BRINCADEIRAS COM ARGILA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O PET EDU NO ENCONTRO COM AS CRIANÇAS
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- Renato Avelar Moreira
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1 BRINCADEIRAS COM ARGILA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O PET EDU NO ENCONTRO COM AS CRIANÇAS Resumo ISSN Gleiciele Magela de Almeida 1 - UFES Nathalia Cera Teixeira 2 - UFES Valdete Côco 3 - UFES Grupo de Trabalho Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência Financiadora: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) Neste trabalho, apresentamos um relato de experiência a partir das vivências em um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), enquanto bolsistas do Programa de Educação Tutorial Conexões de Saberes: Projeto Educação (PET EDU). Desenvolvendo atividades de ensino, pesquisa e extensão na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o PET EDU focaliza a temática de formação de professores na Educação Infantil (EI). Assim, com a construção do projeto extensionista intitulado Educação Infantil: o trabalho docente no encontro com as crianças participamos do cotidiano da instituição (no período de setembro a dezembro de 2014), observando sua dinâmica de funcionamento, o que nos proporcionou maior aproximação com o campo da EI. Nesse processo de participação na instituição de EI, que ocorria semanalmente, relataremos nossas vivências nas turmas do grupo 03 (compostas por crianças da faixa etária de três anos), evidenciando eventos das ações desenvolvidas com o material de argila. Nesse sentido, buscamos compreender as práticas brincantes com argila em uma turma de três anos de uma instituição de EI. Ancorados no referencial teórico metodológico bakhtiniano, traçamos como objetivo captar os sentidos produzidos por uma integrante do PET EDU nas interações com as crianças e com a professora por meio das brincadeiras com argila, com intuito de destacar as contribuições na formação docente da bolsista. Para isto, recorremos aos relatórios extensionistas, aos registros em diário de campo e ao relatório individual anual produzido por uma integrante do programa. Com as reflexões sobre os dados, compreendemos que o brincar é de extrema importância para as crianças, pois propicia o desenvolvimento da criatividade, imaginação, cooperação, bem como a interação entre crianças e entre crianças e adultos. Com a inserção no CMEI, tivemos a oportunidade de 1 Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Bolsista do Programa de Educação Tutorial Conexões de Saberes: Projeto Educação (PET EDU). Integrante do Grupo de Pesquisa Formação e Atuação de Educadores (GRUFAE). gleici_am@hotmail.com. 2 Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Bolsista do Programa de Educação Tutorial Conexões de Saberes: Projeto Educação (PET EDU). Integrante do Grupo de Pesquisa Formação e Atuação de Educadores (GRUFAE). nceratei2@gmail.com. 3 Doutora em Educação. Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Coordenadora do Grupo de Pesquisa Formação e Atuação de Educadores (GRUFAE). Tutora do Programa de Educação Tutorial Conexões de Saberes: Projeto Educação (PET EDU). E- mail: valdetecoco@hotmail.com.
2 15016 conhecer o cotidiano e observar práticas pedagógicas desenvolvidas com as crianças, ampliando nossos conhecimentos acerca da EI, possibilitando novas experiências. Palavras-chave: Educação Infantil. Programa de Educação Tutorial. Brincadeira. Introdução Este trabalho vincula-se ao Programa de Educação Tutorial Conexões de Saberes: Projeto Educação (PET EDU) que, em seu escopo, desenvolve atividades do tripé acadêmico de ensino, pesquisa e extensão. De forma articulada, a proposta do PET EDU envolve um processo formativo dos seus integrantes (graduandos de Artes Visuais, Pedagogia e Educação Física da Universidade Federal do Espírito Santo - UFES) numa perspectiva de trabalho coletivo, focalizando a temática de formação de professores na Educação Infantil (EI). No eixo de extensão, o grupo desenvolve o projeto coletivo intitulado Educação Infantil: o trabalho docente no encontro com as crianças. Nesse contexto, para desenvolver o projeto extensionista, desenvolvemos atividades no cotidiano de um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), com o intuito de nos aproximarmos das vivências no campo de trabalho da EI, fomentando aprendizagens conjuntas e estabelecendo parcerias com a instituição em uma perspectiva de troca de saberes entre os bolsistas e a comunidade extensionista. Pautados no referencial teórico metodológico bakhtiniano, privilegiamos o encontro com o outro, acreditando que nas relações de alteridade, desse encontro quase infinito de palavras, é que vão fiando os fios de nossa existência, dada sempre nas vivências com os outros (MIOTELLO, 2013, p. 10). A partir das vivências no CMEI, que acontecem semanalmente, participamos do cotidiano da instituição (no período de setembro a dezembro de 2014) observando a dinâmica de funcionamento, proporcionando maior aproximação com o campo da EI. Assim, nesse trabalho apresentamos um relato de experiência a partir das vivências na instituição de EI onde o PET EDU realiza a extensão, captando os sentidos produzidos por uma integrante do programa nas interações com as crianças e com a professora por meio das brincadeiras com argila, tendo como finalidade destacar as contribuições na formação docente da bolsista. Para compor o corpus de dados do trabalho, recorremos aos relatórios extensionista, aos eventos descritos em diário de campo e ao relatório individual anual produzido por uma integrante do PET EDU. Compondo o relato de experiência, apresentamos esse texto organizado em dois tópicos, seguido das considerações finais. No primeiro tópico, dialogamos com os
