UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU FACULDADE INTEGRADA AVM

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU FACULDADE INTEGRADA AVM"

Transcrição

1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU FACULDADE INTEGRADA AVM COISA JULGADA DESPORTIVA Por: Roberta Ferreira Severo Orientador Prof. Bruno Rezende Rio de Janeiro 2012 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

2 PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU FACULDADE INTEGRADA AVM COISA JULGADA DESPORTIVA Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito Desportivo Por: Roberta Ferreira Severo 2

3 AGRADECIMENTOS Agradeço ao Professor Martinho Neves Miranda que desde o primeiro encontro fez nascer em mim a paixão pelo Direito Desportivo; agradeço também ao professor Bruno Rezende pela orientação e material disponibilizado. 3

4 DEDICATÓRIA Dedico esta monografia à pessoa que mais acreditou em mim e que me norteou para seguir este caminho; eterno amigo e anjo da guarda, Lancetta. 4

5 RESUMO A crescente percepção de que o desporto movimenta e transforma uma sociedade, fez com que vários constituintes ao redor do mundo mudassem sua visão legal. Desta monta, o desporto vem ganhando suma importância no cenário constitucional, fato que o constituinte pátrio não poderia se furtar a reconhecer. Contudo, talvez tenhamos, ainda, uma certa dificuldade em aceitar que a Justiça Desportiva possa dar seus voos solos, sem precisar ser supervisionada pela Justiça Comum. Afinal, estamos vivendo uma era de especificidades, especialidades, onde o Judiciário se vê obrigado a se desmembrar em novos ramos para atender às diversas demandas que surgem. Dentro deste contexto, há que se respeitar o fluxo dessa nova era vestindo as decisões da Justiça Desportiva com o caráter da definitividade e, consequentemente, desafogando a Justiça Comum dos conflitos que esta, por não possuir a especialidade necessária, não possui a razoabilidade e a sensibilidade de compor. 5

6 METODOLOGIA Os métodos que levam ao problema proposto, como leitura de livros, decisões judiciais, revistas, artigos, serviram de base para propor o tema e suscitar o debate. 6

7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - A Importância Social do Desporto 11 CAPÍTULO II - A Natureza Jurídica da Justiça Desportiva 15 CAPÍTULO III A Coisa Julgada Desportiva 20 CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA CONSULTADA FOLHA DE AVALIAÇÃO 7

8 INTRODUÇÃO O desporto, como atividade praticada pelo homem, está umbilicalmente ligado ao desenvolvimento da sociedade, tanto que podemos analisá-lo sob uma ótica desportiva. Tal fenômeno não é mera coincidência, posto que a atividade física é inerente à condição humana. Ademais, em vários momentos da história da humanidade o desporto refletiu a própria sociedade. Na Grécia Antiga, o desporto refletia o culto ao corpo perfeito; na Alemanha Nazista (Olimpíadas), no Brasil do Golpe Militar (Copa de 70) e, até hoje, em Cuba, seu desempenho era a afirmação dos bons governos ditatoriais; durante a Guerra Fria, as disputas eram travadas veladamente nas pistas de saibro, nas quadras de borracha, ou nos gramados, em uma batalha acirrada pela quebra de recordes e número de medalhas, mas que revelava-se um conflito de ideais políticos. Deste modo, não podemos nos furtar a perceber a importância deste instituto. Devemos tratá-lo não apenas como instrumento para a manutenção da saúde, mas também como meio de integração e expressão social. Sob essa ótica, podemos afirmar que o desporto é uma instituição de extensão multidisciplinar, isto é, repercute na saúde, educação cultura, política, economia, social e individual, sendo responsável tanto pela formação do cidadão, como pela atividade econômica do Estado. Ora, tal reconhecimento não poderia escapar dos textos das Constituições Modernas, à exemplo da nossa, que deu ao desporto status de direito fundamental mesmo não estando contido no Artigo 5º (Dos Direitos Fundamentais Individuais e Coletivos). Neste contexto, surge a necessidade de normatização e regulamentação deste fenômeno social. Nossa Lex maxima deu o primeiro passo ao prever as normas gerais sobre o desporto, isto é, princípios e regras que contemplam todas as modalidades desportivas. Aí inserido está o reconhecimento à Justiça Desportiva como órgão autônomo, independente e competente para dirimir os conflitos relativos à disciplina desportiva. 8

9 Contudo, nem o art. 217 da referida Carta, nem nenhum outro dispositivo infraconstitucional foi capaz de prever os limites e extensões da coisa julgada desportiva. Deste modo, paira sobre as decisões emanadas dos Tribunais desportivos um ar de insegurança, gerado pela incerteza de que estas não serão modificadas pela Justiça Comum, órgão sem a especialidade desportiva necessária. Este trabalho tem o condão de suscitar o debate em relação aos limites e extensão da coisa julgada desportiva, bem como, a definitividade das decisões emanadas dos Tribunais, objetivando uma maior eficácia da Justiça Desportiva. 9

10 CAPÍTULO I A IMPORTÂNCIA SOCIAL DO DESPORTO O jogo e a competição nasceram com a necessidade de aperfeiçoamento técnico do homem-caçador que, após períodos de relativa facilidade em caçar, se deparou com o tédio e com a falta de habilidade até então inexistentes. 1 Contudo, o fenômeno desportivo como conhecemos hoje tive origem na Antiguidade, principalmente nos Jogos dos Gregos (como as Olimpíadas), funcionando como uma seleção dos mais habilidosos guerreiros para compor o exército. 2 Neste contexto, Antônio da Silva Costa sinaliza que: O desporto é um fenômeno humano tão ligado à origem, às estruturas e ao funcionamento da sociedade que nós poderemos afirmar que é possível analisar qualquer sociedade através dos desportos que ela pratica. E, sendo o fenómeno ludodesportivo um fenómeno trans-histórico, cujas origens se situam nos primórdios da cultura humana e precedeu talvez mesmo todo e qualquer tipo de organização social, será legítimo aceitar que, no fundo, a história de qualquer povo é a história de seus jogos. 3 Sublinhe-se que desde sua origem o desporto possui um viés social, e isso percebe-se mais claro quando nos aprofundamos em nossa história. Na Roma Antiga, o Imperador Nero (ano d.c.) lançou a política do Pão e Circo, para aplacar uma possível insurreição do povo, que consistia em promover as muneras (combates entre gladiadores), corridas de bigas e distribuir comida para que seus espectadores se divertissem e esquecessem de seus males. 1 HUIZINGA, Johan. Homo Ludens (Homo Ludens - vom Unprung der Kultur im Spiel); trad. João Paulo Monteiro. 4ª Ed. São Paulo: Editora Perspectiva S.A., 2000, p TUBINO, Manoel José Gomes. Dimensões Sociais do Esporte. 2ª Ed. São Paulo: Cortez Editora, 2001, p COSTA, Antônio da Silva.Desporto e análise social. Portugal. Disponível em: < Acessado em: maio de

11 O desporto moderno surge na sociedade capitalista industrial com a incessante busca pelos resultados, pela quebra de recordes 4. Segundo Antônio da Silva: É por isso que este desporto começou a ser visto, e mesmo por muitos definido explicitamente, enquanto organização do corpo como máquina humana de rendimento desportivo ou enquanto ciência experimental do rendimento corporal. Se o desporto antigo era praticado como uma espécie de culto ao corpo, o desporto moderno bem depressa se tomou num culto do progresso. 5 Na era moderna, os maiores exemplos de repercussão social do desporto são a Alemanha Nazista de Hitler (1936) e a antiga União Soviética durante a Guerra Fria. Ambos utilizaram o desporto, sobretudo nas Olimpíadas, para disseminar seus dogmas político-ideológicos: provar a supremacia ariana e as benesses do comunismo 6, às custas de doping, suborno, exacerbação de resultados e maior intervenção dos Governos no esporte. Na contramão deste fenômeno, e num primeiro esforço, é editada a Carta Internacional da Educação Física e do Desporto da UNESCO, de 1978, que instituiu preceitos fundamentais para a prática desportiva, principalmente em relação ao desporto-educação, e reconheceu o desporto como direito fundamental de todos. 7 4 Em uma crítica ao desporto moderno, Antônio da Silva assevera que: o recorde parece ser, de facto, o símbolo fundamental do desporto de alia competição. A obsessão na busca contínua de novos recordes é um dado que distingue os desportos modernos dos desportos Greco-romanos ou medievais. Trata-se duma consequência da evolução do desporto e de sua integração numa sociedade que exalta a eficácia, o rendimento e o progresso. COSTA, Antônio da Silva. Desporto e análise social. Portugal. Disponível em: < Acessado em: maio de COSTA, Antônio da Silva. Desporto e análise social. Portugal. Disponível em: < Acessado em: maio de TUBINO, Manoel José Gomes. Dimensões Sociais do Esporte. 2ª Ed. São Paulo: Cortez Editora, 2001, p Carta Internacional da Educação Física e do Desporto da UNESCO, < > Consultado em 28 de setembro de Preâmbulo [...]Conscientes de que o exercício efetivo dos direitos humanos depende em parte da possibilidade dada a todas as pessoas humanas para desenvolver e proteger livremente as 11

