classificação de imagem é a sua produção manual, os meios que o artista utiliza para a criação dessa imagem, seja ela um desenho, uma pintura ou mesmo uma charge, é o que torna ela um objeto único. Para a autora nesta imagem funde-se o sujeito que a cria, o objeto criado, e a fonte de criação. Desta forma a imagem pré-fotográfica, funciona como uma metáfora, 24 ela é uma janela para o mundo, uma vez que o real é primeiro imaginado e depois representado, através de um sistema de codificação ilusionista, pois por mais figurativa que possa ser a imagem, é sempre evocativa, ou seja, ela alude a um mundo que não existe se não na mente de quem a cria, 21 BACZKO, Bronislaw. A imaginação social In: Leach, Edmund et Alii. Anthropos- Homem. Lisboa, Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985 p BACZKO, Bronislaw. A imaginação social In: Leach, Edmund et Alii. Anthropos-Homem. Lisboa, Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985 p SANTAELLA, Lucia.; NÖTH, Winfriend. Imagem, cognição, semiótica, mídia. São Paulo: Iluminuras, p id. ibid. p. 172 portanto o efeito final desse tipo de imagem é sempre simbólico, isto é, ela não é a própria realidade mas sim uma visão da mesma. Para Baczko a influência do imaginário sobre a as mentalidades depende da difusão dessas ideias, ou seja, a maneira pela qual elas se tornam inteligíveis, isto é, pela produção de discursos, maneira pela qual reúne as representações coletivas em uma linguagem e por consequências os meios que difundem tais ideias, Segundo ele existiram duas grandes rupturas significativas nesse meio, primeiro a passagem da cultura oral para a escrita, graças a tipografia e também a alfabetização; e segundo os meios de comunicação em massa, esse último sendo, entre outros, a impressa periódica, o meio de difusão das charges que serão analisadas, que possibilita a uma única pessoa, detentora de tais meios a difusão de ideias, a formação do que se denomina cultura de massa 25 Com esses pressupostos em evidencia é possível através da análise dessas fontes, interpretar como uma realidade social acerca da primeira guerra mundial foi construída e transmitida para os leitores. 1.2 CHARGES CARICATURAS E CARTUM: BREVE DEFINIÇÃO A caricatura tem suas origens em um passado distante, muito antes da invenção da impressa por Gutenberg. Podemos voltar ao antigo Egito, por exemplo, para recordar os primeiros relatos de caricaturas, onde foram encontrados dois papiros com descrições cômicas que denotam sátiras contra poderosos reis, imperadores e sacerdotes da época ou até mesmo buscar na antiga cidade grega de Tebas, lugar que também encontraram pinturas de caráter semelhante, contendo sátiras a figuras 25 BACZKO, Bronislaw. A imaginação social In: Leach, Edmund et Alii. Anthropos- Homem. Lisboa, Imprensa Nacional/Casa da Moeda, p Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 211

8 renomadas do período 26, entretanto sua origem é imprecisa. O que cabe aqui é que a caricatura, como já vimos, assume ao longo do tempo um papel particular dentro do contexto social, sendo valorizados para além do aspecto artísticos, mas também em seu aspecto históricos, principalmente depois da invenção da imprensa, e ao que se refere ao Brasil o início do século XX, período em que essa expressão artística começou a circular em grande escala. Entretanto para analisar historicamente as charges e caricaturas teremos que diferenciá-las. Até o presente momento tratamos de charges e caricatura como a mesma coisa, sem melhor defini-las. O que proponho aqui é discutir brevemente acerca da definição de ambos os conceitos para melhor compreendermos e por consequência facilitar a análise. A palavra caricatura vem do verbo italiano caricare, que significa carregar, exagerar e também pode ter sido influenciada pela palavra carettere que significa caráter em italiano. A caricatura segundo Fonseca é: Herman Lima destaca que a caricatura nem sempre provoca o riso, sua intenção é caracterizar, utilizando para isso um poder de síntese seja pessoal, social, ou político 28 entretanto como já pontuado ela acentua os aspectos ridículos do representado podendo dessa forma provocar o riso. Camilo Riani nos seus estudos sobre os salões de humor de Piracicaba acrescenta que tais retratos revelam também, implícita ou explicitamente, traços e personalidade 29 é isso que torna possível a identificação de uma pessoa caricaturada. As imagens abaixo apresentam J. Carlos de dois modos diferentes, a figura 1 um contém uma fotografia do caricaturista, portanto uma imagem real de sua fisionomia, a figura 2, entretanto, o mesmo aparece caricaturado e pouco se pode associar as duas figuras, isso ocorre por não termos maior conhecimento sobre a fisionomia e a personalidade da pessoa que está em evidencia. A representação plástica ou gráfica de uma pessoa, tipo, ação ou ideia interpretada voluntariamente de forma distorcida sob seu aspecto ridículo ou grotesco. É um desenho que, pelo traço, pela seleção criteriosa de detalhes, acentua ou revela certos aspectos ridículos de uma pessoa ou de um fato. Na maioria das vezes uma característica saliente é apanhada ou exagerada. 27 Ou seja, é a retratação de uma pessoa contendo uma desfiguração física, exaltando certos traços estéticos, com finalidades humorísticas. 26 BUSO, Mariane Cristina; BAHLS, Aparecida Vaz da Silva. Boletim casa Romário Martins, Factos da Actualidade charges e caricaturas em Curitiba, v.33, n.142. Curitiba: Fundação cultural de Curitiba p FONSECA, J. Caricatura. A Imagem Gráfica do Humor. Porto Alegre: Artes e. Ofícios, p.17 FIGURA 1 - FOTOGRAFIA J. CARLOS Disponível em: < Acesso em: 10 fev LIMA, H. A História da Caricatura no Brasil. Rio de Janeiro, José Olympio Editores, p RIANI, Camilo. Ta rindo de que? (Um mergulho nos salões de humor de Piracicaba), Piracicaba: UNIMEP, p.25 Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 212

9 FIGURA 2 - CARICATURA J. CARLOS Disponível em: < Acesso em: 10 fev Diferente situação ocorre com a figura 3 que mesmo antes de nomear e sem nem ao menos mostrar uma fotografia torna-se claro que se trata da presidente da república Dilma Rousseff, pois o observador, já conhecendo a fisionomia e até mesmo um pouco da personalidade da pessoa caricaturada, consegue reconhece-lá através dos traços exagerados da caricatura. Vale aqui ressaltar que a caricatura segundo Teixeira busca a imagem na pessoa real para recriá-la em um sujeito fictício, porem exagerando nas características marcantes, e, além disso, a caricatura é despolitizada, ao contrário da charge, na caricatura não há narrativa e não há ação há apenas ilustração. 30 Já a charge é mais complexa, segundo Riani é um desenho humorístico sobre fato real ocorrido recentemente na política, economia, sociedade, esportes etc. Caracteriza-se pelo aspecto temporal (atual) e crítico RAMOS, Paulo Eduardo apud TEIXEIRA, Luiz Guilherme Sodré. Sentidos do humor, trapaças da razão: a charge. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2005 p RIANI. op. cit. p.26 FIGURA 3 - CARICATURA DILMA ROUSSEFF Disponível em:< Acesso em:10 fev De acordo com Pedro Lago a palavra charge vem da palavra francesa que significa carga 32, tendo significado semelhante à caricatura, entretanto se a caricatura apresenta um indivíduo satirizando sua aparência física, a charge satiriza não só a fisionomia como também o acontecimento, seja ele político, social, econômico etc. Portanto, podemos interpretar as charges como ações caricaturadas de um fato temporal ocorrido em âmbito público. Desta forma temos que considerar as observações feitas por Liebel, que enquanto a caricatura refere-se a apenas a um indivíduo, a charge se utiliza da caricatura para melhor representar seu real foco de humor ao tratar de uma situação política, ou social. Segundo o autor isso ainda nos leva a outra discussão: o observador da charge deve ter conhecimento da conjuntura na qual a charge foi produzida, do fato que ela está satirizando e criticando e até mesmo dos personagens retratados nos desenhos, para que essa possa ter sentido LAGO, Pedro Corrêa do. Caricaturistas brasileiros: Rio de Janeiro: Sextante Artes, p LIEBEL, Vinícius. Humor gráfico: Apontamentos sobre a análise das charges Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 213

