FORTALECENDO BASES PARA DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL NA ZAMBÉZIA
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- Luiz Fernando Malheiro Pinheiro
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1 Experiencias e lições aprendidas do Projecto de Apoio ao Desenvolvimento Rural na Província de Zambézia (PRODEZA) FORTALECENDO BASES PARA DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL NA ZAMBÉZIA
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3 3 Introdução O projecto Apoio ao Desenvolvimento Rural na Província de Zambézia (PRODEZA) foi um projecto bilateral entre os Governos de Finlândia e Moçambique inicialmente sob tutela do Ministério da Planificação e Desenvolvimento (MPD) e a partir de Janeiro de 2010 passou para o Ministério da Administração Estatal (MAE). Baseado em Mocuba e com duração de 4 anos as actividades do PRODEZA foram iniciadas em Junho 2006 no distrito de Mocuba e mais tarde alargadas também para o distrito de Maganja da Costa. O objectivo do projecto era a redução da pobreza no seio das comunidades rurais, e especialmente das mulheres, através de aumento da produção, processamento e comercialização dos produtos agrários e florestais e promoção das oportunidades de geração de rendimento nas áreas de intervenção do projecto. Para garantir o alcance dos seus objectivos o projecto trabalhava em três áreas (componentes) principais, nomeadamente: 1. Descentralização e Fortalecimento de Organizações Locais 2. Produção Agrícola Sustentável e Gestão de Recursos Naturais 3. Desenvolvimento económico e empresarial O pessoal do PRODEZA As componentes se interligam através da necessidade de fortalecer todos os actores que tomam parte da planificação estratégica distrital (governo, sociedade civil, sector privado). A contribuição efectiva de todos requer que estes sejam devidamente informados e munidos de conhecimentos de carácter técnico e económico para poderem, através do mecanismo do Conselhos Consultivos Locais (CCLs), definir vertentes económicos capazes de sustentar o desenvolvimento do distrito. Assim, a capacitação dos intervenientes ligados a planificação participativa e o funcionamento dos CCLs (componente 1) combinado com o aumento de produção e produtividade da agricultura e recursos naturais (componente 2 ), e a criação de um ambiente favorável a negócios virados ao mercado (componente 3) são factores necessários para que o distrito possa orientar o seu desenvolvimento socioeconómico conforme as potencialidades e necessidades reais do distrito. Tendo a equipe técnica do PRODEZA tido o papel de facilitador, a maior parte das actividades foram implementadas pelos provedores de serviços ou organizações parceiras. Para o feito foram estabelecidos acordos de terciarização de serviços com os organizações/empresas listadas na tabela seguinte. Além dos quatro provedores de serviços terciarizados e para garantir a sustentabilidade das acções foram assinados Memorandos de Entendimento com organizações locais para o estabelecimento de parcerias para a implementação conjunta das acções e ao mesmo tempo para aumentar as possibilidades de capacitação institucional destas (ver a lista das organizações parceiras na pagina?). O PRODEZA priorizou o envolvimento do Governo, principalmente dos Governos Distritais (Maganja da Costa e Mocuba) na monitoria e avaliação das actividades terciarizadas e das realizadas no âmbito dos Memorandos de Entendimento. A Equipa Técnica do Projecto (ETP) se compôs de quatro assessores seniores e quatro juniores conforme a política do financiador que encoraja a contratação dos jovens recém graduados do ensino superior para os projectos com vista a formação em serviço destes. Os técnicos são das empresas Niras Finlândia e Rural Consult de Moçambique que fazem parte do consórcio ao cargo da execução das actividades do PRODE- ZA (Niras, Indufor e Rural Consult). Provedor de serviços MIRUKU Lda Sociedade Cooperativa de Desenvolvimento e Serviços VISÃO MUNDIAL AMODER (Associação Moçambicana para o Desenvolvimento Rural) ZAMBÉZIA ONLINE (ZOL) Provedores de serviços do PRODEZA. Áreas de intervenção no PRODEZA Descentralização, boa governação Capacitação nos processos de planificação participativa; Fortalecimento de organizações locais; Cooperativismo e comercialização Extensão rural Capacitação de grupos/associações de produtores Pecuária (Tracção animal e vacinação de galinhas contra a doença de Newcastle) Administração de créditos para micro, médias e pequenas empresas Tecnologias de informação e comunicação (TICs) Capacitação de utilizadores de TICs
4 4 Organizações parceiras Provedores de Servicos Sociedade Cooperativa de Desenvolvimento e Serviços, MIRUKU Lda, baseada em Nampula, é uma empresa cooperativa provedora de serviços de desenvolvimento Moçambicano focada no empoderamento socioeconómico das comunidades rurais, através da capacitação; assistência ao desenvolvimento de iniciativas empresariais (empreendedorismo) e no fortalecimento institucional, organizacional e técnico de organizações de desenvolvimento e instituições públicas. A MIRUKU se situa na Av. Francisco Manyanga, 739 em Nampua, Tel/ Fax: , correio electrónico: miruku@tdm.co.mz. Visão Mundial é uma ONG internacional, crista e sem fins lucrativos, com sede nos EUA. A Visão Mundial em Moçambique faz intervenções na area de desenvolvimento rural/comunitário, incluindo as áreas de agricultura, saúde & nutrição, educação, assistência social, meio ambiente & aguas, gestão de riscos, cometimento cristão e advocacia. A Visão Mundial tem a sua Sede Nacional na Cidade de Maputo, Av. Agostinho Neto, No 620, Tel: , Fax: , Web: AMODER (Associação Moçambicana para Desenvolvimento Rural) é uma instituição micro financeira vocacionada a prestar serviços financeiros ao empresariado rural ao nível de micro, pequenas e medias empresas impulsionando o desenvolvimento rural virado aos mercados. A sede da AMO- DER se situa na Av. Salvador Allende 1164, Maputo, Tel: / / , Fax: , correio electrónico: trindade.amoder@tvcabo.co.mz. Outros parceiros Zambézia OnLine (ZOL) é um projecto da Maximum Consult Lda, uma empresa Mocambicana do consultaria em aplicações informáticas baseado em Maputo. ZOL pretende pôr a província da Zambézia e todos os intervenientes no processo de desenvolvimento da província, num estado activo, conectados entre si e com o mundo exterior, usando para isso, as novas tecnologias de informação e comunicação. ZOL está situada na Av. Paulo Samuel Kankhomba em Quelimane, Tel: , correio electrónico: carlosbenedito@zambezia.co.mz, Web: PRODEA (Programa de Desenvolvimento Ambiental), é uma ONG local que trabalha nas áreas de meio ambiente, gestão de recursos naturais e desenvolvimento comunitário no distrito de Mocuba. O PRODEA está situado na Av. Che-Guevara em Mocuba, Tel: , , correio electrónico: prodeamocuba@yahoo.com.br. NANA ( Núcleo dos Amigos da Natureza e