12 Apesar de não possuir uma conceituação técnica de desporto (ao atrelá-lo à prática da atividade física), há em sua redação uma clara preocupação com a formação e o desenvolvimento (físico e intelectual) da pessoa humana, bem como, com sua inserção social. A referida Carta prevê práticas desportivas profissionais, educacionais e lúdicas, mas sua ênfase é precipuamente no desenvolvimento de crianças, jovens, idosos e deficientes, de forma a dar meios para que esses se igualem às outras pessoas e se vejam enquadrados na sociedade. Como salienta Martinho Neves Miranda: Nesse sentido, a parte dispositiva da Carta consagra, dentre outros princípios, o de que todo ser humano tem o direito fundamental de acesso ao desporto, como fator indispensável ao pleno desenvolvimento de sua personalidade (art. 1º) e que os programas de educação física e desporto devem ser concebidos para atender tanto às necessidades individuais quanto sociais, cabendo aos poderes públicos propiciar especialmente a prática desportiva para jovens, idosos e grupos sociais desfavorecidos (art. 3º). 8 Isto é, a proteção constitucional ao desporto é fruto das modernas Constituições e tem por objetivo promover o bem estar do indivíduo e a integração social. Contudo, segundo Martinho, tal ênfase constitucional ao desporto variou em função dos modelos políticos adotados pelos Estados [...] pois se observa que nos países democráticos o trabalho do poder público é voltado para atender ao indivíduo, enquanto para as nações integrantes do bloco socialista, a matéria foi acolhida como um mecanismo de aperfeiçoamento do regime que abraçavam. Entretanto, mesmo encarada a atividade desportiva como instrumento de manutenção de determinada ideologia política, há que se destacar a importância dessas previsões constitucionais, na medida em que se colocou na conta daqueles Estados a tarefa de propiciar à coletividade o acesso ao desporto. 9 suas aptidões físicas, intelectuais e morais e de que, como tal, o acesso de todos à educação física e ao desporto deve ser assegurado e garantido 8 MIRANDA, Martinho Neves. O Direito no Desporto. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2007, p MIRANDA, Martinho Neves. O Direito no Desporto. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2007, p

13 Neste mesmo contexto foi concebida nossa atual Constituição. Nas palavras de Álvaro Melo Filho: O desporto, constituindo-se como um dos direitos do homem, com preponderante função social, galgou o máximo de proteção jurídica no Texto Maior do país. Por isso, a análise da principiologia desportivo-constitucional coloca-se como uma temática preambular, essencial e de permanente atualidade, conquanto toda avaliação jurídica séria da Lex sportiva, seja de lege lata ou de lege ferenda, deve partir, inafastavelmente, da Lex Legun. Nessa linha de raciocínio, avulta e ganha proeminência o decantado art. 217, arquitetado e insculpido na Carta Constitucional brasileira por sugestão e redação nossa. 10 O Título VIII de nossa Carta Magna (Da Ordem Social) trata dos direitos sociais que, nas palavras de José Afonso da Silva, são como dimensão dos direitos fundamentais do homem 11, isto é, são uma forma de extensão destes. Ademais, complementa José Afonso são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendam a realizar a igualização de situações sociais desiguais. 12 Deste modo, devemos entender que o constituinte deu uma tamanha importância ao desporto ao colocá-lo junto à educação e à cultura, atribuindolhe um papel de suma importância na sociedade. É imperioso ressaltar que o fomento, incentivo, a promoção do desporto não é mera faculdade do Estado, mas um dever. Tais características se tornam mais evidentes quando observamos o Artigo 217 da CRFB e seu parágrafo 3º: É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados [...] O Poder Público incentivará o lazer como forma de promoção social. Evidenciase a preocupação do legislador com o desenvolvimento individual da pessoa 10 MELO FILHO, Álvaro. Nova Lei Pelé: avanços e impactos. Rio de Janeiro: Maquinária, 2011, p DA SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 23ª Ed., São Paulo: Malheiros, 2003, p Op. Cit., p

14 humana e sua integração social através do desporto, seja esse de rendimento, educacional ou de participação. Na lição de Alexandre de Moraes: O direito constitucional às práticas desportivas conjuga-se com o direito à vida, à saúde, ao lazer, em busca da efetivação do bem de todos, objetivo fundamental da República (CF, art. 3º, IV), devendo, portanto, ser interpretado de forma razoável e educativa, proibindo-se o incentivo a pseudo-esportes de efeitos perniciosos e atentatórios ao princípio da dignidade da pessoa humana. 13 Evidencia-se no texto adotado pelo constituinte uma nova concepção, uma nova forma de pensar o desporto. Tal reconhecimento fora de extrema importância para que as regras e conflitos do desporto tivessem a autonomia para serem regulados por uma instituição apropriada. 13 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 9ª Ed., São Paulo : Atlas, 2001, p

15 CAPÍTULO II A NATUREZA JURÍDICA DA JUSTIÇA DESPORTIVA Dentre todas as justiças, a desportiva, sem desvincular-se das dores e delícias de ser o que é, mas livre da cultura judicialista, das travas obsoletas da burocracia judicial e dos labirintos e ritos processuais ordinários, visivelmente, categorizar-se como a que mais oferece respostas adequadas e qualificadas às questões desportivas postas, em tempo oportuno e quantitativamente aceitável, assegurando-lhe credibilidade fática e celeridade processual que não decorrem apenas de seu mínimo essencial insculpido no Texto Constitucional, sem ficar olimpicamente indiferente à sorte de atletas e entes desportivos. Álvaro Melo Filho 14 Impossível adentrar na celeuma principal desta tese sem definir a natureza jurídica da Justiça Desportiva, pois como discutir os limites e extensões de suas decisões se não soubermos seu real significado jurídico. Contudo, é necessário voltar um pouco e analisar aos dois principais pilares legais da Justiça Desportiva, a autonomia e a independência. Nas palavras de Álvaro Melo Filho: É preciso ficar claro que aos entes e órgãos componentes da Justiça Desportiva são atribuídas, por lei, as prerrogativas de autonomia e independência, após reconhecer-se que o campo desportivo possui lógicas e instrumentos jurídicos próprios que mediam as disputas existentes no seu interior. Note-se, inclusive, a dicção utilizada no vigente art. 52 da lei nº 9.615/98 ao sinalar que os órgãos integrantes da Justiça Desportiva são autônomos e independentes das entidades de administração do desporto.... A independência da Justiça Desportiva é, também, explicitamente reforçada no art. 34 da lei nº /03 (Estatuto do Torcedor). 15 Simplificando as palavras do ilustre doutrinador, a autonomia e independência da Justiça Desportiva se referem à ausência de ingerência das 14 In. Nova Lei Pelé: avanços e impactos. Rio de Janeiro: Maquinária, 2011, p In. Nova Lei Pelé: avanços e impactos. Rio de Janeiro: Maquinária, 2011, p

16 entidades desportivas (Federação e Confederação) em suas decisões e ao reconhecimento daquele órgão para dirimir as questões inerentes aos conflitos desportivos. Mais uma vez é imperioso ressaltar as palavras do douto Álvaro Melo Filho: É pertinente enfatizar, nessa perspectiva, que a Justiça Desportiva é uma instância de solução judicialforme de matérias disciplinares e competitivas na seara do desporto, pouco importa se as decisões são justas ou injustas, se corretas ou incorretas, se jurídicas ou injurídicas, porque sua existência deve-se à peculiar condição de ser prevista na Constituição Federal, ou seja, existe desatrelada da vontade das entidades desportivas dirigentes pessoas jurídicas sem fins econômicos. 16 As organizações desportivas tem uma justiça peculiar que possui prerrogativas para avaliar e compor os conflitos, formando assim um ordenamento próprio. Neste sentido, nossa Constituição reconheceu a necessidade e existência de uma justiça desportiva. Muito se discute sobre esta delegação constitucional, pois é evidente que há uma reserva de competência (baseada no princípio da especialidade) inclusive em detrimento da Justiça Comum, mas não há, efetivamente, jurisdição. Definida pela douta doutrinadora Ada Pellegrine Grinover 17, jurisdição "é uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com Justiça". Desta forma, observando a disposição dos artigos na Constituição e se aprofundando na redação do art. 217 de nossa Carta Magna, percebemos que a Justiça Desportiva não fora contemplada por esta longa manus do Poder do Estado. 16 In. Nova Lei Pelé: avanços e impactos. Rio de Janeiro: Maquinária, 2011, p CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo, 20ª ed. São Paulo: Malheiros, 2004, pp. 21 e

17 Contudo, a própria Constituição explica que esta função precípua do Estado será contida, nas palavras de Lanfredi 18 : em face de um particular objeto e de um específico conteúdo, a fim de que às mesmas entidades que o Estado resguarda a existência e, sobretudo porque, em favor delas admite a existência de uma (auto)regulamentação extralegal, se encontre uma solução técnico-jurídica de acordo com a peculiaridade do fenômeno desportivo. Assim percebemos que a Constituição de 1988 consagra, em seu art. 217, uma verdadeira reserva de jurisdição, em favor de regras de natureza estritamente desportivas, compostas por normas de natureza técnica, disciplinar e regras e regulamentos de jogos e competições. Nas palavras de Álvaro Melo Filho 19 : O que a Constituição Federal fez não foi impedir o acesso das entidades desportivas ou contra elas no plano do Poder Judiciário. Contudo, por detrás do preceito está o objetivo de estimular a prévia e salutar decisão doméstica da controvérsia desportiva, sem, todavia conferir definitividade a estas decisões. É justamente pela possibilidade de se afetar direitos e interesses que transcendem à esfera desportiva que o acesso ao Poder Judiciário não pode ser obstacularizado. Os 1º e 2º do artigo 217 da Carta Magna evidentemente não acabam mas limitam e restringem a interferência do Poder Judiciário no desporto, sem aniquilar a garantia constitucional que assegura o acesso das pessoas físicas e jurídicas à justiça comum para defesa dos seus direitos. Neste contexto, e ultrapassada a discussão constitucional a respeito, precisamos qualificar juridicamente a Justiça Desportiva, isto é, precisamos debater a essência, a natureza deste instituto. Para Lanfredi, a importância em se definir a natureza jurídica se mostra vital para delinear qual(is) (inter)relação(ções) da justiça desportiva, 18 LANFREDI, Luís Geraldo Sant ana. Jurisdição Desportiva, Comum e do Trabalho. (Inter)Relações Inexoráveis. in. Atualidades sobre Direito Desportivo no Brasil e no Mundo. TST, Ministro Guilherme Augusto Capelo Bastos, Brasília: TST, 2010, p In. Nova Lei Pelé: avanços e impactos. Rio de Janeiro: Maquinária, 2011, p

