Bulletin nº 9 11/08 8/2009

Transcrição

1 2009 BULLETIN SCAC SALVADOR ANTENA DE RECIFE Bulletin nº 9 11/08 8/2009

2 2009 ANO KOLTÈS NA FRANÇA ESTREIA EM SALVADOR COMBATE DE NEGRO E CÃES Após Tabataba, é a vez de Combate de negro e cães outro texto do mítico autor Bernard-Marie Koltès chegar aos palcos baianos pelas mãos do diretor francês Philip Boulay, com elenco formado por atores locais, AC Costa, Marinho Gonçalves, Carlos Betão e Marita Ventura, integrando a programação do Ano da França no Brasil. Foto Jean-Christophe Lanquetin Publicada em 1979, esta peça foi criada em 1982 em Nova York, e na França pelo diretor Patrice Chéreau tendo no elenco Michel Piccoli e Philippe Léotard, todos astros do teatro francês. ( ) Combate de negro e cães não fala da África e dos negros eu não sou um autor africano, ela não conta o neocolonialismo, nem a questão racial. Ela certamente não emite nenhum julgamento. Ela fala, simplesmente, de um lugar do mundo. A gente encontra de vez em quando lugares que são (...) tipos de metáforas, da vida ou de um aspecto da vida, ou de alguma coisa que me parece grave e evidente (...). Eu tinha ido durante um mês na África, num canteiro de obra, ver amigos. Imagina, em plena floresta, uma pequena cidade, de cinco, seis casas, fechada com arame farpado, com mirantes; e dentro, uma dezena de brancos que vivem, mais ou menos aterrorizados pelo exterior, com guardas negros armados ao redor. (...) À noite, os guardas, para não adormecer, se chamavam com barulhos estranhos que eles faziam com a garganta. (...) Foi isso que me levou a escrever esta peça, o grito dos guardas. E dentro do círculo, aconteciam dramas domésticos de pequenos burgueses como poderiam acontecer num bairro chique de Paris: o chefe da obra ia para cama com o contramestre, coisas assim. Minha peça fala talvez um pouco da França e dos brancos: uma coisa vista de longe, deslocalizada, parece às vezes mais simbólica, mais decifrável. Ela fala sobre tudo de três seres humanos isolados num lugar do mundo que é estranho para eles, cercado de guardas enigmáticos. Eu achei, eu acho ainda, que contar o grito desses guardas ouvido no fundo da África, o território de inquietação e de solidão que ele delimita, era um assunto que tinha a sua importância (...). Essa entrevista é trecho de uma conversa do Jean-Pierre Hahn com Koltès para a revista Europa publicada em O diretor francês Philip Boulay multiplica as oportunidades de interação com novas culturas, levando espetáculos a todo tipo de público. Partindo do princípio que o mais importante é o autor e o público ele pretende, com este projeto na Bahia, conhecer mais a cultura brasileira e integrá-la ao seu trabalho. Em relação ao meu trabalho com a obra de Koltès e com atores do Brasil, é importante o encontro em torno de uma obra que pertence ao patrimônio da humanidade, afirma. Os boletins n 5 e n 8 do SCAC Salvador apresentaram Philip Boulay e a obra de Koltès.

3 A TRADIÇÃO DO CORDEL, ALVO DA RESIDÊNCIA ARTÍSTICA DE GRAVADORAS FRANCESAS C.Keun, o Amuado N.Grall, a Arvore Mãe C.Keun, as 3G O projeto das artistas gravadoras Nathalie Grall e Catherine Keun se desenvolve a partir da tradição da literatura do cordel. Convidadas pela galeria paulista Gravura Brasileira no âmbito do Ano da França no Brasil, elas chegam ao Nordeste, berço do cordel, para passar uma semana em Salvador com o objetivo de encontrar artistas e especialistas do cordel e nutrir o seu projeto diretamente na fonte dessa bela tradição. Nathalie e Catherine enxergam a tradição da literatura do cordel como um tipo de vínculo cultural entre a França e o Brasil. A partir de ciclos utilizados nessa forma literária, como o da magia, do maravilhoso ou das histórias de amor, elas querem realizar cordéis com cerca de seis a oito páginas usando a técnica da taille douce, a mesma empregada por Catherine Keun em suas gravuras, cujos temas oscilam entre o ser humano e a relação ao corpo do outro. Por sua vez, Nathalie Grall utiliza a técnica do burin e se inspira no mundo vegetal. Para esse projeto, as artistas decidiram gravar materiais locais achados, com a ideia de integrá-los aos folhetos com a técnica do chine applique. Nathalie Grall e Catherine Keun são formadas pela Escola Nacional Superior de Belas Artes em Paris. A obra delas pode ser encontrada em galerias e em vários acervos públicos na França, na Europa, na China, no Canadá ou na Argentina. Em Salvador, elas têm encontros marcados com Armindo Bião, Ana Lúcia Fonseca, Edilene Dias Matos, Maysa Miranda, todos eles especialistas e pesquisadores da literatura do cordel.

