IV SEMINÁRIO CATARINENSE SOBRE ATUALIDADES JURÍDICO-CONTÁBEIS IMPOSTO DE RENDA LIMITES DOS CONCEITOS CONTÁBEIS NA DEFINIÇÃO DO FATO GERADOR
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1 IV SEMINÁRIO CATARINENSE SOBRE ATUALIDADES JURÍDICO-CONTÁBEIS IMPOSTO DE RENDA LIMITES DOS CONCEITOS CONTÁBEIS NA DEFINIÇÃO DO FATO GERADOR José Antonio Minatel Florianópolis,
2 LIMITE DOS CONCEITOS Contabilidade x Direito: conceitos próprios em diferentes linguagens Conceito é seletor de propriedades, segundo um critério jurídico que preside a investigação. (Lourival Vilanova) Diferentes perspectivas recortadas da realidade Matéria Tributária: legislador constituinte como primeiro selecionador das propriedades na repartição das competências tributárias. Importação, Renda, receita, faturamento, produtos, mercadoria, serviços, patrimônio, progressividade, propriedade etc. Receita - vocábulo ambíguo, vago: = preparo (culinária); = indicativo, prescrição (medicina); = ingresso financeiro (dir. financeiro e tributário)
3 Sistema Tributário Brasileiro: rigidez CF : Art Compete à União instituir impostos sobre: [...] III - renda e proventos de qualquer natureza; RENDA : conceito constitucional pressuposto Notas qualificadoras do conceito de renda : Acréscimo (riqueza nova) Periodicidade Disponibilidade (CTN, art. 43 : disponibilidade econômica ou jurídica ) Produto = resultado de; proveniente de;
4 Se a lei pudesse chamar de compra o que não é compra, de importação o que não é importação, de exportação o que não é exportação, de renda o que não é renda, ruiria todo o sistema inscrito na Constituição[...]. Tenho um amor implacável, que é a natureza das coisas. (STF RE RS/ RTJ M. Luiz Gallotti)
5 CF : Art Compete à União instituir impostos sobre: [...] III - renda e proventos de qualquer natureza; 2º O imposto previsto no inciso III: I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei;
6 CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, [...].
7 CTN: Art Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. Art A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.
8 Nova da Contabilidade - Lei /2007 e Lei /09 Diretrizes fundamentais do processo de convergência: primazia da essência sobre a forma Função abrangente: (diferentes destinatários) Presente: demonstrar a mutação patrimonial (acréscimo ou decréscimo da grandeza econômica) Passado: mensurar a performance em determinado período (realizado) Futuro: evidenciar a potencialidade para resultados futuros (a realizar) princípio da competência para registro das operações: realização (da receita) e incorrência (para custos e despesas) 8
9 CPC 30 e conceito de receita (registro por competência também espera que haja ingresso) Receita é o ingresso bruto de benefícios econômicos durante o período observado no curso das atividades ordinárias da entidade que resultam no aumento do seu patrimônio líquido, exceto os aumentos de patrimônio líquido relacionados às contribuições dos proprietários. Não é o registro contábil que dá natureza mas a essência do fato Registros contábeis com funções neutralizadoras: desconto obtido em compras Provisões Perdão de dívida IR lucro real: ajustes da legislação tributária têm limites
10 AVP - Ajuste a Valor Presente (CPC 12): ajuste para demonstrar o valor presente de um fluxo de caixa futuro, em regra, de conta do NÃO CIRCULANTE. Sempre tem natureza financeira (receita ou despesa) Contrapartida = resultado Primazia da essência sobre a forma AVJ- Ajuste a Valor Justo (CPC 46): tem como primeiro objetivo demonstrar o valor de mercado de determinado ativo ou passivo. Contrapartida = PL
11 AVP AJUSTE A VALOR PRESENTE E EFEITOS Valor Venda de Mercadoria em janº 2015 por R$ Prazo para o recebimento: agosto/2016 Juros de R$ : R$ em 2015 e R$ em 2016 Valor ajustado da receita: R$ CONTABILIDADE SOCIETÁRIA (ECD) EM 2015: Cliente X R$ Receita Bruta de venda - X R$ Juros a Apropriar-AVP Cliente X R$ R$ Receita de Juros AVP R$
12 Novas diretrizes contábeis x efeitos fiscais Neutralidade tributária: RTT até a nova legislação tributária Expectativas e frustrações com a Lei /2014 Leasing Depreciações Lucros e Dividendos ECD e ECF Neutralidade tributária continua (art. 58 da Lei n /14) Art. 58. A modificação ou a adoção de métodos e critérios contábeis, por meio de atos administrativos emitidos com base em competência atribuída em lei comercial, que sejam posteriores à publicação desta Lei, não terá implicação na apuração dos tributos federais até que lei tributária regule a matéria. Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil, no âmbito de suas atribuições, identificar os atos administrativos e dispor sobre os procedimentos para anular os efeitos desses atos sobre a apuração dos tributos federais.