18 mercê de suas decisões, se implementam perante a justiça comum e a justiça trabalhista. 20 Há quem defenda, como Paulo Marcos Schmitt e Alexandre Hellender 21, que como não compõe o Poder Judiciário, a Justiça Desportiva teria natureza de meio alternativo de composição de conflitos. Como explicita Martinho Neves Miranda: Para os juristas que a defendem, considera-se simplesmente a existência de uma adesão voluntária das associações e atletas que buscam a filiação perante a federação respectiva, o que não estaria impedindo o acesso ao Judiciário, por se tratar, antes de tudo, de um acordo levado a cabo pelas partes contratantes. 22 Não obstante, algumas peculiaridades do instituto em comento fazem com que ele seja incompatível com esta qualificação, como tempo, momento e conteúdo específico para se manifestar; ou a imposição de que, mesmo com recurso ao Poder Judiciário, as decisões desportivas tem plena e efetiva eficácia; ou a ameaça ao jurisdicionado que, antes de esgotadas as instâncias desportivas, recorre ao Poder Judiciário buscando a solução de conflitos estritamente desportivos. Outros alegam ser uma justiça privada; mas alguns princípios previstos na Resolução nº 29 do Conselho Nacional do Esporte Código Brasileiro de Justiça Desportiva e Lei nº de 2003 Estatuto do Torcedor - são princípios constitucionais, como contraditório, ampla defesa, celeridade, impessoalidade; princípios estes pertencentes e inerentes à ordem pública que, 20 LANFREDI, Luís Geraldo Sant ana. Jurisdição Desportiva, Comum e do Trabalho. (Inter)Relações Inexoráveis. in. Atualidades sobre Direito Desportivo no Brasil e no Mundo. TST, Ministro Guilherme Augusto Capelo Bastos, Brasília: TST, 2010, p SCHMITT, Paulo Marcos, HELLENDER, Alexandre. Justiça Desportiva vs. Poder Judiciário: um conflito constitucional aparente, in Revista Brasileira de Direito /desportivo, 2º semestre/2003, p MIRANDA, Martinho Neves. O Direito no Desporto. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2007, p

19 quando violados, levam à nulidade do processo, fato que afasta a hipótese da Justiça Desportiva pertencer à justiça privada 23. Desta monta, a melhor definição quanto à natureza jurídica é aquela que assemelha a Justiça Desportiva à uma instância administrativa de curso forçado, isto é, quase um contencioso administrativo, no sentido de não institucionalizada como e tal qual uma estrutura que baste a si própria, mas sem dúvida alguma enquanto um sistema que desenvolve jurisdição específica para resolver as questões particulares do desporto-disciplina e do desportocompetição. Esta ideia de contencioso administrativo aparece da necessidade de celeridade e eficiência (com prazo máximo de julgamento da lide desportiva) do processo desportivo, sem, entretanto, ferir os direitos e garantias constitucionais e prejudicar o andamento das competições. Independente do caso, de sua complexidade ou visibilidade, a Justiça Desportiva deverá se pronunciar através de seus órgãos colegiados, prevendo e resolvendo todas as controvérsias inerentes ao conflito, num prazo máximo de 60 dias, sob pena de concorrência da Justiça Comum para a resolução do conflito. Este é, por exemplo, o entendimento de Paulo Schmitt: o que o 2º do art. 52 da lei nº 9.615/98, ao dispor que o recurso ao Poder Judiciário não prejudicará os efeitos desportivos validamente produzidos em consequência da decisão proferida pelos Tribunais de Justiça Desportiva, o controle jurisdicional em matéria de competições e disciplina, em regra, deve restringir-se à observância dos princípios que orientam a Justiça Desportiva e do devido processo legal, e não quanto ao mérito das demandas julgadas pela instância desportivas. Comprometeria sobremaneira a autonomia e independência decisórias dos órgãos da Justiça Desportiva submeter ao crivo do Poder Judiciário a aplicação de determinada penalidade pela prática de infração disciplinar 23 Vale trazer à tona o parecer da Ministra Carmen Lúcia no julgamento do MS /DF : a Justiça Desportiva desempenha função quase-estatal, ou, no jargão mais contemporâneo, público não estatal, distinguindo-se ela da perfeita natureza de atividade privada, mas também não se confundindo com atuação estatal. < Acessado em 12 d fevereiro de

20 definida em Código visando, por exemplo, a minoração da pena. 24 Neste sentido, podemos trazer à tona os ensinamentos de Hely Lopes Meireles, para quem: a competência do Judiciário para a revisão dos atos administrativos restringe-se ao controle da legalidade e legitimidade dos ato impugnado. Por legalidade entende-se a conformidade do ato com a norma que o rege; por legitimidade entende-se a conformidade com os princípios básicos da Administração Pública em especial os de interesse público [...]. 25 Fica claro, portanto, que considerar a Justiça Desportiva uma instância administrativa é a mais acertada, já que traz para a coisa julgada desportiva um manto de segurança jurídica com a preclusão da coisa julga material. 24 SCHMITT, Paulo Marcos, HELLENDER, Alexandre. Justiça Desportiva vs. Poder Judiciário: um conflito constitucional aparente, in Revista Brasileira de Direito /desportivo, 2º semestre/2003, p MEIRELES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2005, p

21 A COISA JULGADA DESPORTIVA O STJD é um órgão de distribuição de justiça altamente especializado e eficiente. De modo que precisamos alargar nossa visão sobre sua competência e, quiçá, colocar em xeque a ideologia judiciária, no sentido de que tudo há de ser submetido ao Poder Judiciário. Ministro Gilmar Mendes 26 Após desmembrar as questões e discussões inerentes ao debate principal desta tese, chega-se à celeuma que dá nome ao trabalho. Ao compreendermos a importância social do desporto, reconhecermos a existência de um ordenamento jurídico próprio e ao admitirmos ser a Justiça Desportiva uma instância administrativa, chega-se ao X da questão: quais os limites das decisões desportivas transitadas em julgado? Isto é, quais os limites da coisa julgada desportiva? Antes de adentrarmos na questão, não podemos deixar de analisar a legislação. Em primeiro lugar, não podemos deixar de considerar o tão aclamado e consagrado artigo 217, 1º de nossa Carta Magna que, como já explanado, reconheceu a existência da Justiça Desportiva, condicionando o esgotamento de suas instâncias, para que ações referentes à disciplina e competições pudessem ser admitidas pela Justiça Comum. A extinta Lei nº 8.672/1993, alcunhada Lei Zico, mencionava, em seu art. 35, que cabia aos Tribunais de Justiça Desportiva julgar em última instância as questões referentes ao descumprimento de normas relativas à disciplina e às competições desportivas MENDES, Gilmar. Curso de Direito Desportivo Sistêmico. São Paulo: Quartier Latin, p Art. 35. Aos Tribunais de Justiça Desportiva, unidades autônomas e independentes das entidades de administração do desporto de cada sistema, compete processar e julgar, em última instância, as questões de descumprimento de normas relativas à disciplina e às competições desportivas, sempre assegurada a ampla defesa e o contraditório. 21

22 Já a nova lei que regula o desporto nacional, a Lei 9.615/98 - Lei Pelé, dispõe em seu art. 52 sobre a competência da Justiça Desportiva, sem, contudo, se referir à última instância. Este dispositivo prevê ainda que as decisões desportivas finais são impugnáveis nos termos gerais do direito, respeitados os pressupostos processuais dos parágrafos 1º e 2º do artigo 217 da Constituição. Observa-se que a redação deste dispositivo dá margem a interpretação de que o Poder Judiciário poderá reapreciar e modificar toda a coisa julgada desportiva, ou seja, o Judiciário tem amplo efeito devolutivo das questões desportivas. Entretanto, este recurso à Justiça Comum não prejudica os efeitos produzidos em consequência da coisa julgada desportiva, não havendo, portanto, um efeito suspensivo do recurso. Como o texto da lei dá margem à diversas interpretações, pois possui dispositivos com sentidos opostos, algumas correntes doutrinárias surgiram para dirimir a questão. Álvaro Melo Filho, um dos redatores do artigo 217 de nossa Constituição relata que: [...] afigura-se mais consentâneo com a letra e espírito do Texto Constitucional, o entendimento de Canotilho e Vital Moreira que retrata nossa intenção ao redigir referidos parágrafos do art. 217, pois, de rigor, corresponde à proibição de os desportistas recorrem aos órgãos jurisdicionais do Estado antes de os órgãos da justiça desportiva se terem pronunciado. No entanto, admissibilidade do vínculo de justiça desportiva não pode significar uma completa preclusão da competência dos órgãos jurisdicionais do Estado, designadamente, quando estão em causa direitos fundamentais do cidadão, cuja lesão é constitucionalmente garantida através do recurso aos tribunais. 28 1º Sem prejuízo do disposto neste artigo, as decisões finais dos Tribunais de Justiça Desportiva são impugnáveis, nos termos gerais do direito, respeitados os pressupostos processuais estabelecidos nos 1º e 2º do art. 217 da Constituição Federal. 2º O recurso ao poder Judiciário não prejudica os efeitos desportivos validamente produzidos em conseqüência da decisão proferida pelos Tribunais de Justiça Desportiva. In < consultado em 12/02/ In. Nova Lei Pelé: avanços e impactos. Rio de Janeiro: Maquinária, 2011, p

