VI-117 SITUAÇÃO AMBIENTAL DO SETOR DE GALVANOPLASTIA NO ESTADO DE PERNAMBUCO
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- William Barreiro Casqueira
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1 VI-117 SITUAÇÃO AMBIENTAL DO SETOR DE GALVANOPLASTIA NO ESTADO DE PERNAMBUCO Gilson Lima da Silva (1) Engenheiro Químico pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Mestre em Ciência do Solo pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Agente Fiscal da Companhia Pernambucana do Meio Ambiente - CPRH. Doutorando em Engenharia Química na FEQ/UNICAMP. Maria do Rozário Cézar Malheiros Química Industrial pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Agente fiscal da Companhia Pernambucana do Meio Ambiente CPRH. Pós-graduanda em Gestão e Controle Ambiental pela Politécnica/UPE. Maria das Graças Cruz Mota Engenheira Química pela Universidade Federal de Pernambuco ( UFPE). Pós-graduada em Processos de Indústria Química pelo DEQ/UFPE. Agente fiscal da Companhia Pernambucana do Meio Ambiente. Endereço (1) : Rua Ademar Pires Travasso, 275 -Iputinga - Recife - PE - CEP: Brasil - Tel: (81) gilson@cprh.pe.gov.br RESUMO O setor de galvanoplastia no Estado de Pernambuco não diverge da realidade das demais regiões do Brasil, ou seja se caracteriza geralmente por ser formado de pequenas e médias empresas, com dificuldades de infraestrutura e processos tecnológicos desatualizados. Por conseguinte apresenta um cenário ambiental problemático, marcado por uma completa clandestinidade do ponto de vista do licenciamento ambiental. Este trabalho tem o objetivo de apresentar os resultados do Projeto Galvanoplastia, incluindo o diagnóstico técnico do setor no Recife e Região metropolitana no Estado de Pernambuco, ressaltando as informações levantadas a respeito das condições de controle do processo e do impacto ambiental causado pelos poluentes. A metodologia adotada foi definida através de um processo participativo entre os diversos segmentos envolvidos na problemática, utilizando para isso o Método Zopp, no qual se estabeleceu as principais linhas de ação a serem trabalhadas. A abrangência da amostragem contemplou, Recife e sua Região Metropolitana totalizando um universo de 23 industrias, geralmente de pequeno e médio porte, sendo apenas 05 consideradas de grande porte. Os resultados obtidos permitem afirmar que o Projeto desenvolvido, apesar da resistência do setor em aceitar mudanças, obteve resultados extremamente positivos, a partir da constatação de que 30% da empresas apresentaram sistemas de controle da poluição e melhorias no processo produtivo. Em relação aos benefícios atribuídos ao Orgão Ambiental, constatou-se um reforço na sua atuação, a partir da elaboração do Roteiro de Fiscalização e Licenciamento, o qual se constitui numa ferramenta importante para o controle ambiental da tipologia Galvanoplastia. PALAVRAS-CHAVE: Galvanoplastia, Galvanotécnicas, Galvânicas, Diagnóstico Ambiental, Controle Ambiental, Tratamento de efluentes. INTRODUÇÃO A galvonoplastia é uma técnica de revestimento de superfícies metálicas, ligas metálicas ou óxidos que pode ser obtido por processos de eletrodeposição, anodização ou uma reação química. Através destes processos podem ser revestidos materiais metálicos, poliméricos ou cerâmicos. (CITPAR,1998). O referido tratamento tem a finalidade de proteger certos metais da ação da corrosão, aumentar a espessura, dureza de certas peças e para embelezamento. (BRAILE,1993). O setor de galvanoplastia no Estado de Pernambuco não diverge da realidade das demais regiões do Brasil, ou seja se caracteriza geralmente por ser formado de pequenas e médias empresas, com dificuldades de infra- ABES Trabalhos Técnicos 1
2 estrutura e processos tecnológicos desatualizados. Por conseguinte apresenta um cenário ambiental problemático, marcado por uma completa clandestinidade do ponto de vista do licenciamento ambiental. Preocupado em tentar reverter a realidade desse setor do ponto de vista ambiental, foi elaborado o Projeto Galvanoplastia através de um convênio de cooperação técnica entre os governos do Brasil e Alemanha, cujo objetivo é promover a transferência e adequação de tecnologia para o setor de galvanoplastia, visando sua otimização e a redução da carga poluidora. Este trabalho tem o objetivo de apresentar os resultados do Projeto Galvanoplastia, incluindo o diagnóstico técnico do setor no Recife e Região metropolitana no Estado de Pernambuco, ressaltando as informações levantadas a respeito das condições de controle do processo e do impacto ambiental causado pelos poluentes gerados, bem como as implementações adotadas em algumas empresas a partir do desenvolvimento do Projeto. MATERIAIS E MÉTODOS A metodologia adotada foi definida através de um processo participativo entre os diversos segmentos envolvidos na problemática, utilizando para