3 15017 documentos que orientam o trabalho pedagógico nas instituições da EI e com os autores que destacam a importância do brincar nessa etapa da educação básica. No segundo tópico, relatamos os aprendizados decorrentes das vivências em uma instituição de EI. Para finalizar, apresentamos as considerações finais. A brincadeira na Educação Infantil Com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) consideramos a criança sujeito ativo, histórico e de direitos, que nas vivências cotidianas, por meio de interações, produz cultura, [...] constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade (BRASIL, 2010, p. 12). A proposta curricular da EI, de acordo com as DCNEI, propõe que as práticas pedagógicas devem ter como eixos as interações e as brincadeiras. Nesse sentido, consideramos o brincar na EI como a atividade principal da criança, pois Sua importância reside no fato de ser uma ação livre, iniciada e conduzida pela criança com finalidade de tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si mesma, as outras pessoas e o mundo em que vive. Brincar é repetir e recriar ações prazerosas, expressar situações imaginárias, criativas, compartilhar brincadeiras com outras pessoas, expressar sua individualidade e sua identidade, explorar a natureza, os objetos, comunicar-se e participar da cultura lúdica para compreender seu universo (BRASIL, 2012, p. 12). Dessa maneira, enfatizamos que o brincar na EI tem papel importante no processo educativo das crianças, visto que possibilita a criança conhecer a si, aos outros e o mundo (KISHIMOTO, 2010, p. 1). Assim, acreditamos que o brincar proporciona a criança momentos significantes, pois [...] não exige como condição um produto final; relaxa, envolve, ensina regras, linguagens, desenvolve habilidades e introduz a criança no mundo imaginário (KISHIMOTO, 2010, p. 1). Nesse sentido, destacamos também a importância da mediação do professor na brincadeira para estimular novas formas de brincar, potencializando a aprendizagem e a imaginação da criança. Conforme Kishimoto (2006, p. 36), Quando as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de aprendizagem, surge a dimensão educativa. Desde que mantidas as condições para a expressão do jogo, ou seja, a ação intencional da criança para o brincar, o educador está potencializando as situações de aprendizagem.
4 15018 Assim, no processo de mediação, o professor contribui para o desenvolvimento da criança, que não nasce sabendo brincar, ela precisa aprender, por meio das interações com outras crianças e com os adultos (KISHIMOTO, 2010, p. 1). Orientados por esses conceitos, passamos para os enunciados produzidos das vivências na instituição de EI, com a intenção de compreender os sentidos produzidos pelos sujeitos envolvidos nas práticas brincantes, em especial, àquelas decorrentes das ações com argila. Desenvolvendo as ações com as crianças: brincadeira com argila Para registrar as vivências na instituição, a cada ida ao CMEI, produzimos relatórios de extensão (R) e registros em diários de campo (DC), com reflexões e narrativas dos integrantes do PET EDU, e ao final do ano, como síntese de trabalho, reunimos nossas produções em um relatório individual (RA). Para este trabalho, recorremos aos eventos de onze (11) R de extensão, eventos do RA e do DC de uma integrante, a fim de relatar as experiências na instituição de EI, em especial, com as brincadeiras de argila e os aprendizados derivados das interações com as crianças. Com a inserção no CMEI, tivemos a oportunidade de conhecer o cotidiano e observar práticas pedagógicas desenvolvidas na instituição. Com a aproximação à instituição, relataremos as vivências em duas turmas do grupo 03 (compostas por crianças da faixa etária de três anos). No primeiro dia de extensão fomos apresentadas às crianças do grupo 03. Neste dia, a professora regente trabalhou com a produção de animais com material de argila (a temática de animais estava vinculada ao projeto em desenvolvimento pelo grupo). Nós auxiliamos a professora na coordenação da ação, conforme destacamos no evento apresentado a seguir. No primeiro dia de extensão tivemos a experiência de ficar no grupo 3 da professora [nome da professora] 4, neste dia, ela estava trabalhando com argila e nos pediu ajuda para desenvolver a ação com as crianças, como eu nunca havia trabalhado com esse material, ela nos mostrou alguns vídeos. Logo após, iniciamos a ação com as crianças, foi muito divertido. (RA) A proposta de trabalho desse dia despertou o interesse das crianças em desenvolver animais com o material de argila, como podemos ver no registro em DC. 4 Por motivos éticos, optamos por não mencionar o nome da professora, das crianças e dos integrantes do PET EDU nos eventos selecionados