23 Na mesma linha, o Ministro Marco Aurélio, em julgamento do RE/RG nº /MS, enfatizou que: a relevância da matéria decorre do fato de haver um envolvimento de princípio constitucional da maior envergadura o do acesso ao Judiciário. A Carta da República, de início, restringe as situações em que necessário acionar-se antes a esfera administrativa a negociação para ajuizamento do dissídio coletivo e o esgotamento das instâncias da Justiça Desportiva quando se tratar de disciplina e competição desportivas. Segundo esta corrente, as decisões da Justiça Desportiva que gerem efeitos indiretos na ordem trabalhista ou econômica, poderiam ser levadas ao Poder Judiciário; mas pararmos para analisar, como todas as decisões desportivas tem repercussão econômica (direta ou indireta), nenhuma matéria fugiria da reapreciação do Judiciário. 29 Seria um contrassenso a Constituição contemplar um contencioso único, especial, e não outorgar-lhe nenhum poder para impor suas decisões, isto é, dar-lhe eficácia no caso de não haver violação aos pressupostos (por exemplo, prazo para julgamento) ou princípios desportivos. Esta é a opinião de Lanfredi, para quem: soa mesmo como uma iniquidade qualificar uma instituição para resolver um conflito nascente no mundo desportivo e que diga respeito, estritamente, à questão de natureza desportiva, e desprestigiar o conteúdo do que nela se consolidou, mercê da melhor condição de seus membros para conhecer e apreciar um conflito tão especial e sujeito a regras tão distintas e específicas. [...] Nessa linha de princípio, a extensão do recurso ao Poder Judiciário, mercê de um locus todo especial, autêntica instância de poder, edificada com tantas garantias e transparência, parece não poder, bem por isso, ter opção de 29 Para Álvaro Melo Filho, o 1º do artigo 217 da CRFB não tem o condão de excluir ou interditar o conhecimento da matéria desportiva pela via jurisdicional, o que seria manifestamente inconstitucional, até porque a imposição de uma sanção derivada da infração de uma regra de jogo pode resultar numa lesão econômica ou moral para um atleta, dirigente ou entidade desportiva. MELO FILHO, Álvaro. O Desporto na Ordem Jurídico- Constitucional Brasileira. Rio de Janeiro: Malheiros, 1995, pp

24 viabilizar a (re)discussão de toda a matéria que já fluiu e foi exaustivamente debatida perante a justiça desportiva. 30 Portanto, o recurso ao Judiciário seria sim possível, desde que houvesse vícios ou descumprimentos quanto às formalidades processuais não respeitas pela justiça desportiva. Desta forma, trazemos, mais uma vez, à tona a natureza jurídica da justiça desportiva como instância administrativa. Nas palavras de Dardeau de Carvalho: A Justiça Desportiva, como se vê, tem origem num ato administrativo típico, num ato de administração inconfundível, que se não pode negar a uma Portaria do Ministro da Educação e Cultura. Nascida de um ato administrativo, a Justiça Desportiva participa da natureza do ato que a criou. É a Justiça Desportiva, por isso, uma instituição administrativa, ou melhor, uma justiça administrativa. 31 Álvaro Melo Filho ao comentar o posicionamento de Rodolfo Mancuso de Camargo diz que: não é diverso o entendimento de que ao Judiciário, nessas situações, compete apenas a análise da observância ou não da formalidades processuais. Sua fundamentação, no entanto, se baseia na natureza jurídica da Justiça Desportiva. Para o processualista, inspirado na doutrina do Direito Administrativo, a Justiça Desportiva deve ser considerada uma instância administrativa. Sendo assim, entende que as decisões por ela proferidas são, em verdade, atos administrativos discricionários e, portanto, insusceptíveis de controle jurisdicional no tocante ao mérito. Empós tais observações, vai além e sugere, ainda, o julgamento das questões desportivas em caráter definitivo pela Justiça Desportiva. Todavia, o contraste jurisdicional há que se restringir ao exame da legalidade estrita, sem possibilidade de revisão quanto aos eventuais aspectos tipicamente 30 LANFREDI, Luís Geraldo Sant ana. Jurisdição Desportiva, Comum e do Trabalho. (Inter)Relações Inexoráveis. in. Atualidades sobre Direito Desportivo no Brasil e no Mundo. TST, Ministro Guilherme Augusto Capelo Bastos, Brasília: TST, 2010, p CARVALHO, Dardeau de. A Constituição e o Desporto. Rio de Janeiro: Danemil Gráfica Ltda. 1989, pp 35-36, apud MELO FILHO, Álvaro. O Desporto na Ordem Jurídico- Constitucional Brasileira. Rio de Janeiro: Malheiros, 1995, pp

25 discricionários ou políticos embutidos no ato ou decisão guerreados. 32 Inclusive, tal entendimento tem sido corrobora do pela jurisprudência, como no Agravo de Instrumento /6 TJSP, Relator Desembargador Barreta da Silveria, de 29/07/2008: Medida Cautelar Liminar indeferida Impossibilidade de o Judiciário examinar o mérito da penalidade imposta pela Junta de Justiça Desportivas da Liga Barrense de Futebol Controle que se faz apenas do devido processo legal e se houvesse exercida ampla defesa Recurso improvido. Fato é que esse entendimento favorece o ordenamento jurídico e prestigia a decisão de mérito desportiva, pois se a Constituição reconheceu uma instituição própria para resolver conceitos específicos desta matéria, é razoável acreditar que a justiça desportiva está apta, melhor preparada, a proferir uma decisão razoável e acertada advinda dos conflitos desportivos. 32 In. Nova Lei Pelé: avanços e impactos. Rio de Janeiro: Maquinária, 2011, p

26 CONCLUSÃO O Desporto, sem dúvida, é um fenômeno social de relevante interesse público. É uma instituição multifuncional, pois abarca interesses referentes à saúde, à educação, à sociabilidade, à cultura; não é à toa que o desporto e sua justiça forma incluídos no Título Ordem Social de nossa Carta Magna. Ademais, o desporto tem o poder de movimentar um enorme montante econômico; isto é, além de ter a capacidade de formar cidadãos, o desporto é um grande business. O relevante é que o Estado, ao reconhecer o desporto como fenômeno social de relevantíssima monta, admite e fomenta a necessidade de uma Justiça Desportiva, delegando-lhe um caráter excepcional e uma competência particular. Desta monta, a função jurisdicional privativa do Estado é mitigada em prol de uma instância particular, para que esta encontre um equilíbrio entre o direito e o desporto, de acordo com a peculiaridade do fenômeno jurídicodesportivo. Podemos dizer, então, que a Constituição Pátria contemplou a verdadeira reserva de jurisdição em favor da Justiça Desportiva. Entramos então na celeuma desta tese: se o constituinte, deliberadamente, cria uma exceção a um poder eminentemente estatal, pois vê necessidades específicas para regular determinadas situações, por que mitigála? Não seria mais óbvio não criar a exceção? O que queremos defender é que algumas particularidades das questões desportivas fizeram com que se criasse um órgão específico e apropriado para dirimi-las, uma vez que a Justiça Comum não seria capaz de compor estes conflitos sem trazer prejudicialidade às relações desportivas. Desta monta, se o constituinte atribuiu uma celeridade especialmente justificável à apreciação e julgamento da causa desportiva, que é de 60 dias, porque então remetê-la ao Judiciário que, pelo seu extenso e desgastado arcabouço processual e congestionamento, não conseguirá apaziguar o conflito 26

27 sem prejudicar o andamento da competição, já que suas decisões demoram anos para serem proferidas. Ademais, há um despreparo do magistrado para atender às demandas desportivas que exigem um conhecimento e uma vivência de normas técnicas, não afeitos à ele, criando uma temeridade em relação aos seus julgamentos. Imagine um juiz que dá um habeas corpus para um jogador punido por 1, ou mais jogos, pois há uma restrição da liberdade de ir e vir dentro de campo. Tal fato seria, no mínimo, um absurdo. Outro exemplo ainda mais absurdo: um jogador expulso no primeiro jogo da final da Copa do Brasil estaria automaticamente suspenso da final. Contudo, este não consegue o efeito suspensivo de sua punição na Justiça Desportiva e recorre à Justiça Comum, onde obtém uma liminar permitindo escalação. Digamos que ele faça o gol da vitória de seu time, consagrando-o campeão e garantindo uma vaga na Copa Libertadores da América. O time prejudicado pela interferência do Judiciário teria uma perda incalculável economicamente; e, por mais que essa situação seja revertida posteriormente, o prestígio e a publicidade pelo título não teria mais retorno. Neste sentido, recupero a fala do jornalista Sérgio Franco: Não haja dúvida: se o Poder Judiciário começar a envolver-se na disciplina das competições e a examinar decisões dos tribunais desportivos, muito breve os jóqueis estarão discutindo em juízo as punições que lhes são aplicadas pela comissão de corridas do hipódromo, as tripulações de barcos irão às últimas instâncias contra as decisões da liga náutica, e os campeonatos vão ser definidos na tribuna das cortes judiciárias mais do que nas canchas dos estádios. E é certo que não ficaríamos nisso. Sendo o Carnaval não menos importante que o futebol, a classificação das escolas de samba do Rio de Janeiro terminaria sendo também decidida pelos tribunais civis. À vista de perícia de folhas, concede-se o primeiro lugar aos Unidos de Padre Miguel In. Correio do Povo, Porto Alegre, de 25/08/1979, p. 9, apud MELO FILHO, Álvaro. O Desporto na Ordem Jurídico-Constitucional Brasileira. Rio de Janeiro: Malheiros, 1995, p