10 Na figura 4 vemos uma charge da presidente Dilma que foi publicada no site de notícias da UOL, nela a presidente Dilma está apresentando à previsão do tempo, entretanto a previsão esta satirizando as manifestações populares que estavam ocorrendo no Brasil. Assim a charge faz uma crítica direta ao despreparo da polícia que estava utilizando de violência contra manifestantes pacíficos, e ainda faz menção especifica ao vinagre que durante as manifestações estavam sendo proibidos pois segundo a policia, o vinagre anularia o efeito do gás lacrimogêneo. Ou seja, a charge só é totalmente compreendida por um leitor que está bem informado a respeito da situação satirizada, de outra forma ela não surte o efeito esperado que é o humor. Nas palavras de Liebel: A charge é uma representação artística que faz um corte transversal no tempo ao expor elementos que provocaram alguma ruptura na normalidade histórica e, por isso, mereceram alguma espécie de crítica FIGURA 4 - CHARGE MANIFESTAÇÕES Disponível em:<http// fotos.noticias.bol.uol.com.br > Acesso em:10 fev na História. In: Simpósio nacional de história, 23, 2005, Londrina. Anais do XXIII Simpósio Nacional de História História: guerra e paz. Londrina: ANPUH, Disponível em: < Acesso em: 01 mar p. irreg. ou registro em desenho[...] Assim, justifica-se a utilização das charges como uma fonte legítima de análises históricas, no mesmo grau em que uma matéria jornalística também o é. 34 Além da caricatura e da charge creio ser necessário pontuar mais um gênero: o Cartum. Fonseca diz que a palavra cartum vem do italiano cartone que significa cartão e foi usada pela primeira vez na revista Punch na Inglaterra em 1841 em que se parodiou a corte inglesa. 35 Esse, diferente da charge, não se refere ao um fato político ou social, ele simplesmente narra uma ação através de um desenho humorístico. Riani define como: desenho humorístico sem relação necessária com qualquer fato real ocorrido ou personalidade pública específica. Privilegia, geralmente, a crítica de costumes, satirizando comportamentos e o cotidiano 36, ou seja, ele é atemporal, uma vez que não está diretamente ligado a uma notícia ou fato especifico, e nem a um personagem distinto. No primeiro quadro da figura 5 percebemos um cadeirante fazendo uma pergunta à outra pessoa Por favor, o senhor poderia me dar uma... e antes que ele complete a frase, o senhor lhe dá uma esmola, sentindo-se muito bonzinho. Entretanto no quadro dois vemos o cadeirante, indignado, que completa sua frase:... informação!. Essa imagem difere da charge, pois sua crítica não se volta a um acontecimento especifico, como na figura 4, mas sim a um problema amplo sem especificar um personagem, um lugar ou um acontecimento especifico. 34 LIEBEL, Vinícius. Humor gráfico: Apontamentos sobre a análise das charges na História. In: Simpósio nacional de história, 23, 2005, Londrina. Anais do XXIII Simpósio Nacional de História História: guerra e paz. Londrina: ANPUH, Disponível em: < Acesso em: 01 mar p. irreg. 35 FONSECA, J. op. cit. p RIANI, Camilo. op. cit. p.26 Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 214

11 FIGURA 5 - CARTUM O CADEIRANTE Disponível em: < http // > Acesso em:10 fev Sobre ao que se refere à charge, são necessários alguns apontamentos sobre as técnicas de sua produção. Primeiro devemos considerar que nada em uma charge está ali por acaso, todos os elementos contidos na charge, inclusive pequenos detalhes contidos no plano de fundo, representam alguma ideia, que pode ser individual ou diretamente relacionada com a ideia principal da charge, sendo assim nenhum detalhe deve ser menosprezado. As técnicas de desenho como cores e iluminação, que muitas vezes enfocam ou desfocam determinado personagem, permite que percebamos qual a ideia central do autor, a principal crítica da charge sempre estará em destaque seja pela cor ou iluminação, e o que estiver à margem, fora do foco central, recebera menos destaque, para que o leitor primeiro compreenda a ideia central e então acrescente os elementos secundários, que reforçam a crítica principal ou pontuam críticas secundarias de menor importância. A estruturação do plano de fundo de uma charge é essencial, pois permite que o leitor contextualize o que está sendo satirizado, mas como aponta Liebel à fisionomia do personagem caricaturado é sem dúvida o principal fator de uma charge, pois é no reconhecimento do personagem da sátira que se verifica a interação do público com a mensagem, principalmente no caso das charges políticas. 37 Entretanto é aqui que o autor da charge encontra um desafio, para que o personagem seja reconhecido pelos leitores, o autor busca destacar\ exagerar características especificas da pessoa que será retratada, mas além disso é necessário dar vida ao personagem, representar as emoções que ele desempenha na ação retratada na charge. Para isso o autor modifica alguns traços na fisionomia do caricaturado, seja o posicionamento das sobrancelhas ou dos olhos, ou até mesmo o franzir da testa, porém não modifica a estrutura da fisionomia, de forma que o leitor consiga identificar o personagem, mas também suas variações de humor. Somado as expressões faciais temos a linguagem corporal que quando bem representada nos fornecem elementos sobre o humor do caricaturado, os gestos feitos com as mãos ou até mesmo a postura do caricaturado nos permite identificar variações de sentimento como: raiva, medo, alegria e etc.; assim como o posicionamento nas relações de poder: ameaçador, subjugado e etc. 1.3 A INFORMAÇÃO NO BRASIL NO FIM DO SECULO XIX INICIO DO SÉCULO XX A imprensa tem seus primórdios em 1438 com a invenção da tipografia, por Gutenberg, no entanto mais um século e meio foi necessário para o surgimento da imprensa periódica 38 e levou ainda mais 37 LIEBEL, Vinícius. Humor gráfico: Apontamentos sobre a análise das charges na História. In: Simpósio nacional de história, 23, 2005, Londrina. Anais do XXIII Simpósio Nacional de História História: guerra e paz. Londrina: ANPUH, Disponível em: < Acesso em: 01 mar p. irreg. 38 ALBERT, Pierre.; TERROU, Fernand. História da imprensa. São Paulo: Martins Fontes, p.04 Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 215

12 para ela chegar ao Brasil com A gazeta do Rio de Janeiro a qual foi o primeiro periódico oficial brasileiro em 1808, que só foi possível com a vinda de dom João VI para a colônia e com a fundação da imprensa regia, pois até então era proibido publicações na colônia portuguesa. Ainda assim somente em 1831 foram publicadas as primeiras caricaturas brasileiras, no entanto, os periódicos que continham tais publicações não atingiram grandes proporções, que só serão atingidas em 1844 no periódico a lanterna mágica 39. Portanto desde a metade do século XIX os periódicos brasileiros contem publicações desse tipo, Herman Lima, entretanto cita que segundo estudos a charge só veio ter importância nos periódicos brasileiros em 1855 com o periódico Brasil ilustrado, e ainda aponta inúmeras discussões sobre periódicos anteriores que já utilizavam tal recurso 40. Mas o que cabe aqui é compreender, para além das datas, a importância que essas charges representam nos periódicos do final do século XIX e no início do XX. Estamos em pleno século XXI, a era da informação, um período em que tudo que se precisa saber está a um click de distância, todos os dias somos bombardeados de informações por todos os lados, isso está tão próximo e enraizado em nossas mentalidades que muitas vezes não nos damos conta do processo que permite que essas informações cheguem até nos, entretanto com a tecnologia existente hoje é obvio afirmar que trazer à tona as notícias nos tempos atuais é muito mais simples que no início do século XX. As fotografias de alta resolução ilustram as mais diversas publicações que se pode imaginar, apenas em um tempo que a maioria possui uma câmera nos bolsos isso se torna possível, entretanto o período que decorre entre a segunda metade do século XIX até início do século XX foi um período em que as ilustrações eram a forma mais 39 LIMA, H. op. cit p id. ibid. p.70 viável de representação imagética, pois mesmo, que de forma precária já se utilizasse da fotografia, ilustrar era a única forma acessível para reprodução imagética de uma determinada informação, basta pensar que a imprensa não possuía uma equipe de repórteres posicionados pelo mundo para cobrir e fotografar os acontecimentos em tempo real como ocorre hoje em dia. Desta forma permitindo a representação imagética de um acontecimento mesmo que esse não tenha sido presenciado por algum repórter, as charges vão assumindo o seu papel informativo nesse período, conquistando seu lugar nas revistas ilustradas que surgem por todo o mundo. Mas para além da informação outra função lhe cabe bem: sempre acrescidas de sátiras humorísticas, elas apresentam além de uma presentificação do ausente, função desempenhada pela fotografia de forma muito mais eficaz, a charge traz a informação em forma de crítica. O período analisado é marcado pela inovação, a urbanização, o surgimento do samba, do telefone, do bonde elétrico e do avião, novidades que permearam os imaginários da época e que se tornaram notórios através das charges e caricaturas nas revistas ilustradas, tais dimensões da charge podem ser compreendidas ao analisar o número de revistas ilustradas que surgem nesse período por todo o Brasil deixando clara a devida importância da produção caricaturista. São inúmeros os títulos e os assuntos, entretanto sempre contando com a caricatura em suas representações. O surgimento de tantas revistas ilustradas nesse período pode ser justificado pelo avanço tecnológico na área de impressão que ocorreu nas últimas décadas do século XIX O século XIX foi aquele que viu nascer as revistas humorísticas, estimuladas pelos avanços nas técnicas de impressão e reprodução que possibilitaram o aumento das tiragens e o consequente aumento do Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 216