5 15019 Achei muito bacana a proposta da professora de trabalhar a argila com as crianças, elas adoraram fazer os animais com o material. Queriam fazer mais, ficavam rodeando os outros coleguinhas que ainda estavam fazendo, queriam ajudá-los [...]. Acredito que é uma atividade muito importante. (DC) Com o envolvimento na ação, por meio da brincadeira, interagimos de forma descontraída com as crianças, como relatado no R abaixo. Essa atividade fez com que nos aproximássemos das crianças, visto que, era nosso primeiro dia, e ainda éramos como "intrusos" para elas. Quando entramos na sala pela primeira vez elas nos olharam um pouco assustadas, mas depois da atividade se soltaram um pouco e houve uma maior interação entre nós. (R2) Após esse primeiro contato com as crianças do grupo 03, tivemos o interesse em dar continuidade à ação com o material de argila. Na semana seguinte, por orientação da diretora, iniciamos o segundo dia de extensão em outra turma de crianças, também com a faixa etária de três anos. Em uma conversa com a professora regente, também propomos a ideia de desenvolver ações com o material de argila com as crianças deste grupo. Em uma conversa com a professora [nome da professora], juntamente com [nome da petiana], acenamos o interesse em trabalhar com argila na turma, a professora adorou a ideia e disse que disponibilizaria um horário na sexta para que executássemos a ação com as crianças. A professora mostrou-se interessada e disse que as crianças iriam gostar muito. (R3) Em parceria com outras bolsistas e com a professora, buscamos por meio do brincar, promover interações com as crianças, professora e integrantes do PET EDU. Após firmar a parceria, na semana seguinte nos organizamos para desenvolver a ação com os pequenos, preparando o espaço para que as crianças pudessem conhecer o material. Depois do ensaio para a mostra cultural a professora do grupo 3, disponibilizou o grupo para iniciarmos as atividades. Eu e [nome da integrante] dividimos a turma em 2 grupos, para que cada uma de nós ficasse na coordenação de um grupo [...]. Então arrumamos a sala e logo após colocamos a argila em cima da mesa e deixamos as crianças livres para conhecer e manusear o material, uma vez que elas ainda não haviam trabalhado com argila. (R4) O primeiro contato das crianças com o material causou diferentes reações como, por exemplo, estranheza, receio em brincar com o material, empolgação e curiosidade. Mas, aos poucos foram se familiarizando com o barro:
6 15020 No início, alguns deles acharam estranho, ficaram com certo receio, mas rapidamente se familiarizaram e começaram a manusear a argila. Já outros, empolgaram-se logo que viram o material. Procurei deixa-los livres para que pudessem desenvolver algo de seus interesses com a argila. Como a professora estava desenvolvendo um projeto com a temática dos animais, as crianças acabavam despertando interesse em fazer animais. (R4) No movimento de parcerias na extensão, destacamos a parceria com a professora regente da turma, que contribuiu para o desenvolvimento da ação e demonstrou compreensão acerca da importância da atividade. Atribuindo destaque à relevância da atividade, a professora ressaltou também a disponibilidade do material caso tivéssemos a intenção de realizar a atividade novamente. A professora adorou ver as crianças trabalhando com argila, disse que sempre que quisermos trazer o material a aula estará disponível, destacou também a importância da atividade para as crianças. À medida que as crianças terminavam de fazer os animais, a professora colocava para secarem no sol. (R4) A experiência em brincar com as crianças, nesse movimento, proporcionou momentos de risos e de muita imaginação, pois na tentativa de dar forma aos animais, outras ideias emergiam no desenvolver das ações. E a cada nova tentativa, as crianças expressavam sua animação em mostrar o que estavam produzindo. As crianças ficaram muito empolgadas com a atividade [...]. Tia me ajuda a fazer uma girafa, tia eu quero um gato e um peixe, olha a cobra que eu fiz. (DC) Ao final da brincadeira, perguntamos para as crianças se haviam gostado de brincar com o barro e as repostas foram positivas. Algumas crianças pediram para continuarmos a brincadeira, porque queriam fazer mais animais e objetos com a argila. A experiência de brincar junto com os pequenos fez com que nos aproximássemos mais, fortalecendo os laços. Assim, a brincadeira proporcionou momentos significativos e num movimento de parceria, contribuiu para nosso processo formativo. Ainda, realçamos que, para a criança a brincadeira é [...] um dos principais meios de expressão que possibilita a investigação e a aprendizagem sobre pessoas e mundo (BRASIL, 2012, p. 8). No momento em que a criança escolhe uma atividade, faz de forma seletiva e no movimento de selecioná-la, [...] explicita uma preferência que determina o início de uma relação com determinado objeto material. Na realidade, a tendência da criança, num primeiro momento é de repetir o que já se sabe fazer, ou até mesmo explorar o espaço e, num segundo momento, imitar a outro e, finalmente, vivenciar novas experiências (NEGRINE, 2002, p. 49).
