A importância dos sapais no contexto do planeamento territorial
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- Maria de Begonha Zagalo da Fonseca
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1 A importância dos sapais no contexto do planeamento territorial Contributos para o restauro ecológico e a gestão de habitats 18 de Abril 2013 diana-almeida@campus.ul.pt
2 Estrutura do workshop I. Contexto e conceitos 1. O que são sapais? 2. A ecologia 3. A morfologia 4. A composição florística II. Os sapais e o planeamento 1. A localização 2. A composição 3. As ameaças 4. Os serviços de ecossistema
3 Estrutura do workshop III. IV. Como integrar os sapais no planeamento territorial? 1. Conhecer a evolução histórica 2. Conhecer a vegetação e a microtopografia 3. Conhecer a dinâmica e a deposição de sedimentos 4. Conhecer os limites artificiais O restauro ecológico e a gestão de habitats 1. A gestão de habitats em áreas protegidas 2. O restauro ecológico como ferramenta de planeamento: intrumentos 3. Exemplos de medidas de restauro em sapais
4 Contexto e conceitos
5 áreas húmidas costeiras Contexto: As zonas húmidas costeiras ocupam cerca de 6% da superfície terrestre e encerram alguns dos mais produtivos e dinâmicos ecossistemas do mundo, dominados por uma fasta biodiversidade (Silva et al, 2007). Conjuntamente, 23% da população mundial reside em áreas costeiras numa faixa de 100km e a altitudes inferiores a 100m relativamente ao nível médio do mar (IPCC, 2º relatório ). Revestem-se de grande importancia para vários seres vivos que dependem das trocas bióticas e abióticas que se estabelecem nas zonas húmidas costeiras, tendo sido também fundamentais para a sobrevivência da humanidade, através da pesca e exploração de outros recursos tanto marinhos como terrestres, da navegação e estabelecimento de portos e cidades. As pressões urbanas, industriais e de exploração de recursos, têm vindo a reconfigurar sucessivamente as zonas húmidas costeiras, sobretudo através da conquista de terrenos ao mar (reclaiming, em inglês).
6 O que são sapais? Ecossistema de Sapal: Formação: deposição de sedimentos finos e pela formação de lodaçais e bancos arenosos, parcialmente submersos, fortemente influenciados pelas marés, sobre os quais se formam comunidades vegetais halófitas e halotolerantes (M.E.S.A., 1987). Estas comunidades anfíbias suportam grandes variedades dos níveis de salinidade, alterações de correntes e de temperatura (Neto, C. et al, 2005; Costa, J.C. et al, 2009) Habitat: refúgio de fauna marinha, local de desova e maternidade, e também de nidificação (aves). Funcionam como reguladores do clico de nutrientes e filtragem de sedimentos e resíduos (Plano Sectorial Rede-Natura 2000, ICNB; Currin et al 2008; Reboreda et al 2008).
7 O que são sapais? Segundo Costa (2001), os sapais correspondem às formações salgadas do mundo mediterrânico, compostos por nanofanefófitos e microfanerófitos, alternados com caméfitos e hemicriptófitos. Estas comunidades anfíbias suportam grandes variedades dos níveis de salinidade, alterações de correntes e de temperatura (Neto et al, 2005; Costa et al, 2009), tendo desenvolvido estratégias de sobrevivência que lhes permitem tolerar as grandes concentrações de sal que, segundo Chapman (1960) citado por Costa (2001) chega a ser superior às concentrações de sal do mar. De referir a importância que a toalha freática tem para o ecossistema de sapal. A combinação entre a água salgada e a água doce permitem o desenvolvimento das comunidades vegetais, conferindo-lhes as características que se conhece.
8 A ecologia A formação de sapais está fortemente relacionada com litorais abrigados face à acção directa da ondulação oceânica e das correntes marítimas com presença também de água doce, permitindo a deposição de sedimentos finos e taludes suaves (Costa, 2001). (Sapal da Mirtrena, Setúbal) Em condições de estuário ou baía (Lousã, 1986), formam-se lodaçais e bancos arenosos, parcialmente submersos, fortemente influenciados pelas marés que os inunda diariamente, sobre os quais se estabelecem comunidades vegetais halófitas e halotolerantes (Moreira, 1987).