13 público leitor. Esta associação entre humor e imprensa, especialmente destacada nos países europeus, também ocorreu nos principais centros urbanos brasileiros, embora tenha sido um pouco mais tardia, já que os processos de modernização da imprensa no Brasil foram lentos e concentraram-se nas três últimas décadas do século XIX. 41 Não somente as revistas se tornam notáveis como também seus caricaturistas, artista que se consagraram com o tempo devido às dimensões que algumas de suas produções encontraram. Dentre os caricaturistas mais conhecidos e mais tarde bem renomados do início do século XX estão: J. Carlos, K. Lixto, e Raul Perneiras figuras que traçaram as diretrizes da caricatura nacional, suas charges eram tão expressivas e bem representadas que as representações da primeira guerra mundial, descrita por J. Carlos, por exemplo, tiveram um alcance internacional e frequentemente foram reproduzidas na Europa nas melhores revistas 42, não é por menos que as caricaturas desses artistas vão permear os periódicos brasileiros por mais de cinco décadas, e também é a fonte para essa pesquisa. Outro fator fundamental para entendermos como a charge tomou essas proporções é a respeito das renovações de humor que estavam ocorrendo nessa época. O período que decorreu na Europa entre 1890 e 1914, ano em que começou a Primeira Guerra Mundial, ficou conhecido como Belle Époque. Essa expressão, contudo, só surgiu depois do conflito armado para designar um período considerado de expansão e progressão. Tanto em nível intelectual como artístico, dado pelas inovações da época. Já no Brasil se vivenciou um período entre 1889 com a proclamação da república a 1922 com a semana da arte moderna, que conhecido como Belle Époque Tropical, e assim como na Europa esse movimento se consagrou pelas inovações artísticas e intelectuais. 41 SALIBA, Elias Thomé. op. cit. p LIMA, H. op. cit. p.143 Para esta pesquisa a importância deste movimento é que neste momento que as definições de humor são renovadas. Saliba nos indica que ao longo da história existiram muitas tentativas de conceituar o humor, entretanto as definições são imprecisas podendo somente afirmar que o mesmo é uma experiência humana imprecisa a qual caberia quase tudo. Em 1621 em um tratado denominado Anatomia da melancolia Robert Burton define alguns limites e regras para o humor, e a partir daí a cultura ocidental define alguns paradigmas para dois tipos de risos: o riso bom, que consiste na expressão de alegria licita, e o mau riso que consiste pelo rir de... ou o rir contra.... Outro paradigma também construído nesse período e o da teoria da superioridade que define o riso como a transformação de uma expectativa tensa em nada. Esses paradigmas são vistos como uma concepção clássica do humor que é rompida na Belle Époque, ou seja, a Belle Époque é o período de crise nas articulações clássicas do humor, o que possibilita a exploração dessa forma de comicidade que é a charge. É nesse momento que é produzido as mais notadas reflexões sobre humor: a de Bérgson (1899) a de Freud (1905). A teoria de Bérgson afirma que o cômico existe no contraponto entre elementos mecânicos e elementos vivos, para exemplificar podemos pensar em uma pessoa que desempenha suas atividades cotidianas com uma regularidade mecânica, cujos objetos foram embaralhados ou trocados de lugar, como colocar a pena no tinteiro e sair cola, sentar em uma cadeira solida e cair no chão, para ele o cômico nascia quando um aspecto mecânico era colocado sobre o vivo, dessa forma o riso não existe fora do que é propriamente humano, e deve ser associado a uma função social, se não o riso se torna algo a parte, sem relação com o resto da atividade humana SALIBA, Elias Thomé. op. cit.. p. 22 Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 217

14 Para compreender o riso, impõe-se colocá-lo no seu ambiente natural que é a sociedade; impõe-se, sobretudo determinar-lhe a função útil, que é uma função social. O riso deve corresponder a certas exigências da vida em comum. O riso deve ter uma significação social. 44 Não se trata mais como nos paradigmas clássicos do humor, descobrir a essência do risível, pois uma vez que o riso é uma função social, é na sociedade que se acha a resposta, dentro dessa perspectiva a charge política se encaixa muito bem, pois junto ao riso trás a crítica social. Para Freud o riso funciona como libertador das emoções reprimidas é uma válvula de escape perante as proibições da sociedade, o riso compensa o continuo gasto de energia para manter as proibições que a sociedade impõe. 45 Freud define que o riso acontece se duas pessoas no geral for envolvida, além do Eu (observador), é necessário outra pessoa (objeto) em que é constatado algo cômico 46 ou seja o cômico ocorre na relação entre o eu e o objeto sem necessitar de uma terceira pessoa, essa reflexão pode ser empregado no cômico contido na caricatura uma vez que o leitor (eu) identifica o cômico na imagem do outro (objeto), mesmo que esse outro seja uma representação caricaturada. Novamente afirmando que o riso é um processo social, pois ele nunca ocorre sozinho necessitando do outro, uma vez que ele se manifesta nas relações sociais humanas. O que se pretende neste trabalho e analisar o cômico contido nas charges como o possuidor de uma função social como afirma essas teorias, e alem disso demonstrar que todas as produções humorísticas são historicamente mutáveis e culturalmente inventadas, já que cada 44 id. ibid.p id. ibid. p id. ibid. p. 26 sociedade crias suas próprias representações e transgressões como afirma o conceito de imaginário social. 2 A GUERRA REPRESENTADA NAS CHARGES DE J. CARLOS 2.1 J. CARLOS E A CARETA: INFORMAÇÕES GERAIS José Carlos de Brito e Cunha popularmente conhecido como J. Carlos juntamente com Raul (pseudônimo de Raul Pederneiras) e K. Lixto (pseudônimo de Calixto) formavam a grande tríade da caricatura brasileira, desenharam todos os grandes acontecimentos da primeira metade do século XX, além de representar o dia a dia brasileiro para muito além dos conflitos políticos. Dentre eles destaco J. Carlos, pois foi esse o autor da maioria e das mais representativas charges sobre a primeira guerra mundial. Carioca nascido em 18 de junho de 1884 e falecido em 2 de outubro 1950, J. Carlos estreou em O tagarela em 1902, ao lado dos outros dois integrantes da tríade que dirigiam essa revista, e de lá até os anos 50 produziu inúmeras charges abordando os mais variados assuntos, Seus desenhos testemunham o surgimento do telefone, da fotografia, do chope, do samba, do bonde elétrico, do automóvel, do cinema, do rádio, do avião, da cultura do futebol, da praia e do carnaval, e no campo político, a República Velha, a Revolução de 30, o Estado Novo e as duas Guerras Mundiais. Sua crônica visual não deixa escapar a modernização segregadora do projeto urbanístico de Pereira Passos e neste sentido retrata tanto os hábitos afrancesados das classes mais favorecidas - com seu footing e chás da tarde na Confeitaria Colombo - como o nascimento da cultura do morro, a disseminação das favelas e a sobrevivência da cultura carioca do Rio antigo no bairro da Lapa ENCICLOPÉDIA Itaú cultural. Disponível em: < br.> Acesso em: 05 mar p. irreg. Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 218

