OBJETO: CONSTRUÇÃO E REFORMA DE BARRACAS NA ORLA MARÍTIMA DA CIDADE DE SALVADOR.

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1 OBJETO: CONSTRUÇÃO E REFORMA DE BARRACAS NA ORLA MARÍTIMA DA CIDADE DE SALVADOR. DATA: 19/10/06 ÓRGÃO JULGADOR: 13 a VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DA BAHIA AUTOR:. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RÉUS:. MUNICÍPIO DE SALVADOR. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOV Á VEIS - IBAMA TRAMITAÇÃO:. DECISÃO, DATADA DE 20/10/06: DEFERI A LIMINAR PLEITEADA TÃO-SOMENTE PARA DETERMINAR QUE A PREFEITURA DE SALVADOR, OU QUEM SUAS VEZES FIZER, PARALISE, DE IMEDIATO, A CONSTRUÇÃO E REFORMA DAS BARRACAS VINCULADAS AO PROJETO EM QUESTÃO, EM TODA A ORLA MARÍTIMA DE SALVADOR, SOB PENA DE IMPOSIÇÃO DE MULTA NO VALOR DE R$ ,00 (TRINTA MIL REAIS) POR CADA DIA DE EVENTUAL DESCUMPRIMENTO DA ORDEM. INTIMEM-SE OS RÉUS PARA SE PRONUNCIAREM, NO PRAZO DE 72 HORAS, SOBRE O PEDIDO LIMINAR REMANESCENTE. INTIMEM-SE A PREFEITURA DE SALVADOR PARA, TAMBÉM NO PRAZO DE 72 HORAS, INFORMAR QUAIS BARRACAS JÁ ESTÃO EM FUNCIONAMENTO E AS CONDIÇÕES DE SEU USO, DEVENDO CIENTIFICAR TAMBÉM, COM A RESPECTIVA PROVA, SE HÁ UTILIZAÇÃO DE FOSSAS E/OU CAIXAS DE GORDURA. NO MESMO PRAZO, DEVERÁ O MUNICÍPIO INDICAR OS NOMES DAS PESSOAS AUTORIZADAS À UTILIZAÇÃO DAS BARRACAS E OS EVENTUAIS PATROCINADORES DO EMPREENDIMENTO.

2 Processo no Autor Réus JUSTIÇA FEDERAL SEÇÃO JUDICIÁRIA DA BAlDA J-DOb.3:>00. Dl6Y,-tS-O : : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL : MUNiCípIO DE SALVADOR; SMA - SUPERINTENDÊNCIA DO MEIO AMBIENTE; IBAMA - INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE. DECISÃO o Ministério Público Federal ajuizou AÇão Civil Pública com pedido liminar contra o Município de S,alvador, a Superintendência do Meio Ambiente (SMA) e o IBAMA -Instituto Brasileiro de Meio Ambiente. Sustenta, em síntese, que a Prefeitura de Salva'dor, através do "Projeto Orla", decidiu por revitalizar e edificar barracas nas prais da Cidade de forma padronizada. Acrescenta que a maioria das barracas está sendo construída na faixa de areia nos terrenos de marinha sem a autorização da Gerência Regional do Patrimônio da União. Adóz ainda que não há prévio estudo que pudesse autorizar uma ligença ambiental para a implementação do projeto, licença esta, aliás, que afirma não existir. Elenca como possíveis problemas ambientais a altura das barracas, o que prejudica o aspecto paisagistico do local, além da edificação de fossas sépticas, caixa de gordura e respectivo sumidouro. Afirma também que as barracas estão sendo construídas sobre fundação de concreto com uma cozinha e dois sanitários. Em sua inicial, o Ministério Público Federal traz também recortes de jornais com a notícia de que o IBAMA embargou a construção em face da ausência de licença ambienta!. Informa, por fim, que o atual Prefeito pretende conseguir um laudo ambiental até o dia 20 de outubro de 2006 como forma de desconstituir o embargo do IBAMA, haja vista que existia a informação de que apenas em 45 dias aquele Órgão teria condições de preparar um estudo definitivo. Trata-se de Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público Federal em que objetiva, em sede liminar, 1) a paralização das obras do "Projeto Orla" desen.volvido pela Prefeitura de Salvador; 2)a suspensão do funcionamento das J1 barracas e 3) a remoção dos materiais acumulados na faixa de areia da praia emq decorrência da obra..