28 Então, já que existe uma justiça especializada que aprecia com razoabilidade e técnica as questões desportivas, nos filiamos, portanto, ao entendimento da coisa julgada material desportiva quando se tratar de questões inerentes a disciplina e competição desportiva, com a consequente impossibilidade de reapreciação da questão pelo Poder Judiciário, salvo em relação a questões extrínsecas ao mérito que deveriam ter sido observadas pela Justiça Desportivas, como no caso de violação a princípios constitucionais. Esta medida é a que mais se compagina com a autonomia das associações em relação a sua constituição e funcionamentos, como previsto no art. 217, inciso I, da CRFB. Termino esta tese, com o ensinamento de um dos precursores do Direito Desportivo, João Lyra Filho: Não será possível definir e aplicar justiça, em função de matéria desportiva, fora do mundo do desporto, sem o espírito da verdade desportiva, sem o sentimento da razão desportiva. Aquele que decidir questão originária do desporto, imbuído do pensamento formalizado nas leis gerias, terá distraído a consciência da justiça LYRA FILHO, João. Introdução ao Direito Desportivo. Rio de Janeiro: Irmãos Porgetti, 1952, p

29 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA COSTA, Antônio da Silva. Desporto e análise social. Portugal. Disponível em: < Acessado em: maio de DA SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 23ª Ed., São Paulo: Malheiros, HUIZINGA, Johan. Homo Ludens (Homo Ludens - vom Unprung der Kultur im Spiel); trad. João Paulo Monteiro. 4ª Ed. São Paulo: Editora Perspectiva S.A., LANFREDI, Luís Geraldo Sant ana. Jurisdição Desportiva, Comum e do Trabalho. (Inter)Relações Inexoráveis. in. Atualidades sobre Direito Desportivo no Brasil e no Mundo. TST, Ministro Guilherme Augusto Capelo Bastos, Brasília: TST, LYRA FILHO, João. Introdução ao Direito Desportivo. Rio de Janeiro: Irmãos Porgetti, MELO FILHO, Álvaro. Nova Lei Pelé: avanços e impactos. Rio de Janeiro: Maquinária, MELO FILHO, Álvaro. O Desporto na Ordem Jurídico-Constitucional Brasileira. Rio de Janeiro: Malheiros, MENDES, Gilmar. Curso de Direito Desportivo Sistêmico. São Paulo: Quartier Latin, p MIRANDA, Martinho Neves. O Direito no Desporto. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 9ª Ed., São Paulo: Atlas, STF. < Acessado em 12/02/2012. TJSP. < Acessado em 16/02/

30 TUBINO, Manoel José Gomes. Dimensões Sociais do Esporte. 2ª Ed. São Paulo: Cortez Editora, UNESCO. Carta Internacional da Educação Física e do Desporto da UNESCO, < > Consultado em 28 de setembro de

ARTIGO: O controle incidental e o controle abstrato de normas

ARTIGO: O controle incidental e o controle abstrato de normas ARTIGO: O controle incidental e o controle abstrato de normas Luís Fernando de Souza Pastana 1 RESUMO: Nosso ordenamento jurídico estabelece a supremacia da Constituição Federal e, para que esta supremacia

Leia mais

Gustavo Filipe Barbosa Garcia CPC. e Processo do Trabalho. Atualizado com as Instruções Normativas 39 e 40 de 2016 do TST

Gustavo Filipe Barbosa Garcia CPC. e Processo do Trabalho. Atualizado com as Instruções Normativas 39 e 40 de 2016 do TST Gustavo Filipe Barbosa Garcia Novo CPC e Processo do Trabalho Atualizado com as Instruções Normativas 39 e 40 de 2016 do TST 2ª edição Revista, ampliada e atualizada 2017 Garcia-Novo CPC e Processo do

Leia mais

TEMA 14: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

TEMA 14: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE TEMA 14: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE EMENTÁRIO DE TEMAS: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:. I - processar e julgar, originariamente:a)

Leia mais

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Competência De acordo com o art. 102, I, a, CR(Constituição da República Federativa do Brasil), compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente,

Leia mais

Gustavo Filipe Barbosa Garcia CPC. Novo. e Processo do Trabalho. 39 e 40 de 2016 do TST. Conforme a Lei / ª edição Revista e atualizada

Gustavo Filipe Barbosa Garcia CPC. Novo. e Processo do Trabalho. 39 e 40 de 2016 do TST. Conforme a Lei / ª edição Revista e atualizada Gustavo Filipe Barbosa Garcia Novo CPC e Processo do Trabalho 39 e 40 de 2016 do TST Conforme a Lei 13.467/2017 3ª edição Revista e atualizada 2017 CAPÍTULO 1 ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DO CPC DE 2015 1. INTRODUÇÃO

Leia mais

TST não pode contrariar normas ao definir ultratividade de acordos

TST não pode contrariar normas ao definir ultratividade de acordos TST não pode contrariar normas ao definir ultratividade de acordos Por Gustavo Filipe Barbosa Garcia Há intenso debate a respeito da integração dos direitos previstos em instrumentos normativos coletivos

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. Princípios Processuais. Prof. Luiz Dellore

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. Princípios Processuais. Prof. Luiz Dellore DIREITO PROCESSUAL CIVIL Princípios Processuais Prof. Luiz Dellore www.dellore.com Twitter: @dellore Facebook: Luiz Dellore II Instagram: @luizdellore LinkedIn: Luiz Dellore 1. NOVIDADES DO NCPC QUANTO

Leia mais

O ESPECIAL TRATAMENTO DO DESPORTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

O ESPECIAL TRATAMENTO DO DESPORTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL O ESPECIAL TRATAMENTO DO DESPORTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL (Revista Justiça & Cidadania Junho/2015 págs. 14 e 15) Trata-se de artigo no qual apresento uma interpretação sobre se a vedação do artigo 36 da

Leia mais

RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL - PEÇA PRÁTICA

RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL - PEÇA PRÁTICA RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL - PEÇA PRÁTICA www.trilhante.com.br ÍNDICE 1. APONTAMENTOS INICIAIS... 4 Hipóteses de Cabimento...4 Legitimidade Ativa e Passiva...6 Competência...6 Medida Cautelar...6 Procedimento...7

Leia mais

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL DO AMAZONAS DECISÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL DO AMAZONAS DECISÃO Processo n. 126/2015 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DECISÃO Vieram os autos a mim conclusos após certificação, pela Secretaria, de que não houve pagamento das penas pecuniárias aplicadas por este Tribunal.

Leia mais

Rua da Ajuda, 35 / 15 o andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP: Tel.: (21) / Fax: (21)

Rua da Ajuda, 35 / 15 o andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP: Tel.: (21) / Fax: (21) 1 TRIBUNAL PLENO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL Processo n. 412/2017 REQUERENTE: PARNAHYBA SPORT CLUB-PI REQUERIDO: FEDERAÇÃO DE FUTEBOL DO ESTADO DO PIAUÍ RELATOR: AUDITOR PAULO

Leia mais

CURSO DE QUESTÕES DISCURSIVAS 2016

CURSO DE QUESTÕES DISCURSIVAS 2016 CURSO DE QUESTÕES DISCURSIVAS 2016 Quais os principais impactos do novo CPC à luz do artigo 93, da CFRB, inciso IX? (Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas

Leia mais

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA RECURSO Nº 107, DE 2015

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA RECURSO Nº 107, DE 2015 COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA RECURSO Nº 107, DE 2015 (Apensos: Recurso nº 108/2015; Recurso nº 114/2016 e Recurso nº 144/2016) Recorre da decisão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar

Leia mais

Criação e extinção das Fundações Públicas

Criação e extinção das Fundações Públicas Criação e extinção das Fundações Públicas Diferentemente do que acontece com as autarquias - embora antes da edição da Emenda Constitucional n.º 19, de 04 de junho de 1998, ambas estivessem sujeitas à

Leia mais

A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DOS TEMPLOS RELIGIOSOS. Palavras-chave: Imunidade. Entidades Religiosas. Constituição Federal.

A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DOS TEMPLOS RELIGIOSOS. Palavras-chave: Imunidade. Entidades Religiosas. Constituição Federal. A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DOS TEMPLOS RELIGIOSOS. Caio Matheus Santos de PADUA 1 Rui Everton Santos de ANDRADE 2 RESUMO: O presente trabalho buscou demostrar, através de uma pequena abordagem teórica que

Leia mais

NULIDADES NO PROCESSO PENAL

NULIDADES NO PROCESSO PENAL NULIDADES NO PROCESSO PENAL ÍNDICE 1. TIPOS DE NULIDADES NO PROCESSO PENAL...4 Conceito de Nulidade...4 Espécies de Nulidades...4 2. PRINCÍPIOS RELATIVOS ÁS NULIDADES...8 Princípio da Instrumentalidade

Leia mais

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO RELATOR DO PROCESSO TST- RR

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO RELATOR DO PROCESSO TST- RR EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO RELATOR DO PROCESSO TST- RR 248000-77.1989.5.19.0002 TST-RR 248000-77.1989.5.19.0002 COMPANHIA ENERGÉTICA DE ALAGOAS CEAL UNIÃO Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias

Leia mais

CONTROLE ABSTRATO. Jurisdição Constitucional Profª Marianne Rios Martins

CONTROLE ABSTRATO. Jurisdição Constitucional Profª Marianne Rios Martins CONTROLE ABSTRATO Jurisdição Constitucional Profª Marianne Rios Martins ORIGEM HISTÓRICA Teve origem na Constituição Austríaca de 1920 ( Kelsen) A Áustria assim, o primeiro Tribunal dedicado exclusivamente

Leia mais

O Principio da Publicidade tem seu campo de maior atuação no Administrativo, Assim, José Afonso da Silva 2, diz que:

O Principio da Publicidade tem seu campo de maior atuação no Administrativo, Assim, José Afonso da Silva 2, diz que: Principio da Publicidade. O Presente Trabalho vem elucidar dois princípios da suma importância para o Estado democrático de direito ao qual estamos inseridos, freqüentemente ouvimos falar sobre esses princípios,

Leia mais

DIREITO ADMINISTRATIVO I. A Função do Estado. Origem do Direito Administrativo. O Regime Jurídicoadministrativo. Princípios Constitucionais do Direito Administrativo... 02 II. Administração Pública...