15 Na visão de Lima 48 não ha em nosso país exemplo de autoditatismo melhor que o de J. Carlos, artista cujas obras se destacavam justamente pela perfeição do desenho e pelo equilíbrio da composição, sendo o único entre quatro irmãos (um médico, outro almirante e outra professora do instituto nacional de música) que não estudou desenho, abandonou o curso ginasial do colégio São Bento para se dedicar inteiramente a arte a qual haveria de imortalizar. Difícil de imaginar que estreando nesta carreira em 1902 pudesse em tão pouco tempo ter sob seu nome artístico a direção da revista A Careta. Em 1908 ele ingressou na revista A Careta, ficando até 1921 períodos que se afasta da revista, para tornar-se diretor das publicações da revista O Malho, retornando somente em 1935 e fica até o final de sua vida. Mas não foi somente nesta revista que sua arte foi divulgada, muitas outras também levaram seus traços, segundo Lima 49 é possível dizer sem exagero que depois de seu aparecimento não houve publicações ilustradas alheias ao seu lápis. Com a precisão de seus informes cita Rubens Gill as seguintes: O Tagarela, de 1902 a A Avenida, de 1903 a O Malho, século XX, de Mas Fleiuss, Leitura Para Todos, O Tico-Tico, almanaques d O Malho e d O Tico-Tico, de 1905 a Fon-Fon!, de 1907 a A Careta dessa data a 1921 e de 1935 a O Filhote da Careta, de 1910 a O Juquinha, de 1912 a D. Quixote, de Bastos Tigre; A cigarra e A Vida Moderna, de São Paulo; Revista Nacional, Eu Sei Tudo, Revista da Semana, de 1918 a De 1922 a 1930, dirigiu a parte artística das publicações da empresa de d O Malho, Ilustrando Para Todos..., Ilustração Brasileira, O malho, O Tico-Teco, Cinearte e Leitura Para Todos além dos Almanaques d O malho e d O Tico-Teco e do álbum de Cinearte. De 1931 a 1934 fez grande número de capas e ilustrações para O Cruzeiro e Fon-Fon!, Quando atingiu talvez o ponto mais alto de sua carreira artística, tendo então voltado A Careta, que foi assim, com aquele intervalo de 1922 até 1935, a sua revista, onde trabalhou até o 48 LIMA, H. op. cit.. p LIMA, H. op. cit.. p.1074 fim [...] Não sendo menos digno de nota que manteve também, por mais de dez anos, um ateliê de publicidade, donde saíram alguns dos nossos mais belos cartazes de propaganda, além da ilustração de vários livros. Com um histórico inquestionável, pode se considerar J. Carlos o maior caricaturista do início do século XX. Assim como afirma Herman Lima: Ninguém exerceu com maior dignidade profissional a sua arte do que esse incomparável desenhista, cujas criações, da mais bela e escorreita execução e do mais fino gosto, aliados à graça do motivo e à elegância do traço, encheram durante quase meio século as páginas das nossas melhores revistas ilustradas. 50 Elogios como estes são comuns ao descrever o trabalho de J. Carlos, mas para além dos elogios seu talento está explicito nas suas milhares de composições de todos os gêneros, especialmente nas series vindas da A Careta como: As aventuras de Brocoió que funcionava como um espelho semanal da vida de uma grande capital; Almanaque das glorias, onde desfilavam centenas de figurões da época, das ciências, das letras e da política tanto brasileira quanto internacional; Arca de Noé, com dúzias de representantes internacionais; como também as charges das duas guerras mundiais que de tamanha qualidade chegaram a ser reproduzidas, muitas vezes, na imprensa estrangeira. Lima ainda afirma que muitos dos cidadãos de influência da época, em particular o Barão do Rio Branco, Marechal Hermes da Fonseca, Pinheiro Machado, Nilo Peçanha, Epitácio Pessoas, estão mais vivos nas charges de J. Carlos do que em qualquer biografia, pois segundo ele a caricatura apresenta a opinião do homem da rua, a voz da crítica contemporânea. 51 Daí a importância que suas obras desempenham no estudo histórico. 50 LIMA, H. op. cit. p id. Ibid. p Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 219

16 J. Carlos criou vários personagens que eram admirados por todos, desde as crianças com suas histórias infantis como as aventuras de jujuba, do Juquinha do carrapicho e da lamparina, assim como personagens adultos que representavam a vida carioca, que é o caso da melindrosa e do vagabundo. Ao deixar a Careta em 1922 o seu colega Alvaro Moreyra escreveu em um texto intitulado O inventor da Melindrosa : Um dia, decerto, no começo do próximo século, o rio de janeiro não possuirá mais a carioca: as raparigas das margens da Guanabara não se distinguirão das raparigas das margens do resto do planeta: idênticas preocupações, atitudes iguais, o mesmo modo de vestir, gravidade, pessimismo... Neste dia um curioso de coisas do passado encontrará, nas páginas de uma revista, as figuras de J. Carlos; Encontrará a melindrosa, que ele inventou e que constituiu o lindo modelo de nossas contemporâneas... O ente que olhar, daqui a cem anos, as obras primas de J. Carlos poderá viver a vida que estamos vivendo Ao que se refere aos desenhos infantis, cabe também ressaltar que o criador de Mickey Mouse, Walt Disney em sua visita ao Brasil, demonstrou sua admiração pelo artista brasileiro e chegou a convida-lo para trabalhar com ele nos Estados Unidos. 53 Lima também aponta outro fator importante nas obras de J. Carlos, as legendas, que sempre possuíam um toque finamente sugestivo, acrescido de malicia e um permanente toque de graça. Assim suas obras possuem um toque de sutileza, nas palavras de Lima: Capaz de fixar com mais admirável propriedade o lado risível do homem, não tem essa ferocidade, essa vindicativa revolta de quem precise tratar de seus tipo, como se, em vez de lápis, manejasse o chicote, e, em vez de certos retoques sugestivos, distribuísse bofetadas. 52 LIMA, H. op. cit. p id. Ibid. p O caminho traçado por J. Carlos caminha paralelo com a história da própria revista A careta, pois foi nela que passou a maior parte de sua carreira, e por consequência publicou a maioria de seus trabalhos. A revista A Careta foi lançada em 1908 por Jorge Schimit, no Rio de Janeiro mesmo no princípio de suas publicações já contava com grandes nomes além de J. Carlos como K. Lixto, Olavo Bilac, Martins Fontes, Lima Barreto e Olegário Mariano 54. Assim como o nome sugere A careta continha sátiras à sociedade carioca, sendo suas caretas representadas nas charges, a maioria delas feitas por J. Carlos. A Careta não media palavras para demonstrar o seu humor e ousadia, isso fica visível no seu editorial de abertura: Aí vai a nossa Careta. Lançando à publicidade este semanário, é preciso confessar, e contritamente o fazemos, que a Careta é feita para o Público, o grande e respeitável público, com P grande! Se tomamos essa liberdade foi porque sabíamos perfeitamente que ele não morre de caretas. Longe vai o tempo em que isso acontecia. Todavia, a nossa esperança é justamente que o público morra pela Careta, a fim de que ela viva. E, feita cinicamente essa confissão egoística (nós estamos no século XX) digamos logo que o nosso programa cifra-se unicamente em fazer caretas. [...] Se ao ver a Careta, gentil senhorita, apreciadora entusiasta das seções galantes do jornalismo smart, franzir graciosamente as graciosas sobrancelhas, na boquita rubra estalando um desprezador muxoxo, nós já temos meia vingança: o muxoxo é meia careta, pelo menos. [...] Com um programa tão vasto, tão sedutor, tão (como diremos?) característico, esperamos da simpatia do público o franco acolhimento que lhe não merecem tantas caretas por aí, bem conhecidas[...] 55 Na explicação de Clara Nogueira a interpretação do título da revista diz respeito ao trocadilho proposto no texto entre o jogo semântico e visual criado entre Careta (o título da revista) versus careta (contração 54 A CARETA n.1. Rio de Janeiro: [ s. n. ] 06/06/1908 p.2 55 A CARETA n.1. Rio de Janeiro: [ s. n. ] 06/06/1908 p.3 Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 220