3 Analisando a inicial e os documentos acostados, verifica-se que, de fato, a Prefeitura de Salvador, através do "Projeto Orla", decidiu por reformar e edificar barracas de concreto em patrimônio federal sem a devida autorização da Gerência Regional do Patrimônio da União e sem qualquer licença ambiental do IBAMA. É fato, também, que em relação a uma parte do referido projeto (trecho entre a Terceira Ponte e o marco da praia de Jaguaribe) já existe liminar deferida por este Juizo impedindo a continuação das obras, medida esta já confirmada pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da Primeira Região (Agravo de Instrumento n /BA). t Analisando os documentos acostados aos autos, sobretudo o relatório produzido pelo setor de Meio Ambiente do Ministério Público Federal, verifica-se que as barracas atualmente construidas estão bem mais altas que as que existiam no local, prejudicando a visualização do mar, inclusive encobrindo em alguns pontos a vista do Farol de Itapuã, cartão postal da Cidade. Ademais, a construção de cozinha e banheiros com fossa e sumidouro pode trazer sérias consequencias para o equilíbrio do meio biológico local. Como se sabe, para a concessão da liminar, necessário que estejam presentes os requisitos do perigo da demora e da. fumaça do bom direito. o perigo na demora se consubstancia na possibilidade de o processo tornar-se longo o bastante para causar um dano irreparável. Nesse passo, imperativo é que o Judiciário tenha meios 'para resguardar o direito pleiteado como forma de dar real efetividade à jurisdição. In casu, verifica-se que o periculum in mora encontra-se presente haja vista que, ultimadas as construções sem um estudo de impacto ambiental concludente, prejuízos de difícil reparação poderão advir para a população. A fumaça do bom direito, por outro lado, como segundo requisito para a concessão da Iiminar, identifica-se na coerência, em uma aproximação da tese defendida com o direito positivo posto, de forma que, apenas quando aparente for a pretensão deduzida, poder-se-á utilizar o poder geral de cautela. No presente feito, as provas trazidas com a inicial dão notícia que não houve estudo prévio de impacto ambiental quando da autorização das obras, além do que a edificação está sendo realizada em concreto, de forma definitiva, em bem de uso comum do povo e sem autorização do órgão federal competente. Além disso, como já se afirmou, poderá haver prejuízo paisagístico e ambiental se as construções se derem da forma projetada. Registre-se que, apesar de haver outro direito que conflita com a proteção ao meio ambiente (leia-se: o direito ao trabalho das famílias que exploram as barracas), é importante se ter em mente que o aspecto coletivo da proteção J1 ambiental e suas inevitáveis conseqüências faz com que a tutela deste ([J.

4 - prepondere, pelo menos em uma análise sumária e até que se façam os devi~ ::~ l ~ ajustes, caso se façam necessários. "'~~, cl '-:C" ~..1~Jlcl;'Ç1.,,'V Desse modo, entendo que a paralizaçáo das construções se mostra 00 urgente e imprescindível, pois, caso se confirme que a autorização da Prefeitura venha a ser realmente emitida no sábado (dia 21/10/2006) como noticiou os órgãos de imprensa, o retorno das obras faria com que se perdesse o objeto desta lide em pouquíssimo tempo, produzindo dano de difícil reparação, haja vista a agilidade na construção de uma barraca. Assim, em face da exiguidade do tempo, impõe-se o deferimento liminar do pedido sem a oitiva dos réus no prazo de 72 horas, conforme disciplina o art. 2 da Lei 8.437/92. Não obstante todas essas constatações, impõe-se observar que no local já existem barracas funcionando, ainda que precariamente, em sua maior parte com toldos improvisados como forma de garantir a comercialização dos produtos. Em conseqüência, no que concerne ao funcionamento das barracas, imperioso é que se analise, ainda que através de um juízo sumário, a condição em que as mesmas se encontram, devendo-se observar quais comerciantes podem estar prejudicando o meio ambiente e em que medida isso está acontecendo, o que pode ser feito,.sem maiores prejuízos, após o prazo de 72 horas previsto pela lei 8.437/92, quando se obterá maiores informações, medida essa também aplicável ao pedido ~e remoção do material depositado na praia. Ante o exposto e sem prejuízo da análise ulterior do restante do pedido de urgência, DEFIRO A LI MINAR pleiteada táq-somente para determinar que a Prefeitura de Salvador, ou quem suas vezes fizer, paralise, de imediato, a construção e reforma das barracas vinculadas ao projeto em questão, em toda a orla marítima de Salvador, sob pena de imposição de multa no valor de R$ ,00 (trinta mil reais) por cada dia de eventual descumprimento da presente ordem. Intimem-se os réus para se pronunciarem, no prazo de 72 horas, sobre o pedido liminar remanescente. Intime-se a Prefeitura de Salvador para, também no prazo de 72 horas, informar quais barracas já estão em funcionamento e as condições de seu uso, devendo científica r também, com a respectiva prova, se há utilização de fossas e/ou caixas de gordura. No mesmo prazo, deverá o Municlpio indicar os nomes das pessoas autorizadas à utilização das barracas e os eventuaís patrocinadores do empreendimento.

5 Ministério Público Federal - MPF Procuradoria Geral da República ARP - Acompanhamento de P.A. Data: 26/10/2006 Hora: 15:38 Página 1 de 1 Ação: IPL: lep:: Localização: 20/10/2006-4a. Cámara de Coordenação e Revisão Vinculação: Entrada pelo sistema Fênix. Distribuição: Resumo Meio Ambiente. Projeto de construção e reforma de barracas, em alvenaria, na orla marítima do Município de Salvador/BA. Outros Números/Numeração Al.ternativa PGR-4A.CAM /2006 4a. Câmara de Coordenação e Revisão Nomes/Partes Interessado PR-BA - PROCURADORIA DA REPUBLICA - BARIA Interessado PR/BA - GABINETE DRA. ANDREA CARDOSO LEAO - GABPR11-ACL Ú~tima Ocorrência 26/10/ Juntada de Documentos - Cópia do Ofício n 1713/ a CCR