13 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2010 DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. EMPRESA TRIBUTADA PELO LUCRO PRESUMIDO COM APURAÇÃO DE RECEITAS PELO REGIME DE CAIXA. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL PELO REGIME DE COMPETÊNCIA. TRIBUTAÇÃO DOS VALORES EXCEDENTES AO LUCRO PRESUMIDO. INEXISTÊNCIA DE COMPARABILIDADE No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, a parcela dos lucros que exceder o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os tributos a que estiver sujeita a pessoa jurídica, sofrerá tributação, se a empresa não possuir escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que demonstre que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido. Uma vez que o critério de contabilização comercial é o regime de competência e seu lucro presumido foi apurado com base no regime de caixa, estamos diante de critérios distintos, alternativos, não simultâneos, não passíveis de serem comparados para o fim de avaliação do lucro a ser distribuído com isenção. Recurso negado (voto de qualidade) Antonio Lopo Martinez Presidente e Relator (Acórdão nº ª Câmara / 2ª Turma Ordinária - Sessão de 10 de março de 2015)
14 ... continuação (Acórdão nº ª Câmara / 2ª Turma Ordinária - Sessão de 10 de março de 2015) Voto do relator: [...] Isto posto a comparabilidade e a consistência são valores que devem ser seguidos no processo de análise de qualquer informação contábil. Comparar lucro presumido apurado pelo regime de caixa com lucro contábil apurado pelo regime de competência, para identificar o que é excedente de lucro. É um absurdo contábil que não é passível de ser aceito. Não é possível afirmar que um é maior que outro, pois ambos são elaborados com critérios distintos. Se a legislação efetivamente prevê-se essa possibilidade não haveria nada a fazer, entretanto a legislação não trouxe esse condicionamento, momento em que se aplica os valores próprios da contabilidade.
15 Período de apuração: 01/10/2005 a 31/10/2005 PIS. BASE DE CÁLCULO. Nos termos do art. 1º da Lei /2002, a base de cálculo do PIS não cumulativo é a totalidade das receitas auferidas. Constituem receitas lançamentos em conta de resultado com saldo credor feitos em contrapartida de eventos que reduzam o Passivo. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Presidente e redator designado. (CARF - Acórdão nº : 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária - Sessão de 24 de fevereiro de 2015)
16 ... Continuação - (CARF - Acórdão nº Sessão de 24 de fevereiro de 2015) Voto Vencido do Relator: [...] Em suma, a diligência demonstrou que o valor de R$ ,51 são, de fato, descontos em juros e multa dados pela Secretaria de Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul, em razão de parcelamento de valor lançado e que o valor de R$ ,22, muito embora tenha sido lançado como recuperação de despesas trata-se de crédito do PIS e COFINS. Nos dois casos, não existe incidência da Contribuição, vez que os descontos de multa e juros não compreendem, de fato, uma receita auferida. O debate consiste na interpretação do termo receita, disposto pelo art. 1º da Lei nº /02, que assim estabelecem: Art. 1º A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.
17 ... Continuação - (CARF - Acórdão nº Sessão de 24 de fevereiro de 2015) Voto vencedor : [...]Contabilmente, receita é a contrapartida contábil de um evento que tenha como consequência um aumento no Patrimônio Líquido. Esse aumento se dá sempre que algum elemento do Ativo (caixa ou qualquer outro) aumente sem que haja, concomitantemente, um aumento de mesma magnitude no Passivo, a via mais comum. Mas também se processa o mesmo quando um elemento do Passivo se reduz sem concomitante e equivalente redução no Ativo, como ocorreu aqui com as duas rubricas adicionadas. [..] Por isso é que, como dito antes, se há conta de resultado com saldo credor suportando o lançamento intitulado de recuperação, não importa o seu nome, é ela conta representativa de receita e, como tal, o seu saldo deve integrar a base de cálculo das contribuições. [...] Em verdade, se a diligência foi útil em alguma coisa foi o de demonstrar que nem mesmo de "ressarcimento", "reembolso", ou "recuperação" de fato se tratou: há apenas redução do passivo sem concomitante redução no ativo. Receita, pois, na correta acepção do termo.
18 IV SEMINÁRIO CATARINENSE SOBRE ATUALIDADES JURÍDICO-CONTÁBEIS Obrigado!!! José Antonio Minatel
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