17 do rosto ou trejeito cômico da face, expressão facial caricata) que levaria o leitor a perceber a estratégia do discurso da revista: provocar o cômico, fazer rir, propor a crítica irreverente, através do uso abundante do desenho caricaturado. 56 O uso das caretas, ou melhor, dizendo das charges humorísticas, em quantidades abundantes nesse período não é exclusividade desse periódico, isso deve ser sobretudo a dois fatores: primeiramente como já vimos as grandes transformações do século XX, que exigiam um meio de retratar os acontecimentos de forma pratica, trazendo ao leitor uma imagem alegórica do que estava acontecendo; e as novas técnicas do jornalismo nacional como aponta Nicolau Sevcenko: Novas técnicas de impressão e edição permitem o barateamento extremo da imprensa. O acabamento mais apurado e o tratamento literário e simples da matéria tendem a tornar obrigatório o seu consumo cotidiano pelas camadas alfabetizadas da cidade. Esse novo jornalismo, de par com as revistas mundanas, intensamente ilustradas e que são o seu produto mais refinado, torna-se mesmo a coqueluche da nova burguesia urbana, significando o seu consumo, sob todas as formas, um sinal de bom-tom sob a atmosfera da Regeneração. 57 É dessa forma que A Careta junto a J. Carlos assume o grande papel que hoje dispõem na história da imprensa brasileira, nas suas páginas escreveu-se a história em tempo real, através do senso crítico e habilidades artísticas do caricaturista J. Carlos, os principais 56 NOGUEIRA, Clara. Revista careta ( ): símbolo da modernização da imprensa no século xx. Revista de Pós-Graduação em Letras UNESP Campus de Assis ISSN: Miscelânea, Assis, vol.8, jul./dez Disponível em: < Acesso em: 05 mar p SEVCENKO, Nicolau. Apud NOGUEIRA, Clara. Revista careta ( ): símbolo da modernização da imprensa no século xx. Revista de Pós-Graduação em Letras UNESP Campus de Assis ISSN: Miscelânea, Assis, vol.8, jul./dez Disponível em: < Acesso em: 05 mar p. 65 acontecimentos da primeira metade do século XX foram registrados não só em letras, mas em imagem que nos trazem humor até mesmo das maiores atrocidades humanas como foram às guerras mundiais. 2.2 AS REPRESENTAÇÕES DA GUERRA Ao explorar as charges de J. Carlos podemos traçar um quadro das ideias e opiniões do autor sobre a Primeira Guerra Mundial, assim como identificar a mensagem que circulava na mídia brasileira e que povoava o imaginário da sociedade carioca desse período. Outro fator preponderante na análise é o contexto do período de guerra e a posição brasileira perante tal conflito. A intensa disputa entre as potencias econômicas pela posse do mercado mundial acabou por deflagrar a Primeira Guerra Mundial, O conflito ocorreu entre 28 de julho de 1914 a 11 de novembro de 1918, evento que custou a vida de muitas pessoas. Estima-se que a Europa teve nesse período a população reduzida a 13 milhões de habitantes. 58 Tendo em seu início de um lado a Tríplice Entende (Reino Unido, França e Império Russo) e do outro a Tríplice Aliança (Império Alemão, Áustria-Hungria e Itália) iniciou-se a primeira Guerra Mundial, entre tanto logo essas alianças se reorganizaram, e a Itália lutou junto à Tríplice Entende. Junto a essas, várias outras nações entraram na guerra, como é o caso dos Estados Unidos, que em abril de 1917 juntou-se a Entende, motivados pela guerra submarina alemã que ameaçava paralisar suas exportações e a intenção germânica de atrair o México, prometendo-lhes ajuda a conquista do território anteriormente perdidos para os estadunidenses MARANHÃO, Ricardo; JUNIOR, Antônio. Brasil História - Texto e Consulta volume 3: República Velha. São Paulo: Brasiliense, 1979 p PAZZINATO, Alceu Luiz: SENISE, Maria H. Valente. História Moderna e Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 221

18 O Brasil também entrou na guerra somente em Permaneceu neutro até esse período, tendo essa situação modificada graças a um ataque alemão a um navio brasileiro que navegava em águas francesas. A declaração brasileira de guerra veio em 1 de junho de 1917, contudo o Brasil nunca enviou soldados a frente de batalha, participou enviando medicamentos e equipe medicas para ajudar a Tríplice Entende e também realizando patrulhamentos no oceano Atlântico com embarcações militares. Mesmo não tendo uma participação direta na guerra, as mídias brasileiras mantinham uma cobertura dos acontecimentos da guerra. Um exemplo, disso é a coluna denominada Notas de Guerra, dedicada somente a cobertura da guerra, publicada na revista Fon-Fon! entre o período de 1914 e Como já vimos, as charges de J. Carlos foram realmente representativas durante esse período, suas charges sobre a guerra abordam os mais diversos assuntos desde os problemas gerados na economia, até a violência que a guerra representava, mas sempre com muito humor. Para dar conta de representar o vasto cenário da primeira guerra J. Carlos identificou cada país pelos seus governantes em um processo de transnominação, ou seja, identificando um pelo outro. A facilidade de reconhecimento dessas figuras ocorre principalmente nas feições dos trajes característicos, além de que muitos desses personagens haviam sido apresentados no decorrer da guerra, numa seção da revista A Careta denominada de Arca de Noé, mais tarde renomeada Gregos e Troyanos (Figura 06). Nesta coluna J. Carlos aproveitava para expor suas simpatias e antipatias sobre tais figuras, Dapieve afirma que os generais e políticos ingleses e franceses foram quase canonizados por J. Carlos como é o caso do rei sérvio Pedro, assim como outros Contemporânea.. São Paulo: Ática, 1995 p.222 FIGURA 6 GREGOS E TROYANOS DA ESQUERDA PARA DIREITA: Pedro da Sérvia; Alexandre da Sérvia; Alberto da Bélgica; Joseph Joffre; Paul Von Hindenburg; Francisco José; Jorge V; Woodrow Wilson. FONTE: LOREDANO. Cássio, (org.) J. Carlos contra a Guerra. As grandes tragédias do século XX na visão de um caricaturista brasileiro p. 16. desfrutavam de sua antipatia, como o imperador da Áustria Francisco Josè, descrito como uma alma boa de coração sensível vivendo a mercê da fatalidade 60. Mas sem sombra de dúvida a figura mais caricaturada por J. Carlos durante a guerra é o Kaiser Guilherme II. Poucas semanas após o início da guerra é desta forma que J. Carlos representava o Kaiser: 60 LOREDANO. Cássio, (org.) J. Carlos contra a Guerra. As grandes tragédias do século XX na visão de um caricaturista brasileiro. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2000 p.15 Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 222

19 como momento de loucura que Dapieve aponta é muito expressada pelo autor, em todas as charges que aqui serão analisadas esse elemento fica visível. A entrada do Brasil na guerra foi tardia, apesar disso vários jornais estadunidenses saudaram a participação brasileira. Na edição da careta de 12 de janeiro de 1918 foi publicado algumas dessas charges (Figura 08). FIGURA 7 OPERAÇÃO CESARIANA LEGENDA: O Kaiser A minha acção é toda scientifica. eu quero ver como são as entranhas da terra. Sob o título de Operação Cesariana é mostrado o Kaiser com a espada em uma mão e a lira na outra, vestindo trajes romanos, nesta charge (figura 07) J. Carlos buscou fazer um trocadilho entre César, título dado ao imperador romano o qual é a origem epistemológica da palavra Kaiser, e a técnica cirúrgica cesariana, operação realizada para retirar um feto de dentro do útero. O trocadilho, e junto com ele o humor, se completa com a legenda onde o Kaiser diz: A minha acção é toda scientifica. Eu quero ver como são as entranhas da terra. Dapieve afirma que a intenção do autor era representar o Kaiser como um Nero redivivo, atribuir-lhe assim um caráter de louco, estava já posto um tema J. Carliano por excelência, o da guerra como um momento de loucura, inicialmente individual, depois coletivo 61. Essa visão da guerra 61 LOREDANO. Cássio, (org.) op. cit. p.15 FIGURA 8 A ENTRADA DO BRASIL NA GUERRA LEGENDAS DA ESQUERDA PARA DIREITA: Do Evening Etar, Washington. Parabens e benvindo sejas no combate em prol da democracia mundial; Do New York Herald. No combate mundial em prol da liberdade; Philadelphia record. O anniversario da Republica do Brasil Um novo defensor da democracia; Do culumbus Evining Dispatch. Lado a lado pela liberdade. FONTE: LOREDANO. Cássio, (org.) J. Carlos contra a Guerra. As grandes tragédias do século XX na visão de um caricaturista brasileiro p. 18 Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 223