Ambiente), é uma ONG baseada em Mocuba que trabalha na área de governação, capacitação das comunidades e apoio as crianças órfãs e vulneráveis (COVs). O NANA tem sede na rua Robert Mugabe em frente do Serviço Distrital da Mulher e Acção Social em Mocuba, Tel: , correio electrónico: jorgecardso2020@yahoo.com. NAFEZA (Núcleo das Associações Femininas da Zambézia) é uma Rede de Associações com o objectivo de coordenar e fortalecer as acções da sociedade civil em prol da mulher desfavorecida em toda a Província da Zambézia, especificamente nas áreas de agricultura, educação, saúde, direitos humanos da mulher, combate à pobreza, violência baseada no género e HIV/SIDA. O NAFEZA está situado na Av. 7 de Setembro, 1308 R/C em Quelimane, Tel: , Fax: , correio electrónico: nafeza@tdm.co.mz. RCL (Rádio Comunitária Licungo) é uma organização de propriedade do Instituto de Comunicação Social que produz serviços de radiodifusão para o distrito de Mocuba. RCL tem sede na cidade de Mocuba, na Avenida Josina Machel em Mocuba Tel: AGEMO (Associação de Agentes Económicos de Mocuba) promove, protege e coordena interesses comuns dos seus membros visando a rentabilidade dos vários sectores de actividade empresarial. CIMO Centro de Informação e Negócios de Mocuba faz parte da AGEMO. A sede da AGEMO situa-se nas instalações dos Correios, na Avenida Eduardo Mondlane, em Mocuba, Tel: APAC (Associação de Promoção da Agricultura Comercial) apoia cooperativas de produtores de arroz, caju, milho e amendoim nas províncias de Zambezia, Sofala e Manica na área de comercialização. A sede da APAC está situada na Av. Josina Machel 81-R/C em Quelimane, Tel/Fax: AFORZA (Associação dos Formadores e Consultores da Zambézia) é uma ONG nacional, vocacionada para as áreas de formação e consultoria em prol do desenvolvimento das comunidades rurais e urbanas, promovendo o acesso à informação e formação de utentes interessados. A AFORZA está localizada na Avenida Eduardo Mondlane 486 em Quelimane, Tel/Fax: , endereço electrónico: sngulengule@yahoo.com.br.
5 Componente 1: Descentralização e fortalecimento de organizações locais
6 6 Descentralização e fortalecimento das organizações locais Esta componente contribui para a Boa Governação através do fortalecimento do capital social entre os actores. Um dos objectivos centrais é o fortalecimento dos Conselhos Locais na perspectiva do equilíbrio do género, para serem capazes de tomar decisões estratégicas para o benefício das populações rurais. Para isso, a população rural precisa de informação franca e transparente e de organizações locais fortes que possam advogar em sua causa e há necessidade de capacitação dos governos distritais e OSCs. Para orientar as actividades desta componente, foi elaborado uma Estratégia de Descentralização do PRO- DEZA e a implementação das actividades foi assessorada pela cooperativa MIRUKU através de um contrato de terciarização de serviços. A Estratégia tinha como principais pilares: i) fortalecimento do mecanismo de Instituições de Participação e Consulta Comunitárias (IPCCs) e criação duma Rede de Parceiros de Governação Local, ii) Capacitação da Sociedade Civil, e iii) Introdução de Cadeias de Valor na Planificação Distrital. Na área de informação e comunicação, as principais actividades realizadas através da terciarização de serviços para Zambézia Online eram: i) produção de programas radiofónicos, ii) produção do Boletim Informativo trimestral do PRODEZA, iii) criação do Portal de Internet para o uso dos intervenientes no desenvolvimento distrital de Mocuba, e iv) capacitações na área de tecnologias de informação e comunicação. Realizações e destacar Capacitados 172 (69 mulheres) formadores (assistentes das Organizações da Sociedade Civil de Mocuba e Maganja da Costa e extensionistas, funcionários e membros de ETDs dos Governos Distritais) em (i) Métodos Didácticos e Participativos nos processos de capacitação dos Conselhos Consultivos Locais, (ii) Gestão de Pequenos Negócios, (iii) Planificação Estratégica e Orçamentação, (iv) Desenvolvimento Associativo orientado para Actividades de Rendimento, (v) Governação interna Desenvolvimento Institucional e Organizacional das ONGs Locais. Esboçado um programa de capacitação e monitoria dos Conselhos Consultivos Locais para os níveis de Localidade e Posto Administrativo, que poderá ser actualizado e ajustado às novas mudanças de contexto e implementado, quer ao nível dos distritos abrangidos pelo PRODEZA, quer a uma escala mais alargada, aos restantes distritos da Província. Estabelecido o portal Mocuba Online ( ) que, além de oferecer informação geral sobre o distrito de Mocuba e arredores, oferece outras ferra- mentas e serviços que permitem as empresas, ONG s e instituições governamentais divulgarem na Internet informação sobre as suas actividades e serviços. As capacitações no uso da ferramenta de criação automática de páginas de Internet organizadas pelo PRODEZA para instituições locais resultaram na criação de seis páginas institucionais no ambiente do portal. Produção de programas radiofónicos semanais ( Viva Mocuba ) e programas Rádio ao Vivo que permitiram a divulgação (com maior abrangência) das principais realizações do PRODEZA e outros actores de desenvolvimento rural. Fraquezas e dificuldades encontrados As expectativas criadas sobre o estabelecimento de uma Rede Provincial de Parceiros da Planificação Distrital Participativa que incluísse Organizações da Sociedade Civil trabalhando lado a lado com a DPPF - Zambézia revelaram-se bastante ambiciosas, quando confrontadas com a realidade desta Província. Contudo, o que de facto se verificou foi que nem a DPPF se encontrava efectivamente muito preparada para a colaboração com o PRODEZA (provavelmente devido ao fim do programa PPFD) nem as OSCs se encontravam minimamente preparadas, em termos de conhecimento temático e vocação, para intervir no contexto da governação local participativa. No que se refere à Inclusão das Cadeias de Valor na Planificação Distrital, os avanços não foram significativos. Apesar de várias tentativas para que a abordagem fosse adoptada pelos Governos Distritais, esta não vingou, sendo demonstrado apenas um interesse que nunca passou à prática. Felizmente, muito recentemente, com uma maior ênfase dada à importância do Desenvolvimento Económico Local pelo Governo ao nível nacional começa a surgir algum interesse e uma maior atenção por parte dos Governos Distritais sobre esta temática. Pouco uso de Internet pelo governo, município e organizações locais devido a falta da prática e da visão sobre as vantagens do uso de meios de comunicação modernos. Foi feito menor aproveitamento (pelas pessoas do Governo e Município de Mocuba) das capacitações organizadas pelo PRODEZA, principalmente por falta de tempo para participarem integralmente nas formações, aparentemente devido a sobrecarga de agenda das pessoas mais indicadas para serem capacitadas.