4 SALVADOR RECEBE NAS SUAS FACHADAS OS URBANÓLOGOS ASSOCIADOS Antoine Le Menestrel e Jean-Marie Maddeddu Em sua primeira apresentação no Brasil, o espetáculo Vertical convida para um passeio nas fachadas de Salvador, integrando a programação do Ano da França no Brasil. Antoine Le Menestrel confessa a escalada, eu cai dentro quando era pequeno, imitando a célebre tirada de Obélix que caiu na poção mágica do druida Panoramix na infância. Antoine Le Menestrel é o primeiro, que abre vias de escalada nas estruturas artificiais para competições internacionais. Com a sua técnica, ele escreve uma dramaturgia. Numa demonstração, ele descobre a relação intensa com o público. Ele pinta com seu corpo dançando nas paredes. Ele faz cantar as fachadas. Além das suas atividades artísticas, Antoine trabalha como formador pedagógico e foi também treinador da seleção francesa de escalada. Em 1992, Antoine Le Menestrel monta a Compagnie Lézards Bleus da qual é hoje coreógrafo e bailarino e onde ele cria o espetáculo de dança vertical. Em 1994, se associa ao músico Jean-Marie Maddeddu. Em Salvador os urbanólogos associados, Antoine Le Menestrel, voa em cima da plateia sem nunca tocar o solo, em quanto Jean-Marie fica com o embaixo. Nesse passeio extraordinário, os dois comparsas, além de divertir, revelam a memória das paredes e a vida das calçadas urbanas. Na turnê pelo Brasil, o espetáculo será apresentado em Porto Alegre, São Luis, Rio, Curitiba e Brasília. Durante o espetáculo não deve haver circulação de pessoas ou automóveis no local da apresentação; não deve haver sonorização perto da apresentação. Em caso de chuva, por questões de segurança, é impossível a realização da apresentação.

5 ARTISTAS FRANCESES CHEGAM À BAHIA PARA RESIDÊNCIA Pela primeira vez, o Instituto Sacatar estende as suas ações simultaneamente, a cinco cidades fora da Região Metropolitana de Salvador, com o projeto Residência artística Sacatar Muitos destinos uma só Bahia, como parte do Ano da França no Brasil. Resultado de uma ampla parceria com Escola de Belas Artes da Reunião, a Aliança Francesa, a rede de Centros de Cultura da FUNCEB - Fundação de Cultura do Estado, o MAM - Museu de Arte Moderna da Bahia, o Centro Cultural de Igatu, a Galeria Arte & Memória, o Centro Cultural Dannemann de São Félix e o Centro Universitário Cultura e Arte (CUCA) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Jean-Marc Godes, Sophie Preveyraud, Étienne Yver, Dany Leriche e Louis Pagaveau, escolhidos entre mais de 100 candidatos estão, respectivamente, em Juazeiro, Igatu/Andaraí, Vitória da Conquista, São Félix e Feira de Santana, por cerca de 20 dias, em contato com as comunidades locais, desenvolvendo seus trabalhos e pesquisas. Em seguida, retornarão à residência do Sacatar para repercutir suas experiências e produzir obras que serão expostas em vários lugares a partir do mês de setembro. Jean-Marc Godes, trabalha com fotografia e literatura. Sophie Preveyraud, além de ser grafista, é fotografa e escultor. O seu olhar procura testemunhar nosso tempo, às vezes paradoxal. Através da pintura, do desenho e da escultura, Etienne Yver questiona a posição física, mental e psicológica do homem na sociedade, sem perder de vista suas relações com a natureza. Dany Leriche é fotógrafa. Ela se interessa pela posição e a identidade da mulher em diversas culturas. A artista gostaria de mostrar a realidade das famílias mestiças brasileiras. O trabalho de Louis Pavageau tem sua origem na cultura do grafite. Ele trabalha principalmente nas ruas e usa apenas duas cores em sua arte, o vermelho e o branco. O Instituto Sacatar, localizado na ilha de Itaparica, é uma organização sem fins lucrativos que premia pessoas criativas e artistas de todas as disciplinas e nacionalidades, oferecendo tempo e espaço para se dedicarem às suas produções, para que possam trabalhar dentro do contexto cultural da Bahia. O Sacatar fornece passagem aérea, hospedagem e alimentação aos artistas escolhidos, através de concorridos processos seletivos, como o deste projeto no Ano da França no Brasil.

6 AGENDA DE 11 A 25 DE AGOSTO Exposição: A procura de um olhar - fotógrafos franceses e brasileiros revelam o Brasil até 30.08, Palacete das Artes Exposição: Porto da Barra, Marc Dumas até 29.08, Galeria ACBEU A Gosto da fotografia até 13.09, Palacete das Artes, Solar do Ferrão, Santa Casa de Misericórdia, Galeria ACBEU e Galeria do Conselho Estadual de Cultura Exibição de filmes na Sala Walter da Silveira e ações na Escola Pracatum Candeal Entrada franca Teatro: Tabataba, Philip Boulay 12.08, 18h e 20h, Praça 9 de Outubro Candeal 13.08, 16h e 18h, Escola de Teatro da UFBA 21.08, 16h e 19h, Cine-Teatro Solar Boa Vista (área externa) 22.08, 17h e 19h, Passeio Público Campo Grande Acesso livre Performance: Vertical, Les Urbanologues associés 19.08, 16h, Passeio Público Teatro: Combate de negro e cães, Philip Boulay a 13.09, 20h, Aliança Francesa (de quinta a domingo) Irène KIRSCH Serviço de Cooperação e Ação Cultural da Embaixada da França em Salvador Antena de Recife Secretaria da Educação 6ª avenida, 600 C.A.B Salvador BA Tel.: / / Fax: Contato: Ana Maria Franco Teles, scacsalvador@hotmail.com