20 É possível perceber nessas publicações o reconhecimento do heroísmo daquele que luta na guerra, por exemplo, na charge do Evening Star de Washington vemos o Estados Unidos, representado pelo Tio Sam, parabenizando o Brasil pela entrada na luta pela democracia mundial. A do New York Herald mostra um soldado brasileiro ostentando a bandeira brasileira com orgulho, atrás vemos o brasão das armas do Brasil, símbolo republicano brasileiro que nos remete a uma ideia de democracia, de direito á liberdade, essa ideia se completa com a legenda no combate mundial em prol da liberdade. Nas outras duas charges a da Philadelphia Record e a do Columbus Evening Dispatch as mesmas ideias estão presentes, primeiro a da justificativa da guerra em prol da liberdade e em segundo plano a amizade brasileira com os estadunidenses e seus aliados, como pode ser observado na última charge, do Culumbus Evening, o fato do planeta terra, em que se vê escrito América, está retratado de lado, deixando Estados Unidos e Brasil no mesmo nível, diferente da representação comum do globo em que os Estados Unidos se localiza ao norte do Brasil, ou seja, uma tentativa de demonstrar parceria entre os dois países. A representação do heroísmo é uma tentativa de justificar os atos de guerra. Said discuti como a dominação socio-politica-economica funciona junto a uma teorização intelectual que representa o caráter civilizatório do imperialismo, ele denomina isso de estrutura de atitude e referencia 62, ou seja, através das ideias de levar a cultura, a civilização e etc. a povos desfavorecidos dessas noções, molda-se o imaginário coletivo de forma a justificar qualquer forma de violência ou desrespeito a culturas alheias, são essas noções que as charges da figura 08 procuram transmitir proclamando o heroísmo na busca da democracia e da liberdade. 62 SAID, Edward W. Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.p 99. Essa visão heroica de guerra não faz juízo as publicações do J. Carlos, que como já foi dito, vê a guerra como um ato de loucura e isso é bem expressivo nas suas obras. Ao se referir ao Estados Unidos é perceptível que J. Carlos sempre o representa com desconfiança, e não como aliados como visto nas charges acima, mostrando o Estados Unidos como um aproveitador e imperialista. FIGURA 9 O OVO DE COLOMBO LEGENDA: O Allemão Era isso mesmo que nós pretendíamos fazer. Wilson mas não fizeram. FONTE: LOREDANO. Cássio, (org.) J. Carlos contra a Guerra. As grandes tragédias do século XX na visão de um caricaturista brasileiro p. 19. Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 224

21 Em uma das charges de capa da careta denominada O ovo de (Figura 09) Wilson, o então presidente dos Estados Unidos, embrulha o globo, que representa a própria terra, em uma bandeira estadunidense quando é abordado por um pequeno alemão que diz: era isso mesmo que nós pretendíamos fazer ; e o presidente retruca: mas não fizeram ainda ao fundo da imagem é possível ver os representantes inglês e francês da conferência de paz de Paris, David Lloyd George, Georges Clemenceau, que também obtiveram seus llucros com a conferência da paz e o tratado de Versalhes. 63 A crítica levantada nesta charge publicada no pós guerra refere se as praticas imperialistas estadunidense, essa pratica já era conhecida por varias medidas anteriores como a doutrina Monroe e a doutrina do Big Stick e o Corolário Roosevelt 64 que buscavam aumentar a 63 A Conferência de Paz de Paris: foi aberta em 18 de janeiro de 1919 com representantes de 69 países, mas as principais decisões ficaram sob as figuras de Woodrow Wilson presidente dos Estados Unidos, Lloyd George Primeiro Ministro do Reino Unido e Georges Clemenceau Primeiro Ministro da França. Ponto chave da Conferência foram as condições que seriam estabelecidas aos países derrotados da I Guerra Mundial, o presidente Wilson tinha por intuito impedir que a reunião decidisse por um desmembramento do estado alemão, como era da vontade do Estado-Maior francês, e evitar se possível uma indenização de guerra aos países vencedores. O Primeiro Ministro do Reino Unido Lloyd George temia um fortalecimento da França na política continental em virtude da derrota alem, obviamente por conta disso também era contra o desmembramento da Alemanha, via na permanência da unificação alemã a manutenção de um grande mercado comprador de seus produtos, era também intuito dos ingleses conseguir na Conferência a anexação das colônias alemãs, no pacífico e na África. Já o Primeiro Ministro George Clemenceau tinha um posicionamento revanchista, com exigências de indenizações, o retorno da Alsácia-Lorena, além de fortes intenções de conseguir a anexação de toda a margem esquerda do rio Reno. O principal documento produzido pela conferência foi o Tratado de Versalhes, assinado em 28 de junho de 1919, que definia os termos da paz com as nações derrotadas. Para maiores informações ver: MACMILLAN, Margaret Olwen. Paz em Paris, 1919: a Conferência de Paris e seu mister de encerrar a Grande Guerra. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira, A Doutrina Monroe proferida pelo presidente James Monroe e resumida na influencia estadunidense pelo mundo de maneira a favorecer seus próprios interesses econômicos, políticos e estratégicos. Definido por Said, imperialismo é a pratica, a teoria, e as atitudes de um centro dominante governando um território distante. Na realidade desde o século XIX medidas imperialistas começaram a ser empregada pelas grandes nações, neste período se criou uma política expansionista das principais nações europeias, que tinha por objetivo a busca de mercado consumidor, de mão de obra barata e de matérias-primas para o desenvolvimento das indústrias. Esse processo de expansão foi marcado por várias tensões. A África, por exemplo, teve seu território divido nesta época entre as nações europeias, num frase america para americanos estava baseada em três princípios básicos: a impossibilidade de criação de novas colônias ao longo do continente, intolerância à interferência de nações europeias em questões internas e a não participação norte-americana em conflitos envolvendo países europeus. O que motivou tal doutrina foi a ameaça por parte da Santa Aliança (composta por países europeus como Áustria, Rússia, e França) de voltar a colonizar os países americanos. A ideologia, ou ainda diplomacia ou política do Big Stick (em português, grande porrete ) é o nome com que frequentemente se faz referência à política externa dos Estados Unidos sob a presidência de Theodore Roosevelt ( ) O presidente criaria ainda o Corolário Roosevelt, no qual apoiava a Doutrina Monroe e procurava estendê-la sob um ponto de vista que favorecesse os EUA. Para isso, transformou as Américas em uma esfera de influência exclusivamente norte-americana. O Corolário Roosevelt foi expresso na Mensagem Anual do Presidente ao Congresso dos EUA de Na Mensagem, Roosevelt expressou sua convicção de que uma nação que consegue manter a ordem e cumprir com suas obrigações não precisa temer a interferência dos Estados Unidos. No entanto, uma nação civilizada como os Estados Unidos teria que assumir o papel de polícia do mundo, e ser obrigada a intervir, no caso de um enfraquecimento dos laços da sociedade civilizada em outros países. Aparentemente, os Estados Unidos estavam fazendo frente à Europa para defender os países latinos, no entanto, o que estava sendo defendido eram somente os interesses estadunidenses. Dessa forma a frase da doutrina Monroe denota mais sentido como America para os norte-americanos Para maiores informações ver: BONAFÉ, Luigi Corolário roosevelt à doutrina Monroe. FGV. Disponível em: < Acesso em: 05 mar Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 225

22 evento denominado Conferência de Berlim, em Essa divisão se caracterizou pelos seus vários abusos, como tribos africanas inteiras que foram separadas com a divisão, enquanto outras foram agrupadas com suas rivais 65. De certo modo podemos até mesmo identificar nessas praticas imperialistas o inicio dos conflitos que levaram a Grande Guerra. Acontece que até o finalzinho do século XIX Alemanha não era um Estado unificado, era uma região formada por povos semelhantes e dividida, enquanto outras nações como a Inglaterra possuíam colônias que garantiam sua industrialização, seu desenvolvimento. Alem da chegada tardia da Alemanha nesta corrida imperialista, a mesma ainda se saiu pouco favorecida na partilha da áfrica em 1884, isso favoreceu a construção de um cenário para a primeira guerra. Said afirma que o século XIX foi o apogeu da ascensão do ocidente, que estendeu seu domínio por varias regiões, em 1914, 85% do mundo estava sob forma de colônias, protetorados e etc. é somente após 1945, com o desmantelamento das estruturas coloniais que essa Era dos Impérios chega ao fim, mas como Said afirma a luta pela geografia não se restringe a soldados e canhões 66 ela abrange ideias, imagens e representações e nesse quesito os EUA continua a exercer uma influencia considerável no presente. Portanto neste ato de enrolar o mundo sob sua bandeira, J. Carlos deixa claro como o mundo ficou sob a influência estadunidense. Afinal com os autos custos da guerra as grandes nações ficaram praticamente falidas e os Estados Unidos com seu apoio econômico obtiveram grandes lucros. 65 ATA GERAL da Conferência de Berlim Disponível em: < http: www. casadehistoria.com.br.> Acesso em: 05 mar SAID, Edward W. Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.p 38 Segundo Dapieve a desconfiança que J. Carlos tinha em relação aos propósitos estadunidenses chegaria à segunda guerra mundial: Num desenho publicado a 16 de abril de 1938, o Tio San, de costa para o leitor, observa a correria dos governantes europeu ao fundo e monologa: incêndio lá para os lados da Europa! Lá vão elles apagar o fogo com archotes. Parece que eu vou ganhar muito dinheiro.... Cabe lembrar que os Estados Unidos só meteria a sua colher no, para usar a expressão constante noutro trabalho, angu Europeu, em 7 de dezembro de 1941, depois de ter a base aeronaval de Pearl Harbor... bombardeada pelos japoneses aliados dos alemães e dos italianos. J. Carlos, mas uma vez, estava à frente de seu tempo. 67 E nítida a diferença entre a participação brasileira e a estadunidense, que não somente participou da frente de batalha como interferiu diretamente na conclusão desse conflito, mas para além das diferenças diretas da batalha outra diferença importante se faz presente, o imaginário social em torno da guerra que pode ser percebido por meio das publicações da época. Nas publicações estadunidenses e facilmente identificáveis a visão que eles tem da guerra, a clássica propaganda do Tio Sam convocando os seus jovem a servir, demonstra o interesse de fazer as pessoas, principalmente os jovem, se verem a favor da guerra, o que contradiz com publicações que são vistas no Brasil, as charges do J. Carlos não somente satirizam a guerra com o seu humor, como também demonstra a insanidade presente no conflito. Através de representações de elementos tensos como a morte, a fome, a peste, a miséria entre outros J. Carlos, motiva em seus leitores a percepção das tragédias contidas na guerra. Como na figura 10 ao lado. Essa datada de agosto de 1914, logo no início do conflito, é denominada A beira do abysmo. Demonstra a guerra, essa 67 LOREDANO. Cássio, (org.) op. cit. p.19 Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 226