9 A ecologia Os terrenos de sapal ocorrem em áreas de aluvião, frequentemente alagados e constituídos por materiais finos, como lodos, naterios, areias e detritos variados, oriundos quer dos troços interiores dos rios e ribeiras que confluem no sapal, quer provenientes das marés. Nestes terrenos halomórficos (Vasconcellos, 1960), o efeito das marés é determinantes para a ecologia do sapal, sendo que a cota à qual o efeito da maré se faz sentir, é determinante pela maior ou menos concentração de cloreto de sódio e outros sais. Vasconcellos (1960), citando Crespo Ascenso (1956) refere que se podem distinguir três tipologias de solo de acordo com o seu teor em sal e evolução
10 A ecologia Os primeiros são os solos salinos, cuja presença de sais em excesso é predominante - ph <8,5 Os segundos são os solos alcalizados salinos, correspondem à combinação dos processos de alcalinização e salinização, absorvendo uma considerável percentagem de sódio - ph >=8,5 O terceiro tipo de solos correspondem aos solos alcalizados não salinos; matéria orgânica entra em processo de dissolução, podendo ser arrastada e depositada à superfície adquirindo um tom negro ph >10
11 A ecologia A textura dos solos de sapais varia entre argilosa, relacionada com as aluviões depositadas em águas calmas, e as texturas ligeiras correspondem às sedimentações efectuadas em águas de corrente forte (Alvim, 1964). A maior parte dos sapais portugueses são argilosos e localizam-se em bacias de sedimentação defendidas por um cordão dunar de areias litorais. (Sapal da Mirtrena, Setúbal)
12 A morfologia A formação de canais nos sapais é resultante de uma certa maturação dos sedimentos, e segundo Costa (2001), prende-se com a cota e cobertura da vegetação. As águas da maré no aluvião cavam o sopé destes bancos de vegetação, formando pequenas ravinas que se vão expandindo e juntando com outras, formando uma rede de canais de diferentes dimensões, conferindo às águas vazantes diferentes direcções. Esta teia de canais é bastante rica para a alimentação, refúgio e nidificação da fauna (peixes, bivalves, aves e insectos) que ela própria constituiu uma cadeia trófica no habitat de sapal Sapal de Boina, Portimão
13 A morfologia Diferentes autores consideram 3 e 4 áreas de sapal: 1. O sapal baixo que corresponde a terrenos lodosos diariamente submersos de cota inferior a 2,5m, cuja formação vegetal é dominada por Spartina maritimae (Moreira, 1987). o A vegetação é dominada por hemicriptófitos e caméfitos, sendo entre os 2,5 e os 3m que se reúnem as condições para a prática das actividades de mariscultura e produção de bivalves (Costa, 2001). Comunidade de Spartina maritima (Parchal, Lagoa) Spartina maritima, Carrasqueira
14 A morfologia 2. O sapal médio, indicado por Costa (2001) localiza-se em cotas superiores a 3m caracterizado por vegetação mais diversificada, com surgimento de plantas anuais nas clareiras. Estas áreas só são ultrapassadas pelas marés em cerca de 200 dias, surgindo também alguns nanofanerófitos alimentados pelos detritos trazidos pelas águas do mar. Os sapais argilosos não ultrapassam 3,40m. cota de substrato arenoso, permite o aparecimento de a Suaeda vera, o Limonium algarvense ou Halimione portucaloides.
15 A morfologia 3. O sapal alto desenvolve-se em terrenos de cota superior a 3,5m encontra-se o sapal alto, visitados ocasionalmente pelas marés equinociais ou mesmo nunca atingido pelas mesmas (Costa, 2001). Moreira (1987) refere que o sapal alto está ocupado por vegetação arbustiva com menos de um metro de altura, sujeitas a suportar um período máximo de emersão de 10 horas diárias. o A distinção do sapal médio pode conduzir a diferenças de reconhecimento de faixas de vegetação, muito embora na literatura inglesa, apenas se distinga o sapal baixo e o sapal alto. No entanto, a inclusão do sapal médio pode ser aplicada caso a caso, dependendo da morfologia e estado de conservação do sapal.