7 7 Lições aprendidas Existe uma motivação genuína e grande empenho por parte dos membros dos Conselhos Consultivos ao nível da Localidade e Posto Administrativo de aplicar o que está legislado no Regulamento da LOLE e no Guião sobre a Organização e Funcionamento dos Conselhos Locais. A sua operacionalização poderia impulsionar grandemente o processo de Descentralização e Governação Local participativa, incluindo a Planificação Distrital, estratégica e operacional / anual, que deveria ser devidamente equacionada e potenciada pelos níveis Distrital e Provincial para que seja efectivada, a participação das comunidades na priorização e resolução dos seus problemas e anseios. Deveria existir um movimento real da Província para o Distrito no sentido desta (os quadros intermédios da DPPF) concentrarem atenção particular nos recursos disponibilizados pelo PRODEZA para que Mocuba e Maganja da Costa possam efectivamente marcar uma diferença positiva influenciando melhorias do processo de Planificação Distrital. Recomenda-se Uma colaboração mais efectiva dos assessores do PRODEZA e pessoal da Equipa Técnica Distrital (ETD) para que, num processo contínuo de formação e capacitação em serviço da ETD influenciem positivamente a sua cultura de trabalho e profissionalismo. Continuar com o foco no melhoramento de informação e comunicação como um tema transversal no funcionamento das instituições e organizações rurais. O governo e município de Mocuba assim como o sector privado precisam de aumentar o uso de Internet para se comunicarem com o publico e também divulgarem as potencialidades das instituições de Mocuba.
8 Componente 2: Produção agrícola e gestão sustentável de recursos naturais
9 9 Produção agrícola e gestão sustentável de recursos naturais O enfoque da Componente é de aumentar a produção agrícola e a produtividade e contribuir para uma gestão sustentável dos recursos naturais. O projecto concentra em produtos potenciais proporcionando os serviços de extensão, assistência técnica e apoio em termos de comercialização dos produtos produzidos. As actividades incluem a promoção do acesso seguro a terra e aos recursos naturais através da disseminação da legislação pertinente e a sensibilização das comunidades locais no que respeita os seus direitos a terra. Com a terciarização de serviços extensão rural/agrária a maioria das actividades agro-pecuárias está sendo implementada através da Visão Mundial/PSAMO. O PRODEZA assiste, através do PSAMO (Projecto de Segurança Alimentas nos distritos de Mocuba e Maganja da Costa), cerca de 4000 produtores em actividades inseridas em 5 componentes, nomeadamente, (i) Apoio à Produção Agrícola, (ii) Pós-colheita, (iii) Comercialização de produtos agropecuários, (iv) Pecuária (vacinação de galinhas contra a doença de Newcastle e tracção animal) e (v) Organizações Baseadas na Comunidade (grupos/associações). Na área de gestão de recursos naturais a maior parte das actividades foram realizadas por uma organização local (PRODEA Programa de Desenvolvimento Ambiental) através de duas modalidades (Memorando de Entendimento e dois projectos no âmbito do Fundo Boa Governação). Estas modalidades constituíram uma oportunidade de o PRODEA ser fortificado técnica e institucionalmente. Realizações a destacar Integração de aspectos que aumentarão a diversificação da produção agrícola e pecuária e a sustentabilidade das actividades do programa da extensão rural através de capacitação de facilitadores (24) e vacinadores (81) comunitários. Estes agentes são pessoas das comunidades e, com auxílio dos extensionistas, vão fazendo assistência permanente aos grupos de produtores (96) assim como a produtores individuais. Os vacinadores comunitários contribuíram significativamente para o sucesso do programa de vacinação de galinhas contra a doença de Newcastle. A elevada aderência dos produtores revela a importância que a galinha tem para as comunidades em termos de nutrição e fonte de rendimento. Capacitação multidimensional e apoio intensivo ao processo de criação de 2 conselhos e 1 comité de gestão de recursos naturais no âmbito do Diploma Ministerial 93/2005 (vulgo 20%). Além de abertura de contas bancárias para a recepção dos fundos de 20%, os participantes foram capacitados em aspectos de combate/controle de queimadas e erosão, e também no fortalecimento das suas actividades de geração de rendimentos visando a criação de associações produtivas e economicamente viáveis. Com envolvimento de PRODEZA e parceiros, 3 seminários (2 provinciais e 1 de centro de pais) sobre a gestão sustentável de recursos florestais foram realizados que resultaram em recomendações especificas a todos principais actores na área maneio dos recursos florestais. Extensionistas de SDAE (Serviço Distrital de Actividades Económicas) foram integrados nas formações feitas para os técnicos de Visão Mundial e nas capacitações organizadas pelo PRODEZA. A capacitação em serviço também mostrou-se ser um método útil para o fortalecimento das capacidades e habilidades técnicas dos técnicos dos SDAE s. Fraquezas e dificuldades encontrados Na província de Zambézia e especialmente nos distritos de Mocuba e Maganja da Costa ainda é fraca a cultura de trabalhar em grupo como resultado de fraco movimento associativo, apesar de parte dos produtores terem sido submetidos a experiências anteriores com ONG s e outros actores relevante de desenvolvimento;