isso o Método Zopp, no qual se estabeleceu as principais linhas de ação a serem trabalhadas. A abrangência da amostragem contemplou, Recife e sua Região Metropolitana totalizando um universo de 23 industrias, geralmente de pequeno e médio porte, sendo apenas 05 consideradas de grande porte. Para facilitar as ações do Projeto as empresas foram selecionadas em 05 grupos, conforme Gráfico 1. PORCENTAGEM DE EMPRESASPOR GRUPO DE PROCESSO 15% 15% 6% 17% 12% Figura 1: Distribuição das Galvânicas por grupo de processo ANODIZAÇÃO ZINCAGEM CROMAGEM FOSFATIZAÇÃO 15% NIQUELAÇÃO COBREAÇÃO OUTROS Foi definido três linhas de ação básicas a fim de serem trabalhadas pelos diversos parceiros do projeto: 1 Otimização dos procedimentos de licenciamento e fiscalização ambiental para as empresas; 2 - Otimização dos processos tecnológicos; 3- Promoção do acesso às fontes de financiamento. A prioridade na fase inicial do Projeto foi levantar a situação das empresas do setor de galvanoplastia, através da elaboração de um diagnóstico. Para tal foi elaborado um questionário para facilitar a coleta de informações, o qual continha dados de identificação, localização do estabelecimento, número de funcionários e capacitação técnica, tempo de operação, abastecimento de água, instrumentação e controles, pré-tratamento de superfícies, revestimento, conversão de camadas, custos de produtos químicos que geram 2 ABES Trabalhos Técnicos
3 resíduos tóxicos, tratamento de efluentes, medidas de não geração e minimização de efluentes líquidos e layout Os dados obtidos pela equipe de pesquisadores foram consolidados e elaborado um diagnóstico para cada empresa que devidamente sistematizados originaram o Diagnóstico Técnico do Setor de Galvanoplastia da Região Metropolitana de Recife RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados levantados segundo Ponte (1999), permitem afirmar que o perfil da empresas de Galvanoplastia avaliadas, são caracterizadas por pequeno porte, geralmente empresas quase familiares, que funcionam de forma clandestina, sem qualquer infra-estrutura tanto do ponto de vista de processo tecnológico, como sistemas de controle ambiental. Por outro lado o mercado local encontra-se um tanto saturado, ressentindo-se de atividades industriais suficiente para ampliar a demanda por processos de revestimentos galvânicos, conversão de superfície ou anodização, embora haja empresas com boas condições de competitividade. No setor de cromagem, 80% das empresas necessitam de melhorias das condições de piso, de exaustão e de tratamento de efluentes. Em nenhuma empresa constatou-se a existência de laboratório para análise de banhos. No caso do setor de Zincagem, há necessidades de melhorias nas condições de piso e drenagem, como também nos tanques de banhos de zinco. Com relação ao controle de processo apenas 50% apresentam laboratório de análises adequado para o controle dos banhos. Enquanto que apenas das empresas realizam adequadamente o tratamento de seus efluentes. Com relação ao processo de fosfatização, observou-se uma razoável infra-estrutura ociosa, apresentando tanques de banhos em condições indesejáveis, falta de controle de temperatura, ausência de análises de banhos. Apenas 17% das empresas visitadas utilizam ensaios de névoa salina para caracterização da porosidade. O setor de anodização está praticamente representado por 03 (três) empresas, das quais apenas 01(uma) apresenta boas condições de processo, bem como sistema de tratamento de efluentes. De uma forma geral os parâmetros de controle normalmente utilizados no setores de cromagem, zincagem e niquelação/cobreação são densidades de corrente, temperatura de banhos, tempo de processo por etapa e agitação dos banhos. Para análise dos banhos além do controle da concentração dos componentes, utilizam-se também o ph dos banhos, densidade, condutividade, titrimetria e célula de Hull,conforme apresentado nos gráficos 2, 3 e 4 respectivamente. ABES Trabalhos Técnicos 3
4 1 100% 80% 60% 40% 0% Densidade CROMAGEM ph Temperatura Tempo de Processo Densidade de Corrente Figura 2: Controle de processo dos setores de cromagem 60% 50% 40% 30% 10% 0% Cela de Hull Titrimetria e ph Figura 3: Controle de processo dos setores de zincagem 1 100% 80% 60% 40% 0% Titrimetria NIQUELAÇÃO E COBREAÇÃO Cela Hull ph Condutividade Densidade Figura 4: Controle de processo do setor de niquelação e cobreação 4 ABES Trabalhos Técnicos