Leia mais

MANUAL PRÁTICO DO MILITAR 3ª EDIÇÃO 2017 DR. DIÓGENES GOMES VIEIRA CAPÍTULO 9 MANDADO DE SEGURANÇA: UTILIZAÇÃO PELOS MILITARES

MANUAL PRÁTICO DO MILITAR 3ª EDIÇÃO 2017 DR. DIÓGENES GOMES VIEIRA CAPÍTULO 9 MANDADO DE SEGURANÇA: UTILIZAÇÃO PELOS MILITARES MANUAL PRÁTICO DO MILITAR 3ª EDIÇÃO 2017 DR. DIÓGENES GOMES VIEIRA CAPÍTULO 9 MANDADO DE SEGURANÇA: UTILIZAÇÃO PELOS MILITARES 9.11.2. INDEFERIMENTO DA INICIAL E CONCESSÃO OU DENEGAÇÃO DA ORDEM O art.

Leia mais

DIREITO DO CONSUMIDOR

DIREITO DO CONSUMIDOR DIREITO DO CONSUMIDOR Direitos Básicos do Consumidor Parte II Prof. Francisco Saint Clair Neto Destinatários da Prova É costumeira a afirmação, encontrada em doutrina e jurisprudência, de que o destinatário

Leia mais

O RECURSO INTEMPESTIVO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL

O RECURSO INTEMPESTIVO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL 1 2 O RECURSO INTEMPESTIVO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Indaga-se: havendo o trânsito em julgado administrativo ou sendo interposto recurso fora do prazo, recebe-se, conhece-se e analisa-se o referido

Leia mais

JUSTIÇA DESPORTIVA.

JUSTIÇA DESPORTIVA. JUSTIÇA DESPORTIVA www.trilhante.com.br ÍNDICE 1. PARADIGMA CONSTITUCIONAL DA JUSTIÇA DESPORTIVA...5 2. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO...9 Estrutura da Justiça Desportiva...9 Características Essenciais da

Leia mais

DESPORTO Agosto 2013 TRIBUNAL ARBITRAL DO DESPORTO: O IMPORTANTE NÃO ERA JUSTIFICAR O ERRO, MAS IMPEDIR QUE QUE ELE SE REPETISSE

DESPORTO Agosto 2013 TRIBUNAL ARBITRAL DO DESPORTO: O IMPORTANTE NÃO ERA JUSTIFICAR O ERRO, MAS IMPEDIR QUE QUE ELE SE REPETISSE DESPORTO Agosto 2013 TRIBUNAL ARBITRAL DO DESPORTO: O IMPORTANTE NÃO ERA JUSTIFICAR O ERRO, MAS IMPEDIR QUE QUE ELE SE REPETISSE O Presidente da República promulgou em 28.08.2009 o diploma que cria o Tribunal

Leia mais

TESE. Fernando A. N. Galvão da Rocha. Resumo. 1. Introdução. 70 Revista ENM. Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis-MG)

TESE. Fernando A. N. Galvão da Rocha. Resumo. 1. Introdução. 70 Revista ENM. Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis-MG) TESE Formação dos juízes da Justiça Militar para atuação democrática Fernando A. N. Galvão da Rocha Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis-MG) Resumo As escolas judiciais devem capacitar os juízes

Leia mais

AULA 1: ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

AULA 1: ORGANIZAÇÃO DOS PODERES AULA 1: ORGANIZAÇÃO DOS PODERES EMENTÁRIO DE TEMAS: São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário (Art. 2º, da CRFB/88) Organização dos Poderes: separação

Leia mais

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Durval Salge Junior (03/09/2018). Princípios diretores

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Durval Salge Junior (03/09/2018). Princípios diretores CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Durval Salge Junior (03/09/2018). Princípios Diretores. Segundo Pontes de Miranda os princípios formam as bases das

Leia mais

MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL Coordenador: Leonardo Barreto Moreira Alves MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL Promotor de Justiça Estadual 2ª edição 2016 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Renato Bretz Pereira 1. DO PROCESSO DE CONHECIMENTO (MPE/SP/Promotor/2015)

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Individuais Direitos Constitucionais Penais e Garantias Const. do Processo Parte 1 Profª. Liz Rodrigues - Além dos direitos fundamentais, a CF/88 prevê uma série de garantias,

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br Controle de constitucionalidade no Estado de Sergipe. A legislação municipal e o controle concentrado Carlos Henrique dos Santos * O controle de constitucionalidade é um meio indireto

Leia mais

CAPÍTULO 1 DIREITO MARÍTIMO E PROCESSO CIVIL UM DIÁLOGO NECESSÁRIO

CAPÍTULO 1 DIREITO MARÍTIMO E PROCESSO CIVIL UM DIÁLOGO NECESSÁRIO PREFÁCIO CAPÍTULO 1 DIREITO MARÍTIMO E PROCESSO CIVIL UM DIÁLOGO NECESSÁRIO É clássica a afirmação de que o Estado, no exercício do seu poder soberano, exerce três funções: legislativa, administrativa

Leia mais

17/03/2015. Direito Processual Civil II MODALIDADES DE RECURSOS

17/03/2015. Direito Processual Civil II MODALIDADES DE RECURSOS Direito Processual Civil II FREDERICO OLIVEIRA fjsdeoliveira@gmail.com twitter: @fredoliveira197 Skype: frederico.oliveira42 RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL RECURSO ESPECIAL RECURSO EXTRAORDINÁRIO EMBARGOS

Leia mais

EFETIVIDADE DO PROCESSO E TÉCNICA PROCESSUAL

EFETIVIDADE DO PROCESSO E TÉCNICA PROCESSUAL STJ00064535 JOSÉ ROBERTO DOS SANTOS BEDAQUE Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Mestre, doutor e livre docente pela Universidade de São Paulo, onde é Professor Titular. Professor

Leia mais

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2017

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2017 PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2017 Regula a decretação de sigilo nos autos de procedimentos de investigação e de processos judiciais, nos termos dos arts. 5º, LX, e 93, IX, da Constituição da República

Leia mais

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA PROJETO DE LEI Nº 3.778, DE autos.

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA PROJETO DE LEI Nº 3.778, DE autos. COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA PROJETO DE LEI Nº 3.778, DE 2008 Transforma o agravo de instrumento, interposto contra decisão que não admite recurso extraordinário ou especial, em agravo

Leia mais

Aula nº Embargos de Declaração Para Fins de Prequestionamento

Aula nº Embargos de Declaração Para Fins de Prequestionamento Página1 Curso/Disciplina: Direito Processual Civil (NCPC) Aula: 274 Professor(a): Edward Carlyle Monitor(a): Éllen Borges Lefundes Aula nº. 274 Embargos de Declaração Para Fins de Prequestionamento Nesta

Leia mais

HÁ HIERARQUIA ENTRE LEI COMPLEMENTAR E LEI ORDINÁRIA?

HÁ HIERARQUIA ENTRE LEI COMPLEMENTAR E LEI ORDINÁRIA? HÁ HIERARQUIA ENTRE LEI COMPLEMENTAR E LEI ORDINÁRIA? André Luiz Filo-Creão G. da Fonseca 1 Resumo: O Presente artigo visa expor e analisar uma das matérias que nos dias de hoje, na doutrina Constitucionalista

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br Os meios de controle da Administração Pública: considerações Marinete Dresch de Moraes* A Administração Pública, visando atender as necessidades sociais e buscando a realização do

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br Efeito translativo nos recursos extraordinários Filipe Silveira Aguiar Pedro Henrique Peixoto Leal O presente artigo busca demonstrar a possibilidade da aplicação do efeito translativo

Leia mais

DIREITO ADMINISTRATIVO

DIREITO ADMINISTRATIVO DIREITO ADMINISTRATIVO PROF. MES. BRUNO VARGENS NUNES 1PROFESSOR BRUNO VARGENS CONCEITO Existem vários conceitos para definir o Direito Administrativo. O critério que predomina hoje é o que diz que ele

Leia mais

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL DO AMAZONAS DECISÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL DO AMAZONAS DECISÃO Processo n. 129/2015 DECISÃO Vieram os autos a mim conclusos após certificação, pela Secretaria, de que não houve pagamento das penas pecuniárias aplicadas por este Tribunal. Passo a decidir. Inicialmente,

Leia mais

FRANCION SANTOS DIREITO CONSTITUCIONAL

FRANCION SANTOS DIREITO CONSTITUCIONAL FRANCION SANTOS DIREITO CONSTITUCIONAL 1. (CESPE 2017 TCE/PE - Analista de Gestão - Julgamento) Acerca dos princípios fundamentais e dos direitos e deveres individuais e coletivos, julgue o item a seguir.