10 10 Os primeiros comités de gestão de recursos naturais (formados sem envolvimento do PRODEZA) tinham sido mal formados e possuindo na sua constituição pessoas que não deviam fazer parte dos comités. A prestação de contas e transparência era quase inexistente. O SDAE tem poucos técnicos com conhecimento suficiente em aspectos ligados implementação do Diploma Ministerial 93/2005; A maioria dos produtores de Mocuba e Maganja da Costa ainda tem fracos conhecimentos técnicos e de mercado produzindo basicamente para a subsistência e com pouca ou nenhuma visão comercial. Lições Aprendidas O tempo de implementação de actividades pela Visão Mundial foi relativamente pouco (18 meses) para ter resultados bastante visíveis, principalmente porque na maior parte das áreas abrangidas pelo projecto pratica-se agricultura de sequeiro; As actividades da implementação de projectos ligados ao Diploma Ministerial 93/2005 precisam de maior acompanhamento das instituições dos governos distritais, concretamente os SDAE s, A terciarização de serviços precisa de ser acompanhado por um forte sistema de monitoria por parte do contratante e das instituições do governo Recomenda-se Aumentar as sinergias com SDAE s e outros projectos/organizações que actuam nas áreas de intervenção do PRODEZA com vista a garantir a sustentabilidade das acções em curso; Os facilitadores comunitários e vacinadores comunitários devem ser ligados aos SDAE s e projectos/organizações que trabalham na área de extensão rural; Antes de entrega às comunidades do dinheiro relativo ao 20% devem ser criadas condições básicas necessárias. Isso inclui (i) a capacitação dos representantes das comunidades em questões básicas de gestão, (ii) abertura de contas bancárias em nome das comunidade (comités/conselhos), (iii) sessões de esclarecimento sobre a origem e finalidade dos valores de 20%, (iv) iniciar a discussão sobre a aplicação do dinheiro em projectos comunitários, entre outros aspectos. Que o PRODEA continue a trabalhar fortemente na área de gestão de recursos naturais e que realize as suas actividades em coordenação com os SDAE s.
11 Componente 3: Desenvolvimento económico e empresarial
12 12 Desenvolvimento Económico e Empresarial Esta componente visa a organização e resposta de propostas orientadas pela demanda para o apoio a negócios sustentáveis e rentáveis baseados nas áreas rurais e ao mesmo tempo promover a ligação entre os produtores aos mercados. Para este fim, o projecto proporciona assistência financeira e técnica a diferentes grupos de produtores e empresas rurais; e fortalecimento organizações de produtores existentes para que elas se tornem comercialmente orientadas e financeiramente sustentáveis, incluindo apoio para estabelecer um mecanismo de comercialização comercialmente viável baseado em princípios cooperativos. A administração do fundo de crédito está ao cargo de uma instituição micro-financeira (AMODER) com o objectivo de conceder financiamentos às micro, pequenas e medias empresas de Mocuba e Maganja da Costa, no âmbito de terciarização de actividades/ serviços do PRODEZA. Realizações a destacar O fundo de crédito do PRODEZA financiou mais de 800 projectos das empresas locais durante os primeiros 18 meses de funcionamento. Desenvolveu-se também um produto pioneiro em Moçambique chamado crédito de inventario destinado às associações de produtores com armazéns. Capacitação de mais que 80 formadores pertencendo a seis organizações locais e membros da equipe técnica distrital (ETD) em empreendorismo, desenvolvimento associativo de grupos de produtores e planos de negócios. Algumas destas organizações também beneficiaram do apoio do PRODEZA para elaborar planos estratégicos para melhorar o seu funcionamento organizacional. Através da utilização desta rede de formadores especializados, o PRODEZA capacitou mais que empresários, incluindo todos os beneficiários de OIIL de 2008 e 2009 e membros do governo em gestão do negócios e outras áreas como legislação tributária e laboral, que contribuem para o melhoramento do ambiente de negócios nos distritos. Fortalecimento da cadeia de valor de arroz da Zambézia e do movimento de cooperativas comerciais da província em geral, e a cooperativa de Mudhe Mone (Maganja da Costa) e a Empresa Orizicola de Zambézia (Nicoadala) em particular através da parceria com a APAC (Associação para a Promoção de Agricultura Comercial). Fraquezas e dificuldades encontrados Fraca participação do governo, e outros parceiros chaves como a AGEMO, no planeamento, implementação e monitoria das actividades do PRODE- ZA por razoes de falta de pessoal qualificada e/ou sobrecarga dos dirigentes; Os grupos de camponeses, incluindo a cooperativa comercial de arroz, não foram capazes de absorver os novos conhecimentos duma forma íntegra no durante a implementação do projecto por causa da fraca base de conhecimentos na área de gestão de negócios e dinheiro; Constrangimentos sociais, educacionais e falta de auto-confiança e controle de bens limitaram a participação da mulher no serviço do crédito e dentro dos grupos de produtores;
13 13 Dificuldades de dirigir o componente do crédito mais para a produção e processamento comerciais dos produtos agrícolas e florestais por estes serem ainda na fase embrionária. Lições aprendidas Não há corta-matos para desenvolvimento rural sustentável; é preciso investir de uma maneira significativa na capacitação técnica e institucional do governo e parceiros para criar uma base sólida de implementação de actividades; A necessidade duma forte analise de género como ponto de partida que serve para guiar o desenho das componentes e actividades. É trabalhoso introduzir mudanças significativas na plena execução do projecto, especialmente no esquema de terciarização de actividades. Recomenda-se Continuação da componente do credito com ênfase dirigido mais para cadeias de valor agrícolas e florestais, incluindo o desenvolvimento de novos produtos financeiros apropriados para os grupos alvo do Projecto como por exemplo credito de inventario para as associações de produtores ou grupos solidários para mulheres. Mais enfoque na formação empresarial com contratação dum provedor permanente deste serviço permitindo a provisão da formação empresarial aos mutuários do crédito antes da recepção dos fundos e o seguimento da aplicação da formação nas pequenas empresas dos mutuários. Continuação do apoio técnico ao mecanismo do OIIL/FDD de modo a fortalecer a capacidade dos governos distritais a utilizar o esquema duma maneira mais estratégico promovendo o desenvolvimento económico local com enfoque nas cadeias de valor prioritárias. As experiências e as lições aprendidas em Mocuba nesta area devem ser rapidamente expandidas e aplicadas de maneira mais eficiente e eficaz no distrito de Maganja da Costa.