23 FIGURA 10 A BEIRA DO ABYSMO LEGENDA: A fome e a peste aguardando o grande banquete que lhes prepara a guerra. FONTE: LOREDANO. Cássio, (org.) J. Carlos contra a Guerra. As grandes tragédias do século XX na visão de um caricaturista brasileiro representada por um soldado, esse retratado com cores fortes para simbolizar a agressividade da guerra e também com uma feição nada amigável transmitindo uma ideia de impiedade e selvajaria, jogando o planeta terra em um abismo, de encontro a fome e a peste, ambas representadas por figuras cadavéricas que nos remete a ideia de morte, representadas assim na intenção de dar forma ao intangível. Seguida da legenda onde diz A fome e a peste aguardando o grande banquete que lhes prepara a guerra, ou seja, de forma direta, J. Carlos demonstra sua opinião do que a guerra representa ao mundo. Lembrando que as representações não possuem neutralidade, pode-se afirmar que J. Carlos utiliza desses elementos para criar em seus leitores uma espécie de repulsa contra a guerra, O que nos leva a pensar as formas de dominações simbólicas existente nessas publicações, novamente vinculada ao conceito de imaginário social presente em Baczko e Chartier. Isto é, as produções desses discursos legitimam, ou invalidam como é o caso desta imagem, o próprio acontecimento. Como já discutido no capítulo anterior para Baczko a influência do imaginário sobre a as mentalidades depende da difusão dessas ideias, pela produção de discursos, maneira qual reúne as representações coletivas em uma linguagem e por consequências os meios que difundem, sendo assim essas charges são responsáveis por essa influência nas mentalidades 68. Segundo Chartier as representações são máquina de fabricar respeito e submissão 69 mas como vemos também podem ser usadas de maneira inversa, como nas charges acima, para criar desapreço e revolta. Charges como essas são comuns durante as publicações sobre a guerra, uma bem semelhante foi publicada em 29 de julho de 1916, com o nome de Dia de annos (Figura 11) referindo-se ao fato da guerra está completando dois anos. Nela é possível ver a guerra, agora representada como um jovem soldado, pelo fato da guerra estar completando dois anos, recebendo com um aperto de mão as figuras que representam a miséria, a peste, e a fome, sendo essas mostradas como três velhas 68 BACZKO, Bronislaw. A imaginação social In: Leach, Edmund et Alii. Anthropos- Homem. Lisboa, Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985 p CHARTIER, Roger. O mundo como representação In: Estudos avançados vol.5 n.11 Jan./Abr. São Paulo: FGV,1991 p. 184 Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 227

24 Essa máquina de criar desapreço e revolta, ou seja, a produção de discursos negativos sobre o fato, pode ser identificada em várias outras charges, talvez a que mais chama atenção seja uma publicada no dia de finados de 1916 (Figura 12). Nela aparece uma grande sepultura coletiva e em sua beira o representante de cada pais segurando uma coroa de flores, ali pode se FIGURA 11 DIA DE ANOS LEGENDA: A guerra recebe as felicitações de suas amigas. senhoras vestida em trapos. A imagem se completa com o plano de fundo que mostra o que parece ser o local de uma batalha devido a quantidade de fumaça que está sobre o local. Seguida da legenda A guerra recebe as felicitações de suas amigas reforçando mais uma vez a ideia de que a calamidade está diretamente ligada à guerra. FIGURA 12 O MAIOR DIA DE FINADOS LEGENDA: Paz aos mortos O maior dia de Finados. FONTE: LOREDANO. Cássio, (org.) J. Carlos contra a Guerra. As grandes tragédias do século XX na visão de um caricaturista brasileiro p.63. Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 228

25 FIGURA 13 FORA DE COMBATE LEGENDA: O kaiser: é preciso inventar uma punição para esses desertores que abandonam a pátria antes do tempo FIGURA 14 DEPOIS DO BOMBARDEIO LEGENDA: O kronprinz morreu muita gente? O kamarada Sim, Imperial senhor. O kronprinz como se chamam os mortos? O kamarada chamam-se defuntos. FIGURA 15 NA RUSSIA ORIENTAL LEGENDA: O russo Oh Fritz. Para que foi que morremos? FONTE: LOREDANO. Cássio, (org.) J. Carlos contra a Guerra. As grandes tragédias do século XX na visão de um caricaturista brasileiro p.72, 73, 80 ver o turco, o búlgaro, o russo, o sérvio, o italiano, o austro-húngaro, o Frances, o inglês e o alemão entre outros, todos com feições tristes pela mesma causa: a morte. Na legenda se diz: paz aos mortos o maior dia de finados. Reparem na expressão fácil que J. Carlos utiliza, assim como também a preparação do plano de fundo que nada lembra um cenário de guerra e sim um lugar mais sereno, tudo isso para criar uma sensibilidade em torno desse fato. Outro detalhe que pode ser discutido é o fato da sepultura ser coletiva, ou seja, não se faz distinção entre os mortos de cada nação, passando a ideia de que após a morte pouco importa a que nação o soldado servia, pois seus destinos serão o mesmo: A terra. Essa sensibilidade pela morte de soldados, que traz com ela a repulsa pela violência da guerra, está presente em outras charges. Na Figura 13 vemos o Kaiser e um dos seus oficiais, observando o cadáver de um soldado, então o Kaiser comenta: é preciso inventar uma pena para punir esses desertores que abandonam a pátria antes Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 229

26 do tempo, comparando dessa forma o soldado morto a um desertor, entretanto se nos atentarmos a detalhes da imagem percebemos que mesmo depois de morto o soldado continua segurando sua arma, o que passa a impressão que ele morreu lutando, ou seja, além da banalização da morte, outro assunto revoltante é abordado, a falta de reconhecimento do papel do soldado. Já na Figura 14 vemos Frederico Guilherme, o Kronprinz ou príncipe herdeiro da Alemanha, conversando com um de seus oficiais, que de forma hilária responde que todos os mortos chamam-se defunto, satirizando o fato dos mortos não serem nem ao menos diferenciados. Na Figura 15 a caveira de um soldado russo indaga para a caveira de um soldado alemão: Oh, Fritz!... Para que foi que nós morremos?, demonstrando que os mais atingidos com a guerra, que são os próprios soldados, muitas vezes são ignorantes a causa, e sacrificam a própria vida cumprindo ordens. Nas três charges vistas temos uma mesma abordagem, o desapego à vida e a falta de reconhecimento da luta dos soldados. J. Carlos se mostra sensível em suas charges aos autos custos humanos para todos os países não importando em qual lado da luta se encontravam. Além das charges que tratam diretamente da morte, como é o caso das charges analisadas acima, J. Carlos representa de diversas outras maneiras a violência presente na guerra, uma que merece destaque chama-se O Natal Europeu (Figura16). Nesta vemos papai Noel segurando uma espada que ao que tudo indica está suja de sangue, julgando pelo capacete em sua cabeça, ele está representando o exército alemão. Logo a sua frente é possível ver um pacote de presente repleto de bombas. A legenda sutil, completa o sentido da charge: Papai Noel e seus bombons, mostrando que no natal europeu ao invés de presentes o que seria distribuído eram as bombas. Essa foi publicada durante o natal de 1917, mas durante todos os anos da guerra J. Carlos publicou charges como essas no período de natal, muito provavelmente na tentativa de demonstrar que não é somente os que lutam a guerra que sofrem com ela, e sim toda uma sociedade repleta de gente inocente que pouco sabem sobre os motivos da guerra. CONSIDERAÇÕES FINAIS FIGURA 16 O NATAL EUROPEU LEGENDA: Papai Noel e seus bonbons. FONTE: LOREDANO. Cássio, (org.) J. Carlos contra a Guerra. As grandes tragédias do século XX na visão de um caricaturista brasileiro p.78. Creio que ao longo das análises feitas no desenvolver do trabalho, tenha ficado claro as dimensões críticas referente aos assuntos políticos/ sociais que as charges atingiram no início do século XX, principalmente nos grandes acontecimentos históricos como é o caso da Primeira Guerra Mundial. Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 230