7 15021 Assim, percebemos que, ao propormos que as crianças brincassem com a argila, elas logo relacionaram as brincadeiras ao projeto em desenvolvimento na turma, cuja temática era os animais. O interesse delas remetia ao trabalho que estava sendo proposto pela professora, o que indica o envolvimento das crianças com o projeto, imaginando e criando a partir do que foi planejado. As crianças estavam animadas com a proposta. Conforme da primeira vez, as dividimos em dois grupos. A integrante [nome da integrante] coordenou um grupo, eu coordenei o outro [...]. Conversei com meu grupo sobre o que eles queriam fazer com a argila e novamente o interesse das crianças voltava para a modelagem de animais, uns queriam fazer um jacaré, um cachorro (com uma vasilha de ração, é claro), outros queriam um peixe (com uma piscina para ele nadar e não morrer) e assim eles iam usando a imaginação para produzir os animais que queriam. (R7) A cada ação com a argila mais nos integrávamos com as crianças e mais elas eram estimuladas a criar e recriar. Percebemos que a inserção de um objeto diferente na brincadeira (o palito) provocou novas reações e novos sentidos. Para além da fabricação de animais, as crianças começaram a reinventar situações cotidianas com o material. E a partir da ideia de uma, as outras foram alteradas, desenvolvendo diferentes formas de brincadeiras no processo de interação. A professora distribuiu palitos para as crianças, com intuito de facilitar a produção dos animais. Uma das crianças do grupo que [nome da integrante] coordenava, teve a ideia de utilizar o palito para fazer um churrasco com isso todas as crianças se empolgaram fazer churrasco com a argila. A primeira vez em que realizamos a ação com esse grupo 3, uma das crianças não quis brincar com a argila, mas desta vez, todas as crianças participaram da ação, inclusive a criança que não participou da primeira vez. (R7) Destacamos a contribuição das parcerias firmadas com os professores e entre os petianos 5, que através dos encontros e diálogos, contribuíram para ampliação do processo formativo dos integrantes. Parcerias evidenciadas nos eventos do RA a seguir: A professora [nome da professora] do G3 6 me acolheu em sua turma e apoiou minhas iniciativas, aprendi muito observando sua metodologia de ensino e sua maneira em dialogar com as crianças. E é claro, não poderia deixar de destacar a parcerias com as crianças, pois elas também contribuíram em minha jornada e me ensinaram o quanto são capazes de criar, aprender e ensinar. (RA) 5 Como são denominados os integrantes dos grupos PET. 6 Grupo 03.