14 14 Metodologia de fortalecimento dos Conselhos Consultivos Locais com o apoio do PRODEZA O mecanismo de Conselhos Consultivos Locais (CCLs) foi criado para formalizar a participação comunitária na governação local. O papel desses órgãos consultivos é de transmitir aos Órgãos Locais do Estado as opiniões e preocupações das comunidades locais, e de colaborar com as autoridades distritais na disseminação da informação para as comunidades. Á luz da legislação (Lei das Órgãos Locais do Estado -LOLE - e seu Regulamento e o Guião sobre a Organização e o Funcionamento dos Conselhos Locais), tal como em outras partes do país, foram criados na Província da Zambézia os Conselhos Consultivos Locais (CCLs) aos níveis de Distrito, Posto Administrativo e Localidade, não estando ainda estabelecidos ao nível da Povoação. Além dos CCLs, a Lei reconhece os fóruns locais, os comités comunitários e os fundos de desenvolvimento comunitário. Está previsto na legislação que os CCLs participem na preparação dos planos de desenvolvimento e orçamentos, façam comentários sobre as propostas e aprovem os planos de trabalho e os relatórios do Governo Distrital. O problema Os membros das Equipas Técnicas Distritais (ETDs), na sua generalidade, apesar de conhecerem com mais ou menos profundidade a temática da Planificação Distrital Participativa na sua interacção com os CCLs, carecem ainda do domínio das metodologias participativas para interagirem de forma eficaz e eficiente na transmissão dos conhecimentos para os membros dos CCLs. Deste modo torna-se difícil maximizar a apreensão de muitos aspectos cujos conceitos são totalmente novos. Esta problemática também se verifica numa grande parte dos assistentes de terreno das organizações da Sociedade Civil que, apesar de estarem em permanente contacto com as comunidades, não dominam metodologias adequadas para que os beneficiários das suas intervenções se apropriem do seu próprio desenvolvimento, continuando a encará-lo como sendo da responsabilidade das pessoas exógenas à comunidade. Além disso, as organizações da Sociedade Civil da Província da Zambézia parecem desconhecer ou não terem o domínio das formas adequadas de como participar no processo de capacitação dos Conselhos Locais, mormente nos níveis abaixo do Posto Administrativo. A nossa abordagem A abordagem do PRODEZA foi a formação de formadores (membros das ETDs e OSCs) na matéria de Aprendizagem do Adulto, Comunicação Efectiva, Género e Desenvolvimento, Diagnóstico Rural Participativo, Conceito de Sociedade Civil e o seu Papel nos processos de (Boa) Governação Local com o objectivo de criar um recurso permanente e multidisciplinar para que o governo distrital possa capacitar os membros dos CCLs em colaboração com as organizações da sociedade civil duma forma eficaz. Pretendeu-se também estabelecer uma Rede de Parceiros da Governação Local com o objectivo de coordenar e monitorar as actividades ao nível provincial liderada pelo Governo Provincial da Zambézia. Os resultados Existência de 62 Formadores nos distritos de Mocuba e Maganja da Costa, que incluem membros das ETDs, Chefes de PAs e Assistentes de Terreno de algumas ONGs locais parceiras do PRODEZA, capacitados em métodos didácticos e participativos para, posteriormente, se avançar com um programa de capacitações de reciclagem das matérias já dadas, ao nível dos membros dos Conselhos Consultivos Distritais (CCDs) e Conselhos Locais de Postos Administrativos (CLPAs) e de provisão das primeiras capacitações para os membros dos Conselhos Locais de Localidades (CLLs). Desenhada uma metodologia e currículo padrão para ser usado nas formações, também como um sistema de Monitoria e Avaliação do processo. Não foi possível estabelecer, até ao momento, uma Rede Provincial de Parceiros de Governação que incluísse OSCs trabalhando lado a lado com a DPPF/ PPFD Zambézia, devido à pouca preparação / hábito de ambas as partes para este tipo de colaboração, em termos de conhecimento temático e vocação para intervir no contexto da governação local participativa. As lições aprendidas e conclusões Equipas multidisciplinares de ONGs locais e as ETDs permitem a constituição de recursos humanos mais alargados e multifacetados, os quais, pertencendo a diferentes sectores da sociedade (Governo e Sociedade Civil) contribuem ao fortalecimento da governação participativa, providenciando também um ponto de entrada para a participação da SC no processo.