16 A morfologia Sapal médio A morfologia
17 A morfologia o sapal de transição ou ecótono de sapal, como referido por Moreia (1987) marca o limite superior e o fim do habitat de sapal, fazendo a transição para as dunas, ou para o montado, salinas ou caminhos. Segundo Costa (2001) o sapal de transição ocupa as cotas superiores a 3,75m, não atingidos pelas marés e compostos por formações arbustivas-arbóreas e herbáceas (Moreira, 1987), como por exemplo Atriplex halimus. Este sapal caracteriza-se por uma importante e constante oscilação da toalha freática salgada
18 Sapal de transição Sapal alto Sapal médio Sapal médio Sapal alto Sapal baixo Sapal da marina do Parchal, Março 2013
19 A composição florística a vegetação é bastante importante no processo de sedimentação, por um lado tem a capacidade de reter os resíduos transportados pelas marés (funcionando como filtros), e por outro lado constitui uma importante fonte de detritos vegetais. Combinadas estas duas funções, a vegetação permite a formação de um substrato denso e com força de atrito suficiente para favorecer a deposição das partículas em suspensão na água, alimentando a existência de mais comunidades vegetais, que por sua vez contribuem para o constante retardar do movimento das águas
20 A composição florística Braun-Blanquet (1979), citado por Costa (2001) definiu uma classificação que permite identificar os halófitos em três grupos: os halófitos obrigatórios, que correspondem aos que necessitam de sais (espécies do géneros Salicornia, Sarcocornia, Arthrocnemum, Limonium, Suaeda, Atriplex, Spartina, entre outros); halófitos preferenciais, ou seja os que preferem a presença de sais (Juncus maritimus, Salsosa vermiculata, entre outros); e os halófitos de substência definem-se por aqueles que toleram sais (Phragmites australis, Juncus acutus, entre outras).
21 A composição florística Sarcocornia alpini Sarcocornia perenis
22 A composição florística Sarcocornia alpini A composição florística Cistanche phylipaea Halimione portulacoides
23 Atriplex halimus Sarcocornia alpini Puccinellia maritima Juncus maritimus Arthrochenum macrostachyum Inula critmoides
24 Os sapais e o planeamento
25 A localização Um dos maiores e mais comuns sistemas costeiros são os estuários, cuja palava deriva do latim aestuarium que significa canal, derivando por sua vez da palavraa aestus que significa maré. Os estuários são sistemas relativamente efémeros e recentes, tendo evoluído a partir da transgressão flandriana que se seguiu à última glaciação, há 17 mil anos. Por este motivo são também estruturas de evolução rápida de enchimento sedimentar, sendo a sua evolução assimétrica no tempo e no espaço, sofrendo a influência de vários factores ambientais e também antrópicos (Dürr et al. 2011).
26 Estes sistemas costeiros caracterizam-se por serem semifechados, mantendo uma ligação directa e natural com o mar, cuja água salgada entra no sistema e mistura-se com a água doce, proveniente da drenagem continental (McLusky & Elliot, 2004). Podem ser classificados pela sua topografia, pelo gradiente salino, pela estratificação, pela sincronia e através do fluxo, visto serem fortemente influênciados pelas marés (Elliot and McLusky, 2002). Dürr et al (2011)
27 A composição O substracto e a cobertura são determinantes para a manutenção da dinâmica do sapal, sendo que alterações nos factores bióticos e abióticos, podem conduzir a mudanças profundas, levando à degradação deste ecossistema A dinâmica do sapal encontra-se fortemente relacionada com a sua localização em áreas de transição entre o mar e a terra.