5 Quanto ao controle ambiental, a maioria das empresas visitadas cerca de 65% não possuíam sistemas de tratamento dos efluentes, descartando seus efluentes sem tratamento diretamente na rede pública de drenagem. De uma forma geral, observa-se que grande parte dos efluentes são gerados sem necessidade, observando-se muitos desperdícios de reativos por falta de controle de processo e falta de utilização de procedimentos mais adequados. Em relação ao controle das emissões atmosféricas, os gases provenientes dos sistemas de exaustão não passam por lavadores de gases, acarretando além de problemas de poluição atmosférica, um incremento na geração dos efluentes provenientes do retorno do condensado dos exaustores. As avaliações realizadas no desenvolvimento do Projeto, permitiram propor alguma sugestões para melhoria do setor de uma forma global. Entre elas, uma em relação a própria organização do setor na forma de uma associação ou cooperativa, facilitando o acesso à capacitação e crédito. Em relação aos recursos humanos há uma necessidade premente de treinamentos na área de segurança do trabalho, controle de banhos, noções básicas de processo, minimização de perdas e tratamento de efluentes. Para o controle do processo é imprescindível que as empresas adotem o controle de banhos, minimizando perdas e utilizando tecnologias mais limpas e ecologicamente menos impactantes, através da substituição de alguns insumos, como por exemplo utilização de passivantes orgânicos em vez de soluções a base de cromo ou processos de zincagem alcalina sem cianeto. (CENATEC,2000). Outra forma de otimização de processo é a utilização de rampas de respingos entre os banhos concentrados e os tanques de lavagem e o controle do tempo de gotejamento que reduzem a contaminação do piso e perda de solução do banho de arraste. Uma outra forma é a adoção do sistema de lavagem em cascata, reduzindo sensivelmente o consumo de água e consequentemente de efluentes a serem tratados. Outro procedimento é o isolamento térmico dos tanques para banhos aquecidos, abrangendo tanto a parte estrutural do tanque como a superfície do banho, propiciando uma redução de consumo de energia. Quanto ao tratamento de efluentes, algumas ações podem ser adotadas de acordo com o tipo de processo. Em relação ao processo de cromagem a construção de um tanque para redução do cromo hexavalente para trivalente, acompanhado de filtro de areia antes do descarte final. No processo de zincagem, construção de tanques independentes para oxidação do cianeto e redução de cromo e tanque de equalização dos efluentes neutralizados. No caso de peças pequenas, pode-se adotar o processo Lancy de destoxificação direta logo após o banho de zincagem. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Através do conhecimento do cenário do setor de Galvanoplastia pelo diagnóstico, pode-se adotar algumas ações para melhorar o posicionamento do setor tanto do ponto de vista de processo tecnológico, como também de controle ambiental, entre elas ressaltamos: Das empresas avaliadas cerca de 18% utilizaram as linhas de crédito disponibilizadas pelo Projeto para implantação de sistemas de tratamento de efluentes; Do total de empresas avaliadas, cerca de já possuíam sistemas de controle ambiental funcionando adequadamente, enquanto que 15% possuem sistemas de controle ambiental necessitando de melhorias. Por outro lado, cerca de 30% das empresas apresentaram projetos de sistema de controle ambiental para avaliação pelo Orgão Ambiental. As empresas demonstraram uma resistência muito grande à organização do setor através de uma associação ou cooperativa, demonstrando entre elas uma competição não salutar que enfraquece o setor e diminui suas chances de consolidação no mercado; A maioria das empresas não aderiram ao Projeto de forma espontâne, cerca de 35% foram intimadas e autuadas pelo Orgão Ambiental, para apresentarem projetos de controle ambiental. ABES Trabalhos Técnicos 5
6 Apenas 13% das empresas participaram dos treinamentos oferecidos pelo Projeto, demonstrando uma falta de visão quanto aos benefícios advindos com a capacitação do ponto de vista de melhorias de processo, como também redução de impactos ambientais; Foi elaborado um Roteiro Complementar de Fiscalização e Licenciamento para a Tipologia Galvanoplastia, como forma de subsidiar as ações de controle ambiental do orgão fiscalizador. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BRAILE, P. M.; CAVALCANTI, J. E. W. A. Acabamento de Metais. In: Manual de 2. Tratamento de Águas Residuárias Industriais. São Paulo: CETESB, cap. 14, p CENTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA SENAI MARIO AMATO - CENATEC. Núcleo da Química. 4. Corrosão/ Eletrodeposição. São Paulo: CENATEC, CENTRO DE INTEGRAÇÃO DE TECNOLOGIA DO PARANÁ- CITPAR. Serviço Integrado de 6. Assessoria para o Desenvolvimento Econômico-Industrial das Pequenas e Médias Empresas do Paraná- 7. SIDEE. Manual de procedimentos para a utilização de tecnologia limpa na indústria galvânica. Curitiba: 8. CITPAR/GTZ, ( Série SIDEE, 18 ). 9. PONTE, H. A. Diagnóstico técnico sobre as empresas do setor de galvanoplastia de Recife e Região 10. Metropolitana no Estado de Pernambuco. Recife: Projeto CPRH/GTZ, ABES Trabalhos Técnicos
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