15 15 Os métodos didácticos e participativos servem, não apenas para trabalhar com os CCLs mas também para melhor actuar nas diversas intervenções relacionadas com os projectos de desenvolvimento onde o governo e/ou as organizações locais estão ou virão a trabalhar (OIIL, associativismo, gestão de recursos naturais, assistência social aos grupos desfavorecidos). A participação na Formação de Formadores de dois deficientes visuais mostrou a importância de formadores portadores de deficiência para a implementação do Princípio da Representatividade patente no Guião dos CCLs. Para impulsionar a eventual criação duma Rede Provincial de Governação deve-se primeiro focalizar nas OSCs ao nível do Distrito com vista à constituição duma Rede Distrital de Parceiros da Governação Local. Esta rede teria como o objectivo de coordenar as actividades com o Governo, participar na elaboração e implementação e monitoria dos Planos Económicos do Desenvolvimento Distrital (PEDDs) e Planos Económicos Sociais do Orçamento Distrital (PESODs). No processo de simplificação/harmonização dos procedimentos é sempre necessário e importante ter em conta a legislação e processos do Governo de Moçambique relativos a governação local e descentralização.
16 16 A abordagem integrada de cadeias de valor do PRODEZA A abordagem de cadeias de valor enfoca-se na criação de competitividade dum produto através duma abordagem virada às exigências do mercado. Produzindo co m a orientação ao mercado adiciona valor e faz com que os compradores estejam dispostos a aumentar os preços que pagam para os produtos ao potencial beneficio de todos os actores envolvidos na cadeia de valor. Os agricultores da subsistência na Zambézia, como em muitas partes, são pouco produtivos, produzindo principalmente para auto-consumo e comercializando os seus pequenos excedentes quando acontece. Faltando condições de armazenamento e devido ao fraco nível organizacional dos camponeses, os produtos agrícolas são vendidos imediatamente depois da colheita, muitas vezes em moldes individuais, em pequenas quantidades, com misturas de variedades, tamanhos e qualidades, frequentemente em mal estado da conservação. Nesta situação, os compradores pagam preços muito baixos pelos produtos facto que não encoraja nem permite os camponeses a investirem em tecnologias que poderiam melhorar a sua produção. Na Zambézia existem poucas empresas que processam produtos agrícolas, em parte devido a falta de crédito, mas também por causa de problemas para encontrar quantidades e qualidades suficientes de produção para justificar os negócios. O problema As cadeias de valor agrícolas na Zambézia adicionam pouco valor sendo assim ineficientes e não competitivas e deixando os participantes, produtores em particular, com baixos retornos. Assim os produtores não têm motivação de tomar medidas para melhorar a qualidade e quantidade da sua produção. A nossa abordagem Na situação sócio-economica de Mocuba e Maganja da Costa optou-se em focar mais na primeira parte da cadeia, ou seja na produção e nos pequenos produtores e respectivo(a)s grupos/associações, acompanhada pelas actividades de apoio nas áreas que iriam fortalecer as suas organizações. A ideia era de simultaneamente facilitar a criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento económico geral através de actividades que visam melhorar o planeamento distrital em torno de certos produtos estratégicos como milho, feijões e/ou amendoim no caso de Mocuba e arroz para Maganja da Costa e também aumentar as possibilidades de intervenção do sector privado na comercialização através dum fundo de credito. Procurou-se promover, sempre que possível, sinergias entre vários actores e intervenções complementares (produtores, associações/cooperativas, sector privado e governo) com vista a fortalecer as condições necessárias para a criação/fortificação de cadeias de valor na área do Projecto. Os resultados Vertente de produtores Mais que pequenos produtores capacitados, através da terciarização das actividades à Visão Mundial, na produção e comercialização de alguns produtos estratégicos para geração de rendimentos e segurança alimentar. Foram introduzidas variedades melhoradas para a multiplicação de sementes com o objectivo de tornar esta actividade a um negócio para os produtores; Criado um Centro de Tracção Animal em Mocuba e formados 21 criadores com vista a aumentar as áreas de cultivo e o transporte de mercadorias; No âmbito de parcerias publico- privadas, 15 associações (cerca de 350 pequenos produtores) foram ligadas a um retalhista local de sementes que providencia insumos e assistência técnica (supervisada pela ADRA) e garante o mercado para a semente de qualidade produzida pelas associações e grupos; Estabelecida parceria com o Governo Distrital de Mocuba para incentivar a produção de comida e criação de empregos através do mecanismo de Orçamento de Investimentos de Iniciativas Locais (OIIL). Neste contexto, quase 600 beneficiários dos anos 2008 e 2009 foram capacitados em gestão de pequenos negócios; Cerca de camponeses (35% mulheres) beneficiaram em 2008 e 2009 das feiras de insumos promovidas em parceria com os governos dos distritos de Maganja da Costa e Mocuba, através dos respectivos SDAEs; Cursos de alfabetização funcional (através de ADPP trabalhando com grupos de produtores da ADRA) foram realizados com vista a aumentar as habilidades dos produtores vulneráveis, especialmente mulheres, de saber ler, escrever e também como entender conceitos importantes para negócios como medidas e preços. Vertente de associações/cooperativas As organizações parceiras PRODEA e NAFEZA capacitadas na matéria de desenvolvimento associativo e posteriormente assistindo 18 grupos de produtores com vista a torna-los em associações