27 A charge além de crítica se difere de outros tipos de fontes por que traz uma história mais próxima do indivíduo, uma vez em que seu discurso não passa a visão dos documentos governamentais e sim a visão do J. Carlos que foi autor das charges e editor da revista A Careta. Portanto ele representou a guerra de seu ponto de vista, dessa forma seu principal foco não era as relações políticas da guerra, ou os acontecimentos factuais: As batalhas as vitorias ou as derrotas. Ele até dedicou alguns de seus trabalhos a essas questões, mas em geral a sua crítica era mais no âmbito social, como percebemos no último item do segundo capitulo em que é facilmente perceptível a crítica às questões FIGURA 17 O AMIGO DAS CRIANÇAS NA EUROPA LEGENDA: O que teria feito este pequeno? FONTE: LOREDANO. Cássio, (org.) J. Carlos contra a Guerra. As grandes tragédias do século XX na visão de um caricaturista brasileiro p.79 como a banalidade da vida, o pouco reconhecimento dos soldados, o sofrimento da sociedade civil que pouco sabia das questões políticas da guerra e mesmo assim eram os principais prejudicados. Na figura 17: Denominada O amigo das crianças na Europa produzida durante o natal de 1916 mostra o Papai Noel com feições tristes, olhando o corpo de uma criança morta e indagando: O que teria feito esse pequeno? A resposta a essa indagação provavelmente é: Nada, esse foi somente mais uma vítima da guerra. Essas críticas sociais estavam presentes na charge, portanto eram lidas pela classe média carioca, se segundo Chartier não se pode pensar uma sociedade com recortes sociais pré-definidos pois o que molda a forma que a sociedade identifica e interpreta o mundo é o que circula no corpus textos70, ou seja nas publicações que dadas a ler por essa sociedade, são essas críticas contidas na charge que formaram o pensamento crítico da sociedade em relação a esse acontecimento, agora se considerarmos o fato que as representações contidas nas charges não são neutras, que elas são determinadas pelos interesses dos que a forjaram, e por consequência produzem práticas de dominação simbólica, podemos afirmar que elas manipulam a forma em que a sociedade interpretou esse conflito. Assim se o J. Carlos buscou sempre transmitir a guerra como um ato de insanidade, dado o modo que ele a representava, foi essa a visão que a sociedade carioca teve da guerra. Se segundo Baczko toda forma de poder tem que se impor como legitimo, pois o poder não e deduzido dos princípios universais-físicos 71, e desse modo pouca importa o acontecimento em sua origem, pois são as relações de força 70 CHARTIER, Roger. O mundo como representação In: Estudos avançados vol.5 n.11 Jan./Abr. São Paulo: FGV,1991 p BACZKO, Bronislaw. A imaginação social In: Leach, Edmund et Alii. Anthropos- Homem. Lisboa, Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985 p Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 231

28 e poder que o imaginário social comporta que validam as relações de sentido, sendo assim, para interpretação da sociedade carioca, pouco importa se a guerra foi do jeito que J. Carlos a representou, indiferente se foi ou não, são essas representações que vão definir o imaginário social da época sobre a guerra. Daí a discussão sobre a diferença, por exemplo, do modo que os cartunistas estadunidenses representavam a guerra em suas charges, pois se para eles a guerra era um ato de heroísmo pela liberdade, foi assim que a guerra foi entendida por sua sociedade. Tais diferenças se apresentam, por exemplo, no espírito nacionalista que cada população tem sobre sua nação, se os estadunidenses aceitam a guerra dentro de sua justificativa por liberdade fatos FIGURA 18 OS GRANDES PATRIOTAS LEGENDA: Acho que todo o cidadão deve se alistar para defender a pátria! Então, porque ainda não te apresentaste? Não aceitam descalços!!! FONTE: A CARETA n.492. Rio de Janeiro: [ s. n. ] 24/11/1917 p.15. como o apresentado na próxima figura 18 não são identificados na sociedade estadunidense. Neste cartum denominado Os grandes patriotas, vemos uma cena que provavelmente representa a sociedade carioca como um todo. Estão presentes dois homens conversando, percebam que o que está sentado não utiliza sapatos, porém não é que não tem condições financeiras para isso, considerando o fato que ele está na mesa de algum estabelecimento e o que tudo indica está desempenhando o papel de cliente, eles afirma para o outro homem que está em pé, e que ao que tudo indica é o dono ou funcionário do estabelecimento, que acha que todo cidadão deve se alistar para defender a pátria! Analisando o posicionamento das mãos assim como a expressão facial do personagem que está sentado se pode pensar que o mesmo está insinuando ao outro que ele deveria se alistar. O homem em pé então rapidamente se defende questionando por que ele mesmo não se apresenta para servir, o homem sentado então de imediato justifica, Não aceitam descalços!!!. Para além do cômico, essa charge demonstra que mesmo que o brasileiro, mais especificamente o carioca, tivesse a consciência da importância do alistamento, ninguém queria isso para si, dado a maneira que esses reconheciam a guerra. Outro fato relevante a ser pontuado é a capacidade de J. Carlos em identificar situações críticas a serem representadas, chegando algumas vezes até mesmo a prever situações que ainda não haviam ocorrido, como é o caso da figura 19. Essa diferente das demais charges analisada, foi publicado no pós-guerra, mais precisamente no dia 14 de junho de Nela vemos uma mulher em prantos, amarrada a um tronco, representando a Alemanha derrotada, mas dela ergue-se um espírito, essa descrita como a alma germânica, que de cabeça erguida e espada na mão Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 232

29 FONTES A CARETA n.1. Rio de Janeiro: [ s. n. ] 06/06/1908 A CARETA n.492. Rio de Janeiro: [ s. n. ] 24/11/1917 LOREDANO. Cássio, (org.) J. Carlos contra a Guerra. As grandes tragédias do século XX na visão de um caricaturista brasileiro. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, REFERÊNCIAS FIGURA 19 INDOMESTICÁVEL LEGENDA: A Alma germânica Dentro de quinze annos teremos a revanche! FONTE: LOREDANO. Cássio, (org.) J. Carlos contra a Guerra. As grandes tragédias do século XX na visão de um caricaturista brasileiro p declama: Dentro de quinze anos teremos a revanche!. J. Carlos errou por pouco a revanche viria dentro de 21 anos, entretanto 14 anos depois, Adolf Hitler estaria começando sua ascensão no governo alemão. J. Carlos realmente estava na vanguarda, e representou os fatos de seu tempo, especialmente a Primeira Guerra Mundial, como nem um outro fez. ATA GERAL da Conferência de Berlim Disponível em: < http: www. casadehistoria.com.br.> Acesso em: 05 mar BACZKO, Bronislaw. A imaginação social In: Leach, Edmund et Alii. Anthropos-Homem. Lisboa, Imprensa Nacional/Casa da Moeda, BURKE, Peter. O que é história cultural? RJ: Zahar, Apud LANGER, Johnni. A Nova História Cultural: Origens, Conceitos e críticas. In: História e-história. ISSN Disponível em: < com.br.> Acesso em: 01 fev p. irreg.. Origens da história cultural.. SP: Civilização Brasileira, 2006, p Apud LANGER, Johnni. A Nova História Cultural: Origens, Conceitos e críticas. In: História e-história. ISSN Disponível em: < Acesso em: 01 fev p. irreg. BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. Bauru: EDUSC p BUSO, Mariane Cristina; BAHLS, Aparecida Vaz da Silva. Boletim casa Romário Martins, Factos da Actualidade charges e caricaturas em Curitiba, v.33, n.142. Curitiba: Fundação cultural de Curitiba p CHARTIER, Roger. O mundo como representação In: Estudos avançados vol.5 n.11 Jan./Abr. São Paulo: FGV,1991 p.173 ENCICLOPÉDIA Itaú cultural. Disponível em: < org.br.> Acesso em: 05 mar p. irreg. FONSECA, J. Caricatura. A Imagem Gráfica do Humor. Porto Alegre: Artes e. Ofícios, p.17 Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 233

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