28 As ameaças aos sapais macro-problemas e problemas micro-escala
29 Impactos Exploração e extracção de recursos Transformações do solo Transformações agrícolas Produção de sal Uso urbano-industrial Introdução de espécies e espécies invasoras Alterações hidrológicas Dragagens Controle de marés Poluição e eutrofização Alterações ao controlo de consumo Alterações climáticas CO 2 Mudanças na temperatura Intensidade das tempestades Subida do nível do mar
30 Micro-arriba de erosão Abatimento Perda de vegetação Ausencia de fornecimento de sedimentos Lavagem Extração, reclamação Esmagamento Erosão horizontal e erosão vertical Vegetação usada para alimento gado e comercialização Expansão urbana e industrial Impactos Crescente eutrofização Desafios à escalas regional e global e LOCAL??? Alterações climáticas? Subida nível mar Perda de biodiversida de Introdução de espécies Controlo de consumo Recursos Terraplanagens dragagens Aumento temperatura
31 ESTUÁRIO DO SADO INPUTS - presença humana antiga - usos agrícolas - aquacultura / piscicultura - pesca, apanha de bivalves - pequenos portos - uso turístico - ondulação lagunar do quadrante NE - subida do nível do mar 1 2
32 INPUTS -Presença humana acentuada - aquacultura - pesca, apanha de bivalves - marina - uso turístico intensivo - interface com o mar cordão dunar móvel - alterações ao uso do solo RIA DE ALVOR 1 2 3
33 INPUTS RIBEIRA DE BOINA - proximidade de 1 grande centro urbano - abandono agricultura - apanha de bivalves e outros 1 - sucessão de tapadas - diques - valas de enxugo - eutrofização 2
34 Os serviços de ecossistema
35 Seviços de ecossistema Serviços de ecossistema
36 Constanza et. al (1997) Gedan; Silliman; Bertness (2009) Curvas da oferta e procura que mostram os custos, a rentabilidade e o consumo acrescido: a) Bens comuns produzidos pelo Homem b) Serviços de ecossistema
37 Que tipo de serviços são prestados? Serviços de ecossistemas - Serviços com benefícios directos e indirectos para as comunidades humanas a partir das próprias funções dos ecossistemas, tais como produção primária e secundária, decomposição e transformação de nutrientes (UNEP 2006, citado por Gedan, Silliman, Bertness, 2009) Serviços de aprovisionamento: comida, água, fibras e madeira; Serviços de regulação: efeitos no clima, cheias, propagação de doenças, qualidade da água e lixos; Serviços culturais: recreação, estética e paisagem, benefícios espirituais; Serviços de apoio: formação de solo, fotosíntese, reciclagem de sedimentos.
38 Exemplos dos serviços prestados pelos ecossistemas de sapal as suas componentes vegetais são utilizadas pela indústria farmacêutica ou para a cosmética, servem ainda para alimentar os animais e para a preparação de alguns alimentos, como os pickles típicos de França (Gedan et al., 2009). Os sapais têm a capacidade de regular, de forma natural, o clima, a água e também os ciclos de doenças funcionando como barreira à propagação de pragas (Möller et al. 2001). O processamento do ciclo de nutrientes e sais é também função do ecossistema de sapal; estes ecossistemas possuem uma função recreativa bastante relevante para as comunidades humanas, sobretudo pelo elemento água, e o seu uso para diferentes desportos e actividades turísticas (Currin et al., 2008):
39 REDUZ IMPACTO ONDA
40 Como integrar os sapais no planeamento territorial?
41 Conhecer a evolução histórica A área de sapal reclamada: o que significa? As actividades económicas desempenhadas no sapal Cartografia histórica e temática
42 Povoamento e actividades económicas Neolítico Cartagineses/ Fenícios Romanos Árabes Descendentes de D.Afonso Henriques sedentarização Início práticas agrícolas regulares Salga de peixe Exploração de sal
43 Os sapais e o uso agrícola Alvim (1964) escreve acerca do interesse de aproveitamento de sapais para outros usos: (...) na próximidade de importantes centros de consumo, zonas onde a Terra alcança por vezes valores muito elevados. Se acrescentarmos que os sapais são, em muitos casos, constuídos por aluviões bastante argilosas, de grande fertilidade potencial, e com topografia plana que facilita a cultura mecanizada (...) (Alvim, 1964:118).