17 17 empreendedoras com a produção sustentável e mais virada para o mercado; A cooperativa de Mudhe Mone em Nante, Maganja da Costa, foi fortalecida em colaboração com APAC (Associação de Promoção de Agricultura Comercial) nas seguintes áreas; a) Melhoramento de infra-estruturas (armazéns e sala de selecção); b) Capacitação institucional; c) Avaliação do potencial da entrada do arroz de Nante nos mercados de comércio justo/ orgânico; d) Montagem de um sistema de controle interno (SCI) - um dos pré-requisitos para entrar no mercado do comercio justo/orgânico O movimento de cooperativas comerciais na Zambézia fortalecida através de capacitação das Direcções das cooperativas de Mudhe Mone (Nante), Taquia (Nicoadala), Nivurea (Namacurra) e Malissa Ucherengue (Mopeia) na gestão e planeamento financeiros; Fortalecido o planeamento estratégico da APAC para melhorar a assistência às cooperativas do 1º grau (produtores) e a Empresa Orizicola da Zambézia (EOZ) do 2º grau (processamento e comercialização); Realizado um estudo do mercado doméstico e regional para o arroz; Estabelecido um esquema piloto de crédito de inventário com 8 associações nos distritos de Mocuba (milho e feijão bóer) e Maganja da Costa (amendoim) implicando a reabilitação de armazéns para guardar a produção (PRODEZA), assistência técnica às associações (ADRA) e empréstimo de 25% do valor da produção (AMODER) utilizando a produção armazenada como colateral até a venda com melhores preços para os produtores. Vertente do Sector Privado Estabelecido um fundo de crédito administrado pela AMODER para conceder financiamentos às micro, pequenas e medias empresas. No inicio de 2010, 24% da carteira foi concedido para a comercialização e processamento agrícola e florestal por empresários individuais de Mocuba e Maganja da Costa; Parceria com a Associação dos Agentes Económicos de Mocuba (AGEMO) com vista a capacitar os empresários locais em diversas matérias do seu interesse; Realizado um seminário para identificar, juntamente com os intervenientes privados e públicos, os vectores do desenvolvimento económico dos distritos (Mocuba e Maganja da Costa), sobretudo as cadeias de valor agrícolas, e para analisar os seus constrangimentos e definir acções adequadas para alivia-los. Vertente do Governo Iniciado o processo da integração dos aspectos do desenvolvimento económico local (DEL) no planeamento participativo e estratégico nos dois distritos focalizando nas cadeias de valor dos produtos estratégicos;
18 18 Integrados os técnicos dos SDAEs em todas as capacitações na área de extensão rural e foi também providenciada a formação em serviço; Reabilitadas em Mocuba três casas para extensionistas (ex-casas agrárias) e quatro represas para serem utilizadas por quatro grupos/associações produtores (que receberam financiamento no âmbito de OIIL). Lições aprendidas e conclusões Leva pelo menos cinco anos para criar bases para associativismo e um ambiente mais favorável ao empreendedorismo no meio rural como Mocuba e Maganja da Costa onde o hábito de trabalhar juntos para o bem comum é fraco. Mesmo assim, acreditamos que já foram criadas as bases sólidas para outras intervenções mais focadas nas cadeias de valor de produtos/ serviços estratégicos. Resultados das sinergias da nossa abordagem já estão a aparecer, como por exemplo o inicio do crédito de inventário para associações com armazéns, e a parceria publico-privada para a produção certificada de semente. Claramente, estas sinergias ainda são embrionárias e carecem de muito fortalecimento no futuro próximo. O esquema para parcerias publico - privadas parece prometedor como um mecanismo eficiente e sustentável para fomentar a produção agrícola ligada ao mercado dado que há uma compartilha do risco e do investimento entre as partes envolvidas.
19
20 20 Fortalecendo o desenvolvimento económico local através do mecanismo de OIIL No ambito de descentralizacao, desde 2006 todos os distritos de Moçambique passaram a receber anualmente, directamente do Governo Central de Mocambique, o Orçamento de Investimentos de Iniciativas Locais (OIIL) actualmente designado Fundo de Desenvolvimento Distrital vulgarmente mais conhecido por 7 milhões - para financiar projectos locais, dos grupos/associações/cooperativas ou indivíduos, que os Conselhos Locais avaliassem ir mais ao encontro das necessidades do desenvolvimento do distrito em termos de produção de comida, geração de rendimentos e criação de postos de trabalho. Em 2009, o governo do distrito de Mocuba recebeu cerca de 10 milhões de meticais para os fundos de OIIL (provenientes do Governo Central e um valor adicional do PRODEZA) e financiou 148 projectos. A maior parte dos investimentos foram dirigidos para a área de comercialização agrícola seguida pelas areas de produção de comida e geração de rendimentos. O problema Os principais problemas identificados tanto pelos governos dos distritos de Mocuba e Maganja da Costa como pelo PRODEZA, são similares aos problemas nacionais, nomeadamente: 1) A fraca capacidade dos mutuários gerirem adequadamente os fundos recebidos; 2) A falta de seguimento/monitoria dos projectos por parte do Governo. 3) O baixo nível de reembolso dos empréstimos. Menos de 5% do valor é devolvido aos governos distritais; 4) A fraca participação dos Conselhos Consultivos Locais no processo de avaliação, aprovação e monitoria dos projectos. A nossa abordagem Em colaboração com os governos locais, o PRODEZA identificou a selecção mais estratégica dos projectos, a capacitação dos mutuários e visitas contínuas de mo- nitoria e assistência como sendo vertentes que podem aumentar o impacto e a sustentabilidade dos fundos de OIIL. Por isso se realizou: Capacitação de todos os mutuários nos distritos de Mocuba e Maganja da Costa, antes de receber os fundos, na matéria de gestão de pequenos negócios, baseado no manual Comece o seu Negocio, da OIT (Organização Internacional de Trabalho); Assistência técnica consistente ao governo de Mocuba em todo o processo da implementação do mecanismo de OIIL nomeadamente organização do processo, selecção e avaliação de projectos, apoio a implementação das actividades e monitoria e avaliação dos projectos; Criação de uma equipa conjunta de assistência e monitoria dos projectos consistindo de alguns membros de organizações locais, (PRODEA e NANA) e da Equipa Técnica Distrital com a assistência directa do PRODEZA. Este grupo foi formado em métodos didácticos e participativos, princípios de associativismo e elaboração de planos de negócios simplificados. Ligação de grupos interessados a um programa poupança e crédito em parceria com o Projecto HOPE e; Financiamento dos governos distritais para a monitoria de projectos de OIIL no âmbito do Fundo Boa Governação.