Leia mais

Prof. Manoel Messias Peixinho Fernanda A. K. Chianca

Prof. Manoel Messias Peixinho Fernanda A. K. Chianca Aula 2 Fontes do Processo Administrativo Prof. Manoel Messias Peixinho Fernanda A. K. Chianca Introdução Esta aula será destinada à apresentação das fontes do Processo Administrativo, estas responsáveis

Leia mais

FACELI FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DE LINHARES DAÍSE DE OLIVEIRA MOURA DIEGO DEMUNER MIELKE JANE DOS SANTOS PARIS

FACELI FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DE LINHARES DAÍSE DE OLIVEIRA MOURA DIEGO DEMUNER MIELKE JANE DOS SANTOS PARIS FACELI FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DE LINHARES DAÍSE DE OLIVEIRA MOURA DIEGO DEMUNER MIELKE JANE DOS SANTOS PARIS JURISDIÇÃO, PROCESSO E AÇÃO LINHARES ES OUTUBRO / 2011 DAÍSE DE OLIVEIRA MOURA DIEGO DEMUNER

Leia mais

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE As normas elaboradas pelo Poder Constituinte Originário são colocadas acima de todas as outras manifestações de direito. A própria Constituição Federal determina um procedimento

Leia mais

SISTEMÁTICA RECURSAL. Lei Federal /2014 Alterações Recursais e Uniformização Jurisprudencial

SISTEMÁTICA RECURSAL. Lei Federal /2014 Alterações Recursais e Uniformização Jurisprudencial SISTEMÁTICA RECURSAL Lei Federal 13.015/2014 Alterações Recursais e Uniformização Jurisprudencial 1. Na origem o art. 893 da CLT previa: a. RECURSO DE EMBARGOS: a.1. Originariamente, o cabimento dos Embargos

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Recursos Criminais Recursos Especial e Extraordinário em Matéria Penal Prof. Gisela Esposel - PREVISÃO LEGAL: artigo 102, III e artigo 105,III da CR/88. - Art.102 Compete ao Supremo

Leia mais

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE CABO VERDE TITULO V DO PODER JUDICIAL CAPITULO 1 PRINCÍPIOS GERAIS. Artigo 209º (Administração da Justiça)

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE CABO VERDE TITULO V DO PODER JUDICIAL CAPITULO 1 PRINCÍPIOS GERAIS. Artigo 209º (Administração da Justiça) CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE CABO VERDE TITULO V DO PODER JUDICIAL CAPITULO 1 PRINCÍPIOS GERAIS Artigo 209º (Administração da Justiça) A administração da Justiça tem por objecto dirimir conflitos de interesses

Leia mais

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO I. Constituição Federal... 002 II. Dos Direitos e Garantias Fundamentais... 009 III. Da Organização Político-Administrativa... 053 IV. Organização dos

Leia mais

SENADO FEDERAL Gabinete do Senador ROBERTO ROCHA PSB/MA PARECER Nº, DE 2016

SENADO FEDERAL Gabinete do Senador ROBERTO ROCHA PSB/MA PARECER Nº, DE 2016 PARECER Nº, DE 2016 Da COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E CIDADANIA, sobre a Proposta de Emenda à Constituição nº 10, de 2013, do Senador Alvaro Dias e outros, que altera os arts. 102, 105, 108 e 125

Leia mais

PODER NORMATIVO DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Davi Furtado Meirelles

PODER NORMATIVO DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Davi Furtado Meirelles PODER NORMATIVO DA JUSTIÇA DO TRABALHO Davi Furtado Meirelles Resultado Negativo da Negociação - Mediação - é mais uma tentativa de conciliação, após o insucesso da negociação direta, porém, desta feita,

Leia mais

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Conceito de Criança e Adolescente e Doutrina da Proteção Integral parte 2 Profª. Liz Rodrigues - Art. 3º, ECA: A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais

Leia mais

Excelentíssimos senhores representantes das Jurisdições. Excelentíssimo senhor Gianni Buquicchio, Presidente da Comissão

Excelentíssimos senhores representantes das Jurisdições. Excelentíssimo senhor Gianni Buquicchio, Presidente da Comissão IV ASSEMBLEIA DA CONFERÊNCIA DAS JURISDIÇÕES CONSTITUCIONAIS DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA (BRASÍLIA, BRASIL, 8 DE ABRIL DE 2016) APRESENTAÇÃO DO EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL

Leia mais

Direito Constitucional Procurador Legislativo 1ª fase

Direito Constitucional Procurador Legislativo 1ª fase CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Direito Constitucional Procurador Legislativo 1ª fase 1) FGV - Procurador Legislativo - AL MT (2013) Quanto às ações constitucionais, assinale a afirmativa incorreta. a)

Leia mais

O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, O MÍNIMO EXISTENCIAL E O ACESSO À JUSTIÇA 1

O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, O MÍNIMO EXISTENCIAL E O ACESSO À JUSTIÇA 1 O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, O MÍNIMO EXISTENCIAL E O ACESSO À JUSTIÇA 1 Carlos Orlindo Panassolo Feron 2, Eloisa Nair De Andrade Argerich 3. 1 Projeto de Monografia de Conclusão de Curso

Leia mais

NOTA TÉCNICA Nº 04/2017/CONAMP

NOTA TÉCNICA Nº 04/2017/CONAMP NOTA TÉCNICA Nº 04/2017/CONAMP Tema: Processo CNMP nº0.00.002.000698/2017-08 Ementa: Procedimento de Estudos e Pesquisas nº 04/2017 visando a realização de pesquisa, estudos, análises e a apresentação

Leia mais

Aula nº 291. Recurso Extraordinário: Objeto (Parte Final)

Aula nº 291. Recurso Extraordinário: Objeto (Parte Final) Página1 Curso/Disciplina: Processo Civil Aula: Direito Processual Civil (NCPC) - 291 Professor(a): Edward Carlyle Monitor(a): Patricia de Souza Gonçalves Aula nº 291. Recurso Extraordinário: Objeto (Parte

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Individuais - Remédios Constitucionais e Garantias Processuais Remédios Constitucionais habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, mandado de injunção e ação popular

Leia mais

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ÓRGÃO ESPECIAL

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ÓRGÃO ESPECIAL PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO IMPETRADO: EXMO SR. GOVERNADOR DO ESTADO DO DECISÃO Trata-se de mandado de segurança interposto por REJANE DE ALMEIDA em face de EXMO SR. GOVERNADOR DO ESTADO DO E EXMO SR.

Leia mais

Conteúdos/ Matéria. Categorias/ Questões. Textos, filmes e outros materiais. Habilidades e Competências. Tipo de aula. Semana

Conteúdos/ Matéria. Categorias/ Questões. Textos, filmes e outros materiais. Habilidades e Competências. Tipo de aula. Semana PLANO DE CURSO DISCIPLINA: TEORIA GERAL DO PROCESSO (CÓD.: ENEX 60116) ETAPA: 3ª TOTAL DE ENCONTROS: 15 SEMANAS Semana Conteúdos/ Matéria Categorias/ Questões Tipo de aula Habilidades e Competências Textos,

Leia mais

Mandado de Segurança. Exercícios Prof. Mauro Lopes. (bateria II)

Mandado de Segurança. Exercícios Prof. Mauro Lopes. (bateria II) Mandado de Segurança Exercícios Prof. Mauro Lopes (bateria II) 1) O procedimento da ação constitucional de mandado de segurança ADMITE que, em seu âmbito, seja realizado controle de constitucionalidade?

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Individuais e Garantias Processuais -habeas corpus, habeas data, mandado de segurança, mandado de injunção e ação popular Parte 8 Profª. Liz Rodrigues - Art. 5º, LXXIII:

Leia mais

Lei complementar nº 35,

Lei complementar nº 35, Lei complementar nº 35, de 14 de março de 1979 Dispõe sobre a Lei Orgânica da Magistratura Nacional O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Organização do Poder Judiciário Tribunais Regionais do Trabalho e Juízes do Trabalho. Profª. Liz Rodrigues - A Justiça do Trabalho é uma justiça federal especializada, composta pelo

Leia mais

Aula 04 CONTROLE DIFUSO ANÁLISE TEÓRICA

Aula 04 CONTROLE DIFUSO ANÁLISE TEÓRICA Turma e Ano: 2016 (Master A) Matéria / Aula: Controle de Constitucionalidade Avançado - 04 Professor: Marcelo Leonardo Tavares Monitor: Paula Ferreira Aula 04 CONTROLE DIFUSO ANÁLISE TEÓRICA Conceito A

Leia mais

ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO

ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO ESTRUTURA DA JUSTIÇA DESPORTIVA A justiça desportiva é regulada por uma lei federal específica, qual seja, a Lei Pelé (Lei n. 9.615/1998). Nos termos do artigo 23, inciso I,

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I. Princípios Constitucionais e Infraconstitucionais do Processo Civil. Jurisdição... 002 II. Ação... 013 III. Competência... 015 IV. Processo... 021 V. Sujeitos do Processo...