44 Os pontos de viragem i. Desenvolvimento 1º sector: desde a conquista até séc. XV ii. Terramoto de 1755 iii. Primeiras obras de Hidráulica: pós terramoto iv. Planos de fomento:
45 Rego, Vasconcelos e Mardel (1773), Carta topográfica: Ribeira de Boina e Salgados
46 Rego (1773), Carta topographica das quatro legoas que jazem entre Villa Nova de Portimão, e Villa Nova de Monxique
47 Capitão engenheiro Baltazar de Azevedo Coutinho (1800), levantamento da planta e sonda: mapa do Segundo plano hidrografico do Rio de Villa Nova de Portimão
48 Alcoforado (1877), citado por Rau, 1951
49 Cultura arvence Cultura Pastagens arvence naturais Pastagens Pastagens naturais naturais Pastagens naturais Cultura arvence Arrosais Sapais Pery (1893), Carta Agrícola de Portugal - Folha 159, 1:
50 Loureiro (1909), Porto de Lagos e Alvor
51 Planta das salinas de Boina, 1:1000
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54 Sapais
55 O Relatório Final Preparatório do II Plano de Fomento (1958) indica que os sapais em Portugal ocupam uma área de hectares, os solos salgados correspondem a 0,28% dos solos de Portugal Continental Comando de água no processo de recuperação dos sapais Alvim&Veiguinha, 1968 fotografias de 1962
56 O Plano de Fomento Agrário ( ) designou uma verba de 60$000 contos para a recuperação de sapais algarvios: obras de transformação de sapais em terrenos de cultivo, incorporando trabalhos de abertura de valas de drenagem, eliminação da água por bombagem e enxugamento (Alvim e Veiguinha, 1963). Aspecto de um sapal no campo experimental de Faro Alvim&Veiguinha, 1968 fotografias de 1962
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59 Conhecer a vegetação e a microtopografica
60 Conhecer a dinâmica e a deposição de sedimentos MODELO TRANSPORTE SEDIMENTOS
61 Conhecer os limites artificiais tapadas Tapadas Salinas Tanques Arrosais Terrenos agricolas Piscicultura Salinas e tanques
62 Conhecer os limites artificiais Conhecer os limites Antigo artificiais tanque piscicultura, Mirtrena Setúbal (Out.2011)
63 Conhecer os limites artificiais Valas de enchugo Depuração de ortras Tapadas Salinas
64 O restauro ecológico e a gestão de habitats
65 A gestão de habitats em áreas protegidas A história da Rede Natura 2000 A constante perda da biodiversidade em consequência da degradação ou destruição dos habitats naturais na Europa Intensa ocupação humana durante séculos, sucessivas alterações ao uso do solo Conduziram à necessidade de adoptar medidas consertadas entre os estados-membros da União Europeia com o objectivo de: criar uma Rede de Áreas Protegidas, com um quadro legislativo comum, com a finalidade de conservar as comunidades vegetais e animais selvagens bem como proteger os habitats de interesse comunitário.
66 A gestão de habitats em áreas protegidas A rede ecológica denominada REDE NATURA 2000 é constituída por zonas especiais de conservação, de acordo com o disposto na Directiva 92/43/CEE e ZONAS DE PROTECÇÃO ESPECIAL, de acordo com o disposto na Directiva 79/409/CEE, relativa às AVES SELVAGENS. A Directiva 92/43/CEE de 21 de Maio de 1992, do Conselho das Comunidades Europeias, diz respeito à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens, e constitui o documento a partir do qual é implementado em cada Estado-membro, o trabalho de identificação e delimitação dos valores naturais, referidos nos diversos anexos (habitats, flora e fauna).
67 A gestão de habitats em áreas protegidas Anexo I: Tipos de habitats naturais de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação; Anexo II: Espécies animais e vegetais, de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação; Anexo III: Critérios de selecção dos locais susceptíveis de serem identificados como locais de importância comunitária e designados como zonas especiais de conservação; Anexo IV: Espécies animais e vegetais de interesse comunitário que exigem uma protecção rigorosa; Anexo V: Espécies animais e vegetais de interesse comunitário cuja captura ou colheita na natureza e exploração podem ser objecto de medidas de gestão; Anexo VI: Métodos e meios de captura e abate e meios de transporte proibidos.