21 21 Os resultados Os principais resultados do apoio até agora são: 523 beneficiários de OIIL (105 mulheres) formados em gestão de pequenos negócios nos distritos de Mocuba e Maganja da Costa em 2008 e 2009; 79 grupos/associações dos beneficiários de 2009 de Mocuba atendidos através de visitas no lugar das actividades com objectivo principal de apoiar na elaboração dum plano de negócios; A Equipa Técnica Distrital de Mocuba capacitado em serviço na organização do processo e na gestão e monitoria dos projectos; Membros das Conselhos Consultivos Locais sensibilizados sobre a responsabilidade que têm no acompanhamento dos projectos e devoluções dos montantes emprestados; Capacitados os Chefes de Postos Administrativos e outro pessoal administrativo na informática e na criação de bases de dados para o fim de gestão e monitoria dos processos; Para facilitar a avaliação das propostas em 2010, foi desenhado um formulário de elaboração de propostas e solicitação de fundos que os proponentes obrigatoriamente têm que preencher. O formulário inclui um plano de actividades e de negócio, um dos aspectos importantes que os proponentes dos anos anteriores raramente tomavam em consideracao. O formulário e os critérios foram divulgados pelas equipes conjuntas (ETD-OSC) nos três postos administrativos do distrito de Mocuba e os membros dos CCL s foram formados na matéria; Monitoria dos projectos de OIIL (Mocuba) e OIIL e 2008 (Maganja da Costa) foram feitos com o Fundo Boa Governação do PRODEZA, mas falta monitoria de forma sistemática e normal nos dois distritos devido a escassez de recursos humanos, financeiros e conhecimentos para esse fim. Lições aprendidas e conclusões O maior constrangimento ao desenvolvimento económico através dos fundos de OIIL parece ser que o dinheiro em muitos casos não está a ser usado muito eficientemente. Para ter mais impacto os mutuários deveriam aumentar o volume do negócio (ou no caso de negocio pouco lucrativo fazer outra actividade dentro dos princípios de OIIL) e assim multiplicar o lucro e a criação de empregos ao longo prazo. Depois das primeiras rondas de monitoria constatou-se também que apesar de terem sido formados, as próprias equipas conjuntas de monitoria (ETD e OSCs) têm dificuldades com os princípios de negócio e por isso a assistência aos mutuários não foi o melhor possível. Foi decidido dar a equipa uma reciclagem na matéria de gestão de negócios. Com este processo foi possível notar que é preciso manter o nível de conhecimentos dos assistentes através de capacitações contínuas. A fraca devolução dos empréstimos pelos mutuários poderá aumentar e ficar mais problemático se o governo não implementar algum tipo de sanção as pessoas e grupos/associações envolvidas. A falta de medidas punitivas pode fazer com que mais mutuários não procedam ao reembolso dos valores dos empréstimos.
22 22 Sustentabilidade de desenvolvimento rural aumentado pelo PRODEZA através de facilitadores comunitários A agricultura e pecuária são as principais actividades praticadas pela população dos distritos de Mocuba e de Maganja da Costa. Nestes distritos a assistência aos produtores é feita muitas vezes por algumas Organizações Não Governamentais (ONG s) em apoio a rede de extensão publica. No âmbito de implementação do PRODEZA a assistência técnica dos produtores é feita através de terciarização dos serviços a um provedor (Visão Mundial). A Visão Mundial assiste os produtores de 2 Postos Administrativos de Mocuba (Namanjavira e Mugeba) e do Posto Administrativo de Baixo Licungo Nante, no Distrito de Maganja da Costa. Neste processo foram abrangidos cerca de chefes de agregados familiares distribuídas em 6 localidades. Com vista a garantir uma melhor cobertura das áreas de intervenção os extensionistas trabalham em estreita colaboração com agentes comunitários de desenvolvimento (facilitadores comunitários e vacinadores comunitários). Estes são produtores residentes nos locais de intervenção do projecto eleitos pelos membros da comunidade para servirem os interesses da comunidade. O problema Tal como acontece na maior parte da província de Zambézia e pais em geral existe no seio dos SDAE s de Maganja da Costa e Mocuba e parceiros uma reduzida capacidade de prestar assistência adequada (qualidade e quantidade) aos produtores. Entre os vários, aspectos concorrem para esta situação (i) a existência de poucos técnicos, (ii) a baixa capacidade logística e técnica de os extensionistas SDAE s e parceiros providenciarem serviços de extensão e (iii) a dispersão da população. Experiências anteriores mostraram que muitas vezes depois de terminada a intervenção de ONG s e projectos o processo de desenvolvimento fica estagnado e em alguns casos até regista-se um retrocesso, por um lado porque as actividades são inteiramente organizadas e conduzidas por pessoas externas, os extensionistas e outros agentes. Esta situação tem sido resultado do facto de haver pouco envolvimento das populações e da situação de dependência que algumas intervenções criam. A nossa abordagem O PRODEZA prioriza a assistência dos produtores através de grupos/associações com vista a permitir que mais produtores sejam abrangidos e com uso eficiente dos recursos. Foram seleccionados e capacitados 24 facilitadores comunitários os quais cada um é responsável por assistir 4 grupos de produtores (em media 16 pessoas/grupo). Para garantir uma adequada assistência aos produtores os facilitadores comunitários foram capacitados em diversos aspectos de produção agro-pecuária. Apesar de o modelo de treinamento ser em cascata (Formador Extensionista Facilitador comunitário Produtores) algumas capacitações dos produtores foram feitas pelo extensionistas devido ao facto de os facilitadores ainda não terem o domínio da maioria das matérias. Estes treinamentos serviram igualmente como capacitação em serviço. De salientar que as capacitações dos produtores que foram orientadas pelos facilitadores contaram com a presença de extensionistas com vista a assistir os facilitadores a prestarem capacitações de qualidade aceitável. Dum modo geral pode-se afirmar que os facilitadores comunitários funcionam como auxiliares de extensionistas na transmissão de varias mensagens de extensão e assistência aos produtores. Resultados Como resultado do trabalho combinado dos extensionistas e facilitadores comunitários foram alcançados os seguintes resultados: 3931 Produtores chefes de agregados familiares entre os quais membros de 96 grupos, produtores de contactos, facilitadores comunitários e vacinadores comunitários de galinhas foram capacitados em vários aspectos de produção agrícola, pecuária e desenvolvimento de negócios Assistidos os produtores ligados aos campos de multiplicação de sementes e demonstração das tecnologias; Feitas vacinações de galinhas contra a doença de Newcastle nas 3 campanhas realizadas em 2009; Capacitados 24 vacinadores comunitários em diversos aspectos de produção agrária 81 vacinadores comunitários e no controle/combate da doença de Newcastle nas galinhas.
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