8 15022 Para além das contribuições das parcerias estabelecidas no CMEI, acenamos para as aprendizagens que emergiram na instituição e nas relações com os sujeitos atuantes no contexto da EI. O meu processo de ambientação acarretou em muitas aprendizagens, pois me aproximei da EI e adentrei a instituição como pesquisadora, como petiana, como estudante de pedagogia e futura professora. Nesse movimento de pertencimento ao CMEI, estabeleci parcerias com as integrantes do PET EDU [...], com as crianças, professoras, diretora e a pedagoga. Assim, pude conhecer o cotidiano do trabalho realizado na instituição. Vivenciei algumas experiências interessantes desenvolvendo ações com as crianças envolvendo argila. (RA) As ações com argila no grupo 03 provocaram muitas emoções. Foram vivências que nos marcaram, proporcionando interações entre nós, as crianças e os profissionais da instituição. Nesse sentido, buscamos intensificar a relação com as crianças por meio de brincadeiras, apostando no lúdico e na imaginação das crianças. Pois, com as brincadeiras, os pequenos tem o interesse por socializar-se com outras crianças mergulhando num mundo em que podem criar e imaginar, construindo um conhecimento infantil que potencializa seu desenvolvimento (KISHIMOTO apud PONTES; ALENCAR, 2013). As experiências relatadas nesse texto incitam reflexões acerca da importância da brincadeira na EI - em especial, a brincadeira com a argila, acenando para a concepção do brincar como o direito das crianças. Desse modo, com a aproximação no cotidiano EI, em parceria com as crianças e com os profissionais atuantes na instituição, proporcionou momentos que contribuíram para nosso processo formativo. Nesse sentido, partimos para o próximo tópico, no qual apresentamos nossas considerações finais. Considerações Finais Com esse relato, fundamentado nas nossas práticas junto ao grupo 03, entendemos que na EI, o brincar e o lúdico são de extrema importância para as crianças, pois elas desenvolvem sua criatividade e interagem com outras crianças, vivenciando um processo de construção do conhecimento. Compreendemos também, que pensar na EI é reconhecer sua especificidade e ver as crianças como seres que são produtoras de saberes cujo brincar é atividade essencial da infância. Além disso, as crianças trazem a marca da geração a que pertencem, nos apontando
9 15023 que o lugar da instituição de EI tem de ser um lugar de respeito profundo à infância, às suas muitas expressões e dimensões. Nesse sentido, é preciso romper com a lógica adultocêntrica e considerar as manifestações, expressões e pontos de vista das crianças, oportunizando espaços de vida plural, pulsante, sonhador, feliz e ético. O lugar da creche e pré-escola deve ser construído coletivamente nas relações cotidianas através da apropriação das brincadeiras pelas crianças, possibilitando-as imprimir suas marcas, alterando e transformando suas vivências na EI, imaginando, contando histórias e brincando. Destacamos, em síntese, as aprendizagens decorrentes dessas vivências extensionistas. Os encontros com as crianças me afetaram e me marcaram intensamente. [...] Não poderia deixar de dizer o quanto aprendi com elas. Deixo meus agradecimentos também ao PET EDU pela parceira e por me proporcionar todas essas vivências. (R11) No movimento de integrar o PET EDU, nos aproximamos do cotidiano de uma instituição de EI e em interlocução com a comunidade extensionista, nos abrimos ao diálogo e às parcerias conjuntas, pois acreditamos na importância do encontro com o outro. Em meio às múltiplas vozes que circulam no contexto da EI, a extensão se tornou uma arena de muitos (e diferentes) encontros, marcada pela alteridade dos sujeitos e por diálogos carreados de sentidos que vão ao encontro de outros sujeitos. Assim, para finalizar esse relato, reafirmamos que os desdobramentos das ações de argila com as crianças na instituição de EI, potencializaram os nossos aprendizados, movendo trocas de experiências entre os envolvidos nas ações. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Brinquedos e Brincadeiras. Brasília: MEC, BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil. Brasília: MEC, KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 9. ed. São Paulo: Cortez, KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brinquedos e brincadeiras na educação infantil. In: I Seminário Nacional: Currículo em movimento: perspectivas atuais, 2010, Belo Horizonte. Anais, 2010.
10 15024 MIOTELLO, Valdemir. Apresentação - A palavra própria e a palavra outra na vivência. In: MIOTELLO, Valdemir. (Org.). Um ser expressivo e falante: Refletindo com Bakhtin e construindo uma leitura de vozes. São Carlos: Pedro & João Editores, p NEGRINE, Airton da Silva. Simbolismo e Jogo. In: SANTOS, Santa Marli Pires dos (Org.). Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. 7ª Edição. Petrópolis, RJ: Vozes, PONTES, Verônica Maria de Araújo; ALENCAR, Daniela Deyse Silva de. O brincar na educação infantil: um olhar sobre os(as) professores(as) e sua prática pedagógica. In: DORNELLES, Deni Vieira; FERNANDES, Natália (Org.). O brincar na educação infantil: um olhar sobre os(as) professores(as) e sua prática pedagógica. 1ed. Braga: Universidade do Minho, 2013, v. p
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