Leia mais

ÂMBITO DE INGERÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO NAS FUNDAÇÕES - FGI - Escritório de Advocacia em Ter, 07 de Agosto de :10

ÂMBITO DE INGERÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO NAS FUNDAÇÕES - FGI - Escritório de Advocacia em Ter, 07 de Agosto de :10 Tema interessante, de grande aplicação relativamente à autuação das fundações, diz respeito ao âmbito de ingerência do Ministério Público nas referidas entidades. No Estado do Paraná, na missão de fiscalizar

Leia mais

Procedimentos Especiais Unidade I

Procedimentos Especiais Unidade I Procedimentos Especiais Unidade I 1. Introdução 1.1 Processo como entidade complexa. a)internamente o processo se manifesta como relação jurídica de direito público, entre o Estado-juiz e as partes Relação

Leia mais

O CONTROLE DO JUDICIÁRIO

O CONTROLE DO JUDICIÁRIO O CONTROLE DO JUDICIÁRIO ELIANA CALMON ALVES* Juíza do Tribunal Regional Federal da 1ª Região Embora muito se discuta sobre o controle dos atos administrativos do Judiciário, registra a tradição brasileira

Leia mais

Conselho Nacional de Justiça

Conselho Nacional de Justiça Conselho Nacional de Justiça PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS Nº 0002043-22.2009.2.00.0000 RELATOR REQUERENTE REQUERIDO : JOSÉ ADONIS CALLOU DE ARAÚJO SÁ : ASSOCIAÇÃO DOS JUÍZES FEDERAIS DO BRASIL - AJUFE : CONSELHO

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br A ação penal popular no ordenamento jurídico brasileiro Liduina Araujo Batista * O presente estudo trata da discussão acerca da possibilidade, ou não, de existência, em nosso ordenamento

Leia mais

A discricionariedade na Administração Pública

A discricionariedade na Administração Pública A discricionariedade na Administração Pública O Prof. Doutor Pedro Moniz Lopes define discricionariedade, em sentido lato, como toda e qualquer situação em que seja permitido aos órgãos da função administrativa

Leia mais

CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA VICE-REITORIA ACADÊMICA. DISCIPLINA Teoria da Constituição e Organização do Estado

CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA VICE-REITORIA ACADÊMICA. DISCIPLINA Teoria da Constituição e Organização do Estado CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA VICE-REITORIA ACADÊMICA ÁREA DE CONHECIMENTO Ciências Sociais Aplicadas DISCIPLINA Teoria da Constituição e Organização do Estado CÓDIGO GDIR1009 CRÉDITOS 4(4/0) TOTAL

Leia mais

A CONSTITUCIONALIDADE DAS ALTERAÇÕES NA JURISPRUDÊNCIA APÓS A REFORMA TRABALHISTA

A CONSTITUCIONALIDADE DAS ALTERAÇÕES NA JURISPRUDÊNCIA APÓS A REFORMA TRABALHISTA A CONSTITUCIONALIDADE DAS ALTERAÇÕES NA JURISPRUDÊNCIA APÓS A REFORMA TRABALHISTA Gustavo Filipe Barbosa Garcia É livre-docente e doutor pela Faculdade de Direito da USP pós-doutor e especialista em Direito

Leia mais

Direito Processual Civil CERT Regular 4ª fase

Direito Processual Civil CERT Regular 4ª fase CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Direito Processual Civil CERT Regular 4ª fase Autotutela, Autocomposição, Mediação e arbitragem Período 2012-2016 1) FEMPERJ Técnico de Notificações - TCE RJ (2012) A solução

Leia mais

INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA. 1. Qual a novidade? O CPC de 2015 procurou aprimorar a regra de

INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA. 1. Qual a novidade? O CPC de 2015 procurou aprimorar a regra de INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA 1. Qual a novidade? O CPC de 2015 procurou aprimorar a regra de assunção de competência existente no art. 555, 1º do CPC/73, que permitia fosse o recurso julgado por

Leia mais

CONCLUSÃO. Processo n

CONCLUSÃO. Processo n Gabinete da Presidência fls. 1 CONCLUSÃO Em 15 de maio de 2013, faço estes autos conclusos ao Excelentíssimo Senhor Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Eu,, escrevente, subscrevi.

Leia mais

Direito Constitucional PROFESSORA: ADENEELE GARCIA

Direito Constitucional PROFESSORA: ADENEELE GARCIA Direito Constitucional PROFESSORA: ADENEELE GARCIA PRINCÍPIOS DE REGÊNCIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações

Leia mais

CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA. Parecer

CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA. Parecer CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA Parecer Pela Comissão de Assuntos Constitucionais e de Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia da República foi solicitado o parecer do Conselho Superior da Magistratura

Leia mais

PEDIDO DE FISCALIZAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE

PEDIDO DE FISCALIZAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE PEDIDO DE FISCALIZAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE Meritíssimo Conselheiro Presidente do Tribunal Constitucional PEDIDO DE FISCALIZAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE: R-2353/94 (A6) DATA: 1999-09-30 Assunto: Efeito

Leia mais

GUSTAVO SALES DIREITO ADMINISTRATIVO

GUSTAVO SALES DIREITO ADMINISTRATIVO GUSTAVO SALES DIREITO ADMINISTRATIVO 01 - Aplicada em: 2018 Banca: CESPE Órgão: ABIN Prova: Oficial Técnico de Inteligência - Conhecimentos Gerais Julgue o item que se segue, a respeito de aspectos diversos

Leia mais

ATUAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DE SP

ATUAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DE SP ATUAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DE SP www.trilhante.com.br ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO AO PROCESSO ADMINISTRATIVO... 4 Importância na realização da atividade administrativa...4 Princípio norteador da Administração

Leia mais

PARTICIPAÇÃO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO NOS FÓRUNS REGIONAIS DA REFORMA DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA SUGESTÃO DE TEMAS MATÉRIA CONSENSUAL RETIRADA DO

PARTICIPAÇÃO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO NOS FÓRUNS REGIONAIS DA REFORMA DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA SUGESTÃO DE TEMAS MATÉRIA CONSENSUAL RETIRADA DO PARTICIPAÇÃO DA MAGISTRATURA DO TRABALHO NOS FÓRUNS REGIONAIS DA REFORMA DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA SUGESTÃO DE TEMAS MATÉRIA CONSENSUAL RETIRADA DO CONJUNTO DE DELIBERAÇÕES DOS CONAMAT, PROGRAMA DA DIRETORIA

Leia mais

Objetivos: Dar ao aluno noções gerais sobre o Estado e a ordem social e oferecer-lhe o pleno conhecimento da organização constitucional brasileira.

Objetivos: Dar ao aluno noções gerais sobre o Estado e a ordem social e oferecer-lhe o pleno conhecimento da organização constitucional brasileira. DISCIPLINA: CONSTITUCIONAL I CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 CRÉDITOS: 04 CÓDIGO: DIR 02-07411 Dar ao aluno noções gerais sobre o Estado e a ordem social e oferecer-lhe o pleno conhecimento da organização constitucional

Leia mais

Aula 14. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE (art. 609, parágrafo único, CPP)

Aula 14. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE (art. 609, parágrafo único, CPP) Turma e Ano: Regular 2015 / Master B Matéria / Aula: Direito Processual Penal / Aula 14 Professor: Elisa Pittaro Monitora: Kelly Soraia Aula 14 EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE (art. 609, parágrafo

Leia mais

Recurso Especial e Recurso Extraordinário

Recurso Especial e Recurso Extraordinário Recurso Especial e Recurso Extraordinário RUBENS KINDLMANN Objetivo Têm por objetivo impedir que as decisões contrariem a Constituição Federal ou as leis federais, buscando a uniformidade de interpretação.

Leia mais

CARTILHA GREVE SERVIDORES MUNICIPAIS DE VITÓRIA

CARTILHA GREVE SERVIDORES MUNICIPAIS DE VITÓRIA CARTILHA GREVE SERVIDORES MUNICIPAIS DE VITÓRIA 1. INTRODUÇÃO O exercício da greve constitui direito inalienável dos trabalhadores públicos ou privados. Envolve, contudo, uma série de particularidades

Leia mais

Presidente PROFESSORA RAQUEL TINOCO ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR ELEIÇÃO EM VOTAÇÃO SECRETA PELOS MEMBROS DO TJRJ (DESEMBARGADORES) 1º Vice Presidente 2º Vice Presidente Administração Superior 3º Vice Presidente

Leia mais

Capítulo 3 - Ação Conceito e natureza jurídica do direito de ação... 61

Capítulo 3 - Ação Conceito e natureza jurídica do direito de ação... 61 Sumário Capítulo 1 - Noções básicas do Direito Processual.. 1.1. Conceito, autonomia e instrumentalidade. 1.2. Relações do Direito Processual com outros ramos do Direito 2 1.3. A teoria geral do processo,

Leia mais

Impacto do NCPC no Direito Eleitoral

Impacto do NCPC no Direito Eleitoral Turma e Ano: 2016 (Master B) Matéria / Aula: Direito Eleitoral - 09 Professor: André Marinho Monitor: Paula Ferreira Aula 09 Impacto do NCPC no Direito Eleitoral 1. Introdução O processo eleitoral é um

Leia mais

TEMA 1: ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO

TEMA 1: ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO TEMA 1: ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado

Leia mais

RECURSOS TRABALHISTAS MONITOR JEAN LUIZ

RECURSOS TRABALHISTAS MONITOR JEAN LUIZ TRABALHISTAS MONITOR JEAN LUIZ Efeitos dos recursos Conceito- é a forma pela qual a parte pode obter o reexame de uma decisão. Efeitos: Devolutivo- é inerente a todos recurso. Suspensivo- suspende os efeitos

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br As transações relativas a alimentos e o referendo da Defensoria Pública - lei nº 11.737/08 Cláudio Miranda Pagano* Em julho de 2008, entrou em vigor a Lei nº 11.737/08, que alterou

Leia mais

ORLANDO JR. DIREITO CONSTITUCIONAL

ORLANDO JR. DIREITO CONSTITUCIONAL ORLANDO JR. DIREITO CONSTITUCIONAL 1 - CESPE 2013 - TCE-ES - Analista Administrativo Direito Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção correta acerca de direitos e garantias fundamentais. a)

Leia mais

TEMA 10: PODER JUDICIÁRIO

TEMA 10: PODER JUDICIÁRIO TEMA 10: PODER JUDICIÁRIO EMENTÁRIO DE TEMAS: Poder Judiciário: órgãos; funções típicas e atípicas; garantias da magistratura; LEITURA OBRIGATÓRIA MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo.

Leia mais