68 Estatutos de natureza comunitária A gestão de habitats em áreas protegidas Zonas de Protecção Especial - ZPE para as Aves Selvagens (de inicio associadas à Directiva Aves e actualmente integra directamente a Rede Natura 2000); Sítios de Importância Comunitária - SIC (associados à Directiva Habitats da Rede Natura 2000 por região biogeográfica); Zonas de Conservação Especial ZEC (associadas à Directiva Habitats da rede Natura 2000 e já aprovadas, por região biogeográfica).
69 Fichas dos Sítios da Rede Natura 2000 A gestão de habitats em áreas protegidas SÍTIO CÓDIGO DATA E DIPLOMA DE CLASSIFICAÇÃO ÁREA CÓDIGOS NUT CONCELHOS ENVOLVIDOS REGIÃO BIOGEOGRÁFICA RELAÇÕES COM OUTRAS ÁREAS CLASSIFICADAS DE ÂMBITO NACIONAL RELAÇÕES COM ÁREAS CLASSIFICADAS DE ÂMBITO INTERNACIONAL CARACTERIZAÇÃO o PRINCIPAIS USOS E OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO (%) o o o o o o CARACTERIZAÇÃO AGRO- FLORESTAL INDICADORES SOCIOECONÓMICOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL E OUTRA LEGISLAÇÃO APLICÁVEL FACTORES DE AMEAÇA ORIENTAÇÕES DE GESTÃO CONDIÇÕES E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INCIDÊNCIAS AMBIENTAIS (Projecto AIA AincA)
70 A gestão de habitats em áreas protegidas Fichas de habitats CÓDIGO DO HABITAT DESIGNAÇÃO DO HABITAT PROTECÇÃO LEGAL DISTRIBUIÇÃO NA UNIÃO EUROPEIA DESIGNAÇÃO PORTUGUESA DIAGNOSE CORRESONDÊNCIA FITOSSOCIOLÓGICA SUBTIPOS CARACTERIZAÇÃO DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA BIOINDICADORES SERVIÇOS PRESTADOS CONSERVAÇÃO Grau de conservação; Ameaças; Objectivos de Conservação; Orientações de Gestão.
71 A gestão de habitats de sapal em áreas protegidas O sapal como habitat possui várias funções ecológicas, favoráveis tanto às espécies vegetais como animais. Apresenta-se como um importante refúgio para a fauna marinha, local de desova e maternidade. As aves utilizam-no para nidificarem, alimentando-se de peixes, bivalves e outras poliquetas que abundam nas águas salobras. Funcionam como reguladores do clico de nutrientes e filtragem de sedimentos e resíduos (Currin et al 2008; Reboreda et al 2008). Costa (2001) identifica o habitat salinas como pertencendo aos habitats salgados, que embora artificiais, constituem importantes áreas limítrofes dos sapais, prestando serviços complementares.
72 1130 Estuários
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82 O restauro ecológico como ferramenta de planeamento
83 English et al Conceitos e contexto
84 Restauro ecológico Re-criação de sapais (Crépin, 2005; Wolters et al., 2005) antigas áreas reclamadas ao mar a) restauração primária (science based-metrics) envolve o retorno dos recursos ao seu estado inicial (natural pré perturbação) b) a restauração compensatória (value-based metrics) é baseada em princípios económicos, ou seja, no valor que é atribuído a cada componente do ecossistema que passa a ser alvo do restauro (English et al. 2009; Voss, 2009). HEA Habitat Equivalency Analysis - relaciona os serviços perdidos com a perturbação, com os ganhos adquiridos com o restauro ecológico. Enfatiza serviços ecológicos do habitat: service-to-service (Strange et. al, 2002) REA Resource Equivalency Analysis - acrescenta as perdas de recursos específicos (ou organismos), por exemplo, a mortalidade da fauna ou a área de habitat perdido (English et al. 2009)
85 Restauro ecológico Restauro preventivo e condições de referência Medidas ambientais de compensação resultantes de obras de dragagem, instalação de unidades fabris: Delaware Bay, the Public Service Enterprise Group (sector energia 4000 ha), Cargill Salt Company, na Califórnia (produção de sal 6000 há) Recriar condições semelhantes ao habitat original (Neckles et al. 2002); inclui remoção de espécies invasoras e de estruturas de controle de maré Gerar noutro local, a partir de sedimentos de sapais dragados, um ecossistema de sapal, totalmente artificial em alguns casos a vegetação recupera, mas discute-se as suas funções ecológicas
86 Restauro ecológico Restauro para maximizar os serviços de ecossistema INDIRECTO DIRECTO Introdução de espécies de sapal alto + invasoras de sapal baixo com objectivo de regular o ciclo de nutrientes das águas de escoamento poluídas: antigos sapais junto a aeroportos, portos, zonas húmidas junto a áreas industriais e auto-estradas? fixação Escala Duração Custos Viabilidade Restauro Recuperação do perfil morfológico e da vegetação com objectivo de prevenir/minimizar efeitos da subida do nível do mar. Introdução de espécies autóctones para de carbono
87 Instrumentos 1. O elenco florístico é uma etapa prévia e fundamental antes de se iniciar a análise da vegetação. Consiste na identificação de todos os taxa existentes na área de trabalho, para tal procede-se à recolha dos indivíduos morfológicamente diferentes (ir na altura da floração) 2. O inventário florístico Onde fazer o inventário? Que área escolher?
88 Instrumentos 75% a 100% 50% a 75% Intrumentos 25% a 50% % a 25% 1% a 10% 0,1% a 1% 2 1 < 0,1% + r
89 Instrumentos
90 Instrumentos
91 Instrumentos Método Utilidade Materiais Tempo/precisão Problemas Concentração de sedimentos em suspensão (SSC) Quantidade sedim que potencialmente se depositam 1 - Retirar amostras água Filtrar, secar e pesar (g/l] [+usados sapais] Deposição de sedimentos (sediments deposition) Acreção / erosão (surface-elevatiom change) Sedimentação actual g/m 2 /T Relação com SLR e ajuda a entender dispersão e deposição de outros mat cm mat orgânica Inclui acreção, erosão e sedimentação; complementar com SLR [mm/anos) 1 - Filtros de papel(discos de plático debaixo dos filtros) 2 Cilindros abertos-enterrar qs totalmente[atenção à altura e ao diâmetro]-pvc 1 - Marca horizontal[pó de argila brança;tijolo;feldspato] 2 - Pins de erosão-medir a altura total da vara e a parte que ficoi à superfície 1 maré_várias semanas/melhor c volume - p medir fluxo e budget sed as medições são feitas no ínicio e no fim de cada ciclo maré 1- ciclos de maré 1dia-repetir mm local 2 semanas/meses-mm local permite recolha sed 1-meses/anos-grande fiabilidade 2- meses/anos-grande fiabilidade Não quantifica a taxa de deposição actual Boa taxa de sucesso e barata 2- turbulência e perturbação por splash com chuva na maré baixa 1- autocompacção;perda de material nas amostras 2- influência da tubulência;instabilidade
92 Instrumentos
93 Instrumentos
94 Jacobus; Hofstede (2003) Exemplos de medidas de restauro de sapais
95 Exemplos de medidas de restauro de sapais Junior salt marsh habitat naturalist programs offered at West Meadow Creek _offered_at_wes/
96 Tópicos de discussão 1. pressões antrópicas: perspectiva histórica 2. a importância dos sapais no plamenamento local 3. serviços de ecossistemas 4. restauro ecológico: 4.1 value based matrics 4.2 medidas ambientais de compensação
97 bibliografia English, E.; Peterson, C.; Voss, C. (2009) Ecology and Economics of Compensatory Restoration. NOAA Coastal Response Research Center, [Acedido em 2 de Abril de 2012]. Gedan, K. Bromberg; Silliman, B.R. and Bertness, M.D. (2009) Centuries of Human-Driven Change in Salt Marsh Ecosystems. Annual Review of Marine Science, 1: Markandya et al (2008), The economics of ecosystems and biodiversity phase 1 (scoping) economic analysis and synthesis ENV.G.1/FRA/2006/0073, final report. Moreira, M.E.S.A. (1987), Estudo fitogeográfico do ecossistema de sapal do estuário do Sado, Finisterra XXII, 44 Lisboa ( ).
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